Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentavel - STP - 2020-2024
Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentavel - STP - 2020-2024
Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentavel - STP - 2020-2024
Direção do Planeamento
Elaborado por:
1
ÍNDICE
PREFÁCIO .............................................................................................................................................................. .9
3.1. Os Fundamentos........................................................................................................................... 64
3.2.Transformação de STP numa Economia Dinâmica de Prestação de Serviços......................64
3.3. A Integração Ativa de STP no Sistema Económico Mundial.................................................66
2
4.2. Objetivo 2 Promover Crescimento Económico Inclusivo e
Sustentabilidade Ambiental.......................................................................... 83
4.2.1. Desenvolvimento do Turismo e Sustentação do seu Crescimento .................................. 84
4.2.2. Promover a Diversificação da Produção e das Exportações .............................................. 87
4.2.2.1. Pescas .......................................................................................................................................... 90
4.2.2.2. Agricultura ................................................................................................................................ 92
4.2.2.3. Indústria Ligeira ....................................................................................................................... 95
4.2.2.4. Empreendedorismo e Empregabilidade ........................................................................... 96
4.2.2.5. Cultura e Indústrias Criativas .............................................................................................. .97
4.2.2.6. Reforço do Planeamento e Regionalização do PNDS.................................................. 98
4.2.2.6. Ambiente de Negócios ........................................................................................................... 99
4.2.2.7. Finanças Públicas e Política Fiscal .................................................................................. 104
4.2.2.8. Infraestruturas, Transição, Eficiência Energética e Água .......................................... 108
4.2.2.9. Proteção do Meio Ambiente e dos Ecossistemas Nacionais ..................................... 116
3
4.4.3.1. Inclusão da Diáspora no Processo de Desenvolvimento ........................................... 149
4
LISTA DE QUADROS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Plano de ação centrado nas pessoas, planeta, prosperidade, paz e parcerias...................57
Figura 2: Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável..............................................................59
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ACRÓNIMOS
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PNE Programa Nacional de Empreendedorismo
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPOSA Planeamento Programação Orçamentação Seguimento e Avaliação
PPP Parceria Público-Privada
PTF Parceiros Técnicos e Financeiros
QCC Quadro de Concertação e Coordenação
QDMP Quadro de Despesas de Médio Prazo
QOMP Quadro Orçamental de Médio Prazo
QL Quadro Lógico
RAP Região Autónoma do Príncipe
RDP Revisão da Despesa Pública
RDSTP República Democrática de São Tomé e Príncipe
RGPH Recenseamento Geral da População e Habitação
RH Recursos Humanos
RIL Reservas Internacionais Líquidas
RMIS Rendimento Mínimo de Inclusão Social
RS Roteiro de Samoa
SAFE Sistema de Administração Financeira do Estado
S&A Seguimento e Avaliação
SAMOA Modalidades Aceleradas de Ação nos PEID
SCCF Fundo Especial para as Mudanças Climáticas
SEM Sistema Económico Mundial
SEN Sistema Estatístico Nacional
SIS Sistema de Informação Sanitária
SNP Sistema Nacional do Planeamento
ST Secretariado Técnico
STD Dobra Santomense
STISA Estratégia da Ciência Tecnologia e Inovação para África 2014-2024
STP São Tomé e Príncipe
TIC Tecnologias de Informação e Comunicação
TTT Training The Trainees (treinamento de estagiários/formandos)
TVETCS Estratégia Continental para Ensino e a Formação Técnica e Vocacional
UA União Africana
UDD União dos Democratas para Cidadania e Desenvolvimento da Mudança
UE União Europeia
UEMOA União Económica e Monetária do Oeste Africano
UJE União dos Jovens Empreendedores
UNDAF Plano-Quadro das Nações Unidas para Assistência ao Desenvolvimento
UNDESA Departamento das Nações Unidas para Assuntos Económicos e Sociais
UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
UNFCCC Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
USD United States Dollar (Dólar dos Estados Unidos)
VBG Violência Baseada no Género
VIH-SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
ZEE Zona Económica Exclusiva
ZLC Zona de Livre Comércio
8
PREFÁCIO
Se possível, será elaborado por Sua Ex.cia o senhor Primeiro Ministro de STP ou quem ele
indicar.
...
9
SUMÁRIO EXECUTIVO
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7. Análise de Risco;
8. Referências Bibliográficas.
11
estarão a ganhar, a economizar e a investir seus rendimentos, contribuindo assim para a
promoção de uma economia mais dinâmica, inclusiva e sustentável.
Situação Social e Perfil da Pobreza: as populações do País ainda sofrem muito devido a
um mercado insular interno limitado, ao fraco poder de compra e à fraca diversificação da
economia. O setor público é a principal entidade económica com mais de 80% de participação na
formação do capital e do PIB. A taxa de desemprego nacional situa-se em 13,6%, com maior
incidência nas mulheres 19,7%, enquanto nos homens 9,3%, (CENSO, 2012). Segundo o
Inquérito aos Orçamentos Familiares (IOF, 2010), 60% dos desempregados tinham menos de 34
anos, o que configura o fenómeno como sendo predominantemente jovem.
Em contrapartida, o Governo, com o apoio dos seus parceiros internacionais, continua a
garantir uma educação primária gratuita e universal, cuidados básicos de saúde e direito às
prestações de segurança social. O ensino secundário carece de estabelecimentos, para o ciclo
completo, em todos os Distritos; tem fraca capacidade de retenção de alunos: 86% dos jovens
que iniciam o ciclo apenas 15,2% chegam ao último ano. O ensino superior é muito seletivo,
predominantemente privado, com cursos inadequados às necessidades da economia do País. As
autoridades precisam focalizar na qualidade do ensino, a todos os níveis, com vista a adequar as
formações e o mercado de trabalho.
Os Inquéritos aos Orçamentos Familiares, IOF (2010) constatam que 66,2% da população
santomense é pobre; que a pobreza afeta predominantemente as famílias chefiadas por mulheres
71,3%, sendo 63,4% homens e afeta mais as populações rurais, sendo por isso a principal causa
do êxodo rural.
No domínio da saúde destaca-se que o número de agentes de saúde, médicos,
enfermeiros, parteiras é deficitário devido a falta de formação, agravada pela fuga de cérebros, a
qual tem consequência direta na geração de um círculo vicioso de uma constante deterioração
das condições económicas em geral e da qualificação profissional do restante da população que
permanece no País. Não existem médicos especialistas nos distritos. Ao nível de São Tomé, há
poucos médicos especialistas nacionais, aos quais é necessário adicionar especialistas cubanos e
chineses, afetos ao Hospital Central de São Tomé. Apesar disso, houve um bom desempenho nos
domínios da luta contra o paludismo e VIH-Sida, da saúde materna, do planeamento familiar e
da sobrevivência infantil, com um acesso significativo ao programa de vacinação, tendo a ajuda
pública ao desenvolvimento desempenhado um papel muito importante.
Em 2016, 95% da população tinha acesso à água, da qual 47% por conexão à rede de
distribuição de água, e cerca de 45% a um sistema de saneamento de base. No mesmo ano, 81%
das localidades do País estavam conetadas à rede pública de eletricidade.
Economia: a economia santomense é fortemente vulnerável aos choques exógenos e
dependente da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) que financiou 97,3% do Orçamento do
Estado de 2019. O setor económico é ainda frágil e pouco diversificado, e consiste
essencialmente na produção e exportação do cacau que representa cerca de 90% das receitas das
exportações totais. O setor terciário, amplamente informal, representa cerca de 60% do PIB,
empregando 60% da população ativa, enquanto os setores primário e secundário contribuem,
cada um, com 20% do PIB.
No período 2012-2016, o crescimento foi relativamente forte, com uma taxa média anual
de 4,2%. Contudo, a economia santomense cresceu 3,9% e 2,7% em 2017 e 2018
respetivamente, na contramão das projeções do FMI de que o PIB oscilaria entre 5% e 9%, no
período de 2015 a 2020.
São Tomé e Príncipe no Contexto dos Pequenos Estados Insulares em
Desenvolvimento: enquanto PEID, o desafio do desenvolvimento é um dos maiores desafios
com o qual o País é confrontado e impõe uma taxa de crescimento anual do PIB de dois dígitos,
sob pena de nunca se conseguir a convergência entre a economia santomense e as economias dos
Pequenos Estados Insulares mais dinâmicos e desenvolvidos e a promoção de um crescimento
12
económico acelerado, sustentável, inclusivo e resiliente, no quadro da implementação Agenda
2030 e dos respectivos ODS.
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Dispersão geográfica: a insularidade fragmentada em duas ilhas, com uma orografia
muito íngreme e acidentada tem efeitos extremamente pesados nos custos das infraestruturas de
base, dos serviços e dos bens essenciais.
Segurança: tendo em conta a abundância de recursos naturais, designadamente, petróleo
e gás, o Golfo da Guiné não está livre de conflitos sub-regionais ou internos aos Estados
vizinhos, que podem ter repercussões nefastas sobre a estabilidade de outros Estados, entre os
quais São Tomé e Príncipe.
Energia: a dependência energética do exterior é da ordem de 25%, o que releva a
necessidade de se apostar na eficiência energética, fontes alternativas e energias renováveis.
A vulnerabilidade Económica: consiste principalmente no fato de ser limitada a base
produtiva da economia do País. O desafio maior passará necessariamente pelo alargamento da
base produtiva e diversificação das fontes geradoras de crescimento, emprego e rendimento para
reabsorver a forte taxa de desemprego, nomeadamente nos jovens e mulheres e substituir as
importações por produtos locais e, assim, aliviar o forte constrangimento externo sobre a
economia são-tomense.
Desenvolvimento Local e dos Recursos Endógenos: enquadra-se no processo de
democratização do Estado e de politização da sociedade. Destaca a necessidade de
estabelecimento de políticas públicas que possibilitem uma descentralização que confira maior
autonomia, designadamente a financeira, bem como uma melhor capacitação das autarquias
regional e distritais em matéria de gestão e planeamento do desenvolvimento ou seja, uma aposta
na territorialização dos instrumentos de gestão do desenvolvimento.
Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: tratando-se de uma
agenda universal, assente em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas a serem
implementadas por todos os países, pressupõe a integração dos ODS nas políticas, processos e
ações desenvolvidas nos planos nacional, regional e global. Este desafio está coerentemente
incorporado no Programa do Governo e, consequentemente, assumido pelo Plano Nacional
Desenvolvimento 2020-2024, através das suas estratégias, programas e projetos.
14
O segundo desafio a médio prazo é o de assegurar as condições que permitam ao País, no
horizonte do PNDS, minimizar o complexo problema do défice da Balança Corrente, sem pôr em
perigo as condições normais de sobrevivência da população.
O terceiro o desafio consiste em garantir o desenvolvimento acelerado, auto-sustentado e
sustentável de São Tomé e Príncipe, assente no conceito de economia dinâmica de prestação de
serviços, visando alcançar uma posição entre os PEID com melhor desempenho económico e
social, nomeadamente, no que respeita ao PIB per capita e ao IDH.
A consecução destes desafios é essencial para o futuro considerando que a integração
ativa de São Tomé e Príncipe no sistema económico mundial exige uma verdadeira mudança de
paradigma de desenvolvimento, que deve orientar e modelar todo o processo de planificação e
gestão do desenvolvimento nacional, regional e distrital, com uma ampla mobilização e
participação do setor privado, da sociedade civil e das comunidades.
Pela sua escala, e pelo fato de se ver confrontado com custos adicionais, que resultam da
insularidade e da sua natureza arquipelágica, São Tomé e Príncipe, à partida, não consegue o
sucesso económico fora de um contexto de grande abertura económica e de profundas relações
com o sistema económico mundial. Disso resulta que o desempenho e o sucesso económicos do
País dependem, necessariamente, da sua integração, o que pressupõe uma política assertiva e
consistente de cooperação internacional e regional, tanto nas dimensões bilateral e multilateral,
assente numa política externa ao serviço do desenvolvimento.
Turismo
Comércio
Financeiro
Indústria
STP:País
competitivo
Marítimo Tecnológico
Aéreo
Além disso, STP, à semelhança dos demais Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento,
regista uma enorme escassez de capitais; de tecnologia; de recursos humanos (especialmente de
RH altamente qualificados); de capacidade de organização de grau superior; e de mercados.
16
da criação de uma praça regional e internacional de negócios e finanças e não só, é
absolutamente vital. Aliás, esta necessidade não é exclusiva de STP e dos países menos
desenvolvidos. Antes pelo contrário, trata-se de uma condição de todas as economias
dinâmicas, independentemente da sua dimensão e nível de desenvolvimento.
17
a RAP e Distritos; proteção do ambiente, deixando de ser visto apenas como um custo para a
sociedade, garantir a sustentabilidade e qualidade ambiental; preservar e valorizar a
biodiversidade marinha e terrestre, recursos hídricos e saneamento.
Indústria Ligeira: trata-se efetivamente dum produto da implementação do Programa
Setor Comercial e Industrial do Objetivo 1 do PNDS. Enquadra-se na estratégia de
transformação de STP numa economia dinâmica de prestação de serviços para a região e para o
mundo, tirando maior proveito possível da sua ótima localização no centro do atlântico, dos bons
padrões de segurança, da estabilidade e da paz social. Por conseguinte, a indústria ligeira está
ancorada principalmente na matriz cultural do País, nomeadamente, na agricultura, pecuária,
pescas, cultura, indústrias criativas e indústria ligeira para exportação.
As principais prioridades têm como objetivo a criação de condições, particularmente ao
nível do ambiente de negócios e de atração e retenção do IDE, que impulsionem um crescimento
económico acelerado e geração do emprego nos diferentes setores da economia; que promovam a
diversificação da base produtiva, o aumento da produtividade e da competitividade da economia;
bem como a mudança da lógica de subsistência para a lógica empresarial, tendo em vista tanto o
mercado interno como os nichos de mercados regionais e internacionais.
Empreendedorismo e empregabilidade: o maior obstáculo ao empreendedorismo
empresarial e social no País é a dificuldade de financiamento e de instrumentos de capacitação
dos jovens empreendedores, acrescido da fragilidade ou inexistência de políticas públicas
apropriadas, nomeadamente a adoção de um pacote de incentivos específicos para alavancar o
setor. Além disso, destaca-se a necessidade de promover as condições que estimulem e
desenvolvam a atitude empreendedora direcionadas designamente para os jovens. Essa
mentalidade é essencial não apenas para quem quer montar um novo negócio, mas também para
quem deseja crescer rápido na sua carreira profissional, ou seja, ter coragem para assumir riscos
e grandes responsabilidades.
Cultura e Indústrias Criativas: a localização geográfica privilegiada, associada ao
processo histórico da formação social de São Tomé e Príncipe, conferiu ao País uma expressiva
diversidade cultural. A vida cultural, a criatividade e a inovação devem ser preservadas e
desenvolvidas, por meio de políticas culturais coerentes e eficientes, em harmonia com o
desenvolvimento das ilhas, região e distritos do País.
Reforço do Planeamento e Regionalização do PNDS: planeamento, além de constituir-
se num instrumento privilegiado de diálogo político e técnico, e de gestão do desenvolvimento,
funciona também como um mecanismo fundamental da eficiência do Estado e da administração
pública; de sinalização de oportunidades económicas; de direcionamento das intervenções do
Estado; de correção das distorções, disfunções e assimetrias. Além disso, tem-se a possibilidade
de promover melhor apropriação pelos atores de desenvolvimento, a todos níveis, melhor
mobilização social e institucional, melhor comprometimento e participação, e melhor
governança.
Ambiente de Negócios: reforma do ambiente de negócios visa proporcionar às empresas
as condições adequadas para o livre desenvolvimento das suas atividades, o que não significa
ausência de regras. Porém, estas devem ser claras, justas, circunscrevendo-se ao estritamente
necessário, e aplicadas de forma transparente e efetiva, e não devem constituir obstáculos
desnecessários à criação de riqueza pelas empresas.
Boa Governação: para transformar São Tomé e Príncipe num país credível atrativo e
altamente competitivo. Propõe-se, como meta, fazer com que a classificação de STP para cada
indicador de boa-governação, seja igual ou superior a 80.
Liberdade económica: para reforçar a confiança e tornar o País competitivo,
designadamente, no que respeita à atração do IDE e à construção dos seis setores especializados
de serviço para transformar STP numa economia dinâmica no Golfo da Guiné, estabelece-se
como objetivo melhorar as seguintes variáveis/indicadores de liberdade económica: proteção do
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direito de propriedade; eficiência da justiça; integridade governativa e saúde fiscal; liberdade de
realização de negócios; liberdade de comércio e de realização de transações financeiras; direito
laboral. A meta, no horizonte do PNDS, é fazer STP transitar de país predominantemente não
livre para país moderadamente livre, com um coeficiente igual ou superior a 60.
Modernização e competitividade fiscal: a preocupação constante que atravessa a
proposta de reforma fiscal do Executivo é o desafio de ter um sistema fiscal simples, moderno,
justo e eficiente, competitivo à escala global (promotor do IDE); a assunção de uma fiscalidade
amiga das empresas e das famílias, de forma a atrair o investimento e assegurar um ambiente de
negócios propício ao desenvolvimento empresarial e do setor privado e que melhore
efetivamente as condições de vida da população.
Melhorar a qualidade das despesas orçamentais: com o aperfeiçoamento dos
procedimentos, melhorias na legislação e normas, aposta na desburocratização e na prestação de
contas, numa abordagem informatizada e integrada da administração financeira do Estado.
O financiamento à economia: propõe-se a definição e a implementação de uma nova
estratégia visando o financiamento da economia, procurando formas e fontes alternativas de
financiamento para a promoção do investimento tanto no setor público como no privado.
Fontes alternativas de financiamento à economia: o Governo tem o desafio de
diminuir significativamente a dependência do endividamento para financiar as despesas públicas,
sendo que uma das vias é a da reestruturação da administração tributária para arrecadar mais
receitas domésticas. Também é necessário trabalhar para aumentar a formalização da economia e
reduzir a fraude e a evasão fiscais. Recomenda-se ainda: a adoção de uma agenda de
privatizações, concessões e Parcerias Público-Privadas no âmbito da reforma económica;
implementação de um forte programa de captação e retenção do Investimento Direto Estrangeiro;
reforma do setor empresarial do Estado; promoção de micro-finança como instrumento
privilegiado de combate a pobreza.
Infraestruturas, Transição, Eficiência Energética e Água: destaca-se o
reconhecimento do importante e decisivo papel que as infraestruturas desempenham no processo
de desenvolvimento inclusivo e sustentado de qualquer país, sendo por isso um ativo essencial,
sem o qual os setores de produção, nomeadamente o primário, secundário e terciário não
encontrariam a sua base de sustentação para alavancarem o desenvolvimento económico, social e
ambiental.
Ordenamento do território e urbanização: o território é um dos principais ativos
estratégicos de que São Tomé e Príncipe possui. Assim, o ordenamento do território torna-se
num instrumento privilegiado de organização e gestão sustentável do espaço nacional e dos seus
ecossistemas, permitindo um aproveitamento sustentável do solo, das águas territoriais e dos
recursos naturais.
Transição e eficiência energética: o setor energético carateriza-se por uma fraca
capacidade de produção, fraca estabilidade de energia, agravada pelas condições de
operacionalidade da empresa e pelo crónico défice nas capacidades internas para fazer
manutenção e recuperação dos geradores. Assim, o Governo está determinado em reverter esse
quadro, lançando as bases com vista a «Eletrificação sustentável e limpa do País», com recursos
às fontes hídrica, eólica e solar.
Petróleo: a exploração de hidrocarbonetos terá um papel central no financiamento da
economia e no crescimento económico do País.
Água: aposta na melhoria da qualidade da água e do saneamento do meio, de forma a
contribuir para um nível superior da qualidade de saúde das populações, promovendo assim a
eliminação das doenças de origem hídrica e de outros constrangimentos sociais.
Proteção do Meio Ambiente e dos Ecossistemas Nacionais: com o objetivo de
assegurar uma gestão sustentável dos recursos ambientais, propõe-se concretizar um conjunto de
políticas integradas para o setor, imbuído da preocupação em garantir à sociedade são-tomense o
19
usufruto da qualidade ambiental, bem como potenciar a valorização do ambiente como um ativo
e fator de competitividade económica do País, salvaguardando o equilíbrio entre a satisfação das
necessidades atuais e as das gerações vindouras.
20
seguintes áreas/problemas: prestação de cuidados; recursos humanos; governação, financiamento
e gestão do setor; aprovisionamento; infra-estruturas.
No domínio da Proteção e Inclusão Sociais reputa-se de capital importância a reforma
do sistema nacional de segurança social, mediante a implementação de uma política visando uma
maior coesão social, aumento da pensão mínima de sobrevivência e sustentabilidade do sistema.
Assim, pretende-se, ainda no primeiro ano da governação, incluir no Programa de Investimento
Público (PIP), o Programa Rendimento Mínimo de Inclusão Social (RMIS) para combater a
precariedade e extrema pobreza.
Igualdade de Género e Desenvolvimento Inclusivo: o País continua a registar
importantes desafios para alcançar a plena igualdade de género, com destaque para autonomia
económica das mulheres, sua participação na política e na tomada de decisão, e a violência
baseada no género. Em termos de políticas, programas e práticas institucionais, apesar de alguns
progressos, persistem fragilidades na transversalização da abordagem de género ao nível setorial,
regional e distrital, e no empoderamento das mulheres.
21
Inclusão da Diáspora no Processo de Desenvolvimento: visa nomeadamente uma
melhor salvaguarda dos interesses de cidadãos santomenses nos respetivos países de
acolhimento, fortalecimento de seus laços com o País de origem e promoção da sua contribuição
e comprometimento com desenvolvimento do País.
22
etc. Por conseguinte, a regionalização do PNDS representa um compromisso maior dos
Governos central, regional e distritais pela qualidade e transparência das despesas públicas,
descentralização financeira, o que resultará em mais recursos e melhor intervenção do poder
local na promoção da economia local, no atendimento da demanda social. O Orçamento Geral do
Estado desempenha nesse processo o papel de principal instrumento para a concretização dos
planos e da gestão do desenvolvimento.
23
Assim, dois objetivos são atribuídos à esse dispositivo: i) reportar as partes interessadas sobre a
implementação do PNDS; e ii) recomendar os reajustes, revisões, atualizações ao Plano.
Os órgãos:
No que concerne ao PNDS, sua implementação bem-sucedida poderá ser frustrada pela
ocorrência desses e de outros fatores de risco endógenos ou exógenos, que incluem: instabilidade
sociopolítica; fraca liderança nacional; fraca mobilização de recursos endógenos; défice de
capacidade persistente; conjuntura sub-regional e ou internacional desfavorável; riscos
climáticos e emergências humanitárias em decorrência de surto de epidemias.
24
INTRODUÇÃO
O PNDS tem como base da sua elaboração o Programa do Governo mas, sobretudo,
consubstancia-se como o primeiro plano operacional de harmonização, integração e
implementação da Visão 2030 de Transformação de STP e sua Agenda de Transformação (AT),
25
no horizonte 2030; da Agenda 2030 da ONU e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS); das Modalidades Aceleradas de Implementação do Roteiro de Samoa.
Além disso, o PNDS visa garantir a equidade intergeracional por meio da gestão
sustentável dos recursos naturais, do combate às mudanças climáticas e erradicação da pobreza.
26
1. DIAGNÓSTICO DO PAÍS
O crescimento médio da economia mundial passou de 3,7%, entre 2007-2011, para 3,4%,
no período 2012-2016. O abrandamento das principais economias emergentes justificou a
performance macroeconómica global neste período. As economias avançadas, não obstante os
constrangimentos, conheceram um aceleramento ao nível da atividade económica de 0,7 %. No
caso particular da Zona do Euro, o aumento foi de apenas 0,2%.
Em 2017 a economia mundial ganhou força com a diminuição das fragilidades associadas
à crise financeira global e teve o maior crescimento desde 2011, de mais de 3%, o qual continuou
estável em 2018, segundo o Departamento de Assuntos Económicos e Sociais da ONU (DESA).
O estudo destaca que a melhoria na situação económica global oferece uma oportunidade
aos países para se concentrarem em criar políticas sobre questões de longo prazo. Entre elas, o
crescimento económico de baixo carbono, a redução das desigualdades, a diversificação
1
económica e a eliminação de barreiras profundas que dificultam o desenvolvimento .
Em contrapartida, o crescimento global em 2019 deverá cair para 2,6%, refletindo uma
redução no comércio e no investimento maior do que o esperado no início do ano. A retoma do
crescimento deverá ocorrer gradualmente, em 2020 e 2021, para 2,7% e 2,8%, respetivamente,
com base na continuação de boas condições de financiamento global e numa recuperação
modesta nas economias emergentes e em desenvolvimento, cujo crescimento continua limitado
por investimentos moderados. Assim, os riscos mantêm-se firmes, refletindo em parte a
possibilidade de uma nova escalada das tensões comerciais, sendo que é urgente que essas
2
economias reforcem as reservas políticas e implementem reformas que impulsionem as
3
perspetivas de crescimento . No entanto, o crescimento das EMDE deverá aumentar de 4% em
2019 para 4,6% em 2020-2021. Esta recuperação resulta do impacto decrescente das pressões
financeiras anteriores em algumas das grandes economias emergentes e em desenvolvimento.
No período 2012-2016, os preços internacionais de commodities e combustíveis
inverteram a tendência crescente, verificada entre 2007 e 2011. Dado a queda na procura global
de commodities e os conflitos internos, o ritmo de crescimento médio da economia da África
Subsaariana recuou de 5,8%, entre 2007-2011 para 3,9%, entre 2012-2016. No ano de 2016,
atingiu o crescimento de 1,4%, sendo o menor valor registrado desde 1994.
No entanto, a retoma da recuperação económica na África subsariana está em curso,
embora num ritmo mais lento. Estima-se que o crescimento na região tenha aumentado de 2,6%
em 2017 para 2,7% em 2018, mais lentamente do que o previsto, em parte devido as fragilidades
na Nigéria, África do Sul e Angola. A região enfrentou um ambiente externo mais difícil em
2018 devido ao comércio global em abrandamento, às condições financeiras mais restritivas e ao
dólar americano mais forte.
A Nigéria cresceu 1,9% em 2018, mas a produção de petróleo diminuiu em meados de
2019. A atividade não petrolífera também diminuiu, em virtude de uma fraca procura por parte
dos consumidores e dos conflitos que perturbaram a produção agrícola. Em Angola, o segundo
maior exportador de petróleo da região, a economia contraiu-se 1,8%, visto que a produção de
petróleo diminuiu.
A economia da África do Sul cresceu 0,9 porcento em 2018, visto que saiu de uma
recessão técnica no segundo semestre do ano, em parte devido a uma maior atividade na
1
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-12/economia-mundial-teve-em-2017-
maior-crescimento-em-seis-anos-diz-onu>. Acesso em 10 abr 2019.
2
No campo da economia internacional, reservas políticas referem-se aos capitais internacionais armazenados pelos
Estados (Euro e Dólar) para cobrir emergências futuras e instabilidades económicas causadas pelas crises externas.
3 Disponível em: https://www.worldbank.org/pt/publication/global-economic-prospects. Acesso em 10 out 2019.
27
agricultura e na indústria transformadora. No entanto, o crescimento permaneceu moderado,
visto que os problemas no setor mineiro e a fraca atividade na construção agravaram-se em
virtude da incerteza política e da baixa confiança empresarial.
As economias da Comunidade Económica e Monetária da África Central (CEMAC)
beneficiaram de um aumento na produção e nos preços do petróleo na maior parte de 2018. A
atividade económica nos países respeitadores dos recursos foi robusta, sustentada na produção
agrícola e nos serviços, no consumo doméstico e no investimento público.
Muitos países da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA)
4
cresceram 6% ou mais, incluindo o Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim e Senegal .
Apesar da fraca dinâmica da economia global, o turismo mundial continuou a crescer a
um ritmo estável. As perspectivas de futuro do turismo mundial, incluindo a sua contribuição
para o desenvolvimento económico e social, são cada vez mais importantes. O turismo
internacional moveu em 2007 quase 900 milhões de turistas e gerou uma receita de 733 mil
milhões de dólares em 2006. O fluxo de turistas aumentou 3,9% em 2016, atingindo um total de
1,2 mil milhões de chegadas em todo o mundo.
O mercado da África foi um dos mais dinâmicos, tendo registado um crescimento de 8%,
em 2016, atingindo os 58 milhões de turistas, recuperando-se das quedas ocorridas nos dois anos
anteriores. O maior crescimento ocorreu na África Subsariana 11%, enquanto o Norte da África
voltou a dar sinais de recuperação, com um crescimento de 3% no período.
As previsões a longo prazo publicadas pela Organização Mundial de Turismo (OMT)
indicam que o número de turistas internacionais será de 1.6 mil milhões em 2020, o que implica
uma taxa de crescimento anual na ordem dos 4%. A previsão indica que os destinos de África,
Ásia e Médio Oriente crescerão a taxas superiores à média, enquanto as previsões para os
destinos mais maduros da Europa e da América são de crescimento menor que a média.
O turismo internacional é, assim, um dos principais setores de exportação ao nível global,
representando cerca de 30% das exportações mundiais de serviços, alcançando mesmo
percentagens superiores a 50% em países onde o turismo tem um papel económico muito mais
5
importante como sejam as ilhas .
1.2. Contexto Nacional
1.2.1. Geografia
28
1.2.2. População
60%
55%
50%
45%
40%
35%
30%
1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050
Fonte: Cálculos NTA, CREFAT 2016: dividendo demográfico em São Tomé e Príncipe
29
Este gráfico indica que, se todas as variáveis mantiverem constantes, o rácio de
sustentabilidade económica poderá prosseguir tendencialmente crescente de 2015 a 2050, data
em que atingirá a sua situação ideal.
Com efeito, a população santomense potencialmente ativa tem vindo a crescer
progressivamente em relação à população inativa, devido à alta percentagem da população
juvenil, constituindo assim o período do início do bónus demográfico. Este período indica ao
mesmo tempo, que medidas de políticas de criação e promoção de empregos em massa deveriam
ser incentivadas. Por conseguinte, São Tomé e Príncipe deveria favorecer as políticas de
emprego sustentáveis para os jovens.
Fonte: Cálculos NTA, CREFAT 2016: dividendo demográfico em São Tomé e Príncipe
O dividendo demográfico pode, especialmente, criar uma base para aumentar a poupança
de aposentadoria, uma vez que mais trabalhadores estarão a ganhar, a economizar e a investir
seus rendimentos, contribuindo assim para a promoção de uma economia mais dinâmica,
inclusiva e sustentável.
Portanto, o aproveitamento do dividendo demográfico, através de investimentos na
juventude, tem o potencial de resultar em soluções duradouras para as questões-chave que os
desafios do desenvolvimento e da satisfação das necessidades das populações vêm colocando aos
sucessivos Governo e mudar o rumo do País para um novo paradigma do desenvolvimento, no
quadro da integração e implementação da Agenda 2030.
30
Quadro 1: Projeção do crescimento populacional 2012-2035
1.2.3. Política
Durante os quinze anos que se seguiram à independência de São Tomé e Príncipe (de
1975 a 1990), o País conheceu um sistema político monopartidário de orientação marxista, cuja
legitimidade advinha da luta pela independência nacional.
De acordo com a Constituição de 10 de Setembro de 1990, revista em 2003, e em vigor
a partir de 2006, o País é uma democracia parlamentar, com um regime semipresidencialista, em
que o poder executivo é exercido pelo Primeiro-Ministro, Chefe do Governo, conferindo ao
Presidente da República a representação do Estado nas relações internacionais e a partilha de
algumas competências em matéria de diplomacia e defesa nacional.
O Presidente é eleito por um mandato de 5 anos e reelegível uma vez. O Primeiro-
Ministro é proposto pelo partido maioritário e nomeado pelo Presidente da República. O poder
legislativo é exercido pela Assembleia Nacional, dos quais 55 membros são eleitos em sufrágio
universal, por um mandato de 4 anos.
Desde o advento do multipartidarismo, em 1991, a cultura política prevalecente foi
causando a instabilidade política até 2014, com o corolário de inúmeras mudanças de governos.
Em 12 de Outubro de 2014, o País organizou eleições legislativas e municipais livres e
transparentes, que permitiram ao partido Ação Democrática Independente (ADI) obter uma larga
maioria no Parlamento e, pela primeira vez, governar com estabilidade e terminar um ciclo
completo de uma legislatura de quatro anos, em 2018.
As eleições presidenciais realizaram-se em 2016, com a vitória do candidato apoiado pelo
partido no Governo. Nas eleições legislativas de Outubro de 2018, ADI venceu as eleições com
maioria simples, o que não lhe permitiu formar o Governo, uma vez que o segundo partido mais
votado, o MLSTP-PSD, fez um acordo de incidência parlamentar com a coligação PCD-MDFM-
UDD que viabilizou o atual Governo liderado pelo MLSTP-PSD, para os próximos quatro anos.
Destaca-se que participação política de mulheres exercendo mandatos no Parlamento
Nacional aumentou de 3,6% em 2006 para 18,1% em 2010. Contudo, na atual legislatura, a
participação reduziu-se para 12,72 %, valor ainda mais distante dos 30% fixados pela Resolução
adotada pela Assembleia Nacional em 2009. Ao nível do Executivo, dos 13 Ministérios e
Secretarias de Estado, apenas 4 mulheres são membros do Governo.
Este contexto político pós 1990, apesar da instabilidade política e governativa acima
mencionada, permitiu ao País acelerar o ritmo de implementação das reformas necessárias para
alavancar o seu processo de transformação visando desenvolvimento sustentável.
No entanto, não obstante São Tomé e Príncipe ter registado alguns progressos em matéria
de indicadores de desenvolvimento humano (IDH), as suas vulnerabilidades relativamente aos
choques externos, a sua grande dependência da ajuda pública ao desenvolvimento e a fragilidade
31
do seu ambiente e do seu tecido económico constituem ameaças sérias ao seu estatuto de País de
rendimento intermédio.
Assim, empenhado em tomar as rédeas dos riscos de desenvolvimento do País, o Governo
afiliou-se, em 2014, ao G7+, uma associação de «Estados frágeis», que aprovou um New Deal,
enquanto compromisso desses Estados visando a construção de nações pacíficas, o combate para
a erradicação da pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável.
Em matéria de governação democrática, a tendência é globalmente positiva, mas é
necessário melhorar e aprofundar a inclusão e a participação dos cidadãos, principalmente das
mulheres. Segundo o Índice Mo Ibrahim de avaliação da governação em África de 2015, a
República Democrática de São Tomé e Príncipe encontrava-se no 13º lugar dentre os 54 países
do continente. No entanto, STP melhorou sua posição para 12º, sendo o 2º país lusófono melhor
classificado, de acordo com Mo Ibrahim de 2018. Relativamente ao índice de perceção da
corrupção da Transparência Internacional, STP encontrava-se na 66ª posição, entre 174 países,
em 2015. Em 2018 o País melhorou a sua classificação para 64ª sendo sua pontuação de 46, entre
183 países.
No plano administrativo, STP está dividido em duas administrações territoriais,
correspondendo às duas principais ilhas: a ilha de São Tomé e a ilha de Príncipe, possuindo esta
o estatuto de Região Autónoma. A ilha de São Tomé tem uma superfície de 850 Km2 dividida
em seis distritos: Caué, Lembá, Lobata, Mé-Zóchi, Água Grande e Cantagalo, com mais de 90%
da população total do País e uma densidade populacional superior à densidade nacional estimada
em 2018 em 197,70 hab/km².
A ilha de Príncipe tem uma superfície de 142 km2 e uma população de cerca de 7.000
habitantes, que corresponde a menos de 10% da população total do País. Região Autónoma do
Príncipe é constituída por um único distrito denominado Pagué; um único centro urbano, a
cidade de Santo António; e dispõe de uma Assembleia e de um Governo regionais, eleitos para
um mandato de quatro anos.
Importa destacar a existência da vontade política para implementar e aprofundar o
processo de descentralização político-administrativa do País, mas essa reforma tem sido adiada
face aos desafios colocados pela escassez de recursos, designadamente, financeiros, técnicos e
humanos, seja em quantidade seja em qualidade.
No quadro da reforma da função pública, um dos grandes desafios do Governo é a
tomada e implementação de medidas com objetivo de melhorar a governação eletrónica,
designadamente o reforço da transparência e da eficácia do Governo, tanto ao nível nacional
como local. Entretanto, a ambição de passar para uma governação eletrónica requer que o País
cumpra alguns pré-requisitos fundamentais, tais como:
• Adoção de um quadro estratégico e um mecanismo financeiro, permitindo que a transição
seja delineada de forma coerente e consistente;
• Adaptação do ambiente jurídico, nomeadamente em matéria de regulamentação das
transações e da assinatura eletrónicas, da cibercriminalidade e da proteção dos dados de
caráter privado e não só;
• Melhoria das infraestruturas, permitindo o acesso às redes de comunicações eletrónicas
(telecomunicações, equipamentos informáticos) em toda a extensão do País e a preços
razoáveis;
• Adoção de uma política de harmonização e de sinergia entre os diferentes sistemas
informáticos das administrações, daí a necessidade de a interoperabilidade ser
desenvolvida;
• Desenvolvimento de um dispositivo de segurança de infraestruturas e redes eletrónicas;
• Avaliação da aptidão dos agentes do Estado e dos cidadãos treinamento dos mesmos, se
necessário, para a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (UNDAF
2017-2021).
32
1.2.4. Situação Social e Perfil da Pobreza
As populações do País ainda sofrem muito devido à um mercado interno insular limitado,
ao fraco poder de compra e à fraca diversificação da economia. O setor público é a principal
entidade económica com mais de 80% de participação na formação do capital e do PIB. A fraca
capacidade do Governo em mobilizar recursos internos provocou um entrave no fornecimento
dos serviços, enquanto o baixo nível dos salários encoraja os melhores quadros a procurarem
empregos remunerados fora do setor público e até mesmo no exterior do País. O desemprego,
estimado em cerca de 13,6%, atinge principalmente jovens e mulheres. Em contrapartida, o
Governo continua garantindo uma educação primária gratuita, os cuidados básicos de saúde e o
direito às prestações de segurança social.
São Tomé e Príncipe tem uma classificação superior à média da África Subsaariana no
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e tem feito progressos no melhoramento de outros
indicadores sociais. Não obstante STP ocupar a 143ª posição, dentre os 187 países, no Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), regista-se que o IDH tem evoluído de forma positiva a uma
taxa de variação média anual de 0,68%.
• Educação Primária Universal, com uma taxa de escolarização líquida de 98% em 2015
contra 80% em 1990;
• Redução da mortalidade infantil para 38 por 1000 nados vivos em 2015 contra 89 por
1000 nados vivos em 1990;
• Redução mortalidade materna para 76 por 100.000 nados em 2015 contra 151,3 por
100.000 nados vivos em 2005.
O Relatório destaca ainda que a tendência para o ODM 6 é igualmente positiva, com uma
taxa de prevalência do VIH/SIDA de 0,5% em 2015 contra 1,5% em 2009, assim como 0 mortes
do paludismo em 2014, em toda a ilha de São Tomé, estando a ilha de Príncipe na fase de
erradicação (UNDAF 2017-2021).
Inquéritos aos Orçamentos Familiares, IOF (2010) revelam que desde 2001 os principais
indicadores de pobreza mantiveram-se elevados ao nível nacional, distrital e da Região
Autónoma do Príncipe. O referido inquérito constata que 66,2% da população são-tomense é
pobre; que a pobreza afeta predominantemente as famílias chefiadas por mulheres 71,3%, contra
63,4% dos homens e afeta mais as populações rurais, sendo por isso a principal causa do êxodo
rural.
33
Quadro 2: Rácio de pobreza por sexo e por Distrito
Rácio de pobreza
Homens Mulheres Total
Água Grande 65,8 71,7 68,3
Mé-Zochi 52,2 63,9 56,6
Cantagalo 65,4 67,0 65,9
Caué 84,7 83,7 84,5
Lemba 72,2 77,4 73,7
Lobata 59,9 83,2 67,8
Príncipe 68,6 77,7 71,4
Total 63,4 71,3 66,2
Fonte: IOF 2010, INE STP
6
Elaborado com base no Inquérito sobre as condições de vida das famílias (IOF) de 2010, inquérito de referência
mais recente.
7
Nova abordagem baseada no método do custo das necessidades básicas (CBE) que são as necessidades alimentares
e não-alimentares vitais.
34
as mulheres e 20,8% para os homens. A taxa de emprego vulnerável é estimada em 40,1%, com
uma incidência maior nas mulheres, 50,8%, e nos homens 33,5% (IOF de 2010).
Em 2014, o País alcançou a meta de escolarização universal, para todas as crianças de
ambos sexos, com uma taxa líquida de escolarização no primário (TNS) de 97,9%. Contudo, a
qualidade do ensino básico é bastante modesta, com uma taxa de reprovação de 12% em 2010, e
57,5% do corpo docente constituído por não-profissionais em 2010.
Ao nível do ensino secundário, a fraqueza de retenção é alarmante. De acordo com os
dados de 2011, dos 86% de jovens apenas 15,2% atingem o último ano do ciclo. A taxa bruta de
escolarização no ensino secundário é 89% para os rapazes e 101% para as raparigas, de acordo
como os dados do MECCC para 2017. Observa-se que em São Tomé e Príncipe a taxa é
ligeiramente mais elevada para as raparigas neste nível de ensino. Mesmo assim, no segundo
ciclo do ensino secundário estas taxas diminuem tanto para rapazes 58% como para raparigas
71%.
O ensino técnico e profissional é pouco desenvolvido e acolhe apenas 2% dos jovens
que abandonam a escola (dados de 2011). Esta forte limitação nas capacidades de acolhimento
vale também para o ensino superior, agravada por uma inadequação das formações às
necessidades do mercado do emprego, pelo predomínio dos estabelecimentos privados; e um
custo bastante elevado do ensino superior público equivalente a 45% das despesas correntes do
setor da educação em 2010. O IOF (2010) estima em 6% a taxa da população com nível de
estudos secundários ou superior; estima a taxa de alfabetização de pessoas com 15 e mais anos
de idade em 87,7%, sendo 93,8% homens e 82,1% mulheres.
A percentagem da população de idade compreendida entre 15 e 24 anos que não se
encontravam nem no sistema educativo nem no emprego é estimada em 29,10%, sendo 45,8%
mulheres e 18% homens, o que reflete a situação difícil em que vive este extrato populacional,
principalmente as mulheres e os jovens (IOF, 2010).
A incidência da gravidez precoce em STP é muito elevada, sendo a taxa de natalidade
adolescente de 37,5%, ou seja, uma incidência em mais de um terço das adolescentes ao nível
nacional, segundo o Inquérito Demográfico e Sanitário realizado em 2008/09. Nos distritos de
Água Grande e de Lembá a incidência acumulada de gravidez precoce supera a metade das
raparigas entre 12 e 18 anos.
A informação sobre a violência contra as mulheres é limitada em STP, mas algumas
evidências indicam que a modalidade mais comum de violência no País é a violência física na
família, sendo as vítimas frequentes mulheres e crianças. É importante notar que, embora a lei
proteja todos os cidadãos contra qualquer tipo de violência, a aplicação da lei é fraca, dada a
capacidade limitada da força policial em termos de treinamento, equipamentos e instalações
(veículos, rádios, etc.). De resto, comportamentos culturais de dominação masculina são
frequentemente citados como causas profundas que explicam esse tipo de violência. É construída
socioculturalmente através de gostos, atitudes e interditos, e é ainda cultivado e incentivado no
interior da família contemporânea santomense.
De acordo com os dados disponíveis em 2016, 95% da população tinha acesso à água, da
qual 47% por conexão à rede de distribuição de água, e cerca de 45% a um sistema de
saneamento de base. No mesmo ano, 81% das localidades do País estavam conectadas à rede
pública de eletricidade.
Ao nível de acesso à eletricidade e água, constata-se progresso assinalável nos últimos
anos decorrente dos esforços do Governo, com apoio dos parceiros de desenvolvimento. Assim,
o número de clientes da Empresa de Água e Electricidade (EMAE) duplicou nos últimos 10
anos, passando de 21544 para 40775. Estima-se que mais de 80% da população santomense
tenha hoje acesso à energia, sendo que 97% da população tem acesso à uma fonte melhorada de
água.
35
O IDH de São Tomé e Príncipe dos últimos 10 anos passou de 0.52 em 2006 para 0.56
em 2016, o que revela o impacto positivo das diferentes políticas públicas na qualidade de vida
da população. De igual modo, a incidência da malária reduziu significativamente nos últimos 10
anos, passando de 48.0 para 11.6 em 2016.
No que toca à despesa social, quer a execução das despesas em percentagem do PIB, quer
em percentagem do Orçamento Geral do Estado (OGE), constata-se que as despesas com
recursos internos têm vindo a decrescer ligeiramente nos últimos anos, enquanto as despesas
utilizando os recursos externos têm vindo a aumentar, segundo o quadro em baixo:
Fonte: INE
São Tomé e Príncipe dispõe de um sistema de segurança social bem estruturado, o qual
proporciona aos agentes da função pública, aos assalariados do setor privado e aos trabalhadores
independentes um certo número de prestações de saúde, educação e de assistência social,
garantido pelos recursos fiscais. Introduzido em 2004, esse sistema tem vindo a enfrentar um
grande desafio, em termos de sustentabilidade, em virtude das incertezas à volta do seu
financiamento, tanto ao nível público como ao nível privado.
O País deve continuar a melhorar o seu código de trabalho para estar à altura das
exigências de um mercado de emprego, mais flexível para adaptar-se melhor a um mundo em
mutação tecnológica permanente. Há necessidade do País criar um tribunal do trabalho,
oferecendo, assim, melhores garantias e maior celeridade na resolução dos conflitos laborais. Por
outro lado, é necessário criar quadros de regulamentação no domínio da proteção e do combate
ao trabalho infantil.
Desigualdade e disparidade de género: as questões de género são enunciadas nos
planos e estratégias de desenvolvimento, incluindo a Estratégia Nacional de Redução da Pobreza
II 2012-2016. Desde 2007, o Governo adotou uma Estratégia Nacional para a Igualdade e
Equidade de Género (ENIEG) e criou um Instituto Nacional para a Promoção da Igualdade e
Equidade de Género (INPG) para implementar esta estratégia. Todavia, os objetivos, resultados e
metas enunciados não são traduzidos em medidas de políticas nem em programas concretos que
pudessem atenuar as disparidades entre os sexos.
Mais de 50% da população do País é feminina e 1/3 das famílias são dirigidas por
mulheres, mães solteiras ou vivendo com um companheiro em “união livre”. A participação das
mulheres no Parlamento, no Governo e nas missões diplomáticas, nas instâncias de decisão dos
36
partidos políticos, na direção das empresas continua sendo pouco significativa, se considerarmos
o seu peso na população, seus níveis de escolaridade e sua contribuição na economia.
1.2.5. Economia
37
• Dívida pública externa elevada (270 milhões de dólares americanos, correspondente a
8
63% do PIB, em 2018) , sendo também elevado o seu risco de sustentabilidade;
• Base de exportação muito reduzida e concentrada num número muito restrito de produtos
agrícolas. O cacau, principal produto de exportação, tem vindo a diminuir
consideravelmente;
• Dependência de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) e ajuda externa e empréstimos;
• Elevado grau de abertura ao exterior, essencialmente devido à elevada taxa de
importação.
A APD oscilou de 2010 a 2014. Em 2011, o País recebeu um total de ajuda estimada em
72,4 milhões de dólares. Após uma queda em 2012, o nível aumentou ligeiramente, passando
para 52 milhões de dólares em 2013, para em seguida, registar uma queda para 38,6 milhões de
dólares em 2014.
8 Em Dezembro de 2017 este indicador atingiu o montante de 292,2 milhões de dólares, equivalente a 71% do PIB.
Disponível em: http://www.bcstp.st/Banco-Central-STome-Principe?y=er3XsfhwD%2Bbaw7zrGqewmQ==. Acesso
em 19 set 2019.
9
Iniciativa para Alívio da Dívida dos Países Pobres Muito Endividados (Highly Indebted Poor Country Initiative
(HIPC)).
10 Disponível em: https://data.worldbank.org/country/sao-tome-and-principe?locale=pt. Acesso em: 17 out
2019.
38
do turismo. No entanto, em 2017 a economia santomense cresceu 3,9% e 2,7 em 2018. A menor
performance da economia nacional em relação a 2016 deve-se às dificuldades de captação de
recursos externos para a implementação dos programas de investimentos. O investimento público
caiu de 15,5% do PIB em 2015 para 10,1% em 2017, enquanto as despesas correntes caíram de
18,2% do PIB para 16,2% no mesmo período.
Em termos do ambiente de negócios, São Tomé e Príncipe ocupava a 166ª posição entre
183 países, de acordo com o Doing Business 2016. Segundo o Doing Business 2019, STP desceu
para 170ª posição, entre 190 países, sendo sua pontuação na facilidade em fazer negócios de
11
45,14 .
Tendo registado uma tendência positiva, relativamente ao seu crescimento económico, a
taxa média de evolução do PIB é de 4%, durante o período de 2010 a 2014, sendo de 4,2% em
2016. As projeções do FMI apontavam que o crescimento do PIB oscilaria entre 5% e 9%, no
período de 2015-2020, o que já está sendo contrariado pela tendência decrescente deste indicador
para 3,9% em 2017 e 2,7% 2018, respetivamente.
O valor presente líquido da dívida externa do País aumentou de 30,7% do PIB em 2012
para quase 40% em 2015, e caiu para 36,2% em 2016, de acordo com as estimativas do
Ministério das Finanças e do FMI. Paralelamente, o serviço foi reduzido de 9,5% das
exportações de bens e serviços não fatoriais em 2013 para 5% em 2014, seguidamente de 3,8%
11
Disponível em: <https://www.doingbusiness.org/en/rankings>. Acesso em 19 set 2019.
39
em 2015 para 3,2% em 2016. Em Setembro de 2016 o stock nominal da dívida externa
representava 80,7% do PIB ao passo que em 2014 era de 72,5%.
40
Gráfico 5: Evolução dos principais indicadores macroeconómicos
Fonte: FMI
41
O Departamento das Nações Unidas para Assuntos Económicos e Sociais (UNDESA)
atualmente reconhece 51 Pequenos Estados e territórios insulares em desenvolvimento, no
monitoramento do desenvolvimento sustentável dos PEID ou seja, além dos 38 Estados acima
mencionados, monitora mais 13 territórios não-membros da ONU, pertencentes às Comissões
Regionais.
42
Quadro 4: Comparação do IDH e PIB p.c. de STP com PEID de nível médio e alto
Além disso, esta situação tem agravantes resultantes do fato STP apresentar uma fraca
capacidade de planificação e gestão da sua administração pública, aos níveis central, regional e
local; fraca capacidade institucional de gestão e de utilização dos recursos disponíveis; fraca
qualificação dos seus recursos humanos agravada pela fuga de cérebros; ausência de uma
estratégia global de desenvolvimento associada à deficiente aplicação da ajuda externa na criação
e modernização das infraestruturas e à incapacidade técnica de criar um ambiente favorável ao
investimento do setor privado.
43
2. ENQUADRAMENTO ESTRATÉGICO PARA O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE SÃO TOMÉ E PRINCIPE
44
A ineficiência e ineficácia da ação governativa tanto ao nível nacional como local não
permitem que se faça um seguimento adequado da prática da administração e da qualidade da
resolução dos conflitos de interesse nas empresas paraestatais.
Entende-se, que o atual modelo de Estado pretende e propõe tornar suas ações mais
transparentes na prática governativa e na prestação do serviço público e, para isso, faz-se
necessário a introdução do fator qualidade nas relações do Estado com sociedade, com as
empresas, com as organizações da sociedade civil e com os cidadãos em geral.
No domínio da saúde destaca-se que o número de agentes de saúde, médicos,
enfermeiros, parteiras, é deficitário devido a falta de formação, agravada pela fuga de cérebros
para Angola, Moçambique e Portugal. A explicação desse fenómeno deve-se ao fato de, no País,
as condições salariais e sociais não serem atrativas. A fuga de cérebros tem como consequência
direta a geração de um círculo vicioso de uma constante detioração das condições económicas
em geral e da qualificação profissional do restante da população que permanece no País.
Não existem médicos especialistas nos distritos. Ao nível de São Tomé, há poucos
médicos especialistas nacionais, aos quais é necessário adicionar especialistas cubanos e
chineses, afetos ao Hospital Central de São Tomé. Daí, a explicação dos desafios de que o País
enfrenta no domínio da saúde.
Apesar disso, houve um bom desempenho nos domínios da luta contra o paludismo e
VIH-Sida, da saúde materna, bem como nos domínios do planeamento familiar e da
sobrevivência infantil, com um acesso significativo ao programa de vacinação.
Todavia, no domínio da educação, as autoridades precisam focalizar na qualidade do
ensino, a todos os níveis, com vista a adequar as formações e o mercado de trabalho. O
desenvolvimento e o reforço das capacidades nacionais, a todos os níveis constituem um desafio
transcendental para as autoridades nacionais.
A fraqueza das capacidades da administração pública são-tomense influencia a qualidade
na formulação das políticas de desenvolvimento económico, social e ambiental; retarda o seu
ritmo e nível de execução, não permitindo seu seguimento avaliação; e afeta negativamente o
ambiente de negócios. O desafio é desencadear um processo sustentável de reforço das
capacidades, centrado na melhoria da gestão dos recursos humanos, na formação e
desenvolvimento dos RH, nos métodos e processos de trabalho, nos meios e condições de
trabalho.
Esta fraqueza é ainda mais pronunciada na produção setorial de dados administrativos
desagregados e na integração transversal do género nos planos, programas e políticas setoriais.
Atendendo que dados e informações confiáveis, oportunos, disponíveis e desagregados são
essenciais ao processo de planificação e gestão do desenvolvimento sustentável, as entidades
nacionais produtoras e utilizadoras de dados estatísticos merecem especial atenção.
As gritantes deficiências em termos de infraestruturas limitam o potencial de crescimento
e do comércio no País. As estimativas dos custos de transporte em São Tomé são 30% a 40%
superiores às de Libreville no Gabão. Os custos de transporte e de comunicação são onerosos,
devido à limitação do País no que toca à conetividade e acessibilidade. Por se tratar de um
Estado insular, o País depende unicamente dos meios aéreos e marítimos para a circulação de
bens e pessoas e das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para conetividade digital.
A maioria dos programas de infraestruturas é, em grande parte, financiada pela ajuda externa
devido à fraca capacidade do Governo em mobilizar recursos nacionais suficientes.
Portanto, são diversos os desafios que STP enfrenta, designadamente, a elevada taxa de
desemprego, administração pública pouco capacitada, excessiva burocracia, insuficiente
formação e capacitação dos seus recursos humanos, grandes desequilíbrios e assimetrias sociais e
territoriais, imagem externa desfavorável à atração de investimento direto privado, persistente
instabilidade político-governativa, falta de uma visão estratégica unificada de desenvolvimento,
45
uma dispersão recorrente dos parcos recursos, a exígua dimensão do mercado, insuficiência de
infraestruturas económicas e sociais, fraca capacidade do setor privado, de entre outros.
O Banco Mundial (2018) destaca ainda como desafio a longo prazo para São Tomé e
Príncipe, a passagem de planos ambiciosos para ações exequíveis que tornem a economia mais
12
dinâmica . Refere ainda, esta instituição global, que a falta de dados atualizados sobre a
pobreza mina os esforços direcionados para a redução da pobreza no País. Os dados do último
inquérito às famílias foram recolhidos em 2010.
Importações: a produção local é pequena, o que torna São Tomé e Príncipe dependente
de importações para suprir a maior parte da procura interna. A dependência é particularmente
elevada, no que diz respeito aos bens estratégicos, tais como produtos alimentares e produtos
energéticos.
46
Gráfico 6: Comparação de importações e exportações do País em 2018
47
São Tomé e Príncipe elaborou as suas Intenções de Contribuições Nacionalmente
Determinadas (INDC) em 2015 e ratificou o Acordo de Paris sobre o clima em 2 de Novembro
de 2016. Após a ratificação, as INDC tornaram-se NDC, tendo o País iniciado o processo de
implementação das suas NDC, mediante a elaboração de um plano compreensivo e ambicioso
para o avanço das suas ações de mitigação e de adaptação.
Dadas as caraterísticas geográficas e sociais que acentuam a vulnerabilidade às mudanças
climáticas, a adaptação, a redução de riscos e o desenvolvimento resiliente constituem
prioridades para o País. Além disso, ações de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa
(GEE) também figuram entre os compromissos nacionais, a fim de contribuir para o esforço
global de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE).
STP comprometeu-se, condicionalmente ao apoio da comunidade internacional, a uma
redução de 24% das emissões do cenário 2030 BAU (business as usual). As ações de mitigação
concentram-se no aumento da participação das energias renováveis no sistema elétrico nacional
para 47%, dos quais 37% da energia hídrica e 13% da energia solar. No entanto, a
implementação de medidas para a mitigação e adaptação requer meios financeiros, acesso à
tecnologia e reforço de capacidades provenientes da ajuda externa.
As áreas que necessitam de apoio incluem a ampliação da oferta de energias renováveis; a
gestão sustentável das terras, a conservação e restauração de recursos florestais; o reforço do
conhecimento e das capacidades para compreender e gerir riscos climáticos; a redução do risco
climático e de catástrofes, bem como a promoção do desenvolvimento resiliente; mecanismos,
processos e capacidades de coordenação e acesso e gestão de recursos financeiros; comunicação
e sensibilização de atores em distintos níveis.
Neste contexto, o Governo de STP aderiu ao NDC Partnership em Novembro de 2016,
com apoio do qual elaborou-se o Plano Nacional de Implementação das NDC, com base em
processos nacionais existentes, congregando ações de mitigação e adaptação, bem como ações
transversais e estruturantes para viabilizar a transição para um modelo de desenvolvimento
resiliente e de baixo carbono.
Sendo São Tomé e Príncipe um pequeno País insular de rendimento médio baixo, os
efeitos e impactos das mudanças climáticas são mais intensos. Manifestam-se principalmente na
erosão costeira, na alteração de padrões de precipitação que podem resultar em inundações ou
secas prolongadas afetando tanto os cidadãos no quotidiano das suas atividades, como as
empresas e a economia do País, dado ao seu impacto nos setores-chave: infraestrutura, turismo,
pesca e agricultura, pecuária.
Dispersão geográfica: a insularidade fragmentada em 02 ilhas, com uma orografia muito
íngreme e acidentada tem efeitos extremamente pesados nos custos das infraestruturas de base,
dos serviços e dos bens essenciais. Ademais, diminui as conexões e sinergias internas e constitui
um obstáculo à circulação de pessoas e bens no território nacional. A unificação das ilhas é feita
através de transportes aéreos e marítimos, associada aos custos das insularidades advenientes
para o ambiente de negócios.
Segurança: tendo em conta a abundância de recursos naturais, designadamente, petróleo
e gás, o Golfo da Guiné não está livre de conflitos sub-regionais ou internos aos Estados
vizinhos, que podem ter repercussões nefastas sobre a estabilidade de outros Estados, entre os
quais São Tomé e Príncipe. A localização estratégica, a extensão do litoral e da zona económica
exclusiva fazem com que o País esteja particularmente exposto às novas ameaças, tais como
terrorismo, tráfico de drogas e de pessoas, criminalidade internacional, imigração ilegal, pirataria
marítima, contrafação e branqueamento de capital, etc.. Por conseguinte, preocupações com a
segurança resultam numa grande pressão sobre o orçamento do Estado.
Energia: a dependência energética do exterior é da ordem de 25%; mais de 80% da
capacidade instalada de produção de energia recorre a combustíveis fósseis importados,
representando um enorme encargo financeiro para o País.
48
Para que STP atinja os seus objetivos de transformação social e económica é
indispensável reduzir, ou mesmo erradicar, esta vulnerabilidade, através do desenvolvimento de
fontes alternativas de energia, como por exemplo a energia renovável. A atual capacidade de
produção de Energias Renováveis no País está a volta de 5%.
Resíduos sólidos: os pequenos estados insulares como São Tomé e Príncipe enfrentam
dificuldades acrescidas na gestão dos resíduos sólidos devido ao isolamento e localização
distante dos grandes centros de reciclagem e ao reduzido número de habitantes. A correta gestão
de resíduos assume particular importância devido à exiguidade do território, assim como à
necessidade urgente de melhorar os níveis de salubridade para um desenvolvimento sustentável.
Atualmente, em São Tomé e Príncipe, a responsabilidade pela recolha e transporte dos
resíduos é das Câmaras Distritais e do Serviço Regional de Salubridade na Região Autónoma do
Príncipe. Na cidade capital São Tomé, com cerca de 80.000 habitantes, a contentorização e a
recolha, além de insuficientes, limitam-se às vias principais da cidade, o que leva à deposição de
grande parte dos resíduos no chão.
No resto da cidade e do distrito de Água Grande, não existe qualquer contentorização
nem recolha por parte dos serviços camarários, o que provoca a proliferação de focos de lixo na
proximidade de habitações, escolas, mercados e hospitais. Nos distritos periféricos a situação é
ainda pior, com exceção dos distritos de Caué e Mezochi, onde recentemente projetos
financiados pela União Europeia e parceiros bilaterais introduziram meios que permitem a
recolha em 20% desses distritos. Contudo, o destino final dos resíduos, inclusive dos resíduos
hospitalares, é igualmente impróprio, sendo estes tratados sem nenhuma diferenciação dos
restantes.
Segundo o Plano de Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (PGRSU) 2018-2023, as
principais causas da atual situação são as seguintes: i) o enquadramento legal obsoleto; ii) a
escassez de meios financeiros, técnicos e humanos para uma adequada gestão integrada dos
resíduos; iii) a falta de coordenação, planeamento e atribuições claras nas instituições do setor;
iv) a existência de infraestruturas inadequadas e insuficientes. Além disso, num contexto de
pobreza generalizada e profunda, constata-se que a salubridade do meio não constitui ainda uma
prioridade para os decisores e para população em geral; que o impacto negativo na saúde pública
(doenças transmitidas pela água, respiratórias e de pele) está insuficientemente estudado e, por
isso, subestimado pelas autoridades; que o potencial criador de emprego verde associado à gestão
dos resíduos não é do todo considerado pelas autoridades, o que representa uma grande perda em
matéria de oportunidade de desenvolvimento socioeconómico e ambiental inclusivo.
Face ao exposto, propõe-se um programa de ação que, alinhado com o Plano Nacional de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos (PNGIRSU) 2018-2023, intervenha em quatro
eixos estratégicos:
1. Reforço do quadro legal e institucional, que inclui i) revisão e atualização do quadro legal
existente; ii) Aplicação do DL 64/2013 - Taxa de Impacto Ambiental; iii) coordenação do
setor; iv) reforço de capacidades para a gestão dos resíduos.
2. Melhoramento do sistema de gestão de resíduos, que contempla: i) a elaboração de planos
distritais de gestão de resíduos; ii) adoção de um programa de erradicação de lixeiras e
focos indiscriminados de lixo; iii) a realização de investimento em infraestruturas e
equipamentos (vazadouros controlados nos distritos, construção ou aquisição de
contentores, aquisição de meios de transporte);
3. Sustentabilidade e emprego verde, que implica: i) a criação de emprego verde; ii) o
desenvolvimento de soluções integradas (substituição de fertilizantes químicos por
compostos orgânicos, redução de GEE, de custos e aumento de rendimento aos
agricultores);
4. Informação e comunicação ambiental, considerando que a comunicação para mudança de
comportamento é fundamental para o sucesso das políticas ambientais.
49
2.3.1. Vulnerabilidade Económica
Além disso, STP é confrontado com outros desafios importantes, dois dos quais precisam
responder em simultâneo o desafio de garantir, a médio prazo e com recursos endógenos, a
sobrevivência da sua população residente, considerando a tendência decrescente no volume da
Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD), e o desafio de desenvolvimento auto-sustentado e
acelerado, para responder às legítimas aspirações dos são-tomenses a um elevado padrão de bem-
estar socio-económico-ambiental.
50
Gráfico 7: Desequilíbrio acentuado da balança comercial do País
51
do crescimento económico poderá ocorrer a partir de 2020, podendo atingir um crescimento de
7% ou mais, em 2024.
Quanto à inflação, deverá continuar a ser contida, graças à ancoragem da moeda nacional
ao Euro e a um fraco aumento dos preços dos produtos básicos. De acordo com as projeções, o
índice de aumento dos preços, em média anual, estabelecer-se-á a 4% em 2017 e 3% no período
2018-2020.
Esta situação explica-se por um nível elevado das importações dos bens e serviços não
fatoriais em 2017 (16,6% de crescimento, enquanto que as exportações aumentariam apenas de
6,7%). O financiamento externo deveria conhecer um aumento sensível em 2017, graças à
previsão de um importante fluxo de IDE (46,7 milhões de dólares, de acordo com as previsões do
BCSTP na ocasião) e um claro aumento dos investimentos públicos sobre donativos e créditos
(18,1% do PIB contra 13,6% em 2016).
52
O VAN da dívida externa deveria aumentar para manter-se em 38,3% e 39,4% do PIB
respetivamente, em 2017 e 2018, devido ao crescimento do investimento público sobre recursos
externos. Seguidamente previa-se a sua redução para 37,9% do PIB em 2019, e 35,4% em 2020.
53
Quadro 5: Principais indicadores económicos 2015-2020
Fonte: FMI
54
descentralização que confira maior autonomia, designadamente financeira e melhor capacitação
das autarquias regional e distritais em matéria de gestão e planeamento do desenvolvimento ou
seja, uma aposta na territorialização dos instrumentos de gestão do desenvolvimento.
É evidente que o desenvolvimento e a consolidação do poder regional e distrital
requerem mais recursos, nomeadamente financeiros, técnicos, humanos e organizacionais
visando uma melhor assunção e exercício das competências e atribuições já descentralizadas. No
entanto, é sobretudo a oportunidade de lançamento de uma nova fase de uma descentralização
focalizada na valorização do potencial endógeno, direcionada para acelerar o crescimento
económico local, regional e nacional; reduzir as desigualdades sociais e as assimetrias regionais
e locais; e promover um desenvolvimento inclusivo e sustentável.
Um inventário dos bens ambientais, dos recursos turísticos, históricos, culturais, e
patrimoniais, bem como das capacidades técnicas e organizacionais, existentes ao nível local e
regional são imprescindíveis para o conhecimento, gestão e desenvolvimento dos territórios em
benefícios das suas populações.
As ex-roças de São Tomé e Príncipe são provavelmente dos sítios/imóveis locais mais
desejados do País, com um valor histórico, social, económico, cultural e arquitectónico ímpar
que precisam de reconversão, reabilitação e novos destinos/funcionalidades, designadamente,
associados à produção, habitação e turismo: étnico e cultural.
Os planos de desenvolvimento regional, elaborados no âmbito do PNDS, serão
mecanismos de diálogo, de mobilização, de descentralização de recursos, competências e
atribuições, de empenhamento e envolvimento do poder regional e distrital na sua execução.
Além disso, serão mecanismos de reforço de recursos e de capacidade de resposta, de
sinalização de oportunidades de negócios e de realização da visão partilhada dos poderes central,
regional e distrital tanto para São Tomé como para o Príncipe.
55
dimensões do desenvolvimento sustentável: a económica, a social e a ambiental, levando em
conta as diferentes realidades, capacidades e níveis de desenvolvimento nacionais e respeitando
as políticas e prioridades nacionais.
As metas são definidas como ideais e globais, mas com cada governo definindo suas
próprias metas nacionais, guiados pelo nível global de ambição, mas levando em conta as
circunstâncias nacionais. Cada governo também vai decidir como essas metas ideais e globais
devem ser incorporadas aos processos, nas políticas e estratégias nacionais de planeamento. É
importante reconhecer o vínculo entre o desenvolvimento sustentável e outros processos
relevantes em curso nos campos económico, social e ambiental.
Os desafios e compromissos que fazem parte dessas grandes conferências e cúpulas são
interrelacionados e exigem soluções integradas. Para tratá-los de forma eficaz, é necessária uma
nova abordagem. O desenvolvimento sustentável reconhece que a erradicação da pobreza em
todas as suas formas e dimensões, o combate às desigualdades dentro dos países e entre eles, a
preservação do planeta, a criação do crescimento económico sustentado, inclusivo e sustentável e
a promoção da inclusão social estão vinculados entre si e são interdependentes.
A nova Agenda das Nações Unidas para 2030 constitui um plano de ação centrado nos
5Ps, a saber: nas pessoas, no planeta, na prosperidade, na paz e nas parcerias, tendo como
objetivo final a erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável, no âmbito do qual todos
os Estados e outras partes interessadas assumem responsabilidades próprias no que diz respeito à
sua implementação, enfatizando-se que ninguém deve ser deixado para trás.
56
Figura 1: Plano de ação centrado nas pessoas, planeta, prosperidade, paz e parcerias
57
os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento merecem atenção especial. Destacam-se a
importância da apropriação nacional robusta e da liderança ao nível nacional.
O Governo santomense apontou como prioridades 5 (+2) Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável, no quadro da implementação da Agenda 2030:
• Objetivo 1: acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares;
• Objectivo 8: promover o crescimento económico sustentado, inclusivo e sustentável,
emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos;
• Objetivo 9: construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e
sustentável e fomentar a inovação;
• Objetivo 13: tomar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus
impactos;
• Objetivo 14: conservar e usar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos
marinhos para o desenvolvimento sustentável;
• Objetivo 15: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas
terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação,
deter e reverter a degradação da terra e a perda de biodiversidade;
• Objetivo 16: promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes,
responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
1. Erradicação da pobreza;
2. Fome zero e agricultura sustentável;
3. Saúde e bem-estar;
4. Educação de qualidade;
5. Igualdade de género;
6. Água potável e saneamento
7. Energia limpa e acessível;
8. Trabalho decente e crescimento económico;
9. Indústria, inovação e infraestrutura;
10. Redução das desigualdades;
11. Cidades e comunidades sustentáveis;
12. Consumo e produção responsáveis;
13. Ação contra a mudança global do clima;
14. Vida na água;
15. Vida terrestre;
16. Paz, justiça e instituições eficazes;
17. Parcerias e meios de implementação;
59
A “Agenda 2063 - A África que Queremos” é um quadro estratégico para a
transformação socioeconómica do continente africano nos próximos 50 anos. Ela foi construída
na base das prioridades identificadas e busca acelerar a implementação de iniciativas continentais
passadas e correntes, para o crescimento e o desenvolvimento sustentável. Ela assenta-se na
visão da União Africana, "Uma África integrada, próspera e pacífica, impulsionada pelos seus
próprios cidadãos e representando uma força dinâmica na arena internacional", e preconiza 7
aspirações para o continente, que derivaram de amplas consultas públicas:
• 1. Uma África próspera, baseada no crescimento inclusivo e no desenvolvimento
sustentável;
• 2. Um continente integrado, politicamente unido, com base nos ideais do Pan-africanismo
e na visão de Renascimento da África;
• 3. Uma África de Boa Governação, Democracia, Respeito pelos Direitos Humanos,
Justiça e Estado de Direito;
• 4. Uma África Pacífica e Segura;
• 5. Uma África com uma forte identidade cultural, património, valores e ética comum;
• 6. Uma África, cujo desenvolvimento seja orientado para as pessoas, confiando no
potencial dos povos africanos, especialmente no potencial da mulher, da juventude, e
onde a criança tem tratamento digno;
• 7. Uma África como um ator e um parceiro forte, unido e influente na arena mundial.
60
mão-de-obra da África, durante o período de 2015-2063, será constituído por jovens na faixa
etária entre 15-34 anos, correspondente a uma média de 12.1 milhões por ano.
Com uma rápida transformação das faixas etárias e um declínio nos rácios de
dependência, existe um potencial para crescimento económico impulsionado pelo aumento das
receitas provenientes do trabalho e do incremento das poupanças. Isto pode correlativamente
resultar em melhorias do capital humano, pelas seguintes razões: (i) a baixa taxa de
fecundidade associada ao atraso na primeira gravidez e ao maior intervalo entre os partos
melhoram a saúde materna e infantil; (ii) menor rácio de dependência da juventude permite
maior investimento por criança; (iii) e a baixa fecundidade aumenta o potencial de emprego e de
empoderamento das mulheres.
A África tem crescido a um passo muito lento (3,7% em 2016) se comparado ao seu
potencial, por não ter explorado as potencialidades da sua juventude. Não obstante alguns países
terem obtido um desempenho mais elevado, não se registou crescimento económico nas áreas de
trabalho intensivo.
Assim, uma série de medidas importantes e urgentes são priorizados no domínio dos
recursos humanos, nomeadamente, a juventude:
Para facilitar a efetiva implementação das medidas-chave e das propostas contidas nesse
Roteiro, é importante enfatizar a necessidade de se orientar pelos princípios fundamentais
61
inscritos nas Agendas 2063 e 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, em particular no que se
refere à abordagem ao desenvolvimento centrada nas populações e ao compromisso de não
deixar ninguém para trás.
As áreas identificadas para a concentração de investimentos-chave, estruturam-se em
quatro pilares cruciais e interligados, alinhados com os instrumentos de política e quadros
relevantes e estratégicos da UA, visando posicionar os países no aproveitamento do dividendo
demográfico e assegurar a plena implementação das Agendas 2063 e 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável.
Considerando a diversidade dos contextos nacionais, espera-se que as medidas-chave
propostas sirvam de guião para o que será implementado com base nas prioridades locais. Os
pilares acima mencionados são os seguintes:
• Pilar 1: Emprego e Empreendedorismo;
• Pilar 2: Emprego e Desenvolvimento de Habilidades;
• Pilar 3: Saúde e Bem-estar;
• Pilar 4: Direitos, Governação e Empoderamento dos Jovens.
62
Quadro 6: Alinhamento do Programa do Governo com as Agendas Internacionais
63
3. A VISÃO PARA SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
3.1. Os Fundamentos
São Tomé e Príncipe é um País localizado no Golfo da Guiné, dotado de uma posição
geoestratégica e geoeconómica privilegiada para se transformar numa economia dinâmica de
prestação de serviços, alavancada no turismo de excelência e de qualidade, aprendendo e
adaptando práticas excelentes experimentadas aos níveis internacionais e regionais,
nomeadamente, nos pequenos Estados insulares mais desenvolvidos: serviços turísticos,
financeiros, tecnológicos, logísticos associados a economia digital, serviços de entretenimento,
de saúde, e outros.
Além disso, o projeto de transformação de São Tomé e Príncipe numa economia
dinâmica de prestação de serviços para os países do Golfo da Guiné e para o mundo, no
horizonte temporal de 2030, inclui a criação e o desenvolvimento de serviços em áreas ou setores
estratégicas de desenvolvimento do País, designadamente, o marítimo e o aéreo, através da
construção de um porto; da extensão e modernização do atual aeroporto internacional; de criação
de uma zona franca; e de aproveitamento eficiente das oportunidades que podem oferecer
infraestruturas de tecnologias de informação e comunicação (TIC).
De acordo com o Governo, trata-se do modelo com maior potencialidade para, no
horizonte do PNDS, relançar o crescimento económico médio anual superior a 7%, de agregar
valor, de aumentar o rendimento e acelerar a criação de emprego, sobretudo, a partir de um setor
privado forte e apoiado por um quadro de incentivos adequados. O Governo pretende ainda que
STP seja, de fato, um País de desenvolvimento médio alto no horizonte de três legislaturas.
Outro desafio a ser superado nesta legislatura é o reforço da coesão social através da
melhoria da eficácia e operacionalidade da ação do Estado, no sentido de resgatar e devolver
dignidade à condição humana dos santomenses, com relevância para mais equidade, mais justiça
social e reinserção social.
Assim sendo, o País deve assumir como obrigação imperiosa e urgente o desafio de
promover uma educação de excelência e um alto nível de formação e capacitação do capital
humano, compatível com as exigências que esse modelo de desenvolvimento coloca.
No entanto, importa ressalvar que a valorização da localização geoeconómica de São
Tomé e Príncipe passa, incontornavelmente, pela criação de um País confiável e pela
minimização dos custos de contexto, de modo a torná-lo atrativo para o investimento externo.
Por sua vez, a criação de um ambiente de confiança e de minimização dos custos de
contexto implica, obrigatoriamente, profundas reformas suscetíveis de mudar o estado atual do
doing business, dos indicadores de liberdade económica e dos indicadores de boa-governação.
64
Neste âmbito, tem-se plena consciência do quão baixo é o nível do ambiente de negócios
13
em São Tomé e Príncipe , pelo que se propõe, no horizonte do PNDS, melhorar o ambiente de
negócios e promover a atração e retenção de Investimento Direto Estrangeiro (IDE), um recurso
vital para aceleração do crescimento económico e, sobretudo, para a geração de novos postos de
trabalho no País.
O Governo corrobora que tudo fará para melhorar o ambiente de negócios em STP,
sobretudo, no que tange à capacidade de fazer cumprir os contratos, de resolver as insolvências,
o registo de propriedade, a obtenção de créditos e a proteção de pequenos investimentos. Todos
esses aspetos serão consolidados no âmbito da reforma da justiça.
Significa que somente pela via do ajustamento das condições internas do País às novas
exigências do meio envolvente, se pode fazer de São Tomé e Príncipe um País competitivo e em
condições de maximizar os seus recursos para superar três desafios essenciais:
O primeiro desafio imediato, com caráter de urgência, que o Governo precisa enfrentar é
o da criação de condições que assegurem o equilíbrio da estrutura da balança corrente para
garantir a sobrevivência da sua população residente, face à redução continuada da Ajuda Pública
ao Desenvolvimento do País.
O segundo desafio, a médio prazo, é o de assegurar as condições que permitam ao País,
no horizonte do PNDS, minimizar o complexo problema do défice da Balança Corrente, sem pôr
em perigo as condições normais de sobrevivência da população.
O terceiro o desafio consiste em garantir o desenvolvimento acelerado, auto-sustentado e
sustentável de STP, assente no conceito de economia dinâmica de prestação de serviços, visando
alcançar uma posição entre os PEID com melhor desempenho económico e social,
nomeadamente, no que respeita ao PIB per capita e ao IDH.
A consecução destes desafios é essencial para o futuro considerando que a integração
ativa de São Tomé e Príncipe no sistema económico mundial exige uma verdadeira mudança de
paradigma de desenvolvimento, que deve orientar e modelar todo o processo de planificação e
gestão do desenvolvimento nacional, regional e distrital, com uma ampla mobilização e
participação do setor privado, da sociedade civil e das comunidades.
São Tomé e Príncipe, enquanto Pequeno Estado Insular e arquipelágico particularmente
vulnerável na sua estrutura económica, social e ambiental deve assumir como um desígnio
nacional e emergencial a necessidade de seus atores políticos, sociais e económicos, liderados
pelo Governo, convergirem numa plataforma de entendimento, num consenso alargado sobre às
grandes questões do desenvolvimento nacional; sobre um amplo acordo que permita a
estabilidade e que as reformas sejam executadas e avaliadas antes de serem descartadas; que os
governos e seus ministros não se esmerem em mudar tudo o que o seu antecessor fez, sem antes
avaliar pormenorizadamente os resultados obtidos.
A consecução deste objetivo é um desafio essencial para o futuro considerando que a
integração ativa de São Tomé e Príncipe no sistema económico mundial, sendo uma estratégia
partilhada pelos Relatórios São Tomé e Príncipe 2030: o País que Queremos e Agenda de
Transformação no horizonte 2030 e também pelo Programa do Governo exige uma verdadeira
mudança de paradigma de desenvolvimento, que deve orientar e modelar todo o processo de
planificação e gestão do desenvolvimento nacional, regional e distrital, com uma ampla
mobilização e participação do setor privado, da sociedade civil e das comunidades.
Pois, a estratégia em questão baseia-se, designadamente, na formulação e implementação
de profundas reformas, aliás bem explicitadas no Programa do Governo, com o propósito de criar
a confiança necessária no País, na sua economia, minimizar os custos de contexto e assegurar
estabilidade e a sustentabilidade do desenvolvimento.
13
“O Doing Business 2018” cujo lema é “Reformar Para Gerar Emprego” classifica São Tomé e Príncipe no lugar
169º entre 190 países com uma pontuação de 44.84 contra 86.55 do primeiro classificado.
65
Uma outra questão importante é a da necessidade de um comprometimento forte com o
desenvolvimento regional e local equilibrado, e a concomitante valorização das ilhas e dos
recursos endógenos, capaz de inverter a dinâmica migratória que se instalou no País,
nomeadamente na ilha de São Tomé e de debelar as causas profundas desse fenómeno.
Esse movimento migratório, predominantemente do campo para as cidades, é responsável
por algumas das principais tensões sociais prevalecentes face à dificuldade do Estado em
responder adequada e eficazmente às suas responsabilidades no domínio da segurança, da luta
contra a pobreza, particularmente, no que se refere ao acesso ao emprego, à alimentação, à saúde,
à educação, à habitação, à água potável, à energia, ao saneamento e às comunicações,
dificultando a melhoria dos indicadores de pobreza e da pobreza extrema.
66
Na inserção ativa prevalece a ação proativa, que implica, também, a análise prospetiva e a
preparação atempada das condições, para acolher, da melhor forma, as forças de mudança do
meio envolvente e para ganhar potência.
Esta competência deve ser entendida como a habilidade interna do País, uma espécie de
capacidade mercadológica de entender os stakeholders (partes interessadas) externos, produzindo
reações de resposta às demandas e/ou antecipando-se às mesmas, municiando-se de estratégias
adequadas, considerando as inconstâncias do envolvente externo, que normalmente têm impacto
direto sobre o desempenho do País.
Pela sua escala, e pelo fato de se ver confrontado com custos adicionais, que resultam da
insularidade e da sua natureza arquipelágica, São Tomé e Príncipe, à partida, não consegue o
sucesso económico fora de um contexto de grande abertura económica e de profundas relações
com o sistema económico mundial. Disso resulta que o desempenho e o sucesso económicos do
País dependem, necessariamente, da sua integração, o que pressupõe uma política assertiva e
consistente de cooperação internacional e regional, tanto nas dimensões bilateral e multilateral,
sintetizada no eixo estratégico 4 do Programa do Governo: politica externa ao serviço do
desenvolvimento.
Esta proposta de integração ativa de São Tomé no sistema económico mundial assenta no
conceito de São Tomé e Príncipe enquanto Economia Dinâmica de Serviços no Centro do
Atlântico, num cruzamento que articula os continentes do atlântico, como ilustra o gráfico em
abaixo:
Turismo
Comércio
Financeiro
Indústria
STP:País
competitivo
Marítimo Tecnológico
Aéreo
67
1. Construção do porto e criação de um porto de logística de abastecimentos de navios da
frota internacional que passam ou se aproximam de STP nas suas rotas, incluindo os navios que
circulam na sub-região da África Central e Golfo da Guiné (Setor Marítimo).
68
4. OS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DO PNDS
Tudo indica que São Tomé e Príncipe, como quase todos os Pequenos Estados Insulares
bem-sucedidos no seu esforço de desenvolvimento, não foge ao destino de ser um País turístico.
Mesmo um Pequeno Estado Insular como Singapura, que encontrou alternativas de viabilização
69
da sua economia através da valorização da sua localização geoeconómica, tem no turismo o
elemento determinante da sua economia, com uma contribuição para o PIB de cerca de 50%.
Como já se referiu no capítulo anterior, a economia marítima e a economia aérea são
vetores essenciais da integração ativa de STP no sistema económico mundial, com potencial para
arrastar outros setores de atividade, inclusive o industrial. Porém, pelas caraterísticas do País, a
proposta do Governo em eleger o turismo como o principal pilar da economia santomense tem
absoluta coerência e é totalmente consistente com o dinamismo deste fenómeno a nível mundial.
Assim sendo, o turismo é um setor estratégico para o desenvolvimento de STP, numa perspetiva
de investimento, promoção e de aposta nas exportações.
Turismo de qualidade, para além de suas mais variadas vertentes constitui um grande
desafio a todos outros setores quer primários, quer secundários, tendo em conta o seu impacto
transversal fornecendo a possibilidade da criação dos mais variados clusters de serviços,
colocando ao País grandes desafios nos seguintes domínios:
• Criação de uma Autoridade Turística Nacional responsável pela promoção, valorização e
sustentabilidade da atividade turística, na qual se concentra todas as competências
institucionais relativas à dinamização do turismo, desde a oferta à procura. Essa Entidade
deverá ter uma relação privilegiada com as outras entidades públicas, agentes
económicos, culturais, etc., no País e no estrangeiro, empenhada e focalizada no desígnio
de embasar o turismo como um dos pilares do crescimento da economia de São Tomé e
Príncipe;
• Educação, formação e capacitação técnica adequada dos profissionais do setor,
nomeadamente, em língua estrangeira (inglês, francês, etc.), que viabilize as
oportunidades de acesso às boas práticas regionais e internacionais;
• Modelagem e desenvolvimento de propostas de projetos para apresentação a potenciais
parceiros;
70
• Contratar consultores/especialistas com know-how em ecoturismo, turismo de natureza e
de lazer em geral;
• Formar guias especialistas em respetivas áreas ou temas;
• Preparação e participação de todas as comunidades e da sociedade em geral;
• Preservar e promover o património cultural e os valores tradicionais das de STP
• Aumentar os benefícios económicos para as comunidades locais;
• Consentir esforços contínuos de marketing para diversificar a oferta turística e sobre os
mercados de nichos e emergentes;
• Construção de infraestruturas básicas adequadas designadamente nos domínios de
energia, abastecimento de água, saneamento, telecomunicação, aeroporto, porto
acostável, marina, redes rodoviárias;
• Serviços de saúde de qualidade e saneamento de base;
• Produtos agrícolas, marinhos e agro-pecuários de qualidade, artesanato;
• Melhoria de acessibilidades.
• Promoção da indústria criativa para produção de bens e serviços criativos, com foco na
cultura e na arte: artesanato, festivais, celebrações, sítios culturais, etc.
A atividade turística está, quase sempre, relacionada à produção cultural. Atualmente, ela
vem sendo viabilizada por meio de diversos segmentos que buscam identificar nichos específicos
no mercado de consumo. Dentre as modalidades focalizadas na valorização da cultura, na
identificação do património histórico-cultural: resgate histórico e a conservação dos usos e
costumes, ancestralidade, tradição, destaca-se o turismo étnico (sustentável), ancorado nos
conceitos de geografia e território, e enquadrado no paradigma da sustentabilidade sociocultural,
económica e ambiental.
São Tomé e Príncipe poderia explorar este segmento do turismo com recurso às
diferentes comunidades imigrantes que historicamente participaram na formação social do povo
santomense. Essas comunidades conservaram suas tradições como forma de preservar a sua
identidade. Ainda que adaptadas ou reinventadas pela nova realidade local, são essas
comunidades diasporizadas que estão no foco do turismo étnico, o qual favorece a criação de
correntes turísticas específicas para conhecer, conviver e integrar-se com as diferentes
comunidades.
Trata-se de uma proposta visando a incorporação de ações de sustentabilidade
sociocultural e responsabilidade sócioambiental, entre outras, tanto para garantir o
desenvolvimento, como para valorizar o património cultural, manifestado nos bens materiais,
imateriais e ambientais das localidades. Assim, essa proposta pode colaborar com a redução dos
desequilíbrios territoriais e sociais, bem como eliminar as disparidades ambientais de acordo
com o princípio da sustentabilidade ambiental, igualdade social e do crescimento da economia,
14 15
diminuindo os impactos socioculturais, designadamente nas Roças (ex-Roças) do País .
14
Roça é o nome adoptado em São Tomé e Príncipe para uma unidade de produção agrícola ou agro-pecuária com
caraterísticas inspiradas nas explorações agrícolas dos senhores da terra na Europa medieval mediterrânica.
Corresponde ao termo “plantation” na língua inglesa. Começou com a exploração do café mas desenvolveu-se
muito mais com a exploração do cacau. Tendo atingido mais de 90% da superfície do arquipélago e da terra arável,
ocupando quase toda a força de trabalho nas ilhas, dedicando-se a monocultura, sendo a única fonte de receita
externa, decidindo sobre a vida, relações sociais, alojamento, assistência médica e medicamentosa e níveis de salário
da maioria dos habitantes, toda a sociedade e a paisagem deste pequeno País insular ficou (e ainda está) muito
marcada pelo estabelecimento e funcionamento da Roça. Disponível em:
http://www.cnmc.gov.st/images/Documentos/Plano-Multissectorial-de-Investimentos-de-So-Tom-e-Prncipe-
2017.pdf. Acesso em 01 nov 2019.
15
Ressalva-se que enquanto imperar a miséria humana nas localidades, como as ex-roças, por exemplo, o conceito
de sustentabilidade no turismo, bem como nas dimensões económica, social e ambiental, será apenas teórico. Na
prática, a qualidade do ambiente depende da qualidade de vida, no que diz respeito à saúde, educação, nutrição e
71
Este modelo poderá ser uma opção em termos de diversificação e qualificação da oferta
de produtos e serviços turísticos e de contrabalançar a tendência predominante no País e não só,
que é o turismo que se vincula à globalização: o turismo de massa que tende à homogeneização
internacional da cultura e à preservação artificial de grupos e atrações étnicos locais, com
pacotes prontos, horários definidos e, em grande parte, simulacro dos atrativos.
Não obstante o turismo de sol-praia-mar representar cerca de 30% do turismo mundial e
sendo, sem dúvidas, de suma importância para um País com as caraterísticas geográficas e
naturais de São Tomé e Príncipe, importa estar atento ao fato de STP, enquanto destino turístico,
ter um potencial reconhecido em outros segmentos do mercado, nomeadamente nos domínios do
turismo de aventura, do turismo histórico, de natureza, de montanha, rural, urbano, de eventos,
desportivo, de saúde, etc..
A atividade turística no arquipélago de São Tomé e Príncipe tem vindo a ganhar cada vez
mais importância, não só na economia do País, como também no panorama nacional, sobretudo
pela oferta de um produto turístico de valor ímpar. Entre 2010 e 2016 o número de turistas em
visita ao destino passou de 8 mil para 29 mil, um acréscimo de 263%. Apesar do crescimento
significativo e animador, a exploração do potencial turístico dos recursos naturais, históricos e
culturais de São Tomé e Príncipe está ainda numa fase embrionária.
O turismo é uma atividade importante e em crescimento. No ano de 2018, o setor do
turismo (alojamento, restauração e similares) representava uma contribuição direta e modesta de
3% do PIB de São Tomé e Príncipe. Já no que toca ao emprego em 2016, o turismo contribuía de
forma direta para 14,2% dos postos de trabalho do arquipélago.
Dentre os principais mercados emissores para o País, destaca-se a importância e o peso
do mercado Português, que concentra 43% do total de chegadas internacionais ao arquipélago.
Angola lidera a lista de mercados emissores extra europeus, com uma quota significativa de
15,3%. A França é o outro país europeu que integra o top-5 de mercados emissores em 2016,
registando uma quota de mercado de 6,2%. Estados Unidos e Reino Unido fecham o ranking dos
cinco principais países de origem dos turistas que chegam a São Tomé e Príncipe.
STP recebe hoje cada vez maior atenção de investidores internacionais e é uma grande
aposta para se tornar um dos maiores destinos de turismo ecológico do continente africano.
Num contexto em que variáveis, historicamente responsáveis pela cobertura do défice
estrutural da balança de bens, entraram em queda continuada, nomeadamente a APD, o turismo
assume uma importância decisiva na economia santomense, o que exige a criação de condições
para, de forma sustentada, manter a tendência do seu crescimento.
Tal objetivo implica e determina a consolidação dos destinos atuais de sol-praia-mar, o
que exige significativos investimentos na segurança, no triângulo da sustentabilidade
(económica, social e ambiental) e no marketing. Mas, também, no planeamento do
desenvolvimento dos destinos e na harmonização das intervenções do Estado, da Região, dos
Distritos e das empresas.
Portanto, a promoção e o desenvolvimento do turismo como plataforma de integração
ativa de STP no sistema económico mundial justifica-se principalmente pelo fato do Governo
reconhecer no turismo o potencial para se converter na principal alavanca de crescimento
económico e do equilíbrio das contas públicas, o que lhe confere o estatuto de ser um setor
estratégico para o desenvolvimento do País. Com efeito, isso implica a realização simultânea de
dois objectivos, sendo o primeiro, o de transformar o turismo na principal fonte de recurso
habitação, entre outras condicionantes, que, por enquanto se encontram ancoradas no desenvolvimento económico
(tradicional). Por conseguinte, na alavancagem das atividades turísticas, no compromisso com novo humanismo, sob
regimes políticos e democracia participativa, precisa-se garantir a criatividade e a gestão da sociedade, no sentido de
tentar eliminar o descompasso entre o discurso pragmático, o comportamento individual e as políticas públicas
ambientalmente corretas.
72
alternativo para equilibrar a Balança de Pagamentos, a médio prazo, em substituição à redução
dos fluxos APD.
O segundo consiste em fazer de São Tomé e Príncipe um destino de referência mundial
de turismo sustentável, tirando melhor proveito da experiência do estatuto da ilha do Príncipe
como Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO, já bastante conhecido pelos mercados
emissores. Por conseguinte, conforme se referiu atrás, são objetivos essenciais: a diversificação
dos produtos, alicerçada na geografia, história, cultura, etc.; a diversificação dos mercados
emissores, de destinos, de operadores, de infraestruturas de acolhimento, a redução/eliminação
de sazonalidades.
Assim, para melhorar a oferta e atração turísticas, propõe-se, além das acima
mencionadas, levar a cabo as seguintes ações:
• Implementar com as adaptações e criatividade necessárias a estratégia nacional de
turismo;
• Adequar a base legal existente, e transformar a atual estrutura da Direcção do Turismo
num Instituto;
• Melhorar o ambiente de negócios para atrair IDE para os diferentes domínios do
Turismo: Ecoturismo (roteiros de produção, cacau, café, azeite de palma etc.), ecoturismo
(roteiro e vinho de palma e eventualmente aguardente), agro-turismo, turismo de saúde
para o País;
• Atrair investimento direto estrangeiro para o setor mediante a melhoria de ambiente de
negócios e uma boa promoção da imagem do País no estrangeiro.
O turismo de qualidade, mais do que turismo de sol, praia e mar, exige do País a
preparação e a disponibilidade de oferta de vários produtos turísticos, nos domínios da
biodiversidade, da cultura nacional, das línguas nacionais, entre outras especificidades.
São Tomé e Príncipe, apesar de ter boas condições climatéricas, apresenta ainda dois
grandes desafios que condicionam a procura turística: preço elevado e distância média ao país de
origem também expressiva.
Face aos desafios em referência, importa ressaltar que no quadro do processo de
graduação de São Tomé e Príncipe, a resolução nº 67/221, de 26 de Março de 2013, adotada
pela Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a transição suave para os países que se graduam
da lista dos países menos desenvolvidos, enfatiza que a graduação é um marco importante para o
país envolvido, pois significa que houve progressos significativos na realização de pelo menos
alguns dos seus objetivos de desenvolvimento.
Importa referir que, segundo o Comité de Políticas para o Desenvolvimento (CDP) das
Nações Unidas, os países menos desenvolvidos (PMD) são países de baixo rendimento que
sofrem dos mais graves constrangimentos estruturais ao seu desenvolvimento, nas dimensões
económica, social e ambiental.
As medidas desses impedimentos estruturais ao desenvolvimento sustentável foram
elaboradas com base na construção de 3 índices/critérios: a renda per capita, que mede o
rendimento por cada habitante, o índice de ativos humanos, que mede o desenvolvimento
humano e o índice de vulnerabilidade económica, que mede a vulnerabilidade estrutural da
economia aos choques.
No que concerne aos progressos de São Tomé e Príncipe face aos critérios de saída da
categoria dos PMD, da análise dos gráficos em baixo, importa ressaltar que desde 2015 o PIB de
São Tomé e Príncipe encontra-se acima do limiar de saída, que desde 2006, o Índice de
Desenvolvimento Humano encontra-se acima do limiar de saída, 66 e que o Índice de
Vulnerabilidade Económica nunca esteve abaixo do limiar de saída, 32.
73
Gráfico 11: Progresso de STP face aos critérios de saída da categoria de PMD
74
Portanto, a principal mensagem ou recomendação para São Tomé e Príncipe, diz respeito
à necessidade do país dotar-se de uma estratégia de desenvolvimento que integre a perda dos
apoios específicos para os países menos desenvolvidos, no quadro do processo de sua graduação.
No que concerne especificamente ao apoio para o processo de transição, a CDP
recomenda as seguintes ações:
• Seguir a resolução da Assembleia Geral (67/221) para assegurar continuação dos apoios;
• Melhorar a compreensão das medidas de apoio disponíveis para os PMD visando maior
facilidade na preparação da estratégia de transição suave;
16
• Utilizar a fonte única de informação, Plataforma Gradjet www.gradjet.org, para melhor
informação sobre o que acontece antes, durante e depois de sair da categoria,
disponibilizando contactos, informações e sugestões sobre o que fazer em cada etapa do
processo de transição;
• Reforçar a assistência técnica interagências para a preparação da transição suave;
• Força-Tarefa das Nações Unidas na Graduação.
São inúmeras as atividades económicas ligadas à indústria do mar, sendo na sua grande
maioria muito longe de uma exploração eficiente, rentável e sustentável para o País. Transportes,
portos, logística e expedição, construção, manutenção e reparação naval, pesca e aquacultura,
desporto e lazer, turismo, património e cultura, defesa e segurança, energias renováveis, recursos
minerais, biotecnologia, etc..
Urge a adoção de uma nova visão e de um novo paradigma para este setor, que deverá
fundamentar-se em três pilares complementares: conhecimento; valorização, exploração dos
recursos naturais e promoção dos usos do mar; e preservação dos sistemas naturais.
16
Em 26 de Outubro de 2018, um novo site para os países menos desenvolvidos será lançado oficialmente na sede
da ONU em Genebra, Suíça. O Gradjet, desenvolvido pelo Secretariado do Comité de Política para o
Desenvolvimento das Nações Unidas (CDP), ajudará as autoridades governamentais nos países menos
desenvolvidos a entender o que significa deixar a categoria dos países menos desenvolvidos e traçar um caminho
para ações futuras. Destina-se também à comunidade de desenvolvimento mais ampla e a qualquer pessoa
interessada na graduação de PMD. Adaptado a cada país, mostrando o que significa graduação em contexto, o site
mostra o que acontece antes, durante e depois de sair da categoria, com contactos, informações e sugestões sobre o
que fazer em cada etapa
75
A execução destes pilares deverá ser assegurada num quadro de desenvolvimento
sustentável, garantindo às gerações vindouras não só as mais-valias económicas e o bem-estar
resultante do conhecimento e dos usos, mas também um legado ambiental de qualidade.
Esta aposta na economia marítima é correta e consistente com o potencial de um oceano
de oportunidades que o mar representa para STP e que deve constituir-se num verdadeiro e
seguro desígnio nacional para um futuro que certamente todos os são-tomenses ambicionam.
Assim, um estudo para uma melhor avaliação sobre as oportunidades de São Tomé e
Príncipe nesta matéria revela-se de caráter urgente, tendo em vista a elaboração do Plano de
Negócios para a Indústria de Abastecimento (bunkering) do futuro porto de STP, sendo seu
mercado potencial substancialmente determinado pelos navios que transitam dentro da Zona
Económica Exclusiva de São Tomé e Príncipe e/ou em latitudes próximas da mesma. Outro
potencial mercado para o País é o de transbordo (transhipment).
Trata-se de um programa, cujo sucesso depende da assunção pelo Estado do papel de
promotor, em que o mesmo deve contar com a forte e dominante participação do setor privado,
sobretudo nos domínios da infraestruturação, da operação dos vários serviços associados, do
investimento e do financiamento.
76
Segundo dados da Empresa Nacional de Aeroportos e Segurança Aérea (ENASA), para o
inverno 2017/2018, houve seis companhias a operar no País, com proveniência de Lisboa/Acra,
Luanda, Libreville, ilha do Príncipe e Cabo Verde (Ilha do Sal), em 2019.
O principal desafio que o País enfrenta nesta área é dotar-se uma estratégia para captação
de novas rotas a partir dos referidos mercados, que criem uma nova dinâmica nas ligações aéreas
de e para o arquipélago, e que contribuam para o aumento de fluxo de passageiros e turistas na
região. Desta forma poder-se-ão reduzir os preços das passagens e aumentar o número de
visitantes.
São Tomé e Príncipe possui condições básicas para transformar-se num centro regional e
internacional de negócios, altamente competitivo, e num espaço privilegiado de localização de
empresas, dado que o País possui uma localização ótima, no centro do Atlântico; tem bons
padrões de segurança, de estabilidade e de paz social. Sendo constituído por duas ilhas, as
condições de mobilidade interilhas e com o continente africano são boas; para Europa, via
Portugal 4 vezes por semana. Contudo o País precisa de melhores infraestruturas sobretudo em
domínios essenciais como as telecomunicações e os transportes (aéreos, marítimos e rodoviários)
energia, água e saneamento.
O País também precisa investir na qualificação dos recursos humanos e prepará-los para a
aquisição das habilidades adequadas ao desenvolvimento de qualquer tipo de atividade. Goza de
estabilidade cambial, derivada do Acordo de Cooperação Cambial com Portugal, que estabeleceu
a paridade fixa da Dobra com o Euro; possui bons padrões de saúde, designadamente de saúde
pública, com quase ausência de endemias; possui boas relações com a União Europeia, Estados
Unidos da América, África e o Brasil; e é membro da CPLP e da CEEAC.
Não obstante serem estas as condições básicas para fazer de STP uma importante praça
para o registo e para a localização de empresas, outros investimentos são necessários nos três
domínios de competitividade, conforme se referiu no capítulo anterior: a confiança; os custos de
contexto; e a sustentabilidade. O programa: transformar STP numa praça regional e internacional
de negócios têm por objetivo a intervenção sobre os três domínios referidos, dando prioridade à
melhoria do ambiente de negócios, agindo sobre as variáveis suscetíveis de melhorar os
indicadores de doing business, de boa-governação, de liberdade económica e do risco soberano.
O Setor de comércio padece de vários constrangimentos. Este fato deve-se a
precariedade intersetorial da economia, decorrente de baixo nível de infraestruturação da
economia, de uma classe empresarial pouco dinâmica e descapitalizada e de um ambiente de
negócios que precisa ainda de melhorias. Entretanto, com o novo rumo que se pretende dar ao
desenvolvimento económico do País, o Governo dará uma atenção particular a matérias que se
prendem com o dinamismo da exportação através da identificação e exploração de mercados,
bem como de novos acordos com os parceiros de desenvolvimento.
Para o efeito, deve-se envidar esforços no sentido de desenvolver as seguintes ações:
• Reforçar a capacidade negocial através de ações de treinamento, formação e
especialização de quadros e de relações de intercâmbio com países de competência
reconhecida para efeitos de troca de experiência;
• Promover novos modelos comerciais entre São Tomé e a Região Autónoma do Príncipe e
entre os Distritos, explorando as potencialidades de cada unidade territorial;
• Definir uma política comercial que permita o desenvolvimento de estratégias para uma
progressiva integração na economia regional e mundial tendo em conta a sua privilegiada
posição geoestratégica e geoeconómica no Golfo da Guiné;
• Desenvolver um sistema de crédito e de outros mecanismos de financiamento que
garantam rentabilização das atividades comerciais;
77
• Aprofundar as relações com a CEEAC e CEMAC, por forma a beneficiar das disposições
para a extensão de uma ZLC - Zona de Livre Comércio;
• Aprofundar e aperfeiçoar as negociações do APEUE - Acordo de Parceria Económica
com a União Europeia no quadro regional, tendo em conta as caraterísticas do País.
78
4.1.1.5. Setor Financeiro
79
É um objetivo que exige uma estratégia ousada e consistente, apostando na inovação e na
inserção em centros e redes mundiais de investigação e produção da tecnologia digital. O que
pressupõe a criação de condições nos setores básicos de suporte, como as telecomunicações, por
exemplo.
Embora o desenvolvimento da componente digital seja uma tarefa predominantemente do
setor privado, o seu sucesso depende do papel do Estado enquanto principal líder, agente
promotor e parceiro por excelência. O papel do Estado é essencial, sobretudo, na articulação das
iniciativas privadas, na criação de incentivos, na promoção de alianças, parcerias externas e na
formação.
80
• Criação de condições para estimular e dinamizar parcerias entre as unidades de
investigação e as empresas, de modo a desenvolver-se programas de investigação
aplicada e promover-se a geração de emprego e trabalho;
• Fomento da cultura para criação de concursos destinados a projetos de investigação em
todas as áreas científicas, permitindo assim um adequado planeamento de atividades e
financiamento estável aos mais competitivos;
• Lançamento de um programa competitivo de apoio aos Programas de Doutoramento de
melhor qualidade, estrutura e garantia de rentabilidade;
• Apoio aos programas de divulgação científica e de incentivo ao envolvimento de jovens
na ciência;
• Agilizar disposições legislativas que facilitem a integração de investigadores do setor
público no setor privado e que valorizem curricularmente as atividades de transferência
de tecnologia;
• Apoio à formação pós-graduada de técnicos e investigadores;
• Redefinição dos critérios de atribuição de bolsas de estudo, bem como as prioridades de
formação;
• Definição e implementação de um modelo de financiamento do ensino superior, com
vista à uma maior estabilidade e previsibilidade, bem como à consideração de fatores de
qualidade da atividade e de incentivos ao seu melhoramento;
• Identificação, em conjunto com o sistema financeiro, das modalidades de incentivos
susceptíveis de facilitar o acesso ao crédito para jovens estudantes que, para além de
bolsas atribuídas pelo Estado, queiram financiar as suas próprias formações.
capitais
recursos
mercado
organizacionais
recursos
tecnologia
humanos
No que concerne aos recursos humanos em particular, o PNDS partilha a tese dos que
defendem que a acumulação de capital humano é muito similar à acumulação de capital físico
(modelo de Solow, 1993), quanto mais recursos dedicados à acumulação de capital, considerado
no seu sentido mais amplo, maior a produção no futuro. Um alto índice de escolaridade é um
indicativo de trabalhadores com maiores habilidades e maior produtividade, o que por sua vez
aumenta a capacidade de produção de bens e serviços de uma economia. A abundância de
recursos humanos bem-educados também facilita a absorção e a produção de tecnologia.
Importa destacar que o IDE tem a virtude de trazer no seu bojo este pentágono de
recursos e, ao fazê-lo, determina efeitos diretos, indiretos e induzidos sobre todos os setores da
vida económica e social, assim como a melhoria das variáveis macroeconómicas, nomeadamente
o PIB, a Balança de Pagamentos, o emprego, o rendimento e as receitas públicas.
No âmbito do PNDS, é fundamental que a agenda diplomática de São Tomé e Príncipe
priorize o aprofundamento das relações económicas multilaterais e bilaterais ou seja, que se
empenhe ativamente na criação das condições políticas e de cooperação que viabilizem a
integração ativa de STP no sistema económico mundial.
Assim sendo, algumas dessas prioridades da diplomacia poderia ser o aprofundamento
das relações políticas e de cooperação com os espaços atlânticos dinâmicos, em particular, os
países da CEEAC, a União Europeia, Portugal, Brasil, NAFTA (Tratado Norte-Americano de
Livre Comércio), os Estados Unidos da América, África Austral, nomeadamente, Angola e
África do Sul, sem descurar parceiros importantes como a China e outros.
No quadro da implementação da Agenda 2063 da União Africana, uma nota especial é
conferida ao Acordo de Livre Comércio Continental Africano (AfCFTA) para a integração
económica, assinado a 21 de Março de 2018, na cimeira extraordinária da União Africana (UA),
em Kigali, capital de Ruanda. AfCFTA constitui o primeiro passo para criação da maior zona de
livre comércio do mundo.
82
O acordo foi lançado oficialmente na cimeira da UA no Níger, em Julho de 2019, com o
anúncio da assinatura da Nigéria e do Benim, passando a Eritreia a ser o único país, entre os 55
da UA, que não assinou o acordo. Em vigor a 30 de Maio do corrente ano, o AfCFTA insere-se
no quadro de um processo que, até 2028, prevê a constituição de um mercado comum e de uma
união económica e monetária em África, razão pela qual também está em curso a criação do
passaporte único africano.
Numa primeira fase, o acordo levará à eliminação das tarifas sobre 90% dos produtos. O
objetivo da UA é criar a maior zona de livre comércio deste género no mundo, com um mercado
orçado em 2,5 biliões de dólares e um produto interno bruto (PIB) continental de (55 Estados-
membros) 2.500 mil milhões de dólares (equivalente a 2.030 mil milhões de euros). A Zona visa
fortalecer os fragmentados mercados africanos e a presença, a uma só voz, na cena internacional,
nas negociações com outros blocos, permitirá impulsionar o desenvolvimento de um continente
com cerca de 1,2 mil milhões de habitantes.
Destaca-se que, neste momento, os países africanos trocam entre si 16% dos seus bens,
um valor comparativamente aquém dos 65% trocados entre os países europeus. Contudo, a
União Africana acredita que, até 2022, o acordo irá levar a um aumento de 60% do comércio
interno do continente.
Regista-se, no entanto, que muitos pré-requisitos suscetíveis de comprometer a Zona
foram negligenciados, como, por exemplo, a falta de infraestruturas para o transporte de
mercadorias.
Em São Tomé e Príncipe espera-se, para breve, a ratificação da convenção, na expetativa
de que a sua implementação traga novas perspetivas para o crescimento do continente africano e
para o desenvolvimento sustentável e inclusivo do País. Portanto, é evidente que STP precisa
fortalecer e consolidar o processo da sua integração e cooperação tanto com a sub-região da
CEEAC, com região do Golfo da Guiné e com União Africana no seu todo.
Nesse pressuposto, a comissão das nações unidas está a coordenar este processo de
integração nos cinco países insulares, nomeadamente, Cabo Verde, Ilha dos Comores, Ilhas
Maurícias, Seychelles e São Tomé e Príncipe, considerando que a ratificação do acordo é
fundamental para que a Zona de livre Comercio em África alcance os resultados esperados.
Assim, é primordial que os estados Membros envidem esforços nesse sentido, mediante
estratégias nacionais integradas e eficazes, com objectivo de maximizar os benefícios desse
acordo.
Dentre as oportunidades oferecidas pela ZLECAF, STP pretenderá aumentar suas
exportações para região, alargar o seu mercado, aumentar o consumo de produtos provenientes
da região, modernizar a economia, atrair investimentos externos e reforçar a capacidade de
negociação dos atores nacionais.
O Governo assume ter encontrado São Tomé e Príncipe numa grave situação
socioeconómica, tendo por isso destacado no seu Programa de Governação que sua principal
preocupação diz respeito ao resgate e a devolução da dignidade e do bem-estar a todos os são-
tomenses. Esse desiderato será materializado com a implementação do novo modelo de
desenvolvimento assente numa economia de prestação de serviços, ancorado a um setor privado
reforçado e dinâmico, na convicção de que este é o modelo que oferece maior potencialidade e
garantia para a concretização do crescimento económico médio anual superior a 7%. Nessa
perspetiva, o turismo é eleito como motor de transformação e de criação de valor, agregando
recursos do setor da agricultura, da pecuária, das indústrias criativa e marítima, entre outros.
83
No entanto, o Governo está ciente de que os desafios que se colocam ao País não podem
ser resolvidos numa única legislatura e que os imperativos improrrogáveis potenciadores de
eficiência e geradores de sinergia propulsora de riqueza e de emprego podem consumir uma
legislatura, em questões preparatórias, sem a produção de efeitos práticos imediatos. Além disso,
depara-se com uma agravante que se prende com o fato do País não dispor de capacidade de
gerar e mobilizar recursos internos suficientes que lhe permitam a execução plena do seu
Programa de Governação.
Mesmo assim, O Governo assume como missão inadiável a realização, no decurso desta
legislatura, de dois grandes desafios, sendo o primeiro no domínio económico e ambiental, e o
segundo no domínio social e da boa-governação.
O primeiro diz respeito à proposta de criação de condições básicas para o relançamento
do crescimento económico superior a 7%, gerador de postos de trabalho, direto e indireto,
potenciado pelo investimento privado, pela diversificação da base produtiva do País e pelo
reforço da sua capacidade de produção e de competitividade. De igual modo, a melhoria nos
setores dos transportes e distribuição de energia elétrica, da construção e reabilitação infra-
estruturas são essenciais ao incremento do desenvolvimento económico, social e ambiental, e ao
alcance desse nível de crescimento da economia.
Nessa perspectiva, São Tomé e Príncipe deve assumir como imperativo o desafio de
promover uma educação de excelência, para formar o capital humano de acordo com a exigência
dos novos tempos. No mesmo sentido, serão ativadas incubadoras de empresas no quadro de
empreendedorismo jovem, com foco na inovação, competitividade, cooperativismo e criação de
clusters.
Para que tudo isto aconteça, torna-se necessário uma correta e sustentada administração
das finanças, na qual a programação, orçamentação, alocação das despesas públicas,
investimentos públicos serão efetuadas com rigor e simplicidade, mas respeitando
escrupulosamente a justiça da fiscalidade.
84
Viu-se no subcapítulo Setor do Turismo, que a atividade turística, no arquipélago de São
Tomé e Príncipe, tem vindo a ganhar cada vez mais importância, não só na economia do País,
como também no panorama nacional, sobretudo pela oferta de um produto turístico de valor
ímpar. Entre 2010 e 2016 o número de turistas em visita ao destino passou de 8 mil para 29 mil,
um acréscimo de 263%. Apesar do crescimento significativo e animador, a exploração do
potencial turístico dos recursos naturais, históricos e culturais de São Tomé e Príncipe está ainda
numa fase embrionária.
85
Gráfico 14: Evolução da atividade turística 2010-2016
A boa nova é fato do País receber hoje cada vez maior atenção de investidores
internacionais, o que constitui uma grande aposta e oportunidade para STP tornar-se um dos
maiores destinos de turismo ecológico do continente africano, embora, atualmente, o turismo em
são Tomé e Príncipe enfrente vários desafios, dos quais destacam-se quatro principais:
• Desafio da competitividade;
• Desafio da sustentabilidade;
• Desafio de maximização do impacto sobre a riqueza e bem-estar dos santomenses;
• Desafio da concentração, já abordados no subcapítulo setor do Turismo.
O turismo de qualidade, sendo mais do que turismo de sol e praia, exige do País a
preparação e disponibilidade de oferta de vários produtos e serviços turísticos, ancorados na
biodiversidade, cultura nacional, línguas nacionais, entre outras especificidades. Além disso, a
diversificação de mercados emissores, de destinos, de operadores, de produtos, de infraestruturas
de acolhimento e a redução ou eliminação de sazonalidades são objetivos essenciais.
Paralelamente ao desenvolvimento do turismo, setores-chave identificados devem ser
desenvolvidos, numa ótica de complementaridade e promoção da produção interna e
exportações. Os setores são nomeadamente as pescas, agricultura, indústria ligeira e as indústria
criativas.
86
4.2.2. Promover a Diversificação da Produção e das Exportações
87
O Quadro Integrado Reforçado (QIR), Ajuda ao Comércio específica para os PMD,
também continuará durante cinco anos após a saída do País (trata-se duma pequena proporção do
total da Ajuda ao Comércio).
No atinente às medidas preferenciais no comércio e tratamento especial da Organização
Mundial do Comércio: nas exportações de STP os serviços são predominantes 88%, os bens
12%, dos quais o cacau representa 10%. Entre as exportações de bens e mercadorias há um
predomínio de matérias-primas.
A Exportação de grão de cacau e outras matérias-primas não será afetada pela
17
descontinuação das preferências para os PMD oferecidas pelos parceiros atuais (tarifa MFN é
zero). Estes produtos também continuariam a entrar noutros mercados como o dos EUA, livres
de taxas e obrigações alfandegárias.
Depois da graduação, haverá perda das vantagens preferenciais para produtos com maior
transformação (Chocolate, por exemplo) e sujeitos a taxas mais elevadas. Os produtos
transformados enfrentam tarifas mais elevadas. Chocolate e outros preparados alimentares com
cacau enfrentarão tarifas mais elevadas na União Europeia (intervalo de 2,8% a 10,7%,
dependendo do produto), mas não nos EUA. Contudo, tais exportações representam atualmente
menos de 3% das exportações. Outros produtos de exportação (exportações potenciais) tais como
o peixe e marisco enfrentarão tarifas mais elevadas na UE (até 13,5%), mas não nos EUA.
No entanto, mesmo na UE, essas tarifas poderão ser mitigadas ou eliminadas com a
18
adesão ao GSP+ da UE .
Tratamento preferencial para serviços e fornecimento de serviços: não haverá impactos
significativos, dada a natureza das preferências concedidas e a dos serviços prestados por São
Tomé e Príncipe. O turismo é a principal componente na exportação de serviços e não se espera
ser afetado pela saída;
3. Outros apoios visam atender
• Limitações na contribuição financeira de STP (Secretariado das Nações Unidas,
Organização Internacional do Trabalho, Organização das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial, União Interparlamentar, Organização Meteorológica
Mundial);
• Financiamento e apoio às viagens do sistema das Nações Unidas:
o Orçamento regular da ONU: sem impacto na contribuição de STP após a saída da
categoria;
o Orçamento de manutenção da paz e outras entidades: acusa um impacto reduzido na
contribuição de STP após a saída de categoria;
o Apoio para viagens às reuniões da Assembleia Geral: prorrogação possível até 3 anos
após a saída de STP;
o Não há provisões para a descontinuação faseada de outros apoios às viagens após a
saída de STP da categoria dos PMD;
• Apoios direcionados à investigação, à análise política e advocacia, aos processos
intergovernamentais.
17
É o princípio do comércio sem discriminação da OMC. Status (condição) de nação mais favorecida (MFN):
tratamento igualitário nos termos dos acordos da OMC significa que os países normalmente não podem discriminar
seus parceiros comerciais. Se um país conceder a alguém um favor especial (como uma taxa aduaneira mais baixa
para um dos seus produtos) deverá fazer o mesmo a todos os outros membros da OMC.
18
O Esquema Generalizado de Preferências da UE remove taxas de importação de produtos provenientes de países
em desenvolvimento vulneráveis, ajudando-os assim a aliviar a pobreza e a criar empregos com base em valores e
princípios internacionais, incluindo trabalho e direitos humanos.
88
mínimo no acesso aos apoios; ii) o financiamento de instituições financeiras internacionais não
se prende com o estatuto de PMD, portanto, a saída não tem impacto sobre os empréstimos ou
doações destas instituições; iii) os principais parceiros continuarão a apoiar São Tomé e Príncipe;
iv) contudo, após a saída de categoria, STP não terá acesso aos mecanismos específicos para os
PMD.
No domínio do comércio: i) a perda de acesso preferencial aos mercados específicos dos
PMD não é significativa; ii) as diretrizes da OMC para os PMD não se aplicam após a saída de
STP; iii) as medidas de apoio ao comércio específicas para os PMD serão descontinuadas
gradualmente.
Ressalva-se ainda que não haverá impacto nas contribuições de STP para a maior parte
das contribuições orçamentais para as entidades da ONU; o apoio às viagens para as reuniões da
ONU será descontinuado gradualmente.
Mensagem principal a ser considerado pelo País é a relativa à necessidade e urgência na
elaboração de uma estratégia de desenvolvimento que integre a perda dos apoios específicos para
os PMD.
Apelos reiterados à melhoria dos apoios e incentivos aos países durante o processo de
saída, e, nesta perspetiva, as recomendações do CDP sobre a saída são as seguintes:
• Melhorar coordenação de parceiros para o desenvolvimento;
• Diretrizes da OCDE para os doadores nos apoios para os PMD;
• Reunião dos parceiros de desenvolvimento para discutir apoios.
89
• Utilizar a fonte única de informação, Plataforma Gradjet www.gradjet.org, para uma
melhor informação sobre o que acontece antes, durante e depois de sair da categoria,
disponibilizando contactos, informações e sugestões sobre o que fazer em cada etapa do
processo de transição;
• Reforçar a assistência técnica interagências para a preparação da transição suave;
• Tirar o melhor proveito possível da Força-Tarefa das Nações Unidas para a Graduação.
Além disso, o CDP recomenda os próximas passos a serem seguidos por São Tomé e
Príncipe visando a implementação das propostas acima mencionadas, designadamente:
• Definir/nomear um ponto focal no Governo para a saída de categoria dos PMD;
• Iniciar a elaboração da estratégia de transição suave:
• Identificar as ações que STP deve empreender;
• Identificar as ações que os parceiros devem empreender;
• Estabelecer o mecanismo de concertação entre STP e seus parceiros;
• Integrar a estratégia de transição suave noutros processos relevantes;
• Fornecer feedback para os relatórios de monitoramento da Comissão de Políticas para o
Desenvolvimento;
• Participar em novas iniciativas;
• Solicitar assistência coordenada através da Coordenadora Residente e da IATF (força-
tarefa interagências para a graduação).
4.2.2.1 Pescas
A extração de alimento do mar, ou seja, a pesca, é sem dúvida alguma, uma das mais
antigas razões de atração do homem pelo mar. A pesca é uma atividade milenária, que só
começou a passar da fase artesanal à fase industrial depois da II Grande Guerra Mundial.
A realidade da pesca moderna é o fato da indústria ser dominada por embarcações que
excedem largamente a capacidade da natureza em repor o peixe. Por outro lado, importa
assinalar que na pesca trabalha um grande número de pessoas. Anualmente, cerca de 100
milhões de toneladas de pescado são capturados e a estatística revela que esta quantidade é a
principal fonte de proteína para 2.000 milhões de pessoas. Para além do pescado, muitas algas
marinhas são também utilizadas para a alimentação, juntando-se a esses o sal de cozinha.
São Tomé e Príncipe enquanto país insular, detentor de uma Zona Económica Exclusiva
(ZEE) de 160.000 Km², de uma extensa orla costeira e de uma situação geoeconómica
privilegiada, o mar é, seguramente, uma fonte muito importante de recursos ao nível de bens e
serviços que a ele podem ser associados.
Os recursos marinhos constituem um dos poucos recursos naturais do País, representando
o setor das pescas um vetor importante para o desenvolvimento económico de STP, que
desempenha um papel crucial na economia do País, através do fornecimento de proteínas de
origem animal às populações.
Em São Tomé e Príncipe, a pesca artesanal chega a fornecer 90% do total das capturas
vendidas no mercado local, assegurando aproximadamente 70% de proteínas animais consumida
pela população local e garantindo, uma média anual de 23,6 Kg de peixe por habitante. Mais de
30.000 pessoas vivem da pesca artesanal. Segundo os dados da Direcção Geral das Pescas
(DGP), a pesca artesanal ocupa 15% da população ativa (pescadores e palaiês).
Esta atividade é praticada à linha ou à rede, em pequenas canoas construídas por métodos
tradicionais e movidas a remos, velas, ou a motor fora de bordo, mas de fraca potência.
90
A pesca semi-industrial é feita por mais de uma dezena de barcos em fibra de vidro, a
motor e a pesca industrial é efetuada pela frota de barcos da União Europeia que opera na ZEE
do País, sobre a qual não há registo de dados fiáveis sobre o volume de capturas.
A pesca nacional, fundamentalmente de caráter não industrial, concentra-se numa estreita
faixa costeira, muitas vezes por falta de meios para os pescadores deslocarem-se para mais longe.
De há alguns anos, este setor de atividade vem enfrentando uma grave crise, devido a
degradação progressiva dos ecossistemas marinhos e a consequente escassez de peixes. O uso
crescente de artes não seletivas e destrutivas (explosivos, redes de malha demasiada fina, etc.)
como forma de compensar o decréscimo de captura, coloca os pescadores num círculo vicioso de
destruição de um recurso considerado como crucial para as populações do arquipélago.
Além disso, a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada constitui hoje um dos
problemas que requerem solução urgente em São Tomé e Príncipe. As ilhas possuem uma
imensa superfície marítima e uma adequada exploração do mar constituiria uma oportunidade
ímpar para o desenvolvimento nacional.
No entanto, ao observarmos a sua contribuição relativa para a criação da riqueza nacional
através do Produto Interno Bruto (PIB), notamos que em 2016 foi de apenas 7,2%. Com efeito,
segundo os dados atuais disponíveis da Direção das Pescas, o País tem uma capacidade de
captura de pescado que ronda 29 mil toneladas por ano. Caso fosse possível explorar, de forma
sustentável, até 60% desta capacidade a contribuição deste setor na criação da riqueza nacional
aumentaria de forma exponencial.
Segundo Ned Dwyer (2013), o conceito de economia azul deveria alargar-se para o de
sociedade azul, encarando o oceano não apenas como um recurso económico mas como algo
fundamental para a existência humana. Este autor argumenta ainda que se o oceano não for
tratado como uma parte integrante da vida humana "apenas o veremos como algo para ser
explorado e usado e não para ser protegido", apesar de nos proporcionar "o oxigénio que
respiramos, a chuva que cai sobre nós, recursos como o peixe e a energia”.
O Programa do Governo, alinhado com a proposta de Dwyer, defende que a economia
azul procura estimular o crescimento sustentável a partir dos recursos aquáticos, oferecendo
vantagens competitivas às indústrias emergentes e às cadeias de valor existentes ou àquelas
ligadas aos novos produtos e mercados.
Da economia azul resultam preocupações ambientais profundas, que impõem uma
tomada de consciência crescente da necessidade de preservação dos ecossistemas oceânicos, que
por sua vez, cria oportunidades de investimento para o alcance dos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável definidos pelas Nações Unidas.
Esta preocupação é quanto mais legítima quando se trata de um País arquipelágico, com
uma superfície marítima de Zona Económica Exclusiva, 160 vezes superior à terrestre. Assim, o
oceano deve ser um setor de grande relevância para o desenvolvimento económico, pelas
atividades que gera, nomeadamente, as pescas, os transportes marítimos, o turismo, a construção
e a reparação naval, entre outras atividades relacionadas.
O reconhecido potencial do mar e da costa do País, bem como a tendência internacional
para o crescimento desse setor de atividade, constituem estímulos suficientes para que se passe
da intenção à prática, proporcionando a atração de investimentos e criando oportunidades de
negócios e de emprego. Este é o trilho a seguir a todos os níveis, nos domínios económico,
jurídico, científico, cultural, técnico, ambiental, geográfico, político e diplomático, etc.
Considerando que economia azul constitui uma nova abordagem do desenvolvimento
para o setor marítimo; atendendo que ela representa um enorme potencial de criação de inúmeros
postos de trabalho e de valor acrescentado para o desenvolvimento de STP, o Governo irá
concentrar esforços no sentido de tirar o maior proveito possível dos recursos naturais marinhos,
enquanto base de expansão da atividade económica, em simultâneo com a formação e
91
qualificação de quadros nacionais neste domínio, salvaguardando que o aproveitamento
sustentável desses recursos é relevante sob os pontos de vista económico, social e ambiental.
Com efeito, com o objetivo de promover o crescimento da economia azul, preconiza-se,
com o apoio dos parceiros de desenvolvimento de STP, a elaboração urgente de uma estratégia e
do respetivo plano de ação, bem como a mobilização dos recursos necessários para a sua
implementação. Os investimentos serão direcionados para reforço da resiliência e
desenvolvimento em setores como oceano, ambiente, pescas, aquacultura, cadeia de valor dos
produtos do mar, transportes marítimos, turismo sustentável, energias hídricas.
A estratégia e plano de ação para o setor das pescas deve estar estreitamente harmonizado
com a estratégia nacional de transição suave a ser elaborado e implementado no quadro do
processo de graduação de São Tomé e Príncipe da categoria dos PMD, previsto para 2024.
Assumindo que os recursos naturais marinhos são indispensáveis nas abordagens do
desenvolvimento de STP, propõe-se reforçar o papel estratégico da pesca na produção,
transformação e disponibilização de proteína animal a população santomense, bem como numa
fonte sustentável de divisas ao País, através das seguintes medidas:
• Promover o aumento controlado de pesca e sua conservação para o abastecimento da
população;
• Importar e iniciar mecanismos de produção de materiais e equipamentos de pesca para
garantir a sua disponibilidade no mercado nacional;
• Promover a criação e o reforço da capacidade das cooperativas piscatórias e de outras
formas de organização que possibilitem maior dinamização e desenvolvimento do setor
das pescas;
• Ciar condições institucionais e técnicas visando a coleta, tratamento, sistematização e
divulgação de dados e informações estatísticas, fiáveis e oportunas, sobre as pescas;
• Melhorar o sistema de monitorização contínua e de fiscalização de atividades piscatórias
da Zona Económica Exclusiva (ZEE) do País;
• Melhorar as condições higiossanitário no manuseamento, tratamento e conservação do
pescado e, nesse sentido, garantir condições laboratoriais necessárias ao exame, avaliação
e certificação de qualidade de pescado nacional, enquanto potencial produto de
exportação;
• Incentivar a comunidade científica existente em São Tomé e Príncipe a desenvolver
investigação científica dos recursos haliêuticos com objetivos económicos, sociais,
institucionais e de comercialização do pescado, em parceria com suas congéneres aos
níveis regional e internacional;
• Aperfeiçoar a legislação e as instituições e adotar medidas adequadas visando a
promoção de uma pesca responsável;
• Promover de forma intensa o empoderamento dos pescadores e das palaiês, auxiliando na
construção de pequenas e médias embarcações de fibra tipo “AZ”, motores de bordo
adequados, materiais de pesca, centros de conservação, de processamento e de venda de
pescados no litoral e no interior do País, com o objetivo de aumentar a qualidade e o
valor agregado dos produtos piscatórios e garantir padrões de qualidade, de segurança e
higiene aceitáveis.
4.2.2.2. Agricultura
92
As opções estratégicas preconizadas pelo Governo para agricultura propõem transformá-
la num setor gerador de emprego e de rendimento, portador de prosperidade e de reconhecimento
social, respeitador e protetor do ambiente.
A estratégia ainda propõe uma transformação do setor no sentido de mudança de uma
lógica de subsistência para a de empresarialização. Assim, cria-se uma agricultura e uma agro-
indústria competitivas tanto no mercado local como nos nichos dos mercados regionais e
internacionais, e que efetivamente contribuam para o reforço da segurança alimentar e
nutricional da população, reforço da capacidade exportadora do País e, por conseguinte, maior
equilíbrio da balança de pagamentos e melhor distribuição de rendimento nacional,
principalmente, em benefício dos mais pobres e vulneráveis.
Nessa perspetiva, importa destacar que atualmente o setor agrícola enfrenta desafios
estruturais que se prendem, nomeadamente, com a necessidade de aumentar produtividade e
diversificar a produção para atender a crescente procura de alimentos, uma vez que o País possui
ótimas condições em matéria de solo, pluviosidade, água e clima em geral.
Disso deriva, por um lado, a premência em adotar e promover explorações agrícolas
modernas de alto rendimento e, concomitantemente, a necessidade de adaptação às mudanças
climáticas, visando o reforço da resiliência e da redução de riscos.
Outros desafios importantes consistem na garantia da qualidade dos produtos e sua
certificação; na organização dos produtores para responder à procura efetiva e potencial; na
circulação dos produtos e na competitividade.
A consecução de soluções para estes desafios está perfeitamente alinhada com os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que, designadamente, visam acabar com a pobreza
em todas as suas formas e em todos os lugares, erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar
e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável, no horizonte 2030.
Para vencer estes desafios, o Governo, no quadro das medidas de política para o setor
agrícola e rural, privilegiará o desenvolvimento de sistemas produtivos, tais como unidades
familiares, cooperativas de produção e empresas tecnologicamente modernas, rentáveis e
ambientalmente sustentáveis.
Trata-se de medidas que implicam a realização dos seguintes objetivos:
• Promover a conservação e gestão racional dos recursos naturais, e da biodiversidade;
• Concluir o IIIº Recenseamento Agro-Pecuário e implementar um sistema permanente e
rigoroso de recolha, tratamento, divulgação, disponibilização de informações estatísticas
agrícolas, fiáveis e oportunas, indispensáveis ao seguimento e avaliação das políticas
nacionais, ao respeito pelos compromissos nacionais e internacionais e à satisfação das
necessidades dos diferentes utilizadores;
• Capacitar e formar permanentemente técnicos e agentes jovens envolvidos no setor
agrícola e rural, com vista à utilização de tecnologias inovadoras, que rentabilizem as
infra-estruturas vocacionadas para formação e capacitação profissionais;
• Promover a conservação das florestas, através de gestão sustentável e valorização dos
serviços eco-ambientais, económicos e socioculturais;
• Fiscalizar de forma permanente as parcelas familiares, as pequenas e médias empresas;
19
elaborar o cadastro rural , plano de ordenamento e reordenamento agrário e desenvolver
os serviços hidráulicos e de irrigação dos terrenos agrícolas, incluindo a construção de
represas com a dupla valência, irrigação e mini-hídricas de geração de energia (elétrica);
• Promover novas técnicas de cultivo e de irrigação com o objetivo de melhor
rentabilização da produção e otimização dos recursos hídricos;
19
O conhecimento do território e a identificação dos limites e titularidade da propriedade é fundamental para a
gestão e decisão das políticas públicas de solos, de ordenamento do território e de urbanismo.
93
• Salvaguardar a biodiversidade, nomeadamente as espécies em extinção, como
património natural da humanidade, com a respetiva promoção social e económica
durável;
• Atualizar a carta de referenciação agrícola;
• Pecuária: priorizar a criação de espécies de ciclo curto: avicultura intensiva, pequenos
ruminantes de forma contingentada (massificação de currais), suinicultura e cunicultura;
• Promover as ações de âmbito nacional da proteção da saúde animal e condições de
higiene e veterinária com impacto na saúde pública;
• Elaborar normas orientadoras e fornecer o apoio técnico necessário ao desenvolvimento
da produção animal e melhoria zootécnica das espécies pecuárias;
• Apoiar o setor agrícola e rural na investigação básica e investigação aplicada, na
prestação de serviços de consultoria e aconselhamento, criadores de postos de trabalho, e
promover a capacidade do setor público e privado para uma gestão eficiente, através de
investigação e estudos, formação e novas tecnologias aplicadas;
• Reorganizar o setor com vista a responder às exigências que os efeitos das alterações
climáticas nos impõem;
• Concluir o processo de descentralização do serviço público da agricultura e criar
condições para que as delegações regionais cumpram os objetivos para os quais foram
instituídos;
• Criar mecanismos para tornar o setor atrativo e motivante para os jovens e para os atuais
quadros, à semelhança do que acontece noutros setores (mais atrativos).
94
Assistência à organização da classe produtiva: promoção de cooperativas e empresas
agrícolas, através da produção da legislação necessária, projetos de incubação e parcerias úteis
com a Câmara de Comércio Industria Agricultura e Serviços e outras organizações;
Promoção de atividades geradoras de rendimento: financiamento e assistência técnica
específica destinados a micro e pequenos projetos familiares e comunitários, no quadro do
processo de redução da pobreza (projetos agrícolas, de pecuária, de transformação e
comercialização de produtos alimentares, de produção de carvão, etc.;
Desconcentração gradual de competências para a RAP e Distritos, priorizando as
entidades territoriais sem delegações do Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural,
mediante protocolos específicos;
Ambiente: a proteção do meio ambiente deixou de ser visto apenas como um custo para
a sociedade. Trata-se de uma das três dimensões que, conjuntamente com as dimensões social e
económica fundamenta e orienta o novo paradigma que é o de desenvolvimento sustentável.
Assim, passarão a ser exigidos estudos de impacto ambiental no processo para a
implementação de qualquer projeto de grande dimensão. Por seu turno, questões ambientais
ligadas a proteção de ecossistemas, erosões costeiras, poluições sonoras, marítimas, do ar,
questões associadas a proteção de espécies endémicas merecerão uma particular atenção do
Governo, no sentido de regulamentação, monitoramento e fiscalização.
A estratégia visa garantir a sustentabilidade e qualidade ambiental, promovendo a
cidadania ecológica e o reforço dos sistemas de licenciamento e auditorias ambientais e, criando
as condições para a responsabilidade partilhada na governação ambiental.
De igual modo, procurar-se-á preservar e valorizar a biodiversidade marinha e terrestre,
com base nos serviços dos ecossistemas, para a promoção de setores de atividade económica,
designadamente, o turismo, a agricultura, a silvicultura e a pecuária, e implementação dos Planos
de Gestão e conservação das áreas protegidas e das espécies, contribuindo para o
desenvolvimento sustentável do País.
Recursos hídricos são cruciais para o desenvolvimento ao nível do setor agro-pecuário,
ambiental e do saneamento. Assim, a estratégia visa garantir o acesso universal e equilibrado à
água potável para todos e prosseguir com as reformas no setor da água e saneamento, tendo em
vista a sustentabilidade e qualidade ambientais, a saúde pública, a melhoria das condições
socioeconómicas da população e o bem-estar dos cidadãos;
Saneamento: promover sistemas de saneamento e meio adequados, que respondam às
exigências do mundo moderno e proporcionem um ambiente sadio e de boa qualidade para os
cidadãos, especialmente, em matéria de gestão de resíduos sólidos urbanos, drenagem das águas
pluviais e proteção de encostas, sistemas de esgotos e de tratamento de águas residuais, entre
outras ações.
95
investigação, da formação profissional até a investigação e novas tecnologias de informação,
passando pela desburocratização.
Para a reestruturação da indústria nacional, reforçando a sua competitividade e elevando
o peso da indústria transformadora na economia nacional será preciso executar as seguintes
medidas:
• Reforçar a competitividade do País na atração de investimento, nomeadamente através da
alteração do código de benefícios fiscais, instalação de um sistema judicial célere e
credível;
• Aumentar e qualificar a rede de fornecedores;
• Apostar na criação de produtos com capacidade competitiva internacional, produtos
diferenciados, com incorporação de marca, perceção de valor, que permita aumentar o
preço internacional de venda;
• Promover a imagem de São Tomé e Príncipe como País credível e seguro para se fazer
negócios;
• Incentivar, ampliar e reforçar a capacidade de exportação do setor privado e aumentar o
comércio com os mercados regionais e globais, dinamizando a constituição de cadeia de
valor industrial;
• Promover a criação de ligações marítimas e aéreas fundamentais para o bom
funcionamento das empresas;
• Promover a capacitação e assistência técnica aos operadores industriais nacionais para
que as empresas nacionais possam integrar-se, de forma competitiva, nas partes mais
acessíveis das cadeias de valor globais como, por exemplo, fornecimento de frutas
frescas, verduras, pescado e serviços técnicos aos resorts turísticos;
• Promover o financiamento das indústrias atendendo que a produção industrial requer
mecanismos de financiamento adequados para a operação económica, incompatíveis com
os deficientes mecanismos existentes;
• Promover a capacitação institucional no que concerne à reforma do ambiente de operação
das empresas industriais, e tendo em conta a relação com as políticas conexas; o
desenvolvimento das capacidades técnicas das instituições públicas em matérias relativas
ao setor da indústria; e envolvimento dos representantes da classe nos espaços de diálogo
e de formulação de políticas existentes, bem como a formalização da criação de um
comité interinstitucional de desenvolvimento da competitividade da indústria nacional;
• Promover o ordenamento da política industrial, com base num diagnóstico setorial
aprofundado sobre a indústria nacional;
• Promover a implementação de um plano de reformas das leis pertinentes e conexas ao
setor da indústria visando responder às necessidades do setor e o desenvolvimento
nacional.
97
• Promover a preservação e o resgate das festas tradicionais e de romaria, nos circuitos de
feiras e festivais específicos;
• Garantir benefícios fiscais para a comunidade criativa, sobretudo no
escoamento/distribuição dos seus produtos;
• Potenciar os produtos e serviços culturais, enquanto atividades geradoras de rendimentos;
• Melhorar a qualidade de vida dos cidadãos através do usufruto de atividades sociais,
culturais, artísticas e recreativas;
• Gerir e divulgar as criações artísticas e património cultural, tanto no interior como no
exterior do País;
• Incentivar a produção qualitativa de produtos destinados ao consumo turístico;
• Promover a criação de espaços de divulgação e de comercialização dos bens, produtos e
serviços culturais mediante a realização de feiras, fóruns e festivais, em todos os Distritos
e na RAP, o que demanda medidas que possibilitem aos criadores e empreendedores
criativos a participação em iniciativas próximas aos seus locais de produção, diminuindo
os custos de transporte e de participação;
• Apostar fortemente na vertente educativa e formativa, sendo papel do Estado, a inclusão
da criatividade no sistema educativo, a criação de ofertas formativas direcionadas para as
necessidades e as especificidades do setor;
• Incentivar os empreendedores a apostarem num constante aperfeiçoamento das técnicas e
das práticas, através de ações de formação, utilizando as plataformas digitais para
interagir com outros empreendedores, adquirir conhecimentos, estabelecer parcerias
técnico-comerciais e promover os bens, produtos e serviços desenvolvidos.
98
desenvolvimento, o que implica a decisão e implementação de um pacote de medidas de
descriminação positiva.
Além disso, as políticas de investimentos públicos a serem implementadas em todos os
Distritos e na RAP visando, especialmente, a melhoria do ambiente de negócios nas autarquias,
sinalizarão oportunidades de negócios e permitirão a devida apropriação e melhor implicação do
poder local e de outros agentes locais de desenvolvimento na execução dos programas nacionais
de desenvolvimento.
A criação de uma Sociedade de Desenvolvimento Regional, constituída pelo Governo,
RAP e Distritos e pelo Sector Privado, com o objetivo de promover investimento produtivo
nessas autarquias, com a finalidade de alavancar o desenvolvimento socioeconómico local
poderá ser uma boa solução.
A regionalização do PNDS representa também um compromisso maior do Governo e do
Poder Regional e Local com a qualidade e a transparência das despesas públicas, na expetativa
de que descentralização financeira traduzir-se-á em mais recursos e melhor intervenção das
autarquias na promoção da economia local, no atendimento da demanda social, através do
Orçamento Geral do Estado, o principal instrumento de concretização dos planos e de gestão do
desenvolvimento.
Nesta perspetiva, o Plano de Desenvolvimento Sustentável da Região Autónoma do
Príncipe: „Príncipe 2030‟apresenta um roteiro para o desenvolvimento inclusivo, sustentável e
resiliente da Ilha, no horizonte de 2030, atualizando e complementando os planos regionais de
desenvolvimento precedentes, os planos setoriais vigentes, e os marcos internacionais, em
particular, a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável (PNDS) 2020-2024 será seu quadro
de referência, seu instrumento de orientação, de diálogo e de concertação no processo de
implementação das metas e objetivos, de curto e médio prazos, do Príncipe 2030.
A visão do desenvolvimento sustentável para a ilha, no horizonte temporal de 2030, bem
como os 10 objetivos e as metas que sustentam essa visão estão perfeitamente enquadrados e
alinhados com a visão do PNDS para o futuro de São Tomé e Príncipe.
As condições necessárias para a realização dos objetivos em referência, no curto e médio
prazos, encontram-se salvaguardados no PNDS. Aliás, o fato do PNDS conter um subcapítulo
intitulado Reforço do Planeamento e Regionalização do PNDS reflete e reforça a natureza de um
instrumento de planeamento vocacionado para federar, integrar, harmonizar e complementar
todos os planos e processo nacionais e internacionais relevantes, em curso ou em vias de
implementação no País.
No que concerne especificamente às preocupações e metas do Príncipe 2030 sobre um
adequado apoio institucional, melhoria da conetividade da ilha do Príncipe com São Tomé e com
o exterior, bem como do sistema de fornecimento de energia, e a realização de um cadastro
territorial, entre outros, a execução do PNDS contribuirá para a integração do mercado nacional,
através da melhoria da acessibilidade nas ilhas e interilhas; da melhoria do impacto do turismo
no rendimento das famílias; do acesso à informação e ao conhecimento; e do reforço no combate
à exclusão económica, social e digital.
Assim, a aposta na territorialização marcará seguramente o Governo, pela sua abordagem
centrada nos resultados, na valorização das ilhas e dos recursos endógenos, na promoção da
integração das economias das ilhas e numa focalização das intervenções públicas na redução das
desigualdades e no crescimento económico inclusivo.
99
regras. Porém, estas devem ser claras, justas, circunscrevendo-se ao estritamente necessário, e
aplicadas de forma transparente e efetiva, e não devem constituir obstáculos desnecessários à
criação de riqueza pelas empresas.
No entanto, não basta ter regras claras, incentivos e uma visão favorável à ação
empresarial. É preciso que as instituições do Estado estejam imbuídas desta filosofia e sejam
concebidas, estruturadas, organizadas e qualificadas para levar à prática esta visão e proporcionar
às empresas e aos empresários as condições adequadas ao seu desenvolvimento.
Assim, o Governo incentiva a ação empresarial na convicção de que o desenvolvimento
social e a melhoria das condições de vida dos cidadãos dependem muito da capacidade das
empresas criarem riqueza, independentemente da sua dimensão e esfera de intervenção.
Além disso, a criação de um ambiente de negócios favorável não pode ser circunscrita
apenas à ação das instituições estatais e à eliminação das restrições institucionais. É também
necessário a mudança da perceção do público em relação à atividade empresarial; intervir,
principalmente, sobre a prevalência de sentimentos negativos em relação ao empreendedorismo,
promovendo a sua aceitação sociocultural.
Portanto, a melhoria consistente do ambiente de negócios, pretendida pelo Governo, e
plasmada no seu Programa, não pode circunscrever-se à facilidade de fazer negócios, mas deve
abranger todo o ambiente institucional e cultural que envolve especialmente as pequenas e
médias empresas, com particular relevo para a reforma da Administração pública e para o
financiamento da economia.
No segundo capítulo do PNDS, destacou-se a importância das reformas económicas,
designadamente, a premente necessidade de se melhorar substancialmente o ambiente de
negócios, condição fundamental para a atração do IDE, aceleração do crescimento económico,
geração de novos postos de trabalho e de mais rendimentos sobretudo para jovens e mulheres.
Entretanto, aponta-se que um dos obstáculos ao processo de realização desse desiderato é
o baixo nível do ambiente de negócios existente no País. A posição de São Tomé e Príncipe no
indicador facilidade de fazer negócios (EDB) tem vindo a deteriorar-se nos últimos quatro anos.
O Doing Business 2016 (medindo a qualidade e a eficiência regulamentar) classificava STP em
160º, classificação que continuou a descer no Doing Business 2018, (reformar para gerar
emprego) para 169º e no Doing Business 2019 para 170º, valor que se manteve inalterado no
Doing Business 2020.
Face ao quadro acima mencionado, o Governo está determinado em tudo fazer para
melhorar o ambiente de negócios em STP, principalmente, no que tange à capacidade de fazer
cumprir os contratos, de resolver as insolvências, proceder aos registos de propriedade, obtenção
de créditos e proteção dos pequenos investimentos.
Para a consecução desse desiderato, ressalta-se a importância do sucesso das reformas em
curso ou em vias de implementação nas esferas da administração pública e da justiça como
condições propícias para a instauração e o desenvolvimento de um bom clima de negócios, de
atração e retenção do IDE, de desenvolvimento e fortalecimento do empresariado nacional.
Boa Governação: para transformar São Tomé e Príncipe num País credível, atrativo
altamente competitivo propõe-se ações assertivas visando o fortalecimento nas seguintes áreas:
• Democracia e a liberdade de expressão;
• Estabilidade política, ausência de violência e prevenção contra o terrorismo;
• Assegurar a efetividade governativa;
• Promover um sistema geral de regulação;
• Estado de Direito, com ênfase no papel e no respeito da Lei,
• O controlo rigoroso da corrupção.
100
Nessa perspetiva, propõe-se como meta, no horizonte do implementação do PNDS, fazer
com que a classificação de STP para cada indicador de boa-governação do índice Ibrahim de
governança africana, seja igual ou superior a 80.
Liberdade económica
101
Quadro 8 Índice de liberdade económica 2019
Doing Business
102
Gráfico 15: Classificação de São Tomé e Príncipe no ambiente de negócios em 2019
Portanto, o Doing Business (DB) focaliza a sua atenção no impacto das políticas
governamentais na vida corrente das pequenas e médias empresas nacionais, no pressuposto de
que uma regulamentação eficiente, transparente e implementada de forma efetiva, favorece a
expansão das atividades económicas e facilita a iniciativa dos que pretendem entrar no mercado e
concretizar as suas ideias de negócio.
Regista-se que áreas muito importantes para o ambiente de negócios, como a estabilidade
macroeconómica, o desempenho do sistema financeiro, as políticas fiscal e monetária, entre
outras, não são abrangidas pelo doing business.
Importa reter que, de 2016 a 2020, em matéria de facilidade de fazer negócios, a
classificação de STP ter regredido de forma continuada, da posição 160ª em 2016 para posição
170ª em 2019 e 2020. Os indicadores com maiores dificuldades são, como se referiu atrás, os
relativos à capacidade de fazer cumprir os contratos, de resolver as insolvências, de proceder aos
registos de propriedade, de obtenção de créditos e de proteção dos investidores minoritários e
obtenção de eletricidade.
20
A distância até a fronteira (DTF) é a variável estratégica, que mede o desempenho
global do País e que serve para estabelecer a classificação da facilidade de fazer negócios e que
tem vindo a deteriorar-se nos últimos anos. Para reverter esta situação é necessário agir sobre
cada um dos 41 indicadores que, agrupados por áreas/tópicos, determinam a pontuação global da
DTF (média aritmética simples das DTF de cada indicador), e cujo peso relativo é idêntico.
20
Esta medida varia de 0 a 100. O zero representa o pior desempenho possível e 100 representa a melhor prática
internacional ou fronteira. Esta medida única, chamada distância até a fronteira, é utilizada na elaboração de uma
classificação (ranking) que pretende refletir o posicionamento relativo dos países analisados em termos de facilidade
de fazer negócios, a classificação da facilidade para fazer negócios.
103
Algumas áreas de intervenção são prioritárias porque as ações realizadas este ano, por
21
exemplo, só terão impacto no desempenho do DB 2024 , particularmente, o caso de resolução
de insolvências.
Outras áreas são importantes porque a distância em relação ao país de referência é muito
vincada e importa reduzi-la para atingir a paridade desejada (ex. obtenção de crédito ou proteção
do investidor minoritário)
Em todo o caso, e independentemente da paridade desejada, qualquer melhoria, em
qualquer indicador, tem impacto favorável direto na pontuação DTF global, o qual determina o
posicionamento do país na facilidade de fazer negócios, uma vez que o DTF global é resultante
de uma média simples das pontuações de todos os 41 indicadores.
O caminho para uma subida assinalável da pontuação global do DTF e na facilidade de
fazer negócios passa, necessariamente, por ações conjugadas em vários indicadores.
Quanto maior o progresso, no maior número possível de indicadores, melhor será a
pontuação e, tendencialmente, a classificação final.
Algumas áreas requerem reformas profundas. O exemplo mais paradigmático é o tópico
resolução de insolvências, acima referido, cuja necessidade para um ambiente de negócios
favorável é mais do que evidente.
Uma premissa fundamental do Doing Business é que a atividade económica exige regras
mais sólidas: regras que estabeleçam e esclareçam os direitos de propriedade e reduzam o custo
de resolução de litígios; regras que aumentem a previsibilidade das interações económicas e
ofereçam segurança jurídica e proteção contra abusos às partes contratantes.
O objetivo é que as regulamentações sejam eficientes, acessíveis a todos e de fácil
implementação. Em algumas áreas, o Doing Business atribui pontuações mais altas a
regulamentações que oferecem uma maior proteção aos direitos dos investidores, por exemplo,
ao prever requisitos de divulgação mais rigorosos em relação às transações entre as partes.
Estabilidade macroeconómica
21
O melhor desempenho e o pior desempenho são estabelecidos a cada cinco anos com base nos dados de Doing
Business do ano em que foram estabelecidos e permanecem nesse nível durante cinco anos, independentemente de
qualquer alteração nos dados nos anos intermediários.
104
crescimento económico, impulsionador da poupança e de uma maior confiança aos agentes
económicos.
105
Melhorar a qualidade das despesas orçamentais
O Governo vai rever e redirecionar melhor as despesas públicas. Para o efeito, pretende
implementar as seguintes medidas de política:
• Melhorar, no decurso da implementação do PNDS, o rendimento disponível dos
trabalhadores públicos e privados que auferem salário até 1000 Dobras, através da
redução e ou eliminação de parte das imposições fiscais que recaem atualmente sobre os
mesmos, estimulando assim a procura interna;
• Melhorar, no mesmo período e de forma faseada, a condição salarial dos funcionários
públicos, baseada na implementação de carreiras profissionais que premeiam a
competência e o desempenho;
• Promover a celebração de um acordo, envolvendo as entidades representativas do setor
empresarial e dos trabalhadores da administração pública, do setor privados e outros,
visando melhorar e estabelecer um salário mínimo nacional para todos,
independentemente do ramo de atividade;
• Criar, no âmbito do programa de investimento público (PIP), o programa de incubadora
de mentes empreendedoras (PIME), estimulando jovens que estejam subaproveitados na
administração pública e jovens desempregados ou a procura do primeiro emprego, a
concorrem com as suas ideias para a criação de startups e outras formas de
empreendedorismo moderno geradores de divisas. Esta medida justifica-se pelo fato de,
nos últimos anos, o País ter acumulado muita dívida interna, as quais contribuíram para
falência de empresas e aumento do desemprego. O Governo tratará de elencá-las, apurar
a sua legalidade e desenhar um plano para a sua amortização e ou eliminação, usando os
diversos instrumentos incluindo a transformação das mesmas em obrigações de tesouro.
Por outro lado, o Governo libertará o OGE das empresas públicas estruturalmente
deficitárias pela carga que representam;
• Dotar São Tomé e Príncipe de uma estratégia nacional de transição suave, no quadro do
processo da sua graduação da categoria dos países menos desenvolvidos, visando
assegurar a melhoria e consolidação dos progressos do País, designadamente, nos
critérios produto nacional bruto per capita (PNB), índice de vulnerabilidade económica
(IVE) e índice de ativos humanos (IAH);
• Envidar esforços para que, de acordo com as recomendações da resolução 67/221 da AG
sobre a transição suave, os parceiros de desenvolvimento de STP considerarem os
indicadores PNB per capita, IVE e IDH como parte de seus critérios para a alocação da
assistência oficial ao desenvolvimento;
• Aperfeiçoar os procedimentos para a execução orçamental, atendendo que os que se
encontram em vigor são inadequados à uma boa qualidade de despesas públicas. Esse
aperfeiçoamento far-se-á mediante a melhoria na legislação e normas, apostando na
desburocratização, na prestação de contas, numa abordagem informatizada e integrada da
administração financeira do Estado, em linha com o princípio de papel zero.
O financiamento à economia
106
representa tem um limite temporal evidente, o que obrigará o Governo à procura de
financiamentos a preços de mercado.
Perante este fato, para que a economia santomense tenha um crescimento consistente e
sustentável, o Governo deve procurar formas e fontes alternativas de financiamento, uma vez que
tanto o setor público como o privado precisam ter à sua disposição diversos instrumentos e
mecanismos de financiamento visando a promoção do investimento.
Não obstante o financiamento da economia ser mais sustentado, se assente sobretudo em
fontes internas, estruturalmente, STP é um País que não consegue cobrir os seus investimentos
com a canalização da poupança interna ou seja, os recursos internos têm sido insuficientes para
as necessidades de investimento da economia.
A criação de mercado de capitais (reduzindo a pressão sobre o crédito bancário) e ou
22
novos instrumentos de financiamento (crowdfunding ) bem como organização e dinamização
de micro-finanças é chamado a desempenhar um papel de enorme importância.
22
Financiamento colaborativo (coletivo) de uma entidade, de um projeto ou de uma iniciativa, por meio da
angariação de contribuições monetárias provenientes de vários investidores individuais, realizada tipicamente pela
internet e redes sociais.
107
Reforma do setor empresarial do Estado
Micro-Finanças
23
O termo fintech (do inglês: finance and technology) surgiu da união das palavras financial (financeiro) e
technology (tecnologia). Fintechs são maioritariamente startups (empresas iniciantes) que trabalham para inovar e
optimizar serviços do sistema financeiro, com custos operacionais muito menores comparadas às instituições
tradicionais do setor, utilizando tecnologias que elevam a eficiência dos processos e barateiam os serviços
oferecidos. Por exemplo, estando conetado à internet, através do telemóvel, pode-se realizar todas as movimentações
financeiras necessárias. Significa que a aplicação dessa tecnologia facilitou muito o acesso da população aos
serviços financeiros e bancários.
108
seja melhorando no cômputo global as condições de transporte, de comunicação, de
fornecimento de energia, de água e de saneamento, além de promover efeitos
multiplicadores e dinamizadores da economia;
Infraestruturas e transporte
109
• Promover e assegurar a conservação, a exploração e o planeamento do desenvolvimento
da rede de estradas nacionais;
• Assegurar a proteção das infraestruturas rodoviárias e a sua funcionalidade,
nomeadamente, no que se refere à ocupação de zonas envolventes;
• Manter atualizado o registo das caraterísticas físicas e o diagnóstico do estado de
conservação do património rodoviário nacional;
• Aumentar a percentagem da rede de estradas coberta pela manutenção rodoviária;
• Dispor de outras formas de financiamento da manutenção da rede rodoviária nacional;
• Dispor de outras formas de financiamento para as obras de urgência;
• Assegurar a execução da política de infraestruturas rodoviárias, numa perspetiva
integrada de ordenamento do território e desenvolvimento económico;
• Definir e promover, em articulação com todas as entidades interessadas, as normas
regulamentares aplicáveis ao setor e os níveis de desempenho da rede rodoviária,
assegurando a sua qualidade, em termos de circulação, segurança, conforto e salvaguarda
de valores patrimoniais e ambientais;
• Contribuir para a articulação entre a rede rodoviária e outros modos de transportes;
• Promover o desenvolvimento do conhecimento e estudos que contribuam para o
progresso tecnológico e económico do setor rodoviário;
• Promover a expropriação dos imóveis e os direitos indispensáveis à conservação e
exploração da rede rodoviária;
• Assegurar a participação e a colaboração de instituições nacionais e internacionais, bem
como instituições da administração central e local;
• Definir e estabelecer prioridades ao nível de construção e execução de obras;
• Melhorar a eficiência na gestão das obras públicas, evitando os trabalhos a mais e
melhorando a fiscalização;
• Apoiar os Distritos e a RAP na conservação, no planeamento do desenvolvimento das
respetivas redes de estradas;
• Continuar o processo de desencravamento de localidades;
• Elaborar e aprovar um plano estratégico de transporte e infraestruturas, após ampla
consulta pública, parecer obrigatório de entidades nacionais, regionais e distritais;
• Adotar a modalidade de parceria público-privada para financiamento das grandes obras;
• Discutir publicamente todas as obras públicas;
• Promover o setor nacional da construção civil, pelo impacto que tem no emprego, assim
como a competitividade de internacionalização das empresas de construção civil.
110
fazer parte integrante do processo de transporte, garantindo ainda segurança, eficiência e
qualidade na circulação de pessoas e bens.
Esta condição estratégica requer uma reestruturação profunda do setor, que contemple o
reforço da organização institucional e uma forte participação do setor privado; a criação de
obrigações de serviço público no transporte aéreo, marítimo, rodoviário urbano e interurbano.
Nesta perspetiva, será priorizado o regime de concessão do serviço público de transporte,
obrigando à instituição de linhas regulares eficientes e a custos acessíveis entre as duas ilhas; a
privatização dos serviços portuários e aeroportuários; e o desenvolvimento e modernização de
serviços de reparação naval.
Assim sendo, torna-se fundamental a elaboração de um plano estratégico integrado de
transportes e intermodalidade.
A posição geoestratégica de STP, no cruzamento das rotas de maior tráfego internacional
de navios no Atlântico central, confere ao país a oportunidade privilegiada de se transformar
num importante pólo de transbordo de mercadorias, quer para a região centro africana, quer para
os interesses logísticos dos operadores marítimos, bem como num importante qualificado serviço
de abastecimento de combustíveis à navegação (bunkering). Assim, estes devem ser dois dos
principais pilares de sustentabilidade do Setor Marítimo que, também, será um forte
impulsionador do desenvolvimento do potencial da reparação naval em STP.
No domínio dos transportes marítimos, para que o Setor tenha sucesso, é crucial que STP
cumpra os seus compromissos, enquanto Estado costeiro, de bandeira e portuário, num quadro de
sustentabilidade setorial. Isso será conseguido através de um trabalho de participação de todos os
stakeholders setoriais, com a criação, regulamentação e operacionalização do fundo autónomo de
segurança e desenvolvimento dos transportes marítimos e a criação da taxa de segurança
marítima.
A nível dos transportes aéreos, a localização geoestratégica do País gera condições
favoráveis e sinergias positivas para o sucesso, implementação e desenvolvimento do setor de
serviços de distribuição de tráfego aéreo, gerando mais rendimentos e mais empregos,
melhorando a competitividade da cadeia de valor de transporte e turismo de negócios.
Com esta visão, e no âmbito da reorganização da gestão da companhia aérea nacional -
STP Airways, o Governo deverá implementar um processo de reestruturação da empresa que
inclua o plano de estabilização financeira e a privatização da mesma. Além de uma companhia
aérea eficiente é essencial a melhoria da qualidade da experiência do visitante na entrada e saída,
com um eficiente serviço de fronteiras. Importa, sobremaneira, trabalhar a eficiência operacional
do aeroporto e garantir que a empresa de assistência de aviões em escala seja também eficiente.
Dentro deste contexto e com foco no aumento da competitividade, cada aeroporto deve
ser estabelecido como um centro de negócios, mediante contrato de concessão, permitindo assim
a subconcessão das atividades com gestão privada. Na definição de um modelo de promoção e de
diversificação de negócios associados ao setor aéreo, considera-se necessária a promoção da
política do transporte aéreo Low Cost; o fomento do negócio do transporte aéreo de carga; a
implementação de uma estratégia de marketing de aviação e de eventos promocionais; bem como
a promoção da modernização da regulação e regulamentação do setor aéreo.
Espera-se com esses desafios: a dinamização e o aumento do tráfego aéreo, a abertura de
novos destinos para o turismo e comércio, os quais não serão rentáveis apenas com a procura
local, mas também com o tráfego de transferência; a utilização da frota para desenvolver novos
destinos e a alimentação do setor do turismo; a construção do setor do transporte aéreo aberto à
companhias com boa performance; com um excelente produto aeroportuário; e geradora de
novas oportunidades de emprego qualificado.
111
Transição e eficiência energética
A difusão das formas de energia inanimadas foi vital para o desenvolvimento acelerado
do mundo moderno. A indústria, que está técnica e economicamente na essência desse mundo, é
completamente dependente das técnicas de extração de energia da natureza. O desenvolvimento
dessas técnicas ou a falta delas determinou de forma capital o destino dos países no mundo
moderno. Os que foram capazes de desenvolvê-las e explorá-las lideraram o processo de
industrialização. Por outro lado, os que não investiram no setor energético tornaram-se países
desfasados tecnologicamente, prejudicando assim toda a sua vida social.
Na modernidade, estas mudanças possibilitaram o aumento da produtividade e o
aparecimento e integração no mercado de novos produtos, de maior qualidade e menor preço.
Estas inovações abarcaram o conjunto da economia, desde a agricultura às finanças, passando
inclusive pelo comércio internacional.
No contexto santomense, a produção de energia elétrica é fundamentalmente térmica,
sendo a produção hidroeléctrica apenas residual, com um registo histórico em torno de 10%. Em
contrapartida, a produção térmica atingiu, em finais de 2018, o valor aproximado de 11.000 kW,
100% térmica, sendo a demanda média de 16.000 kW, com um pico de até 20.000 kW.
A potência atual acumulada (térmica e hidráulica) instalada em São Tomé e Príncipe é de
aproximadamente 29.000 kW, cuja produção comporta equipamentos obsoletos e ineficientes
localizados sobretudo na central térmica de São Tomé.
O setor energético carateriza-se por uma fraca capacidade de produção, sempre abaixo da
demanda; fraca estabilidade de energia, situação agravada pelas condições de operacionalidade
da Empresa EMAE e pelo crónico défice nas capacidades internas para fazer manutenção e
recuperação dos geradores.
A política do Governo para o setor da energia tem como uma das prioridades o
lançamento de bases visando a eletrificação sustentável e limpa do País, na perspetiva de
construção de um sistema energético eficiente, resiliente, seguro e acessível, essencial ao
crescimento económico acelerado e ao desenvolvimento sustentável e inclusivo do país. Essa
política inclui a exploração e gestão racional e eficiente de recursos hídricos e outras fontes de
produção de energia limpa.
Com efeito, tornar-se necessária e urgente a realização de estudos de viabilidade técnica e
económica sobre as diferentes potencialidades de fontes limpas de energia e atualização dos
estudos existentes, visando a passagem, em tempo hábil, à fase de elaboração e execução de
projetos de produção de hidroeletricidade e de sistemas fotovoltaicos como alternativas e
prioridades na política energética do País.
Mais concretamente, o Governo faz referência a um estudo realizado em São Tomé e
Príncipe, segundo o qual, por cada megawatt de energia produzida, de forma sustentável, o
Estado poupará 500 mil euros por ano. Assim sendo, torna-se necessário iniciar um processo de
mudança da matriz energética nacional, como forma de reduzir a dívida externa decorrente dos
estrangulamentos neste setor, que se afigura como vital para a economia, com recurso a energias
limpas, auto-sustentáveis e renováveis como a energia solar e eólica.
Assim, apostar-se-á na realização das seguintes medidas de política:
• Promover e liderança da transição energética em STP, o que permitirá ao País recuperar
os atrasos neste domínio, assegurando a migração de energia térmica a energia renovável,
garantindo a sua progressiva descarbonização;
• Apostar claramente nas energias renováveis tanto no domínio hídrico como eólico, não
perdendo de vista a energia solar, aproveitando deste modo a redução do preço de
tecnologia fotovoltaica, seja em plataforma on ou offshore;
• Reconhecer que STP pelas suas caraterísticas edafoclimáticas tem potencial por explorar
no domínio da microgeração, muito associada à energia solar, devendo ser potenciada e
112
incentivada para apoiar a geração local de energia tanto por empresas como por cidadãos
e ou entidades públicas;
• Promover, em articulação e parceria com as autarquias locais a autonomia energética
nacional e incentivar a eficiência energética nas residências, edifícios e demais
equipamentos, públicos e privados, comerciais e industriais; sensibilizar e apoiar as
comunidades nas suas iniciativas tendentes a optimizar o aproveitamento energético e
gerando poupança individual e coletiva;
• Regulamentar para que nos projetos de infraestruturas imobiliárias públicas e privadas
seja incorporada a tecnologia fotovoltaica e ou outras adequadas à economia e eficiência
energética;
• Conceder facilidade de acesso ao crédito aos agricultores para a instalação de sistemas
solares e ou outros que se mostrarem mais adequados em suas propriedades e habitações
para iluminação, irrigação, produção e transformação dos produtos e prestação de
serviços;
• Adotar um adequado sistema de regulamentação do setor orientado para a uma efetiva
implementação das regras de eficiência energética, incluindo o processo de inspeção de
equipamentos elétricos de acordo com as boas práticas internacionais, uma vez que o País
tem sido invadido por equipamentos elétricos de baixa qualidade que, além gastar mais
energia devido ao aquecimento, acabam por explodir e causar incêndios, como é o caso
de muitos cabos elétricos vendidos no mercado nacional.
Energia
113
Ressalta-se que STP está também fortemente comprometido com a agenda global sobre
mudanças climáticas, tendo já submetido o INDC e ratificado no Parlamento o Acordo de Paris,
tendo como estratégia de longo prazo a transição para um setor energético seguro, eficiente e
sustentável, reduzindo a dependência de combustíveis fosseis e garantindo o acesso universal e a
segurança energética. Contudo, é preciso empreender ações decisivas para se passar, da fase de
estudos e “roadmaps”, para resultados tangíveis no terreno.
É neste contexto que o PNDS recomenda a elaboração de um programa nacional para a
sustentabilidade energética, tendo como principias eixos de intervenção: o reforço institucional; a
melhoria do ambiente de negócios; a reforma da estrutura organizacional do mercado energético;
o investimento em infraestruturas estratégicas; o desenvolvimento das energias renováveis; e a
promoção da eficiência energética.
Esta estratégia resulta da visão do Governo de construir um Estado parceiro, regulador,
visionário, supletivo e com capacidade de autoridade e promotor da iniciativa privada e de uma
nova administração, alinhada com o desenvolvimento económico e social, garantindo a
sustentabilidade ambiental.
Assim, para dar um novo impulso neste sentido, o PNDS recomenda a criação de um
Instituto de Energia e Industria, como entidade autónoma ou órgão integrante da Autoridade
Geral de Regulação (AGER), para atuar nas áreas de regulação técnica, planeamento,
investigação, formulação de políticas e promoção da inovação nos setores de energia e indústria.
Uma atenção especial precisa ser dada à melhoria do sistema de planeamento, seguimento e
avaliação do setor energético, ao desenvolvimento e adequação do enquadramento legal e
regulamentar e ao reforço da regulação.
Com a reforma da estrutura de organização industrial do setor e a eliminação das
barreiras à iniciativa privada, o Estado assume, no novo modelo, o papel de promotor,
dinamizador e regulador de um mercado de produção e oferta de energia sustentável, inovador e
eficiente, criando as condições para que o investimento privado substitua o investimento público.
Entretanto, o Estado não abdica do seu papel de coordenador do desenvolvimento das
24
infraestruturas (física, de C,T&I e social), continuando, em sinergia com a estratégia setorial, a
investir em infraestruturas estratégicas, visando garantir a resiliência do sistema, a promoção da
integração das energias renováveis e o fomento da investigação, da inovação e do
desenvolvimento tecnológico.
O aproveitamento do grande potencial de recursos endógenos renováveis, nomeadamente
na vertente hídrica, eólica e solar, é assumido como instrumento para a redução do custo de
eletricidade e água, o aumento da segurança energética e da competitividade e a diversidade da
economia nacional. O Programa deve preconizar o uso, até onde for técnica e economicamente
possível, das energias renováveis e limpas, com a aposta no aproveitamento da energia hídrica,
em larga escala, até o limite máximo da taxa de penetração; da energia solar fotovoltaica para a
produção centralizada e geração distribuída; e da energia solar térmica para o aquecimento de
água, sem descurar a preocupação de garantir preços acessíveis para os consumidores e o setor
produtivo.
Outro desiderato do Governo consiste na exploração do potencial do setor dos serviços
ligados às energias renováveis enquanto gerador de empregos, tanto ao nível interno, como numa
perspetiva de exportação, nomeadamente para Países da CEEAC. O grande desafio será de
conseguir direcionar os recursos disponíveis para desbloquear este potencial, face a uma grande
variedade de escolhas em termos de opções tecnológicas, de forma a maximizar o efeito
multiplicador para a economia.
24
Ciência, tecnologia e inovação (C,T&I).
114
A aposta na eficiência energética é também um fator crítico para a competitividade
económica e a diversificação da atividade industrial, em particular da indústria ligeira de
exportação e a criação de competências de prestação de serviços a nível regional e internacional.
25
A conjuntura atual em que Angola , único fornecedor de combustíveis ao País, reduziu
em 1/3 o seu fornecimento à STP, é propícia (uma oportunidade) a uma rápida mudança de
estratégia e de mentalidade no País relativamente às melhores opções políticas para o setor
energético nacional.
O território é um dos principais ativos estratégicos de que São Tomé e Príncipe possui em
absoluto, pelo que o País deve escrupulosamente tirar o melhor proveito possível das
potencialidades que suas ilhas e ilhéus lhe oferecem.
Nessa perspetiva, o ordenamento do território constitui um instrumento privilegiado de
organização e gestão sustentável do espaço nacional. Assim, o aproveitamento sustentável do
solo e das águas territoriais, enquanto recursos ambientais onde se localizam as infraestruturas e
as atividades socioeconómicas é determinante para a promoção de um desenvolvimento
económico equilibrado, harmonioso e ecologicamente sustentável.
Visando materializar esse desiderato, as medidas de política a serem implementadas no
quadro do PNDS são as seguintes:
• Alcançar um correto ordenamento do território que permita o lançamento de estratégias
de desenvolvimento inteligente, sustentável e que promova a competitividade do País;
• Consciencializar os cidadãos sobre suas responsabilidades relativamente ao território; e
sobre a necessidade de cada um contribuir para o reforço da qualidade do ambiente
urbano e rural;
• Promover os recursos ambientais, nomeadamente, o clima, o mar, as paisagens e a
biodiversidade como fontes seguras e perenes de riqueza em benefício das comunidades
santomenses;
• Implementar as diretivas nacionais de ordenamento territorial e urbano, necessárias à
gestão sustentável do desenvolvimento territorial do País;
• Simplificar os processos de licenciamento das operações urbanísticas;
• Simplificar os processos de elaboração, aprovação, publicação e implementação de
instrumentos de gestão urbanística e de planeamento territorial;
• Atribuir competências aos Distritos e à RAP para a elaboração, aprovação e publicação
dos instrumentos de planeamento urbanístico, bem como dar apoio efetivo no que
concerne à formação e capacitação técnica para assunção das novas responsabilidades;
• Criar um sistema de seguimento e de monitorização territorial que inclua os instrumentos
de gestão e desenvolvimento territorial, da orla costeira, das zonas turísticas especiais,
das bacias hidrográficas, das zonas ambientalmente sensíveis e das zonas de riscos;
• Valorizar o território, com a promoção das tecnologias de sistema de informação
geográfica, do cadastro predial, da cartografia, da geodesia e da toponímia, com vista a
prestar um serviço público moderno, atual e inclusivo e acessível para todos;
• Desenvolver um projeto visando a elaboração do cadastro predial a nível nacional,
abrangendo a RAP e os Distritos, com o objetivo de aumentar o investimento,
principalmente, através de um registo de propriedade transparente, eficaz e célere;
25 A Sonangol é detentora de mais de 76% do capital social da ENCO e o Estado santomense detém apenas
16% de participação. Disponível em: https://www.telanon.info/politica/2019/09/03/29900/angola-reduziu-em-1-3-o-
fornecimento-de-combustiveis-a-stp/. Acesso em 03 nov 2019.
115
• Implementar um novo plano reitor de urbanização contemplando a extensão e a
descentralização urbana;
• Implantar um conjunto de Vilas Rurais, visando elevar a qualidade de vida dos que
residem nas antigas roças, como sendo uma medida crucial para combater o êxodo rural e
potencializar o ecoturismo;
• Implementar um ambicioso programa de habitação social destinado principalmente aos
jovens casais, se necessário, com recurso à parceria público-privada.
Petróleo
Água
São Tomé e Príncipe tem grande potencial em recursos hídricos, que se constituem num
dos principais fatores de facilidade socioeconómica e de qualidade de vida das populações. Por
isso, o Governo aposta no aumento da taxa de acesso da população aos sistemas coletivos de
abastecimento de água potável, passando, obviamente, pela melhoria da qualidade da água e do
saneamento do meio, de forma a contribuir para um nível superior da qualidade de saúde das
populações, promovendo assim a eliminação das doenças de origem hídrica e de outros
constrangimentos sociais.
Pela sua relevância para a qualidade de vida dos santomenses, o Governo congregará
esforços para que, nos planos nacional, regional e distrital sejam construídas mais e melhores
estações de tratamento e distribuição da água superficial, bem como lançar as bases para
construção de diques de retenção de águas.
De igual modo, o Governo reforçará as capacidades de proteção, de tratamento e de
controlo da água das fontes existentes de abastecimento às populações, garantindo a qualidade da
água e, concomitantemente proceder à recolha, transporte e tratamento adequados de todas as
categorias de resíduos.
Com o objetivo de assegurar uma gestão sustentável dos recursos ambientais, o Governo
propõe concretizar um conjunto de políticas integradas para o setor, imbuído da preocupação em
garantir à sociedade santomense o usufruto da qualidade ambiental, bem como potenciar a
valorização do ambiente como um ativo e fator de competitividade económica do País,
salvaguardando o equilíbrio entre a satisfação das necessidades atuais e as das gerações
vindouras.
Face à situação atual do País no domínio da proteção e gestão ambiental, visando a
mitigação dos constrangimentos, a gestão das fragilidades e o aproveitamento das oportunidades,
a atuação do Governo pautará pela mudança do cenário prevalecente, no pressuposto de reverter
a tendência dos indicadores de qualidade ambiental, tendo em vista a gradativa qualificação do
ambiente no País.
116
As oportunidades existentes serão devidamente exploradas e aproveitadas para a
realização dos objetivos estratégicos estabelecidos, designadamente, nas seguintes dimensões:
Oportunidades ecológicas: recursos naturais endógenos (solo, águas subterrâneas e
superficiais, águas marinhas; biodiversidade marinha e terrestre, paisagens, orla costeira, fontes
de energias renováveis, recursos oceanográficos/ZEE, recursos geológicos; rede nacional de
áreas protegidas.
Oportunidades económicas: reforço da integração intersetorial entre o Ambiente e
setores estratégicos de atividade económica (turismo, agricultura, pescas, agro-indústria,
economia marítima, agronegócios); incremento da contribuição desses setores e subsetores para
o PIB; alavancagem do potencial fiscal do setor do ambiente; promoção da economia verde e da
economia azul (incentivo ao investimento verde e promoção do aproveitamento do potencial
económico do oceano).
Oportunidades sociais: valorização crescente da função social do ambiente para a
sociedade, na globalidade, através da melhoria da qualidade do ambiente e da agregação de valor
aos bens e serviços ecossistémicos; promoção do emprego e incremento da renda das famílias;
melhoria dos níveis de equidade e inclusão social.
Oportunidades jurídicas: regulamentação e revisão de leis; optimização da
implementação das Convenções e Acordos Internacionais no domínio do ambiente; alinhamento
jurídico gradativo com as políticas públicas ambientais para a XVIIª Legislatura.
Oportunidades institucionais: capacitação progressiva dos recursos humanos existentes;
aproveitamento e valorização das capacidades e competências humanas; valorização e
qualificação da memória institucional analógica e digital; melhoria e reforço da comunicação
institucional vertical e horizontal; reforço das parcerias com os parceiros governamentais e não-
governamentais nacionais e internacionais; alavancagem do potencial institucional, com foco na
excelência e na qualidade de prestação de serviços aos cidadãos e às empresas.
Neste pressuposto, a proteção do meio ambiente deixa de ser visto, exclusivamente, como
um custo para a sociedade, transformando-se num fator determinante de desenvolvimento
sustentável.
Por essa razão, além de estudos de impacto ambiental, que serão exigidos na
implementação de qualquer projeto de dimensão relevante, questões ambientais ligadas a
proteção de ecossistemas, erosões costeiras, poluições sonoras, marítimas, do ar, e todas aquelas
questões associadas a proteção de espécies endémicas merecerão uma particular atenção do
Governo, no sentido de regulamentação, monitoramento e fiscalização.
Este objetivo consubstancia e desenvolve o segundo grande desafio do Governo para esta
legislatura, que consiste no reforço da coesão social, através da melhoria da eficácia e
operacionalidade da ação do Estado, no sentido de resgatar e devolver dignidade à condição
humana dos são-tomenses, com relevância para mais equidade, mais justiça social e reinserção
social, consubstanciados na implementação das seguintes medidas de política:
• Uma governação mais inclusiva, mais dialogante, mais transparente e mais eficiente nos
seus afazeres e muito mais exigente na prestação de contas e no combate a corrupção;
• Uma sociedade com mais liberdade individual dos cidadãos e da comunicação social;
• Um País com mais justiça social, mais equidade, mais formação e valorização do capital
humano;
117
• A inclusão da diáspora no processo de desenvolvimento do País;
• Uma diplomacia mais atuante para a credibilização da imagem do Estado e
transformação de STP num espaço de atração turística e de realização de negócios.
O programa REMIS vai ajudar a combater a extrema pobreza e a exclusão social das
crianças e mães carenciadas e dos idosos vulneráveis e abandonados, através solidariedade
social. A assistência poderá ser feita mediante doações de dinheiro, de tempo e de conhecimento,
apadrinhamento financeiro, de sangue, de bens e serviços.
O REMIS terá uma coordenação multissetorial, envolvendo, as finanças públicas,
ministério de tutela, órgãos autárquicos e regional e representantes da sociedade civil elegíveis.
4.3.1.1. Idosos
26
O envelhecimento das populações está se acelerando rapidamente em todo o mundo .
Pela primeira vez na história, a maioria das pessoas pode esperar viver além dos 60 anos.
Quando combinados com quedas acentuadas nas taxas de fertilidade, esses aumentos na
expetativa de vida levam ao rápido envelhecimento das populações em todo o mundo. As
118
consequências disso para a saúde, para os sistemas de saúde, seus orçamentos e para os
trabalhadores de saúde serão profundas.
O enfoque social recomendado para abordar o envelhecimento da população, que inclui
a meta de construir um mundo favorável aos idosos, requer uma transformação dos sistemas de
saúde que substitua os modelos curativos baseados na doença pela prestação de atenção
integrada e centrada nas necessidades dos idosos.
Uma vida mais longa é um recurso incrivelmente valioso; proporciona a oportunidade de
se repensar no que a idade avançada pode ser e como todas as nossas vidas podem desdobrar-se.
Contudo, a amplitude das oportunidades que surgem do aumento da longevidade dependerá
muito de um fator fundamental: saúde. Se as pessoas vivem esses anos extras de vida com boa
saúde, sua capacidade de realizar as tarefas que valorizam será um pouco diferente em relação a
uma pessoa mais jovem.
Mudança nas perceções de saúde e envelhecimento: um dos desafios ao se desenvolver
uma resposta ampla para o envelhecimento da população é que muitas perceções e suposições
comuns sobre pessoas mais velhas são baseadas em estereótipos (ideia, preconceito)
ultrapassados, por exemplo, pessoas idosas conotadas como feiticeiros e feiticeiras em São Tomé
e Príncipe! E como tal, vítimas de maltrato, espancamento e até de assassinato.
Não há mais pessoa tipicamente velha: as populações idosas caraterizam-se por grande
diversidade. Por exemplo, alguns idosos com mais de 80 anos apresentam níveis comparáveis de
capacidade física e mental aos de muitos jovens de 20 anos. Por isso, as políticas devem ser
estruturadas de forma que permitam um maior número de pessoas alcançarem trajetórias
positivas do envelhecimento e devem servir para quebrar as muitas barreiras que limitam a
participação social contínua e as contribuições dos idosos. Contudo, muitas pessoas
experimentarão declínios significativos de capacidade em idades muito mais jovens. Por
exemplo, algumas pessoas de 60 anos podem precisar de ajuda de outras pessoas para realizar até
as tarefas mais simples.
A idade avançada não implica dependência: embora não existam pessoas maiores
típicas, a sociedade geralmente as vê de formas estereotipadas, que levam à discriminação contra
indivíduos ou grupos simplesmente com base na sua idade. Tal discriminação foi rotulada de
discriminação etária, uma forma ainda mais generalizada de discriminação, do que o sexismo
ou o racismo. Um estereótipo de discriminação etária generalizado de pessoas mais velhas é
de que são dependentes ou um fardo. Isso pode levar a uma suposição durante o
desenvolvimento da política de que os gastos com idosos são simplesmente um dreno na
economia e a uma ênfase na contenção de custos.
As suposições de dependência baseadas na idade ignoram as muitas contribuições das
pessoas idosas para a economia. Por exemplo, uma pesquisa desenvolvida no Reino Unido em
2011 estimou que, após definir os custos das pensões, bem-estar e cuidados com a saúde em
relação às contribuições feitas por meio de impostos, gastos de consumidores e outras atividades
de valor económico, os idosos contribuíram com aproximadamente £40 milhões de libras para a
sociedade, contribuição essa que aumentará para £77 bilhões em 2030.
Embora haja menos evidências em países de baixa e média renda, a contribuição de
idosos nesses cenários também é significativa. No Quénia, por exemplo, a idade média dos
pequenos agricultores é de mais de 60 anos. Portanto, os idosos podem ser críticos para manter a
segurança dos alimentos no país e em outras partes da África Subsaariana, onde STP se situa.
Eles também possuem um papel crucial no apoio a outras gerações. Na Zâmbia, por exemplo,
cerca de 1/3 das mulheres idosas são as principais fornecedoras e prestadoras de cuidados aos
netos que perderam os pais devido a epidemia de VIH-Sida ou migraram para trabalhar.
Na Região Africana, a maioria dos Estados membros ainda não adotou políticas nacionais
sobre o envelhecimento e por conseguinte não procederam à elaboração de um quadro de
implementação de ação nacional sobre o envelhecimento ativo e saudável.
119
Em Maio de 2016, a sexagésima nona Assembleia Mundial da Saúde solicitou à OMS
que elaborasse uma estratégia mundial e plano de ação abrangentes sobre o envelhecimento e a
saúde.
A estratégia mundial foi formulada em torno de cinco objetivos estratégicos principais: i)
assumir o compromisso de agir no domínio do envelhecimento saudável em todos os países; ii)
proporcionar ambientes adaptados aos idosos; iii) alinhar os sistemas de saúde com as
necessidades das pessoas idosas; iv) desenvolver sistemas sustentáveis e equitativos para a
prestação de cuidados de longa duração; v) e melhorar a quantificação, monitorização e
investigação no domínio do envelhecimento saudável. A estratégia está alinhada ao Objetivo 3
dos ODS: “garantir uma vida saudável e promover o bem-estar para todos em todas as idades”.
120
A estratégia para a promoção de uma educação de excelência gira em torno de reformas
em algumas áreas-chave do setor da educação, no quadro da presente legislatura.
O ensino pré-escolar santomense apresenta um desempenho ainda débil, pois, apenas 1/3
(30,9%) de crianças entram neste ciclo. A qualidade da aprendizagem também deixa muito a
desejar. A fraca qualificação dos educadores e a insuficiência de instalações estão na origem
desta fraqueza, o que, aliás, constitui um grande desafio a ser superado neste nível da educação.
Assim sendo, a grande prioridade é organizar e implementar um sistema formal,
abrangente, melhorando a qualidade do atendimento, mediante a elaboração de um quadro
regulamentar adequado, o desenho de um novo currículo, a organização de avaliações periódicas
e o desenvolvimento de programas de Ação Social Escolar.
As intervenções no domínio da educação pré-escolar visam desenvolver as seguintes
medidas:
• Ampliar a oferta da educação pré-escolar a todas as crianças dos quatro e cinco anos;
• Implementar o funcionamento do Conselho Nacional da Educação;
• Incentivar as escolas e outras instituições a conceber planos específicos que garantam que
todas as crianças desenvolvam as aprendizagens previstas nas orientações curriculares;
• Desenvolver programas de acompanhamento e formação dos educadores, centrados nas
escolas, prevendo-se a articulação com as ações desenvolvidas para o primeiro ciclo do
ensino básico.
121
pessoas a viver em situação de vulnerabilidade, melhorar o currículo escolar e garantir que todas
as crianças e jovens concluam, com sucesso, a escolaridade básica obrigatória.
Além disso, nesse ciclo educativo, pretende-se ainda implementar medidas, tais como:
• Implementar um modelo de ensino especial, proporcionando o acesso equitativo às
oportunidades educacionais para crianças com necessidades educativas especiais;
• Revisão dos curricula e introdução, a partir do 5º ano, das línguas inglesa e francesa e das
tecnologias de informação e comunicação;
• Desenvolver um Plano para implementação do ensino básico obrigatório de adultos e a
definição do sistema de intercomunicabilidade com o ensino básico obrigatório formal e
com a formação profissional e técnica;
• Criar as condições para disponibilização paulatina de manuais escolares de qualidade aos
alunos;
• Criar um Projeto Informação e Escola Segura (IES) em zonas urbanas de maior risco,
prevenindo a tentativa de abusos e eventuais consumos de risco para a saúde pública de
crianças e jovens, criando incentivos ao voluntariado da comunidade educativa;
• Projetar novas iniciativas que permitam reduzir assimetrias, entre grupos mais
desfavorecidos nas diferentes comunidades dos Distritos de São Tomé e na Região
Autónoma do Príncipe, potenciando os recursos humanos já existentes nas escolas
carentes de melhor formação e treinamento, autarquias e redes sociais locais, no âmbito
da redução e prevenção do abandono escolar;
• Envolver e responsabilizar mais os pais e encarregados da educação na educação dos
seus educandos;
• Intensificar a desburocratização na avaliação das práticas e dos processos administrativos
aplicados à gestão da educação;
• Implementar modelos descentralizados de gestão das escolas;
• Definir metas para a redução do insucesso e abandono escolar;
• Melhorar o sucesso escolar em cada ciclo;
• Realizar provas e exames nacionais, com incidência para a avaliação final das últimas
classes dos ciclos de ensinos básico e secundário.
122
4.3.2.5. Qualidade do Ensino.
123
• Defender a política de contratos de associação com estabelecimentos de ensino particular
e cooperativo que prestem serviço público de ensino ao Estado, nesta condição, tido
como nova orientação política no sentido de melhorar a qualidade do ensino e combater o
insucesso escolar;
• Garantir a revisão da carta da política educativa, tendo esta como instrumento importante
de planeamento;
• Criar e implementar um modelo de avaliação do desempenho dos docentes de forma a
desburocratizar o processo e garantir a progressão e/ou a reorientação na carreira;
• Incrementar a descentralização gradual de competências no domínio dos
estabelecimentos de ensino, em cada comunidade e distritos, integrando as escolas nas
suas comunidades locais;
• Criar um processo de organização dos agrupamentos de escolas e privilegiar a
verticalização pedagógica e organizacional de todos os níveis de ensino, bem como a
progressiva autonomia da sua organização e funcionamento;
• Organizar e orientar todos os serviços centrais, distritais e regionais do Ministério da
Educação e Ensino Superior para uma gestão com base em resultados, concentrando sua
ação na criação de quadros valorizados;
• Corrigir assimetrias e desigualdades do sistema educativo santomense pelo que é
necessário apostar numa política de meritocracia das carreiras dos seus quadros, com o
propósito de constituir uma nova geração de elevada competência e com uma cultura de
gestão por objetivos e resultados. Para isso, precisa-se de ponderar sobre a criação de
bases que potenciem o acesso ao conhecimento e às experiências exteriores, em particular
contratualizando com parceiros e stakeholders (partes interessadas) da sociedade civil e
comunidade internacional;
• Selecionar projetos e estabelecer parcerias co-financiadoras, com elevado valor
acrescentado para as escolas;
• Reforçar, onde existir, a rede, os recursos técnicos e as competências das escolas com
educação especial destinada a crianças e jovens com deficiência;
• Garantir uma reforma curricular que possa permitir a inclusão de educação cívica e para
a cidadania;
• Avaliar a componente de apoio à família e organizá-la de forma a constituir um estímulo
direto para o estabelecimento de relações positivas entre a escola, a família dos alunos e a
comunidade local;
• Criar o projeto bolsa escola de apoio direto às famílias mais desfavorecidas, de modo a
garantir a permanência das crianças na escola;
• Desenvolver, de forma gradual, um sistema de digitalização dos processos dos alunos, de
modo a garantir maior eficácia da gestão, nomeadamente nos processos de matrícula e de
transferência de alunos. Uma base de dados sobre os alunos e as respetivas famílias
afigura-se como instrumento importante na gestão do sistema e a identificação de
situações de necessidades especiais e de desfavorecimento.
124
potenciais de crescimento económico já identificadas, designadamente, a economia sustentável
do oceano, agronegócio, energia renovável, turismo, comércio, desenvolvimento industrial,
cultura e indústrias criativas.
Nesta perspetiva é fundamental a valorização da problemática do emprego e da formação
profissional, sua planificação, gestão e implementação numa abordagem multissetorial,
envolvendo atores do setor público, privado e suas organizações, sindicatos, ONG e Associações
Comunitárias de Desenvolvimento (ACD), no processo de criação e consolidação de um
ambiente favorável ao crescimento económico acelerado para alavancar as oportunidades de
emprego digno e de inclusão.
O sistema educativo será ajustado de forma a proporcionar adequadas saídas profissionais
ao mesmo tempo que apostará em cursos de pendor profissionalizante e em ensino profissional,
assente numa matriz empreendedora, competitiva e impulsionadora do modelo de
desenvolvimento de prestação de serviços.
Uma atenção será dada à descentralização de escolas profissionais e à adequação destas
às necessidades do desenvolvimento do País, às especificidades e às potencialidades dos
Distritos e da RAP.
125
• Incentivar a cooperação com instituições congéneres credíveis visando a sua
internacionalização;
• Criar um enquadramento legal, regulatório, objetivo, claro, consistente e transparente,
para o Ensino Superior;
• Reforçar as políticas de regulação das instituições e cursos visando a qualidade,
nomeadamente através de acreditação e avaliação independentes;
• Adequar a oferta formativa de qualidade, quer quanto à diversidade da procura como às
necessidades do País de quadros altamente qualificados;
• Racionalizar a rede de instituições e sua internacionalização;
• Acompanhar e avaliar a aplicação das leis estruturantes do Ensino Superior e melhorar os
aspectos que se revelem deficientes;
• Introduzir medidas inovadoras conducentes à reorganização da rede pública de
instituições de Ensino Superior, com eventual especialização das instituições em termos
de oferta de cursos e de investigação em parcerias com escolas nacionais e internacionais;
• Investir no ensino politécnico, em cursos de especialização tecnológica e outras
formações de curta duração, com saída profissional;
• Incentivar a investigação e a extensão universitárias;
• Criar um fundo para o desenvolvimento da ciência e de investigação;
• Promover e apoiar programas de mestrados e doutoramentos para docentes em exercício
de funções nas universidades, bem como de participação em atividades nacionais e
internacionais de intercâmbio académico e profissional;
• Criar alianças com instituições de crédito (bancos) aos alunos para o financiamento
bancário de estudo;
• Implementar a institucionalização de um Conselho Nacional de Ensino Superior,
promovendo assim sinergias internas que proporcionem a adequação dos objetivos da
educação superior às necessidades, sobretudo do mercado de trabalho nacional;
• Promover a avaliação interna e externa das instituições de ensino superior, com vista à
identificação dos pontos fortes que devem ser consolidados e das fraquezas que devem
ser superadas;
• Implementar uma efetiva inspeção das instituições de ensino superior;
• Implementar, na medida possível, a descentralização da oferta e de oportunidade de
acesso ao ensino superior, através da criação de pólos da universidade pública em outros
distritos, sobretudo na Região Autónoma do Príncipe, assegurando-se assim o combate às
assimetrias no que toca às oportunidades de acesso a este nível de ensino;
• Criar um banco de dados sobre os alunos do ensino superior, como condição de entrada,
permanência, conclusão e certificação deste nível de ensino;
• Promover o incentivo aos alunos de ensino superior, através de políticas mais justas e
abrangentes de atribuição de bolsas de estudo;
• Promover a formação superior com recurso ao ensino à distância.
4.3.2.10. Juventude
126
Entre os principais problemas enfrentados pelos jovens, destacam-se a falta de qualidade
e a escassez dos apoios sociais na educação, o desemprego e a precariedade do emprego, a
insegurança e a discriminação, remetendo-os para situações de extrema vulnerabilidade e
comprometendo a sua autonomia e emancipação, sendo, igualmente, evidente a falta de
valorização e de capacitação dos profissionais jovens.
Ter uma sociedade maioritariamente jovem não é um problema, mas sim uma grande
oportunidade e uma grande perspetiva para o futuro de STP. O grande desafio do Governo é
formar, preparar e orientar os jovens, para que estes possam se enquadrar, com sucesso, no
desenvolvimento socioeconómico do País. Este desafio deverá ser conseguido a médio prazo,
com a dinamização do tecido empresarial, orientado para o novo ciclo económico.
Neste âmbito, torna-se inadiável criar um programa de fomento de empreendedorismo,
incluindo apoio às incubadoras de empresas, de modo a lhes permitir entrada no novo quadro de
desenvolvimento, onde a formação, o emprego, o auto-emprego e a habitação deixem de ser o
maior problema da juventude.
Devido a transversalidade dessas questões, elas estão adequadamente acauteladas nos
diferentes eixos do PNDS. Identificados os principais desafios que os jovens enfrentam, propõe-
se um caminho claro que prioriza o combate ao desemprego e o investimento na formação
qualificada e orientada para a empregabilidade, alinhado com os 4 pilares do Roteiro da União
Africana concernente ao aproveitamento do dividendo demográfico através de investimentos na
juventude.
As orientações e ações propostas pelo Roteiro são relevantes e apropriadas à realidade de
STP, e essenciais ao alcance das metas consignadas tanto na Agenda 2063 como na Agenda
2030. Os 4 pilares a serem implementados são; i) emprego e empreendedorismo; ii) emprego e
desenvolvimento de habilidades; iii) saúde e bem-estar; iv) direitos, governação e
empoderamento dos jovens. Das ações propostas por cada pilar, apenas as ações dos pilares 3 e 4
precisam ser incluídas no PNDS, visando conferir ao Plano uma maior focalização na juventude.
O essencial das ações dos pilares 1 e 2, relativas ao emprego e empreendedorismo,
emprego e desenvolvimento de habilidades, já se encontravam identificadas e explanadas no
PNDS, nos termos a seguir apresentados:
• Desenvolver e implementar estratégias que visam reduzir a proporção do desemprego da
juventude em pelo menos um quarto até 2024 (em conformidade com ao Primeiro Plano
de Implementação Decenal da Agenda 2063);
• Promover o empresariado jovem com destaque para o fomento do micro
empreendedorismo jovem;
• Criar um programa de qualificação profissional inicial e de revisão do sistema
educativo/formativo;
• Garantir o estágio profissional integrado no currículo e na experiência profissional;
• Promover um plano de emprego para jovens;
• Assegurar a qualidade de vida e a vida saudável, a nível da saúde, da educação, do
desporto, da cultura e da segurança;
• Promover a criação de mecanismos de financiamento das Pequenas e Médias Empresas
(PME);
• Formular políticas adequadas, medidas de incentivos e criar um ambiente conducente às
responsabilidades sociais corporativas visando apoiar o empreendedorismo dos jovens;
• Investir em setores com alto efeito multiplicador de empregos, incluindo as áreas de
tecnologias de informação e comunicação, manufactura, agricultura e agroindústria para a
gerar o emprego e impulsionar o crescimento inclusivo;
• Estabelecer e operacionalizar Fundos Nacionais destinados a jovens, com vista a
aumentar o seu acesso ao capital empresarial;
127
• Rever os currículos das instituições de ensino com vista a aumentar a sua qualidade e
relevância ao mercado de trabalho e às necessidades nacionais para o desenvolvimento,
em particular, colocando ênfase no reforço das competências e maior foco nas áreas de
ciência, tecnologia, engenharia e matemática, com o reforço da implementação de
políticas continentais tais como a Estratégia da Ciência, Tecnologia e Inovação para
África (STISA 2014-2024); e a Estratégia Continental sobre a Educação para África
(CESA 2016-2025);
• Expandir as oportunidades de formação vocacional para a aquisição de competências
para os jovens visando aumentar a sua empregabilidade, auto-emprego, produtividade e
concorrência, conforme consignado na Estratégia Continental para Ensino e a Formação
Técnica e Vocacional (TVETCS);
• Melhorar o acesso inclusivo à educação a todos níveis e providenciar alternativas viáveis
aos muitos jovens, em particular as raparigas adolescentes que abandonam o sistema de
ensino formal, através da facilitação da sua readmissão, o relançamento do ensino e
formação informais através de uma certificação padronizada no interior e entre os países
africanos;
• Adoptar uma abordagem de curso vitalício no ensino que abarca uma vasta gama de
disciplinas e temas, incluindo, competências para subsistência, educação sobre a saúde
sexual e reprodutiva abrangente, apropriada às idades e sensível à cultura e o tratamento
da questão do assédio sexual que aflige raparigas no sistema de ensino;
• Estruturar e prover o ensino secundário profissionalizante, com destaque para os setores
que contribuem para o desenvolvimento do País;
• Financiar o ensino superior e promovendo a investigação e o desenvolvimento;
• Co-financiamento de estágios profissionais geradores e facilitadores de empregos, em
parceria com o setor empresarial privado e em articulação com o sistema de ensino.
128
complicações e desafios associados a gravidezes indesejadas e infeções sexualmente
transmissíveis e o seu consequente impacto sobre o desenvolvimento e o bem-estar dos
jovens tanto dentro como fora do sistema de ensino, e implementar programas inovadores
de mudança de comportamento usando os novos médias (meios de comunicação de
massa) e tecnologias;
• Desenvolver ações intersetoriais para a saúde a todos os níveis (estatal e não estatal) que
demonstrem liderança generalizada no sentido de todas as ações conducentes e
necessárias para o melhoramento da saúde reprodutiva, materna, neonatal, infantil e dos
adolescentes.
• Criar um ambiente conducente ao empoderamento das comunidades e reforçar o papel
dos homens na melhoria do acesso a serviços da saúde e dos direitos sexuais e
reprodutivos.
129
• Assegurar a implementação nacional das várias decisões da Conferência dos Chefes de
Estado da UA sobre a liderança e a participação dos jovens nos processos de tomada de
decisão; envidar esforços visando a criação de um Parlamento Juvenil anual e uma
Conferência Modelo da União Africana no continente;
• Reforçar a atual interação com a juventude e as iniciativas de participação da União
Africana, incluindo, o Corpo Africano de Jovens Voluntários, os Clubes Juvenis da
União Africana, atividades da AGA-YES, incluindo, o Painel Consultivo da Juventude, o
Tribunal Simulado e o Diálogo Juvenil Anual sobre Democracia, Direitos Humanos e
Governação.
4.3.2.11. Desporto
130
• Promover o aumento da prática desportiva no ensino superior, incentivando a criação de
serviços desportivos académicos e preparando o estatuto de estudante-atleta;
• Apostar num projeto de bolsas de competição para jovens talentos no desporto, em
particular no âmbito dos Programas de Preparação Olímpica e Para-olímpica e das
Esperanças Olímpicas e em articulação com o movimento federado;
• Promover o “mecenato desportivo” e integrá-lo no Estatuto dos Benefícios Fiscais;
• Avaliar e redefinir os critérios públicos de apoio às práticas desportivas tendo em conta o
contexto macroeconómico e os novos pressupostos de integração no estatuto de alto
rendimento e a sua conciliação com outros financiamentos das federações e comités
olímpico e paralímpico. Neste contexto, cabe assegurar a requalificação e a melhoria das
infra-estruturas e materiais de apoio à prática desportiva;
• Modernizar e desenvolver o parque desportivo nacional e viabilizar a gestão e utilização
das instalações, equipamentos e infra-estruturas existentes com vista ao seu integral
aproveitamento;
• Promover a criar instalações desportivas com padrões e exigências internacionais;
• Impulsionar o Conselho Nacional do Desporto;
• Fomentar a criação de um sistema nacional de informação e estatística desportiva.
4.3.2.12. Cultura
131
• Preservar as várias formas de manifestação do património móvel e imaterial e das
tradições orais e da valorização do nosso museu;
• Implementar uma maior articulação entre administração central e autarquias, com vista à
melhoria de procedimentos urbanísticos e de salvaguarda do património;
• Aprofundar o conhecimento da história nacional;
• Definir um ponto focal para o investimento na cultura, que abranja as candidaturas
internacionais, o restauro e requalificação de património classificado, diminuindo a
burocracia, em articulação com as autarquias locais;
• Legislar os direitos de autor e a violação dos direitos de autor.
4.3.3.1. Saúde
O direito à saúde faz parte integrante dos direitos sociais e visa alcançar não apenas a
igualdade formal, mas também a igualdade material no acesso aos cuidados de saúde. O direito à
saúde, por si é um mecanismo que permite evitar a pobreza ou o seu agravamento, promove a
paz e a inclusão social, e potencia o crescimento económico e o desenvolvimento do País. Trata-
se de um direito consagrado na Constituição da República Democrática de São Tomé e Príncipe,
compreendendo os princípios de universalidade da cobertura; equidade de acesso aos serviços; e
solidariedade no financiamento.
Os obstáculos à materialização desse direito legítimo dos santomenses são imensos, a
começar pelo agravamento da situação socioeconómica do País, aquando do início das funções
do Governo, cujo impacto no setor da saúde caracterizava-se essencialmente por uma série de
constrangimentos, dentre os quais se enumeram os seguintes:
• Limitação acentuada do acesso das populações à prestação de cuidados de saúde com
qualidade, do qual deriva o aumento do nível de pobreza das populações sem capacidade
financeira para suportar os custos decorrentes da subida de preço da prestação desses
cuidados;
• Mau atendimento dos utentes pelos profissionais de saúde;
• Existência de equipamentos obsoletos, carência de medicamentos e outros consumíveis;
• Más condições de instalação dos utentes;
• Más condições de trabalho dos profissionais de saúde;
• Deficiente qualidade higiénico-sanitária das infra-estruturas e equipamentos de saúde,
mormente nos aspectos referentes a higiene e a qualidade alimentar;
132
• Inexistência de políticas efetivas da informação, educação e comunicação em às
populações sobre os fatores de risco para a saúde pública das comunidades;
• Insuficiência de estratégias de prevenção de doença e promoção de melhor saúde para as
populações.
Prestação de cuidados
133
cuidados secundários, de melhor gestão, equipamento e apetrechamento do referido
hospital. A realização deste programa ficará dependente do financiamento
disponibilizado e dos apoios conseguidos para a sua concretização;
• Apoiar e reforçar a prestação do pacote integrado de cuidados promocionais, preventivos
e primários em todos os distritos sanitários de São Tomé e na Região Autónoma de
Príncipe, disponibilizando meios complementares de diagnóstico e terapêuticas
compatíveis.
• Retomar a prestação periódica de cuidados especializados nos Distritos e na RAP,
promovendo com esta abordagem mecanismos de rastreio nacional em determinadas
patologias e a consequente orientação dos utentes para uma assistência atempada;
• Promover todas as potencialidades da telemedicina para permitir o apoio nas
especialidades, especialmente naquelas que não existem no País, para permitir a devida
assistência aos doentes bem como a formação contínua dos quadros nacionais.
• Manter e reforçar os programas de luta contra as doenças transmissíveis especialmente
contra o Paludismo, VIH/sida e Tuberculose. Estruturar e promover os diversos
mecanismos de vigilância epidemiológica e planos de ação para conseguir metas
satisfatórias de prevenção e controle das referidas patologias;
• Prestar especial atenção aos programas nacionais da saúde sexual e reprodutiva e da luta
contra as doenças não transmissíveis, reforçando as suas diversas componentes com vista
a melhorar os indicadores sanitários do País e capitalizar o seu impacto positivo;
• Criar um programa nacional orientado para os portadores de incapacidades ou
deficiências, em estreita colaboração com a previdência social, com outros ministérios
nomeadamente o Ministério do Emprego e Formação, o Ministério da Educação, visando
promover a sua capacitação, plena integração e inclusão na sociedade;
• Dar ênfase ao desenvolvimento da saúde pública através da informação, educação e
promoção para a saúde, em estreita colaboração com os órgãos de comunicação social e o
ministério da educação e cultura;
Recursos humanos
134
• Adesão à recente iniciativa relacionada com o Investimento no Capital Humano lançada
pelo Banco Mundial, em 18 de Outubro passado, em Bali, e do mecanismo de
transferência condicional de capital (conditional cash transfer) para as camadas mais
vulneráveis da população;
• Melhoria do desempenho e maior rigor na gestão das estruturas sanitárias do País, através
de implementação de planos de qualidade e de melhoria contínua na prestação dos
cuidados;
• Criar um gabinete específico, na dependência do ministro da saúde, dotado de meios e
mecanismos para o acompanhamento atempado e adequado das evacuações sanitárias
para Portugal, em colaboração com a Direção Geral da Saúde (DGS) e com as
Embaixadas de São Tomé e Príncipe e de Portugal, tendo como norte os ganhos de saúde
para os doentes e o grau de urgência ou de emergência das evacuações;
• Instalar um Sistema de Informação Sanitária (SIS) e um Gabinete de Estudos e
Planeamento (GEP) com a missão de reunir e gerir a informação relacionada com a
prestação dos cuidados, acompanhar e avaliar as políticas públicas de saúde tendo como
finalidade melhorar a gestão e a administração do setor, bem como a assistência à
população.
Aprovisionamento
Infra-estruturas
135
administrativos (recolha de contribuições e pagamento de prestações), indefinidos; baixa taxa de
cobertura pessoal; baixa taxa de recuperação da dívida.
As linhas de força assentam-se nas seguintes medidas:
• Promover, ainda no primeiro ano da legislatura, a inclusão no Programa de Investimento
Público (PIP) o desenho e início do programa rendimento mínimo de inclusão social
(RMIS), para combater a precariedade e extrema pobreza. Trata-se de um programa de
natureza socioeconómica, que visa incluir os mais desfavorecidos, concedendo-lhes
oportunidade e possibilidade de auto-emprego, de ter um rendimento mínimo de
sobrevivência e ou uma bolsa de estudo. Esse programa comtemplará também uma
atenção especial às pessoas da terceira idade que se encontrem em extrema pobreza;
• Repensar a segurança social no sentido de torná-la mais transparente, eficiente e próxima
dos cidadãos, em estreita articulação com os parceiros sociais. Os serviços públicos serão
instruídos, para nos termos do artigo 32.º do Decreto-Lei n.º 25/2014, pagar, por
adiantamento, todos os subsídios, especialmente, às grávidas e aos doentes, fazendo
posteriores encontros de conta com a Segurança Social;
• Analisar a pertinência do alargamento de Segurança Social a todos os cidadãos que
preenchendo os requisitos tiverem esse direito negado, quer através de novas prestações,
aumento progressivo do montante das pensões, implementação dos regimes
independentes a trabalhadores domésticos e concretização dos direitos em formação;
27
• Reconfigurar a governação dos investimentos, respeitando o tripartismo , visando uma
maior participação na economia.
136
• Incrementar estágios profissionais de capacitação de recursos humanos.
O primeiro quadro institucional para a promoção das mulheres em São Tomé e príncipe
foi criado pelo Decreto-Lei nº43/92, sob a designação de “Gabinete de Apoio ao
Desenvolvimento da Mulher e da Família”, adstrito ao Ministério da Saúde. Através do Decreto-
Lei nº 37/97, de Outubro de 1997 criou-se a Direção Geral da Promoção da Mulher, Família e
Juventude, como um dos serviços do Gabinete do Primeiro Ministro.
Em 2002, com o apoio técnico e financeiro do Fundo das Nações Unidas para a
População (FNUAP) foi elaborada a “Estratégia Nacional para a Igualdade e Equidade de
Género” e com o apoio da República da China (Taiwan) foi construído, de raiz, um edifício de 2
plantas para albergar o Instituto da Mulher.
Ainda com a assistência técnica do FNUAP foi analisado o esquema institucional previsto
para implementação da ENIEG, que passados dois anos ainda não tinha começado a funcionar.
Globalmente, pode-se afirmar que, ao longo dos anos, o quadro institucional para a promoção da
mulher e do género foi considerado um órgão marginal e flutuante, ao sabor da instabilidade
política que tem caracterizado os governos da chamada “Segunda República”. Foram necessários
vários anos, para que o Governo assumisse verdadeiramente um quadro institucional e o dotasse
de alguns recursos, sobretudo humanos.
O primeiro estudo sobre a violência doméstica foi realizado, em 2002, sob a iniciativa da
UNICEF, o que levou a criação do Centro de Aconselhamento Contra a Violência Doméstica
(CACVD), um em São Tomé e outro no Príncipe, cujo papel tem sido importante, considerando
que a sociedade santomense, culturalmente, não atribui o mesmo valor à mulher e ao homem.
Por essa razão e face à inoperância dos mecanismos legais e institucionais de defesa e
proteção das vítimas, a maioria das mulheres vítimas de violência não a denunciavam pelo fato
da sociedade ser machista e tolerante com o agressor; de dependerem economicamente do
agressor, por vergonha, sentimento de culpa, pressão familiar, entre outros fatores.
Em 2007 o Governo adotou, por decreto, a Estratégia Nacional para a Igualdade e
Equidade de Género (ENIEG) e só em 2012 é que a violência doméstica surge tipificada como
crime, pela primeira vez, no Código Penal de São Tomé e Príncipe, aprovado pela Lei n.º 6/2012
de 6 de Agosto. No entanto, em 2008, já se encontrava publicado dois diplomas legais, as Leis nº
11 e 12/2008, de 29 de Outubro, para punir este tipo de crime, porém, sem que o mesmo
estivesse tipificado no ordenamento jurídico-penal santomense como tal.
Em 2014, com o apoio do FNUAP e do Fundo Europeu de Desenvolvimento foi
elaborada e adotada, a Estratégia Nacional de Luta Contra a Violência Baseada no Género para o
período 2014-2018, com o objetivo de tornar mais visível a problemática da Violência Baseada
no Género; harmonizar as ações desenvolvidas pelos diferentes atores nesse domínio; reforçar as
capacidades do CACVD e implementar um dos objetivos do eixo quatro da ENIEG “Contribuir
para a redução da violência contra as mulheres.
Contudo, uma das maiores limitações é o número de Centros existentes no País. Para
fazer face ao problema, foi constituída, recentemente, uma rede denominada “Rede Vida”,
constituída por pontos focais de dezoito instituições, nomeadamente, Comandos Distritais da
Polícia, Polícia de Investigação Criminal, ONG, Ministério Público, ou seja, instituições que de
uma forma ou de outra, também fazem o atendimento às vítimas ou com a qual o CACVD já
tenha estabelecido protocolos.
Importa destacar um aspeto comum aos diferentes textos constitucionais sobre o princípio
da relação de igualdade entre o homem e a mulher, no caso santomense. Apesar de a igualdade
perante a lei estar consagrada para todos os cidadãos (Nº1), “a mulher é comparada ao homem,
estabelecendo-se este último como padrão (Nº 2), ou seja, em vez de constar que “o homem e a
137
mulher são iguais perante a lei”, consta que “a mulher é igual ao homem […],” (Lei 1/03:6)
estabelecendo-se, até certo ponto, uma relação de hierarquia entre os dois sexos. Esta situação
não se verifica por exemplo, na Constituição da República de Cabo Verde, na da República
Portuguesa, entre outras”.
A igualdade de género é um dos pilares fundamentais do desenvolvimento sustentável e
visa assegurar que as mulheres e as meninas, assim como os homens e meninos, tenham as
mesmas oportunidades de participação, acesso e benefício do processo de desenvolvimento. Este
princípio permite integrar as necessidades, experiências e expetativas específicas de mulheres e
homens santomenses na conceção, implementação, seguimento e avaliação do Plano Nacional de
Desenvolvimento Sustentável, nos seus três pilares estruturantes: Economia Sustentável,
Desenvolvimento Social e Soberania/Democracia, visando a eliminação das desigualdades de
género e promoção de um desenvolvimento inclusivo no País.
A transversalização da abordagem de género no PNDS garante a adoção de medidas
corretoras das desigualdades de género, a nível dos diferentes setores, promovendo assim a
justiça e inclusão social e o desenvolvimento sustentável do País.
São Tomé e Príncipe continua a registar importantes desafios para alcançar a plena
igualdade de género, com destaque para autonomia económica das mulheres, sua participação na
política e na tomada de decisão, e a violência baseada no género (VBG). Em termos de políticas,
programas e práticas institucionais, apesar de alguns progressos, persistem fragilidades na
Transversalização da Abordagem de Género ao nível setorial, regional e distrital. No que
concerne ao empoderamento económico das mulheres, registam-se, em particular, os seguintes
obstáculos:
• Menor participação das mulheres em setores económicos chave (áreas ligadas ao turismo,
como agro-negócio, economia azul, economia verde, indústrias criativas, etc.);
• Constrangimentos específicos das mulheres, em matéria de empreendedorismo, que
precisam ser tidos em conta nas abordagens de promoção do empreendedorismo, com
enfoque no desenvolvimento de capacidades, melhores condições de acesso aos mercados
e ao crédito, entre outros;
• Estereótipos (preconceitos) de género que limitam as opções das mulheres, em termos de
áreas de estudo e formação, tornando-se necessário a promoção da maior presença das
mesmas em áreas tecnológicas, áreas não tradicionais e de ponta, suscetíveis de promover
a empregabilidade;
• Forte presença das mulheres no setor informal, aconselhando a sua inclusão na definição
de políticas e programas de transição para o formal, para que beneficiem
economicamente da transição;
• Persistência de discriminação de género no mercado laboral, exigindo medidas de
promoção do acesso igualitário ao trabalho e salário, medidas de promoção de ambientes
livres de assédio moral e sexual nos locais de trabalho, tanto no setor público como no
privado;
• Sobrecarga das mulheres com trabalho não remunerado, num contexto de desestruturação
da rede tradicional de cuidados, pois apenas uma pequena parcela das famílias
santomenses está em condições de comprar serviço de cuidados para apoio a
dependentes: crianças, deficientes, idosos;
• Dificuldades em conciliar a vida laboral e familiar.
138
• Cultura e práticas institucionais das estruturas políticas pouco sensíveis ao género;
• Barreiras do lado da demanda, tais como menores oportunidades das mulheres no que
concerne ao desenvolvimento de capacidades políticas e de liderança, falta de co-
responsabilidade nos cuidados da família e da casa (homens/mulheres, Estado/famílias),
insuficiente compreensão das barreiras de género e instrumentos para promover o
aumento da participação política das mulheres, como cotas, lei de paridade, etc.
A Lei n.º 6/2012 de 6 de Agosto 2012 que, pela primeira vez, tipifica a violência
doméstica como crime no Código Penal de São Tomé e Príncipe constitui um grande ganho para
o País, entretanto, sua eficácia exige profundas mudanças nas práticas dos vários sistemas:
justiça, saúde, ação social, educação. Entre os obstáculos estão principalmente:
• Normas e papéis de género que não se coadunam com os direitos sexuais e reprodutivos
das mulheres;
• Integração do género, sobretudo nas áreas sociais, à primeira vista mais propensas a uma
análise de género, havendo necessidade de promover tal integração em todos os setores e
temáticas, incluindo nas questões económicas, de competitividade, de finanças, etc.
139
Quadro 9: Principais áreas de intervenção e opções estratégicas de género
140
Os esforços neste sentido serão em vão se o País não tiver capacidade de preservar a sua
soberania, a operacionalidade da acção do Estado e salvaguardar a liberdade individual, a
vontade popular, a justiça social, a segurança e o bem-estar dos seus cidadãos. Esses
pressupostos concorrem para uma reforma institucional não apenas para reforçar as instituições
existentes, mas também, para se analisar a pertinência de novas instituições para fazer face a
novos desafios.
Neste sentido, é também importante assegurar a neutralidade e independência da
comunicação social pública, através da implementação das seguintes medidas:
• Redefinir, em concertação com os órgãos públicos e privados de comunicação social e
com as organizações socioprofissionais do setor, as modalidades de designação de
membros para o Conselho Superior e para as direções dos órgãos públicos de
comunicação, visando assegurar a independência, neutralidade e imparcialidade no
exercício deste tipo de funções;
• Encetar diligências visando converter os órgãos da comunicação social, nomeadamente, a
Rádio Nacional e a Televisão em empresas publicas auto-sustentadas;
• Implementar, em pareceria com AGER, a migração do sistema de transmissão analógico
para digital;
• Assegurar a cobertura nacional de Rádio e Televisão;
• Dotar os serviços públicos de comunicação de infraestruturas modernas, incluindo a
construção de um novo edifício;
• Rever os acordos de cooperação com a rádio e televisão de países paceiros de
desenvolvimento de STP.
141
Com o objetivo de promover e desenvolver uma cultura de paz, de direitos e de justiça
propõe-se modernizar, dignificar, prestigiar e responsabilizar as magistraturas através de
promoção de políticas pró-ativas, credíveis e eficazes para o sistema judiciário.
Urge um programa de reestruturação e modernização do sistema judicial na sua
globalidade, em termos de organização, gestão, valorização dos recursos humanos, infra-
estruturação física e das TIC, e de disponibilização de equipamentos e materiais.
Não obstante, o trabalho específico e setorial que será levado a cabo, com as instituições
legítimas da justiça, importa realçar a relevância, urgência e imperatividade de implementação
das seguintes medidas:
• Criação de tribunais de competência especializada, designadamente, de família e
menores, de trabalho e administrativo, de comércio, marítimos, entre outros, com a
finalidade de produção de uma justiça de boa qualidade, célere, de forma a melhorar as
condições de acesso dos cidadãos à justiça;
• Criação de um centro polivalente destinado a formação e atualização de magistrados e
outros atores da justiça;
• Promoção e operacionalização de instrumentos de avaliação individual permanente dos
magistrados judiciais e dos funcionários do Ministério Público, de modo a estimular a
qualidade e a produtividade laboral;
• Promoção de ações e políticas de proteção à infância;
• Criação de uma Direcção Geral de Prevenção e Combate a Criminalidade que cingirá às
áreas da violência doméstica, prevenção e combate ao consumo de álcool e outras drogas.
142
• Instalação de um sistema de informação integrado, relativo à criminalidade nacional e
internacional, que permita um acesso mais rápido e eficaz às informações imprescindíveis
ao combate da criminalidade;
• Instalação, no quadro das ações de natureza preventiva e educativa, de um laboratório
especializado de investigação, de modo a facilitar e credibilizar a revelação de provas,
bem como de um instituto de medicina legal, com o propósito de permitir maior
celeridade e credibilidade no apuramento da verdade material;
• Promoção da realização de programas de capacitação da Policia Judiciária com meios
legais, técnicos, humanos e materiais, que lhe permita intensificar o combate às
manifestações de criminalidade que afetam o País e constituir-se num fator decisivo de
dissuasão contra as novas formas de criminalidade que ameaçam seriamente o futuro do
País, com particular destaque para a económico-financeira, a transnacional, corrupção,
pedofilia, prostituição juvenil, tráfico de seres humanos, o tráfico, fabrico e consumo de
drogas;
• Adesão aos instrumentos internacionais de repressão á criminalidade transnacional.
No que diz respeito à política de reinserção social, serão tomadas as seguintes medidas:
• Definição de um modelo organizativo adequado à gestão, dinamização e
desenvolvimento de projetos de empregabilidade, formação profissional e produtividade
de reclusos, na perspetiva da sua reintegração nas respetivas comunidades;
• Desenvolvimento de ações orientadas para captação de parceiros públicos e ou privados
visando a implementação dos projetos em referência;
• Desenvolvimento de ações com vista à substituição da pena de prisão pela prestação de
trabalho a favor da comunidade, fomentando a efetiva participação de toda a sociedade,
nos processos de reintegração e ressocialização de jovens sujeitos a medidas cautelares,
educativas e de reclusão.
Nesse domínio, propõe-se ainda a criação de uma base de dados automatizada de forma a
viabilizar a permuta de informações recorrendo a meios digitais, reduzindo assim a demora desse
tipo de expediente, pela via tradicional, e agilizar o acesso informático direto aos dados relativos
à identificação, à situação prisional de arguidos e de condenados, aos magistrados que exerçam
funções nos tribunais criminais ou nos tribunais de execução de penas.
Construção de um novo estabelecimento prisional: a localização do atual edifício
prisional coloca a população envolvente sob risco permanente. Por outro lado, a superlotação e o
avançado nível de degradação do referido edifício colocam em risco a integridade física dos
reclusos.
Face à degradação das condições de acolhimento dos reclusos, é urgente e definitiva a
necessidade de edificação, de raiz, do novo estabelecimento prisional em São Tomé, com todas
as condições de higiene, segurança e de outras, inerentes às instalações dessa natureza, e adoção
de medidas com caráter de urgência visando a reabilitação das instalações prisionais da Região
Autónoma do Príncipe.
Centros de arbitragem-redefinição: com vista ao descongestionamento dos tribunais,
propõe-se dar atenção à criação de uma comissão especializada para proceder a um trabalho de
identificação das áreas de atuação passíveis de enquadramento em mecanismos extrajudiciais de
resolução de conflitos, por conterem matérias que constituem focos significativos de litigância
judicial e justificarem a projeção da arbitragem.
Os centros da arbitragem assim concebidos permitirão resolver conflitos de forma mais
rápida, mais barata, mais simples para as partes.
143
No domínio dos registos e notariado: pretende-se aperfeiçoar o processo de registo dos
recém-nascidos no estabelecimento de saúde onde ocorra o nascimento, sem necessidade de
deslocação a uma conservatória de registo civil.
A base da política do Governo é a da simplificação administrativa dos atos e práticas
registrais e notariais; descentralização dos serviços dos Registos e do Notariado para outros
distritos mais vulneráveis e menos acessíveis; revisão das taxas atualmente em vigor, com vista a
sua redução, particularmente para os estudantes.
Uma atenção particular será dada ao registo automóvel, visando sua modernização e
simplificação dos procedimentos.
Serviços de informática e reprografia: com vista a melhoria de publicitação dos atos do
Governo e da Administração propõe-se o desenvolvimento de ações no sentido do
aperfeiçoamento dos serviços de reprografia.
144
• Facilitação do acesso aos serviços públicos: articulação e integração dos diversos
serviços e partilha informações;
• Eliminação do papel: (desmaterialização) diminuindo os custos de gestão;
• Substituição de certidões convencionais nos diferentes Serviços Públicos, pela sua
disponibilização via electrónica;
• Simplificação: desburocratização e melhor regulação para evitar custos e
constrangimentos necessários;
145
mais resiliente a estas ameaças e contribuam para a segurança e o bem-estar económico, social e
cultural dos são-tomenses.
Na era de sociedades do conhecimento, o progresso anda de mãos dadas com o saber e a
segurança. Neste sentido, o Governo no exercício da legislatura instituirá academia de ciências
enquanto guardiã do saber, um instituto da cultura nacional para salvaguardar e divulgar o
património cultural identitário do País e serviços para políticas e tratamento de informações
geopolíticas.
No mundo globalizado, o que acontece num país pode ter impacto em todos os demais. O
conceito estratégico de defesa com cerca de uma década está desajustado no tempo. São Tomé e
Príncipe precisa evoluir para o conceito estratégico de segurança no sentido lato, para abarcar as
componentes não militares, dentre as quais, de natureza geoestratégica para permitir a
observação e interpretação da dinâmica do ambiente externo, cuja repercussão exigirá do Estado
são-tomense antecipação de políticas tendentes a conservar a sua paz, a sua soberania e o bem-
estar dos seus cidadãos.
O Governo propõe garantir a defesa da soberania, unidade e integridade nacionais num
conceito de território mais alargado, sendo o espaço territorial constituído, predominantemente,
pela Zona Económica Exclusiva e pelo espaço aéreo correspondente.
Nessa asserção, fica claro que a localização geoestratégica do País se afigura como um
capital a ser valorizado, acarretando para tal, a necessidade de proteger os interesses económicos,
particularmente no mar, e de segurança nacional.
Nesse quadro, decorre a necessidade de reavaliar, redefinir e melhor adequar o papel das
Forças Armadas, por um lado, considerando a sua situação atual e as perspetivas de
desenvolvimento de STP estabelecidas no Programa do Governo e, por outro lado, o contexto
internacional que, em matéria de segurança, os desafios e as ameaças ganham contornos
preocupantes e cada vez menos previsíveis, pondo em risco a estabilidade, a segurança, o
progresso e o bem-estar das populações.
Criação e de serviços de política e tratamento de informações geopolíticas: nas
circunstâncias atuais, a criação deste serviço justifica-se pelo fato do ambiente externo ser
extremamente dinâmico e os fenómenos deles decorrentes poderem melhorar ou condicionar a
sobrevivência coletiva nacional.
Da mesma forma como se antecipa os fenómenos climáticos, observando a natureza, STP
tem que aprender a observar e interpretar corretamente os fenómenos externos e a antecipa-los,
tomando decisões qualitativas que reforcem a sua resiliência e garantam o seu desenvolvimento
sustentável. Neste sentido, o Estado santomense carece de um serviço de políticas e tratamento
de informações geopolíticas de natureza estratégica.
Por isso, se torna imprescindível a criação de um observatório e de um conselho
geopolíticos. Enquanto o primeiro analisa e interpreta os fenómenos na perspetiva de sua
importância e impacto sobre o País e sobre a atitude a tomar, o segundo valida uma ou várias
opções, se assim se entender, e submete-as à superior consideração do Governo que decidirá
segundo os superiores interesses da Nação.
Esta nova instituição deverá centrar a sua observação, analise e interpretação, sobre, se
direta ou indiretamente, a curto, médio e longo prazos, o ambiente externo reforça, condiciona ou
ameaça a sobrevivência coletiva, quer do ponto de vista de segurança no sentido lato
(económico, político e cultural), quer da afirmação de STP no mundo.
Desta feita, esta instituição ajudará o Governo a ganhar consciência sobre as potenciais
ameaças e oportunidades externas e, a cada instante, a antecipar decisões sobre o futuro que
melhor garanta a segurança, o bem-estar económico e social dos seus cidadãos.
Assim, propõe-se adoção e implementação das seguintes medidas:
• Revisão do conceito estratégico de segurança nacional no sentido de abarcar as
componentes tanto militar como não militar de defesa;
146
• Cumprimento dos engajamentos assumidos no respeitante a participação ativa do País em
missões internacionais;
• Desenvolvimento, com os principais parceiros estratégicos e tradicionais do Pais, dos
projetos de cooperação técnico-militar para o setor;
• Garantia, em colaboração com as autoridades competentes, da participação das Forças
Armadas em ações de prevenção, fiscalização e monitorização de atividades ligadas a
redes organizadas de tráfico de drogas e criminalidade conexa;
• Assunção da importância estratégica do mar como zona vital da Nação, dando prioridade
a ações conducentes a pesquisa, monitoramento e segurança da ZEE;
• Garantia e melhoria, em parceria com países amigos, do nível de operacionalidade da
Guarda Costeira, no patrulhamento conjunto do mar sob jurisdição nacional;
• Promoção, em ações combinadas com o exército, a mobilização de todos os recursos
disponíveis visando o combate à delapidação de recursos marinhos, à poluição marítima,
reforçando a mobilidade dos serviços de fiscalização das praias (chefes de praias e
outros);
• Envolvimento da unidade de engenharia militar na realização de obras civis;
• Controlo da recolha de armas que se encontram na alçada de terceiros;
• Reestruturação do sistema de informações e de inteligência militar (recolha, tratamento,
partilha das mesmas);
• Aumento do nível de prontidão e operacionalidade das Forças Armadas, melhorando o
nível de acomodação dos militares;
• Avaliação da pertinência da revisão da Lei de Programação Militar, para fazer face aos
constrangimentos da atual situação económica e financeira do País, ouvindo as
Instituições.
147
• Concentrar e racionalizar a utilização dos meios existentes, alguns dos quais hoje
dispersos nos mais variados intervenientes do sistema de segurança;
• Consagrar soluções que garantam um acréscimo de rigor e eficácia no planeamento e
execução de operações suscetíveis de envolver mecanismos de coordenação operacional e
orgânica;
• Valorizar o papel estratégico das informações, realçando medidas de reforço da
centralização e coordenação da sua atividade;
• Impulsionar medidas que valorizem o papel e o estatuto das forças de segurança,
incentivando a eficiência, formação e mobilidade interna.
• Fomentar a ligação das forças às instituições da sociedade civil, mormente no tocante a
avaliação de programas públicos de ação e integração social em zonas urbanas sensíveis,
abarcando áreas como a educação, habitação, emprego e toxicodependência, envolvendo
para o efeito autarquias locais, Instituto Nacional de Segurança Social (INSS),
Misericórdias e organizações não-governamentais;
• Reforçar o sistema de proteção civil, intensificando o aproveitamento das sinergias
decorrentes da atuação conjunta entre a segurança interna e defesa nacional, incorporando
e articulando entidades afins;
• Proporcionar aos Serviços de Bombeiros condições adequadas ao desempenho eficaz da
sua atividade, aos mais diversos níveis de intervenção operacional;
• Melhorar o sistema de saúde das forças policiais, garantindo apoio de qualidade aos seus
utentes e um maior aproveitamento da capacidade instalada;
• Intensificar o combate à sinistralidade rodoviária, procedendo a uma rigorosa avaliação
do sistema atualmente existente e reforçando, em coordenação com as instituições da
sociedade civil, a aposta na prevenção e na fiscalização seletiva dos comportamentos de
maior risco.
148
Portanto, a superação dos problemas inadiáveis que o País enfrenta, pressupõe um
conjunto de desafios que, pela sua magnitude e transversalidade, não será de modo algum
possível uma solução exclusivamente interna.
Nessa perspetiva, respeitando os preceitos constitucionais e em consonância com as
aspirações nacionais, os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2063 da União
Africana, a política externa de São Tomé e Príncipe deve visar: a preservação da soberania
nacional; a promoção e defesa dos interesses do País, com particular ênfase na diáspora; o
estabelecimento e o reforço de parcerias estratégicas para o desenvolvimento; a promoção da
imagem externa do País; a participação ativa no concerto internacional para a promoção do bem-
estar, da dignidade humana, da paz, da segurança e da estabilidade à escala mundial.
Neste contexto, visando superar os supracitados desafios, propõe-se a realização das
seguintes medidas:
• Proclamar a proteção e promoção dos interesses nacionais, humanos ou patrimoniais, de
pessoas singulares ou coletivas, de natureza privada ou pública;
• Reafirmar o total empenho e determinação do País em manter, numa base de
reciprocidade, relações de amizade e cooperação com todos os povos e países do mundo,
no respeito pelas soberania e integridade territorial, cooperação para o desenvolvimento e
não ingerência nos assuntos internos de cada um;
• Reafirmar o seu firme propósito em honrar todos os compromissos bilaterais, e
multilaterais internacionalmente assumidos, resultantes de Tratados, Convenções
Internacionais e Acordos de que é co-signatário;
• Pactuar a participação nas organizações internacionais de que é membro por uma postura
de respeito, apego e defesa dos ideais estatuídos, no sentido de melhorar a
representatividade de São Tomé e Príncipe no contexto regional e internacional, enquanto
condição sine qua non para a promoção da imagem do País e a internacionalização da
economia santomense;
• Promover a paz, a segurança e a concórdia internacionais, através da cooperação com os
parceiros bilaterais e multilaterais, mantendo alinhamento em relação às principais
questões da vida internacional, como sejam, o respeito pelos direitos humanos; a
igualdade de género; o desenvolvimento num ambiente sustentável; a resolução pacífica
dos conflitos; o combate às alterações climáticas e a qualquer tipo de opressão e
discriminação; o combate ao terrorismo, à pirataria marítima, ao tráfico da droga e à
todas e demais formas de criminalidade transnacional organizada;
• Confirmar a necessidade de reajustar, reforçar e consolidar as relações de amizade e de
cooperação com os povos e países da sub-região, da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa, bem como os que têm contribuído de forma significativa no processo do seu
desenvolvimento;
• Valorizar a ação das comunidades residentes no estrangeiro na divulgação da cultura
nacional e melhorar a inclusão e participação da diáspora são-tomense no processo de
desenvolvimento do País;
• Reforçar a cooperação com os parceiros bilaterais elegíveis para otimizar o estado de
segurança nacional no sentido alargado.
Para melhor salvaguarda dos interesses de cidadãos são-tomenses nos respetivos países
de acolhimento, fortalecimento de seus laços com o País de origem e promoção da sua
contribuição e comprometimento com desenvolvimento de São Tomé e Príncipe propõe-se um
conjunto de medidas para uma melhor inclusão da diáspora, designadamente:
149
• Desenvolvimento do projeto de assistência técnica para melhorar o acompanhamento da
diáspora e para responder mais eficazmente às suas necessidades, processo em curso, em
concertação com a Organização Internacional para as Migrações (OIM);
• Melhoria da proteção dos migrantes em todas as situações e assistência aos migrantes
presos e proteção de seus direitos;
Por último, com sentido estratégico vital, o Governo propõe estreitar relações com alguns
parceiros, visando fazer da cooperação internacional um instrumento complementar de progresso
económico e social do País.
150
5. QUADRO OPERACIONAL DO PNDS
Importa ressaltar que o PNDS pretende ser um Plano coerente, construído basicamente,
em torno de cinco etapas principais:
151
Gráfico 16: Síntese da estrutura de conceção e de elaboração do PNDS
Visão
Obejetivos PNDS
Pilares
Áreas Estratégicas
Programas
Projetos
152
Pilar Economia Sustentável, 8 Programas do Pilar Desenvolvimento Social e 7 Programas do
Pilar Soberania e Democracia, identificando os objetivos para os quais contribuem, de acordo
com a apresentação do quadro em baixo.
153
protecção *Setor digital e de inovação integrado de saúde; *Mercado de
sociais, reduzir *Ambiente de negócios *Garantir direitos e trabalho
desigualdades *STP país acessível e aberto proteção às crianças, flexível e inclusivo
sociais e *Infraestruturas modernas e adolescentes e idosos *Defesa e segurança
assimetrias resilientes *Proteção inclusão sociais *Diplomacia
regionais *Sustentabilidade energética *Desporto para inclusão e renovada e intensiva
*Qualidade da produção e difusão coesão nacionais *Diáspora a IIIª ilha
estatística
*Cultura e indústrias criativas
*Pesquisa, ciência e tecnologia
*Empreendedorismo jovem
*Transformação da agricultura
*Água e saneamento
*Proteção da biodiversidade
*Gestão de riscos ambientais,
climáticos e geológicos
*Descentralização,
desenvolvimento local e
comunitário
*STP país acessível e aberto *Consolidação da
Objetivo 4 *Reforma do Estado democracia
*Qualidade da produção e difusão *Reforma do Estado
Reforçar estatística *Independência e
Soberania, *Cultura e Indústrias Criativas *Igualdade de género eficácia da justiça
Aprofundar *Mercado de
Democracia e trabalho
Renovar a flexível e inclusivo
Diplomacia para *Defesa e segurança
Desenvolvimento *Diplomacia
renovada e intensiva
*Diáspora a IIIª ilha
de STP
PILARES
ECONOMIA SUSTENTÁVEL DESENVOLVIMENTO SOBERANIA E
Novo Modelo de Desenvolvimento SOCIAL DEMOCRACIA
Assente na Prestação de Serviços Capital Humano, Qualidade de Novo modelo de Estado: forte,
Vida eficiente e seguro
Combate às Desigualdades
154
destaca-se a importância e a necessidade dos atores responsáveis pela implementação do PNDS e
dos parceiros de desenvolvimento terem uma adequada apropriação dos indicadores de
desempenho e metas do plano estratégico.
O seguimento e a avaliação dos indicadores de impacto do PNDS estão ancorados à
Agenda Estatística e, por conseguinte, garantidos pelo INE, mediante uma agenda estipulada
pelo Sistema Nacional de Planeamento, que será descrito no ponto 6.2. do capítulo seguinte. O
quadro lógico, sintetizando os indicadores e as metas do PNDS está apresentado no quadro em
baixo.
155
Cobertura florestal (ha) 50.000 50.000 50.025 50.040 50.060 50.090
% de áreas marinhas e 0,20 0,20 0,20 0,50 1,90 2,10
terrestre protegidas (2017)
Objetivo 3 Taxa de incidência da 66,20 65,20 63,70 61,20 60,30 55,50
pobreza (%) (2010)
Garantir Taxa de crescimento do 1,05 1.50 1,17 1,90 2,0 2,00
inclusão e PIB per capita (%) (2018)
proteção IDH 0,56 0,58 0,59 0,61 0,62 0,65
sociais, (2016)
reduzir
Coeficiente de Gini 30,80 30,50 29,70 28,35 26,19 25,00
desigualdade (unidade) (2010)
s sociais e Taxa de prevalência de
assimetrias atraso no crescimento 17,20 17,20 16,50 16,00 15,30 13,90
regionais (moderada e grave) (2017)
Taxa de prevalência de
emagrecimento 4,00 4,00 3,60 3,10 2,80 2,50
(moderada e severa) (2017)
Taxa de inflação 9,04 7,70 6,40 5,10 4,50 3,50
(2019)
% da população com
ligação à rede pública de 47 50 58 63 70 80
distribuição de água (2016)
% da população com 80 84 89 92 95 100
acesso à eletricidade (2016)
% de crianças de 5 a 17 50 48 43 39 35 30
anos que trabalham (2014)
Taxa de mortalidade
infantil por 1.000 38,00 36,80 33,10 30,00 28,20 26,22
nascimentos (2015)
Taxa de mortalidade
materna por 100.000 76 65 57 50 45 35
partos (2015)
Taxa de cobertura de
serviços essenciais de 25,82 26,00 27,8 28,3 32,50 35,10
saúde (%)
Taxa cobertura da 1,94 1,62 2,50 2,90 3,50 4,10
proteção social % (2017)
% total de frequência
escolar de crianças 36,40 38,80 40,50 45,90 50,60 60,10
menores de 5 anos (2017)
Taxa bruta de
escolarização no 12º ano 106 107 109 110 112 115
(%)
Taxa de desemprego 29,10 30,33 28,40 26,10 20,20 18,20
jovem (2010)
Taxa de desemprego de 19,70 19,30 18,40 16,80 14,50 11,80
mulheres (%)
156
Desenvolvim (%)
ento Remessas de emigrantes
em percentagem do PIB 4,60 5,00 6,40 8,50 10,80 12,50
pm (2016)
Peso das mulheres nas N/R 2,00 3,50 5,30 7,60 8,50
Forças Armadas (%)
Peso das mulheres na N/R 4,10 6,80 9,50 11,20 13,50
Polícia (%)
O PNDS tem uma estrutura programática constituída por três pilares, com um total de 34
programas, a qual inclui um programa de Gestão e Administração Geral. Este programa visa
ocupar-se de questões administrativas de todo processo de reforma no âmbito da implementação
do PNDS, seja ao nível da administração central do Estado, seja ao nível das autarquias regional
e distritais.
O PNDS tem um orçamento estimativo de 48.280.767.563 Dobras (equivalente a
1.970.643.574 Euros) destinado à materialização dos seus quatro macro objetivos, com a
seguinte distribuição:
Objetivo 1: 22,5%;
Objetivo 2: 35,0%;
Objetivo 3: 27,5%;
Objetivo 4: 15,0%.
157
Este pilar contribui predominantemente para os objetivos 1, 2 e 3 do PNDS e apenas
marginalmente para o objetivo 4. Contribui para os ODS 1,2,4,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16,17.
Seu orçamento indicativo, para o período do PNDS, é de 27.761.441.348,73 Dobras, destinado
ao financiamento dos seguintes programas:
158
humanas e promover um 12, 17
ambiente de negócios em
torno das TIC e da I&D.
Melhoria do Adoção de políticas, Chefia do 1, 5, 8, 9, 10,
Ambiente de legislação e processos Governo/ 1,2 11, 14, 416.421.620,23
Negócios administrativos geradores Ministério 16, 17
de bom ambiente de das Finanças
negócios, dinamizadores
do investimento privado,
da competitividade da
economia, do crescimento
económico, de mais e
melhor emprego.
Desenvolver transportes
de qualidade, confiáveis,
sustentáveis, resilientes e
STP País equitativos para apoiar o Ministério 1, 2, 3, 17 138.807.206,74
Acessível e desenvolvimento das 4
Aberto económico e o bem-estar Infraestrutura
humano. s
Construir infraestruturas
de qualidade, confiáveis,
sustentáveis e resilientes;
assegurar a conservação,
exploração e manutenção
de infraestruturas públicas
de acordo com as
Infraestruturas prioridades setoriais para
Modernas e o desenvolvimento social Ministério 1, 2, 3, 9 4.164.216.202.35
Resilientes e económico, com acesso das 4
equitativo e preços Infraestrutura
acessíveis para todos; s
implementar, em parceria
com as autarquias,
equipamentos urbanos
com impacto positivo na
vida das mulheres;
aumentar acesso às TIC
Operar a transição para
um setor energético,
seguro, eficiente e
Sustentabilidad sustentável; reduzir a Ministério 1,2,3 1,4,7,8,5 2.220.915.307,89
e energética dependência de das
combustíveis fósseis; e Infraestrutura
garantir acesso universal e s
segurança energética.
Qualidade da Reforçar a capacidade
Produção e institucional e a qualidade Ministério 1, 2, 3, 17 1.110.457.653,92
Difusão da produção de dados das Finanças 4
Estatística estatísticos.
Promover a investigação e
profissionalização do
setor cultural e criativo,
visando desenvolvimento
da marca-país "São Tomé
e Príncipe Criativo"; da
cidadania através do
Cultura e património histórico e Ministério do 1,2,3 1, 4, 5, 11, 971.650.447,20
159
Indústrias cultural; da incubação das Turismo/Mini 16
28
Criativas MPME , como atrativo stério das
turístico, garantindo o Finanças
desenvolvimento
sustentável a partir da
alocação de investimentos
potenciadores de criar
emprego digno, gerar
rendimento, valorizar o
capital humano e bem-
estar social, corrigir as
assimetrias regionais e os
desequilíbrios sociais e
culturais.
Contribuir para o
desenvolvimento
Pesquisa, sustentável através da Ministério da 1,2,3 2,12 1.665.686480,88
Ciência e investigação científica nos Educação
Tecnologia domínios económico,
social e ambiental.
Promover um ambiente
favorável tanto no
domínio do fazer
negócios, como no
domínio social e cultural;
criar, em parceria com
universidades e setor
privado, incubadoras e
Empreendedori aceleradoras de startups Ministério da 1,2,3, 1, 4, 5, 8,10, 555.228.826.96
smo jovem jovens; um sistema de Juventude/Mi 17
incentivos fiscais, de nistério das
capacitação, organização Finanças
e desenvolvimento das
iniciativas.
Criação e inovação das
condições logísticas e
tecnológicas visando o
aumento da produção,
rendimento e
competitividade das
explorações agro-
pecuárias; garantir uma
gestão equilibrada e
participativa das florestas
para aumentar a
Transformação resiliência dos Ministério da 1,2,3 1, 2, 12, 5 1.388.072.067,45
da Agricultura ecossistemas e das Agricultura
populações rurais face às
alterações climáticas e a
degradação das terras;
Promover uma agricultura
e agroindústria
sustentáveis, inclusivas,
modernas, competitivas,
geradoras de rendimentos
e socialmente
reconhecidas.
Assegurar o direito à
28
Micro, pequenas e médias empresas.
160
água, saneamento e
Água, higiene; garantir o acesso Ministério da 2,3 6,12 555.228.826.96
Saneamento e e acessibilidade a serviços Agricultura/
Higiene (água, saneamento, Ministério
higiene) de boa qualidade, das
visando a qualidade Infraestrutura
ambiental, igualdade de s
género e inclusão social,
saúde pública e melhoria
das condições sociais e
económicas das
populações em todo o
País.
Fomentar e preservar a
biodiversidade como base
dos recursos ambientais
para a promoção de
setores de atividade
económica, tais como
turismo, agricultura,
silvicultura, pecuária e
Proteção da pesca, e implementar os Ministério da 2,3 1, 13, 12, 14, 1.388.072.067,45
Biodiversidade planos de gestão das áreas Agricultura/ 15
protegidas. Deter o Ministério
desmatamento e restaurar das
as florestas degradadas; Infraestrutura
garantir a qualidade s
ambiental; promover a
cidadania ecológica; e
reforçar os sistemas de
licenciamento e auditorias
ambientais.
Adoção de tecnologias
modernas e capacidade
operacional para medir,
armazenar e disseminar
sistematicamente
informações
meteorológicas,
climatológicas,
Gestão de sismológicas e Ministério da 2,3 13 1.943.300.894,41
riscos oceanográficas; Agricultura/
ambientais, monitorização e vigilância Ministério
climáticos e meteorológica e geofísica; das
geológicos controlo de qualidade e Infraestrutura
disseminação de dados e s
informações relevantes
sobre o estado do tempo,
do mar, da qualidade do
ar e do clima.
Reforçar a autonomia e
capacidade institucional
das autarquias locais;
promover um
Descentralizaçã desenvolvimento Chefia do 1,2,3 1, 8, 11, 12, 832.843.240,46
o, económico equilibrado e Governo/Min 5
Desenvolvimen ecologicamente istério da
to Local e sustentável, valorizando Justiça
Comunitário os recursos endógenos
locais e respetivas
161
comunidades.
162
e meninas em todos os Trabalho
domínios e níveis da vida
social, económica e
política, efetivando a
transversalização da
abordagem de género no
processo de
desenvolvimento do País.
Promover um ambiente
favorável ao investimento
Exportação de privado, nacional e Ministério 2,3 3,5 132.772.110,79
Serviços de estrangeiro, no setor do da Saúde
Saúde turismo da saúde,
diversificando a produção
interna e as exportações.
Reforçar a prestação dos
cuidados de saúde,
garantindo acessibilidade,
eficácia, equidade e
humanização dos
serviços; reforçar ações
de promoção da saúde e
Desenvolvimen de desenvolvimento da Ministério 1,2,3 1,3,5 2.655.442.215.96
to Integrado de investigação em saúde; da Saúde
Saúde assegurar o acesso a
medicamentos essenciais
e a tecnologias de saúde,
particularmente a grupos
específicos (crianças,
adolescentes, doentes
crónicos, idosos,
29
LGBTI e deficientes).
Garantir Proteger as crianças, os
Direitos e adolescentes e os idosos Ministério 3 1,6, 5 531.088.443,18
Proteção às de situações de risco do
Crianças, pessoal e social, Trabalho
Adolescentes e assegurando-lhes o bem-
Idosos estar e efetivo o respeito
pelos seus direitos.
Combater desigualdades
sociais e a pobreza,
aumentar o rendimento
aos mais vulneráveis,
Proteção e garantindo-lhes acesso a Ministério 2,3 1, 10, 5 3.319.302.769,95
Inclusão serviços sociais de base do
Sociais (saúde, cuidados e Trabalho
educação), ao bem-estar e
qualidade de vida,
inclusive aos seus
familiares.
Promover o desporto
como ferramenta para o
Desporto para desenvolvimento Ministério 1,3 1,3,5 1.062.176.886,38
Inclusão e saudável e sustentável da da
Coesão juventude; generalizar e Juventude
Nacionais dinamizar a prática
29
Na sigla LGBTI, o “i” significa “intersexuais”, indivíduos que podem identificar-se como homem, mulher ou
nenhum dos dois. Juntamente com pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transexuais, as pessoas intersexuais estão
lutando, em muitos lugares e países, por reconhecimento.
163
desportiva, com o
envolvimento sociedade
civil e das comunidades,
promovendo a inclusão e
coesão social, a criação
de riqueza e o prestígio
de STP no mundo.
O Pilar Soberania é composto por 7 programas, os quais têm como tutela os setores da
Defesa e Ondem Interna, Justiça, Finanças, Juventude, Trabalho e Negócios Estrangeiros. A
contribuição do pilar abrange a totalidade dos quatro macro objetivos do PNDS (1,2,3,4),
contribui para os ODS 1,3,4,5,8,10,13,16,17, tendo um orçamento indicativo no montante de
7.242.115.134,45 Dobras, para o período 2019-2022.
Os programas deste pilar são os seguintes:
164
do género.
Promover um mercado
Mercado de de trabalho flexível e Ministério 1,2,3,4 1,8,5 72.421.151.34
Trabalho bem regulado visando do Trabalho
Flexível e uma maior inclusão;
Inclusivo incentivar todas as
pessoas em idade ativa a
participar, fornecendo-
lhes uma estrutura para o
desenvolvimento
profissional; criar um
sistema de proteção
social que também
incentive um mercado
acessível e bem regulado
para o trabalho
temporário e agências de
trabalho temporário.
Assegurar a defesa e
segurança nacional,
Defesa e visando a garantia do Ministério 1,2,3,4 4, 16, 10, 2.172.634.540,33
Segurança ordenamento da Defesa 5, 17, 8
constitucional
democraticamente
estabelecido.
Promover ativamente a
integração segura e
vantajosa de STP no
Diplomacia mundo, visando o Ministério 1,2,3,4 1, 4, 8, 16, 1.158.738.421,51
Renovada e desenvolvimento dos 17, 3
Intensiva sustentável e inclusivo, o Negócios
bem-estar, a dignidade Estrangeiros
humana, a paz, a justiça
social e a segurança à
escala global.
Promover a integração, o
bem-estar e o
empoderamento dos são-
Diáspora a IIIª tomenses e dos seus Ministério 1,2,3,4 1, 8, 17 217.263.454,03
Ilha de STP descendentes nos países dos
de acolhimento; criar um Negócios
ambiente favorável, Estrangeiros
incluindo um sistema de
incentivos para diáspora
investir e participar no
desenvolvimento do
País.
165
Quadro 16: Programa de gestão e administração geral
166
Gráfico 17: Distribuição geográfica da oferta de estabelecimentos turístico em STP
167
Os planos de desenvolvimento sustentável dos 6 Distritos de São Tomé e da Região
Autónoma do Príncipe realizarão políticas e investimentos públicos, visando, especialmente,
melhorar o ambiente de negócio nas ilhas, sinalizarão oportunidades de negócios e permitirão a
devida apropriação e melhor implicação do poder local e de outros agentes locais de
desenvolvimento na execução dos programas nacionais de desenvolvimento.
Executado pela via dos Orçamentos Gerais do Estado de 2020 a 2024, o PNDS
contribuirá para a integração do mercado nacional através da melhoria da acessibilidade das
ilhas, melhorará o impacto do turismo no rendimento das famílias, o acesso à informação e ao
conhecimento e reforçará o combate à exclusão digital.
168
6. FINANCIAMENTO E MODALIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DO PNDS
A iminência de, nos próximos anos, São Tomé e Príncipe vir a ser graduado a País de
rendimento médio, as vulnerabilidades económicas agravadas pelo elevado nível de
endividamento do País são condicionantes que exigem da liderança do País uma nova postura e
abordagem em matéria de mobilização de recursos para o financiamento do PNDS e do
Programa de Investimento Público.
Mesmo havendo a possibilidade de parte da componente de infraestruturação do PNDS
vir a ser executada com recurso a empréstimos externos concessionais, o Governo sabe que, com
a graduação, o acesso ao financiamento concessional diminuirá paulatinamente, pelo que terá de
conceber soluções para que, a médio-longo prazo, o País seja cada vez menos dependente deste
tipo de ajuda externa, nomeadamente através do reforço da mobilização de recursos internos e da
atração do investimento privado.
O PNDS 2020-2024 será financiado 31,25% pelo Orçamento Geral do Estado e 40% pelo
setor privado, através da Parceria Público-privada. Há ainda a necessidade de financiamento de
28,75% do orçamento total do PNDS, no montante de 13.880.720.674,29 Dobras (equivalente a
566.560.027,52 Euros).
A contribuição do Estado, através do OGE, será de 15.087.739.862,82 Dobras
(equivalente a 615.826.116,85 Euros). As ações prioritárias previstas pelo PNDS no domínio da
eficiência do Estado e no domínio da governação económica e ambiental devem permitir atingir
este nível de financiamento graças ao controlo das despesas correntes e aos esforços sustentados
para mobilizar as receitas fiscais.
O controlo das despesas correntes consistirá na melhoria dos procedimentos de gestão
das finanças públicas, reforçando o controlo e a inspeção das despesas públicas, reduzindo os
gastos com bens e serviços dos departamentos governamentais e serviços sob a sua
superintendência. O controlo das despesas públicas permitirá poupar recursos financeiros e
reduzir gradualmente a despesa corrente total em percentagem do PIB, entre 2021 e 2022, sem,
no entanto, comprometer as transferências para setores sociais prioritários.
Os esforços do Governo para mobilizar receitas fiscais deverão principalmente priorizar
os impostos indiretos, nomeadamente o IVA, implementar reformas fiscais para alargar a base de
tributação, partilhar a carga fiscal de forma equitativa, combater a evasão fiscal e gerar receitas
para melhorar os serviços públicos, designadamente, saúde e educação, e aumentar investimento
em infra-estruturas.
A Parceria Público-Privada poderá incidir principalmente no desenvolvimento de
infraestruturas portuárias, aeroportuárias, transportes, energia e Tecnologias de Informação e
Comunicação. No âmbito da Parceria Público-Privada, a contribuição do Estado poderá ser de
13% e a do setor privado de 87%.
Para mobilizar o défice do financiamento do PNDS, o Governo adotará nova política de
ajuda, cujos objetivos são:
• Mobilizar recursos financeiros e técnicos substanciais para aumentar a infraestrutura
física, fornecer apoio adequado aos setores em crescimento, fortalecer as instituições e
promover a boa governança e o desenvolvimento humano;
• Promover o uso efetivo da assistência técnica e aprimorar o conhecimento nacional,
regional e local;
• Estabelecer novas formas de parceria entre atores públicos e privados, associando
intimamente empresas privadas, pequenas e médias empresas, comunidades locais,
sociedade civil, ONG e diáspora santomense;
• Encetar um diálogo fecundo e sustentável entre a STP e os parceiros de desenvolvimento.
169
O Governo deve, também, garantir a sua liderança no processo de coordenação e gestão
da ajuda internacional, de modo a contribuir efetivamente para a realização dos objetivos e
prioridades de desenvolvimento do País.
No decurso do período 2020-2024, o Governo terá de impulsionar e intensificar a
cooperação bilateral em todas as áreas e para todas as fontes de financiamento com os parceiros
tradicionais; tomar medidas para estabelecer ou restabelecer a cooperação com países
escandinavos, países do antigo bloco do leste europeu, não-membros da União Europeia;
concentrar-se na identificação de novas parcerias nos países do Sudeste Asiático, América Latina
e Península Arábica, sendo a mesma ofensiva também direcionada aos parceiros multilaterais de
desenvolvimento, organizações financeiras e ONG internacionais.
30
Nesta perspetiva, a cooperação Sul-Sul deverá ser encarada como necessária e oportuna. No
entanto, o acesso de São Tomé e Príncipe à uma boa parte das potenciais fontes de
financiamento, mais inovadoras e promissoras, exigirá do País o desenvolvimento de
capacidades técnicas nacionais específicas, como capacidades para mapear e compreender a
natureza e o funcionamento de alguns instrumentos financeiros.
Por seu turno, será necessário o desenvolvimento de capacidades de conceção de projetos
bancáveis, que possam atender aos requisitos de alto desempenho e baseados em resultados,
associados a certos fundos, condições sine qua non dos atuais parceiros financeiros, tanto
privados como públicos.
O apoio de especialistas internacionais para a transferência de conhecimentos e know-
how de alto nível, inclusive através de uma mais eficaz cooperação Sul-Sul e triangular, será
fundamental para este fim.
De resto, será crucial o desenvolvimento de mecanismos de coordenação e de
implementação dos recursos mobilizados, de forma a criar sinergias e otimizar os resultados
atingidos com a sua utilização.
Face ao acima exposto, ressalta-se que é primordial continuar a diversificar as fontes e
mecanismos de financiamento, como garantia de sustentabilidade da dívida a médio-longo prazo.
O controlo da dívida crescente e a manutenção da capacidade de investimento passarão pela
melhoria da arrecadação das receitas e maior envolvimento do setor privado nos investimentos
prioritários.
Portanto, serão implementadas ações visando aumentar a receita fiscal, através do
alargamento da base tributária, redução da informalidade, modernização e capacitação da
máquina administrativa fiscal do Estado (ao nível Central, Regional e Distrital) e otimização das
taxas, sem penalização indevida às empresas.
Nesse sentido, o Governo, sob a liderança do Ministro das Finanças, deverá continuar a
empenhar-se fortemente na maior atração e diversificação dos fluxos de Investimento Direto
Estrangeiro (IDE), processo no qual, a Agência para Promoção de Comércio e Investimentos e a
Câmara de Comércio terão de desempenhar um papel ativo e agressivo na promoção e
divulgação das oportunidades de negócio existentes no País.
Por outro lado, é também fundamental melhorar o ambiente de negócios e promover um
amplo programa de captação e retenção do IDE, aprofundando e acelerando o processo contínuo
de melhoria das políticas de enquadramento empresarial e de promoção de políticas de
investimento, de acordo com as melhores práticas internacionais, tendo em conta o papel
relevante que o setor privado desempenha no processo de desenvolvimento do País.
O papel e a importância da canalização das remessas para o financiamento da economia
do STP não será negligenciado, sendo por isso incentivado e promovido.
30
A Cooperação Sul-Sul refere-se à cooperação técnica entre países em desenvolvimento no Sul Global. Trata-se de
uma ferramenta usada por Estados, organizações internacionais, académicos, sociedade civil e setor privado para
colaborar e compartilhar conhecimento, habilidades e iniciativas de sucesso em áreas específicas, como
desenvolvimento agrícola, direitos humanos, urbanização, saúde, mudança climática etc.
170
Medidas de políticas assertivas de inclusão da diáspora na vida económica social e
cultural do País devem ser implementadas, tendo em vista o fortalecimento de seus laços com o
País e suas comunidades, e sua participação e contribuição para o desenvolvimento nacional.
Além disso, importa melhorar a informação da diáspora sobre a situação do País e
disponibilizando dados e informações atualizados sobre os diferentes setores da economia;
disponibilizar produtos financeiros e oportunidades de investimento melhor remunerados e mais
seguros, como, por exemplo, a facilitação do acesso às propriedades de habitação, estimulando
investimentos em fundos mútuos, e mais incentivos fiscais para a poupança financeira. Destaca-
se, também, a importância da redução das comissões cobradas pelos bancos nacionais nas
transferências das remessas dos emigrantes.
Medidas de proteção e assistência aos emigrantes visando sua melhor integração nos
países de acolhimento.
Dobras Euro %
Contribuição do 15.087.739.862,82 615.826.116,85 31,25
Estado através
do OGE
Contribuição do 19.312.307.025,10 788.257.429,59 40
setor privado
PPP/ Doadores?
Necessidade de 13.880.720.674,29 566.560.027,52 28,75
financiamento
Financiamento a 14.484.230.268,90 591.193.070,20 -
ser mobilizado
Total 48.280.767.563,00 1.970.643.573,99 100
Estimativa a partir dos Acordos e Convenções de Financiamento, PIP 2018 e 2019
171
internos e, concomitantemente, continuar a reforçar o quadro fiduciário de gestão fiscal, reduzir
o desperdício, combater a corrupção e garantir uma boa qualidade da despesa pública.
A expetativa do Governo é de que um aumento na participação do setor privado, através
de PPP melhorará significativamente a produtividade e aumentará substancialmente a base
material do desenvolvimento de São Tomé e Príncipe, uma vez priorizados e implementados
projetos que tenham o potencial transformador para o desenvolvimento sustentável e inclusivo
do País.
A implementação do PNDS será enquadrada pelas disposições legais e regulamentares
em vigor e pelos processos e procedimentos administrativos adequados. Ao nível de ministérios
setoriais, os instrumentos de implementação do PNDS são as políticas e estratégias setoriais (ou
temáticas), quadros de despesas setoriais de médio prazo; Programa de Investimento Público
(PIP); Orçamento do Estado; Planos de Ação /atividades ministeriais.
As Autarquias Regional e Distritais: as autoridades da Região Autónoma e dos
Distritos contribuirão para a implementação dos Planos Regional e Distritais de
Desenvolvimento Sustentável, os quais fazem parte integrante do PNDS, através de instrumentos
previstos no Estatuto dos Municípios de São Tomé e Príncipe, na Lei n.º 6/2017, Lei de Base do
Sistema Nacional de Planeamento, bem como os Orçamentos e Programas Anuais de Atividades
Regional e Distritais.
O Setor Privado é um ator de primeira linha no crescimento e desenvolvimento
económico, social e ambiental de São Tomé e Príncipe. Desempenha um papel preponderante na
produção, processamento, comercialização de produtos locais e criação de empregos e constitui-
se uma fonte importante de receitas públicas.
Assim, a valorização do setor privado é um imperativo para se alcançar os objetivos do
PNDS. Esta avaliação sustentar-se-á nos benefícios de uma eficiente Parceria Público-Privada
(PPP). As autoridades pretendem recorrer a esta modalidade para o co-financiamento de
investimentos estruturantes, em particular infraestruturas (económicas e sociais), cujo enorme
défice constitui um grande obstáculo ao desenvolvimento de STP. Essas PPP servem como
ferramentas-chave para reduzir a despesa pública global, enquanto se beneficiam de ganhos de
desempenho privados, nomeadamente, em inovação, eficiência, qualidade de serviço.
172
O Governo, também, concentrar-se-á na melhor coordenação dos apoios dos PTF. O
PNDS é, nessa perspetiva, o quadro de referência no qual os PTF terão que se alinhar, esperando
o Governo mais abordagens conjuntas em apoio ao PNDS, em prol de intervenções mais
eficazes. Para o efeito, o Governo se empenhará em estabelecer um quadro fiduciário eficiente
que facilite a utilização dos procedimentos nacionais de despesa pública e a mobilização do
apoio orçamental.
173
avaliação dos programas, projetos e unidades. O Agente de S&A colabora também com a
Direção do Planeamento e o Sistema Estatístico Nacional (SEN) na recolha de dados dos
indicadores dos respetivos setores. As informações serão sistematizadas no Módulo de
Seguimento e Avaliação (MSA), assentes no Sistema de Administração Financeira do Estado
(SAFE), contribuindo para maior eficiência na gestão dos escassos recursos nacionais,
monitorizados e avaliados pela sua eficiência e eficácia.
As reformas, programas e projetos do PNDS visam obter impactos sobre o nível de vida
(dimensão económica), estilo de vida (dimensão social) e ambiente de vida (dimensão ambiental)
das populações. No entanto, para a implementação dessas ações serão necessários recursos
financeiros, materiais, humanos e institucionais a serem utilizados na produção de bens e
serviços destinados ao consumo dos beneficiários das reformas, programas e projetos em
referência. As mudanças nas condições de vida das populações e os impactos, serão medidos em
função das metas de desenvolvimento estabelecidos no PNDS.
Numa base contínua, o componente de seguimento técnico tem como objetivo coletar e
analisar dados que evidenciam o progresso na implementação das reformas e programas, bem
como dos resultados alcançados. O seguimento da implementação do PNDS (das reformas,
programas e projetos) compreende três fases importantes:
174
A terceira fase diz respeito ao seguimento da execução técnica dos programas. Tem
como objeto garantir a boa execução das atividades do programa e assegurar que (i) as atividades
a serem realizadas sejam efetivamente concluídas; (ii) os produtos esperados dessas atividades
sejam realizados; e (iii) o nível de execução das atividades em andamento esteja a progredir
conforme o planeado.
O componente técnico da avaliação do PNDS tem como objetivo fazer uma avaliação
episódica e objetiva das reformas e dos programas, de sua conceção, implementação e resultados
obtidos. Compreende (i) a auditoria do desempenho dos programas e (ii) as avaliações de
impacto.
Auditoria do desempenho é efetivamente uma auditoria da boa gestão financeira. Por
conseguinte, analisa até que ponto os Ministérios e outras entidades governamentais auditadas
utilizaram os recursos financeiros alocados de acordo com os princípios de economia, eficiência
e eficácia (3E).
Avaliação de impacto: dois tipos de avaliação estão previstos no quadro do PNDS: uma
avaliação intercalar e avaliação final. A avaliação intercalar possibilita a elaboração de um
relatório de progresso do PNDS, com o objetivo de influenciar ou reorientar a implementação
das reformas, programas e projetos inscritos no Plano. Consiste numa análise do grau de
utilização dos recursos, da eficiência e efetividade das ações, de suas consequências
socioeconómicas e ambientais. A avaliação intercalar também identifica os fatores que
contribuíram para o sucesso ou fracasso da implementação das ações. Pode intervir em meados
de 2022.
A avaliação final do PNDS é uma avaliação ex post, pois intervém no final do percurso,
possibilitando uma avaliação global do Plano em todos os aspectos de sua implementação. É
usado para analisar se os resultados obtidos podem ser considerados positivos no final da
execução do Plano.
175
Os QMD são trechos do quadro de resultados (QDR) preenchidos por colunas de
realizações anuais. Os QMD temáticos resultam da consolidação dos QMD dos ministérios ou
região/distritos, contribuindo para os efeitos/impactos das áreas temáticas. Com vista à
preparação oportuna de relatórios anuais de desempenho (RAD), a elaboração de quados de
medida de desempenho terá início em Janeiro com QMD ministeriais, regional e distritais. O
processo continuará em Fevereiro e Março, respetivamente, com QMD temáticos e QMD dos
objetivos, terminando em Abril com o QMD geral.
176
coletados, verificados, sintetizados, transmitidos e apresentados nos moldes que reflitam melhor
os produtos e resultados da ação pública em questão.
O estabelecimento de um sistema de informação específico para o seguimento do
desempenho das reformas, programas e projetos nos ministérios deve ser apoiado por estruturas
competentes ao nível do Gabinete da Chefia do Governo e do Ministério das Finanças, em
estreita colaboração com o Instituto Nacional de Estatística.
Para o seguimento e avaliação do PNDS, os dados necessários para informar os
indicadores de desempenho, incluindo os relacionados ao seguimento dos ODS, serão
identificados e classificados de acordo com sua fonte. Uma vez identificadas as necessidades, o
segundo passo é garantir a disponibilidade dos dados. Três fontes de dados devem ser
consideradas: o censo, inquéritos e dados administrativos (estatísticas correntes). O INE é a
estrutura com poderes para garantir a disponibilidade de dados dos censos e inquéritos. Por seu
turno, a produção de dados de fontes administrativas depende da organização do sistema
estatístico ao nível dos ministérios, região e distritos.
Com o sistema de seguimento e avaliação do PNDS, o Governo pretende assegurar os
seguintes componentes:
• Seguimento da execução dos programas, projetos e unidades relacionados com os
objetivos do PNDS, observando os seguintes procedimentos:
o O seguimento será feito principalmente aos programas e respetivos projetos e
unidades;
o Os Programas de Gestão e Apoio sujeitarão a um seguimento financeiro básico;
• No início de cada ano orçamental, a Direção de Planeamento definirá, com os
ministérios setoriais, projetos e atividades prioritários para um acompanhamento
especial e sistemático durante o ano visando:
o Acompanhar a afetação de recursos orçamentais às atividades das unidades e projetos
prioritários dos programas finalísticos e de investimentos;
o Analisar as relações entre os inputs utilizados e os outputs produzidos nas unidades
e projetos prioritários dos programas do PNDS;
• Avaliar o impacto das políticas e programas setoriais que contribuem para o alcance
dos objetivos do PNDS:
o Avaliação anual, centrada na análise dos objetivos estratégicos do PNDS, seus
programas e respetivos objetivos;
o Avaliação necessariamente aplicada a todos os programas de investimento e
finalísticos.
• Os relatórios das avaliações anuais dos programas deverão obrigatoriamente
destacar os seguintes aspectos:
o Desempenho do programa até ao ano anterior: resultados intermédios alcançados;
o Análise dos objetivos originais comparando-os com o cenário atual;
o Principais condicionantes ao cumprimento dos objetivos do programa;
o Recomendações para ultrapassar os condicionantes.
Para ser eficaz, o seguimento do desempenho deve ser baseado num mecanismo de
revisão.
Definição e finalidade: o PNDS concebe a revisão como uma reunião ou série de
reuniões formais entre atores nos diferentes níveis da sua implementação. Reúne o nível de
tomada de decisão, o nível técnico e o nível operacional. As revisões visam (i) avaliar o
progresso do PNDS; (ii) discutir seus resultados marcantes; (iii) infletir certas escolhas
estratégicas; (iv) tomar medidas corretivas; e (v) adotar os documentos de programação.
177
Dois tipos de revisões ordinárias estão previstos no PNDS: as revisões de implementação
e as revisões de programação. As revisões do PNDS devem estar alinhadas com o calendário do
ciclo orçamentário. A frequência das revisões é, portanto, semestralmente, com revisões de
implementação no primeiro semestre e revisões de programação no segundo semestre.
As revisões semestrais da implementação serão realizadas de Março a Junho do ano n, de
modo a impactar a adoção das hipóteses macroeconómicas (Abril, ano n) e elaboração de novos
quadro orçamental de médio prazo (QOMP) e quadro de despesas de médio prazo (QDMP)
(Maio, ano n), se for o caso.
Formato das revisões: dependendo dos níveis de composição do PNDS, quatro tipos de
revisão são previstas: (i) revisões ministeriais, regional e distrital; (ii) revisões temáticas; (iii)
revisões técnicas; e (iv) revisões plenárias. Estas revisões podem ser ordinárias ou
extraordinárias. Qualquer que seja o nível, as revisões ordinárias são semestrais e estão
organizadas por etapas. Assim, as revisões ministeriais, regional e distritais serão realizadas em
Março (e Agosto respetivamente), para alimentar as revisões temáticas em Abril (e Setembro
respetivamente), que servirão as revisões técnicas em Maio (e Outubro respetivamente) para
preparar as revisões plenárias de Junho (respetivamente Novembro).
As revisões extraordinárias são organizadas em diferentes níveis, se necessário. Serão os
casos: (i) da revisão de relatórios de auditoria do desempenhos ministeriais ou relatórios de
avaliação do impacto de ações-padrão, ou (ii) da revisão de relatórios da avaliação intercalar ou
final do percurso. Além disso, estudos específicos realizados no âmbito do PNDS também
podem levar à organização de revisões extraordinárias.
A agenda de revisões ordinárias será elaborada de acordo com a especificidade de cada
revisão semestral. Assim, as revisões do primeiro semestre do ano n devem concentrar-se (i) no
exame dos relatórios de desempenho do ano n-1; e (ii) na análise das alocações orçamentais
contidas na lei orçamental inicial do ano n. As revisões do segundo semestre do ano n dizem
respeito: (i) ao exame dos documentos de programação anual para o ano n+1; e (ii) aos objetivos
do desempenho e opções orçamentais relacionadas.
Está provado que é inócuo recolher, processar e analisar informação que não seja
acessível, validada e utilizada pelos decisores na formulação de políticas e estratégias de
desenvolvimento e disponibilizada ao público em geral.
A avaliação do instrumento de planeamento, a longo prazo, deve ser efetuada com
frequência anual e encaminhada à DP. A avaliação sistemática setorial e global será feita com
recurso à revisão da despesa pública (RDP). Os relatórios da RDP setoriais e globais são
submetidos aos ministérios setoriais e ao Ministério das Finanças para apreciação e eventuais
medidas de correção.
178
6.2.6. Dispositivo Institucional de Seguimento e Avaliação
6.2.6.2. Os órgãos
Dois princípios sustentam a escolha dos órgãos do DISA: (i) a capitalização do existente;
e (ii) a responsabilidade mútua. O primeiro princípio recomenda que a implementação do PNDS
não deve criar novos órgãos, mas sim basear-se naqueles já existentes e cujas capacidades são
consideradas suficientes para animar o dispositivo. O segundo princípio compromete o Governo
e seus parceiros a serem responsáveis pelos resultados obtidos na implementação do PNDS. Isso
significa que ambas as partes devem ser mutuamente responsáveis para melhorar a gestão da
assistência (ajuda) prestada no quadro da implementação do PNDS.
Com base nesses princípios, os órgãos para o seguimento e avaliação dos programas,
projetos e unidades são:
179
O Quadro de Concertação e Coordenação
180
Numa segunda etapa, o trabalho da CTS consiste em tornar funcional o DISA, através de:
(i) uma rede de atores cujo núcleo é constituído pelo Instituto Nacional de Estatística, Gabinetes
de Estudo e Planeamento (GEP) dos ministérios, Comissão Regional de Seguimento e Avaliação
e Comissões Distritais de Seguimento e Avaliação; (ii) uma bateria de ferramentas de
seguimento do desempenho; e (iii) uma plataforma automatizada de gestão dos programas e
projetos de investimento.
A CTS estrutura-se em três unidades funcionais de seguimento: (i) uma unidade
funcional para seguir a gestão macroeconómica e as reformas estruturais (UFS Macro); (ii) uma
unidade funcional para seguir a implementação de programas e projetos (UFS Programas); (iii)
uma unidade funcional para seguir as condições de vida e os ODS (UFS ODS). As atividades das
unidades funcionais são coordenadas por um Secretariado Técnico (ST/PNDS). O ST do PNDS
também assegura a ligação entre o QCC e os GTD. É responsável particularmente: (i) pela
síntese, por programa, do PNDS e dos documentos de seguimento do desempenho; (ii) pela
elaboração do quadro de medida do desempenho, pelo relatório anual de programação, e pelo
documento anual de programação (iii) pela elaboração e implementação do programa de
avaliação; e (iv) pela organização das revisões técnicas e plenários.
O CTS está sob a supervisão do Ministério do Planeamento. É presidido pelo
Secretário-Geral (ou função equivalente), assistido por um secretário executivo responsável pelo
ST/PNDS. A CTS é composta por representantes do Ministério do Planeamento, Finanças e
Economia Azul (designadamente, a Direção do Planeamento, o Instituto Nacional de Estatística,
a Direção de Contabilidade, a Direção do Orçamento, Direção de Investimento Público (ou
equivalente), entre outras.) e do Banco Central de São Tomé e Príncipe. Na CTS, a Direção do
Planeamento é responsável pela UFS Macro, a Direção de Investimento Público responsável
pelos UFS Programas e o INE responsável pelo UFS ODS.
A CTS facilita e dinamiza o diálogo sobre o desempenho dos programas do PNDS
através de duas revisões técnicas semestrais. A revisão técnica semestral de maio do ano n é
dedicada à revisão e validação dos projetos de Relatório Anual de Desempenho dos Programas.
A revisão técnica semestral de Outubro é dedicada à aprovação dos projetos do Documento
Anual de Programação dos programas para o ano n+1.
Cada GTD constitui o quadro de coordenação ao nível do tema em questão. Para esse
fim, é responsável por (i) produzir, com base nas contribuições dos ministérios membros,
relatórios/documentos sobre os desempenhos temáticos a serem transmitidos ao CTS e (ii)
dinamizar o diálogo sobre o desempenho por meio de duas revisões temáticas semestrais de
implementação (em Abril do ano n) e de programação (em Setembro do ano n+1). Os GTD são
co-presididos pelo Secretário-geral do Ministério designado nessa qualidade e pelo líder dos
181
parceiros que trabalha no tema. Para um funcionamento eficiente do dispositivo institucional,
cada grupo temático terá que reagrupar os Gabinetes de Estudos e Planeamento (GEP) dos
ministérios envolvidos pela temática, pelo menos um representante do ministério responsável
pelo plano, bem como representantes do setor privado, da sociedade civil e dos parceiros
técnicos e financeiro. O secretariado técnico de cada GTD é assegurado pelo GEP do ministério
que exerce sua presidência, com o apoio técnico do ministério responsável pelo plano.
Os GEP (ou órgãos equivalentes) são os pilares do seguimento e avaliação ao nível dos
ministérios. A missão dos GEP é garantir a coordenação de todas as atividades relacionadas à
conceção, elaboração, implementação e seguimento da política de desenvolvimento de seus
respetivos ministérios. Especificamente, eles são responsáveis nomeadamente por:
• Coordenar a elaboração da política e da estratégia de desenvolvimento do Ministério, em
conexão com as diretivas técnicas e com o Ministério do Planeamento;
• Definir os objetivos, estratégias setoriais em matéria de desenvolvimento e preparação de
relatórios de desempenho semestrais e anuais dos componentes setoriais do PNDS e dos
Programas de Investimentos;
• Coordenar as atividades das diferentes estruturas de seu departamento nos domínios de
estatística, planeamento, programação, seguimento e avaliação;
• Assegurar a programação, controle e seguimento de projetos de investimento setorial.
No quadro da dinamização do DISA, estas Comissões são responsáveis por (i) elaboração
do quadro de medida de desempenho da respetiva região e distritos; (ii) coordenação da
produção de projetos de plano de ação e relatório anual de desempenho da região e dos distritos;
(iii) organização das revisões do desempenho regional e distritais; (iv) estabelecimento da
ligação com a CTS e os GTD.
182
6.2.7. Sistema Estatístico Nacional
O capital humano é um dos recursos mais importantes para a produção estatística. Sua
disponibilidade, em número e a qualidade, é uma prioridade para que o SEN cumpra sua missão
atribuída pelo Estado.
Será dada especial atenção às contas nacionais, instrumento de síntese económica com o
aprofundamento da reforma em curso, em diálogo com o Ministério das Finanças e o Banco
Central, aumentando, assim, a sua utilidade e reforçando a credibilidade do INE e o diálogo e a
cooperação com o Fundo Monetário Internacional.
183
Neste ciclo será priorizada a implementação de novas metodologias de medição do
mercado de trabalho, com base nas Recomendações da Conferência Internacional dos
Estatísticos do Trabalho (CIET) de 2013, a conformação do quadro metodológico das estatísticas
oficiais às melhores práticas internacionais e a aprovação pelo CNEST, do essencial das
metodologias estatísticas, enquanto garante da independência e do consenso alargado da
comunidade científica e utilizadora de informação estatística.
Ciente de que os investimentos e os avanços que São Tomé e Príncipe conheceu nos
últimos anos no domínio das TIC e, em especial, da governação eletrónica criam um grande
potencial para a produção de estatísticas oficiais. Será dada especial atenção à valorização das
fontes administrativas que qualificarão as estatísticas económicas e sociais em diversidade,
pertinência e qualidade, com a racionalização dos custos de produção.
184
7. ANÁLISE DE RISCO
Risco social são as ameaças que podem comprometer a coesão social e, por conseguinte,
a estabilidade do País, caso não sejam realizados rapidamente progressos significativos em
termos de satisfação das necessidades e aspirações legítimas da população, em acederem a
melhores condições de vida; na eliminação de todas as formas de discriminação contra as
mulheres; na melhoria da oferta e da qualidade dos serviços públicos; na criação de empregos,
nomeadamente, para jovens e mulheres, e na redução significativa da pobreza.
De igual modo, esse risco poderia ser mitigado com uma política pública assertiva na
redução das desigualdades socioeconómicas e disparidades regionais, com foco na melhoria do
acesso a serviços sociais básicos, melhoria na redistribuição da riqueza, fortalecimento da luta
contra a impunidade e a corrupção, e fortalecimento da autoridade do Estado.
Fraqueza da liderança nacional: exacerbação das divisões e conflitos internos mantidos
pelos líderes políticos; falta de uma visão compartilhada do futuro do País; fraca capacidade dos
líderes de mobilizar, comunicar e manter um diálogo construtivo com os parceiros técnicos e
financeiros (PTF) sobre políticas de desenvolvimento seria prejudicial à apropriação e ao sucesso
do PNDS.
185
Para mitigar esse risco, as autoridades nacionais estão determinados em trabalhar visando
os seguintes objetivos:
• Inspirar credibilidade e respeito a todos os seus interlocutores, tanto a nível regional
como internacional, visando a promoção de uma parceria de confiança que tenha
verdadeiramente em conta as profundas aspirações do povo santomense;
• Incorporar uma liderança nacional esclarecida, sólida, unificadora e eficaz, através,
designadamente, do fortalecimento da responsabilidade, transparência e prestação de
contas, com foco no respeito aos seus papéis em matéria de informação, animação ou
orientação;
• Inovar constantemente, contribuindo para fortalecer a resiliência sociopolítica e
económica do País;
• Enfrentar grandes desafios, incluindo o cumprimento de acordos, tratados e convenções
nacionais e internacionais no interesse do País.
Défice de capacidade persistente: uma vez adotado, o PNDS deverá ser implementado,
seus resultados monitorizados e avaliados. No entanto, as capacidades em matéria de
Planeamento, Programação, Orçamentação, Seguimento e Avaliação (PPOSA) nos níveis
central, setorial, regional e distrital são limitadas em termos de arranjos institucionais,
ferramentas e métodos, bem como em termos de qualificação e número de funcionários. Em
última análise, a persistência dessas restrições provavelmente comprometeria:
• O alinhamento de políticas e estratégias setoriais com o PNDS;
• O desenvolvimento de quadros setoriais de despesas de médio prazo;
• A implementação do Plano Regional e Planos Distritais de Desenvolvimento Sustentável,
bem como dos programas e projetos incluídos no PIP;
• Seguimento de desempenho;
• Por fim, seria o ritmo de implementação das reformas, das políticas, dos programas e dos
projetos incluídos no PNDS que seria retardado, reduzindo assim suas possibilidades de
sucesso.
186
humanos, materiais e financeiros), treinamento, desenvolvimento de ferramentas e métodos para
uma melhor gestão das diferentes funcionalidades do mesmo (programa).
Conjunturas sub-regionais e internacionais desfavoráveis: o desenvolvimento
económico e social sustentado e sustentável só é possível num ambiente de paz, estabilidade e
segurança. São Tomé e Príncipe é membro de várias organizações sub-regionais, regionais e
internacionais, designadamente, CEEAC, UA e a ONU. Naturalmente, o País precisa aproveitar
todas as oportunidades económicas, comerciais, intelectuais e de segurança que existem em seu
ambiente imediato. Qualquer crise política ou socioeconómica dentro da sub-região seria um
risco para o sucesso de sua política de desenvolvimento. A nível internacional, as pressões fiscais
nos países doadores e o baixo investimento direto estrangeiro são grandes desafios.
Tendo em conta a abundância dos recursos naturais (petróleo, gás, recursos haliêuticos, e
outros) o Golfo da Guiné não está livre de conflitos reais ou potenciais, sub-regionais ou internos
num desses Estados vizinhos, que podem ter repercussões nefastas sobre a estabilidade de outros
Estados, entre os quais São Tomé e Príncipe. Esse risco é ainda mais evidente quando certos
Estados da sub-região enfrentam grupos terroristas instalados, além de já estarem a enfrentar
bandos do crime organizado; do tráfico de seres humanos; de armas e de estupefacientes; de
assaltos à mão armada, ou mesmo a pirataria marítima; contrafação e branqueamento de capitais.
Fatores atenuantes deste risco incluem principalmente:
• Melhoria das relações externas;
• Promoção da paz e segurança aos níveis sub-regional e regional;
• Conquista dos mercados e das oportunidades económicas oferecidas pela globalização;
• Realização bem-sucedida das reformas estruturais-chave para fortalecer a resiliência do
País a choques exógenos (menores preços das matérias-primas, redução dos fluxos de
ajuda ao desenvolvimento);
• Reforço da luta contra a migração ilegal.
187
O final de 2018 e os meses iniciais de 2019 caraterizaram-se por um aumento de
incertezas e uma perda de dinamismo da economia mundial. As principais fontes de incerteza
são a desaceleração do comércio internacional, em parte, resultante de conflitos comerciais,
particularmente, entre os Estados Unidos e China; questões políticas, com destaque para o
complexo processo de saída (Brexit) do Reino Unido da União Europeia (UE); questões
económicas relacionadas ao risco de uma recessão na Europa, especialmente na Alemanha e na
Itália e às perspetivas de crescimento nos EUA. Na China, a tendência para uma maior redução
do ritmo de crescimento (do que a já embutida nas projeções) permanece como um risco
relevante para a economia global, não obstante as medidas fiscais e monetárias de estímulo que
31
vêm sendo adotadas .
Na Zona do Euro, de acordo com o FMI, ainda permanecem dois problemas específicos
que poderão condicionar o crescimento na região. Primeiramente, em alguns países, os balanços
dos bancos reportam fragilidades no que concerne à perspetiva da sua rentabilidade, que podem
interagir com riscos políticos mais elevados e reativar os problemas de estabilidade financeira. O
segundo diz respeito a um aumento das taxas de juro de longo prazo, que afeta negativamente a
dinâmica da dívida pública e, consequentemente, as condições de financiamento.
Nos EUA as projeções de crescimento são condicionadas pela incerteza da política fiscal,
apontando que a mesma será menos expansionista no futuro, do que o previsto. Destaca-se ainda,
32
o risco de uma normalização da política monetária do Federal Reserve System (FED) , mais
rápida do que anteriormente esperada, com impactos nos mercados cambiais e de capitais
globais.
No entanto, os riscos não são apenas externo. Existem, de igual modo, fontes de riscos
internos relacionados, nomeadamente, com as reformas, com o ambiente de negócios, com o
setor empresarial do Estado, com a diversificação das fontes de financiamento e com a
operacionalização e monitorização dos programas e projetos. A incapacidade ou a inércia em
identificar e avaliar corretamente os reais impactos das reformas e dos projetos implementados,
tanto pela sua relevância quanto pelo tempo de sua realização, constituem uma falha na gestão do
risco e vulnerabilidades no que concerne aos resultados do planeamento, entre os quais
macroeconómico e orçamental e, por conseguinte, os relativos à sustentabilidade da dívida
pública.
31
Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/conjuntura/190417_cc_43_economia_mundial.pdf. Acesso
em 27 mai 2019.
32
O Federal Reserve System, normalmente referido como o Federal Reserve ou simplesmente "FED", é o banco
central dos Estados Unidos criado pelo Congresso para fornecer ao País um sistema monetário e financeiro mais
seguro, flexível e estável.
188
públicas-chave, visando dinamizar os setores de atividade onde elas estão inseridas, criando, de
forma direta e indireta, novas oportunidades, tanto para o IDE, como para os empresários
nacionais.
189
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MARAPA/DP/FAPP. Disponível em:
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190
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191
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193