2272-Texto Do Artigo-5176-2-10-20200805

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O RAP NACIONAL: ORIGENS, “VELHA ESCOLA” E A “NOVA ESCOLA”

Loren Tessy Andrade

RESUMO
O trabalho tratará do gênero musical chamado de rap, atuante no território brasileiro, mas não
procedente deste, com raízes em diversas culturas e países. Falará também um pouco sobre as
influências desse ritmo musical, como deu sua formação, suas influências, e o surgimento do rap
no brasil, com a denominada “velha escola” atualmente e a “nova escola”; propondo identificar
do que trata cada escola, suas singularidades e exemplos.

Palavras-chaves: Rap; Nova Escola; Velha Escola; História; Hip-Hop.

ABSTRACT

The work will deal with the musical genre called rap, playing on Brazilian territory, but not from
it, with roots in different cultures and countries. They also talked a bit about how musical rhythm
influences, with a new school today and a new school; proposing identification of what each
school treats, its singularities and examples.

Keywords: Rap; New school; Old School; Story; Hip-hop.

Introdução

O trabalho pretende descrever um pouco sobre o rap, suas origens, influências, papéis, um pouco
de suas características, por meio de artigos científicos e livros, tentando identificar como se deu
esse desenvolvimento do rap até o que conhecemos hoje, passando por as influências norte-
americanas o reconhecimento do gênero antes de chegar ao Brasil como se deu essa formação do
estilo rap, seus impactos, surgimentos e motivações para o rap brasileiro, indo da “velha escola”,
que é considerada uma expressão do rap mais antiga no Brasil, a “nova escola” uma expressão
mais recente do rap nacional, uma variante que possui uma pegada mais leve e fluída e com
menos restrições em sua visibilidade, não tão rígida como é reconhecida a antiga escola das letras
mais críticas e “pesadas”. O trabalho mostrará, também, com alguns exemplos as diferenças de
uma escola e de outra.

O Rap: Origens, Escolas do Brasil, O Antigo e o Atual

DAS AMAZÔNIAS, Rio Branco – Acre, v.1, n.1, (ago-dez) 2018, p. 63-67.
No brasil, O gênero musical rap (com influências históricas advinda do rap-americano,
que por sua vez emergiu de uma infinidade de ritmos e culturas) em seu período reconhecido
inicial foi taxado como “velha escola” em relação “à nova escola” que é vertente do rap nacional
mais repercutida nas décadas iniciais deste século XXI. (LOUREIRO, 2016)
Primeiramente, antes de discutir as diferenças notórias de uma vertente mais “antiga” e a
outra mais “atual”, vale-se ressaltar o que é afinal o rap, como ele surgiu, suas influências, até
chegar em parte naquilo que presenciamos, cotidianamente, o debate entre a “velha” e a “nova
escola”, seus pontos de encontro ideais e suas “rixas”, “faíscas”, distanciamentos.
O significado etimológico de “rap” é fruto de uma junção de iniciais de uma expressão do
inglês “rhythm and poetry – ritmo e poesia”. (LOUREIRO, 2016, p. 236); Descreve, Bráulio
Loureiro, sobre essa origem do termo rap, mostrando que a existência desse termo remonta aos
“dicionários de inglês” do século XIV, as quais já possuíam essa palavra com significados
relacionados a “bater”, “criticar”; além desses fatores, apareceu o termo, em cidades nos Estados
Unidos, antes da “eclosão da música rap”, “no contexto de jogos de improviso e insulto verbal”.
Com isso, Bráulio Loureiro acredita que:

“[..] o próprio uso da palavra “rap” tenha culminado na nomenclatura do gênero, fato
que não eliminaria a relevância e o impacto de sua vinculação a uma sigla que, além de
transitar com facilidade entre língua latinas, desafia concepções conservadoras ao
sustentar o rap como expressão musical e poética. (LOUREIRO, 2016, p. 236).

Sobre as origens, difusões inicias do rap (além do termo), Teperman (2015), defende que
os espaços em que o rap foi identificado é imprescindível na busca de seu “sentido”,
principalmente, na medida que, Segundo Braúlio Loureiro, leva-se em conta as correntes
imigratórias:

[..] dos negros africanos trazidos como escravos para o trabalho nas Américas e a dos
latinos de países da América Central, que, após a Segunda Guerra, emigraram para os
Estados Unidos em busca de melhores condições de vida. Se os primeiros e seus
descendentes contribuíram decisivamente para o surgimento de gêneros como blues,
jazz, rock, soul, funk, além do próprio rap, os últimos – especialmente os jamaicanos –
levaram ao Bronx o costume das festas de rua movidas a equipamentos de som e
microfones acopla- dos à caminhões e carros. (LOUREIRO, 2016, p. 236).

O rap desde seu início, como gênero musical, com suas inúmeras influências culturais
diversas, com seu estilo de “rua” primário e “improvisos”, possibilitou o surgimento de grupos
que se tornaram reconhecidos no cenário americano como pioneiros, alguns deles derivados de
gangues que ocupavam territórios, principalmente no sul de Bronx, na cidade de Nova York, na
década de 1970, como o “DJ” Afrika Bambaataa e o grupo Black Spades, as quais agregavam

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nesse estilo, referências das “festas de rua” da época tais como: “DJ, MC, break” e grafite,
inscrevendo-se em um contexto cultural maior, chamado de hip-hop. Muito do que ligava esses
grupos, além de suas formas músicas “exóticas”, é o lado crítico em suas letras, as quais
envolvem “atuações políticas-culturais”, “afirmação do caráter de protesto social e racial do
gênero musical”; o que “a luta por direitos civis nos Estados Unidos”, a pobreza, “opressão racial
e violência juvenil nos guetos” foram bastante influenciadores para que essas vivências fossem
transplantada para as músicas. (LOUREIRO, 2016).
Com o pano de fundo básico, pode-se traçar, resumidamente o rap brasileiro, o que é
denominado como “velha escola”, um “início” do rap nacional, que teve essas influências
americanas absorvidas e as suas próprias interpretações dos cenários culturais e dinamizações em
suas atitudes, as quais, Segundo Teperman (2015) tornaram-se reconhecidas por suas marcas de
“protesto contundente”, inventando-se a si próprio no território brasileiro, com suas próprias
singularidades; caracterizando-se assim, o rap nacional nas décadas de 1980 a 1990 em diante,
como um rap revolucionário, que expressava as dificuldades de um povo simples, principalmente,
de favelas e negros, que buscavam enfretamentos na questão racial, e de “classe”, com um tom
“agressivo”. O que configurou as letras do período com fortes críticas sócias, além disso, um
certo teor de aversão a ascensão social e valores “burgueses”, em contrapartida com os de “rua”
defendidos por os grupos brasileiros da época em que buscavam a crítica, porém com um
distanciamento “seguro” da mídia. O que, Braúlio Loureiro, mostra:

[..] os artistas da periferia paulistana chegaram a um lugar de destaque no cenário


cultural nacional recusando os símbolos da burguesia, propondo enfrentamentos e se
mantendo independentes dos mecanismos hegemônicos de produção. Isso, no entanto,
sem deixar de experimentar constantemente ‘a contradição entre ser uma cultura de rua
e, ao mesmo tempo, ser um valioso produto de mercado’. (LOUREIRO, 2016, p. 238).

No cenário do rap brasileiro, o distanciamento que houve, os conceitos “rígidos” de certa


forma estabelecidos por as antigas escola do rap foram tornando-se por grupos tradicionais
flexíveis, tendo em vista o surgimento de uma nova vertente do rap, o rap moderno, o rap
tendendo ao início do século XXI, precisamente por volta do fim dos anos 2000 até os dias
atuais, chamado nova escola, que busca “levadas mais dançantes”, projetos mais “individuais”,
Crescente “escolaridade”, abertura e “flexibilidade no trato com a grande mídia e considerável
traquejo comercial” , “maior acesso aos bens de consumo” buscando uma “conciliação” ao invés
do conflito que era evidente entre classes tido na “velha escola”, assim diferenciando-se do
movimento mais antigo. (LOUREIRO, 2016).

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Para ver na prática algumas diferenças nas obras de artistas, que figuraram esses
movimentos de rap no brasil, velha escola e nova escola, mostrarei dois exemplos de trechos de
músicas referentes, a cada um desses períodos.
Primeiramente um exemplo objetivo de um trecho escrito nos ideais da velha escola
poderia ser este do grupo Facção Central, onde mantem-se um teor de protesto e até taxado
como de proibida “circulação” em algumas circunstâncias, como pode-se observar nesta parte da
música:

Futuro do país não cola mais, dá um tempo;


O tema agora é outro, prostitutas e detentos;
[..] Noticiado e comemorado por toda a burguesia;
Que se diverte [..].
[..] Queremos ver nossas famílias num boa bem decente;
Ver a polícia nos tratando como gente; [..]. (FACÇÃO CENTRAL. “Somos Assim”. In:
Juventude de Atitude. São Pàulo: 1DASUL, 1995).

Como pode-se ver na letra de facção central, datada da década de 90, onde os ideais da
“velha escola” ainda eram fortes, há um rigor crítico em relação às classes opostas e também
formas de punição da sociedade em relação ao indivíduo.
Já em um trecho que mostra uma mudança no paradigma do rap brasileiro pode-se ser
evidenciado nesse trecho de música, considerado rap e rap da “nova escola”:

Enquanto você dormia;


Eu levantava e saía pra trabalhar;
Escrevia um bilhete de bom dia pra te deixar [..]
Pensava um pouco em você sozinho no ponto do busão;
Entrava rodava a catraca e sentava no fundão [..]. (PROJOTA. “Enquanto você
dormia”. In: Foco, Força e Fé. São Paulo: Universal Music Group, 2014.)

Esse trecho de música exposto mostra bem a parte do rap considerado hoje “nova
escola”, com ritmos mais suaves de bastante repercussão popular e midiática em redes sociais e
programas de tevês, além de letras voltada também para enfoques “românticos”, bastante distante
de um cunho “raiz” e agressivo representado pelos grupos tradicionais da “velha escola”.

Conclusão

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O trabalho foi importante para que tivesse melhor conhecimento sobre os assuntos que
pretendo pesquisar no decorrer do curso que me ajudaram a ver melhor a questão do rap
nacional, suas influências, seu desenvolvimento, o que esse gênero representa, e por que ele
existe. Importantes para o que o rap pode mostrar às pessoas que não o conhecem bem,
interessar no assunto, na cultura de rua, no grafite, no hip hop.

REFERÊNCIAS

FACÇÃO CENTRAL. “Somos Assim”. In: Juventude de Atitude. São Paulo: 1DASUL,
1995.

LOUREIRO, B. Arte, cultura e política na história do rap nacional. Rev. Est. Bra, n. 63, abr.
2016, pp. 235 a 241).

PROJOTA. “Enquanto você dormia”. In: Foco, Força e Fé. São Paulo: Universal Music
Group, 2014.

TEPERMAN, R. Se liga no som: as transformações do rap no Brasil. São Paulo: Claro


Enigma, 2015.

Data de submissão: 11/01/2018


Data de aprovação: 22/12/2018

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