Estomas Ecologia Aplicada1
Estomas Ecologia Aplicada1
Estomas Ecologia Aplicada1
2008
Introdução
Os estomas das folhas são responsáveis pelas trocas gasosas das plantas
vasculares. Os estomas são poros pequenos, tipicamente presentes na página
inferior das folhas, cuja abertura e fecho está sob controlo das células guarda (duas
células em forma de banana). Quando abertos, os estomas permitem a entrada de
CO2 na folha para a síntese de glicose (fotossíntese), e também permitem a saída
de H2O e O2. Para além da abertura e fecho dos estomas, as plantas podem exercer
um controlo sobre as taxas de trocas gasosas, variando a densidade de estomas
quando há produção de folhas novas (primavera e verão). Quanto mais estomas
existirem por unidade de área, mais CO2 é absorvido, mas também há mais saída
de H2O. Uma densidade estomática maior pode amplificar o controlo sobre as taxas
de perda de água e absorção de CO2.
Qual o valor adaptativo do controlo das taxas de perda de água e absorção
de CO2? A capacidade fotossíntese de uma planta está construída para funcionar
num intervalo de temperaturas pequeno. Quando sujeitos a temperaturas elevadas,
os citocromos, pigmentos e membranas, essenciais na fosforilação e fixação de
carbono, desnaturam rapidamente. Para evitar este sobreaquecimento, as plantas
podem abrir os estomas e ocorre evaporação de água, que leva a uma redução da
temperatura da folha. Podemos colocar a hipótese de que folhas mais expostas ao
sol devem ter uma densidade estomática maior do que as folhas de sombra.
Por outro lado, se não existe água disponível, a evaporação excessiva pode
levar a uma dissecação e desintegração do equipamento fotossintético. Portanto,
também será de esperar que folhas expostas a condições de falta de água devem
ter uma densidade de estomas menor em ambientes com sol.
A discussão anterior ilustra um conceito muito importante em biologia
experimental – existem hipóteses alternativas para explicar as variações presentes
na natureza. Neste caso específico, a densidade estomática pode aumentar ou
diminuir em resposta a variações ambientais de disponibilidade de luz solar ou
água. De salientar que, neste trabalho não se vai medir a disponibilidade de luz ou
água e por isso, devem ser cautelosos na forma como se aceita ou rejeita as
hipóteses para as plantas em estudo.
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Cristina Nabais. Ecologia Aplicada. 2008
Materiais e métodos
Local de estudo
As amostras de plantas serão recolhidas no Jardim Botânico da Universidade
de Coimbra, em áreas de luz e sombra. As espécies a observar são:
- Tradescantia fluminensis;
- Acanthus mollis;
- Hedera helix;
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Apêndice 1
A. Estatística descritiva
Após a recolha dos dados, estes podem ser analisados estatisticamente para
determinar se os dados suportam ou rejeitam uma determinada hipótese. O
primeiro procedimento que é efectuado é o cálculo de um conjunto de parâmetros
que descreve dois aspectos dos dados: (1) tendência central e (2) dispersão.
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X =∑
n
x i
= ( x1 + x 2 + x3 + x 4 + K + x n) / n
i =1 n
(X i − X ) 2 2
n n ( X i − n∗ X )
σ =∑ =∑
2
i =1 n −1 i =1 n −1
2 2
n ( X i − n∗ X )
σ ∑
2
S= =
i =1 n −1
ERRO PADRÃO. O erro padrão é o desvio padrão dividido pela raiz quadrada do
tamanho da amostra.
ERRO PADRÃO = S
n
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MODA= 6
MEDIANA= 6
MÉDIA= (3+3+4+5+6+6+6+6+7+8+10)/11 = 5.82
VARIÂNCIA= 4.363636
DESVIO PADRÃO= 2.088932
ERRO PADRÃO= 0.629837
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t = sinal / ruído
t=
média # A − média # B
= x −x
A B
var total
σ +σ
2 2
A B
n A n B
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Como se pode observar pela equação acima, à medida que a diferneça entre as
médias dos dois grupos for maior, o valor de t é maior. À medida que a variação é
menor, o valor de t também é maior.
A próxima questão é para que valores de t se pode concluir que as médias são
significativamente diferentes? Esta questão é extremamente importante e a
resposta é o core de todas as análises estatísticas. A resposta depende de duas
coisas – de qual o tamanho da amostragem? E o grau de confiança que querem ter
em que as médias são de facto diferentes?
O efeito do tamanho da amostra pode ser facilmente compreendido analisando
a equação do teste-t. De notar que o tamanho das amostras (nA e nB) aparecem
no denominador do denominador. Assim, se n é maior, a variação global é menor, e
o valor de t é maior. A outra forma de olhar para o efeito do tamanho da amostra é
mais formal e envolve um termo designado por ‘graus de liberdade’. O número de
graus de liberdade – df (degrees of freedom) - para um tese-t é igual ao tamanho
da amostra total menos 2 (no entanto, se as variâncias não são iguais um método
mais complicado é utilizado). Os df são uma indicação do poder das médias, de
acordo com o valor de t calculado – quanto maior o valor de df, maior a resolução.
O segundo ponto mencionado acima para determinar que valor de t necessário
depende no grau de confiança que queremos ter. Se queremos ser realmente
confiantes de que as médias diferem, então o valor de t deve ser muito elevado.
Mas, se o nível de confiança é marginal (digamos que 1 em 20 estamos errados
quando dizemos que as médias diferem) então estaremos satisfeitos com um valor
de t baixo. O nível de confiança é designado no teste por “P”, de probabilidade. A
probabilidade é expressa como um décimal, P=0.05 é o mesmo que P=5%. Quando
se executa um teste estatístico e se obtém um valor de P=0.05, então existe 95%
de probabilidade que as médias diferem, no entanto também existe 5% de
probabilidade de estarmos errados. O valor de 0.95 é o critério mínimo de
significância. No entanto, podemos ter uma certeza de 99%, e utilizar P=0.01 como
critério de significância. O nível de probabilidade aceitável é determinado ANTES de
fazer o teste-t (a maior parte das experiências utilizam o critério P=0.05).
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