A Ludicidade E A Pedagogia Do Brincar: Caroline Costa Nunes Lima
A Ludicidade E A Pedagogia Do Brincar: Caroline Costa Nunes Lima
A Ludicidade E A Pedagogia Do Brincar: Caroline Costa Nunes Lima
A PEDAGOGIA DO
BRINCAR
Caroline Costa
Nunes Lima
Brincar é coisa de
criança. Será?
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Neste capítulo, estudaremos como o lúdico e as brincadeiras podem
se relacionar com indivíduos na fase adulta, identificando as caracte-
rísticas desse período de vida e as influências do lúdico como recurso
para estimular a criatividade e oportunizar momentos que despertam
sentimentos de alegria e leveza, importantes para lidar com os desafios
que essa fase impõe. Por fim, veremos a importância das relações entre
adultos e crianças por meio de brincadeiras, constatando que o lúdico
perpassa por diferentes fases do desenvolvimento humano.
não tenha relevância em sua vida prática, veremos em nossos estudos que o
tempo reservado para momentos de lazer, jogos e brincadeiras, independen-
temente da faixa etária, está estreitamente relacionado à qualidade de vida.
A Figura 1 ilustra o brincar na fase adulta.
Cenas como a retratada estão cada vez mais se tornando escassas e trazendo
consequências preocupantes ao observarmos uma sociedade cada vez mais
adoecida emocional e fisicamente. Segundo Olinquevicz e Vergopolan (2000,
p. 10), o “[...] adulto de hoje vive uma oscilação constante da autoimagem e
da autoestima. À medida que a idade avança necessitamos cada vez mais
vivências atividades compartilhadas”.
Um mundo competitivo, capitalista e globalizado exerce pressões com as
quais é difícil lidar. Em uma sensação de pressa e pressão para produção e
cumprimento de metas, o tempo destinado a atividades lúdicas tem se tornado
cada vez mais escasso. No entanto, essa restrição ao lazer pode trazer uma
série de problemas capazes de comprometer funções físicas e emocionais,
bem como relações interpessoais. Um importante pesquisador do assunto
traz como concepção de lúdico a seguinte afirmação Bartholo (2001, p. 92):
Brincar é coisa de criança. Será? 3
É nessas vivências que o adulto vai revelando seu modo de ser e estar no
mundo, assim como vai se apropriando das trocas realizadas por quem partilha
esses momentos. Percebemos, assim, que a relevância que o lúdico tem nos
indivíduos é o fio condutor de sensações e sentimentos que só podem ser
compreendidos por quem e no momento em que se está praticando.
4 Brincar é coisa de criança. Será?
Encontramos na fala de Barros (1996, p. 75) outras questões que envolvem brincadeiras,
sentimentos envolvendo os adultos:
[...] apontam o conceito de “zona lúdica”, que, no sentido utilizado pelas auto-
ras, representa o espaço no qual ocorre o brincar, constituído pelos seguintes
elementos: o espaço físico propriamente dito, com suas dimensões e conteúdos;
o espaço temporal, com o tempo dedicado à brincadeira; indivíduo, com suas
experiências, seus recursos, suas motivações; e as pressões e condições sociais
que o cercam. Assim, na zona lúdica podem estar incluídas todas as variáveis
que influenciam o brincar das crianças, como, por exemplo: acesso à televisão,
disponibilidade de brinquedos, atitudes dos pais e de outros adultos em relação
ao brincar, disponibilidade de parceiros (irmãos e amigos), coetâneos ou não,
com quem brincar; representações sociais da brincadeira e formas de brincar,
bem como a visão e a expectativa que se tem da criança, do adolescente e do
adulto numa determinada sociedade.
Conhecer a fundo, portanto, esse poderoso instrumento, irá nos ajudar a edu-
car melhor nossos filhos, a melhor prepará-los para uma vida mais saudável.
Crianças que passam a sua infância utilizando brinquedos e brincadeiras
que exercitam a sua criatividade, em vez de simplesmente apertarem botões,
serão adultos diferenciados.
[...] sejam pessoas que saibam jogar, é fundamental que se recupere o lúdico
no universo adulto. “Saber jogar” é mais do que mostrar algumas brinca-
deiras e jogos às crianças, é sentir prazer no jogo [...]. Se é difícil encontrar
hoje adultos privilegiados nesta convivência com o lúdico, mais difícil ainda
imaginá-los entre os educadores.
Outra relação entre o brincar e o adulto ocorre nos espaços escolares de instituições
responsáveis pela educação do público de jovens e adultos. A respeito dessa temática,
leia o fragmento a seguir:
[...] os trabalhos educativos com jovens e adultos devem estar alicerçados com
práticas que desenvolvam a permanência do educando na escola, permitindo o
seu desenvolvimento em múltiplas dimensões e fazendo com que o mesmo se
prepare para novos desafios que surgem. Assim sendo, o lúdico passa a constituir-
-se em uma possibilidade de um novo olhar para os jovens e adultos, na qual
esses alunos que não tiveram oportunidades educacionais na idade própria e
retornaram à escola na tentativa de superar o tempo perdido, possam encontrar
na escola um ambiente prazeroso, descontraído e de satisfação pessoal. É neste
contexto que a escola de jovens e adultos pode tornar-se para os educandos um
espaço privilegiado de formação com metodologias divertidas e dinamizadas,
desfrutando de momentos prazerosos ao mesmo tempo construindo um co-
nhecimento escolar agradável. [...] A utilização de jogos na educação de jovens
e adultos estimula os alunos para uma participação ativa na prática escolar,
envolvendo-os em trabalhos bem elaborados e tornando-os independentes para
perceberem seus potenciais, enquanto agentes participativos. Assim, quanto mais
vivências lúdicas tiverem esses alunos maiores serão as suas participações em sala
de aula, favorecendo até mesmo ao professor para que tenha um envolvimento
maior com seus alunos com momentos prazerosos e descontraídos. Isto é sig-
nificativo, pois a aprendizagem só ocorre quando o aluno participa ativamente
do processo de construção e reconstrução do conhecimento. Nesta construção
os procedimentos didáticos devem ajudar o aluno a incorporar novas formas de
aprender e desenvolver-se (OLIVEIRA, 2007 et al., p. 2–3).
10 Brincar é coisa de criança. Será?
Leituras recomendadas
ANDRADE, C. M. R. J. Vamos dar a meia-volta e meia volta vamos dar: o brincar na
creche. In: OLIVEIRA, Z. M. R. (Org.). Educação infantil: muitos olhares. 2. ed. São Paulo:
Cortez, 1994.
DELGADO, A. C. C.; MULLER, F. Sociologia da infância: pesquisas com crianças. Educação
e Sociedade, v. 26, n. 91, p. 351-360, 2005.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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