Manual Tecnicas de Comunicacao.
Manual Tecnicas de Comunicacao.
Manual Tecnicas de Comunicacao.
Romão Adriano
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PLANO ANALITICO
4. Ortografia 2 3 1 6
5. Tipologia textual 3 6 4 13
6. Estudo de Frase, Período e Oração 4 5 2 11
7. Concordância Verbal e Nominal 2 3 2 7
Total 22 27 14 64
Disciplina(s) precedente(s): Nenhuma
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1. Métodos de ensino - aprendizagem
Os objetivos e resultados esperados serão alcançados por meio de aulas expositivas e teóricas (usando
plataformas digitais e aulas presenciais), estudo em grupo, pesquisa e leitura de livros e textos
eletrónicos recomendados. Haverá aulas práticas e seminários onde os estudantes terão a oportunidade
de praticar, aprofundar, consolidar e relacionar os conceitos aprendidos em cada lição. Vai-se também
orientar aos estudantes a escrever um ensaio em grupos, sobre temas de interesse comum e pequenos
trabalhos individuais sobre tópicos específicos.
2. Método de Avaliação
A avaliação basear-se-á nos indicadores descritos abaixo:
O ensino é semi-presencial, ou seja, uma aula virtual e uma presencial, pelo que a presença virtual e
física às aulas, a pontualidade, a dedicação e a qualidade de envolvimento do aluno em trabalhos do
grupo, serão elementos a considerar nesta avaliação. Cada actividade tem o seguinte peso:
São admitidos ao exame todos os estudantes que tenham como resultado de frequência 10 valores, e
dispensados do exame os que alcançarem um resultado superior ou igual a 14 valores.
N.B. A presença e participação nas actividades das aulas serão particularmente valorizadas.
1. INTRODUÇÃO
O conhecimento das técnicas de comunicação ajuda a desenvolver competências comunicativas
(escrita e fala) em língua portuguesa. É através da língua que interagimos com outras pessoas,
aprender e repassar conhecimentos, dialogar, etc. Por isso, imprescindível para o bom
desempenho do estudante, academicamente e profissionalmente.
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técnicas de comunicação, p a r a o desenvolvimento de habilidades que venham a permitir que
o estudante tenha competências para produção de textos em língua portuguesa, com qualidade.
Ao final de cada unidade temática da disciplina, o aluno deverá realizar actividades ou exercícios
de fixação, com vista a avaliar o grau de assimilação da matéria durante as aulas, como parte
integrante e importante do processo de aprendizagem do aluno.
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UNIDADE TEMATICA I – Comunicação, Linguagem e Língua--------------------------7
1. Comunicação --------------------------------------------------------------------------------------7
1.1 Conceito. ---------------------------------------------------------------------------------------7
1.2 A importância da comunicação no mundo contemporâneo.-----------------------------8
1.3 Processos de Comunicação.------------------------------------------------------------------9
1.4 Comunicação oral e escrita------------------------------------------------------------- ----10
1.4.1 Comunicação oral ---------------------------------------------------------------------10
1.4.2 Comunicação escrita-------------------------------------------------------------------11
1.5 Competência comunicativa---------------------------------------------------------------- -12
2. Linguagem ------------------------------------------------------------------------------------- -13
4. Técnicas de Leitura---------------------------------------------------------------------------------19
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UNIDADE TEMATICA VI – Ortografia
6 Ortografia----------------------------------------------------------------------------------------44
4.1 O Emprego das letras ------------------------------------------------------------------------------44
4.1.1 Actual acordo ortográfico ------------------------------------------------------------------46
4.1.2 O uso do Hífen -------------------------------------------------------------------------------46
4.2 Acentuação-------------------------------------------------------------------------------------------47
4.3. Actividade 4-----------------------------------------------------------------------------------------48
4.4 Dúvidas Gráficas acerca de expressões e algumas “inutilidades”----------------------------48
4.5 Pontuação---------------------------------------------------------------------------------------------54
4.6 Actividade 5------------------------------------------------------------------------------------------62
5. Tipologia Textual------------------------------------------------------------------------------------63
6. Frase ---------------------------------------------------------------------------------------------------83
6.1 Período e Oração-------------------------------------------------------------------------------83
6.2 Tipos de frases ---------------------------------------------------------------------------------83
6.3 Actividade 8-------------------------------------------------------------------------------------88
6.4 Colocação correcta de Pronomes oblíquos (Próclise, Mesóclise e Ênclise) -----------89
6.5 Actividade 9-------------------------------------------------------------------------------------92
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UNIDADE TEMATICA I – Comunicação, Linguagem e Língua
Caro estudante, estamos iniciando esta unidade temática que está dividida em três subunidades;
Comunicação, linguagem e língua. Primeiro veremos o conceito de Comunicação, sua
importância no mundo contemporâneo e os elementos que a compõem. De seguida iremos falar
da Linguagem que compreende duas partes: a linguagem oral e a linguagem verbal e suas
funções. Através de exemplos claros iremos compreender como é que a Linguagem se manifesta,
e porquê o seu domínio é de extrema importância para o processo de comunicação em geral. E por
último veremos a Língua (os signos linguísticos), nesta subunidade iremos discutir os elementos
que compõe língua, concretamente os signos linguísticos (seus sentidos e significados e por fim
sua função na sociedade.
Ao final desta unidade o estudante será capaz:
Definir o conceito de comunicação;
Explicar com propriedade os elementos do processo de comunicação;
Distinguir comunicação verbal de comunicação não-verbal;
Conhecer os tipos de competências comunicativas necessárias para o usuário da língua.
1. Comunicação
A Comunicação é uma ferramenta imprescindível de trabalho para o bom desempenho em
qualquer área profissional. Pois é através da comunicação que interagimos com outras pessoas,
aprender e repassar conhecimentos, dialogar, seja oralmente ou escrita.
Ao final desta subunidade, o estudante irá realizar atividades sugeridas, com o objetivo de fixar o
conteúdo ensinado de forma eficiente, podendo pôr em prática o que foi aprendido ao longo da
unidade.
No entendimento de Garcia (2010, p.30) “a comunicação pode expressar um juízo, indicar uma
ação, estado ou fenômeno, transmitir um apelo, uma ordem ou exteriorizar emoções.”
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Partindo desse ponto, a comunicação compreende vários aspectos a partir do uso de símbolos
comuns que podem ser verbais e não-verbais. Assim, a comunicação pode ser entendida como
todo um conjunto de processo de transmissão de informações, sentimentos, desejo, emoções,
pensamentos ou opiniões, seja pelo uso de símbolos ou códigos que permitem ser interpretados no
contexto.
Portanto, a comunicação não significa apenas enviar uma informação ou mensagem, mas torná-la
comum entre as pessoas envolvidas. Para que haja comunicação, é preciso que o destinatário da
informação a receba e a compreenda. A finalidade da comunicação é pôr em comum não apenas
ideias, sentimentos, mas também compartilhar formas de comportamento, modos de vida,
determinados por regras de carácter social.
Desse ponto de vista, comunicação é também convivência, que traz implícita a noção de
comunidade, vida em comum, agrupamento solidário, baseado no consenso espontâneo dos
indivíduos. Assim, consenso significa acordo tácito, que pressupõe compreensão-e, em última
análise, o objectivo da comunicação é este: o entendimento entre os homens.
Nesse sentido, a comunicação deve fluir com simplicidade, objetividade, clareza e precisão,
elementos que formam a base para o sucesso das trocas de informação e, consequentemente,
permitem o desenvolvimento igualmente bem-sucedido dos processos naturais ao dia-a-dia
profissional.
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1.3 Processos da comunicação
Emissor - É aquele que emite a mensagem (falada, escrita ou por meio de sinais não-
verbal). Pode ser um indivíduo, um grupo, uma empresa, uma instituição, por meio da
codificação do pensamento.
Receptor ou destinatário - É aquele que recebe a mensagem. Pode ser uma pessoa, um
grupo, uma empresa ou uma instituição. No entanto, é preciso distinguir recepção de
compreensão da mensagem.
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Canal de comunicação – é a via, física ou virtual de circulação da mensagem, que garante
o contato entre emissor e receptor. Como exemplo, há as ondas sonoras, no caso da
mensagem sonora.
Ruído – são os elementos que perturbam, dificultam a compreensão pelo destinador, como,
por exemplo, o barulho ou mesmo uma voz muito baixa. O ruído pode ser também de
ordem visual, como borrões, rabiscos.
A língua falada é improvisada e dinâmica (espontânea) e temos o próprio corpo, tom de voz,
expressões coloquiais, gírias como facilitadores da comunicação. Pode apresentar expressões que
denotam pouco acesso à educação formal, cheia de erros gramaticais (vulgar); linguajar mais
básico, utilizado no dia-a-dia, com gírias e certa preocupação com as normas gramaticais
(coloquial) ou um vocabulário mais pomposo, imitando a escrita “padrão”, muito ouvida nos
discursos (formal).
Todas as comunicações orais são geralmente classificadas em três áreas distintas de acordo com
o seu objectivo: informar, persuadir e entreter. A comunicação cuja finalidade é entreter é
aquela em que a informação é destinada a divertir a audiência, embora não seja necessário que o
humor esteja sempre presente. Informação interessante, não usual ou humorística caracterizam
este tipo de comunicação.
Alguns textos produzidos com a influência da fala manifesta-se sobretudo por enunciados longos,
em que se misturam subordinação e a coordenação e não há uma estruturação definida das ideias.
Veja-se o exemplo a seguir:
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A frase é excessivamente longa, porque as estruturas não são divididas em períodos menores, e
elas se amontoam sem um plano definido. A estruturação é complexa, o que pode ser verificado
no trecho: “o jovem... justa”. Nesse sentido há uma oração principal (“o jovem não consegue dizer
não ao motivo de tanta destruição”) e, encaixadas nela, uma oração adverbial e uma adjetiva.
Subordinada a essa adjetiva, aparece outra adjetiva.
No final do enunciado há um trecho que não possui relação estrita com os enunciados anteriores,
e funciona como um pós-pensamento, um acréscimo ao que foi dito.
Aqui há outro período longo e mal estruturado, no qual demostra a fala de o escreve: aos jatos,
sem a preocupação de expor as ideias de forma clara e concatenada. Isso ocorre porque o autor
mantém-se preso à realização falada, e não sente a necessidade de uma organização clara, pois crê
que, como no diálogo, poderá justificar-se e prestar esclarecimentos. Considere-se, também, que
a segunda parte do enunciado repete o que foi dito na primeira, e isso também constitui uma marca
da língua falada.
Já a língua escrita exige um treino constante, foco e vasto vocabulário. Não admite gírias e
expressões vulgares ou aspectos da linguagem falada; preocupa-se em seguir as normas
gramaticais estabelecidas. A literária apresenta uma preocupação com a estética, pouca
preocupação com as normas gramaticais e é praticada pelos escritores.
Um texto tem tamanho variável e deve ser escrito com coesão e coerência. Pode ser classificado
como literário e não-literário.
Os textos literários apresentam uma função estética. Geralmente são escritos em linguagem
expressiva e poética, com o objetivo de atrair o interesse e emocionar o leitor. O autor segue um
determinado estilo e usa as palavras de forma harmoniosa para expressar as suas ideias. Há uma
predominância da função poética e da linguagem conotativa (subjetiva). São exemplos de textos
literários: romances, poesias, contos, novelas, textos sagrados, etc. Os textos não-literários
possuem função utilitária ao informar e explicar ao leitor de forma clara e objetiva. São textos
informativos sem preocupação estética. Há uma predominância da função referencial e da
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linguagem denotativa (objetiva). São exemplos de textos não-literários: notícias e reportagens
jornalísticas, textos científicos e didáticos, etc. Toda linguagem possui suas regras, sendo assim,
para que a comunicação se estabeleça de forma coerente, é preciso que o autor (do texto ou do
discurso) adapte suas expressões conforme o público que deseja alcançar e utilize-se dessas regras
como forma de aproximação. No entanto, a comunicação como um processo, envolve a língua,
cultura e os movimentos organizacionais e seus comportamentos. Durante uma interacção
comunicativa, o falante deve possuir algumas das componentes de uma serie de competências para
que a sua mensagem seja compreendia e aceite.
Segundo Bitti e Zani (1997), entendem como competência comunicativa a capacidade do usuário
da língua de produzir e compreender textos adequados a produção de efeitos de sentidos desejados
em situações específicas e concretas de interacção comunicativa. A competência comunicativa,
envolve a competência linguística ou gramatical para produzir frases vistas não só pertencentes a
língua, mas apropriadas ao que se quer dizer em dada circunstância.
Por exemplo, em certas culturas, a distância que um filho ou uma mulher deve manter
quando estiver diante do seu pai ou esposo para lhe dar uma determinada informação não
é a mesma que deve manter entre amigos, irmãos, etc.
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Competência sociocultural – capacidade de reconhecer as situações sociais e as relações
entre os papéis desempenhados, também pode ser entendida como a capacidade de
reconhecer elementos distintivos de uma determinada cultura.
Pode se considerar uma pessoa dotada de uma competência meramente linguística quando conhece
as regras gramaticais da língua, mas que não sabe quando pode falar, quando pode ficar calada,
que opções sociolinguísticas usaria em determinadas situações.
Exemplo, na cultura Rhonga e Thswa, quando chega a visita, se for um homem, quem saudar
primeiro é o homem (chefe da família) e quando for mulher será cumprimentado pela mulher
(dona de casa). O visitante simplesmente pede licença e ao entrar na casa não pode dirigir a palavra
a ninguem antes que seja cumprimentado.
2. Linguagem
De acordo com Maya (2006. P. 23), a linguagem é uma capacidade ou faculdade mental que
todos os seres humanos – e apenas os seres humanos possuem. É uma capacidade inata que
nascemos com ela, ou seja, não a aprendemos no curso de nossa experiência de vida. E Para
Paskal e Ulisse (2010. P.9), esta capacidade de se comunicar se manifesta por meio de uma
língua.
Exemplo:
Uma criança quando nasce chora, é uma forma de se comunicar. Ela nasce com essa
capacidade comunicativa.
É por isso que aos dois, três anos, uma criança humana é capaz de falar frases que nunca ouviu
antes, fazer perguntas, pedidos, comentários originais e criativos que não são apenas a repetição
de frases iguais as que ouviu em sua volta, como fazem os papagaios.
Exemplo:
O papagaio, ou mesmo os macacos, por mais espertos que possam ser, não têm essa
faculdade em sua mente e é por essa razão que até podem aprender a reconhecer ou
produzir algumas palavras isoladas, mas não são capazes de formar frases originais.
A Linguagem é representada por qualquer sistema de signos vocais ou escritos, visuais, fisio-
nômicos sonoros e gestuais capazes de servir à comunicação dos indivíduos. Logo, toda acção
comunicativa que procuramos exercer, não pode se materializar fora da linguagem. É a
linguagem que define o indivíduo quando ele se enuncia como locutor pela construção
linguística particular de que se serve (o Discurso): linguagem em uso.
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Em volta disso tudo, a linguagem, pode ser entendida como atividade humana de falar, ela
apresenta cinco dimensões universais:
Criatividade (ou enérgica).
Materialidade,
Semanticidade,
Alteridade e historicidade.
c) Criatividade, porque a linguagem, forma de cultura que é, se manifesta como atividade livre e
criadora, ou “do espírito”, isto é, como algo que vai mais além do aprendido, que não
simplesmente repete o que já foi produzido.
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acompanham e às vezes até a substituem, já que não falamos só com as unidades linguísticas,
com a língua concreta. Estas são formas de expressão extralinguísticas, tais como a mímica, a
entonação, o ritmo, as pausas e silêncios, os gestos, os recursos gráficos, em fim, há diversos
tipos de linguagem: a linguagem jornalística, a linguagem humorística, as placas de trânsito, os
cartuns e outros.
Quando falamos da linguagem verbal referimo-nos daquela que se manifesta através da fala
ou escrita, utilizando se de mensagens simbólicas e sonoras para ser comunicada. Ao passo que
a linguagem não-verbal é aquela composta por ícones, imagens, sons diversos, vibrações, cores,
cheiros, sabores etc. A língua falada é improvisada e dinâmica (espontânea) e temos o próprio
corpo, tom de voz, expressões coloquiais, gírias como facilitadores da comunicação. Pode
apresentar expressões que denotam pouco acesso à educação formal, cheia de erros gramaticais
(vulgar); linguajar mais básico, utilizado no dia-a-dia, com gírias e certa preocupação com as
normas gramaticais (coloquial) ou um vocabulário mais pomposo, imitando a escrita “padrão”,
muito ouvida nos discursos (formal). Já a língua escrita exige um treino constante, foco e vasto
vocabulário. Pode ser considerada como: vulgar, que reproduz gírias e aspectos da linguagem
falada; padrão, que não admite gírias e expressões vulgares, demonstrando preocupação em
seguir as normas gramaticais; ou literária, que apresenta uma preocupação com a estética, pouca
preocupação com as normas gramaticais e é praticada pelos escritores.
Toda linguagem possui suas regras, sendo assim – para que a comunicação se estabeleça de
forma coerente –, é preciso que o autor (do texto ou do discurso) adapte suas expressões
conforme o público que deseja alcançar e utilize-se dessas regras como forma de aproximação.
A Linguagem Verbal é aquela que faz uso das palavras para comunicar algo. Ou seja, ela se
manifesta através da fala, palavras (o verbo).
1. Função expressiva ou emotiva - Centrada sobre o sujeito emissor. Uma expressão directa da
atitude do sujeito em relação àquilo de que fala. Tende a dar a impressão de uma certa emoção,
verdadeira ou fingida. As interjeições representam o estrato da língua puramente emotivo, mas a
função emotiva é inerente, em vário grau, a qualquer mensagem, quer se considere o nível fónico,
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quer o nível gramatical ou lexical. A informação veiculada pela linguagem não pode ser restringida
à informação do tipo cognitivo.
2. Função apelativa - Orientada para o destinatário, encontra a sua manifestação mais pura no
vocativo e no imperativo. As frases imperativas, ao contrário das declarativas, não podem ser
submetidas a uma prova de verdade, nem transformadas em frases interrogativas.
3. Função referencial - Também chamada denotativa ou cognitva, orientada para o referente, para
o contexto.
4. Função fática - É predominante nas mensagens que têm por finalidade estabelecer, prolongar
ou interromper a comunicação, verificar se o circuito funciona, fixar a atenção do interlocutor.
5. Função metalinguística - Ocorre quando o emissor e/ou o receptor julgam necessário averiguar
se ambos utilizam na verdade o mesmo código. Quando o discurso está centrado no código,
desempenha uma função metalinguística. Esta função representa um instrumento importante nas
investigações lógicas, mas o seu papel é também relevante na linguagem quotidiana.
6. Função poética - Centrada sobre a própria mensagem. Esta função não constitui a função
exclusiva do conjunto de textos que Jakobson designa por "arte da linguagem", trata-se apenas
da sua função dominante. A função poética pode, contudo, desempenhar um papel secundário,
embora muito importante, em mensagens cuja função dominante seja uma das outras funções
(publicidade, propaganda política), em que a função dominante é a função apelativa.
3. LÍNGUA
Para Paskal e Ulisse (2010, p.9) a linguagem é capacidade de ser humano se comunicar através da
uma língua, esta, que é um sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma
comunidade. Ou seja um grupo social convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos
representativos, tais elementos são chamados signos linguísticos. Nesse sentido, a língua é o
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produto social da faculdade da linguagem de uma sociedade, ou seja, um conjunto de convenções
necessárias adotadas pelo corpo social, para permitir o exercício da linguagem.
Exemplo:
Ao ouvir a palavra “arvore”, você reconhece os sons que a formam. Esses sons se
identificam com a lembrança deles que esta presente em sua memoria. Essa memória é o
significante do signo “árvore”. Ao ouvir essa palavra, você logo pensa num “vegetal lenhoso cujo
caule, chamado tronco, só se ramifica bem acima do nível do solo, ao contrário do arbusto, que
exibe ramos desde junto ao solo”. Esse conceito que não se refere a um vegetal particular, mas
engloba uma gama de vegetais, é o significado do signo “arvore” - e também se encontra
armazenado em sua memória. O signo linguístico é arbitrário ou convencional. Isto é, não há uma
relação intrínseca entre o significante (palavra) e o significado (imagem). Pois as línguas variam
nas suas codificações.
Exemplo:
Ao ouvir a palavra gato estamos perante o referente, já as diferentes formas de conjuntos de sons
que encontramos ao expressar este conceito, variam de língua para outra língua e isso é o que se
entende por significante. E a imagem que nos vem em mente ao ouvirmos a palavra gato,
constituído o significado. Veja a imagem a figura a seguir!
Fig. 1
Maia (2006, p. 53)
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comunicativa dos seres, constrói vínculos entre os homens e possibilita a transmissão de culturas,
além de garantir a eficácia dos mecanismos de funcionamento dos grupos sociais.
ACTIVIDADE 1
Referências bibliográficas
CARLOS L.L.L & GOMES E.P.M (2017) PORTUGUÊS INSTRUMENTAL: 1ª Edição, Editora
INTA, SP.
BITTI, P, e ZANI, B (2001). A comunicação como um processo social. Editorial Estampa, Lisboa.
área de linguagem
ULISSIS, Infante & CIPO, Pasquale Neto (2008) GRAMATICA DA LINGUA PORTUGUESA:
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UNIDADE VII – TÉCNICAS DE LEITURA, RESUMO E REDAÇÃO TEXTUAL
2. Técnicas de Leitura
2.1. Tomar notas
2.2 Técnicas de elaboração de fichas
2.2.1 Tipos de Fichas
2.3 Técnicas de Redação de textos.
Introdução
Nessa unidade pretende-se estudar as técnicas de a leitura, resumo e produção textual. Para o
aprofundamento da matéria, iremos privilegiar a prática de exercícios em cada subunidade desta
unidade temática. E ao final desta unidade, o estudante estará apto a:
Conhecer e aplicar as técnicas de leitura para vários tipos de textos;
Ler e interpretar textos de forma clara e concisa;
Conhecer aplicar as técnicas de resumo e
Fazer resumo de diferentes tipos de textos.
2 Técnicas de Leitura
1. O que é ler?
2. O que é leitura?
O ato de ler é um ato de recriação do mundo. Nos primeiros sete segundos de leitura já um mundo
novo é criado pelo leitor no fecundo espaço da sua maginação. A geografia física e espiritual do
mundo ficcional e poético surge diante de quem lê, que passa então, a reescrever a obra, da qual
se torna também o autor.
Para JOUVE, (2002, p. 17), ler é construir significados constituindo o leitor como um sujeito
activo nesse processo. Ainda nessa ideia, ler pressupõe o envolvimento de múltiplos processos
que envolvem uma atividade de várias facetas.
Ao lermos infringimos em várias faculdades, tais como, a identificação e memorização dos signos,
o entendimento do que está escrito, a identificação afetiva com o texto, a intenção argumentativa
que poderá levar a uma conclusão ou desviá-la dela e o sentido da leitura.
O ato de ler é um ato de fusão dialética entre razão e sensibilidade.
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Ampliando a noção de leitura
Qualquer que seja o tipo de texto, o leitor sempre será interpelado pelo conhecimento que já
adquiriu ao longo de sua vida. Nesse sentido, ‘ler’ não é apenas decodificar o que está escrito,
mas, também isso, é compreender os significados mediatizados no texto. A compreensão é um
processo dinâmico, no qual fazemos uso dos nossos conhecimentos prévios e interagindo com as
pistas fornecidas vamos construindo o sentido global do texto. Assim, “o texto, como se vê, pode
apenas programar a leitura: é o leitor que deve concretizá-la” (JOUVE, 2002, p.74).
À medida que avançamos na leitura do texto vamos realizando vários processos mentais de modo
que possamos continuar a leitura.
Na maioria dos casos, a leitura solicita uma competência mínima que o leitor deve possuir para
prossegui-la.
Para Fry (2000, P.60) aponta seis razoes fundamentais para as lerem:
Técnicas de Leitura
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2. Localizar o texto no tempo e no espaço - Nesse passo, o estudante deve procurar conhecer
o autor do texto, o ano da publicação do texto ou livro, as condições da época em que escreveu o
livro e a linha do seu pensamento ou o que influenciou (inspirou) o autor para escrever.
3. Elaborar uma síntese do texto – O leitor deve fazer uma seleção e uma organização dos
elementos mais importantes do texto, estabelecendo um critério de relevância (o que é mais
importante? o que é menos importante?).
4. Organizar as próprias ideias com relação aos elementos relevantes - Nesse ponto, é
preciso um posicionamento do leitor que decorrerá da avaliação do que foi dito com base nos
critérios que se resolveu adotar para a elaboração da síntese. É importante verificar os
conhecimentos prévios que se já possui sobre o tema. Com base nesses conhecimentos, adota-se
uma posição em relação às novas informações: concorda com elas? Discorda delas? Por quê?
5. Demonstrar capacidade para interpretar dados e fatos apresentados - Agora, a partir das
relações estabelecidas, o leitor deverá construir uma resposta para a seguinte pergunta: que
sentido faz o que eu acabei de ler?
6. Elaborar hipóteses explicativas para fundamentar sua análise das questões discutidas no
texto - O leitor deve procurar uma explicação para a razão de elas serem o que são. A elaboração
das hipóteses explicativas para o conjunto de informações obtidas pela leitura do texto vai além
do que foi dito pelo autor e permite que se construa um novo conhecimento acerca da questão do
tema. Estamos, pois, diante da conclusão do processo de leitura e construção de sentido do texto,
isto é, a apropriação do texto lido pelo leitor.
Todos esses passos sugeridos para a garantia de uma boa leitura podem ser sintetizados nos cinco
elementos que todo leitor deve identificar num texto. Ei-los:
Tema – ideia central ou assunto tratado pelo autor, o fenômeno que se discute no decorrer
do texto;
Problema – aquilo que “provocou” o autor, isto é, pode ser visto como o questionamento
de motivação do autor;
Tese: a ideia de afirmação do autor a respeito do assunto. O que o autor fala sobre esse
tema? Que posição assume, que ideia defende? O que quer demonstrar?
Objetivo – a finalidade que o autor busca atingir. O objetivo pode estar implícito ou
explícito no texto;
Ideias Centrais – ideias principais do texto. A cada parágrafo podemos selecionar ideias
centrais ou secundárias.
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2.1 Resumo
Resumir um texto e reproduzir com poucas palavras aquilo que o autor disse. Um resumo nada
mais e do que um texto reduzido as suas ideias principais, sem a presença de comentários ou
julgamentos. Platão & Luiz (2007).
Resumir um texto significa condensa-lo a sua estrutura essencial sem perder de vista três
elementos:
As partes essenciais do texto;
A progressão em que elas aparecem no texto;
A correlação entre cada uma das partes.
2. Reler uma ou mais vezes, sublinhando frases ou palavras importantes. Isto ajuda a
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ACTIVIDADE 2
Leia o texto a seguir depois faça resumo:
O MAQUINISTA empurra a manopla do acelerador. O trem cargueiro começa a avançar pelos vastos e
desertos prados do Cazaquistão, deixando para trás a fronteira com a China.
O trem segue mais ou menos o mesmo percurso da lendária Rota da Seda, antigo caminho que ligava a
China à Europa e era usado para o transporte de especiarias, pedras preciosas e, evidentemente, seda,
até cair em desuso, seis séculos atrás.
Hoje, a rota está sendo retomada para transportar uma carga igualmente preciosa: laptops e acessórios
de informática fabricados na China e enviados por trem expresso para Londres, Paris, Berlim e Roma.
A Rota da Seda nunca foi uma rota única, mas sim uma teia de caminhos trilhados por caravanas de
camelos e cavalos a partir de 120 a.C., quando Xi'an − cidade do centro-oeste chinês, mais conhecida por
seus guerreiros de terracota − era a capital da China.
As caravanas começavam cruzando os desertos do oeste da China, viajavam por cordilheiras que
acompanham as fronteiras ocidentais chinesas e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia
Central até o mar Cáspio e além.
Esses caminhos floresceram durante os primórdios da Idade Média. Mas, à medida que a navegação
marítima se expandiu e que o centro político da China se deslocou para Pequim, a atividade econômica
do país migrou na direção da costa.
Hoje, a geografia econômica está mudando outra vez. Os custos trabalhistas nas cidades do leste da China
dispararam na última década. Por isso as indústrias estão transferindo sua produção para o interior do
país.
O envio de produtos por caminhão das fábricas do interior para os portos de Shenzhen ou Xangai – e de
lá por navios que contornam a Índia e cruzam o canal de Suez – é algo que leva cinco semanas. O trem da
Rota da Seda reduz esse tempo para três semanas. A rota marítima ainda é mais barata do que o trem,
mas o custo do tempo agregado por mar é considerável.
Inicialmente, a experiência foi realizada nos meses de verão, mas agora algumas empresas planejam usar
o frete ferroviário no próximo inverno boreal. Para isso adotam complexas providências para proteger a
carga das temperaturas que podem atingir 40 °C negativos.
(Adaptado de: www1.folhauol.com.br/FSP/newyorktimes/122473).
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2.1. Técnicas de tomar notas e elaboração de fichas de leitura
Saber tomar notas de leitura é coisa muito importante. Mas, primeiro, é preciso saber o que anotar,
segundo, como anotar, terceiro, onde anotar. Não se toma nota de tudo, evidentemente, mas apenas
daquilo que possa interessar ao esquema do trabalho. Procure resumir as informações importantes;
neste caso, convém ter presente ao espírito que a maioria dos parágrafos tem a sua ideia-núcleo
expressa no tópico frasal. Se o tópico frasal for muito extenso, reduza-o a nominal. Tendo o
cuidado, sempre, de anotar de maneira precisa todas as indicações necessárias à localização do
trecho transcrito (nome do autor, título completo da obra, local, editora, data e páginas.
Fichas de leituras
De acordo com Garcia (2010, p.411), as fichas podem ser tomadas em cartolina de mais ou menos
15 cm × 10 cm (o formato-padrão é de 125 mm × 75 mm), que se encontram nas papelarias. Mas,
como tais fichas estão agora pela hora da morte, é mais prático e mais econômico reduzir uma
folha de papel de máquina, tipo ofício, a oito fichinhas de mais ou menos 11 cm × 8 cm, tamanho
reduzido, sem dúvida, mas suficiente para a maioria das notas.
Existem diferentes concepções e, por decorrência, diferentes modalidades ou opções para dar
conta desta atividade acadêmica, conforme encontradas nos manuais de Metodologia Científica e,
mais recentemente, nos manuais de gêneros acadêmicos.
o fichamento é, portanto, uma técnica de trabalho intelectual que consiste no registro sintético e
documentado das ideias e/ou informações mais relevantes (para o leitor) de uma obra científica,
filosófica, literária ou mesmo de uma matéria jornalística.
Tipos de fichas:
1. Ficha de resumo.
2. Ficha de transcrição, de citação direta;
3. Ficha de indicação bibliográfica, que deve conter o nome do autor, o título da obra e o
assunto de que trata a obra em questão;
Romão Adriano
24
MARCONI, M.A; LAKATOS, E.M. Ciência e conhecimento Científico. In: ______.
Metodologia do trabalho científico. 4ª. Edição. São Paulo: editora Atlas, 1995, p.08-22.
O conhecimento científico se caracteriza pela possibilidade de se comprovar os dados obtidos nas
investigações acerca dos objetos. Para que o conhecimento seja considerado científico, é
necessário analisar as particularidades do objeto ou fenômeno em estudo. A partir desse
pressuposto, Lakatos & Marconi apresentam dois aspectos importantes:
a) A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade;
b) Um mesmo objeto ou fenômeno pode ser observado tanto pelo cientista quanto pelo homem
comum; o que leva ao conhecimento científico é a forma de observação do fenômeno.
Ficha de citação
Consiste na transcrição fiel de trechos fundamentais de obras ou capítulos estudadas. Ou seja,
apresenta-se o raciocínio, a argumentação do autor da obra ou do texto que "comanda" o trabalho
de resumo do leitor.
Obedece algumas normas:
1. toda citação deve vir entre aspas;
2. após a citação, deve constar entre parênteses o número da página de onde foi extraída a
citação;
3. a transcrição tem que ser textual e não esquemática;
4. a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se no local da
omissão, três pontos, entre colchetes [...];
5. nos casos de acréscimos ou comentários, colocar dentro dos colchetes [ ];
6. a ficha não deve conter opiniões ou posicionamentos do leitor;
7. não deve acrescentar novas informações ao que foi exposto pelo texto.
8. Se houver erros de grafia ou gramaticais, copia-se como está no original e escreve-se
entre parênteses (sic).
Romão Adriano
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“Além de ser uma sistematização de conhecimentos, [...] ciência é um conjunto de proposições
logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar.”
(p. 12-13)
“O conhecimento popular caracteriza-se (sic) por ser predominantemente: superficial, isto é
conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto
das coisas: expressa-se por frases como ‘porque o vi’, ‘porque o senti’, ‘porque o disseram’,
‘porque todo mundo diz’ “. (p.15).
Ficha Bibliográfica
Deve conter o nome do autor (na chamada), o título da obra, edição, local de publicação, editora,
ano da publicação, número do volume se houver mais de um e número de páginas.
E no corpo do texto, um resumo sobre o assunto do livro ou do artigo, incluindo detalhes
importantes sobre o tema tratado que possam ajudar ao pesquisador em sua tarefa de pesquisa,
seja em que nível de for.
Referência:
O livro trata de questões relevantes para a metodologia do trabalho científico. Seu propósito
fundamental é evidenciar que, embora a ciência não seja o único caminho de acesso ao
conhecimento e à verdade, há diferenças essenciais entre o conhecimento científico e o senso
comum, vulgar ou popular, resultantes muito mais do contexto metodológico de que
emergem do que propriamente do seu conteúdo. Real, contingente, sistemático e verificável,
o conhecimento científico, não obstante falível e nem sempre absolutamente exato, resulta
de toda uma metodologia de pesquisa, a que são submetidas hipóteses básicas, rigorosamente
caracterizadas e subsequentemente submetidas à verificação. Mostrando todo o
encadeamento da metodologia do conhecimento científico, o conteúdo deste livro aborda
ciência e conhecimento científico, métodos científicos, fatos, leis e teorias, hipóteses,
variáveis, elementos constitutivos das hipóteses e plano de prova - verificação das hipóteses.
Referencias Bibliográficas
JOUVE Vincent (2002) A Leitura: acessado na internet https://kupdf.net. Download.vinc.
PLATÃO, Savioli F. & LUIZ Florin J. (2007) Para entender o texto: leitura e redação. 17ªEdicao,
Editora Ática. São Paulo.
Romão Adriano
26
FREIRE, Paulo (1989). A importância do ato de ler: em três artigos que se completam.23. ed. São
Paulo: Autores Associados: Cortez,
FRY, Roony (2000), O Guia do Bom Estudante: 1ª Edição, Editora Presença, Lisboa.
ACTIVIDADE 3
Romão Adriano
27
UNIDADE VI - Coerência e Coesão Textual
Caro estudante, estamos iniciando esta unidade temática que apresenta a Coerência e Coesão
Textual. O objetivo deste capítulo é possibilitar uma visão necessária e básica sobre o que se tem
chamado, nos estudos linguísticos, de coerência e coesão textuais, como também discorrer sobre
os instrumentos necessários para entender o fenômeno da textualidade em suas várias
manifestações.
5. Coesão e Coerência.
5.1 Coerência
Um texto é coerente quando aquilo que ele transmite está de acordo com o conhecimento que cada
locutor e interlocutor têm do mundo.
28
d) É impressionante: ele estuda tanto e não sabe nada!
As expressões sublinhadas assinalam que a situação descrita não deve ser interpretada dentro do
que é expectável de acordo com o nosso conhecimento dos factos.
A incoerência dos enunciados resulta dos nexos estabelecidos nos mesmos, os quais não respeitam
o conhecimento que temos do mundo.
Exemplo:
“Levantamos muito cedo. Fazia frio e a água havia congelado nas torneiras. Até os animais,
acostumados com baixas temperaturas, permaneciam, preguiçosamente, em suas tocas. Apesar
disso, deixamos de fazer nossa caminhada matinal comas crianças.”
Vamos analisar.
O trecho é composto por vários períodos, agrupados em dois segmentos distintos.
No primeiro, fala-se do frio intenso e suas consequências;
no segundo, adecisão de não fazer a caminhada matinal.
O que aparece para fazer a ligação entre esses dois segmentos? A locução apesar disso. Ora, esse
termo tem valor concessivo, liga duas coisas contraditórias, opostas; mas o que segue a ele é uma
consequência do frio que fazia naquela manhã. Dessa forma, no lugar de apesar disso, deveríamos
usar por isso, por causa disso, em virtude disso etc. Conclui-se o seguinte: as partes do texto não
estavam devidamente ligadas. Diz-se então que faltou coesão. Consequentemente, o trecho ficou
sem coerência, isto é, sem sentido lógico. Resumindo, podemos dizer que a coesão é a ligação, a
união entre partes de um texto; coerência é o sentido lógico.
Progressao tematica
A coerência textual depende, ainda, da progressão temática; introdução da informação nova que
faz evoluir o texto, da continuidade semântica e recorrência da informação que assegura a
unidade do texto. Portanto, o texto articulado coerentemente deve possuir relações estabelecidas,
firmemente, entre suas informações, e essas têm a ver umas com as outras. A relação em um texto
refere-se à forma como seus conceitos se encadeiam, como se organizam, que papeis exercem uns
em relação aos outros. As relações entre os fatos têm que estar presentes e ser pertinentes. Para
tal, há necessidade de observar os princípios de relação de sentidos.
A coerência depende, assim, das relações de sentido que se estabelecem entre as palavras. Essas
relações devem obedecer a três princípios:
Romão Adriano
29
Princípio da relevância ou de relação (exclui a representação de situações ou eventos
que não estejam logicamente relacionados entre si). Um texto coerente tem unidade, já que
nele há a permanência de elementos constantes no seu desenvolvimento. Um texto que
trate a cada passo de assuntos diferentes sem um explícito ponto comum não tem
continuidade. Um texto coerente apresenta continuidade semântica na retomada de
conceitos, ideias. Isto fica evidente na utilização de recursos linguísticos específicos como
pronomes, repetição de palavras, sinônimos, hipónimos, hiperónimos etc. Os processos
coesivos de continuidade só se podem dar com elementos expressos na superfície textual;
um elemento coesivo sem referente expresso, ou com mais de um referente possível, torna
o texto malformado.
Exemplo:
Primeiro, revejo o texto, depois faço um primeiro esboço e, por fim, planifico as minhas ideias.
Exemplo:
Princípio da Progressão ou de não redundância (um texto não pode ser nulamente
informativo).
O texto deve retomar seus elementos conceituais e formais, mas não deve limitar-se a isso. Deve,
sim, apresentar novas informações a propósito dos elementos mencionados. Os acréscimos
semânticos fazem o sentido do texto progredir. No plano da coerência, percebe-se a progressão
pela soma das ideias novas às que são já tratadas. Há muitos recursos capazes de conferir
sequenciação a um texto.
Exemplo: Aproximei-me da casa, ou seja, aproximei-me da moradia dela, isto é, cheguei perto do
sítio onde ela passava muito do seu tempo.
Romão Adriano
30
5.1.1 Coesão
Falamos de coesão textual quando nos referimos ao modo como os componentes superficiais do
texto (palavras; frases; períodos; parágrafos) se encontram ligados entre si. Isto é, a coesão textual
diz respeito aos mecanismos gramaticais de tipo sintático-semântico que se utilizam para explicitar
as relações existentes entre as frases, os períodos e os parágrafos de um texto. Um texto não é
somente uma concatenação de frases isoladas, sendo necessário que o falante possua uma
competência textual, que consiste na capacidade de distinguir quando um texto é correcto e
adequado a uma situação, bem como produzir textos com características distintas.
Segundo Mira Mateus (1983), "todos os processos de sequencialização que asseguram (ou tornam
recuperável) uma ligação linguística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície
textual podem ser encarados como instrumentos de coesão" que se organizam da seguinte forma:
Exemplos:
f) O Pico é a ilha mais bonita do arquipélago açoriano.
g) Elas trouxeram camisolas amarelas.
h) O homem admirava a bailarina que dançava com um olhar lânguido.
i) O homem, com um olhar lânguido, admirava a bailarina que dançava.
j) O homem admirava a bailarina que, com um olhar lânguido, dançava.
Coesão Interfrásica
Consiste na articulação relevante e adequada de frases ou de sequências de frases (segmentos
textuais). A coesão interfrásica é assegurada pelos marcadores discursivos (articuladores ou
conetores). Deste modo, quando escrevemos, ou falamos, devemos assegurar-nos de que usamos
o conetor adequado à relação que queremos expressar.
Coesão Temporal
A coesão temporal é assegurada pela sequencialização dos enunciados de acordo com uma lógica
temporal que é assegurada através do emprego adequado dos tempos verbais, do uso de
Romão Adriano
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advérbios/expressões adverbiais que ajudam a situar o leitor no tempo e do uso de grupos nominais
e preposicionais com valor temporal.
Exemplos:
k) Quando ela acordou já ele tinha saído de casa.
l) Só começarei a estudar amanhã; agora estou a jogar PSP.
m) Choveu durante todo o dia. Estive a ler até às oito horas.
Coesão Referencial
Este tipo de coesão refere-se a um conjunto de termos/expressões que remetem para a mesma
A anáfora pode ser gramatical ou lexical. Enquanto a gramatical respeita à coesão referencial, a
anáfora lexical respeita à coesão lexical.
Exemplo:
p) O menino quando viu o seu avô começou a correr pelas escadas. A correria foi tanta que o
pequenito não viu o último degrau que tinha água e ele caiu.
Neste enunciado há seis elementos claramente anafóricos. Uns são gramaticais; outros lexicais.
Romão Adriano
32
O menino quando viu o seu avô começou a correr pelas escadas. A correria foi tanta que o
pequenito não viu o último degrau que tinha água e ele caiu.
Anáforas gramaticais:
1. O possessivo seu de “seu avô”, cuja interpretação leva directamente ao grupo nominal
antecedente “o menino”;
2. O pronome relativo que, cujo antecedente é o nome “degrau”;
3. O pronome pessoal ele que substitui os antecedentes lexicais “o menino”, “o pequenito”.
O menino quando viu o seu avô começou a correr pelas escadas. A correria foi tanta que o
pequenito não viu o último degrau que tinha água e ele caiu.
Anáforas lexicais:
1. O grupo nominal o pequenito que entra numa relação de sinonímia com o seu
antecedente “O menino”;
2. O grupo nominal A correria que se interpreta em relação ao antecedente verbal “correr”;
3. O grupo nominal o último degrau que está associado ao nome antecedente “escadas”.
Coesão Lexical
Anáfora lexical que, por seu turno, se realiza através de: Repetição
Exemplo:
Exemplo:
Atenção! Por vezes, as relações de sinonímia dependem dos saberes compartilhados pelos falantes
ou escreventes/leitores.
Romão Adriano
33
Coesão Lexical
2. Hiperonímia
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo:
Coesão Lexical
5. Holonímia/meronímia
Exemplo:
y) Ele comprou um carro. Depois verificou que o volante não estava alinhado.
6. Elipse
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo:
bb) O Rui foi trabalhar para África. Finalmente, o marido da Ana conseguiu concretizar o seu
sonho.
Romão Adriano
34
Ora vejamos;
A interpretação dos dois termos como remetendo para o mesmo referente exige que os
interlocutores partilhem esse conhecimento; isto é, que ambos saibam que o Rui e o marido da
Ana são uma e a mesma pessoa.
Elementos conectores
Qualquer vínculo estabelecido entre as palavras, as orações, os períodos ou os parágrafos podemos
chamar de coesão. Toda palavra ou expressão quese refere a coisas passadas no texto, ou mesmo
às que ainda virão, são elementos conectores. Os termos a que eles se referem podem ser chamados
de referentes. Eis os conectores mais importantes:
Exemplo:
Pronomes demonstrativos
Os demonstrativos estão entre os maisimportantes conectores da língua
portuguesa.Frequentemente se criam questões deinterpretação ou compreensão com base em
seuemprego.
Isso (esse, esses, essa, essas) é usado para fazerreferência a coisas ou fatos já citados no texto.
Isto(este, estes, esta, estas) refere-se a coisas ou fatos queainda serão citados no texto.
Romão Adriano
35
e) O homem e a mulher estavam sorrindo.
Aquele porque foi promovido; esta por ter recebido um presente.
f) Aquele = homem esta=mulher. Temos aqui uma situação especial de coesão: evitar
arepetição de termos por meio do emprego de este(estes, esta, estas) e aquele (aqueles,
aquela, aquelas).
Não se usa, aqui, o pronome esse (esses, essa, essas).Com relação ao exemplo, a palavra aquele
refere-se aotermo mais afastado (homem), enquanto esta, ao maispróximo (mulher).
d) Pronomes indefinidos.
Exemplo:
Pronomes relativos.
Exemplo:
i) Que=pessoas
Pronomes interrogativos
Exemplo:
Substantivos
Exemplo:
Romão Adriano
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Advérbios
Exemplo:
Preposições
Ligam palavras dentro de uma mesma oração. Em casos excepcionais, ligam duas orações. Elas
não possuem referentes no texto, simplesmente estabelecem vínculos.
Exemplo:
9. Preciso de ajuda.
10. Morreu de frio.
Nas duas frases, a preposição liga um verbo a um substantivo. Na primeira, em que introduz um
objecto indireto (complemento verbal compreposição exigida pelo verbo), ela é destituída de
significado. Diz-se que tem apenas valor relacional. Na segunda, em que introduz adjunto
adverbial, possui valor semântico ou nocional, uma vez que aexpressão que ela inicia tem um
valor de causa.
Romão Adriano
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ACTIVIDADE 4
a) Analise o seguinte texto e comente sobre as relações de sentido dos enunciados,
“João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são caríssimos. Também os misseis
são caríssimos. Os misseis são lancados no espaco. Segundo a teoria da relatividade, o espaço e
curvo. A geometria rimaniana da conta desse fenómeno.” Marcuschi
O contexto deve ser visto em suas duas dimensões: estrutura de superfície e estrutura de
profundidade. A estrutura de superfície considera os elementos do enunciado, enquanto a estrutura
de profundidade considera a semântica das relações sintáticas. Num caso, o leitor busca o primeiro
sentido pelo produzido pelas orações; no outro, vasculha a visão do mundo que enforma o texto.
Romão Adriano
38
O contexto imediato relaciona-se com os elementos que seguem ou precedem o texto
imediatamente. São os chamados referentes textuais. O contexto situacional é formado por
elementos exteriores ao texto. Esse contexto acrescenta informações, quer históricas, quer
geográficas, quer sociológicas, quer literárias, para maior eficácia da leitura que se imprime ao
texto. Informação diz respeito aos atos de transmitir uma notícia, de dar instruções, oferecer um
ensinamento ou um determinado tipo de conhecimento, uma opinião sobre o procedimento de
alguém, um parecer técnico.
A comunicação, por sua vez, implica em relação. Nela também está contida a informação, inserida
na mensagem que o receptor quer transmitir ao destinatário ou público-alvo, contudo, há uma
amplitude maior. A comunicação é o processo pelo qual ideias são transmitidas entre pessoas,
tornando possível a interação social. Uma campanha de vacinação, por exemplo, é um tipo de
divulgação, que leva uma determinada informação ao público geral. Já a construção do
conhecimento depende de interação, participação de todas as partes envolvidas no processo, de
feedback.
Então, o grande ponto a ser ressaltado na comunicação assertiva é o modo como a informação é
concebida e gerada. Se ela não pode ser transformada, tocada por todos e valorizar a compreensão,
contribuição e proatividade, então, ela cumpriu um simples papel: saiu de um ponto e chegou a
outro.
5.2 Intertextualidade
Todos os textos fazem referência a outros textos; quer dizer, não existem textos que não
mantenham algum aspecto intertextual, pois nenhum texto se acha isolado e solitário. Concerne
aos fatores que tornam a interpretação de um texto dependente da interpretação de outros. Cada
texto constrói-se, não isoladamente, mas em relação a outro já dito, do qual abstrai alguns aspectos
para dar-lhes outra feição. O contexto de um texto também pode ser outros textos com os quais se
relaciona. Quando produzimos um texto, sempre faremos referência a alguma outra forma de texto
(um discurso, um documentário, uma reportagem, uma obra literária, uma notícia etc.).
Romão Adriano
39
1. Intencionalidade
2. Aceitabilidade
O texto produzido também deverá ser compatível com a expectativa do receptor em colocar-se
diante de um texto coerente, coeso, útil e relevante. O contrato de cooperação estabelecido pelo
produtor e pelo receptor permite que a comunicação apresente falhas de quantidade e de qualidade,
sem que haja vazios comunicativos. Isso se dá porque o receptor esforça-se em compreender os
textos produzidos.
3. Informatividade
É a medida na qual as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, pelo
receptor. Um discurso menos previsível tem mais informatividade. Sua recepção é mais
trabalhosa, porém mais interessante, envolvente. O excesso de informatividade pode ser rejeitado
pelo receptor, que não poderá processá-lo. O ideal é que o texto se mantenha num nível mediano
de informatividade, que fale de informações que tragam novidades, mas que venham ligadas a
dados conhecidos.
4. Situacionalidade
É a adequação do texto a uma situação comunicativa, ao contexto. Note-se que a situação orienta
o sentido do discurso, tanto na sua produção como na sua interpretação. Por isso, muitas vezes,
menos coeso e, aparentemente, menos claro pode funcionar melhor em determinadas situações do
que outro de configuração mais completa. É importante notar que a situação comunicativa
interfere na produção do texto, assim como este tem reflexos sobre toda a situação, já que o texto
não é um simples reflexo do mundo real. O homem serve de mediador, com suas crenças e ideias,
recriando a situação. O mesmo objeto é descrito por duas pessoas distintamente, pois elas o
encaram de modo diverso. Muitos linguistas têm-se preocupado em desenvolver cada um dos
fatores citados, ressaltando sua importância na construção dos textos. Todos os textos fazem
referência a outros textos; quer dizer, não existem textos que não mantenham algum aspecto
intertextual, pois nenhum texto se acha isolado e solitário.
Romão Adriano
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5.3 ACTIVIDADE 5
1. Abaixo, apresentamos alguns segmentos de discurso separados por ponto final. Retire o ponto
final e estabeleça entre eles o tipo de relação que lhe parecer compatível, usando para isso os
elementos de coesão adequados.
a) O solo do norte de Maputo é muito seco e aparentemente árido. Quando caem as chuvas,
imediatamente brota a vegetação.
b) Uma seca desoladora assolou a região norte, principal celeiro do país. Vai faltar alimento e os
preços vão disparar.
c) O trânsito na cidade de Maputo ficou completamente paralisado dia 15, das 14 às 18 horas.
Fortíssimas chuvas inundaram a cidade.
2. No texto a seguir há um trecho que, se tomado literalmente (ao pé da letra), leva uma
interpretação absurda.
"O golfinho nada velozmente e sai da água em grandes saltos fazendo acrobacias. É mamífero e,
como todos os mamíferos, só respira fora da água. O golfinho vive em grupos e comunica-se com
outros golfinhos através de gritos estranhos que são ouvidos a quilômetros de distância. É assim
que golfinho pede ajuda quando está em perigo ou avisa os golfinhos onde há comida. O golfinho
aprende facilmente os truques que o homem ensina e é por isso que muitos golfinhos são
aprisionados, treinados e exibidos em espetáculos em todo o mundo." Revista Ciência Hoje.
Na Cidade, as gangues dos meninos de rua – que roubam e auxiliam traficantes para andar com
roupa e tênis da moda – sabem que esse guarda-roupa não combina com a imundície dos locais
onde dormem, chamados mocós em quase todo o país.
Contornam a dificuldade de banho nos chafarizes das praças ou se valem da boa vontade de grupos
religiosos e donos de lanchonetes que os deixam usar os chuveiros.
Romão Adriano
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Limpos, fortes e bem vestidos, não passam, porém, por garotos de classe média, como pretendem.
São traídos por visíveis erupções de pele no rosto e nos braços, provocadas por constantes
intoxicações. É esse o resultado da inalação da cola de sapateiro, do consumo de drogas mais
pesadas e da alimentação suspeita que obtêm nas ruas.
Jornal O Estado de São Paulo. FARACO & MOURA.
7. Destaque do texto uma passagem em que a conjunção indique as relações lógico-semânticas de:
a) causa:
b) condição:
c) adição:
d) oposição:
Romão Adriano
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as populações esperam-na e desejam-na, e até há costume de elevar preces ao céu para que a
envie em tempo próprio.
Devemos ver na chuva, por consequência, um agente que limpa e purifica o ar, alimenta a vida
vegetal, da qual depende a nossa e nos fornece a água de que necessitamos durante todo o ano, nas
regiões onde chove bastante.
9. Identifique as relações de sentido que se estabelecem no texto através dos seguintes conectivos.
a) porque (linha 01)
b) enquanto (linha 03)
c) mas (linha 02)
d) para que (linha 07)
e) e (linha 10)
Referencias Bibliográficas
CARLOS L.L.L & GOMES E.P.M (2017) PORTUGUÊS INSTRUMENTAL: 1ª Edição, Editora
INTA, SP.
GARCIA, Othon M. (2010) COMUNICAÇÃO EM PROSA MODERNA: Aprenda a Escrever,
Aprendendo a Pensar, 27ªEdição, Editora FGV. Rio de Janeiro.
PILASTRE, Bruno (2009) TEXTO: Coesão e Coerência Textuais; Semântica:
MARCUSCHI, L (2008) PRODUÇÃO TEXTUAL, ANÁLISE DE GÊNEROS E COMPREENSÃO.
Parábola Editorial, São Paulo.
ANTUNES, Irandé (2005) LUTAR COM PALAVRAS: coesão e coerência. Parábola Editorial: São
Paulo.
Romão Adriano
43
UNIDADE TEMATICA II – Ortografia
Nesta unidade veremos as regras da ortografia, mas por se tratar de inúmeras regras iremos ver
aqui algumas regras muito cobradas, mas é contraproducente tentar decorar o “porquê” das grafias.
Para ter sucesso nesse tema, treine com exercícios e melhore sua memória visual. As próprias
gramáticas tradicionais admitem que não há uma sistematização total, então uma regra pode prever
a ortografia de muitas palavras, mas haverá exceções.
4. Ortografia
Ortografia é a parte da gramática que se preocupa com a representação das palavras na escrita e
estabelece a forma correta de escreve-las, ou seja, é a ortografia que fixa padrões de correção para
a grafia das palavras.
A forma de grafar as palavras é produto de acordos ortográficos que envolvem os diversos países
em que a língua portuguesa é oficial, grafar correta uma palavra significa, portanto, adequar-se a
um padrão estabelecido por lei.
O emprego das letras depende da origem da palavra, contudo, existem algumas orientações que
podem facilitar bastante.
Usa-se x em vez de ch
Exceto: mecha (e derivados), enchova, encher (derivado de cheio), encharcar (derivado de charco)
Usa-se c e ç
c) Nos sufixos -ação, -aço, -iço e -iça - acentuação, ricaço, caniço, carniça
Romão Adriano
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d) Nomes derivados do verbo ter - deter – detenção / ater – atenção
Usa-se s
Usa-se z
ATENÇÃO!
Quando o radical da palavra terminar por -s, este será conservado: rosa - rosinha / lápis –
lapisinho
ATENÇÃO!
Quando o radical da palavra terminar por -s, este será conservado: análise = analisar / friso =
frisar
Usa-se j
e) Nas palavras de origem tupi, africana ou árabe - jiboia, canjica, alfanje (foice para roçar o
mato)
Usa-se g
h) Nos substantivos terminados por –agem, -igem, -ugem - barragem, vertigem, ferrugem
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i) Nas terminações –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio - pedágio, colégio, vestígio, relógio, refúgio.
Antes: 23 letras.
Quando utilizá-las:
Prefixos: agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini,
semi, sobre, supra, tele, ultra.
- Quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo: auto-hipnose,
auto-observação, anti-herói, anti-imperalista, micro-ondas, mini-hotel.
- Quando a palavra seguinte começa com h ou com r: Hiper, inter, super, super-homem, inter-
regional.
- Em todos os demais casos: hiperinflação, supersônico.
Romão Adriano
46
- Pan, circum - Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais: pan-hispanismo, pan-
mágico, pan-negritude, pan-africano, pan-eslávico, pan-iconográfico, pan-ótico. Circum-
hospitalar, circum-meridiano, circum-navegação, circum-ambiente, circum-escolar, circum-
uretral.
Diante de casos mais complexos ou dúvidas, recorra a um bom dicionário!
Tabela 1:
4.3 Acentuação
Acento tônico
47
PAROXÍTONAS (em que a penúltima sílaba é forte)
Exemplo: supersônico, lâmpada, cândido, mórbido, tétano, dúvidas, pântano, código, sólido,
árvore etc.
]
ACTIVIDADE 4
2. Aponte a opção em que as duas palavras são acentuadas devido à mesma regra:
a) saí - dói (certo)
b) dá – custará (certo)
d) até – pé ( até = preposição indicativa de um tempo no espaço, pé= parte inferior da perna)
48
e) táxi - ninguém – amável
Leia: acerca de, há cerca de, a cerca de. Qual o significado de cada uma destas expressões?
No início da frase, quando se afirma que as dúvidas são acerca de expressões, já há a “dica” do
significado desta expressão. Acerca (junto) significa sobre, a respeito.
Assim:
Pode-se, também, falar acerca de alguém, isto é, sobre alguém, a respeito de alguém.
Agora, observe
Há cerca de dez expressões difíceis no texto. (Neste caso, substitua a expressão por existem perto
de).
Não entro na plataforma há cerca de vinte dias. (Substitua por faz perto de.)
Romão Adriano
49
Entretanto, muito cuidado ao utilizar a expressão a cerca de. Tal expressão deve ser usada quando
há a ideia de futuro ou de distância.
Observe
Houve um momento, antes de renomados gramáticos informarem que a expressão era inexistente,
que era “chic” falar o “a nível de”. Ouvia-se alto e bom som a expressão nos telejornais, nos
programas de entrevistas, entre outros. (Cabe destacar que a expressão alto e bom som assim deve
ser falada e escrita: ouvi alto e bom som e não “em alto e bom-tom”, pois tente substituir por “em
baixo...”) Assim, ouvia-se nos “salões nobres da vida”, a nível de informática, a nível de Brasil, a
nível de economia mundial, a nível de Educação, a nível de globalização, mundialização e
planetarização, e por aí segue uma extensa lista da utilização dessa expressão. Tal expressão deve
ser evitada. É modismo!
No entanto, a expressão EM NÍVEL DE existe! E pode ser utilizada quando houver a ideia de
nivelamento.
Observe
A reunião será em nível de diretoria. (Isto quer dizer em termos de, no plano de, em outras
palavras, trata-se de uma reunião somente para diretores — gerentes e supervisores não estão
convocados.)
Cabe lembrar que há a forma ao nível de, com o significado de “à mesma altura”, por exemplo,
“está ao nível do mar”.
É uma expressão invariável com o sentido de “tendo em vista”. Atenção: não existe “haja visto”.
Exemplos
Outro assunto: modismo? Sim! De tempos em tempos, surgem expressões utilizadas por muitos,
entretanto, com significado duvidoso e inútil.
Romão Adriano
50
Observe:
Eu estou a fim de ir ao teatro assistir à peça “o homem na garrafa —”, no cine teatro
Gilberto Mendes.
Ela está a fim de terminar os estudos de Filosofia.
No sentido de finalidade, com o propósito de, você deve usar a expressão desta forma (escreve-
se separadamente) A FIM DE, isto é, no intuito de, com a intenção de.
Exemplos:
Em princípio, parece fácil. No entanto, é preciso exercitar, praticar, pôr as informações no papel
ou na tela do computador, é preciso aplicar as informações adquiridas.
Por exemplo
O pronome onde deve ser usado caso o antecedente forneça a ideia de “lugar”. Nesse caso, onde
é pronome relativo e não advérbio.
Observe que a palavra “autor” não dá a ideia de lugar, portanto, você deve usar em que.
51
Cidade dá a ideia de lugar. Também pode ser “em que” você nasceu ou “na qual” você nasceu.
No ano de 1898, onde as pessoas ainda não conheciam o computador, havia problemas diferentes.
A palavra anterior não dá a ideia de lugar e sim de tempo, portanto: No ano de 1898, quando as
pessoas ainda não conheciam o computador, havia problemas diferentes.
Resposta – deve se usar a palavra onde com verbos que não indicam movimento.
Note bem: a palavra muitas vezes. Evite escrever muita das vezes. É inadequado.
Nós nos actualizamos! Entretanto, usamos a palavra reciclar para coisas, por exemplo, reciclar
o lixo, reciclar latinhas etc.
Observe que os nomes de disciplinas devem ser escritos com letras maiúsculas ou minúsculas,
pois o actual Acordo ortográfico, assim o permite, isto é, tornou-se opcional.
É preferível usar esta palavra com o seu sentido original, equivalente a “por dentro de”, que dá a
ideia de atravessar.
Romão Adriano
52
Jogou o olhar através da janela e viu a bela cena.
Entretanto, já é aceitável o uso desta locução prepositiva (através de) no sentido de “por meio de”,
“por intermédio de”.
Observe.
Há ou A?
Usa-se "há", quando o espaço de tempo já tiver decorrido e puder ser substituído por "faz".
Por exemplo - "Eu nasci há dez mil anos." (Faz dez mil anos que eu nasci.)
Usa-se "A", quando o espaço de tempo ainda não transcorreu (e, mesmo se tiver transcorrido, não
puder ser substituído por "faz").
MAS E MAIS
Observe as frases.
Ela é mais esperta que a irmã e também é mais bonita, mas tem um gênio...
Mas - conjunção adversativa (pode ser substituída por porém, entretanto, contudo, todavia, no
entanto).
OS PORQUÊS
a) POR QUÊ
Você parou por quê? Ela parou, mas eu não sei por quê.
Romão Adriano
53
b) PORQUÊ
Exemplos - Não sei o porquê de você ter parado de tocar esse instrumento.
c) PORQUE
Esse porque, junto e sem acento significa "pois", enfim, uma explicação.
d) POR QUE
No início da frase (ou após – menos no final), uma indagação, escreve-se separado e sem acento.
Por que você parou? Então, diga-me por que você parou?
Por que = por que motivo, pelo qual, por qual, o motivo pelo qual
MAL e MAU
4.4 Pontuação
Pontuar é, antes de mais nada, dividir o discurso, separar-lhe as partes quando for necessário.
“Pontuar bem é ter visão clara da estrutura do pensamento e da frase. Pontuar bem é governar as
rédeas da frase.
Romão Adriano
54
Pontuar bem é ter ordem no pensar e na expressão”. Para que bem se efectue esse domínio,
empregam-se os sinais de pontuação os quais se dividem em sinais de pausa e sinais de entonação
ou melódicos.
Sinais de pausa
a) A vírgula ( , ).
A vírgula marca uma pausa ligeira na oralidade, mais curta do que no caso do ponto final.
No interior das frases, a vírgula separa determinados elementos dentro de uma oração ou
orações dentro o mesmo período.
• Separação/Coordenação dos termos da oração
A vírgula separa os elementos coordenados que têm função sintática idêntica, e que, ao mesmo
tempo, não estão ligados por conjunção (e, ou e nem).
Quando a conjunção «e» se repete várias vezes, costuma-se separar os elementos ainda por vírgula.
Aqui, esta conjunção não tem a verdadeira função sintática, mas estilística. No exemplo, podemos
ver que os objetos diretos estão relacionados com o mesmo predicado «levou».
A conjunção «e» é utilizada excessivamente e os dois primeiros casos parece redundantes.
Contudo, a repetição acentua que a ventania removeu verdadeiramente muitas coisas:
Exemplo: A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.
Coloca-se também atrás do nome do lugar, que está seguido pela datação de um escrito.
Exemplo: Maputo, 2021.
É muito importante distinguir o vocativo do resto do enunciado para não o confundir com o objeto
direto. Separamos o termo com que se interpela o ouvinte no início e também no fim de uma frase.
Exemplo: Como é que tu te chamas, o rapaz? (Luís Bernardo Honwana)
Separamos os advérbios sim e não, quando os podemos isolar do resto da frase de acordo com o
sentido da mesma. Acontece no princípio da oração, principalmente nas respostas.
Na língua falada, não é necessário fazer uma pausa quando a resposta segue rapidamente.
Exemplo: Não, desejo ficar. Não quero partir.
E finalmente, separamos a saudação no início da carta, embora não seja indispensável.
O texto do parágrafo seguinte deve ser iniciado pela maiúscula, ao contrário do que acontece no
checo.
Exemplo: Caro António, Ontem, recebi a carta de ...
Romão Adriano
55
• Subordinação
A vírgula também separa os termos de uma oração com funções sintáticas diversas. É importante
que a empreguemos adequadamente para evitar ambiguidades semânticas. A oração independente
absoluta aparece sem vírgula. Nunca são separados por vírgulas, nem os termos essenciais da
oração entre si (sujeito e predicado), nem o elemento essencial dos termos integrantes da
oração.
Apenas a supressão (elipse, zeugma) de uma ou mais palavras, especialmente do predicado, é
indicada por vírgulas.
O significado deve ser facilmente compreensível. Neste caso, a eliminação do termo essencial da
oração pode ter a função poética que vemos no exemplo:
Exemplo: A tarde, de ouro pálido, e o mar, tranquilo como o céu. (Gilberto Amado)
Os pleonasmos, elementos repetidos dos motivos emocionais, são isolados por vírgulas. Esta regra
pode aplicar-se aos termos essenciais, bem como aos integrantes da oração.
Exemplo: Só minha, minha, minha, eu quero! (Luandino Vieira)
No que diz respeito aos termos acessórios da oração, o adjunto adnominal liga-se à frase sempre
sem vírgula. Pelo contrário, o adjunto adverbial antecipado deve ser separado por vírgula, ao passo
que o mesmo termo da oração no fim da frase, não.
Exemplo: Fora, a ave agitou-se medonhamente. (Óscar Ribas)
O aposto, o termo de carácter nominal que explica o termo que vem antes ou depois, é isolado por
vírgula.
Exemplo: A meu pai, com efeito, ninguém fazia falta. (Otto Lara Resende)
Um dos seus tipos, o aposto aparente, não obriga a vírgula, quando se coloca no fim da frase.
Exemplo: Os castanheiros ouviam subir a seivas grandes e concentrados.
A segunda exceção ocorre no caso especial, no que se refere à oração coordenada aditiva. A
conjunção «e» é anteposta à vírgula quando, na língua falada, separamos o elemento coordenado
por uma pausa que nos indica uma informação complementar ou um acrescento.
Romão Adriano
56
Exemplo: Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu levava-lhe quanta podia obter.
(Carlos de Laet).
No que diz respeito às coordenadas aditivas, separamos sempre as orações reduzidas do particípio
passado, gerúndio ou reduzidas do infinitivo.
Exemplo: Fatigado, ia dormir. (Lima Barreto)
Costuma-se pôr a vírgula entre as orações independentes coordenadas adversativas, separadas
pela conjunção adversativa, como mas, porém, no entanto, não obstante, contudo, todavia, senão.
Na maioria das vezes, a conjunção é posicionada no início da oração – neste caso, pomos somente
uma vírgula para separar a oração principal da subordinada. Às vezes, podemos encontrar a
conjunção adversativa dentro da oração, entre as suas palavras, que deve ser isolada por vírgulas.
Na oralidade, a pausa entre as orações será mais demorada que na vírgula que separa a conjunção.
Por isso, esta vírgula podia ser substituída por um ponto e vírgula, como podemos ver nos
exemplos seguintes:
A mesma situação acontece no caso das conjunções conclusivas como logo, portanto, por
conseguinte, então ou assim; e explicativas: porquanto, porque e pois.
A última deve mesmo vir sempre posposta a um termo da oração, portanto, separada por vírgulas.
Pomos entre vírgulas palavras ou frases intercaladas, quando são independentes da construção
ou sentido da oração. Trata-se, muito frequentemente, da separação entre o discurso direto e o
discurso indireto.
Exemplo: Não lhe posso dizer com certeza, respondi eu. (Machado de Assis)
• Subordinação
Os três tipos das orações subordinadas – substantivas, adjetivas e adverbiais – diferem no que diz
respeito à separação por sinais de pontuação. O primeiro tipo não tem uma regra clara para a
utilização da vírgula. Não é recomendável o uso da vírgula entre a oração subordinada
substantiva e a principal.
Talvez, a análise dos artigos nos ajude a determinar o melhor sistema para as orações
subordinadas substantivas.
Exemplo: Esperamos que você concorde com nossas ideias.
Romão Adriano
57
ao sentido da frase. Pode ocorrer uma situação em que a oração restritiva é tão extensa que o seu
predicado se confunde com o outro. Neste caso, é conveniente limitá-la por vírgulas.
Exemplo: No meio da confusão que produzira por toda a parte este acontecimento inesperado e
cujo motivo e circunstâncias inteiramente se ignoravam, ninguém reparou nos dois cavaleiros...
(Alexandre Herculano).
As orações subordinadas apositivas e relativas são sempre separadas por vírgula.
Separamos também as orações adverbiais, sobretudo antepostas. É recomendável, mas não é
obrigatório.
b) O ponto e vírgula ( ; ). No discurso, para indicar uma pausa mais longa do que a vírgula,
mas mais curta do que o ponto final, ligamos as frases com o ponto e vírgula. Este sinal
pode separar as orações coordenadas que já contêm elementos subdivididos por vírgulas.
Trata-se de períodos extremamente longos nos quais o ponto e vírgula ajuda a clarificar a
estrutura do texto. Quando as orações subordinadas dependem da mesma subordinante,
podemos dividi-las por ponto e vírgula:
Exemplo:
É bom saber que temos um amigo; que podemos contar com alguém nos momentos difíceis; que
não estamos sós.
Entre os vários elementos de uma enumeração, podemos usar o ponto e vírgula, também, para
tornar claro o texto, que tem, frequentemente, caráter científico ou académico.
Separamos assim os diversos itens de enunciados enumerativos. Para acentuar o sentido
adversativo, o ponto e vírgula usa-se às vezes (no lugar da vírgula) antes das conjunções
adversativas e conclusivas.
a) O ponto ( . )
Podemos distinguir dois tipos de pontos: o ponto final e o ponto de abreviatura. Têm a mesma
forma gráfica, contudo o segundo tipo pode aparecer também dentro da frase.
O ponto final marca uma pausa no fim de uma frase declarativa. Pode aparecer no fim do período
simples ou composto. Este sinal confirma que a afirmação está completa. Marca uma pausa
relativamente demorada na língua falada depois de um grupo fónico.
A pausa máxima ocorre, quando o ponto final encerra não somente um período, mas também um
parágrafo. Bechara define o ponto parágrafo como um ponto que separa um grupo de períodos
cujo conteúdo tem o mesmo centro de interesse.
58
Representam três abreviaturas na saudação de Excelentíssimo Senhor Doutor. Se a palavra assim
reduzida aparece no fim de um período, este, não termina com dois pontos – o ponto de abreviatura
funde-se com o ponto final.
Sinais de entonação ou melódicos
b) Os dois-pontos ( : ). Apesar de marcar uma pausa demorada no discurso, este sinal indica
uma frase não concluída. A pausa não é mais longa do que no caso do ponto. Usamo-lo
nos seguintes casos:
quando introduzimos a conversa no discurso direto;
se indicamos uma citação;
quando iniciamos uma enumeração;
o Se a frase seguinte explica, sintetiza ou confirma a ideia contida na oração anterior;
o Alguns escritores de cartas e requerimentos podem usar dois pontos depois do
vocativo inicial.
59
e) As reticências ( … ). Os três pontos, cujo número é imutável, são apelidados de
«reticências». Este sinal mostra que o sentido da frase não está completo. Pode ser
substituídas por «etc.». Marca uma pausa na fala, uma suspensão da melodia, mas não tão
forte como no caso do ponto final.
Às vezes, mostra ao leitor (ou ouvinte) o subentendimento para que este possa prever, com
base nas palavras precedentes, aquilo que não é dito explicitamente. Pode, de igual modo,
manifestar sentimentos como a hesitação, a dúvida, a indecisão...Na tipografia, o sinal de
«três pontos» representa o termo diferente. Indica palavras suprimidas no início, no meio
ou no fim de uma citação. Há uma tendência para mudar este sinal para quatro pontos para
evitar confusões com as reticências.
f) Aspas comas, vírgulas dobradas ( “ ” ). Trata-se de dois símbolos que indicam palavras
determinadas. Colocam-se no princípio e no fim da fala, em transcrições, em citações ou
em títulos de obras, distinguindo-os do resto do texto.
Usam-se também para destacar uma palavra ou expressão pouco utilizada, quer dizer os
estrangeirismos, arcaísmos, neologismos ou vulgarismos. Este tipo de expressão pode ser
marcado também em letras itálicas.
Podem usar-se para substituir o valor do travessão nos diálogos, colocando-se as aspas
antes e depois da fala.
g) Os parênteses ( ). Os, assim chamados, parêntesis são usados para isolar as palavras, as
expressões, as orações intercaladas ou os períodos completos. Marcam uma pausa ligeira
e contêm as informações que completam, explicam, precisam ou comentam um assunto
precedente.40
No caso de um período completo se encontrar entre parênteses, o sinal de pontuação
correspondente (ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação) deve-se colocar
também dentro desses parênteses. Contudo, a pontuação que pertence à frase no exterior
dos parênteses tem de ser escrita também por fora.
h) Os Colchetes/parênteses retos [ ]. Quando a parte que queríamos separar já contem uma
ou mais expressões já divididas por parênteses, existe um outro tipo de sinal com valor
superior que nos pode ajudar. Usa-se, por vezes, na matemática, informática e nos escritos
científicos. Na filologia, a transcrição fonética de uma palavra coloca-se dentro de
parênteses retos. Quando uma parte de uma citação é suprimida, indicamo-lo com
reticências dentro de colchetes.
Romão Adriano
60
i) Sinais de textos formais
Existem alguns sinais de pontuação com um valor tipográfico. Estes sinais podem ser encontrados
em textos científicos e oficiais.
j) Parágrafo §
Dois ss entrelaçados formam o símbolo de parágrafo que é utilizado como indicação de separação
de dois parágrafos em textos oficiais da lei e do direito. Trata-se precisamente de um sinal de
tipografia, mas com um valor semelhante ao do ponto parágrafo.
O início de um parágrafo pode ser indicado também pelo pé-de-mosca (¶)
k) Chave ou chaveta { }. Este sinal aparece nos livros e artigos científicos. Indica uma obra
utilizada ou citada no texto.
l) Alínea a) b). É utilizada nas enumerações de elementos de um mesmo grupo. Cada
elemento ocupa uma linha independente para esclarecer as notas.
m) Barra /. Este sinal, muito utilizado na matemática e na informática, tem o seu uso também
nos livros sobre gramática, onde evidencia alterações de palavras. Nos textos formais,
incluindo o jornalismo, a barra é usada para mostrar as variedades, possibilidades.
Romão Adriano
61
ACTIVIDADE 5
Referências Bibliográficas
Romão Adriano
62
UNIDADE TEMATICA III – Tipologia Textual e Géneros Textuais
Caro estudante, estamos iniciando esta unidade temática de Tipologia Textual e Géneros Textuais,
a unidade esta dividida em dois subunidades e, no primeiro tema veremos o conceito de Texto
e Tipologia Textual e na segunda subunidade iremos estudar os Géneros Textuais.
O estudo da tipologia textual, no meio acadêmico, prepara o estudante para reconhecer e produzir
qualquer tipo de gênero textual de maneira progressiva, superando as dificuldades que se
apresentam na língua materna e, também, de acordo com as suas necessidades comunicativas e
aos fins a que se destinam.
Ao fina desta unidade, o estudante para ser capaz de:
Definir claramente o texto
Identificar os tipos de Textos e suas estruturas.
Identificar os Géneros textuais (textos formais e não formais)
Produzir textos com sentido logico (coesão e coerência)
Conhecer as formas de tratamento (formal e informa).
“
5. A Tipologia textual,
O termo Tipologia textual designa uma sequência definida pela natureza linguística de sua
composição, ou seja, está relacionado com questões estruturais da língua, determinadas por
aspectos lexicais, sintáticos, relações lógicas e tempo verbal. Se configura por estabelecer a
estrutura dos textos, seu objetivo e finalidade. Ou seja, resumidamente, os tipos textuais são
responsáveis pela forma como um texto se apresenta.
Os tipos textuais diferem dos gêneros textuais por serem limitados, abrangendo categorias
conhecidas como: Apesar dessa tentativa arbitrária de diferenciação entre gêneros e tipos textuais
– o tema costuma provocar polêmica até mesmo entre linguistas –, é importante observar que essas
duas noções estão intrinsecamente relacionadas.
Romão Adriano
63
5.1.1 Texto Dissertativo
Aquilo que chamamos didaticamente de dissertação consiste na exposição de ideias, razões. Se,
por um lado, na descrição e narração predominam termos concretos, que se referem a pessoas do
mundo, ao menos presumidamente, real, na dissertação, predominam os conceitos abstratos,
muitas vezes fora das esferas do tempo e do espaço. Não há, portanto, em princípio, uma
progressão temporal entre os enunciados, mas relações de natureza lógica (causa e efeito, uma
premissa e uma conclusão...).
Em textos de concursos públicos, costuma-se subdividir os textos dissertativos em duas
modalidades – o texto dissertativo expositivo e o texto dissertativo opinativo-argumentativo. O
primeiro tem por objetivo discutir um assunto, expor o que se sabe sobre ele sem defesa de ponto
de vista do autor. Já a segunda modalidade tem como meta a persuasão, o convencimento – neste
tipo de texto o autor utiliza estratégias argumentativas que visam defender sua tese.
Dissertativo Expositivo
É o texto que expõe ideias, explana, discute, revela o que o autor sabe sobre determinado assunto.
Sua linguagem é objetiva, clara, impessoal. Traz abordagem abrangente sobre um tema,
permitindo que o leitor desenvolva sua própria opinião sobre o assunto. Nesse texto, o autor não
manifesta, ao menos explicitamente, suas opiniões sobre o tema tratado. Ainda que em alguns
momentos do texto ele opine, sua intenção não é defender seu ponto de vista sobre o tema em
questão.
Exemplo:
“Desde o quarto semestre de 2019, com o surto do Corona Vírus que espalhou-se por todo o
planeta, ao mesmo tempo mudava o modo de ser e estar em todas sociedades. No ano de 2020, a
Organização Mundial da Saúde emitiu um alerta sobre a propagação do Vírus e contaminação de
pessoas em massa, a todos lugares do mundo, dando orientações claras e importantes para a
prevenção.”
Como se vê, nesse tipo de texto, o autor expõe aquilo que sabe sobre determinado assunto, sem a
preocupação de julgar, emitir opinião em relação ao assunto sobre o qual discorre.
Há textos expositivos que apresentam informações sobre um objeto ou fato específico, sua
descrição, a enumeração de suas características, com o objetivo de aumentar o conhecimento do
leitor sobre determinado assunto.
Romão Adriano
64
Dissertativo Argumentativo
Também chamado de opinativo. Esse texto difere do dissertativo expositivo, pois, além de expor
o que se sabe sobre um assunto – e, muitas vezes, também informar –, o texto dissertativo
argumentativo tem por finalidade principal persuadir o leitor sobre determinado assunto, modificar
seu comportamento. Trabalha com ideias, por isso é temático e não, figurativo. Como seu objetivo
é defender um ponto de vista, argumentar em defesa de uma tese, opera, predominantemente, com
palavras abstratas. As afirmações estabelecem relações de causa, consequência, condição,
concessão, tempo, etc., por isso não se pode alterar a ordem do texto. Estabelece-se um raciocínio
que supõe uma organização do pensamento e, para chegar à conclusão que se deseja, há de haver
uma ordem de ideias, a que denominamos progressividade. É uma disposição organizada de ideias
a respeito de um tema (exteriorização de reflexões de maneira impessoal), no qual o autor defende
sua tese por meio de argumentos colocados em progressão.
Para efeito didático, podem distinguir-se dois tipos de textos dissertativos: os expositivos e os
argumentativos.
Exemplo:
“Viver ‘purgado’ a uma corrente de pessoas e informações pode ser divertido e útil. Mas agride
o que o ser humano tem de melhor e mais insubstituível: o seu gosto, o seu erro, a sua miséria e
sua glória.”
Aqui, o autor emite sua opinião, por meio do auxílio de adjetivos com valor subjetivo (“melhor”,
“insubstituível”). Assim, a mensagem transmitida ao autor deixa de ser fato, para ser julgamento
– característica do texto opinativo. Muitas vezes, o autor, com o intuito de transparecer seu
posicionamento, utiliza-se de algumas marcas linguísticas capazes de persuadir o leitor, tais como
verbos na 1ª pessoa do singular ou plural e expressões de modalidade – os modalizadores
(vocábulos indicativos da opinião do autor).
Romão Adriano
65
cidadãos, gosto de ver a minha cidade limpa. Faço minha parte, de um lado mantendo meu muro
pintado e de outro pagando impostos para que o governo faça o mesmo com os nossos
monumentos. Se os pechadores têm seus “direitos” de expressarem-se livremente, eu também
tenho os meus de querer minha cidade em ordem e bonita. Com uma diferença: eu pago impostos
para exercer a minha cidadania e eles, tão-somente, adquirem uma lata de sardinha.”
Por meio de pronomes da 1ª pessoa do singular (“Eu”, “minha”, “meu”) ou da 1ª pessoa do plural
(“nossos”), aquele que redige emite seu juízo de valor acerca do assunto abordado. Além disso,
expressões, como “viola”, “faço minha parte”, “cidade em ordem e bonita”, demonstram
comprometimento com o assunto retratado – são os modalizadores textuais. Assim, todos esses
recursos estão sendo utilizados a favor de um único objetivo: o de o autor demonstrar a validade
de seus argumentos, de suas opiniões sobre o tema discutido.
Introdução: significa “levar para dentro”. Na introdução, portanto, conduzimo-nos para dentro
do tema, do assunto.
Ela é muito importante. Sendo o contato inicial do leitor com o texto, deve atraí-lo, despertar-lhe
o interesse. Assim, deve ser objetiva, simpática e, sobretudo, não pode ser longa.
A introdução apresenta a ideia que vai ser discutida, nada lhe acrescentando. Enfim, na introdução,
o importante é falar do tema da redação.
Desenvolvimento: é o corpo da redação. Sua parte principal. É aqui que aparecem as ideias, os
argumentos, a originalidade. A introdução corresponde à tese, e o desenvolvimento vem a ser o
debate da tese. É a parte mais longa.
Apresenta cada um dos argumentos ordenadamente, analisando detidamente as ideias e
exemplificando de maneira rica e suficiente o pensamento.
Só comece a escrever depois que você souber, com certeza, quais as ideias, aquilo que e sobre
o que você vai escrever.
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A conclusão resume todas as ideias apresentadas e discutidas no desenvolvimento, tomando uma
posição sobre o problema apresentado.
Ela é, a princípio, retirada da melhor ideia, que achamos ter no momento da reflexão inicial sobre
o tema. É a nossa posição em face de um problema qualquer, a sua solução, ou a projeção futura.
Dissertação
Características - Discute um assunto apresentando pontos de vista e juízos de valor.
Introdução - Apresenta a síntese do ponto de vista a ser discutido (tese).
Desenvolvimento - Amplia e explica o parágrafo introdutório. Expõe argumentos que evidenciam
posição crítica, analítica, reflexiva, interpretativa, opinativa sobre o assunto.
Conclusão - Retoma sinteticamente as reflexões críticas ou aponta as perspectivas de solução para
o que foi discutido.
Recursos - Linguagem referencial, objetiva; evidências, exemplos, justificativas e dados.
O que se pede - Capacidade de organizar ideias (coesão), conteúdo para discussão (cultura geral),
linguagem clara, objetiva, vocabulário adequado e diversificado.
Romão Adriano
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Esta modalidade de texto transita por um fio condutor que leva a uma situação denominada
“clímax” ou “nó”, decaindo numa “resolução” ou
epílogo. O segredo da narrativa concentra-se no grau de suspense criado, bem como no fecho
surpreendente.
Características - Situa seres e objetos no tempo (história).
O que se pede - Imaginação para compor uma história que entretenha o leitor, provocando
expectativa e tensão. Pode ser romântica, dramática ou humorística.
O texto Narrativo apresenta seguintes elementos: Narrador participante – aquele que conta a
hiostoria e participa dela; Narrador não participante –que conta a história mas não participa
dela, Personagens – são queles que compõe a narrativa, podendo ser classificados em:
Protagonistas e antagonistas e adjuvantes ou coadjuvantes; Tempo – a data ou o momento em que
a história ocorre, podendo ser tempo cronológico ou psicológico; Espaço – Local onde a narrativa
se desenvolve, podendo ser num ambiente físico, psicológico ou social.
Romão Adriano
68
Descrição Denotativa: a descrição é denotativa quando a linguagem representativa do
objeto é objetiva, clara, direta, sem metáforas ou outras figuras literárias. Na descrição
denotativa, as palavras são tomadas no seu sentido de dicionário, único. Exemplos: as
descrições científicas, as descrições dos livros didáticos, etc.
Descrição Conotativa: é a descrição literária, na qual as palavras são tomadas em sentindo
simbólico, ricas em polivalência. Visam retratar uma realidade além da realidade.
Características - Situa seres e objetos no espaço (fotografia)
Estrutura de uma Descrição
Introdução - A perspectiva do observador focaliza o ser ou objeto, distingue seus aspectos
gerais e os interpreta.
psicologicamente na redação.
Recursos - Uso dos cinco sentidos: audição, gustação, olfato, tato e visão, que,
O que se pede - Sensibilidade para combinar e transmitir sensações físicas (cores, formas,
Com linguagem objetiva e impessoal, este tipo de texto pressupõe acréscimo de informação para
quem o lê. O texto dissertativo informativo é o tipo de texto que procura tratar de assunto de
interesse do leitor e busca a novidade – algo que, ao menos presumidamente, seja desconhecido
do público ao qual é veiculado.
Romão Adriano
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Exemplo:
“Recente documento, elaborado pelo MICOA (Ministério Para Coordenação e Acção Ambiental),
revela que Moçambique é um país mergulhado na sujeira: metade dos municípios não têm serviço
de esgoto sanitário, 70% do lixo das cidades são jogados em lixeiras e alagados (rios, lagos, mar,
etc.) e apenas poucos municípios fazem coleta seletiva de lixo.”
Nesse caso, o objetivo do texto é aumentar o número de informações do leitor sobre o assunto do
lixo. Por meio de dados estatísticos e exemplos e de uma linguagem objetiva, o autor atinge seu
objetivo – apresentar possíveis novidades ao seu leitor.
ACTIVIDADE 6
• “A prestação do carro está vencendo, a crise roeu suas economias e o computador travou de vez
(...).”
• “...o estresse representa um sinal de que estamos saudáveis. (...) é uma carga de ansiedade que
todos recebemos para evoluir na vida.”
• “...o cortisol, conhecido como hormônio do estresse e liberado pelo cérebro em situações de
pressão.”
-Escreva um texto dissertativo argumentativo, o máximo de uma página, falando do estágio actual
da corona vírus. Cite os autores consultados e respeite todas as regras da ortografia.
Romão Adriano
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a) Explique o que vem a ser o bloqueio de redação._____________________________
ACTIVIDADE 9
O coveiro
Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão – coveiro – era cavar. Mas, de repente, na
distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu.
Levantou o olhar para cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu.
Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a
noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado.
A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite
escura, não se ouviu um som humano, embora o cemitério estivesse cheio de pipilos e coaxares
naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que vieram uns passos. Deitado no fundo da
cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima,
perguntou o que havia: O que é que há?
O coveiro então gritou, desesperado: Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível! Mas,
coitado! – Condoeu-se o bêbado – Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima
de você, meu pobre mortinho! E, pegando a pá, encheu-a e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.
Millôr Fernandes.
Os gêneros textuais são aqueles que encontramos em nossa vida diária, inclusive em nossos
momentos de interação verbal. Quando nos comunicamos verbalmente, fazemos, intuitivamente,
uso de algum gênero textual. Sendo assim, a língua, sob a perspectiva dos gêneros textuais, é
compreendida por seus aspectos discursivos e enunciativos, e não em suas peculiaridades formais.
Os gêneros privilegiam a funcionalidade da língua, ou seja, a maneira como os falantes podem
dela dispor, e não seus aspectos estruturais. Os gêneros textuais são textos que cumprem uma
função social em uma dada situação comunicativa. Diferente dos tipos textuais, os gêneros textuais
Romão Adriano
71
não têm uma estrutura limitada e definida, logo, eles são bastante diversos. Além disso, eles
podem sofrer algumas modificações ao longo do tempo, devidos as mudanças de comunicação na
sociedade. Dentre os gêneros textuais alguns mais comuns estão:
3.2.1 Aviso
3.2.2 Circular
3.2.3 Convocatória
3.2.4 Acta
3.2.5 Monografia
Aviso
Definição:
Organização do Texto
O aviso te a seguinte estrutura:
Cabeçalho (local e nome da instituição que emite o aviso).
Corpo de texto (a mensagem a transmitir).
Encerramento (data e a assinatura da entidade que emite o aviso).
Tipo de Linguagem
O aviso deve procurar ser o mais objectivo e o mais claro possível, pois visa conseguir a
comunicação. O aviso enfatiza determinada palavra ou frase que se quer que seja mais
rápida e claramente compreendida, apresentando-a separada do resto do texto ou em
caracteres diferenciados.
Romão Adriano
72
Modelo de aviso
AVISO
AOS ….................................................................................................
OBS: este tipo de aviso acima pode ser distribuído individualmente ou afixado em local
considerado visível pelos interessados, como os quadros de aviso.
Circular
A circular é uma carta destinada a funcionários de um determinado setor, remetida pelo chefe
da repartição ou do departamento. Tem como objetivo de transmitir normas, ordens, avisos,
pedidos, ou seja, de delimitar comportamentos e homogeneizar condutas de um grupo de
pessoas. A circular tem a particularidade de usar apenas um único original no qual se tiram
tantas cópias quantos os envios que se queiram efectuar. O conteúdo deste documento é o
mesmo, apenas variam os destinatários, que se incluem posteriormente em cada uma das
cópias. Tem o nome de circular porque indica a função de divulgar as informações entre todos
os destinatários.
Romão Adriano
73
Tipos de circulares
Distinguem-se dois tipos de circulares:
Circulares externas:
São as que se fundem fora do âmbito da empresa. Através destas cartas empresas informam a
outras empresas ou particulares de algum facto que deve ser conhecido por todos aqueles que
mantem relações comerciais co a empresa remetente.
Na circular é conveniente que contenha não só a comunicação, mas também as suas causas, sempre
que seja possível, e as vantagens ou inconvenientes que esse facto terá para o destinatário.
Circulares internas:
São as que se fundem dentro de uma mesma empresa, através desta, comunicam-se assuntos que
são de interesse para todas as pessoas que trabalham na empresa ou para um grupo delas.
As circulares internas são usadas por empresas com elevado número de trabalhadores, ou que tem
uma grande extensão territorial, já que permite difundir a informação de forma rápida.
O conteúdo de uma circular interna pode variar desde reuniões, alterações de horários, normas da
empresa, elaboração de projectos, etc. Ao final da página, caso haja necessidade de um controle
maior por parte da administração, pode-se colocar (em letras menores) as iniciais de quem redigiu
e de quem digitou a circular.
Organização Do Texto
1. Cabeçalho (local, número da circular, assunto, nome da instituição que a emite, etc.).
2. Corpo de texto (a mensagem a transmitir).
3. Encerramento (data e a assinatura da entidade que emite a circular).
Tipo de Linguagem
Clara
Objectiva
Vocabulário técnico especializado.
Há um predomínio de uso do futuro.
Romão Adriano
74
Modelo de Circular
Fundação Amizade
Email: fundamiza@gmail.com
Ementa: ...........................
Exmo Senhores...............................:
Comunicamos que no dia .......... de ........... teremos expediente normal. Porém, nos dias
............ e .......... que, respectivamente, antecede e precede a data ...................., não haverá
expediente. Em relação a este fato, estimo bom descanso a todos.
..........................................................
(O responsável)
Convocatória
75
Na ata não se fazem parágrafos ou alíneas; escreve-se tudo seguidamente para evitar que nos
espaços em branco se façam acréscimos. Existem, no entanto, tipos de ata que, por se referirem a
atos rotineiros e de procedimento padronizado, são lançados em formulários a serem preenchidos.
Mesmo nesses tipos de ata é conveniente, com a finalidade de prevenir qualquer fraude, preencher
os eventuais espaços em branco com pontos ou outros sinais convencionais.
Não se admitem rasuras. Para ressalvar erro constatado durante a redação, usa-se a palavra “digo”,
depois da qual se repete a palavra ou expressão anterior ao mesmo erro.
Acta
Modelo de Acta
[ASSINATURA(S)]
Romão Adriano
76
Relatório
Relatório é uma descrição de fatos passados, analisados com o objetivo de orientar o servidor
interessado ou o superior imediato, para determinada ação. Relatório, do ponto de vista da
administração pública, é um documento oficial no qual uma autoridade expõe a atividade de uma
repartição, ou presta contas de seus atos a uma autoridade de nível superior.
O relatório não é um ofício desenvolvido. Ele é exposição ou narração de atividades ou fatos,
com a discriminação de todos os seus aspectos ou elementos. Existem muitos tipos de relatórios,
classificáveis sob vários pontos de vista. O exposto a seguir refere-se apenas àqueles relatórios
menos complexos ou mais informais que um servidor produz com o objetivo de prestar contas de
tarefas ou encargos de que foi incumbido.
Partes:
a) Título: denominação do documento (relatório);
b) Invocação: tratamento e cargo ou função da autoridade a quem é dirigido, seguidos,
preferencialmente, de dois -pontos;
c) Texto: exposição do assunto.
Romão Adriano
77
concretas, devendo relacionar-se com a análise anteriormente feita. Os diversos parágrafos do
texto, com exceção do primeiro, podem ser numerados (com algarismos arábicos) e, se
necessário, divididos em alíneas. É recomendável a numeração dos parágrafos, principalmente
em relatórios mais extensos, pois, além de dar maior destaque às diferentes partes do texto,
facilita as eventuais referências que a elas se queira fazer;
Modelo de Relatório
RELATÓRIO
Senhor Diretor,
Conforme determinação, relatamos a Vossa Senhoria os acontecimentos ocorridos no dia _______
de _______ último, nesta repartição.
Encontrávamo-nos em atividades funcionais, quando entrou na repartição o senhor _______,
residente nesta cidade, o qual solicitou informações sobre _______. Não estando esta repartição
em condições de atender à consulta solicitada, comunicamos _______. Não se conformando com
a resposta, o referido senhor passou a nos agredir com palavras de baixo calão e _______. Como
continuasse a nos provocar, telefonamos para _______. Ainda ouvimos quando o cidadão dizia
que iria comunicar à Imprensa _______. Procuramos, durante os acontecimentos, manter a atitude
compatível com nosso cargo, porém _______. Dessa forma, embora desconhecendo as acusações
feitas contra nós, _______.Sendo esta a nossa informação.
Maputo, _______ de _______ de _______.
[ASSINATURA] [NOME] [CARGO]
Romão Adriano
78
Resumo Cientifico
No resumo, apresentam-se os pontos mais relevantes do texto e este deve ser apresentado de forma
concisa, clara e inteligível;
Deve ressaltar o objetivo, o tema, o método, resultados e conclusões do trabalho;
A norma NBR 6028 recomenda a utilização de parágrafo único e com extensão de 150 a
500 palavras (fonte tamanho 10, espaço simples entre linhas e em itálico).
Deve conter palavras-chave representativas do conteúdo do trabalho, logo abaixo do
resumo.
Utilizar uma sequência concisa de frases e não uma enumeração de tópicos;
Não utilizar parágrafos, frases negativas, símbolos e ilustrações, empregos de Deve
aparecer em folha distinta, precedendo o texto;
Usar espaçamento simples para o texto do resumo, devendo ser encabeçado.
ATENÇÃO: Um resumo, em geral, apresenta os cinco movimentos, mesmo que não apresente
todos os passos.
Resumo:
Este trabalho analisa alguns recursos e estratégias que caracterizam a argumentação na
carta argumentativa na UEM, diferenciando-a, assim, da argumentação desenvolvida na
dissertação. Para isso, primeiramente, é apresentada uma exposição geral do contexto e
da Comissão de Exame da UEM, mais especificamente, da Prova de Admissão, a partir
do material produzido pela Comissão de Exame O objetivo é entender quais são os
objetivos e expectativas que permeiam a produção da carta argumentativa. Em segundo
lugar, é feita uma análise das propostas de carta argumentativa de 1995 a 2000, visando
alguns elementos mobilizados na produção da carta. São analisadas a proposta de carta
argumentativa do ano de 1990 e dez cartas produzidas por candidatos neste mesmo ano.
Esse corpus é um exemplo representativo da concepção da Prova de Admissão acerca
da carta argumentativa do período de 1995 a 2000. O objetivo é mostrar a ocorrência
das estratégias e recursos sugerido pela proposta na argumentação das cartas e analisar
como elas são trabalhadas em função da ficcionalização criada na proposta,
caracterizando a argumentação desenvolvida na carta no período de 1995 a 2000 e
corroborando a diferenciação entre a argumentação na carta e na dissertação. O
objetivo dessa análise é mostrar a influência da organização das propostas na produção
Romão Adriano
79
da carta argumentativa, mais precisamente, na argumentação. Pode-se verificar que as
propostas incitam a mobilização de algumas estratégias e recursos na argumentação
desenvolvida na carta, diferenciando-a da argumentação desenvolvida na dissertação.
Pode-se verificar, ainda, que algumas mudanças ocorridas na Comissão do Exame no
ano de 2004, especificamente em relação à organização da Coletânea de Textos,
interferem na mobilização de algumas estratégias utilizadas na argumentação na carta
no período anterior às mudanças.
Palavras-chave: Língua Portuguesa - Exame, comunicação, argumentação e admissão
Resumo:
A cena enunciativa de abertura das diretrizes do PNLL: o ethos em construção nas vozes de
dois ministros de Estado
Este estudo tem por objetivo analisar o ethos discursivo manifesto no texto de apresentação
das diretrizes do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), lançado em março de 2016, numa
tentativa de ação coordenada entre o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano
(MEDH) e o Ministério da Cultura e Turismo (MICTUR). Esse texto de apresentação, na
verdade, subdivide-se em dois textos, cada qual assinado por um dos ministros representante
dos ministérios envolvidos: As ministras Eldevina Materula (MICTUR) e Carmelita Rita
Namashulua (MEDH). Tal apresentação é chamada aqui de cena de abertura e ocupa sete
páginas do caderno que traz as diretrizes do plano. Para empreendermos a análise utilizamos
o conceito de ethos desenvolvido por Amossy (2005), para quem o sujeito enunciador deixa
entrever uma imagem de si, não só pelo que ele diz, como também pela forma como diz.
Retomamos igualmente a relação estabelecida por Maingueneau (2005) entre ethos e cena de
enunciação. A partir de Charaudeau & Maingueneau (2004), postulamos que o ethos
discursivo relaciona-se estreitamente à imagem prévia que o alocutário pode ter do locutor,
ou pelo menos, com a ideia que este faz do modo como seus alocutários o percebem. Nosso
trabalho evidencia que, especialmente no discurso político, a questão do ethos prévio funciona
como um dispositivo que ajuda a construir o ethos discursivo, haja vista que o tom poético do
Romão Adriano
80
artista se manifestou na Palavra do Ministra da Cultura e Turismo, Eldevina Materula
(MICTUR), e o tom do professor que defende uma visão sistêmica da educação e a inclusão
social, Carmelita Rita Namashulua, também aparece na Palavra do Ministro da Educação e
Desenvolvimento Humano (MEDH).
Palavras-chave: Ethos discursivo, imagens da leitura, cena enunciativa, discurso.
ARTIGO CIENTÍFICO
Paula Chambal
(Mestre em Letras: discurso e representação social)
Resumo:
Este trabalho apresenta as normas e os elementos básicos comuns ao gênero textual artigo científico e visa
servir de orientação para a escrita de artigos, de acordo com os padrões da ABNT-NBR 6022/2003 e com os
pressupostos teóricos da produção do gênero textual acadêmico científico. São abordadas as questões
fundamentais envolvidas na planificação de um artigo, as características, a estrutura e o detalhamento dessa
estrutura. Desta forma, obtém-se uma maior preparação do iniciante para a escrita do texto no âmbito deste
gênero científico.
Palavras-chave: artigo científico, especificidades, gênero textual.
ACTIVIDADE 7
j) Faça uma convocatória aos sócios da empresa Manda Comer, para uma reunião de balanço
das Actividades anual 2021. (imaginário)
k) Depois produza Acta da Reunião.
Referencias Bibliográficas
Romão Adriano
81
UNIDADE TEMATICA IV – Estudo de Frase, Período E Oração
Caro estudante, estamos iniciando esta unidade temática que apresenta o Estudo da Frase, Período
e Oração. Na primeira subunidade veremos o conceito de Frase, tipos de Frase e sua estrutura,
e na segunda subunidade iremos estudar o período e Oração.
6. FRASE
De acordo com Garcia (1992, p. 6), Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
estabelecer comunicação. Pode expressar um juízo, indicar uma acção, estado ou fenômeno,
transmitir um apelo, uma ordem ou exteriorizar emoções. Frase é uma unidade linguística
concreta, percebida pela audição (na fala) ou pela visão (na escrita), que tem unidade de sentido e
intencionalidade comunicativa. Num texto o sentido de cada parte é definido pela relação que
mantém com as demais constituintes do todo; o sentido do todo não é a mera soma das partes, mas
é dado pelas múltiplas relações que se estabelecem entre elas.
Vendo essas frases, estamos lidando com uma avaliação pessoal e critica sobre o comportamento
dos políticos e dos jornalistas.
e) O Paulo bateu no irmão com vara - (indica uma acção verbal “bateu”)
f) O Paulo caiu na armadilha da Ana - (indica uma verbal “caiu”)
Romão Adriano
82
Frases que indica estado ou fenômeno
Exercício:
Agora, escreva frases 3 frases que expressam apelo, ordem e emoções, explicando a acção de cada
verbo em cada frase.
São frases pois estão construídas com palavras combinadas de acordo com as regras de boa
formação da língua portuguesa.
Exercício:
Romão Adriano
83
Existe uma maneira prática de saber quantas orações há num período: é contar os verbos ou
locuções verbais. Num período haverá tantas orações quantos forem os verbos ou as locuções
verbais nele existentes.
Exemplos:
l) O prédio pegou fogo. (um verbo, uma oração).
As três orações que compõem esse período têm sentido próprio e não mantêm entre si nenhuma
dependência sintática: elas são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de sentido, mas,
como já dissemos, uma não depende da outra sintaticamente.
As orações independentes de um período são chamadas de orações coordenadas (OC), e o
período formado só de orações coordenadas é chamado de período composto por coordenação.
As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm introduzidas por conjunção
coordenativa.
Exemplo:
q) O homem saiu do carro – OCA;
r) O homem saiu do carro e entrou na casa OCS
.
Romão Adriano
84
As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acordo com o sentido expresso pelas
conjunções coordenativas que as introduzem. Pode ser:
- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só... mas também, não só... mas ainda.
Exemplo:
s) Saí da escola – OCA;
t) Saí da escola e fui à cantina – OCS Aditiva.
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa Ideia de acréscimo ou
adição com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva.
Exemplo:
u) A doença vem a cavalo e volta a pé.
v) As pessoas não se mexiam nem falavam.
Exemplo:
w) Estudei bastante – OCA;
x) Estudei bastante mas não passei no teste –OCS Adversativa.
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa Ideia de oposição à
oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa adversativa.
Exemplo:
y) A espada vence, mas não convence;
z) Havia muito serviço, entretanto ninguém trabalhava.
Exemplo:
a) Ele me ajudou muito – OCA;
b) Ele me ajudou muito, portanto merece minha gratidão – OCS Conclusiva.
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que expressa idéia de conclusão de
um fato enunciado na oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.
Exemplo:
c) Vives mentindo; logo, não mereces fé;
d) Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade;
e) Raimundo é homem são, portanto deve trabalhar.
- Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou, ora... ora, seja... seja, quer... quer.
Romão Adriano
85
f) Seja mais educado – OCA;
g) Seja mais educado ou retire-se da reunião! OCS Alternativa
Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção que estabelece uma relação de
alternância ou escolha com referência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
alternativa.
ACTIVIDADE 8
01. Relacione as orações coordenadas por meio de conjunções:
a) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram.
b) Não durma sem cobertor. A noite está fria.
c) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los.
03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração sublinhada pode indicar uma
ideia de:
a) concessão
b) oposição
c) condição
e) lugar
f) consequência
04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem, entre as orações de cada item, uma
correta relação de sentido.
a) Correu demais,... caiu.
Romão Adriano
86
b) Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
d) A matéria perece, ... a alma é imortal.
e) Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com detalhes.
f) Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.
Conjunções
a) porque, todavia, portanto, logo, entretanto.
b) por isso, porque, mas, portanto, que.
c) logo, porém, pois, porque, mas.
d) porém, pois, logo, todavia, porque.
e) entretanto, que, porque, pois, portanto.
05. Reúna as três orações em um período composto por coordenação, usando conjunções
adequadas.
a) Os dias já eram quentes.
b) A água do mar ainda estava fria.
c) As praias permaneciam desertas.
07. Por definição, oração coordenada que seja desprovida de conectivo é denominada
assindética.
Observando os períodos seguintes:
a) Não caía um galho, não balançava uma folha.
b) O filho chegou, a filha saiu, mas a mãe nem notou.
c) O fiscal deu o sinal, os candidatos entregaram a prova. Acabara o exame.
Nota-se que existe coordenação assindética em:
a) I apenas
b) II apenas
c) III apenas
d) I e III
e) nenhum deles.
"Vivemos mais uma grave crise, repetitiva dentro do ciclo de graves crises que ocupa a energia
desta nação. A frustração cresce e a desesperança não cede. Empresários empurrados à condição
Romão Adriano
87
de liderança oficial se reúnem, em eventos como este, para lamentar o estado de coisas. O que
dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pungente ou a autoabsolvição? É da história do
mundo que as elites nunca introduziram mudanças que favorecessem a sociedade como um todo.
Estaríamos nos enganando se achássemos que estas lideranças empresariais aqui reunidas teriam
motivação para fazer a distribuição de poderes e rendas que uma nação equilibrada precisa ter.
Aliás, é ingenuidade imaginar que a vontade de distribuir renda passe pelo empobrecimento da
elite. É também ocioso pensar que nós, de tal elite, temos riqueza suficiente para distribuir. Faço
sempre, para meu desânimo, a soma do facturamento das nossas mil maiores e melhores empresas,
e chego a um número menor do que o facturamento de apenas duas empresas japonesas. Digamos,
a Mitsubishi e mais um pouquinho. Sejamos francos. Em termos mundiais somos irrelevantes
como potência econômica, mas o mesmo tempo extremamente representativos como população."
("Discurso de Semler aos empresários", Folha de São Paulo)
Dentre os períodos transcritos do texto acima, um é composto por coordenação e contém uma
oração coordenada sindética adversativa. Assinalar a alternativa correspondente a este período:
a) A frustração cresce e a desesperança não cede.
b) O que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pungente ou a autoabsolvição.
c) É também ocioso pensar que nós, da tal elite, temos riqueza suficiente para distribuir.
d) Sejamos francos.
e) Em termos mundiais somos irrelevantes como potência econômica, mas ao mesmo
tempo extremamente representativos como população.
09. “O tédio, portanto, foi um produto de luxo, e isso até tão recentemente que Baudelaire, para,
há meio século e meio, descrevê-lo, comparou-se ao rei de um país chuvoso [...]”
O termo destacado apresenta uma ideia de:
a) causa.
b) concessão.
c) conclusão.
d) consequência.
Romão Adriano
88
6.2 Colocação correcta de Pronomes oblíquos (Próclise, Mesóclise e Ênclise)
Pronomes são palavras variáveis que acompanham ou substituem o substantivo.
A colocação pronominal na sintaxe da língua portuguesa é o modo como se dispõem os pronomes
relativamente aos outros elementos de uma oração. Existem vários fatores que determinam a
ordem dos pronomes, a função sintática do pronome na oração, o tempo verbal, a regência do
verbo principal, a ocorrência de advérbios e de outros pronomes na mesma oração.
Na língua portuguesa, os pronomes retos (eu, tu, ele/a, nós, vós, eles/as), os quais em geral
expressam o sujeito da oração, distinguem-se dos pronomes oblíquos (me, mim, te, ti, etc...), que
indicam uma entidade afetada pela ação descrita pelo verbo. Grande parte da variação na
colocação se dá no uso dos pronomes oblíquos, sobretudo nos pronomes oblíquos átonos (me, te,
se, nos, vos, o, a, lhe, os, as, lhes). Não possuem acento próprio. São clíticos.
O nosso estudo será direcionado aos pronomes oblíquos átonos (Próclise, Mesóclise e Ênclise).
Usos normativos
Todas as conjugações verbais permitem próclise e, com exceção do particípio e dos tempos futuro
do presente [fará, dirá, verá] e futuro do pretérito [faria, diria, veria], permitem também ênclise.
Somente os tempos futuros do presente e futuro do pretérito permitem mesóclise.
Próclise
89
Correção: Faz-se justiça com as próprias mãos naquele lugar.
Note que uma oração pode iniciar-se a meio de uma frase, por exemplo, depois de uma vírgula,
ponto e vírgula, dois-pontos, exclamação, interrogação ou reticências.
Nos infinitivos há uma tendência à ênclise, mas também é possível a próclise. A ênclise só é
mesmo rigor quando o pronome tem a forma o (principalmente no feminino a) e o infinitivo vem
regido da preposição a.
Exemplo: Se soubesse, não continuaria a lê-lo.
Existem determinadas palavras da língua que são consideradas "atractores" dos pronomes pessoais
oblíquos átonos pois, nos enunciados em que elas ocorrem, esses pronomes devem ficar em
posição proclítica com relação ao verbo que complementam.
Uso
A próclise é obrigatória quando há antes do verbo:
Palavra negativa
Exemplo: Nunca nos esqueceremos deste lugar.
Pronome relativo
Exemplo: Aceitou a sugestão que te dei?
Pronome indefinido
Exemplo: Alguém te falou isso?
Pronome interrogativo ou advérbio interrogativo
Exemplo: Quem nos ajudará nos testes? Por que vos maltrataram?
Conjunção subordinativa, mesmo que oculta na oração subordinada.
Exemplo: Quando se fala de informática, ele é um especialista.
Fazia a lista de convidados, conforme me lembrava dos amigos.
Advérbio sem vírgula
Exemplo: Hoje me sinto seu amigo.
Orações iniciadas por palavras exclamativas, bem como nas orações optativas (aquelas que
expressam desejo), com a palavra ''só'' no sentido de ''apenas'', ''somente'', com conjunções
coordenativas aditivas ou alternativas.
Exemplo: Como te pareces com teu pai!
• A terra lhes seja leve!
• Só se lembram de estudar na véspera das provas.
• Ou se diverte, ou fica em casa.
Romão Adriano
90
Gerúndio precedido de preposição em ou palavra atrativa, bem como preposição +
pronome + infinitivo pessoal (flexionado)
Exemplo: Em se tratando das contas, pagarei todas.
• Foram embora, não nos dizendo nenhuma razão.
• Por me faltar ao respeito, você será punido.
Se o verbo estiver no infinitivo impessoal e ocorrer uma dessas palavras antes do verbo, o uso da
próclise ou da ênclise será facultativo.
Ênclise
Em gramática, denomina-se ênclise a colocação dos pronomes oblíquos átonos depois do verbo.
É usada principalmente nos casos:
Quando o verbo inicia a oração;
Quando o verbo está no imperativo afirmativo;
Quando o verbo está no infinitivo impessoal;
Quando o verbo está no gerúndio (sem a preposição em ou palavra atrativa)
Não deve ser usada quando, o verbo está no futuro do presente ou no futuro do pretérito.
Neste caso utiliza‐se a mesóclise.
Os pronomes oblíquos átonos o, a, os, as assumem as formas lo, la, los, las quando estão ligados
a verbos terminados em r, s ou z. Nesse caso, o verbo perde sua última letra e a nova forma deverá
ser re-acentuada de acordo com as regras de acentuação da língua.
Por exemplo:
"tirar-a" torna-se "tirá-la";
"faz-os" torna-se "fá-los";
"comes-o" torna-se "come-lo" (não há mudança de acentuação);
Romão Adriano
91
Exemplo:
• Convidar-me-ão para a solenidade de posse da nova diretoria.
• Convidar-te-ia para viajar comigo, se pudesse.
Se houver pronome pessoal reto ou palavra que justifique o uso da próclise, desfaz-se a mesóclise.
Exemplo:
• Sempre te convidaria para viajar comigo, se pudesse. (O advérbio ''sempre'' exige o uso de
próclise.)
• Hoje me convidarão para a solenidade de posse da nova diretoria. (O advérbio ''hoje'' exige
o uso de próclise.)
Construção inovadora de futuro analítico (formado por mais de uma palavra).
Ter + ei ⇒ terei
Ter + ás ⇒ terás
Ter + á ⇒ terá
Ter + emos ⇒ teremos
Ter + eis ⇒ tereis
Ter + ão ⇒ terão
Ter + havia ⇒ teria
Ter + havias ⇒ terias
Ter + havia ⇒ teria
Ter + havíamos ⇒ teríamos
Ter + havíeis ⇒ teríeis
Ter + haviam ⇒ teriam
ACTIVIDADE 9
I. Substitua os termos sublinhados pelos pronomes pessoais adequados. Lembre-se: o pronome
reto substitui o sujeito. Já o oblíquo substitui o complemento.
a) Entregou os documentos necessários? (os / eles / lhes)
b) Continuam as acusações ao Judiciário. (nas / elas)
c) Os processos muito demorados constituem afastamento da regra geral. (no / ele)
d) De seu esforço e força de vontade emergem os trabalhadores. (nos / eles)
e) Pagaram ao funcionário as suas férias? (lhe / a ele / ele)
f) Encontrou um grupo de desconhecidos. (o / ele / lhe)
g) Pusemos o livro na estante. (lo / ele)
h) Brotam as flores por toda parte. (nas / elas / lhes)
i) É necessário fechar suas fronteiras. (las / elas)
Romão Adriano
92
j) O país toma medidas protecionistas. (as / elas)
k) É fundamental defender o contribuinte. (lo / ele / lhe)
l) Estamos obrigados a liquidar a fatura. (la / ela / lhe)
m) A enorme variedade de canções de Noel, quase todas produzidas em cerca de seis anos,
havia conferido genialidade ao artista. (ela / a ela)
n) Uma vez que tal medida implica transformações lesivas ao egoísmo do “establishment”.
(as / elas)
o) Pobre é a vida de um homem. (ela / a ela)
q) Na favela, tal como está organizada, reproduz-se semelhante estrutura. (na / lhe / ela)
r) Foi então que surgiu o problema. (o / ele / lhe)
s) Esses momentos históricos apresentam facetas negativas. (nas / elas / lhes)
t) Mandei o mordomo entrar. (ele / o)
u) Fez o amigo pagar a conta. (lo / ele)
Supondo-se que queira se dirigir a um juiz, utilizando uma linguagem correta e adequada, faça as
devidas alterações nos trechos a seguir:
1. Meritíssimo Juiz, Sua Excelência deveis saber que o réu é pessoa que goza de merecido prestígio
entre empresários, pois já tomastes conhecimento pelos órgãos da imprensa de seus inúmeros
empreendimentos.
_____________________________________________________________________________
2. Pelo que dizeis em vossa bem escrita sentença, foram os meus atos que vos deram o
discernimento que manifestastes em vossa decisão.
____________________________________________________________________________
Referencias Bibliográficas
Romão Adriano
93
UNIDADE TEMATICA V – CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Caro estudante, estamos iniciando esta unidade temática que apresenta o Estudo da Concordância
Verbal e Nominal. Iremos ver como o verbo ou o nome seleciona os elementos que se dispõe para
que haja harmonia na formação frásica, seja ela verbal ou nominal, respeitando as regras
gramaticais estabelecidas na língua portuguesa.
Identificar as frases que estão em concordância com o seu núcleo, seja verbal ou
nominal;
7. CONCORDÂNCIA VERBAL
Concordância é a correspondência de flexão entre dois termos, podendo ser verbal ou nominal.
A regra básica da concordância verbal é o verbo concordar em número (singular ou plural) e pessoa
(1ª, 2ª ou 3ª) com o sujeito da frase. Ou seja, a concordância Verbal ocorre quando o verbo se
flexiona para concordar com seu sujeito.
Veja os exemplos:
a) A orquestra tocou uma valsa longa.
3ª p. Singular 3ª p. Singular
b) Os pares que rodeavam a nós dançavam bem.
3ª p. Plural 3ª p. Plural
7.1 Casos Particulares
Há muitos casos em que o sujeito simples é constituído de formas que fazem o falante hesitar
no momento de estabelecer a concordância com o verbo. Às vezes, a concordância puramente
gramatical é contaminada pelo significado de expressões que nos transmitem noção de plural,
apesar de terem forma de singular ou vice-versa. Por isso, convém analisar com cuidado os casos
a seguir.
Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, o grosso
de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de um substantivo
ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural.
Romão Adriano
94
Exemplo:
c) A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
d) Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram nenhuma proposta interessante.
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos dos coletivos, quando especificados:
\
Exemplo:
Observe: nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade do conjunto; já a forma
plural confere destaque aos elementos que formam esse conjunto. Quando o sujeito é formado
por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de, perto de...)
seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda com o substantivo.
Exemplo:
f) Cerca de mil pessoas participaram da manifestação.
g) Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
h) Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas Olimpíadas.
Observa: quando a expressão se associar a verbos que exprimem “mais de um" reciprocidade,
o plural é obrigatório:
Exemplo:
i) Mais de um colega se ofenderam na tumultuada discussão de ontem. (ofenderam um ao
outro)
Quando se trata de nomes que só existem no plural, a concordância deve ser feita levando-se em
conta a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve ficar no singular. Quando há
artigo no plural, o verbo deve ficar o plural.
Exemplos:
Romão Adriano
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Exemplo:
o) Quais de nós são / somos capazes?
p) Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? Vários de nós propuseram /
propusemos sugestões inovadoras.
Quando a expressão que indica percentagem não é seguida de substantivo, o verbo deve concordar
com o número.
Exemplo:
q) 25% querem a mudança. 1% conhece o assunto.
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando
alguém diz ou escreve "Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos", esta pessoa está se
incluindo no grupo dos omissos. Isso não ocorre quando alguém diz ou escreve "Alguns de nós
sabiam de tudo e nada fizeram." A frase soa como uma denúncia.
Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica percentagem seguida de substantivo,
o verbo deve concordar com o substantivo.
Exemplos:
r) 25% do orçamento do país deve destinar-se à Educação.
s) 85% dos entrevistados não aprovam a administração do prefeito.
t) 1% do eleitorado aceita a mudança.
u) 1% dos alunos faltaram à prova.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará no singular.
Exemplo:
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Atenção:
A tendência, na linguagem corrente, é a concordância no singular. O que se ouve efetivamente,
são construções como:
dd) "Ele foi um dos deputados que mais lutou para a aprovação da emenda".
ee) Ao compararmos com um caso em que se use um adjetivo, temos:
ff) "Ela é uma das alunas mais brilhante da sala.“
A análise da construção acima torna evidente que a forma no singular é inadequada. Assim, as
formas aceitáveis são:
Romão Adriano
97
Substantivos de gêneros diferentes – o adjetivo irá para o masculino plural ou concordará com o
mais próximo.
Exemplo:
kk) Atitude e caráter apropriados/apropriado.
Adjetivo anteposto aos substantivos – nos dois casos acima, a norma geral é que ele concorde
com o substantivo mais próximo.
Exemplo:
ll) Mantenha desligadas as lâmpadas e os eletrodomésticos.
Substantivos com sentido equivalente ou que expressam gradação – o adjetivo concorda com
o mais próximo.
Exemplo:.
mm) Revelava pura alma e espírito.
1. Possível
Precedido de “o mais”, “o menor”, “o melhor”, “o pior” – singular;
Precedido de “os mais”, “os menores”, “os melhores”, “os piores” – plural.
Exemplos:
nn) Estampas o mais possível claras.
oo) Estampas as mais claras possíveis.
2. Anexo/Incluso
Adjetivos concordam com o substantivo a que se referem.
Exemplo:
pp) Envio-lhe anexos/inclusos os documentos. (As expressões “em anexo” e “junto a” são
invariáveis.)
3. Leso
Adjetivo = lesado, prejudicado – concorda com o substantivo com o qual forma uma
composição.
Exemplo:
qq) Cometeu crime de lesa-pátria.
4. Predicativo
Substantivo com sentido indeterminado (sem artigo) – adjetivo no masculino.
Romão Adriano
98
Exemplo:
rr) É proibido entrada.
Substantivo com sentido determinado (com artigo) – adjetivo concorda com o substantivo.
Exemplo:
ss) É necessária muita cautela.
5. Meio
Numeral = metade (variável)
Exemplo:
tt) Falou meias verdades.
Advérbio = parcialmente (variável)
Exemplo:
uu) Encontrava-se meio fatigada.
Pronomes = variáveis
Exemplo:
vv) Li bastantes livros.
Advérbios = invariáveis
Exemplo:
ww) Estavam bastante felizes.
xx) Eles se sentiam sós
7. Só
Adjetivo = sozinho (variável)
Palavra denotativa de exclusão (invariável).
Exemplo:
y) Só os alunos compareceram à reunião (= somente).
Exemplo:
z) La é pseudo administradora. Por isso, fiquemos sempre alerta.
9. Quite = Livre – concorda com aquele termo a que se refere.
Exemplo:
Estamos quites com a mensalidade.
10. Obrigado, Mesmo, Próprio – concordam com o gênero e número da pessoa a que se
referem.
Romão Adriano
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Exemplo:
Ela disse: “Muito obrigada. Eu mesma cuidarei do assunto”.
ACTIVIDADE 10
Observe a construção sintática do seguinte trecho:
Referencias Bibliográficas
FIGUEIREDO, Adriana (2015) GRAMÁTICA COMENTADA COM INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS PARA CONCURSOS: 4ª Edição, Editora Saraiva, São Paulo.
CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley (2005). GRAMATICA DO PORTUGUES
CONTEPORANEO: 18ª Edição, Editora Sá da Costa LDA, Lisboa.
Romão Adriano
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