Deficiência Auditiva e Seus Reflexos Nos Processos de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PSICOPEDAGOGIA

LINALVA MARINHO DE SOUSA

DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SEUS REFLEXOS NOS PROCESSOS DE


APRENDIZAGEM: UM ESTUDO DE CASO

Orientadora: Profª Drª Adriana de Andrade Gaião e Barbosa

JOÃO PESSOA
2017
2
S725d Sousa, Linalva Marinho de.

Deficiência auditiva e seus reflexos nos processos de aprendizagem: um estudo de caso / Linalva
Marinho de Sousa. – João Pessoa: UFPB, 2017.

27f.

Orientadora: Adriana Gaião e Barbosa

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação em Psicopedagogia) – Universidade Federal da


Paraíba/Centro de Educação

1. Perda auditiva leve. 2. Aprendizagem. 3. Leitura e escrita. I. Título.

UFPB/CE/BS CDU: 37-056.263(043.2)


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DEFICIÊNCIA AUDITIVA E SEUS REFLEXOS NOS PROCESSOS DE
APRENDIZAGEM: UM ESTUDO DE CASO

Resumo: Existe uma grande relação entre o fator audição e a dificuldade de aprendizagem, pois é
um pré-requisito para a aquisição da leitura e da escrita que os mecanismos fisiológicos auditivos
funcionem com integridade. O presente trabalho originou-se da experiência no estágio clínico de
psicopedagogia, momento este em que foi vivenciado a prática avaliativa e interventiva com uma
criança que apresenta perda auditiva leve. Este teve como objetivo conhecer os reflexos decorrentes
dessa deficiência nos processos de aprendizagem da leitura e escrita da criança, como ainda,
identificar as consequências encontradas frente às dificuldades de leitura e escrita e, por fim,
apresentar possíveis orientações pedagógicas a serem trabalhadas em sala de aula e contribuir com
possíveis estratégias psicopedagógicas acerca do déficit auditivo. O presente estudo foi
desenvolvido no Centro de Atendimento Psicopedagógico da Clínica-Escola/UFPB (Universidade
Federal da Paraíba) com uma criança do sexo feminino, 10 anos de idade, cursando no 5º ano do
Ensino Fundamental, que apresenta dificuldade de aprendizagem com leitura e escrita devido
déficits auditivo leve. Deste modo, o estudo se dividiu em duas partes: sendo a primeira um
processo avaliativo das queixas principais (Dificuldade de aprendizagem com leitura e escrita, falta
de atenção e concentração com suspeitas de dislexia), e a segunda parte, interventiva, com a
utilização direta da discriminação auditiva atrelado ao método fônico. Ambos procedimentos
aconteceram durante oito meses, mediante às ações interventivas, observou-se que a aprendente
possui uma discriminação auditiva relevante para a detecção da diferenciação dos sons fonéticos.
Observou-se também que para a continuidade da evolução na aprendizagem faz-se necessário o uso
do aparelho auditivo com o objetivo de detectar e discriminar os fonemas diante da dificuldade
apresentada no decorrer do processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Perda Auditiva Leve. Aprendizagem. Leitura e Escrita.


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1 INTRODUÇÃO
A audição é a modalidade essencial para a comunicação verbal interpessoal e para a
aquisição da linguagem, daí sua relevância para a aprendizagem partindo de uma perspectiva
psicopedagógica. Deste modo, o presente estudo surge na tentativa de responder a seguinte questão:
quais são as implicações da deficiência auditiva leve nos processos de aprendizagem da leitura e
escrita da criança?
As dificuldades de aprendizagem costumam ser associadas a fatores individuais, familiares,
ambientais e, contudo, os déficits de audição ainda ficam imperceptível diante da população em
geral. Considera-se que é no âmbito escolar que as crianças desenvolvem seu processo de
aprendizagem, que requer uma audição conservada para sua desenvoltura com a leitura e escrita
(OZÓRIO, 1999).
“A perda auditiva em crianças é uma incapacidade silenciosa, oculta, se não diagnosticada
precocemente e tratada, pode levar ao retardo no desenvolvimento da fala e da linguagem,
problemas sociais, problemas emocionais e ao insucesso escolar, interferindo no processo de
aprendizagem” (BARBOSA, 2015).
Os profissionais da educação e da saúde tem alertado as escolas com relação aos problemas
oriundos decorrentes de déficits auditivos, em geral, implica em danos para o desenvolvimento da
aprendizagem e social nas crianças. Perceber, reconhecer, interpretar e, finalmente, compreender os
diferentes sons do ambiente só é possível graças a existência de três estruturas que funcionam de
forma ajustada e harmoniosa, constituindo o sistema auditivo humano: o ouvido externo, o médio e
o ouvido interno.
A deficiência auditiva é qualquer alteração na percepção normal dos sons e essa alteração
pode variar em graus, função da intensidade sonora, medida em decibéis, que o indivíduo é capaz
de processar. A perda da habilidade de ouvir pode ser causada por qualquer alteração que fuja da
normalidade no processo de audição, seja qual for a causa, tipo e intensidade.
Segundo Speri (2013) na deficiência auditiva leve, a palavra é ouvida, mas certos sons não
são percebidos, percebe-se a fala com voz normal, mas tem dificuldade com voz baixa ou distante,
as crianças são consideradas muito distraídas e apresentam dificuldade na comunicação em
ambientes ruidosos ou em grupo. Ouvir bem e de forma nítida e discriminadora é essencial para
poder receber informações e sequências de aprendizagem escolar. Infelizmente, muitas crianças não
conseguem utilizar adequadamente este caminho para aprender porque apresentam déficits parciais
ou déficits totais (surdez) de percepção auditiva.
A aprendizagem é um processo neuropsicocognitivo que ocorrerá num determinado
momento histórico, numa determinada sociedade, dentro de uma cultura particular, o aprendizado
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integra o cerebral, o psíquico, o cognitivo e o social, que ocorre durante toda a vida (GÓMEZ;
TERÁN, 2014).
A dificuldade de aprendizagem correlacionado ao déficit auditivo interfere também no
desenvolvimento e compreensão da linguagem oral, leitura e escrita. Este atraso na aprendizagem
poderá afetar a auto-estima, a educação a socialização e as atividades diárias de cada indivíduo
(PIZZANO, 2016).
Segundo Torquato (2012) sabe-se que existe uma grande relação entre o fator audição e a
dificuldade de aprendizagem, por ser uma alteração que interfere no processo de aprendizagem,
pois é um pré-requisito para a aquisição da leitura e da escrita que os mecanismos fisiológicos
auditivos funcionem com integridade, pois exerce um papel fundamental no processamento acústico
rápido, na percepção da fala, no aprendizado e na compreensão da linguagem. Conforme Pizzano
(2016) é pela percepção auditiva que o ser humano consegue captar, perceber, detectar, discriminar,
emitir, reconhecer e compreender os estímulos sonoros que escutamos, desenvolvendo assim a sua
comunicação oral.
Há uma predominância de estudos que focam a perda auditiva de grau severo e profundo,
não priorizando o déficit auditivo leve e suas implicações durante o processo de ensino-
aprendizagem na perspectiva psicopedagógica na primeira infância. Esse estudo surge no sentido de
contribuir socialmente e academicamente com pais, profissionais da educação e saúde a realizarem
trabalhos que corroborem com a importância da identificação desse fator, o déficit auditivo leve,
que implica na dificuldade da aprendizagem infantil interferindo no desenvolvimento escolar da
criança.
Dados das Academias de Audiologia, Otorrinolaringologia e Pediatria afirmam que
aproximadamente 0,1% das crianças no mundo nascem com deficiência auditiva severa e profunda.
Nas crianças até dois anos, a surdez/déficit pode ser causada por infecção de ouvido persistente ou
com duração por mais de três meses, meningite bacteriana ou virótica, a maior causa de surdez no
Brasil, segundo o Instituto Nacional de Educação para Surdos (ADAP, 2013).
Segundo a Legislação Brasileira (2004) o Art. 70 do Decreto 5.296, altera o art.4º do
Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que passa a vigorar com as seguintes alterações:
"Art.4º.... II -deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB)
ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz”.
Diante da deficiência auditiva leve “a criança adquire e desenvolve a linguagem oral
espontaneamente, o problema geralmente é tardiamente descoberto, porém dificilmente se coloca o
aparelho de amplificação porque a audição é muito próxima do normal” (NOVAES, 2014).
Contudo, o presente estudo originou-se da experiência no estágio clínico de psicopedagogia,
momento este em que foi vivenciado a prática avaliativa e interventiva com uma criança que
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apresenta perda auditiva leve. Este teve como objetivo conhecer os reflexos decorrentes dessa
deficiência nos processos de aprendizagem da leitura e escrita da criança, como ainda, identificar as
consequências encontradas frente às dificuldades de leitura e escrita e, por fim, apresentar possíveis
orientações pedagógicas a serem trabalhadas em sala de aula e contribuir com possíveis estratégias
psicopedagógicas acerca do déficit auditivo.

2 FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA
2.1 DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Qualquer alteração ou distúrbio no processamento normal da audição, seja qual for a causa,
tipo ou grau de severidade, constitui uma alteração auditiva, determinando, para o indivíduo, uma
diminuição da sua capacidade de ouvir e perceber os sons. Segundo Fortes (2015) a deficiência
auditiva é definida como sendo a perda da habilidade de ouvir, que pode ser causada por qualquer
alteração que fuja da normalidade no processo de audição, seja qual for a causa, tipo e intensidade.
É necessário o conhecimento e a compreensão sobre as características da deficiência para
atender às necessidades especiais constatadas. Segundo Novaes (2014) quanto ao período de
aquisição, a surdez pode ser dividida em dois grandes grupos: 1) congênitas, quando o indivíduo já
nasce surdo. Nesse caso a surdez é pré-lingual, ou seja, ocorreu antes da aquisição da linguagem; 2)
Adquiridas, quando o indivíduo perde a audição no decorrer da sua vida, caso este no qual a surdez
poderá ser pré ou pós-lingual, dependendo da sua ocorrência ter se dado antes ou depois da
aquisição da linguagem.
Quanto a etiologia, elas se dividem em: (1) - Pré-natais: surdez provocada por fatores
genéticos e hereditários, doenças adquiridas pela mãe na época da gestação (rubéola, toxoplasmose,
citomegalovírus), e exposição da mãe a drogas ototóxicas (medicamentos que podem afetar a
audição). (2) - Peri-natais: surdez provocada mais frequentemente por parto prematuro, anóxia
cerebral (falta de oxigenação no cérebro logo após o nascimento) e trauma de parto (uso inadequado
de fórceps, parto excessivamente rápido, parto demorado). (3) - Pós-natais: surdez provocada por
doenças adquiridas pelo indivíduo ao longo da vida, como: meningite, caxumba, sarampo. Além do
uso de medicamentos ototóxicos, outros fatores também têm relação com a surdez, como avanço da
idade e acidentes (NOVAES, 2014).
Segundo Speri (2013) a localização ou tipo de perda auditiva da lesão, a alteração auditiva
pode ser: (1) - Condutiva: quando está localizada no ouvido externo e/ou ouvido médio; as
principais causas deste tipo são as otites, rolha de cera, acúmulo de secreção que vai da tuba
auditiva para o interior do ouvido médio, prejudicando a vibração dos ossículos (geralmente aparece
em crianças frequentemente resfriadas). Na maioria dos casos, essas perdas são reversíveis após
tratamento. (2) - Sensorioneural: quando a alteração está localizada no ouvido interno (cóclea ou em
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fibras do nervo auditivo). Esse tipo de lesão é irreversível; a causa mais comum é a meningite e a
rubéola materna. (3) - Mista: quando a alteração auditiva está localizada no ouvido externo e/ou
médio e ouvido interno. Geralmente ocorre devido a fatores genéticos, determinantes de má
formação. (4) - Neural: a alteração pode se localizar desde o tronco cerebral até as regiões
subcorticais e córtex cerebral. Segundo Santos e Navas (2004) de acordo com o tipo de lesão e
localização, ou seja, sensorioneural localizado no ouvido interno e mista localizado no ouvido
externo, médio e interno, conforme laudo fonoaudiólogico, os processos auditivos prejudicados
estão na detecção e discriminação auditiva.
Diante de várias intensidades de prejuízos acústicos, há um instrumento, o audiômetro,
utilizado para medir a sensibilidade auditiva do indivíduo. O nível de intensidade sonora é medido
em decibel (dB). A surdez pode ser, ainda, classificada como unilateral, quando se apresenta em
apenas um ouvido e bilateral, quando acomete ambos ouvidos. Por meio desse instrumento faz-se
possível a realização de alguns testes, obtendo-se uma classificação da surdez quanto ao grau de
comprometimento (grau e/ou intensidade da perda auditiva), a qual está classificada em níveis, de
acordo com a sensibilidade auditiva (GOMES, 2006).
Segundo Novaes (2014) a classificação de perdas auditivas varia quanto aos graus, a surdez
leve de 25 a 40 dB, nesse caso, a pessoa pode apresentar dificuldade para ouvir o som do “tic-tac”
do relógio, ou mesmo uma conversação silenciosa (cochicho). Já a surdez moderada de 41 a 55 dB,
com esse grau de perda auditiva, a pessoa pode apresentar alguma dificuldade para ouvir uma voz
fraca ou o canto de um pássaro. A surdez acentuada fica entre 56 a 70 dB, com esse grau de perda
auditiva, a pessoa poderá ter alguma dificuldade para ouvir uma conversação normal. A surdez
severa, a intensidade percorre de 71 a 90 dB, a pessoa poderá ter dificuldade para ouvir o telefone
tocando ou ruídos de liquidificador na cozinha. Contudo a surdez profunda acima de 91 dB, nesse
caso, a pessoa poderá ter dificuldade para ouvir o ruído de caminhão, de discoteca, de uma máquina
de serrar madeira ou, ainda, o ruído de um avião decolando.
Segundo Fortes (2015) sendo a surdez uma privação sensorial que interfere diretamente na
comunicação, alterando a qualidade da relação que o indivíduo estabelece com o meio, ela pode ter
sérias implicações para o desenvolvimento de uma criança, conforme o grau da perda auditiva que
as mesmas apresentam. Diante disto, a criança com surdez leve é capaz de perceber os sons da fala,
porém pode ter dificuldades com essa fala, compreende, mas tem dificuldade se a fala for baixa ou
se não estiver de frente para o interlocutor. Dentre os danos que podem ser causados estão:
limitações nas habilidades de prestar atenção, de codificar, compreender, memorizar, manipular e
usar efetivamente a informação auditiva.
Na surdez moderada, a criança pode demorar um pouco para desenvolver a fala e
linguagem; apresenta alterações articulatórias (trocas na fala) por não perceber todos os sons com
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clareza; tem dificuldade em perceber a fala em ambientes ruidosos; são crianças desatentas e com
dificuldade no aprendizado da leitura e escrita. A surdez severa, a criança terá dificuldades em
adquirir a fala e linguagem espontaneamente; poderá adquirir vocabulário do contexto familiar;
existe a necessidade do uso de aparelho de amplificação e acompanhamento especializado.
Contudo, na surdez profunda, a criança dificilmente desenvolverá a linguagem oral
espontaneamente; só responde auditivamente a sons muito intensos como: bombas, trovão, motor de
carro e avião; frequentemente utiliza a leitura orofacial; necessita fazer uso de aparelho de
amplificação e/ou implante coclear, bem como de acompanhamento especializado.
Segundo Bauer (1999) dentre os danos que podem ser causados pela perda auditiva de grau
leve estão: limitações nas habilidades de prestar atenção, de codificar, compreender, memorizar,
manipular e usar efetivamente a informação auditiva, podendo levar até mesmo ao distúrbio do
processamento auditivo central. Essa privação auditiva leve na criança, mesmo que temporária,
ocasiona atraso na aquisição da fala; déficit de processamento auditivo; distúrbios na integração dos
estímulos auditivo-visual (dificultando a leitura); déficit no desenvolvimento cognitivo; problemas
de aprendizagem e desempenho escolar; distúrbios articulatórios, tanto a nível de produção,
compreensão e expressão verbal.
Dessa forma, como descrito anteriormente, independente da classificação de perda auditiva,
as consequências são prejudiciais para a criança nos mais diversos contextos, que seja acadêmica,
na linguagem e no social, devendo o profissional está atento a qualquer sinal que a criança
apresente. Em se tratando dos processos de aprendizagem, abaixo segue alguns esclarecimentos
essenciais para um melhor entendimento.

2.2 OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM


Sabe-se que o processo de aprendizagem ocorre ao longo da vida e em todas as fases do
desenvolvimento humano. Na infância, ocorre em períodos definidos, com estimulação adequada às
necessidades para determinadas aprendizagens e com ênfase nos aspectos motores, visuais,
cognitivos e afetivos (OLIVEIRA, 2016).
A aprendizagem é um processo mediante o qual o indivíduo adquire informações,
conhecimentos, habilidades, atitudes, valores, para construir de modo progressivo e interminável
suas representações do interno (o que pertence a ele) e do externo (o que está “fora” dele) numa
constante inter-relação biopsicossocial com seu meio e fundamentalmente na infância, através da
ajuda proporcionada pelos outros (DÍAZ, 2011).
O aprendizado é um processo complexo, dinâmico, que resulta em modificações estruturais
e funcionais do Sistema Nervoso Central. As modificações ocorrem a partir de um ato motor e
perceptivo, que, elaborado no córtex cerebral dá origem a cognição. A presença de uma dificuldade
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de aprendizagem não implica necessariamente um transtorno. O transtorno de aprendizagem
compreende um conjunto de sinais sintomatológicos que provoca uma série de perturbações no
aprender da criança. Os transtornos de aprendizagem apresentam uma inabilidade específica, como
leitura, escrita ou matemática, em indivíduos que apresentam resultados significativamente abaixo
do esperado para o seu nível de desenvolvimento, escolaridade e capacidade intelectual (ROTTA;
OHLWEILER; RIESGO, 2016).
As dificuldades de aprendizagem se apresentam como percurso, causados por problemas da
escola e/ou família. Neste mesmo contexto, Rotta, Riesgo e Ohlweiler (2016) nos diz em que os
fatores envolvidos nas dificuldades para a aprendizagem podem ser divididos em fatores
relacionados com a escola, fatores relacionados com a família e fatores relacionados com a criança.
Eles descrevem as diferentes condições desfavoráveis em cada um dos ambientes, como externos à
criança, a exemplo das condições físicas da sala de aula (tamanho, iluminação, ventilação,
segurança, acústica, estética etc.); condições pedagógicas (materiais, métodos didáticos, higiene
escolar, relação com a família etc.); condições do corpo docente (preparação, motivação, dedicação
etc.); condições social como estrutura familiar e financeira; condições físicas, psicológicas e
neurológicas.
Contudo, a deficiência em qualquer função auditiva poderá acarretar dificuldade de
aprendizagem, pois na escola encontram-se os mais diversos sons, misturados ao dia-a-dia da sala
de aula, que muitas vezes tornam-se problemas. A criança para aprender ou desenvolver suas
atividades pedagógicas, precisa de um ambiente adequado, mas mesmo tendo acesso a este
ambiente, sons diversos enchem o espaço exterior e interior da sala de aula (TORQUATO, 2012).
As dificuldades de aprendizagem referem-se a um problema que induz a um processo lento
em um ou mais processos emocionais que interferem também no desenvolvimento e compreensão
da linguagem oral, leitura, escrita. Este atraso na aprendizagem poderá afetar a auto-estima, a
educação, a socialização e as atividades diárias de cada indivíduo (PIZZANO, 2016).
Atualmente, a importância dada aos problemas de aprendizagem tem aumentado
significamente. Isso se deve ao fato de que o sucesso do indivíduo está diretamente ligado ao
desempenho escolar, por isso, cada vez mais o número de crianças são atendidas por
psicopedagogos, psicólogos, fonoaudiólogos, neuropediatras e psiquiatras (PORTO, 2011).
Segundo Porto (2011) as dificuldades específicas de aprendizagem se referem aquela
situação que ocorre com crianças que não conseguem acompanhar um grau de adiantamento
escolar, compatível com sua capacidade cognitiva. Muitas crianças em fase escolar apresentam
certas dificuldades em realizar certas tarefas, que podem surgir por diversos motivos, como
proposta pedagógica, capacitação do professor, problemas familiares, déficits cognitivos entre
outros motivos.
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Segundo Gómez e Terán (2014), a dificuldade de aprendizagem se apresenta em uma
criança quando a mesma não consegue aprender com os métodos com os quais aprendem a maioria
das crianças, apesar de ter as bases intelectuais apropriadas para a aprendizagem. No entanto, é
fundamental conhecer a criança na sua totalidade, entender sua problemática específica e levá-la a
conhecer seus pontos fortes e fracos, com estratégias de suporte que permita ter sucesso na sua
aprendizagem.
Segundo Godinho e Sih (2005) na perda auditiva leve (25-40 dB) ouve-se apenas quando as
pessoas falam em voz alta. A criança, geralmente tem dificuldade para ouvir fala cochichada ou
distante. Pode apresentar retardo leve na aquisição da linguagem, leves problemas na fala a exemplo
das trocas de alguns fonemas: “t” por “d”, “f” por “v”, “p” por “b”, “q” por “g”.
Existem operações complexas presente na aprendizagem da leitura-escrita, considerando que
ler implica ações como decodificar, compreender, interpretar, estabelecer relações, situar o texto em
seu contexto, criticar, replicar e etc. Já escrever requer codificar, normatizar (ortografia e notações),
comunicar, textualizar, situar o texto em seu contexto, intertextualizar, para que isso ocorra
gradualmente, não deverá existir nenhuma limitação sensorial na criança (DÍAZ, 2011).
Segundo Porto (2011) para a leitura e escrita ocorrer, é necessária uma ação conjunta das
seguintes aptidões: discriminação auditiva, composição e decodificação dos sons, discriminação
visual, organização e orientação dos elementos no espaço, sequência temporal, coordenação dos
movimentos finos, conhecimento e controle do próprio corpo e noção de lateralidade.
A leitura e escrita segundo Seabra e Capovilla (2010), se desenvolve através de três fases ou
estágios distintos na alfabetização, o logográfico que é marcada pelo uso de pistas contextuais para
a leitura, o alfabético que é o conhecimento das correspondências entre letras e fonemas e o
ortográfico que são reconhecidos diretamente sem a conversão fonológica, estes, as quais as
crianças desenvolvem as rotas ou estratégias de leitura, e consequentemente a escrita. Existe sete
requisitos básicos que precisam ser internalizados pela criança no período de alfabetização, os
mesmos são necessários para a decodificação das palavras. Esses requisitos servem como base para
um bom desenvolvimento da rota lexical, na qual a mesma possibilita a leitura direta, nesse sentido
os processos de consciência fonológica, precisam passar por tais processos.
Contudo esses processos fonológicos se destacam por: 1- (CR) Corretas Regulares: palavras
ortograficamente corretas, semanticamente corretas e grafofonêmicas regulares; 2- (CI) Corretas
Irregulares: palavras ortograficamente corretas, semanticamente corretas e grafofonêmicas
iregulares; 3- (VS) Vizinhas Semânticas: palavras ortograficamente corretas, mas semanticamente
incorretas; 4- (VV) Vizinhas Visuais: pseudopalavras ortograficamente incorretas, com trocas
visuais, ou seja, palavras que vem com a mesma quantidade de letras, mais com letras novas ou
trocadas; 5- (VF) Vizinhas Fonológicas: pseudopalavras ortograficamente incorretas com trocas
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fonológicas; 6- (PH) Pseudopalavras Homófonas: ortografia incorreta, mais semanticamente
correta; 7- (PE) Pseudopalavras Estranhas: com ortografias incorretas e estranhas tanto
fonologicamente quanto visualmente.
Contudo Stampa (2009) afirma crianças com dificuldades em consciência fonológica
geralmente apresentarão atraso na aquisição da leitura e da escrita, pois a mesma é o conjunto de
habilidades por meio da percepção acústica, sonora da fala que possibilita a manipulação e a
diversidade de possibilidades das unidades silábicas e fonêmicas, sendo um pré-requisito para
construção da linguagem escrita.
O processo de aprendizagem da leitura ocorre em dupla rota, o indireto que envolve a
mediação fonológica (rota fonológica) ou pelo processo visual direto (rota lexical). A leitura pela
rota fonológica depende do conhecimento das regras de conversão entre grafema e fonema para que
a construção da pronúncia da palavra possa ser efetuada. A leitura pela rota lexical depende do
conhecimento prévio de uma palavra, de memorização no sistema de reconhecimento visual de
palavras, da recuperação de significados e da pronúncia dessas por meio de endereçamento direto
ao léxico (CUETOS; CAPELLINI; OLIVEIRA, 2012).
Segundo Seabra e Capovilla (2011) a rota fonológica é fundamental para a aquisição das
representações ortográficas das palavras, essa significativa importância desse processo é a
decodificação para o desenvolvimento da leitura no estágio inicial, o que posteriormente permitirá a
leitura via rota lexical. Nos estágios posteriores, a decodificação fonológica ainda continua sendo de
extrema importância, visto que o leitor está sempre se deparando com palavras desconhecidas.
Contudo, como descrito acima, para que ocorra um aprendizado satisfatório os processos
sensoriais são a porta de entrada para que ocorra um bom progresso nos processos de aprendizagem,
os mecanismos fisiológicos auditivos íntegros são pré-requisito para o desenvolvimento,
decodificação e compreensão da linguagem oral e aquisição da leitura escrita.

3 MÉTODO
3.1 Delineamento
O presente trabalho trata-se de um estudo de caso, de natureza qualitativa, visando possíveis
contribuições psicopedagógicas acerca da deficiência auditiva leve e seus reflexos nos processos de
aprendizagem com leitura e escrita. As características do estudo são descritivas com base em
observação, avaliação e intervenção psicopedagógica, tendo como variáveis a deficiência auditiva
leve, a aprendizagem, leitura e escrita. O trabalho foi dividido em duas fases com duração de oito
meses: a primeira foi realizada no contexto avaliativo, no Centro de Atendimento Psicopedagógico
da Clínica-Escola da UFPB, com objetivo de conhecer a criança e suas dificuldades de
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aprendizagem através de avaliações psicopedagógicas. E na segunda fase, com o foco de responder
o objetivo proposto pela presente pesquisa, fazendo uso da intervenção psicopedagógica.

3.2 Participante
O estudo de caso foi desenvolvido no Centro de Atendimento Psicopedagógico: Clínica-
Escola, com uma criança do sexo feminino, 10 anos de idade, cursando no 5º ano do Ensino
Fundamental, de uma escola privada na cidade de João Pessoa, apresentando dificuldade de
aprendizagem na leitura e escrita, com presença de perda auditiva mista de grau leve no ouvido
direito e perda auditiva sensorioneural de grau leve no ouvido esquerdo, conforme laudo
fonoaudiológico com avaliação audiométrica.

3.3 Instrumentos
Para a coleta de dados e análise dos mesmos foram utilizados os seguintes instrumentos: a
Anamnese entrevista clínica que investiga antecedentes pessoais, alimentação, sono,
desenvolvimento psicomotor, da linguagem, sexualidade, vida escolar, socialização, vida afetiva,
acidentes, doenças, déficit de atenção e de hiperatividade e antecedentes familiares.
 EOCA – Entrevista Operacional Centrada na Pessoa, cujo objetivo é investigar os vínculos que a
criança possui com os objetos e os conteúdos da aprendizagem escolar, observa suas defesas,
condutas evitativas e como enfrenta novos desafios (VISCA, 1987).
 TDE – Teste de Desempenho Escolar, cujo objetivo é avaliar as capacidades fundamentais do
desempenho escolar da criança, com subtestes especificamente da escrita, aritmética e leitura
(STEIN, 1994).
 PROLEC – Provas de avaliação dos processos de leitura, cujo objetivo é avaliar os diferentes
processos e subprocessos que interferem na leitura, como identificação de letras, o processo
léxico e o processo sintático para identificar os casos de dificuldades em sua aprendizagem e
quais os processos que são responsáveis por essas dificuldades (CUETOS; RODRIGUES;
RUANO, 2012).
 TCLPP – Teste de competência de leitura de palavras e pseudopalavras, cujo objetivo é avaliar o
estágio de desenvolvimento da leitura ao longo das etapas logográfica, alfabética e ortográfica na
competência da leitura silenciosa de palavras isoladas, e coadjuvante para o diagnóstico
diferencial de distúrbios de aquisição da leitura (SEABRA; CAPOVILLA, 2010).
 As Provas Operatórias, cujo objetivo visa investigar o nível cognitivo em que a criança se
encontra e se há defasagem em relação à sua idade cronológica (PIAGET, 2012).
 Atividades preparatórias para leitura e escrita - Discriminação auditiva (BRAUN, 1986).
 Atividades corretivas de leitura e escrita - Discriminação sonora - fonema semelhante, fonema
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inicial, aliteração, discriminação visual – maiúscula e minúscula (SAMPAIO, 2013).
 Atividades para terapias de reabilitação auditiva e dificuldades de aprendizagem (PIZZANO,
2016).
 Alfabetização e reabilitação pelo método das boquinhas – Trabalhando os fonemas F, V, B, P, G,
J, ÃO e AM (JARDINE, 2010). Ver Anexo D
 Atividades pedagógicas relacionada com leitura e escrita como encontros consonantal BR, CR,
DR, FR, ditados de palavras, ortografia com R (inicial), R (brando) e RR.

3.4 Procedimento
Inicialmente, houve o contato com a mãe da criança, em seguida, explicou-se o objetivo do
estudo. Uma vez tendo concordado com a participação no estudo, a responsável assinou um TCLE -
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, baseado nos preceitos éticos vigentes para a
realização de pesquisas com seres humanos defendidos pela Resolução n.466/12 e 510/16.
As avaliações e intervenções foram realizadas em ambiente individual no Centro de
Atendimento Psicopedagógico da Clínica-Escola da Universidade Federal da Paraíba, com tempo
de cada sessão de aproximadamente 50 minutos e uma vez por semana. A coleta de dados iniciou-se
com a entrevista clínica, a Anamnese, resgatando o histórico e demanda da criança, como também
os antecedentes pessoais e familiares, dados do comportamento não verbal do entrevistado. Dando
início às sessões com a criança foi apresentado a EOCA, caixa composta por diversos materiais
escolares visando observar o que a criança sabe fazer e o que aprendeu a fazer, foi pedido que a
criança nomeasse o material, e logo em seguida foi informado que poderia utilizar todo o material
que estava a sua disposição.
Na aplicação do TDE os materiais utilizados foram caderno de teste, três lápis apontados,
uma borracha. A sua execução é individual, não há limite de tempo para a execução de cada
subteste. A criança preencheu os dados de identificação na capa do caderno do TDE, em seguida,
iniciou as orientações sobre a aplicação de cada um dos subtestes.
Na aplicação do PROLEC foi explicado a tarefa com a folha de apresentação na frente da
criança, utilizando-se dos três exemplos que aparecem logo no início de cada teste, seguindo assim
sucessivamente para os demais. A execução do TCLPP foi individual com apresentação do caderno
de aplicação, lápis, borracha, foi apresentada e aplicada a folha de treino com as devidas
orientações, logo em seguida iniciou-se o teste.
As provas operatórias foram aplicadas em duas sessões, dando início com as provas de
conservação, e assim sucessivamente as demais como classificação, seriação e espaço. Antes de dar
início a cada prova houveram as devidas explicações concretamente com o material até a
aprendente confirmar o entendimento do teste.
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As intervenções foram planejadas e direcionadas para leitura e escrita, especificamente nas
quais a criança apresentava maiores dificuldades devido o déficit auditivo. Dando início com um
caderno de atividades com discriminação auditiva, lápis e borracha com ênfase na detecção auditiva
palavras com o mesmo som no início, meio e fim. Atividades corretivas de leitura e escrita referente
a discriminação sonora de fonemas semelhantes, fonema inicial e aliteração, foram utilizadas folhas
de atividades, lápis grafite e borracha. Atividades trabalhando semelhança sonora e diferenciação na
escrita grafema, fonema e articulação das palavras que terminam com ÃO e AM, material utilizado
folha de ofício, borracha, lápis grafite, figuras, sopa de letras.
Foram trabalhadas atividades que envolvem a consciência fonológica, como
correspondência letra-som, atividades fonêmicas, atividades de sílaba inicial, medial e final,
recombinação fonêmica, identificação de sons e sílabas, atividades de correspondência grafema-
fonema. Algumas atividades foram direcionadas juntamente com ortografia a exemplo do L, U, S,
X, Z, CH, JA, GA, como por exemplo a palavra RISADA que se escreve com S e tem som de Z,
CHEIROSO que se escreve com CH e S tem som de X e Z.
Além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafema/letra) usamos as articulatórias
(articulema/boquinha). Foram trabalhadas atividades com as letras as quais ocorreram constantes
trocas de som com os fonemas F, V, P, B, J, G, envolvendo frases, palavras, e leituras. Encontros
consonantais para detectar, discriminar, emitir e reconhecê-los, inserindo o R vibra língua (BRA) e
o L língua nos dentes (BLA) através de ditados de palavras e também ortografia inserindo o R
(inicial), R (brando) e RR. Utilizamos jogos online brincando e associando palavras como caça-
palavras, completando e formando palavras.

3.5 Análise dos dados


Para a constituição do estudo de caso todos os dados obtidos foram analisados de forma
qualitativa descritiva por meio dos instrumentos avaliativos psicopedagógicos acima relacionados,
transcritos e organizados que possibilitaram verificar o nível de dificuldade de aprendizagem da
aprendente. Uma vez que o objetivo do nosso estudo está centrado na dificuldade da deficiência
auditiva leve nos processos de aprendizagem da leitura e escrita da criança, para analisar o estudo
de caso, adotamos a análise de conteúdo temática proposta por Bardin (2011) que designa como
proposta de análise “um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (p.47).

4 RESULTADOS
Através dos dados coletados pelos instrumentos acima citados é possível analisar o conteúdo
e assim contribuir com possíveis estratégias psicopedagógicas acerca do déficit auditivo. Na
16
Anamnese foi revelado que aos 08 meses de idade a criança foi acometida de uma otite, em ambos
ouvidos, conforme laudo fonoaudiológico com avaliação audiométrica que afirma presença de
perda auditiva mista de grau leve no ouvido direito e perda auditiva sensorioneural de grau leve no
ouvido esquerdo.
Com relação a EOCA a criança apresentou assimilação e acomodação em equilíbrio, com
uma modalidade de aprendizagem hipoassimilativa e hipoacomodativa, ou seja, bastante tímida, não
explora os objetos na mesa, permanece na mesma atividade “desenho” sinalizando uma rejeição da
leitura e da escrita. Com relação aos resultados oriundos do TDE, a criança escreve lentamente
pensando nas letras, apresentou troca nas letras F, V, J, G, C, S; demonstrou dificuldades em
aritmética com subtração, multiplicação e divisão com mais de um número, deixando muitas
respostas em branco; já na leitura, demonstrou dificuldade com palavras maiores e desconhecidas.
Contudo, apresentou desempenho escolar inferior nas capacidades fundamentais como na escrita,
aritmética e leitura.
Na análise do PROLEC a criança apresentou nos diferentes processos da leitura (N)
Normalidade com relação a identificação de letras e decisão lexical; No processo sintático
apresentou (N) normalidade. No processo semântico observou-se (N) normalidade na compreensão
de orações, porém (D) dificuldade na compreensão de textos; Demonstra (DD) dificuldade grande e
(D) dificuldade no processo léxico. Contudo, nos processos de avaliação com leitura a criança
demonstrou dificuldade com a leitura de palavras e pseudopalavras com relação ao processo léxico,
a leitura é baseada na rota lexical seguida da fonológica.
Segundo o TCLPP a aprendente apresentou rejeição de pseudopalavras (VV) vizinhas
visuais, (VF) vizinhas fonológicas e (PH) Pseudopalavras homófonas o que acarreta uma
pontuação-padrão muito baixa. Contudo, o estágio de desenvolvimento em que a criança se
encontra é logográfico e alfabético, prevalecendo seu desempenho na estratégia de leitura lexical.
De acordo com a análise referente as provas operatórias de Piaget a criança encontra-se no nível
cognitivo operatório concreto, conservando suas respostas, não havendo defasagem com relação a
sua idade cronológica.
Seguindo com as intervenções psicopedagógicas, o método das boquinhas possui uma
abordagem multissensorial e utiliza-se de três rotas neurológicas em concomitância. Além das
estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafema/letra) usamos as articulatórias
(articulema/boquinha). Atividades trabalhando grafema, fonema e articulação (método fônico) da
semelhança sonora e diferenciação da escrita das palavras que terminam com ÃO e AM a exemplo
de VIOLÃO/OUÇAM. Foram trabalhadas letras as quais ocorrem constantes trocas de som com os
fonemas F, V, P e B envolvendo frases, palavras, e leituras.
17
Durante os atendimentos a criança apresentava uma troca de som nas letras com encontros
consonantais, a exemplo do FLA, FRA pelo PLA, PRA, foram inseridas atividades com
reconhecimento dos encontros consonantais, inserindo o R (BRA) e o L (BLA) intervindo na escrita
inserindo o R (Vibrar a língua) e Inserindo o L (Língua nos dentes).
No decorrer das intervenções, a aprendente mostrava-se participativa diante das atividades
propostas, porém trazia consigo uma pequena resistência para empenhar-se inicialmente, contudo,
concluiu todas as atividades. As maiores dificuldades apresentadas foram com os fonemas
semelhantes, som iguais e escrita diferente como S, Ç, F, V, X, Z, ÃO, AM; Os avanços foram
significativos após os atendimentos psicopedagógicos, no qual os resultados alcançados foram a
percepção da aprendente diante da discriminação auditiva para a detecção da diferenciação dos sons
fonéticos comprovados pelo alcance de boas notas registradas nas provas pela escola.

5 DISCUSSÃO
Segundo Torquato (2012) há uma grande relação entre o fator audição e a dificuldade de
aprendizagem, devido os processos auditivos exercer um papel fundamental no processamento
acústico rápido, os mecanismos auditivos devem estarem íntegros, pois os mesmos são pré-requisito
para aquisição da leitura e escrita, na percepção da fala, no aprendizado e na compreensão da
linguagem. Através de análise é possível ter um conhecimento sobre as implicações da perda
auditiva no desenvolvimento dos processos de aprendizagem escolar da criança. Segundo Santos e
Navas (2004) o tipo e localização do déficit citado acima, conforme laudo fonoaudiólogico, estão na
detecção e discriminação auditiva.
De acordo com o relato da mãe a criança troca, omite letras e sílabas na escrita e leitura.
Segundo Godinho e Sih (2005) na perda auditiva leve ouve-se apenas quando as pessoas falam em
voz alta, a criança tem dificuldade para ouvir fala cochichada ou distante podendo apresentar
retardo leve na fala a exemplo das trocas de fonemas: “t” por “d”, “f” por “v”, “p” por “b”, “q” por
“g”. Contudo, Stampa (2009) afirma que crianças com dificuldades em consciência fonológica
geralmente apresentará atraso na aquisição da leitura e da escrita, pois a mesma é o conjunto de
habilidades por meio da percepção acústica, sonora da fala que possibilita a manipulação e a
diversidade de possibilidades das unidades silábicas e fonêmicas, sendo um pré-requisito para
construção da linguagem escrita.
Segundo Torquato (2012) a deficiência em qualquer função auditiva poderá acarretar
dificuldade de aprendizagem, pois na escola encontram-se os mais diversos sons, misturados ao dia-
a-dia da sala de aula, que muitas vezes tornam-se problemas. A criança para desenvolver suas
atividades pedagógicas, precisa de um ambiente adequado, mas mesmo tendo acesso a este
ambiente, sons diversos enchem o espaço exterior e interior da sala de aula.
18
Contudo as dificuldades da deficiência auditiva leve nos processos de aprendizagem da
leitura e escrita, com relação ao tipo de perda auditiva sensorioneural e mista, estão na dificuldade
de detecção e discriminação sonora com fonemas semelhantes, trocas, omissão de letras e com a
ortografia, como por exemplo as letras com sons iguais e escrita diferente S, X, Z, CH a palavra
RISADA que se escreve com S e tem som de Z, CHEIROSO que se escreve com CH e S tem som
de X e Z. As consequências são atraso no processo de ensino-aprendizagem, rótulos devido a
dificuldade com trocas, omissões de letras, ortografia e com o ritmo da leitura.
As possíveis orientações no momento de sala de aula, são utilizar como estratégias
predominantemente visuais, com uso de instrumentos didáticos, imagens para transmitir os
conteúdos, devendo ainda, a criança sentar-se sempre na primeira carteira, próximo ao professor (a).
O professor deve sempre falar em bom tom de voz, e repetir sempre que possível o assunto
abordado na sala de aula; transmitir segurança a criança, sempre explicando que a escola está ciente
de suas restrições e que fará de tudo para oferecer todo o suporte necessário para o êxito da
aprendente. Reunir-se com os seus pais a fim de coletar informações sobre o comportamento e as
maiores facilidades e dificuldades de seu filho (a) no cotidiano para entender as rotinas e regras, a
fim de otimizar as medidas que serão tomadas na escola.
A intervenção psicopedagógica se dá em diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando
o caráter indissociável entre o institucional e o clínico. A intervenção é sempre da ordem do
conhecimento, relacionada com a aprendizagem, diante dos processos de aprendizagem e as suas
dificuldades. As possíveis contribuições psicopedagógicas acerca do déficit foram intervir nas
maiores dificuldades apresentadas pela criança, inserindo atividades com o método
Fonovisuoarticulatório, conhecido como o método das boquinhas.
Este método possui uma abordagem multissensorial e utiliza-se de três rotas neurológicas
em concomitância. Além das estratégias fônicas (fonema/som) e visuais (grafema/letra) usamos as
articulatórias (articulema/boquinha). Dessa forma, o método é indicado para alfabetização de
qualquer criança, pois atua diretamente nas habilidades de análise das consciências fonêmica e
fonológica (consciência acústica das letras “dentro da palavra”).
Além disso, o método das Boquinhas estimula a criança a usar a escrita e a lidar com esta
boca. Esse mecanismo a auxiliará, futuramente, a desenvolver destrezas metacognitivas importantes
na construção, interpretação e sintetização de textos significativos. A intenção deste método é
propor uma metodologia segura e eficaz para decodificação e codificação da leitura e escrita.
O Psicopedagogo atua na natureza interdisciplinar e transdisciplinar, utiliza métodos,
instrumentos e recursos próprios para compreensão do processo de aprendizagem, cabíveis na
intervenção. A atuação do Psicopedagogo tem como objetivo promover a aprendizagem,
contribuindo para os processos de inclusão escolar e social, compreendendo e propondo ações
19
frente às dificuldades de aprendizagem apresentadas, mediando conflitos relacionados aos
processos de aprendizagem.
No entanto, como o trabalho psicopedagógico depende das contribuições advindas tanto da
família como da equipe pedagógica, se faz fundamental, ressaltar a importância da comunicação,
apropriação e continuação de ambas as partes, no sentido de promover cada vez mais, novas
aquisições e trabalhar com as já existentes, estimulando a aprendente para novas conquistas e saber
lidar, com as adversidades ocorridas neste processo encantador e tão importante que é a aquisição
de novos conhecimentos e a ampliação dos já existentes.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir desse estudo, espera-se também, contribuir para a vertente institucional da
psicopedagogia e áreas afins. Conscientizando que a perda auditiva causa danos no desenvolvimento
da aprendizagem do indivíduo, mesmo que esta perda seja de grau leve. Dentre os danos que podem
ser causados estão: limitações nas habilidades de prestar atenção, de codificar, compreender,
memorizar, manipular e usar efetivamente a informação auditiva.
Os avanços foram significativos no decorrer dos atendimentos psicopedagógicos, momento
este em que os resultados alcançados foram nítidos, através da percepção da aprendente diante da
discriminação auditiva para a detecção da diferenciação dos sons fonéticos comprovados pelo
alcance de boas notas registradas nas provas pela escola.
Outrossim, não podemos deixar de perceber que as limitações do estudo correspondem ao
tempo de atendimento psicopedagógico, momento este que tinha, aproximadamente, 50 minutos em
cada sessão e um atendimento semanal. Ressaltamos que a indicação do uso do aparelho auditivo
poderá fazer enorme diferença com o objetivo de detectar e discriminar a semelhança dos fonemas
para que a dificuldade de aprendizagem seja superada no decorrer do ensino-aprendizagem da
criança.
Assim, como descrito anteriormente, o objetivo deste estudo de caso foi apresentar as
dificuldades advindas de uma deficiência auditiva leve no decorrer dos processos de aprendizagem
da leitura e escrita na criança, como também enfatizando a importância do diagnóstico precoce,
conscientizando pais, profissionais da educação e saúde sobre a extensão deste problema auditivo
leve, quando não diagnosticado e trabalhado precocemente, ocasionando danos nos mais diversos
contextos de desenvolvimento, tanto social, acadêmica e afetiva da aprendente. No entanto, no
respaldo científico que foi utilizado e pesquisado na fundamentação do presente estudo, observou-
se a predominância de estudos que focavam a perda auditiva de grau severo e profundo, não
priorizando o déficit leve e suas consequências durante o processo de ensino-aprendizagem na
primeira infância.
20
A partir das atividades realizadas no contexto clínico cabe ao psicopedagogo buscar
descobrir, juntamente com o aprendente, família e escola o caminho que deverá trilhar, o
conhecimento do estudo de caso diante dos processos de aprendizagem. O papel do psicopedagogo
clínico vai além do identificar as dificuldades de aprendizagem humana, tem como objetivo
prevenir, avaliar e intervir utilizando-se de seus métodos, técnicas e instrumentos e lançar mão de
inúmeras abordagens.
Assim, podemos destacar ao término desse trabalho, da importância do conhecimento por
parte dos pais e educadores pedagógicos, sobre os possíveis malefícios e/ou danos causados pela
perda auditiva, independentemente do nível desta. O que se espera, é que a semente aqui plantada,
mediante uma experiência de estágio, é mostrar para a sociedade em geral o quão importante é a
ação interventiva e preventiva frente as dificuldades educacionais e ainda, que o comprometimento
do profissional da psicopedagogia é propor ações informativas e colaborativas, alertando que uma
simples rejeição na leitura ou escrita, não é meramente um capricho da criança, mas sim, advinda de
um problema que ainda não foi observado e diagnosticado. O intuito maior do psicopedagogo é
trabalhar em parceria com as demais áreas de conhecimento e propor estratégias que beneficiem o
indivíduo e devolva a ele o direito e a vontade de aprender.
21
HEARING DEFICIENCY AND ITS REFLECTIONS IN THE LEARNING PROCESS: A CASE
STUDY

Abstract: There is a relationship between hearing and learning difficulties, since the working
integrity of hearing physiological mechanisms is a requirement for achieving reading and writing
skills. This research was originated by the clinical internship in psychopedagogy, when the
evaluative and interventional practice with a child with mild hearing loss was experienced. The
objective was to know the reflexes provoked by this deficiency in the child’s reading and writing
learning processes, besides to describe the consequences of the difficulties of reading and writing
and, finally, to present possible pedagogical orientations to be applied in classroom and to
contribute with probable psychopedagogical strategies about the auditory deficit. This study was
developed at the Center for Psychological Attendance of the Teaching Clinic from UFPB (Federal
University of Paraíba) with a ten year old female child, attending the 5th year of elementary school
and who has problems in reading and writing knowledge caused by mild auditory deficit. The study
was divided into two parts and took eight months. The first was an evaluation process of the main
complaints (learning difficulties in reading and writing, lack of attention and concentration with
suspected dyslexia). The second, an interventional stage, consisted in the direct use of auditory
discrimination linked to the phonic method. Through the intervention actions, it was observed that
the learner has a hearing discrimination to detect the differentiation of phonetic sounds and that, for
the continuity of learning evolution, it is necessary to use the hearing aid in order to detect and
discriminate the phonemes with the objective of overcoming the learning difficulty in the course of
teaching-learning process.

Key words: Mild Auditory Loss. Learning. Reading and Writing.


22

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24

ANEXOS
25
MÉTODO FÔNICO

(A)

(B)
26
(C)

(D)

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