Resumos Seminário Pentecostalismo

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Resumos das aulas

Pe. Dr. Françoá Costa


Sumário

Quem é o Grande Desconhecido?...........................................................................3

Qual a relação entre o Pentecostalismo e o Espírito?.......................................... 6

Há um pentecostalismo católico?.........................................................................10

Bibliografia:.............................................................................................................. 12

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To d o s o s d i r e i t o s r e s e r v a d o s . N e n h u m a p a r t e d e s t a o b r a p o d e s e r r e p r o d u z i d a , a r q u i v a d a o u
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Aula 01

Quem é o Grande Desconhecido?

1. Nos Atos dos Apóstolos os discípulos de Éfeso ao serem questionados por


Paulo se haviam recebido o Espírito Santo, respondem-no: “nem mesmo
ouvimos que existe o Espírito Santo”(At 19, 2). O título de Grande Desco-
nhecido é citado por Francisca Javiera del Valle e por São Josemaria Escrivá.
No entanto, antes de adentrarmos no tema propriamente dito, queremos
remeter ao estudo das quatro causas de Aristóteles: as Causas Material e
Formal são intrínsecas e constitutivas e relacionam-se às coisas a semelhan-
ça, respectivamente, da relação constitutiva entre corpo e alma nos seres
humanos; enquanto que as Causas Eficiente e Final são extrínsecas e pro-
dutivas, isto é, todo efeito possui uma causa de maneira que só se atua em
virtude de uma finalidade. Portanto, o Espírito Santo é a Causa Eficiente de
um efeito que é o Pentecostes e analisaremos se também o é em relação ao
fenômeno do Pentecostalismo.

2. De acordo com São João “Deus é Espírito” (Jo 4, 24), assim para falarmos
da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que é Deus com o Pai e com o
Filho, devemos partir dos efeitos para chegar a Causa, com a distinção de
que nesse ponto não falamos em termos de uma Teologia Natural, pois é
justamente fruto da Revelação as intuições acerca das Pessoas da Trindade.
Assim, de acordo com as Sagradas Escrituras o próprio Cristo se refere ao
“Espírito da Verdade” que “permanece convosco e em vós”(cf. Jo 14, 17),
“vos ensinará tudo e vos recordará tudo” (Jo 14, 26), “dará testemunho de
mim” (Jo 15, 26), “convence sobre o pecado, a justiça e o juízo” (Jo 16, 8),
“vos guiará na verdade plena… vos anunciará as coisas futuras” (Jo 16, 13),
“me glorificará” (Jo 16, 14). Também encontraremos que “Ele é vento” (At
2, 2), “línguas de fogo” (At 2, 3). Por um lado, a expressão “Santo” se apli-
ca a tudo o que se refere a Deus, no entanto na Tradição e nos Padres da
Igreja essa palavra serve para nomear especificamente a Terceira Pessoa da
Santíssima Trindade: Espírito Santo. Santo Tomás de Aquino, a esse res-

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peito, entende que como nós desde o ponto de vista da limitação de nossa
linguagem não temos nenhum outro termo para designar com propriedade
e individualizar a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, por conveniên-
cia utilizamos deste termo de maneira acomodatícia para referi-lo, ainda
que em sentido absoluto toda a Trindade enquanto tal seja “Espírito” e seja
“Santo”. Também nas Escrituras, sempre que Jesus fala sobre o Espírito
Santo de Deus se refere ou a atividades intelectuais (São João) ou a potên-
cias divinas, dinamismo, poder (Sinóticos). O Filho se refere ao Espírito de
maneira categórica apontando que sua missão é remeter-nos a si: se Cristo
se identificou como Caminho, Verdade e Vida e se o Espírito Santo é o Es-
pírito da Verdade, logo o Espírito Santo é o Espírito de Cristo. Para além
dos Evangelhos, no Antigo Testamento o Espírito aparece já em Gênesis
como ordenador, como aquele que coloca ordem no caos da Criação. Assim
temos três referenciais ao Espírito: aquele que nos leva a Verdade plena,
aquele que confere poder e aquele confere ordem às coisas.

3. Na profissão de Fé de Niceia completada em Constantinopla, o chamado


Símbolo Niceno-constantinopolitano, refere-se ao Espírito Santo como
“Senhor que dá a vida e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. São
Basílio Magno usou na antiguidade a fórmula “Glória ao Pai e ao Filho e ao
Espírito Santo”, que hoje comumente atestamos, mas que em sua época era
uma novidade de compreensão teológica, pois o uso corrente na liturgia era
“Gloria ao Pai, pelo Filho no Espírito Santo”, justamente para evidenciar a
mesma dignidade e poder da Trindade contra a heresia dos pneumatôma-
cos que excluíam a divindade do Espírito Santo como tal, sub-categorizan-
do a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade como uma espécie de semi-
deus. A verdade é que a Liturgia sempre se refere ao Pai pelo intermédio
do Filho na ação do Espírito; a novidade teológica se deu por evidenciar a
igual divindade do Espírito em relação ao Pai e ao Filho. As imagens que se
referem ao Espírito estão relacionadas aos elementos (vento, fogo, água…)
para designar o controle sobre a natureza, a potência de estar presente em
toda a Criação, também porque esses elementos são como que “sem forma”
ou acomodáveis às formas todas, de maneira que tudo quanto existe está

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preenchido pela força do Espírito e por Ele é ordenado e sustentado. Uma
outra imagem bem oportuna é como sendo o “Dedo de Deus”, pois no Li-
vro do Exodo temos o relato de que a Lei de Deus foi escrita nas Tábuas
pelo seu dedo (cf. Ex 31); Jeremias depois dirá que Deus escreverá com seu
dedo nos nossos corações sua Lei (cf. Jr 31), de maneira que São Paulo afir-
ma que a Nova Lei, as Bem- Aventuranças e a vida nova em Cristo, estão em
nós inscritas pelo Dedo de Deus (cf. 2 Cor 4).

4. Partimos de alguns efeitos para chegar a Causa, agora quereremos direcio-


nar a reflexão para as relações inter-trinitárias, isto é, às operações de Deus
no seio da Trindade. Para tratar desse tema, no relato da Criação temos a
afirmação de que ao criar o homem “Deus viu que era muito bom” (Gn 1,
31), isso porque fora criado à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26).
Essa particular designação diz respeito a composição espiritual dos seres
humanos, sua inteligência e vontade, que os tornam semelhantes a Deus in-
clusive em superioridade dos anjos, visto que na Encarnação Deus assumiu
a carne humana. Querer, entender e amar é, portanto, originalmente uma
característica divina. Em Deus, o entendimento de si é perfeito de maneira
que o ato do conhecimento é o próprio ato de Ser; a esse conhecimento
perfeito de si, gerado desde toda eternidade, embora inteiramente igual
a si lhe é ao mesmo tempo distinto e pessoal: é o Pai que conhece-se a si
mesmo e de seu perfeito conhecimento, de sua Imagem perfeita, é gerada a
pessoa do Filho. Enfim, enquanto o ato do conhecimento é a Verdade, o ato
da vontade é o Amor: em Deus, sua vontade atrai para si o Bem Supremo
(que é a si mesmo) com amor de maneira que dessa perfeita assimilação
entre Pai-Filho procede o Amor, o Dom de Deus Pai para com o Filho e do
Filho para com o Pai. Essa procedência, Dom Incriado, é o Espírito Santo
de Deus: seu Amor Eterno, que se identifica como tal com o próprio Ser da
divindade, sendo também pessoalmente distinto. Por isso, dizemos que o
Filho é gerado e o Espírito Santo espirado. Essa processão se dá por parte
do Pai e do Filho, afinal o Amor é mútuo.

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Aula 02:

Qual a relação entre o Pentecostalismo e o


Espírito?

1. “Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.
Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em
meu nome, falarão novas línguas, manusearão serpentes e, se beberem al-
gum veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos enfermos e eles
ficarão curados”(Mc 16, 16-18). Essa passagem deixa claro que os carismas
são de fato dons que Nosso Senhor prometeu como fruto de seu Espíri-
to e não há que ser relativizado. Em Atos dos Apóstolos temos a narração
do fenômeno do Pentecostes a partir do capítulo 02, e o testemunho da
Efusão dos dons do Espírito; São Paulo desenvolve os temas dos carismas
principalmente nos capítulos de 12 a 14 da primeira carta aos Coríntios.
Na história da Igreja, temos o relato de São Justino (+ 165), Santo Irineu (+
200), Tertuliano (+ 258) testemunham em sua época a existência dentre a
comunidade cristã dos referidos dons do Espírito. A partir do século IV es-
ses carismas aparecerão relacionados com a vida monástica. Ainda na vida
dos cristãos da Idade Média teremos relatos relacionados, como na vida de
São Francisco de Assis, São Domingos de Gusmão. É de se notar e esses re-
latos também apontam para que esses fenômenos cada vez mais tornem-se
raros, e um autor desconhecido de meados dos séc II ou III chegou a dizer
que a o fenômeno de línguas de Pentecostes diria respeito a quantidade de
nações as quais o Cristianismo se dirigiria significando sua universalidade,
de maneira que a diminuição da manifestação desse dom na vida da Igreja
deve se dar ao fato de que ela estaria já presente nesses povos e nações, ou
seja, aquilo que em Pentecostes se verificou já estaria se realizado na cris-
tandade. Deste modo, nosso autor diria para alguém que lhe perguntasse:
“Você não tem o dom das línguas?” “Tenho, afinal eu pertenço ao Corpo de
Cristo que fala à todas as línguas”.

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2. Na tensão entre catolicismo e cristianismo, alguns movimentos protestan-
tes como o dos anabatistas defenderam uma igreja menos restrita às nor-
mas litúrgicas, na defesa de uma maior espontaneidade de culto por uma
igreja mais carismática e pentecostal, donde se manifestavam algumas das
características do pentecostalismo; na Inglaterra surgiu o movimento dos
quakers, palavra que significa literalmente “tremer”, em virtude da manei-
ra de orar que seu fundador George Fox foi conhecido também manifes-
tando os carismas; na Alemanha surgiu o pietismo em que se verificava o
falar em línguas; no entanto, John Wesley é a figura mais representativa,
fundador do movimento metodista, onde se difundiu o chamado batismo
do Espírito Santo. O atual movimento pentecostal surge, então, a partir do
século XVIII com os metodistas de onde surgirão várias formas e ramifi-
cações, como os holiness que pregavam o avivamento. Já no século XX dois
grandes representantes são Charles Fox Parham e Willian Saymour que en-
cabeçaram o pentecostalismo nos Estados Unidos de modo a aparecerem
igrejas dentro do contexto protestante que aderiram ao pentecostalismo
carregando o título de “renovadas”.

3. Analisando agora o surgimento desse fenômeno após essa breve incursão


histórica, digamos definitivamente que os dons e carismas são objetivamen-
te graças que o Espírito Santo efundiu em Pentecostes e confere a quem
quer, como atesta são Paulo. Mas a primeira consideração a esse respeito é
que o modo próprio no qual o Espírito Santo se doa a nós é nos sacramen-
tos: estes são os meios habituais de salvação, em especial, no Batismo e na
Crisma os dons do Espírito, e Ele mesmo, é dom para nós. Essa habitação de
Deus na pessoa dos batizados é chamada de graça santificante, sinal da vida
na Trindade e da morada que Deus assume em nós como está manifesto
nos discursos de despedida de Jesus (Jo 14-17). Portanto, isso confere-nos o
estado de graça que permanece na alma daqueles que não tenham cometido
pecado mortal; na realidade do pecado o sujeito perde a graça habitual e
necessita da reconciliação sacramental. Ainda, nossa alma possui potencia-
lidades que são, pela graça santificante, estimuladas e enriquecidas pelos
dons do Espírito: poderíamos dizer que no centro da alma encontra-se a

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própria presença divina e perifericamente, na inteligência e vontade, as
capacidades da alma são pela divina graça permeadas donde surgem Fé,
Esperança e Caridade. São Paulo concatena esses assuntos nos capítulos de
12-14 da carta aos Coríntios: no cap. 12 fala sobre os carismas, no 14 sobre
a profecia e o cap. 13 trata da graça santificante como centro das graças
extraordinárias. A graça santificante é aquela gratum factiens, quer dizer,
que nos faz agradáveis a Deus; é o selo que marca a alma dos que correspon-
dem a vida beata e se lhes é aberto o caminho aos céus. Essa é portanto dita
habitual pelo fato de que o próprio Espírito Santo garante a presença cons-
tante na vida trinitária. Mas existe também outras ações do Espírito que
não são habituais, por isso ditas extraordinárias, as graças gratis datae, isto
é, graças dadas de graça: aquelas as quais Deus confere em sua liberdade a
quem quer, quando e na medida em que quiser, ou que simplesmente não
as concede visto o fato de não serem necessárias para a salvação, ao contrá-
rio da graça santificante habitual, e são essas últimas, enfim, que devemos
identificar como graças carismáticas. Essas graças carismáticas, entretanto,
não dependem tanto do estado de graça, mais funcionam como meio para
se alcançar a santidade; é bem significativo, por exemplo, o relato de Atos
10, 44-48 onde o centurião pagão Cornélio manifesta o dom de línguas
antes mesmo de ser batizado. Não é, pois, de se estranhar que inclusive nas
seitas pentecostais e nas igrejas protestantes haja de fato a ação carismáti-
ca do Espírito Santo. Pelos próprios testemunhos das Escrituras podemos
concluir que, ainda que Deus prefira a ação dos carismas aos santos, como
também identificamos no estudo histórico, não se restringem a eles essa
manifestação extraordinária, como também aqueles que tão logo foram ba-
tizados por São Paulo em Atos 19 já profetizam e falam em línguas, ainda
que fossem pouco experimentados na Fé e na Caridade, na vida da Igreja.

4. Enfim, sem relativizar a ação da graça, na lógica das Escrituras não se deve
negar a possibilidade do influxo dos carismas inclusive em não católicos;
essas manifestações, no entanto, não necessariamente significam a santi-
dade enquanto tal, pois são meios para a santidade. Assim, muitos são os
relatos das conversões sinceras vindas do contexto do pentecostalismo e

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aqueles que buscam com sinceridade a vontade de Deus podem participar,
ainda que não de maneira habitual, dos efeitos da graça e da vida em Deus.

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Aula 03

Há um pentecostalismo católico?

1. No contexto do catolicismo, o fenômeno do pentecostalismo se deveu pri-


meiramente a ação da beata Elena Guerra, dita Apóstola do Espírito Santo,
que inspirou o papa Leão XIII pela proximidade e acesso a escrever três En-
cíclicas sobre o Espírito Santo. O papa São João XXIII que também conhe-
ceu sua vida e apostolado, difundiu mais tarde para toda a Igreja a oração
do Espírito Santo que hoje conhecemos e rezamos costumeiramente. Fran-
cisca Javiera del Valle, não tão conhecida, teve também uma experiência
mui particular com a Pessoa do Espírito Santo e, mesmo semi analfabeta,
escreveu o Decenário ao Espírito Santo em virtude dos dez dias entre a As-
censão do Senhor até o Pentecostes. Significativamente o livro “A cruz e o
punhal” do pastor americano David Wilkerson influenciou o católico Steve
Clark bem como um grupo de fieis que buscaram a dita renovação dos ca-
rismas; também dentre membros do movimento de Cursilho de Cristanda-
de um grupo se dirigiu a um pastor anglicano renovado na busca em saber
como poderiam fazer essa experiência de pentecostes, foram orientados a
duas anglicanas notórias: Beth Shumacher e Flo Dodge. Dentre os mem-
bros do grupo foi então vivida a experiência do dito “batismo no Espírito”
e se manifestou o dom de línguas em um de seus integrantes, Ralph Keiner.
A história dos inícios da Renovação Carismática tem, pois, suas origens
nesse intercâmbio entre protestantes anglicanos e metodistas; no entanto
vale afirmar também que não houve abandono da fé católica por parte des-
ses grupos que foram surgindo.

2. Foi publicada pela CNBB as Orientações Pastorais sobre a Renovação Ca-


rismática Católica em que se orienta a não utilizar a expressão “batismo
no Espírito” e sugere a “efusão do Espírito” ou outra semelhante, para que
não haja confusão em detrimento do sacramento do Batismo enquanto tal
e nem se pense que este é inferior aquele. No Brasil, o movimento carismá-
tico pôde oferecer no contexto dos anos 70 e 80 uma resposta providencial

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à confusão gerada pela Teologia da Libertação, na busca do avivamento
da oração, da imersão nas Sagradas Escrituras, etc. Foi surgindo natural-
mente os grupos maiores que formaram as novas comunidades ajudando a
difundir ainda mais o movimento. É de se afirmar também que as chama-
das “missas carismáticas” acabaram, em contrapartida, a minar a força dos
grupos de oração.

3. Dissemos na aula anterior, as experiências pentecostais não estão em de-


sacordo com a Fé cristã, mas também não pressupõe a vida sacramental
apesar de remeter a ela. Portanto, devemos analisar a árvore pelos frutos:
os carismas são dons do Espírito dispensados em prol da santificação e do
serviço à Igreja. Assim, inegáveis são os testemunhos daqueles que doam-
-se nos novos carismas ao ministério apostólico, às obras de evangeliza-
ção, manifestando assim a coerência da vida de conversão que deve estar
como finalidade da vida cristã. Assim, é possível inclusive que pessoas de
orientações mais tradicionais também experimentem das manifestações
carismáticas do Espírito, como se deu com tantos santos como São Pio de
Pietrelcina, São Francisco Xavier – ambos tiveram o dom de línguas – e os
tantos místicos e místicas como Santa Teresa de Ávila, de Lisieux, a própria
Santa Gema Galgani que foi discípula da beata Elena Guerra, entre tantos.
A vivência dos carismas não está, enfim, dividindo católicos e protestantes,
tradicionais e progressistas; o Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Santíssi-
ma Trindade, o Amor da Trindade, que de maneira habitual se doa nos Sa-
cramentos; sendo todo-poderoso e livre, o Espírito Santo não se limita em
agir apenas pelos Sacramentos e, portanto, a quem e como quer desprende
seus dons carismáticos aos quais as Sagradas Escrituras dão testemunhos.
Esses carismas estarão a serviço do Reino de Deus na medida em que fruti-
ficarem as boas obras e contribuírem para a vida santa.

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Bibliografia:

1. Lucas F. Mateo Seco, Dios uno y Trino, Pamplona: EUNSA, 3ª ed., 2016

2. Patti Gallacher Mansfield, Como em Um Novo Pentecostes, RCC, 2017.

3. David Wilkerson, A cruz e o punhal, Betânia, 2019.

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