Trabalho

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 8

Resumo

O presente trabalho apresenta conceitos da gestão educacional democrática. Tem como


objetivo analisar os desafios dessa gestão dentro do contexto educacional e o papel do gestor
direcionado a escola pública, de modo que possa propiciar um novo olhar sobre os fatores que
necessitam ser refletidos pelo gestor e pela comunidade escolar envolvida, na busca de se
propor a democracia na escola. O aporte teórico deste trabalho está baseado em Lück (2005),
Gadotti, (2006) e Ledesma, (2008) que tratam de assuntos relacionados à gestão democrática.
A abordagem metodológica utilizada é de cunho qualitativo bibliográfico com análise da
literatura aludida ao tema. Para tanto, apresentamos um breve histórico da gestão escolar no
Brasil, pontuando suas implicações, possibilidades e desafios, podendo assim refletir sobre
esse assunto no decorrer da história, de modo que possamos repensar e analisar no contexto
atual suas práticas e seus conceitos, sob alguns questionamentos: o que é de fato uma gestão
democrática? Qual é o papel do gestor em uma gestão democrática? Quais as contribuições de
uma gestão democrática para a comunidade escolar? Os resultados desse estudo apontam que
o gestor é um líder que compartilha suas ações com a comunidade escolar e que tem como
objetivo a melhoria da escola e a aprendizagem do aluno. Uma escola democrática é um
ambiente de coletividade em que todos os envolvidos no processo educativo são parceiros na
elaboração do Projeto Político Pedagógico, nas ações desencadeadas no aspecto
administrativo e pedagógico com perspectiva de promover uma educação igualitária e de
qualidade a todos. Palavras-chave: Gestão Democrática. Escola. Gestor. Introdução Na atual
sociedade em que vivemos a democracia tornou-se um tema premente de discussão em
âmbito social, e a escola não ficou ausente nesse debate, ao contrário trouxe à tona inúmeras
questões referentes à democracia no que diz respeito à gestão democrática. 1 Mestranda pela
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul do Programa de Pós-graduação Mestrado e
Doutorado em Educação ( PPGEdu/UFMS). Professora de Educação Infantil SEMED (Secretaria
Municipal de Educação de Campo Grande/MS). Campo Grande/ Mato Grosso do Sul/ Brasil -
[email protected]. 16997 Considera-se que a gestão democrática veio substituir
a gestão autoritária, com espaço sem coletividade, onde apenas um gestor decretava os
objetivos, decidia tudo, ninguém tinha o direito de falar, de participar das decisões tomadas ou
de pelos menos pensar sobre elas, que controvérsia, afinal, a escola não é o lugar onde as
pessoas desenvolvem suas habilidades intelectuais, emocionais e sociais? Como a organização
desse lugar pode ser dessa forma? Partindo desse ponto, surge a necessidade de que cada um
coloque em pratica suas habilidades, opiniões acerca de um determinado assunto, com
possibilidades de participar nas decisões, assim o gestor que era detentor de todo poder, se vê
em posição de partilhar suas decisões em prol da melhoria da educação. Nascem assim novos
desafios, que o impulsiona a necessidade de repensar suas práticas, adequando-se ao novo
modelo de sociedade. Diante desse quadro, busca-se nesse trabalho propor uma reflexão
sobre o que é a gestão democrática, os desafios dessa gestão no contexto educacional e o
papel do gestor para uma escola democrática. Para os objetivos propostos apresenta-se uma
abordagem teórica acerca da gestão democrática no âmbito educacional da escola pública
buscando compreender mecanismos que proponham melhorias no processo de
funcionamento desta instituição. Agregam-se perspectivas teóricas e metodológicas, a fim de
realizar uma identificação das racionalidades que criam os procedimentos de planejamento
para elaboração de uma escola democrática. Nesse sentido, tal estudo é fundamentado com
as teorias de alguns autores como Lück (2005), Gadotti, (2006) e Ledesma, (2008) entre outros
autores que abordam a respeito do tema. Enfatiza-se nesse estudo as concepções teóricas que
guiam as práticas em gestão, buscando possíveis caminhos para a democracia. Partindo desta
perspectiva anteriormente citada, tal estudo visa à fundamentação da gestão democrática
como prática inovadora, rompendo assim, os liames que reservavam à função autoritária da
gestão escolar, pois concebe-se uma gestão democrática como a participação efetiva da
comunidade escolar gerindo os recursos, avaliando os projetos, compartilhando das questões
que envolvem os processos pedagógicos e administrativos. Abordará também a importância
de uma gestão escolar democrática no que tange ao fortalecimento da coletividade, de modo
que todos os profissionais estejam envolvidos nas ações praticadas na escola, com intenções
de favorecer uma educação de qualidade para os educandos. 16998 Gestão Democrática:
Abordagem histórica Ao longo da história brasileira podemos observar uma rotatividade entre
um regime social autoritário e o democrático. Nossa colonização, o grito de independência, o
período da ditadura militar, a democracia, enfim, todos estes momentos históricos se
entrelaçaram em nossa sociedade, deixando controvérsias na sociedade atual, em todos os
seguimentos sociais. Partindo desses pressupostos analisaremos as transformações no âmbito
educacional, no que se refere à gestão democrática. Inicialmente, consideramos necessário
trazer o conceito de democracia. Segundo Ferreira 2 (s.d,) significa: “Governo do povo;
soberania popular; democratismo. Doutrina ou regime político baseado nos princípios da
soberania popular e da distribuição equitativa do poder.” Fiquemos aqui com o segundo
significado, equitativa do poder, isso nada mais é que a distribuição de poder, a participação
igualitária de todos, frente às decisões. Do mesmo modo Lück et al (2005) nos afirma que, ao
se referir às escolas e sistemas de ensino, o conceito de gestão democrática envolve, além dos
professores e funcionários, os pais, os alunos e qualquer outro representante da comunidade
que esteja interessado e na melhoria do processo pedagógico. (LÜCK. et al, 2005, p.17) Diante
disso, entendemos que a gestão democrática na educação é tarefa de todos, ela deve iniciar
na família, no governo, na sociedade, mas para que isso flua em perfeita harmonia, é preciso a
participação de todos que estão inseridos no processo educativo, de um trabalho em equipe
para que se alcancem movimentos reais, atitudes coletivas. Assim, para que ela se realize é
preciso vivê-la dentro da rotina escolar, tornando esses mecanismos essenciais para este
âmbito. A gestão democrática é contrária a concepção de autoritarismo, pois se expande para
uma visão democrática, a fim de estimular os integrantes a terem a oportunidade de expressar
suas habilidades e lideranças. Portanto, todos devem participar independente de onde se
enquadra no organograma e/ou segmento da escola. Para Ledesma (2008) a gestão escolar é
de suma importância para o funcionamento da escola, seu papel nada mais é que organizar
suprir os recursos materiais e o mais 2 Disponível em <
http://www.infoescola.com/sociologia/democracia/>. Acesso em 21 Out. 2015. 16999
importante, instigar as ações humanas, a fim de obter a formação do sujeito, sendo seu maior
objetivo o sucesso do processo de ensino e aprendizagem. Sendo assim, a gestão escolar
democrática significa promover a redistribuição de responsabilidades, ideias de participação,
trabalho em equipe, decisão sobre as ações que serão desenvolvidas, analise de situações em
conjunto. Além de promover confronto de ideias, procurando, assim, o êxito de sua
organização através de uma atuação consciente dos envolvidos. Os primeiros resquícios de
gestão democrática inicia-se nos meados dos anos 80/90, período traduzido pelo imperialismo,
apresentando uma falsa democracia. Neste período foram inseridas muitas reformas liberais,
porém apresentavam um caráter contraditório em alguns momentos mostrava-se um caráter
moderno neoliberal, do outro lado suas leis perpetuavam o caráter dominador, tentando
legitimar práticas de conformação e dominação. Durante este momento, encorajados pelo
novo modelo descentralizado neoliberal, surgiram muitos movimentos que lutavam por
mudanças na educação, e por uma gestão educacional democrática. Shiroma et al (2002) nos
diz, impactados por estas formulações, os sistemas de ensino tiveram que renovar as suas
referências e orientações e assumir como função social prioritária a preparação de sujeitos
aptos a desempenharem seu papel nesta nova configuração de sociedade (SHIROMA, et al,
2002, p.). Avançando um pouco mais na década de 90 devido à explosão de reformas em todos
os seguimentos, a escola sofreu profundas modificações, até mesmo nas suas bases,
reformulando as diretrizes políticas educacionais, orientadas pelo novo caráter
descentralizador, com seus ideais de educação igualitária a todos. Arroyo (1995) afirma, O
movimento social e de renovação pedagógica dos últimos 15 anos recoloca a luta pelo saber e
pela cultura na direção de sua desprivatização. No embate entre tradição privativista e
mercantil das necessidades e tradição social, progressista e pública dos direitos e das
liberdades, o movimento social e pedagógico se situa na concepção pública de qualidade na
educação. (ARROYO, 1995, p. 3). Mesmo frente às transformações ocorridas na sociedade e na
escola é possível notar que a gestão democrática ainda é complexa em sua organização em
muitos ambientes escolares, as fragilidades nas políticas públicas, os diretores mal preparados,
família e equipe de trabalho desengajados com a proposta de trabalho, são alguns dos
entraves que bloqueiam 17000 o sucesso democrático dentro da escola, portanto, é
necessário que cada membro da comunidade escolar reflita sobre seu papel social, a fim de
que a escola possa ser um local no qual o aluno exerça seu papel de cidadão tenha sucesso no
processo de ensino e aprendizagem. Gestão Democrática: Quem é o gestor? Com as mudanças
sofridas ao longo dos anos na sociedade em geral, na escola a gestão democrática, o
profissional responsável por esse processo também vem participando desse processo, com as
novas demandas, e, portanto, com novos desafios. Conforme Lück (2006) a educação na
sociedade do conhecimento remete ao real posicionamento das pessoas como sujeitos ativos,
conscientes e responsáveis pelos processos sociais e das instituições em que estão inseridos.
De igual modo, é preciso compreender que as ações não são neutras ou isoladas, nenhuma
delas será capaz de por si só promover avanços consistentes e duradouros na escola. Diante
disso denota-se a, importância do papel do gestor para a construção de novos destinos,
entendida como a mobilização das pessoas inseridas neste contexto de forma articulada e
coletiva, posicionando-se efetivamente na escola com o compromisso coletivo para a
transformação da realidade. Ser gestor nada mais é que um gerador de ideias, pensamentos,
orientador e principalmente um líder em condições de, trazer novas possibilidades para
organização do processo educativo, é romper com tabus, é ir além do tradicional, é
oportunizar os envolvidos a refletir em prol de melhorias nesse processo. É sair da condição de
poder absoluto, para compartilhar as tomadas de decisões coletivas. É fazer do diálogo uma
arte, e não simplesmente realizar discursos sem respostas ou sem resultados, ou seja, é buscar
a solução de conflitos tendo em vista, o contexto em que a comunidade está inserida. O perfil
desse profissional chamado gestor vem sofrendo constantes mudanças, quanto a seu papel
diante da instituição e diante de seus colaboradores. O que podemos afirmar com toda
certeza, é que, seu papel é fundamental para garantir a democracia no contexto escolar,
levando em conta o momento histórico em que ela exista. Durante o processo histórico da
existência deste profissional surgem duas correntes, o gestor tecnicista e a democrática. A
gestão escolar tecnicista refere-se à organização administrativa mais centralizada e técnica,
podemos observar essa prática nos anos de 1964- 17001 1985 na época da ditadura militar no
Brasil, essa concepção de liderança apresenta um modelo administrativo em forma de
pirâmide, onde uma pessoa lidera e as demais são lideradas (CURY, 2002). Nesta época o
Ministério da Educação e Cultura (MEC) estabeleceu um acordo com uma agência
internacional United States Agency for Internacional Development (USAID), esta agência
desenvolveu toda uma proposta educacional, desde o ensino primário até o superior, ela
propunha uma organização linear, pautada no respeito por meio da obediência e de comandos
autoritários, que estavam respaldados pela a legislação. Neste contexto, o gestor era obrigado
a cumprir toda a demanda, assim ele se tornava burocrático, padronizador, o aluno era
treinado para desenvolver suas habilidades e suas competências. Com o fim da ditadura, a
educação sofre modificações surgindo a gestão democrática, movimento que até hoje sofre
alterações na busca de sua melhoria. A gestão democrática surge a partir da década de 80,
com o fim do regime militar e com os anseios por uma redemocratização social, política e
educacional, surgem as bases legais para a criação de uma gestão embasada pelos princípios
da participação e autonomia, indo ao encontro da antiga luta dos educadores (CURY, 2002 ).
Com a Constituição Federal (1998) e a Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 (LDB) vigorando, é
implementado o Plano Nacional de Educação - Lei n. 10.172 de 9 de janeiro de 2001, cuja
finalidade é o trabalho coletivo, criando, para esse fim, estratégias fortalecedoras da
participação de todos os participantes da comunidade escolar, todos em prol de impactos
significativos na melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem. Medeiros (2003)
entende que a gestão democrática da educação, está associada ao estabelecimento de
mecanismos legais e institucionais e à organização de ações que desencadeiem a participação
social: na formulação de políticas educacionais; no planejamento; na tomada de decisões; na
definição do uso de recursos e necessidades de investimento; na execução das deliberações
coletivas; nos momentos de avaliação da escola e da política educacional. Também a
democratização do acesso e estratégias que garantam a permanência na escola, tendo como
horizonte a universalização do ensino para toda a população, bem como o debate sobre a
qualidade social dessa educação universalizada, são questões que estão relacionadas a esse
debate. (MEDEIROS, 2003, p.61). Para se adquirir o fortalecimento da gestão democrática, é
essencial, que esse gestor ultrapasse a dicotomia entre a teoria e a prática, repensando a sua
metodologia administrativa em todo momento, procurando sempre promover a participação
de todos os segmentos da escola, superando a concepção de chefe autoritário e burocrático,
ou seja, busca ampliar a 17002 ideia de liderança compartilhada, cumprindo o papel final da
escola, que é a formação de um sujeito crítico, capaz de interpretar e entender seu papel
perante a sociedade em que ele está inserido. Neste sentido, temos que compreender que a
gestão democrática nada mais é que uma gestão de tomada de decisão compartilhada, em que
todos tenham voz e ação, para que de fato ocorra um processo democrático no interior da
escola. Nesse sentido, nascem novos olhares sobre a democratização da escola, para alguns
antigos entraves: as desigualdades, as discriminações, as inversões de posturas
centralizadoras, os preconceitos, na perspectiva de romper com esses paradigmas, na busca de
transformar a escola em um espaço de igualdade e de oportunidades para todos. Nesse
sentido, cabe às comunidades educacionais, lideradas por seus respectivos gestores
juntamente com sua equipe pedagógica se unirem para a ampliação da democracia na escola,
com prioridade a assuntos que favoreçam a educação de qualidade e igualitária a todos, de
modo que avance para uma instituição, que possa de fato caminhar para uma educação
formadora de cidadãos, críticos e conscientes de seus direitos e deveres dentro da sociedade.
Uma reflexão: Os desafios da gestão democrática A escola é o local possível de proporcionar
uma educação de qualidade a todos, é neste lugar, onde se forma indivíduos críticos, que
buscam exercer sua cidadania, com perspectivas de cumprir seu papel frente à sociedade em
que vive. A tarefa pedagógica e administrativa, não é uma tarefa simples, requer raciocino,
observação, replanejamento, busca de novos caminhos para os erros e fracassos. Sendo assim,
o ambiente escolar necessita de democracia, a ponto de que todos os envolvidos possam
participar das decisões de forma consciente, para isso é preciso disposição, trabalho em
equipe e redistribuição de responsabilidades, o que irá promover o sucesso da escola. Lück
(2006, p.54) nos alerta que “democracia e participação são dois termos inseparáveis, à medida
que um conceito remete ao outro.” Para que a gestão democrática realmente ocorra devemos
pensar primeiramente em intervenções no Projeto Político Pedagógico da escola, dando
abertura para maior implementação de projetos, com a participação efetiva da comunidade
escolar como a implementação das instâncias democráticas: conselho escolar, associação de
pais e mestres de modo que eles possam 17003 influenciar na gestão, a fim de que todos
tenham a oportunidade de liberar seu potencial a ponto de propor soluções aos problemas
enfrentados no ambiente escolar. Segundo Gadotti (2004) É preciso entender o que é
democratização para que se possa efetivá-la A participação possibilita à população um
aprofundamento do seu grau de organização. [...] ela contribui para a democratização das
relações de poder no seu interior e, conseqüente, para a melhoria da qualidade do ensino.
(GADOTTI, 2004. p. 16). Todos os segmentos da comunidade podem compreender melhor o
funcionamento da escola, conhecer com mais profundidade todos os que nela estudam e
trabalham, intensificar seu envolvimento com ela e, assim, acompanhar melhor a educação ali
oferecida. (GADOTTI, 2004. p. 16). Assim, para se propor metas de superação e de
transformação do âmbito educacional se torna necessário a participação de todos e
principalmente da formação real do gestor, pois ele deve ter não só uma formação acadêmica
e profissional de qualidade, mas também a capacidade de liderança, para garantir que o
processo democrático seja realizado. Na LDB-9394/96 o artigo 14 estabelece, Os sistemas de
ensino definirão as normas da gestão democrática de ensino público na educação básica, de
acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos
profissionais da educação na elaboração do projeto políticopedagógico da escola; II-
participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Desse
modo, o planejamento deve ser de caráter participativo a fim de que novos olhares sejam
ampliados tomando uma decisão de forma conjunta pensando na melhoria da escola. Lück
(2009, p.75) argumenta que, como a gestão democrática pressupõe a mobilização e
organização das pessoas para atuar coletivamente na promoção de objetivos educacionais, o
trabalho dos diretores escolares se assenta sobre sua competência de liderança, que se
expressa em sua capacidade de influenciar a atuação de pessoas (professores, funcionários,
alunos, pais, outros) para a efetivação desses objetivos e o seu envolvimento na realização das
ações educacionais necessárias para sua realização. A democracia dentro da escola exige que o
gestor tenha a consciência de que ele é um articulador de ideias de modo que o grupo de
trabalho tenha liberdade para dar opiniões sobre as decisões. O gestor é o mediador de
decisões, assim como professor medeia o aprendizado do aluno, facilitando sua compreensão,
isso significa que o gestor também é um mediador nas ações que envolvem atividades no
contexto educacional. 17004 Cabe também pensar que não é necessário apenas um gestor
democrático, mas é fundamental criar uma escola democrática onde todos os membros
estejam engajados em um só objetivo, a promoção de uma educação de qualidade e igualitária
a todos. Para se criar uma escola democrática é preciso ter em mente que todos os membros
possuem uma responsabilidade social sobre o seu papel frente à aprendizagem e formação do
aluno, deve ser construído e analisado por todos é essa responsabilidade, todos devem estar
intimamente ligados nesta meta, caso isso não ocorra é impossível construir uma escola
democrática. É preciso criar um espírito coletivo, engajado, participante, formando uma
comunidade, obtendo-se esses critérios é possível constituir a expressão chamada democracia.
Lück (2009) da mesma maneira esclarece: Pode-se definir, portanto, a gestão democrática,
como sendo o processo em que se criam condições e se estabelecem as orientações
necessárias para que os membros de uma coletividade, não apenas tomem parte, de forma
regular e contínua, de suas decisões mais importantes, mas assumam os compromissos
necessários para a sua efetivação. Isso porque democracia pressupõe muito mais que tomar
decisões ela envolve a consciência de construção do conjunto da unidade social e de seu
processo como um todo, pela ação coletiva (LÜCK, 2009, p.71). Desse modo, a participação dos
membros deve ser intensa de forma que possa promover a redução de desigualdades,
tornando-se uma gestão unitária para obter uma interação entre os direitos e deveres de cada
um para criação e compartilhamento de valores, formando assim, um conjunto de esforços
para o sucesso dos objetivos pautados no âmbito escolar. Sendo assim, a promoção de uma
gestão democrática, proporciona ao aluno vivências de democracia o que amplia sua
possibilidade de conceber a sociedade como espaço de democracia, o que gera aprendizagens
significativas como a cidadania, à consciência de seu papel na sociedade na qual ele é membro
integrante, tornando - o capaz de compreender seus direitos e deveres, portanto, capaz de
assumir suas responsabilidades. Assim, a escola tem um papel social, por isso é tão necessário
ter uma gestão democrática neste âmbito. Linhares (1986) afirma que, da escola, espera-se
que ela promova a capacidade de discernir, de distinguir, de pensar que supõe assumir o
mundo, a realidade histórica como matéria perceptível e com objetividade que nos permita
sua maior compreensão e intervenções deliberadas. Da escola se espera o fortalecimento de
sujeitos que, capazes de elaborar conhecimentos, contingências e estruturas, possam imaginar
outros mundos ainda não concretizados e neles investir com paixão para construir tempos e
lugares 17005 que ampliem as alternativas da realização humana e social (LINHARES, 1986,
p.16). Compreende-se que o principal objetivo da gestão democrática é a construção de
políticas educacionais engajadas na formação do indivíduo, não se tratando apenas da função
do gestor, mas sim de todos os indivíduos inseridos no âmbito educacional. Para que todos
estejam engajados na proposta é necessário um planejamento, com propostas articuladas,
coletivas e responsáveis pelas decisões tomadas para melhoria e organização da escola.
Segundo Lück (2009) planejamento é: Planejar constitui-se em um processo imprescindível em
todos os setores da atividade educacional. É uma decorrência das condições associadas à
complexidade da educação e da necessidade de sua organização, assim como das intenções de
promover mudança de condições existentes e de produção de novas situações, de forma
consistente. O planejamento educacional surgiu como uma necessidade e um método da
administração para o enfrentamento organizado dos desafios que demandam a intervenção
humana. Cabe destacar também que, assim como o conceito de administração evoluiu para
gestão, também o planejamento como formalidade evoluiu para instrumento dinâmico de
trabalho (LUCK, 2009 p. 32). Propor este envolvimento e orientação desenvolve no contexto
escolar resultados positivos na formação dos educandos. Após a elaboração deste
planejamento é necessário avaliar este plano para compreender seus resultados, e insucessos
propondo uma reflexão sobre o que deve ser mudado e melhorado. Essa avaliação de
resultados deve ser cuidadosa e precisa permitir a participação de todos. Todo esse
comprometimento mútuo gera uma ação pedagógica que representa ações democráticas,
sendo assim o gestor precisa ter uma boa organização, articular ações, reconhecer as ações
positivas de seus pares, sendo capaz de reconhecer as potencialidades humanas na busca
incessante do aprendizado significativo do aluno. Destarte, toda ação educacional é
intencional, proposital, com objetivos claros que permite ações fundamentais para a
promoção dos resultados desejados, tendo em vista a democracia na escola. Lück (2009, p.16)
afirma que “ por melhores que sejam os processos de gestão escolar, pouco valor terá, caso
não produzam resultados efetivos de melhoria da aprendizagem dos alunos”. Sendo assim,
nada vale um ambiente democrático dentro da escola se ele não tiver o caráter transformador
capaz de obter avanços no processo educacional e participativo dos integrantes. Ainda, torna-
se importante salientar que a comunidade escolar 17006 compete a todos os membros da
escola, alunos, professores, diretores e os pais. Todos devem ser parte efetiva dessa gestão na
busca do sucesso educacional de todos. Lück (2009) afirma, O objetivo maior da comunidade
educacional revela-se, portanto, o de se estabelecer uma comunidade de ensino efetivo, onde
persevere, coletivamente, não somente o ideal de ensinar de acordo com o saber produzido
socialmente, mas o de aprender, em acordo com os princípios de contínua renovação do
conhecimento, criando-se um ambiente de contínuo desenvolvimento para alunos,
professores, funcionários e é claro, os gestores. (LÜCK, 2009 p.16). O conhecimento da
realidade ganha novas perspectivas: a organização do projeto político-pedagógico da escola e
o seu currículo; o papel da escola e o desempenho de seus profissionais, que devem renovar-
se e melhorar sua qualidade continuamente, tendo o aluno como centro de toda a sua
atuação. (LÜCK, 2009 p.16). Cabe então a direção escolar propor o crescimento dessa
participação, acompanhando os desdobramentos e refletindo sobre os resultados obtidos.
Frente a essa reflexão vemos a necessidade do gestor não ser apenar um chefe ou mandatário
das ações, mas ser um líder, isso compete a esse profissional ter a capacidade de gerir pessoas,
mobilizar esforços, tendo uma visão clara sobre a organização e objetivos a serem
concretizados. Lück (2009), aponta alguns conceitos básicos para o exercício da liderança. Um
líder é quem tem: Abertura na aceitação das expressões das pessoas no trabalho, observando
os desafios, dificuldades e limitação na tentativa de possibilitar a superação. Observar e
desenvolver o que de melhor existe nas pessoas ao seu redor, partindo com uma visão
proativa da sua atuação. Ter uma visão clara diante da missão dos valores educacionais
permitindo a compreensão dos indivíduos na expressão de suas atitudes. (LÜCK, 2009, p.75). É
também função do líder Orientação aos membros de modo que sejam promovidas melhorias a
todos, em principal aos processos educativos. Permitir um diálogo aberto com capacidade de
ouvir e compreender as questões de modo contínuo. Possibilitar oportunidades a todos a fim
de compartilhar responsabilidades. Ter atitudes e expressões de liderança e não de chefia.
Exercício contínuo do diálogo aberto e da capacidade de ouvir (LÜCK, 2009, p.75). A liderança
compartilhada de um ambiente democrático deve ser entendida que a realização de decisões
não é um consenso entre os membros envolvidos, ou seja a escolha de determinado assunto
por meio da votação, mas pelo contrário ela deve ser um diálogo aberto a ponto de influenciar
as condições do desenvolvimento que se deseja obter . Lück ( 2008, p.78), compreende esse
processo como co-liderança e nos esclarece: 17007 Cabe destacar que a liderança
compartilhada e a co-liderança, para serem efetivas, necessitam ser exercidas a partir do
entendimento e orientação baseada na visão e missão da escola, nos seus objetivos
formadores e valores orientadores de ação. Isto é, essa liderança se legitima a partir dessa
compreensão comum. Em vista disso, tanto a liderança compartilhada como a co-liderança se
expressam de forma articulada, a partir dos propósitos comuns, num contínuo processo de
diálogo e de mediação (LÜCK, 2008, p.78). Sendo assim, fica claro que para se construir uma
gestão democrática na escola é preciso ter uma liderança compartilhada no sentido de que o
gestor esteja aberto a opiniões sem medo de perder sua autoridade e poder dentro desse
contexto, à medida que todos atuem na escola. É fundamental a compreensão que na gestão
democrática todos podem contribuir para o bom funcionamento da instituição educacional,
tendo em vista um planejamento coletivo que tenha como objetivo final a aprendizagem
significativa do educando, o diálogo, a convivência e a organização pedagógica e administrativa
da escola. Considerações Finais Nossa análise aponta que a gestão democrática nada mais é
que uma ação participativa de todos, a ponto de toda a comunidade escolar dividir
juntamente, suas funções e responsabilidades, sendo o principal objeto de sucesso o aluno,
tornando-o um integrante da sociedade, crítico e capaz de compreender seu papel e suas
funções dentro do contexto ao qual está inserido. Cabe destacar alguns aspectos importantes
na concepção de uma gestão democrática de qualidade, é preciso não só um gestor
democrático, mas criar uma escola democrática, onde todos os membros possam vivenciar
experiências democráticas, pois nenhuma gestão democrática será de valia se não tiver como
objetivo real uma educação de qualidade para todos. O gestor é um líder, capaz de estimular
ações democráticas e propor melhorias no âmbito educacional, permitindo um
relacionamento interpessoal, a comunicação plena com os integrantes da comunidade escolar,
na perspectiva de propor uma liderança compartilhada. Importante ressaltar que na escola o
gestor deve propor contribuições para a melhoria da qualidade do ensino e aprendizagem e
formação dos alunos, com a participação dos pais, da comunidade interna e externa da escola,
afinal a educação é realizada pela ação das pessoas, pelas atitudes promovidas por elas, pelos
papeis que elas assumem, pelo trabalho 17008 que se dedicam todos os dias a fim de alcançar
novas estratégias para a resolução de problemas e enfrentamentos no processo educativo.
Teoricamente, a vida da escola está no intuito de promover uma educação de qualidade a
todos, em consonância com as pessoas que compõem esse processo no que realizam esse
fazer pedagógico, na incumbência engajada de propor um ensino de qualidade, voltada a
formação integral do indivíduo, no sucesso e no resultado de sua aprendizagem. Em suma para
se ter uma gestão democrática na escola é preciso ter um gestor com capacidade de promover
uma ação coletiva e organizada, os membros da comunidade escolar devem estar
efetivamente trabalhando em conjunto, compartilhando responsabilidades, propondo
melhorias ao educando. A fim de promover uma educação igualitária e de qualidade a todos, é
preciso vencer paradigmas dentro da escola, superar a ação de gestores autoritários que não
participam da vida da escola, e permitir que todos os que fazem parte da comunidade escolar
tenham a oportunidade de expressar suas opiniões, ideias, de modo que o processo educativo
tenha sucesso significativo, em que todos sejam capazes de trabalhar coletivamente e que o
aluno seja capaz de compreender seus direitos e deveres dentro da sociedade. REFERÊNCIAS
ARROYO, M. Quando a escola se redefine por dentro. Presença Pedagógica, Belo Horizonte,
1995. BRASIL. Constituição (1998). Constituição Federativa do Brasil: promulgada em 05 de
outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas emendas constitucionais nº 1/92 e
28/2000 e Emendas Constitucionais de Revisão nº 1 a 6/94 Brasília: Senado Federal
Subsecretaria de Edições Técnicas, 2000.p. 393. BRASIL. Constituição (1998). Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em<
http://www.mec.gov.br>. Acesso em 21.10.2015 CURY, C.R.J. A educação básica no Brasil.
Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 80, p. 169-201, set. 2002. GADOTTI, Moacir e
ROMÃO, José E. Autonomia da Escola. 6. ed. São Paulo: Cortez, (Guia da escola cidadã; v.1),
2004. INFOESCOLA Revista. Democracia. Disponível em . Acesso em 22 out 2015. 17009
LEDESMA, M. R. K. Gestão Escolar: desafios dos tempos. 2008. 15f. Tese Doutorado Educação.
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008. LINHARES, C.F.S. A escola e seus
profissionais. Rio de Janeiro: Agir, 1986. LÜCK, Heloísa. A gestão pedagógica da organização
curricular com foco na superação da distorção idade-série. Gestão em Rede, n. 62, p. 10 – 14,
junho, 2005. LÜCK, Heloísa. A gestão participativa na escola. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2006. .
Acesso em 21.10.2015. LÜCK, Heloísa Planejamento em orientação educacional. 17. ed.
Petrópolis: Vozes, 2008. LÜCK, Heloísa. Dimensões de gestão escolar e suas competências. –
Curitiba: Editora Positivo, 2009. MEDEIROS, I.L. A gestão democrática na rede municipal de
educação de Porto Alegre de 1989 a 2000- a tensão entre reforma e mudança. Porto Alegre:
UFRGS, 2003. Dissertação (Mestrado em Educação). Porto Alegre, Faculdade de Educação,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2003. SHIROMA, E. O.; MORAES, M. C. M.;
EVANGELISTA, O. Política educacional. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

Você também pode gostar