A Fraude Do Aquecimento Global

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MSIA Movimento de Solidariedade Ibero-americana Maro de 2007 | Edio Especial de Solidariedade Ibero-americana

IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO N 050200577-7 ECT/DR/RJ


CAPAX DEI EDIT. LTDA.

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Editorial

A fraude do aquecimento global


O futuro da Civilizao est em jogo. A Humanidade enfrenta a terrvel ameaa do aquecimento global, que a obrigar a uma drstica mudana de hbitos e padres de desenvolvimento. No, caro leitor, no nos referimos s variaes climticas que tm caracterizado a histria geolgica do planeta h centenas de milhes de anos, mas gigantesca articulao internacional criada para atribuir s atividades humanas o ligeiro (e natural) aquecimento atmosfrico registrado nos ltimos 150 anos e, principalmente, s conseqncias dessa tramia global estas sim, potencialmente catastrficas. Nesta edio especial de Solidariedade Ibero-americana, pretendemos demonstrar que a suposta ameaa da subida dos termmetros nada tem a ver com o desenvolvimento humano, mas com uma combinao de interesses polticos e econmicos internacionalistas, cientistas cooptados, ONGs engajadas, uma mdia inclinada ao sensacionalismo e, no menos, as deficincias educacionais (principalmente nos pases subdesenvolvidos) responsveis pelo escasso conhecimento bsico de cincias da populao. Sejamos diretos. O que temos diante de ns no um fato cientificamente estabelecido, como trombeteia o Resumo para formuladores de polticas do quarto relatrio do Painel Intergovernamental sobre Mudanas Climticas (IPCC) das Naes Unidas. Trata-se de uma das maiores operaes de manipulao de opinio pblica da histria, a servio de uma maldisfarada agenda de governo mundial, a qual, se bem-sucedida, implicar em um virtual congelamento do desenvolvimento socioeconmico em todo o planeta. Isto, porque,
Publicado pelo MSIA Movimento de Solidariedade Ibero-americana Edio em portugus Diretora: Silvia Palacios Conselho editorial: Angel Palacios Zea, Geraldo Lus Lino, Lorenzo Carrasco, Marivilia Carrasco e Nilder Costa Tradues: Yra Mller Rio de Janeiro: Rua Mxico, 31 s.202 CEP 20031-144 Rio de Janeiro-RJ Telefax: + (21) 2532-4086 E-mail: [email protected] | Stio: www.msia.org.br Projeto Grfico: Maurcio Santos

salvo por algum grande avano tecnolgico antecipado, como o domnio da fuso nuclear, no se vislumbram pelo menos para antes de meados do sculo substitutos viveis em grande escala para o carvo, petrleo e gs natural, que respondem por quase 80% da produo mundial de energia, cujos usos se pretendem restringir em nome da salvao do planeta (enquanto se fazem grandes negcios com os chamados crditos de carbono). Ou seja, as velhas inclinaes das oligarquias internacionais o malthusianismo, o colonialismo e a especulao financeira, todos embrulhados sob o rtulo do ambientalismo. Como temos reiterado, o ambientalismo uma ideologia obscurantista, anticivilizatria e, ironicamente, antinatural, pois nega a vocao inata do Homo sapiens para o progresso e a hierarquia ontolgica que o coloca na vanguarda do processo de evoluo universal a evoluo tornada consciente, na inspiradora formulao do cientista francs Jean-Michel Dutuit. A fraude do aquecimento global antropognico, o maior esforo j feito pelos mentores do ambientalismo, no tem paralelo na histria da cincia, nem mesmo no tenebroso Caso Lysenko, que atrasou em meio sculo o avano das cincias biolgicas na Rssia Sovitica, inclusive com a eliminao fsica de grandes cientistas russos. Hoje, porm, os efeitos potenciais de tal tentativa de substituir fora a busca da verdade pela ideologia e por uma poltica de fatos consumados podero, no apenas atrasar alguns pases, mas interromper o progresso de toda a Humanidade. Portanto, urge que essa agenda anti-humana seja devidamente desmascarada e neutralizada.

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Fabricando uma emergncia global


G.L. Lino, L. Carrasco, S. Palacios e N. Costa Embora esteja em andamento h dcadas, a presente histeria climtica vem em uma escalada acelerada a partir de meados de 2006, quando foi lanado em circuito mundial o documentrio sensacionalista Uma verdade inconveniente, protagonizado pelo ex-vicepresidente estadunidense Al Gore (convenientemente agraciado com um Oscar da Academia de Hollywood). Em rpida sucesso, seguiram-se outros eventos destinados a reforar na opinio pblica de todo o mundo a impresso de que estaramos diante de uma verdadeira emergncia global, e no da tramia que pode ser desvendada seguindo-se as pistas de certos personagens-chave, entre outros, o prprio Gore e o magnata canadense Maurice Strong, seu velho mentor de campanhas ambientalistas. Um dos principais articuladores do ambientalismo internacional, Strong tambm a personificao da campanha aquecimentista, que agora chega ao auge. Em setembro, com grande publicidade, a Real Sociedade britnica (a mais antiga associao cientfica do mundo) enviou companhia petrolfera Exxon/Mobil uma inacreditvel carta, instando-a a interromper os financiamentos a pesquisas cientficas contrrias ao suposto consenso em torno do aquecimento global antropognico. Evidentemente, a carta ignorava os bilhes de dlares concedidos por governos e fundaes do Establishment oligrquico s pesquisas contrrias, orientadas para demonstrar a suposta responsabilidade humana nas mudanas climticas, ou s centenas de organizaes no-governamentais (ONGs) engajadas na campanha alarmista. Em meados de outubro, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) apresentou o Living Planet Report (Relatrio sobre o planeta vivo), documento no qual a ONG favorita da famlia real britnica volta a bater na surrada tecla dos limites ao crescimento, afirmando que, aos nveis atuais de consumo de recursos naturais, por volta de 2050, seriam necessrias trs Terras para satisfazer s necessidades da Humanidade. A mensagem nem to subliminar por trs de tal concluso a de que inexistiriam meios de estender a todos os habitantes do planeta os nveis de vida desfrutados pelos habitantes dos pases industrializados mais avanados. No final do ms, novamente com o apoio da Real Sociedade e um esquema de propaganda mundial, foi divulgado o estudo A economia das mudanas climticas, encomendado pelo Governo Tony Blair ao execonomista do Banco Mundial sir Nicholas Stern. A concluso principal era a de que o custo econmico das emisses de gases de efeito estufa poder chegar a 20% do PIB mundial, at meados do sculo. Entre as recomendaes para solucionar o suposto problema, o relatrio destaca o estabelecimento de limites nacionais para as emisses de gases de carbono (Stern fala em 30% at 2050) e a consolidao dos j existentes mercados de crditos de carbono. A proposta consolidar o chamado dispositivo cap-and-trade (limitar-e-comerciar), com o qual as cotas de emisses so convertidas em ttulos negociveis. Stern estima o montante dos ttulos hoje existentes em 28 bilhes de dlares, o qual poder chegar a 40 bilhes de dlares at 2010. Porm, o potencial desse mercado de derivativos de fumaa ser muito maior se os limites de emisses forem tornados obrigatrios para todos os pases.

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Oportunamente, Blair recrutou Al Gore para assessor-lo no esforo de difundir o cenrio de pesadelo imaginado por sir Nicholas, enquanto o seu ministro do Meio Ambiente, David Milliband, anunciava a inteno de distribuir cpias de Uma verdade inconveniente em toda a rede escolar secundria do Reino Unido (a despeito de os argumentos fraudulentos apresentados no filme terem sido amplamente contestados por numerosos cientistas). Com a mdia mais preocupada com as sombrias extrapolaes do relatrio, passou quase despercebido o fato de que, desde 2004, Gore um dos scios fundadores do fundo de investimentos Generation Investment Management, sediado em Londres e criado para promover investimentos de longo prazo sustentveis, segundo os cnones ambientalistas. Em uma entrevista ao jornal The Observer de 14 de novembro de 2004, Gore deu uma pista do tipo de negcios pretendidos: A mudana climtica um problema que no ser resolvido pelos polticos... Os polticos tm um papel importante a cumprir, mas a realidade vai provocar os seus efeitos no mercado, independentemente da opinio pblica e da ao dos governos. Para Gore, a intensidade de carbono das atividades econmicas dever ser um fator cada vez mais relevante para a sua lucratividade, citando como exemplo a indstria automobilstica. Evidentemente, os crditos de carbono se encaixam perfeitamente no portflio contemplado por ele e seus scios. (Algum mencionou conflito de interesses?) Talvez, tambm no seja coincidncia que Maurice Strong esteja associado ao megaespeculador George Soros em uma empreitada para introduzir no mercado dos EUA os minicarros chineses Chery muito menos intensivos em carbono do que qualquer automvel estadunidense ou europeu. Embora o Governo Bush no tenha ratificado o Protocolo de Kyoto, em janeiro, uma coalizo de grandes empresas e ONGs ambientalistas dos EUA (entre elas, o Natural Resources Defense Council e o World Resources Institute) fundou a Parceria de Ao Climtica

(USCAP), para promover uma abordagem de mercado para a proteo climtica, obrigatria e para toda a economia, inclusive junto ao Congresso e Casa Branca. A mensagem parece ser: A vem o apocalipse, mas vamos faturar com ele! Ao mesmo tempo, a Comisso Europia props uma reduo de 20% nas emisses de carbono sobre os nveis de 1990, at 2020 (acima dos 12% previstos no Protocolo de Kyoto, que vrios pases da Unio Europia j esto com dificuldades para cumprir, com srias implicaes para vrios setores industriais do continente). Ainda em janeiro, os editores do Bulletin of the Atomic Scientists, revista que desde h muito vem funcionando como veculo de propaganda dos promotores das teses de governo mundial, afirmaram que o aquecimento global representaria para o mundo uma ameaa to ou mais grave que a possibilidade de um conflito nuclear (simbolicamente representada no Relgio do Apocalipse estampado na capa da revista, cuja proximidade da meia-noite indica o risco de um conflito nuclear em algum lugar do planeta). Da mesma forma, ao lado da crise real de liderana dos EUA ps-Iraque, a suposta crise climtica foi um dos principais destaques da reunio anual do Frum Econmico Mundial, em Davos, ocorrida simultaneamente com o conclave do Painel Intergovernamental sobre Mudanas Climticas (IPCC), em Paris. O pargrafo inicial do boletim de imprensa final do evento ressalta a importncia atribuda ao tema: A Reunio Anual do Frum Econmico Mundial, em Davos, fechou no domingo (29/01) com as mudanas climticas firmemente (colocadas) no palco central do debate. Em 17 sesses relacionadas ao aquecimento global, o Frum reuniu os principais acadmicos, lderes empresariais, representantes de ONGs, chefes de agncias da ONU e polticos do mundo, alm de muitos outros, para avanar as discusses e explorar oportunidades prticas para o progresso por meio de parcerias. O encontro ilustrou claramente o compromisso cada vez mais profundo do

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empresariado em engajar outros grupos para o encaminhamento desse tema. Como seria previsvel, os esquemas capand-trade foram as vedetes das discusses, sendo defendidos, entre outros, pelo inevitvel sir Nicholas Stern e o fsico brasileiro Jos Goldemberg, um veterano ativista do ambientalismo internacional. Tambm presente, o ministro Milliband afirmou que mercados de carbono amplos, longos e profundos so absolutamente essenciais. No existe preo para a poluio que produzimos nos ltimos 150 anos... E, olhando para a frente, ns precisamos projetar o mercado alm de 2012, para manter a confiana empresarial engajada com um nvel de certeza. Vale recordar que Milliband o mesmo que props recentemente a privatizao da Amaznia, para preservar a floresta como um depsito de carbono mundial. A escalada chegou ao auge em 2 de fevereiro, com a divulgao do Resumo para formuladores de polticas (Summary for Policymakers) do IPCC, o qual afirma que a maior parte do aumento observado nas temperaturas mdias globais desde meados do sculo XX muito provavelmente devida ao aumento observado nas concentraes antropognicas de gases de efeito estufa (grifos no original). O documento define muito provavelmente como um grau de certeza superior a 90% compreensivelmente, recebido de forma generalizada como uma chancela da comunidade cientfica ao fenmeno. O impacto provocado pelo relatrio pode ser avaliado pela chamada de primeira pgina da Folha de S. Paulo de 3 de fevereiro: Cientistas prevem futuro sombrio para a Terra. A temperatura da Terra subir at o fim do sculo, diz o mais importante relatrio sobre o aquecimento global, produzido por 600 cientistas de 40 pases. A geleira sobre a Groenlndia pode sumir em milnios, os furaces ficaro mais fortes e o nvel do mar subir pelos prximos mil anos de 18 cm a 59 cm at 2100. O relatrio responsabiliza a ao humana pelo aquecimento global. Ato contnuo, os porta-vozes do aparato ambientalista internacional se apressaram em

endossar as concluses do documento. O ubquo ministro Milliband foi rpido no gatilho: Ele outro prego no caixo dos negadores das mudanas climticas e representa o quadro mais representativo at agora, mostrando que o debate sobre a cincia das mudanas climticas est bem e verdadeiramente encerrado. O relatrio do IPCC incorpora um extraordinrio consenso cientfico de que as mudanas climticas j esto sobre ns e que as atividades humanas so as responsveis, disparou o diretor-geral do WWF Internacional, James Leape. O diretor-executivo do Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner, completou dizendo que o relatrio nos d um alerta vigoroso de que o impacto potencial ser mais dramtico, rpido e mais drstico em termos de conseqncias do que se pensava antes. Os impactos iro mudar de maneira fundamental os modos de vida de algumas pessoas. Dias depois, em uma reunio em Washington, a Organizao de Legisladores Globais para um Meio Ambiente Equilibrado (Globe International) divulgou um manifesto, apoiando as concluses alarmistas do IPCC e, claro, o mecanismo cap-and-trade. Originalmente fundado em 1989, por parlamentares dos EUA e do Reino Unido, o grupo rene atualmente representantes dos pases do G-8 e de cinco pases-lderes do bloco subdesenvolvido China, ndia, frica do Sul, Mxico e Brasil (os signatrios brasileiros do manifesto foram os senadores Renato Casagrande e Serys Shlessarenko e os deputados Antnio Palocci Filho e Augusto Carvalho). Entre os seus patrocinadores, destacam-se a Unio Europia e empresas como a BP, Anglo American, Bayer, American Electric Power, Ernst & Young e outras. Se tais planos forem bem-sucedidos, ao contrrio do que afirma o ecotecnocrata Steiner, no sero os modos de vida de algumas pessoas que mudaro, mas os de todo o planeta e para muito pior, exceto para os prceres do big business adredemente posicionados para aproveitar os novos tempos.

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Uma manipulao planetria


Felizmente para a Humanidade, a trombeteada crise climtica provocada pelo homem simplesmente no existe. Na verdade, tratase da culminncia de um vasto processo de engenharia social (ou, em portugus claro, manipulao) de carter neocolonial e de longo prazo, deflagrado h quatro dcadas por grupos oligrquicos hegemnicos do Hemisfrio Norte, com o objetivo geral de reorientar o desenvolvimento socioeconmico mundial de acordo com os seus propsitos exclusivistas enquanto, claro, fazem grandes negcios. Recorde-se que, em meados da dcada de 1960, a Humanidade como um todo experimentava o mais alto ritmo de progresso de sua histria, com destaque para os pases do chamado Terceiro Mundo, muitos dos quais implementavam ou contemplavam ambiciosos programas de industrializao. Contra esse impulso positivo e otimista, que contrariava a sua viso negativa sobre o mundo e as perspectivas humanas, o Establishment oligrquico anglo-americano desfechou uma ofensiva em vrias frentes, visando, basicamente: 1) transferir o controle dos processos de desenvolvimento, dos Estados nacionais para entidades supranacionais e no-governamentais, consolidando estruturas de governo mundial (ou governana global, como preferem alguns); 2) erradicar o vrus do progresso entre os estratos educados das sociedades de todo o mundo, com a difuso do irracionalismo e da descrena nas conquistas cientfico-tecnolgicas como motores do desenvolvimento; 3) reduzir o crescimento da populao mundial; e 4) controlar uma grande proporo dos recursos naturais do planeta. O movimento ambientalista internacional, cuja criao por tais grupos hegemnicos remonta quele perodo, tem sido um dos principais instrumentos dessa demonizao do progresso cientfico, tecnolgico e industrial e seus desdobramentos. Por trs da fachada da proteo de uma natureza desumanizada e transformada em entidade de direito prprio, encontra-se a idia-fora moralmente inaceitvel e cientificamente insustentvel de que o planeta no suportaria a extenso dos benefcios da modernizao industrial a todos os povos e pases. Alm disso, o alarmismo aquecimentista est sendo exacerbado em um momento de definies cruciais para o Establishment oligrquico, no qual a sua agenda hegemnica se encontra em xeque por conta da eroso acelerada da ordem mundial ps-Guerra Fria, devido a: 1) os limites da supremacia militar e financeira dos EUA; 2) a crescente instabilidade do sistema financeiro globalizado, que necessita de novas fontes de liquidez e instrumentos especulativos; e 3) a ressurgncia de vrios Estados nacionais importantes, como a Federao Russa de Vladimir Putin, no controle dos recursos naturais de seus territrios, especialmente os energticos (90% das

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reservas mundiais de petrleo e gs natural j se encontram sob controle estatal, contra apenas 10% das multinacionais do setor). Com a imploso do bloco socialista, em 1989-91, e a desmoralizao da agenda poltica do choque de civilizaes como um substituto plausvel para o conflito ideolgico da Guerra Fria, a decretao de uma suposta emergncia climtica planetria oferece a tais crculos uma grande oportunidade para a manuteno e aprofundamento da agenda de governana global. As propostas em discusso contemplam o estabelecimento de draconianos limites para as emisses de carbono a partir de 2012, quando expira o vigente Protocolo de Kyoto, os quais seriam extensivos aos pases subdesenvolvidos, atualmente isentos deles. Como quase 80% do consumo mundial de energia dependem dos combustveis fsseis, fcil perceber que os esforos de desenvolvimento da grande maioria dos pases ficariam umbilicalmente ligados aos florescentes e altamente especulativos mercados de crditos de carbono. Ou seja, em lugar do antigo padro-ouro, teramos agora um padro-carbono a limitar o progresso dos povos. A Unio Europia tem um grande interesse na oficializao dos limites de emisses, pois, juntamente com o Japo e o Canad (cuja permanncia incerta), o nico grande centro econmico obrigado ao Protocolo de Kyoto no ratificado pelos EUA , o que est provocando um pesado bice s suas indstrias, um tanto debilitadas pela globalizao financeira e a competio desigual com a mo-deobra ultrabarata das indstrias asiticas. Ademais, a despeito de todo o alarido sobre energias alternativas, no h substitutos em grande escala para os combustveis fsseis, nas prximas dcadas. Sem falar no fato

de que, no caso da gerao de eletricidade, as fontes hidreltricas e nucleares (que, juntamente com as termeltricas alimentadas a combustveis fsseis, respondem por 99% da gerao mundial) tambm se encontram sob o fogo cerrado do aparato ambientalista. A grande ameaa que paira sobre o planeta no climtica ou qualquer outra catstrofe imaginada pelos delrios ambientalistas, mas o aprofundamento das injustias e desigualdades mundiais, que tem se acelerado com a globalizao financeira das ltimas dcadas. A reverso desse processo e a retomada do desenvolvimento e do otimismo cultural em escala global iro requerer, entre outros itens, uma considervel ampliao da oferta e dos usos da energia em todo o planeta (para 90% dos 700 milhes de africanos, energia ainda sinnimo de lenha, o combustvel mais primitivo utilizado pelo homem). Portanto, qualquer proposta de reduo do uso de combustveis fsseis, enquanto tecnologias mais eficientes no estiverem plenamente disponveis, assume o carter de um crime de lesa-humanidade. As sugestes mais extremadas, de redues de at 60% das emisses at meados do sculo, feitas por ambientalistas e at mesmo alguns cientistas mais delirantes, podem ser francamente rotuladas como pr-genocidas. Por ltimo, para implementar semelhante esquema, haveria a necessidade de estabelecimento de uma autoridade supranacional para fiscalizar o cumprimento das metas de emisses e, eventualmente, punir os infratores. Quem estaria a cargo de uma tal entidade? Como seriam nomeados e a quem responderiam os seus dirigentes? Poderia ela determinar sanes econmicas e at militares contra os pases recalcitrantes? Como veremos adiante, tal agncia j est sendo pensada.

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Consenso forjado e cincia engajada


Para justificar os cenrios catastrofistas necessrios para vilanizar as atividades industriais e os modelos de desenvolvimento baseados na industrializao, os mentores do ambientalismo precisaram forjar um arremedo de consenso cientfico sobre a suposta emergncia climtica. Curiosamente, as primeiras propostas para a limitao das emisses de dixido de carbono j surgiram na Conferncia de Estocolmo, em 1972, em um momento em que as temperaturas globais vinham caindo desde 1940. Na poca, parte do discurso alarmista se referia ao resfriamento global e ameaa de uma nova era glacial. Nas dcadas seguintes, a reverso da curva de temperaturas, que voltaram a subir a partir de 1975, facilitou a transformao da climatologia em um instrumento poltico. Comeou, ento, a litania para responsabilizar o dixido de carbono antropognico pelo aumento das temperaturas, mesmo diante das macias evidncias de que o aquecimento registrado no sculo XX era um fenmeno to natural como o Perodo Quente Medieval, entre os sculos IX e XII, quando as temperaturas no Hemisfrio Norte eram 1-2oC superiores s atuais mais de seis sculos antes da Revoluo Industrial. Desde ento, o alegado consenso vem sendo construdo a partir de uma criteriosa seleo dos cientistas participantes de encontros internacionais dedicados ao assunto e o direcionamento preferencial de verbas para as pesquisas favorveis aos cenrios catastrofistas. Em um depoimento publicado na edio de dezembro de 2000 do Weather Action Bulletin, o meteorologista britnico Piers Corbyn foi enftico: O problema que estamos enfrentando que o Establishment meteorolgico e o lobby dos grupos de pesquisa do aquecimento global, que recebem grandes financiamentos, esto aparentemente to corrompidos pela generosidade recebida, que os cientistas que atuam neles venderam a sua integridade. Em paralelo, os cientistas que questionavam a ilao simplista carbono-aquecimento passaram a ser pejorativamente rotulados como cticos, agentes a soldo das empresas de petrleo e carvo e outros eptetos do gnero. Escusado dizer que raramente a mdia (em geral propensa ao sensacionalismo) tem se dado ao trabalho de consult-los. No Brasil, a longa srie de reportagens alarmistas que a Rede Globo de Televiso dedicou ao assunto em seus programas jornalsticos de horrio nobre, desde o lanamento do Relatrio Stern, no ouviu um nico cientista contrrio ao cenrio catastrofista (que, apesar de tudo, constituem a grande maioria). Nos ltimos meses, os cticos passaram a ser alvos de uma autntica caa s bruxas. Nos EUA, a apresentadora do Weather Channel, Heidi Cullen, sugeriu que os meteorologistas que no aceitassem o que chamou de viso cientfica aceita sobre o aquecimento global tivessem canceladas as suas licenas profissionais. Pouco depois, o climatologista-chefe do estado de Oregon, George Taylor, passou a ser ameaado de demisso por ter questionado publicamente o cenrio catastrofista. Na Inglaterra, o celebrado colunista do The Guardian, George Monbiot, props que tais cientistas fossem submetidos a julgamentos como os do Tribunal de Nuremberg, que condenou criminosos de guerra nazistas aps a II Guerra Mundial. Quanto ao decantado Painel Intergovernamental sobre Mudanas Climticas (IPCC), os seus relatrios e, em especial, os Resumos, tm funcionado como os dirios oficiais da campanha. Para tanto, o rgo no tem se furtado a recorrer a fraudes escandalosas, como ocorreu com o notrio grfico

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do taco de hquei do relatrio de 2001, o qual, simplesmente, suprimiu o Perodo Quente Medieval, para implicar que o aquecimento ocorrido no sculo XX seria de responsabilidade humana (p. 10). Da mesma forma, o IPCC tem ignorado sistematicamente as evidncias que no se encaixam no cenrio antropognico, como as cada vez mais numerosas pesquisas que demonstram a influncia determinante das radiaes csmicas e solares sobre o clima terrestre (p. 23). Por outro lado, a grande maioria dos prognsticos alarmistas se baseia em modelos climticos computadorizados, que esto muito longe de simular com preciso aceitvel os processos do mundo real, pela simples razo de que o clima da Terra resultante de uma ultracomplexa interao de fatores csmicos e terrestres, muitos dos quais ainda pouco conhecidos da cincia. Portanto, por mais avanados que sejam os supercomputadores nos quais so rodados, tais modelos no passam de ferramentas teis para estudos acadmicos e no poderiam, em hiptese alguma, ser utilizados para fundamentar polticas de to grande alcance para o futuro da Humanidade. A prpria metodologia que privilegia o uso de modelos matemticos, em detrimento das observaes no mundo real, decorre da hegemonia adquirida pelo enfoque mecanicista-reducionista nas cincias, o qual pretende compreender os fenmenos a partir do conhecimento agregado das suas partes constituintes. Herana do Iluminismo, essa tica pode ser bem-sucedida com fenmenos menos complexos e o desenvolvimento de projetos tecnolgicos, mas no favorece o entendimento da dinmica planetria e do contexto csmico no qual ela se insere (e, menos ainda, do papel universal da espcie humana). Alm disso, um obstculo aos avanos dos novos campos do conhecimento cientfico que, nas dcadas vindouras, sero necessrios para assegurar um progresso eqitativo e sustentado para toda a Humanidade. Por conseguinte, imperativo que a verdadeira cincia seja reconduzida ao lugar que lhe cabe nas discusses sobre o clima terrestre e as suas interaes com as atividades humanas.

Um alerta do Canad
Uma contundente manifestao de cientistas de escol contra o consenso fabricado foi uma carta aberta encaminhada em abril de 2006 ao primeiro-ministro do Canad, Stephen Harper, propondo uma rediscusso da posio do pas no Protocolo de Kyoto. Encabeada pelo Dr. Ian D. Clark, professor de Hidrogeologia e Paleoclimatologia da Universidade de Ottawa, a carta foi assinada por outros 59 dos mais proeminentes cientistas envolvidos em estudos climticos, do Canad, EUA, Reino Unido, Austrlia, Nova Zelndia, Dinamarca, Sucia e Polnia. Os dois pargrafos seguintes so auto-explicativos: Embora os pronunciamentos confiantes de grupos ambientais cientificamente desqualificados possam proporcionar manchetes sensacionalistas, eles no so bases para uma formulao de polticas amadurecida. O estudo das mudanas climticas globais , como o senhor tem dito, uma cincia emergente, talvez a mais complexa jamais encetada. Pode levar anos antes que entendamos adequadamente o sistema climtico da Terra. No obstante, avanos significativos foram feitos desde a criao do protocolo, muitos dos quais nos esto afastando de uma preocupao com o aumento dos gases de efeito estufa. Se, em meados da dcada de 1990, ns soubssemos o que sabemos hoje sobre o clima, quase certamente Kyoto no existiria, porque teramos concludo que no era necessrio. Ns entendemos a dificuldade que qualquer governo tem ao formular polticas razoveis com base na cincia, quando as vozes mais estridentes parecem estar levanto ao rumo oposto. Entretanto, a convocao de consultas abertas e no-tendenciosas permitir aos canadenses ouvir especialistas dos dois lados da comunidade de cincias climticas. Quando o pblico vier a entender que no existe qualquer consenso entre os cientistas climticos, no tocante importncia relativa das vrias causas das mudanas climticas globais, o governo estar em uma posio muito melhor para elaborar planos que reflitam a realidade e possam, portanto, beneficiar tanto o meio ambiente como a economia.

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O taco de hquei: retrato de uma fraude


Caro leitor, observe os dois grficos da pgina seguinte. O primeiro (Fig. 1), apresentado no primeiro relatrio do Painel Intergovernamental sobre Mudanas Climticas (IPCC), em 1990, retrata as variaes relativas de temperatura ocorridas ao longo do ltimo milnio. Mesmo sem maior preciso, ele mostra o Perodo Quente Medieval, entre os sculos IX e XII, com temperaturas mais altas que as atuais, e a Pequena Idade do Gelo, entre os sculos XVII e XIX, mais fria e da qual o aquecimento registrado no sculo XX parece no ser mais que uma recuperao. Ambos os perodos so bastante conhecidos pelos paleoclimatologistas, que estudam a histria climtica do planeta. Como as medies diretas com termmetros tiveram incio apenas no final do sculo XVIII, as pocas anteriores so estudadas com mtodos indiretos istopos de oxignio (O18/O16), plen, anis de crescimento de rvores, formaes geolgicas caractersticas etc. , os quais proporcionam um quadro suficientemente preciso sobre o clima vigente em um dado perodo. O segundo grfico (Fig. 2), referente a um estudo de anis de rvores e outras fontes, feito em 1999 pela equipe do paleoclimatologista Michael E. Mann, ento na Universidade de Massachussetts, foi apresentado no relatrio de 2001 do IPCC. Ele mostra um ligeiro resfriamento de 0,2oC para o Hemisfrio Norte, no perodo 1000-1900, seguido de uma brusca elevao de 0,6oC, no perodo 1900-2000. Por sua forma, ficou conhecido como o taco de hquei e foi extensamente alardeado pelo IPCC e a comunidade aquecimentista como uma evidncia cabal da ao humana no clima. O problema que, como foi prontamente demonstrado, ele era simplesmente falso. De incio, chamou a ateno o fato de que o grfico do grupo de Mann eliminava sumariamente o Perodo Quente Medieval e a Pequena Idade do Gelo. Pouco depois, dois estatsticos canadenses da Universidade de Guelph (Ontario), Stephen McIntyre e Ross McKitrick, analisaram os dados e a metodologia usados pela equipe de Mann e concluram que os algoritmos empregados sempre produziam um grfico em forma de taco de hquei, independentemente dos dados aplicados a eles. Posteriormente, por solicitao do deputado Joe Barton, ento presidente do Comit de Energia e Comrcio da Cmara dos Deputados dos EUA, o Dr. Edward J. Wegman, da Universidade George Mason e considerado um dos maiores especialistas em modelos estatsticos computadorizados do pas, tambm revisou o trabalho de Mann e chegou mesma concluso. Ademais, Wegman fez uma crtica devastadora comunidade dos aquecimentistas, que, segundo ele, formam um grupo to fechado em si prprio que impossibilita qualquer reviso independente de trabalhos como o de Mann. Em suas palavras, existe um grupo estreitamente interligado de indivduos que acredita apaixonadamente em suas teses. Entretanto, a nossa percepo a de que este grupo tem um mecanismo de retroalimentao que se auto-refora e, ademais, o trabalho tem sido to politizado que eles dificilmente podem reavaliar as suas posies pblicas sem perder a credibilidade.

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Diante da fraude comprovada, o IPCC no fez qualquer retratao e, embora tenha excludo o trabalho de Mann do Resumo de 2007, manteve as suas concluses no documento, a saber: Informaes paleoclimFIGURA 1

ticas apiam a interpretao de que o aquecimento do ltimo meio sculo incomum, pelo menos nos 1300 anos anteriores. Em respeito inteligncia do leitor, dispensam-se maiores comentrios.

Curva de temperaturas do IPCC em 1990

Fonte: IPCC, 1990

FIGURA 2

Reconstruo das temperaturas no Hemisfrio Norte (o taco de hquei)

Fonte: Mann, Bradley e Hughes, 1999, Geophysical Research Letters, Vol. 26.

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Histria (quase) secreta do aquecimento global


As trs dcadas que se seguiram II Guerra Mundial representaram o perodo de mais rpida expanso do processo de desenvolvimento socioeconmico para toda a Humanidade. Tal impulso foi proporcionado pela reconstruo econmica do ps-guerra, especialmente na Europa e no Japo, o processo de descolonizao na sia e na frica e o arcabouo financeiro e monetrio relativamente estvel proporcionado pelo Sistema de Bretton Woods. Ao mesmo tempo, uma srie de conquistas cientfico-tecnolgicas contribua para disseminar um intenso otimismo cultural: a Revoluo Verde dos cultivos de alto rendimento, os avanos da medicina e da sade pblica, das telecomunicaes, as perspectivas de uso pacfico da energia nuclear, a corrida espacial e outras. Naquele momento, a palavra de ordem era industrializao, principalmente entre os pases subdesenvolvidos. Em 1957, o comrcio mundial de produtos industrializados superou pela primeira vez o de produtos primrios e alimentos. Entre 1953 e 1963, a participao dos pases subdesenvolvidos na produo industrial mundial subiu de 6,5% para 9%, uma alta de quase 50%, com tendncia ascendente. Foi nesse contexto que certos setores do Establishment anglo-americano colocaram em marcha o movimento ambientalista internacional, cuja criao j vinha sendo preparada desde o ps-guerra imediato. Em seu livro Battling Wall Street: The Kennedy Presidency (Combatendo Wall Street: a Presidncia Kennedy), o socilogo estadunidense Donald Gibson descreve: No final da dcada de 1950 e incio da de 1960, uma antiga inclinao existente entre alguns membros da classe superior estava prestes a se tornar um assunto nacional. Esta inclinao ia redefinir as conquistas da cincia e da tecnologia como aes malignas que ameaavam a natureza ou como fteis tentativas de reduzir o sofrimento humano que, diziam, era o resultado da superpopulao. Essa tendncia, em parte articulada como uma viso de mundo nos escritos de Thomas Malthus, toma o que podem ser preocupaes razoveis sobre temas como a qualidade do ar e da gua e as reveste de uma ideologia profundamente hostil ao progresso econmico e maioria dos seres humanos. Desde as fases iniciais do movimento, o potencial do dixido de carbono (CO2) como vilo ambiental no passou despercebido pelos seus mentores, com destaque para o magnata canadense Maurice Strong, cuja trajetria multifacetada a demonstrao viva do controle do ambientalismo pelo Establishment oligrquico. J em 1972, como secretrio-geral da Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, ele apresentou uma agenda que antecipava com grande clarividncia o que estava por vir. O relato da sua compatriota, a competente jornalista investigativa Elaine Dewar, no livro Cloak of Green: The Links Between Key Environmental Groups, Government and Big Business (Capa de verde: os laos entre grupos ambientais importantes, governos e os grandes negcios): Quando a Conferncia de Estocolmo foi instalada, em 1972, Strong advertiu urgentemente sobre o advento do aquecimento global, a devastao das florestas, a perda de biodiversidade, os oceanos poludos e a bomba-relgio populacional. Ele sugeriu um imposto sobre a movimentao de cada barril de petrleo e o uso desses fundos para criar uma grande burocracia da ONU, para chamar a ateno sobre a poluio

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onde quer que ela se encontrasse. Na medida em que eu lia esse velho discurso, eu compreendia que ele quase poderia ser repetido na Cpula do Rio... Um documento do Greenpeace, que circulou antes do Rio, alegava que a Conferncia de Estocolmo fora um fracasso, por causa do que no fora discutido. Certamente, para alguns, as discusses limitadas foram um fracasso. Para outros interesses, elas constituram um sucesso. Um dos desdobramentos da Conferncia de Estocolmo foi a criao do Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), para o qual Strong foi nomeado o primeiro diretor-executivo. A partir do cargo, que ocupou at 1975, ele desempenhou um ativo papel na popularizao das supostas ameaas para a atmosfera, representadas pelo uso de combustveis fsseis e produtos qumicos agressivos para a camada de oznio esta ltima, uma teoria alarmista que tambm dava os seus primeiros passos e seria crucial para a agenda ambientalista, como veremos adiante. Alm da Conferncia de Estocolmo, o ano de 1972 presenciou duas outras importantes iniciativas da campanha catastrofista. O primeiro foi o lanamento do famigerado relatrio do Clube de Roma, Limites ao crescimento, o qual introduziu as projees computadorizadas na metodologia alarmista, prognosticando o esgotamento de vrios recursos naturais nas dcadas seguintes. O segundo foi a criao, em Laxemberg, ustria, do Instituto Internacional de Anlise de Sistemas Aplicada (IIASA), um empreendimento conjunto do Establishment ocidental e certos setores da Nomenklatura sovitica, que perceberam na causa ambientalista o potencial para o estabelecimento de um condomnio de poder Leste-Oeste (a posterior adeso de Mikhail Gorbachov s causas verdes tem a as suas razes). At hoje, o IIASA tem desempenhado um importante papel na promoo do aquecimento global antropognico. Um marco decisivo da campanha contra o dixido de carbono foi a conferncia A atmosfera: ameaada e ameaadora, realizada

em outubro de 1975, em Washington (EUA), promovida pelo Centro Internacional Fogarty para Estudos Avanados de Cincias da Sade, rgo do governo estadunidense. Curiosamente, uma das organizadoras do evento foi a antroploga Margaret Mead, uma veterana integrante de programas de engenharia social do aparato de inteligncia do Establishment. As suas palavras no poderiam ser mais claras sobre os rumos da campanha ambientalista: Estamos enfrentando um perodo em que a sociedade deve tomar decises em escala planetria... A menos que os povos do mundo possam comear a entender as conseqncias imensas e de longo prazo do que parecem ser pequenas escolhas imediatas furar um poo, abrir uma estrada, construir um grande avio, fazer um teste nuclear, instalar um reator regenerador, liberar produtos qumicos que se diluem na atmosfera ou descarregar resduos concentrados no mar , todo o planeta pode ficar em perigo. Em outro trecho, os anais da conferncia registram: A Dra. Mead enfatizou que a conferncia foi baseada no pressuposto de que decises polticas de tremendo alcance sero tomadas com os cientistas provendo elementos de julgamento ou no. No h meio de os cientistas evitarem afetar o processo de tomada de decises em assuntos relacionados s suas disciplinas, mesmo se permanecerem publicamente em silncio. Uma deciso dos formuladores de polticas no sentido de no agir na ausncia de informao ou conhecimento cientfico uma deciso poltica por si mesma e, para os cientistas, no h a possibilidade de inao, exceto a de deixarem de ser cientistas. Juntamente com o outro organizador do evento, o climatologista William Kellogg, Mead props a adoo de uma Lei da Atmosfera de mbito mundial, a qual estabelecesse limites para a quantidade de emisses de dixido de carbono que cada nao poderia produzir. No por acaso, entre os participantes da conferncia, encontravam-se outros dois climatologistas que, posteriormente, se destacariam na promoo do aquecimento

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global antropognico, Stephen Schneider e George Woodwell. A conferncia tambm serviu como plataforma de lanamento para a chamada Hiptese Gaia, um esdrxulo coquetel de pseudocincia e misticismo que considera a Terra um ser vivo de direito prprio, idealizado pelo bilogo ingls James Lovelock, que se tornaria um dos principais propagandistas do aquecimento global. Em seu ltimo livro, A vingana de Gaia, lanado em 2006, Lovelock prognostica uma catstrofe planetria antes do final do sculo, causada por aumentos de temperatura de 5-8oC, os quais provocariam a expanso das reas desrticas e a morte de bilhes de pessoas. Segundo ele, apenas na regio rtica sobreviveriam alguns poucos casais em condies de acasalamento. (Embora afirmando discordar de alguns dos seus fundamentos, Stephen Schneider se tornou um dos principais propagandistas da Hiptese Gaia.) O engajamento seletivo da comunidade cientfica na campanha do dixido de carbono se deu crescentemente, ao longo da dcada de 1980, a partir de uma srie de conferncias internacionais promovidas pela burocracia ambiental das Naes Unidas (PNUMA e Organizao Meteorolgica Mundial), em cooperao com o IIASA: Villach, ustria (1985); Villach e Bellaggio, Itlia (1987); e Toronto, Canad (1988). Em Toronto, pela primeira vez, a proposta de reduo das emisses de CO2 recebeu uma meta numrica: um corte de 20% sobre as emisses daquele ano, at 2005. Dali saiu tambm a deciso de estabelecer um corpo tecnocrtico especificamente para conduzir a campanha no meio cientfico, que viria a ser o IPCC, oficialmente criado no ano seguinte.

Desenvolvimento sustentado: Malthus de roupa nova


Um importante reforo para a campanha foi a ampla divulgao, em 1987, do relatrio Nosso Futuro Comum, da Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida pelo nome de sua principal coordenadora, a ex-primeira-ministra norueguesa

Gro-Harlem Brundtland. O principal objetivo do documento era a introduo do conceito de desenvolvimento sustentado, que se tornaria a pedra de toque da ideologia ambientalista. Em sua essncia, o conceito no passa de uma nova roupagem para as idias de crescimento limitado popularizadas pelo Clube de Roma, com uma manifesta inclinao malthusiana. Veja-se, por exemplo, a seguinte passagem: A cada ano, aumenta o nmero de seres humanos, mas permanece finita a quantidade de recursos naturais destinados ao sustento dessa populao, melhoria da qualidade de vida e eliminao da pobreza generalizada. Outro trecho explicita os pendores em prol da governana global: O conceito de soberania nacional foi basicamente alterado pela interdependncia nos campos econmico, ambiental e de segurana. Os bens comuns a todos no podem ser geridos a partir de um centro nacional; o Estado-nao no basta quando se trata de lidar com ameaas a ecossistemas que pertencem a mais de um pas. S possvel lidar com ameaas segurana ambiental atravs de administrao conjunta e de processos e mecanismos multilaterais. Quanto aos problemas atmosfricos, o relatrio afirma que muito provavelmente, as ameaas do aquecimento global e da acidificao do meio ambiente descartam at mesmo uma duplicao do uso de energia baseado nas atuais combinaes de fontes primrias. Portanto, qualquer nova era de crescimento econmico dever ser menos intensiva em energia do que o crescimento no passado. Para lidar com tais ameaas, a Comisso Brundtland recomendou a criao de uma agncia ambiental global com poderes supranacionais, alm de alertar para as possibilidades de futuros conflitos causados por disputas por recursos naturais ou contenciosos ambientais. Soa familiar?

Interregno: o buraco na camada de oznio


Em paralelo com a campanha aquecimentista, as hostes ambientalistas se empenhavam

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para transformar outro fenmeno natural em uma emergncia global, atribuindo as variaes das concentraes de oznio na estratosfera ao de produtos qumicos como os clorofluorcarbonos (CFCs), halons, brometo de metila e outros, utilizados em dzias de aplicaes (elementos refrigerantes, propelentes de aerossis, pesticidas etc.). Em um roteiro que se pretende replicar no caso das variaes de temperatura, discusses que no deveriam extravasar do meio cientfico acabaram, por fora do bem articulado lobby ambientalista, ganhando foros de problema planetrio e se transformando em objeto de uma legislao de mbito internacional e restritiva da fabricao e uso daqueles produtos. A progresso foi extremamente rpida. As primeiras teorias sobre os supostos impactos humanos na camada de oznio surgiram juntamente com o incio da escalada ambientalista, na primeira metade da dcada de 1970. Os suspeitos iniciais foram as emisses de xido de nitrognio das turbinas de jatos supersnicos de passageiros de vo estratosfrico, como o Concorde franco-britnico e o SST estadunidense (que nunca chegou a ser construdo). Mas, logo, as acusaes se transferiram para os CFCs e outros de compostos de cloro. Segundo a teoria, tais produtos, ao serem descartados, subiriam at a estratosfera (mesmo sendo trs a quatro vezes mais densos que o ar e, em geral, descartados em ambientes fechados e no-turbulentos) e, ali, sob a ao das intensas radiaes ultravioleta, teriam as suas molculas dissociadas, libertando os mortais tomos de cloro, que, por sua vez, se combinariam com as molculas de oznio (O3) e as dissociariam. Em conseqncia da destruio do oznio, haveria um aumento da intensidade da radiao ultravioleta na superfcie terrestre, aumentando a incidncia de cnceres de pele e outras enfermidades, tanto no homem como em outros seres vivos. Com a antecipao peculiar, antes de encerrar a sua gesto no PNUMA, em 1975, Maurice Strong j havia determinado a criao de um grupo de estudos no rgo para

lidar com a nova ameaa. Em 1985, a notcia de que um buraco na camada de oznio havia sido detectado na Antrtica causou furor mundial e acelerou os trabalhos para o estabelecimento de um acordo internacional para enfrentar o problema (poucos se deram ao trabalho de consultar os registros das pesquisas feitas na regio durante o Ano Geofsico Internacional, em 1957-58, quando o fenmeno j havia sido registrado). No mesmo ano, realizou-se a Conveno de Viena para a Proteo da Camada de Oznio. Dois anos depois, foi estabelecido o Protocolo de Montreal sobre Substncias que Desgastam a Camada de Oznio, que entrou em vigor em 1989, tendo experimentado quatro revises desde ento. Universalmente saudado como o mais bem-sucedido tratado ambiental j estabelecido, o Protocolo de Montreal determina datas-limite para o encerramento dos usos dos compostos de cloro aos quais foi atribuda a pecha de assassinos do oznio. O alcance do acordo pode ser avaliado pelas cndidas declaraes do principal negociador estadunidense do Protocolo de Montreal, o diplomata Richard Benedick, em seu livro Ozone Diplomacy: New Directions in Safeguarding the Planet (Diplomacia do oznio: novas direes na salvaguarda do planeta), publicado em 1991: O Protocolo de Montreal... determinou significativas redues no uso de vrios produtos qumicos extremamente teis... Pela sua ao, os pases signatrios assinaram a sentena de morte para uma importante parte da indstria qumica internacional, com implicaes de bilhes de dlares em investimentos e centenas de milhares de empregos em setores correlatos. O protocolo, simplesmente, no prescreveu limites para esses produtos com base na melhor tecnologia disponvel, que teria sido a maneira tradicional de reconciliar objetivos ambientais com os interesses econmicos. Em vez disto, os negociadores estabeleceram datas-limite para a substituio de produtos que haviam se tornado sinnimos de padres de vida modernos, ainda que as tecnologias requisitadas ainda no existissem.

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Ademais, ele admite: Na poca das negociaes e da assinatura, no existia nenhuma evidncia de problemas mensurveis. Assim, ao contrrio de acordos ambientais do passado, o tratado no foi uma resposta a acontecimentos ou eventos prejudiciais, mas uma ao preventiva em escala global. significativo que, antes de ser destacado para as negociaes do Protocolo de Montreal, Benedick chefiava o Gabinete de Populao do Departamento de Estado, onde defendia a aplicao de draconianas polticas de controle demogrfico nos pases subdesenvolvidos. Os principais fabricantes de CFCs e similares, na Amrica do Norte, Europa e Japo (cujas patentes estavam no fim), no foram afetados pelas restries aos seus produtos, pois, prontamente, apresentaram uma nova famlia de substitutos, os hidrofluorcarbonos (HFCs). O problema, pelo menos para os usurios, que tais produtos no s custavam 20-30 vezes mais que os CFCs, como tambm obrigariam a uma total substituio dos equipamentos existentes, pois eram incompatveis com os compressores dos refrigeradores em uso. Alm disso, ironicamente, os HFCs foram logo apontados como poderosos gases de efeito estufa, 10 mil vezes mais eficientes que o CO2, o que ensejou um adendo ao Protocolo de Montreal, determinando que deixem de ser usados at 2030 (e, possivelmente, substitudos por novos produtos ainda mais caros). Por outro lado, o banimento dos CFCs nos pases industrializados motivou o surgimento de um ativo comrcio ilegal oriundo dos fabricantes sediados nos pases em desenvolvimento, que receberam um prazo maior para a adaptao das suas indstrias (alm de recursos de um fundo de compensao estabelecido pelo protocolo). Nos EUA, a estrutura policial criada para reprimir esse contrabando se tornou inferior apenas estabelecida para o combate ao narcotrfico, o que denota as conseqncias do irracionalismo ambientalista, conseguindo a faanha de transformar uma das substncias mais teis e versteis j inventadas em objeto de represso policial.

E quanto ao buraco na camada de oznio? Na verdade, assim como ocorre com a maioria dos fenmenos atmosfricos, as concentraes de oznio na estratosfera so extremamente variveis e dependentes de fatores totalmente alheios s aes humanas no caso, intensidade das radiaes solares e csmicas, latitude, estao do ano, erupes vulcnicas etc. O mal denominado buraco no passa de uma rarefao das concentraes do gs abaixo de um certo nvel, fenmeno que j era registrado na regio subrtica da Noruega desde a dcada de 1920, antes mesmo de os CFCs, halons e congneres serem inventados. Na Antrtica, quando tais variaes extremas foram constatadas, durante o Ano Geofsico Internacional, os CFCs apenas comeavam a entrar em uso comercial (os halons, usados em extintores de incndio, s foram inventados na dcada seguinte). No obstante, como j advertia Margaret Mead, em 1975, e corroborado por Richard Benedick, decises polticas de tremendo alcance sero tomadas independentemente dos seus fundamentos cientficos. Como uma espcie de coroamento da campanha do oznio, o Prmio Nobel de Qumica de 1995 foi conferido ao estadunidense F. Sherwood Rowland, seu pupilo mexicano-estadunidense Mario Molina e o holands Paul Crutzen, autores da teoria que serviu de pretexto para a investida contra os compostos de cloro. Mais tarde, o verstil Molina viria a ser um dos redatores do Resumo de 2007 do IPCC. Seu mentor Rowland, por sua vez, juntamente com outros 40 cientistas (?) e ativistas ambientais de 20 pases, foi signatrio de um dos mais delirantes manifestos ambientalistas j produzidos, a Declarao de Morelia (1991), que afirma em um de seus trechos: Se a metade final do sculo XX ficou marcada por movimentos de libertao humana, a dcada final do segundo milnio ser caracterizada por movimentos de libertao entre espcies, de modo que algum dia possamos atingir uma igualdade genuna entre todas as coisas vivas.

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O caminho para Kyoto e alm


A facilidade com que o Protocolo de Montreal foi aprovado emprestou um grande impulso campanha aquecimentista, que entrou na dcada de 1990 a pleno vapor, sempre com o nosso velho conhecido Maurice Strong frente. Outra vez, a grande oportunidade foi proporcionada pelo aparato ambientalista da ONU, onde, dividindo o tempo com os seus mltiplos afazeres privados, Strong ocupava o posto de subsecretrio geral, no qual j havia sido um dos mentores dos trabalhos da Comisso Brundtland. O palco foi a Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida como Cpula da Terra ou, simplesmente, Rio-92, realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992. Alm da Conveno sobre Diversidade Biolgica e da Agenda 21, um enorme conjunto de diretrizes destinado a introduzir o fator ambiental em praticamente todos os ramos de atividades humanas, a conferncia resultou na aprovao da Conveno Quadro de Mudanas Climticas, que, supervisionada diretamente por Strong, seria o embrio do futuro Protocolo de Kyoto. Uma vez mais, ouamos Elaine Dewar: Propagandeada como A Maior Cpula do Mundo, a conferncia do Rio era publicamente descrita como uma negociao global para reconciliar a necessidade de proteo ambiental com a necessidade de crescimento econmico. Os bem informados entendiam que havia outros objetivos, bem mais profundos. Estes envolviam a transferncia de poderes regulamentadores nacionais para vastas autoridades regionais; a abertura de todas as economias nacionais fechadas a interesses multinacionais; o reforo de estruturas de tomada de decises muito acima e muito abaixo do alcance de democracias nacionais recm-estabelecidas; e, acima de tudo, a integrao dos imprios sovitico e chins no sistema de mercado global. Eu no havia ouvido ningum usar qualquer nome para esta agenda bastante grande, de modo que, mais tarde, eu mesmo a batizei a Agenda de Governana Global.

Em outra passagem, a jornalista, que dedicou a Strong dois captulos inteiros de seu livro, afirma: Ao final de 1991, eu havia me tornado altamente ctica sobre os motivos dos participantes do circuito (ambientalista). Eu havia chegado concluso de que a poluio transfronteiria estava sendo usada como um instrumento de mercado para vender aos que ainda tinham dvidas a necessidade de adoo de nveis de governana regionais e globais. O pense globalmente, aja localmente era apenas outro slogan propagandstico. O pblico estava sendo persuadido a aceitar a proteo ambiental baseada num modelo de mercado: regulamentaes seriam substitudas por leis que permitiriam a comercializao de dbitos e crditos de poluio. Se os associados de Strong fossem bem sucedidos, em breve, os crditos e dbitos de poluio seriam comercializados globalmente como pernis de porco e derivativos financeiros. Por volta do ano 2000, haveria poucas entidades nacionais independentes capazes de defender as comunidades locais dos leviats internacionais. As comunidades locais competiriam entre si pelos favores dos grandes interesses. Aqueles de ns que vivssemos nas periferias brutais dessas novas potncias mundiais se veriam agradecidos por comercializar com qualquer um, a qualquer preo. Em uma entrevista feita em 1991, um ano antes da conferncia do Rio, o prprio Strong disse a Dewar: Eu tenho dito durante anos que o mundo precisa de um sistema mundial de governana. Cada tema deveria ser trabalhado no nvel em que possa ser trabalhado com efetividade... O (problema do) oznio vem de refrigerantes. Voc tem que ter um acordo global para lidar com isso, mas as aes tm que ser tomadas nacionalmente... Eventualmente, a ONU vai precisar de um acesso direto a um nvel global de sistemas, no o mais poderoso, mas crescente... Ns recomendamos que haja uma espcie de imposto para lidar com as mudanas climticas. A ONU pode no aplic-lo. A maneira mais plausvel um governo concordar em

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consultas para impor o imposto nacionalmente, em uma frmula acertada em relao ao PIB, e colocar uma parte dele em um fundo administrado pela ONU. No mesmo ano, Strong foi um dos idealizadores da Iniciativa de Estocolmo sobre Segurana e Governana Global, que, em abril, reuniu na capital sueca 30 personalidades polticas internacionais para elaborar esse emblemtico manifesto, que ressalta a relevncia dos temas ambientais para a agenda do governo mundial. Entre as suas propostas, destacam-se: a elaborao de um arranjo de aplicao de lei global... enfocando o papel de sanes e medidas militares; que sejam impostas taxas sobre a emisso de poluentes que afetem o meio ambiente global, em particular as emisses de dixido de carbono da queima de combustveis fsseis; um dilogo internacional sobre energia, que promova um uso mais eficiente dos recursos energticos mundiais, em particular, o uso de recursos energticos alternativos e renovveis, como a energia solar; que as Naes Unidas sejam encorajadas a colocar os assuntos ambientais ao nvel mais alto, em todos os foros apropriados; que as naes decidam fazer da Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (no Brasil) um marco para o desenvolvimento sustentado; que lderes nacionais e culturais mobilizem o compromisso poltico e os meios tcnicos para efetivar um avano na limitao do crescimento populacional. A esto, sem disfarce, as intenes dessa casta de globalistas que pretende suplantar os Estados nacionais soberanos e impor ao mundo uma ordem malthusiana de pesadelo. Alm de Strong, assinaram o documento: o ento primeiro-ministro sueco Ingvar Carlsson; a novamente primeira-ministra norueguesa Gro-Harlem Brundtland; o exchanceler alemo Willy Brandt; o ex-primeiro-ministro britnico Edward Heath; o ex-chanceler sovitico Eduard Shevardnadze;

o ento senador Fernando Henrique Cardoso; e outros. Para promover as diretrizes da Iniciativa de Estocolmo, foi criada a Comisso de Governana Global, em cujo conselho diretor Strong permaneceu at 1996. Assim, no constituiu qualquer surpresa que Strong tenha sido o principal arquiteto do Protocolo de Kyoto, no qual as suas antigas propostas para as restries ao uso de combustveis fsseis via mercados foram formalmente introduzidas na agenda das relaes internacionais. O tratado foi negociado em dezembro de 1997 e entrou em vigor em fevereiro de 2005, aps a ratificao da Federao Russa, com a qual foi preenchida a clusula que determinava a necessidade de os signatrios responderem por pelo menos 55% das emisses anuais de gases de efeito estufa na atmosfera (alm do dixido de carbono, metano, xido nitroso, hexafluoreto de enxofre, hidrofluorcarbonos e perfluocarbonos). Como meta geral para os pases industrializados, foi prevista uma reduo geral de 5,2% das emisses at 2010, sobre os nveis de 1990. Entretanto, as grandes dificuldades que algumas das principais economias industrializadas esto encontrando para cumprir as metas estabelecidas, alm da excluso dos EUA (que sozinhos respondem por mais de um quinto das emisses globais) e da Austrlia, que no ratificaram o acordo, esto preocupando os aquecimentistas, que j trabalham para o cenrio ps-Kyoto, em funo de que as metas do tratado devero ser revistas em 2012. Para uma sondagem das suas intenes, nada melhor do que recorrer ao prprio Mister Carbono, Maurice Strong. Em um artigo publicado no jornal The Globe and Mail de Toronto (Uma super-agncia?), em 7 de maro de 2007, alm de reclamar da crescente resistncia s metas de Kyoto no Canad, ele fala francamente sobre o seu papel na campanha anticarbono e faz uma audaciosa proposta para o futuro. Vale a pena transcrev-lo em certa extenso:

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A pequenez com a qual a presente controvrsia sobre a resposta do Canad s mudanas climticas est sendo tratada no nada para se orgulhar. Como algum cujo papel na colocao do tema das mudanas climticas na agenda pblica est sendo alvo de crticas, me apresso em confess-lo. Como o primeiro diretor do Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente, eu convoquei uma reunio de especialistas em mudanas climticas h mais de 30 anos atrs. Em 1992, eu encabecei a Cpula da Terra, que produziu a Conveno sobre Mudanas Climticas, e estive envolvido em Kyoto, quando foi acertado o contencioso protocolo das metas. (...) Kyoto foi uma primeira etapa essencial, mas bastante modesta, para se lidar com essa crise, mas ela foi severamente enfraquecida pela retirada dos EUA, a principal fonte de emisses de gases de efeito estufa, e pela retirada de outros, inclusive, lamentavelmente, o Canad. (...) Seria ilusrio pensar que o Canad pode ir adiante sozinho. De fato, o tipo de aes radicais agora requeridas s poder ser efetivo se elas forem tomadas por meio de uma cooperao internacional numa escala sem precedentes na nossa experincia. No devemos nos deixar iludir pelos negadores que defendem que a ao deve esperar pela certeza cientfica, que ser uma carga muito grande para a economia, o que significa os seus prprios interesses especiais (sic). (...) No existe uma resposta rpida ou fcil. Entretanto, os meios para efetuar as mudanas fundamentais necessrias para colocar as emisses de gases de efeito estufa em nveis seguros envolvem tecnologias que j esto disponveis ou ao alcance. Mais e mais corporaes tm demonstrado que, longe de ser uma ameaa para a economia, essas medidas proporcionam uma nova gerao de oportunidades econmicas... O que se necessitam so mudanas na nossa cultura, nas nossas atitudes e no sistema de incentivos e

penalidades s quais os indivduos e corporaes respondem. (...) J est claro que o Canad, como vrios outros pases, no cumprir as suas metas de Kyoto. Isto no pode ser usado como pretexto para abandonar Kyoto. Com todas as suas imperfeies, muito melhor us-lo como base para negociar um novo acordo quando as metas existentes expirarem, em 2012. claro que a China, ndia e outros pases em rpido desenvolvimento, que agora respondem pela maioria dos aumentos das emisses de gases de efeito estufa, precisaro participar. (...) Eu proponho que seja estabelecido um novo tipo de comisso uma Comisso Climtica Mundial. Ela seria de natureza permanente, ao contrrio das comisses anteriores que tratavam de assuntos mais limitados e eram desfeitas depois de apresentar os seus relatrios. A comisso seria delegada pelas Naes Unidas e seria autnoma em suas operaes. Ela se basearia e reforaria os esforos e delegaes de outras organizaes, especialmente, o Painel Intergovernamental sobre Mudanas Climticas, como fonte primria de assessoria cientfica, o PNUMA, a Organizao Meteorolgica Mundial e o secretariado da ONU que atende Conveno sobre Mudanas Climticas. Ela procuraria e responderia assessoria de outras organizaes e atores, proporcionando os canais por meio dos quais estes poderiam contribuir para o tipo de aes concertadas e enfocadas que so essenciais e para as quais nenhum rgo individual hoje responsvel. Ela monitoraria todas as atividades envolvendo as mudanas climticas e se reportaria aos governos e ONU, avaliando os progressos e os desempenhos de todos os atores, provendo recomendaes especficas que, espera-se, tenham uma influncia significativa na opinio pblica e nas aes de governos, indstria e outros. Se o leitor ficou com uma impresso de dej vu, no est equivocado. Portanto, preparemo-nos para os prximos captulos.

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O que preciso saber sobre mudanas climticas


Uma grande parcela da presente histeria sobre mudanas climticas se deve ao generalizado desconhecimento de cincias por uma grande maioria da populao mundial. Nos EUA, um estudo recm-divulgado pela Universidade Estadual de Michigan demonstrou que mais de dois teros dos estadunidenses podem ser considerados cientificamente analfabetos (20% deles acredita que o Sol gira em torno da Terra). Tais nveis de ignorncia, que incluem os fenmenos da natureza, tm facilitado sobremaneira a disseminao do irracionalismo ambientalista entre os estratos escolarizados das sociedades, os quais, em ltima anlise, atuam como caixas de ressonncia das idias prevalecentes. Por isso, os aquecimentistas tm conseguido reduzir as discusses sobre a extremamente complexa teia de fenmenos que envolve as mudanas climticas ao fator quase irrelevante das emisses antropognicas de carbono (que respondem, por exemplo, por menos de 5% do CO2 atmosfrico). Para facilitar um entendimento correto dos fatos, recorremos ao gelogo australiano Ray Evans, membro do Grupo Lavoisier, um dos vrios grupos de cientistas e leigos que tm se dedicado a recolocar as discusses sobre as mudanas climticas em termos verdadeiramente cientficos. Os tpicos descritos a seguir foram extrados do seu didtico texto Nove fatos sobre as mudanas climticas, cujo texto integral em ingls pode ser encontrado no stio do Grupo Lavoisier (www. lavoisier.com.au). A Fig. 3 integra o trabalho de Evans; a Fig. 4 foi includa pelos autores. 1. As mudanas climticas so uma constante na histria geolgica da Terra. As amostras do gelo perfurado na Antrtica (stio Vostok) mostram cinco breves perodos interglaciais ocorridos desde 415 mil anos atrs e o presente. As amostras do gelo da Groenlndia revelam um Perodo Quente Minoano (1450-1300 a.C.), um Perodo Quente Romano (250-0 a.C.), o Perodo Quente Medieval (800-1100), a Pequena Idade do Gelo (1650-1850) e o Perodo Quente do Sculo XX (19002010) (Fig. 3). 2. O dixido de carbono (CO2) necessrio para toda a vida na Terra e o aumento das suas concentraes na atmosfera benfico para o crescimento vegetal, particularmente em condies ridas. Como a capacidade de o CO2 absorver e re-irradiar as radiaes infravermelhas na atmosfera (ajudando a compor o efeito estufa) est praticamente saturada, o aumento das

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concentraes do gs na atmosfera alm dos nveis atuais no ter qualquer efeito discernvel nas temperaturas globais. 3. O sculo XX foi quase to quente como os sculos do Perodo Quente Medieval, uma era de grandes conquistas da civilizao europia. O recente perodo quente 1976-2000 parece ter chegado ao fim; astrofsicos que estudam o comportamento das manchas solares prognosticam que os prximos 25-50 anos podero ser um perodo frio semelhante ao Mnimo de Dalton, ocorrido entre as dcadas de 1790 e 1820. 4. As evidncias que vinculam as emisses de CO2 antropognicas ao presente aquecimento se limitam a uma correlao entre as concentraes de CO2 e as
FIGURA 3

temperaturas que s se verifica no perodo 1976-2000. As tentativas de se elaborar uma teoria holstica, pela qual o CO2 atmosfrico controle o balano de radiao da Terra e, portanto, determine as temperaturas mdias globais, no foram bem-sucedidas (Fig. 4). 5. Os antropogenistas afirmam que a esmagadora maioria de cientistas esto de acordo com a teoria de controle do clima pelo CO2 antropognico; que os fatos cientficos esto consolidados e o debate est encerrado; e que os cientistas cticos esto a soldo das indstrias de combustveis fsseis e, portanto, os seus argumentos so fatalmente comprometidos. Tais afirmativas so expresses de desejo, e no da realidade.

Ciclos climticos nos ltimos 415.000 anos, registrados no perfil de gelo do stio Vostok

Fonte: Salamatin, A.N. et al., Journal of Geophysical Research, 1998, Vol. 103.

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6. Os antropogenistas, como o ex-vicepresidente dos EUA Al Gore, culpam as emisses antropognicas de CO 2 pelas temperaturas altas, secas, derretimento das capas de gelo polar, aumento do nvel do mar, recuo de geleiras e declnio da populao de ursos polares. Eles tambm responsabilizam o CO2 antropognico por nevascas, neve fora de estao, temperaturas enregelantes em geral e furaces, ciclones e outros eventos meteorolgicos extremos. No h qualquer evidncia que sustente tais afirmativas. 7. O aumento das concentraes de CO 2 atmosfrico ter um impacto desprezvel no balano de radiaes da Terra e, ao mesmo tempo, proporcionar o crescimento da vida vegetal em toda parte. No h necessidade de emprego de mtodos de
FIGURA 4

seqestro de CO2 ou de subsidiar a energia nuclear ou outros mtodos de produo de energia no baseados em carbono. 8. As doenas tropicais, como a malria e a dengue, no so relacionadas s temperaturas, mas pobreza, falta de saneamento bsico e ausncia de prticas de controle de insetos transmissores. 9. Se fosse implementada, a descarbonizao da economia mundial provocaria vastos problemas econmicos. Qualquer governo democrtico que procurasse seriamente se comprometer com as metas de descarbonizao colocaria a sua continuidade em risco. O fechamento de centrais geradoras a carvo e a sua substituio por fontes de energia renovveis, como geradores elicos e painis solares, provocar desemprego e privaes econmicas.

Fonte: FAEC (www.mitosyfraudes.org).

Esta didtica compilao, composta por Eduardo Ferreyra, da Fundao Argentina de Ecologia Cientfica (FAEC), a partir de artigos de C. R. Sootese e R. A. Bemer, mostra as variaes naturais das temperaturas e concentraes de dixido de carbono (CO2), ao longo dos ltimos 550 milhes de anos. Observe-se que as duas curvas so relativamente independentes, o que descaracteriza as teorias alarmistas sobre o CO2 antropognico.

Maro de 2007 | 23

Redimindo a cincia
Enquanto os Resumos do IPCC so empregados para promover um apocalipse climtico, a ser contido com restries ao desenvolvimento e a confiana nos mercados, cientistas comprometidos com a busca da verdade se empenham para conhecer os fatores reais que influenciam o clima, com uma perspectiva mais ampla do que o limitado e reducionista enfoque carbonfero. Desde a dcada passada, tem evoludo rapidamente o entendimento do papel exercido pela interao entre os raios csmicos e o campo magntico do Sol, no que j pode ser considerado uma nova disciplina cientfica, a cosmoclimatologia. O impulso fundamental veio das pesquisas de Eigil Friis-Christensen e Knud Lassen, do Instituto Meteorolgico Dinamarqus, que, em 1991, conseguiram uma correlao quase perfeita entre a evoluo das temperaturas no Hemisfrio Norte desde 1860 e a extenso dos ciclos de manchas solares. Pesquisas posteriores revelaram que o mecanismo de interferncia a penetrao dos raios csmicos na atmosfera terrestre, que ionizam as molculas de ar e ajudam a formar os ncleos de condensao formadores das nuvens. Como se sabe, a cobertura de nuvens (geralmente, mal representada nos modelos climticos) exerce um fator fundamental no balano energtico da atmosfera e, portanto, sobre as temperaturas. A intensidade dos fluxos de raios csmicos afetada pelo campo magntico do Sol (quanto mais forte, menos raios chegam atmosfera) e pela migrao do Sistema Solar atravs de reas da Via Lctea com diferentes concentraes de poeira csmica e atividades estelares. A prova experimental foi proporcionada pelo Dr. Henrik Svensmark, do Centro Espacial Nacional dinamarqus. Ele e sua equipe simularam a atmosfera terrestre em uma cmara plstica e o Sol com raios ultravioleta, observando enquanto a interao com os raios csmicos produzia de imediato ncleos estveis de gua e cido sulfrico, os elementos constituintes dos ncleos de condensao das nuvens (por ironia, o primeiro artigo de Svensmark comunicando o feito foi publicado em outubro de 2006, nos Proceedings da mesma Real Sociedade que est apoiando a escalada aquecimentista). Para divulgar os avanos da cosmoclimatologia, Svensmark se associou ao clebre divulgador cientfico sir Nigel Calder, para escrever o livro The Chilling Stars: A New Theory of Climate Change (As estrelas que esfriam: uma nova teoria das mudanas climticas), que acaba de ser publicado pela editora londrina Icon Books (esperemos que em breve saia uma edio brasileira). Como os estudos apontam que a atividade solar dever atingir um mnimo no prximo ciclo, em meados da dcada de 2020, Svensmark e outros cientistas prevem um resfriamento atmosfrico nas prximas dcadas. O Dr. Habibullo Abudssamatov, diretor do Laboratrio de Pesquisas Espaciais do Observatrio de Pulkovo (Rssia), afirma que as temperaturas comearo a cair j em 2012-15 e atingiro um mnimo em meados do sculo, em uma queda comparvel Pequena Idade do Gelo, quando as temperaturas caram 1-2oC. Finalizamos com as palavras dos gelogos Leonid Khilyuk e George Chilingar, da Universidade do Sul da Califrnia, em um contundente artigo publicado em 2006 na revista Environmental Geology: Quaisquer tentativas de mitigar mudanas climticas indesejveis usando regulamentaes restritivas esto condenadas ao fracasso, porque as foras naturais globais so pelo menos 4-5 ordens de magnitude maiores que os controles humanos disponveis... Assim, as tentativas de alterar as mudanas climticas globais que esto ocorrendo e as drsticas medidas prescritas pelo Protocolo de Kyoto tm que ser abandonadas, por insignificantes e danosas. Em vez disto, a obrigao moral e profissional de todos os cientistas e polticos responsveis minimizar a misria humana potencial resultante das mudanas globais a caminho.

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O Caso Lysenko: quando a ideologia destri a cincia


O chamado Caso Lysenko, que obstaculizou o progresso da biologia e da agricultura na antiga URSS por quase meio sculo, um dos mais dramticos exemplos do que a combinao de uma ideologia estreita com o autoritarismo, o oportunismo e as ambies de indivduos limitados pode acarretar para a cincia, em particular, e a sociedade, em geral. Trofim Denissovitch Lysenko (18981976) era um agrnomo ucraniano cientificamente medocre, mas um grande oportunista poltico, que soube aproveitar a consolidao de Stlin no poder sovitico, no final da dcada de 1920, para assumir em pouco tempo um literal poder de vida ou morte sobre a poltica cientfica do regime, principalmente entre as cincias biolgicas. Entre os seus alvos prioritrios, estavam os pesquisadores da gentica, considerada pelos idelogos marxistas do regime uma teoria capitalista, burguesa e idealista, que no se encaixava no iderio do materialismo dialtico. Com o beneplcito da cpula do regime, os pesquisadores da gentica eram acusados de reacionrios e contrarrevolucionrios e os que se atreviam a se opor a Lysenko e seus aclitos passaram a ser perseguidos, demitidos, processados e, com freqncia, encarcerados ou executados. Sua vtima mais famosa foi o geneticista vegetal Nikolai Vavilov, um cientista de renome internacional, que morreu de subnutrio na priso, em 1943. Surpreendentemente, a influncia nefasta de Lysenko prosseguiu aps a morte de Stlin, em 1953, e apenas comeou a ser erradicada com a queda de Nikita Kruvschov, em 1964. O lysenkosmo teve resultados catastrficos, pois a cincia e a agricultura soviticas ficaram afastadas da revoluo agrcola mundial ocorrida a partir da dcada de 1950, a chamada Revoluo Verde, em grande medida baseada na introduo de cultivares geneticamente selecionados. Ainda hoje, a cincia na Rssia e nos antigos integrantes do bloco sovitico se ressente dos efeitos dessa onda de obscurantismo e intolerncia. Os paralelos entre o lysenkosmo e a histeria aquecimentista no devem ser perdidos de vista, pois a Histria no costuma perdoar a desateno com as suas lies.

NO DEIXE DE LER

Mfia Verde 2 ambientalismo, novo colonialismo


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