Au Orogenico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO

PARÁ
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
FACULDADE DE GEOLOGIA
PROCESSO DE FORMAÇÃO DE
DEPÓSITOS MINERAIS

DEPÓSITOS TIPO OURO OROGÊNICO

ALUNO

Wyllyams Lima Soares

BELÉM-PARÁ
FEVEREIRO/2022
O termo “depósito de ouro orogênico” foi introduzido primeiramente por Groves
et al. (1998) em substituição à denominação dos depósitos de ouro mesotermais. De
acordo com a definição inicial de Lindgreen (1933, in Groves et al. 1998), o termo
mesotermal se referia somente aos depósitos formados em uma faixa de profundidade
entre 1,2 à 3,6 km. No entanto, esta faixa de profundidade não incluía a maioria dos
depósitos mesotermais em que a pressão variava de 1,0 a 3,0 kbar e temperaturas da
ordem de 300o a 400oC. Os autores sugerem esta denominação devido ao fato destes
depósitos serem formados durante os processos de deformação compressional e
transpressional em margens de placas convergentes em ambientes de orogenia
acrescionária ou colisional.

Depósitos de ouro orogênicos estão distribuídos dentro de cinturões


metamórficos ao redor do globo e são datados desde o Paleoarqueano ao Terciário
(Groves et al. 2003). Representam uma consistente classe de depósitos hidrotermais,
epigenéticos, estruturalmente controlados, que são formados em várias faixas de
profundidade da crosta. São interpretados como tendo sido formados como resultado do
fluxo de fluido hidrotermal em um intervalo sincrônico a posterior à atividade tectônica
e o pico do metamorfismo de terrenos vulcânico-plutônicos, em ambientes de faixa de
graus metamórficos que vão de pumpeleita-prenhita até zonas inferiores da fácies
granulito (Groves et al. 1998) A mineralização aurífera é predominantemente hospedada
em rochas máficas-ultramáficas extrusivas e intrusivas (Groves et al. 1995, 1998;
Hagemann & Cassidy 2000, 2001) e, mineralogicamente, este grupo de depósitos é
tipicamente caracterizado por diversas feições onde dominam sistemas de veios de
quartzo com baixo volume de sulfetação (normalmente com sulfetos de ferro) e com
variações de 5 a 15% de carbonatos (Eilu et al. 1999). Estes veios podem conter albita,
mica branca, clorita, scheelita e turmalina nos domínios da fácies xisto verde, ou
anfibólios, diopsídio, biotita/flogopita, turmalina e, até mesmo, granadas nos domínios
da fácies anfibolito (Eilu et al. 1999).

Nos depósitos de ouro orogênico, as associações de alteração mais comuns da


fácies xisto verde incluem carbonato – sulfeto + mica branca + clorita que resultam da
interação de fluidos de baixa salinidade e ricos em CO2, com valores de 18O entre 5 e
10, e em uma única faixa de pressão e temperaturas variando de 1 a 6 kbars e a
temperaturas de 200o a 600oC (Groves et al. 1998). Neste tipo de depósito é comum a
existência de um halo de alteração hidrotermal em torno das zonas mineralizadas, onde
o halo de alteração lateral é mais extenso que na vertical (Eilu et al. 1999). Um halo de
alteração pode se estender lateralmente desde a zona mineralizada, por uns poucos
centímetros até 2,0 km., sendo que, em geral, existe uma correlação positiva entre o
tamanho do depósito e o seu halo de alteração hidrotermal lateral (Eilu et al. 1999). Ou
seja, quanto maior for o halo de alteração, maior é o potencial do depósito. A sulfetação
é geralmente mais proeminente em formação ferrífera bandada; já a carbonatação é
dominante onde as hospedeiras são rochas máficas ou ultramáficas. Existe um forte
controle estrutural da mineralização nas mais variadas escalas, sendo que a maioria das
principais ocorrências está localizada em estruturas de segunda ou terceira ordem, mas
sempre nas proximidades das estruturas de escala regional. Exemplos dos estilos
estruturais que controlam as mineralizações podem ser zonas de cisalhamento dúcteis-
rúpteis de baixo ou alto ângulo, e com movimentos transcorrentes ou oblíquos, zonas de
empurrão, stockworks, rede de fraturamentos, zonas de brechas, zonas muito foliadas,
apresentando clivagens de dissolução por pressão, charneiras e eixos de dobras (Eilu et
al. 1999). Depósitos de ouro orogênicos arqueanos estão distribuídos em regiões de
greenstone belts e são responsáveis por quase 80% da produção de ouro no mundo.

Quanto à classificação, a maioria destes depósitos orogênicos arqueanos está


localizada em ambientes de transição de fácies xisto verde médio a xisto verde-
anfibolito e, por esta razão, foram classificados como depósitos “mesotermais” (Groves
et al. 1989). Entretanto, vários autores observaram a existência de um número
significante de depósitos que ocorrem em ambos os ambientes, do mais alto ao mais
baixo ambiente P-T, tais como nas faixas de fácies anfibolito a granulito. As evidências
texturais e geotermobarométricas indicam que estes depósitos foram formados no ou
próximos do pico metamórfico nas condições P-T que variam em uma faixa de ~ 475 ºC
a ~3 kb alcançando níveis de até ~ 700 ºC a ~ 6 kb. Baseados nestas evidências, Groves
et al. (1998) sugeriram que estes depósitos de alta P-T se formaram na continuidade dos
depósitos mesotermais, mas que não podem ser estritamente classificados como
mesotermais. Similarmente, outros depósitos existentes em ambientes de grau
metamórfico baixo (pumpeleíta-prenhita a xisto verde baixo) foram interpretados como
sendo formados em níveis crustais rasos

Esses depósitos, formados sobre baixas condições de P e T, sugerem que estes


seriam um equivalente supracrustal dos depósitos mesotermais, em vez de uma classe
separada de depósitos arqueanos do tipo lode (Hagemann et al. 1994). O
reconhecimento da continuidade entre os depósitos de ouro de níveis crustais mais
rasos, os depósitos “mesotermais”, e os depósitos na interface de fácies anfibolito a
granulito em terrenos arqueanos, impôs um problema de nomenclatura. Por esta razão, e
baseado nas evidências supracitadas, Groves et al. (1998) apresentam uma nova
classificação para os depósitos de ouro orogênico de acordo com a profundidade de
formação deles. Segundo os autores, os depósitos de ouro orogênicos são classificados
como: (i) epizonal, se formados em uma profundidade < 6,0 km e temperaturas variando
entre 150o e 300oC, (ii) mesozonal, se a formação do depósito se dá em uma faixa de
profundidade entre 6,0 e 12 km, com temperaturas da ordem de 300o a 47 oC e (iii)
hipozonal se o depósito é formado em profundidades > 12 km e temperaturas acima de
475ºC

REFERÊNCIAS

Cassidy, Kevin & Hagemann, Steffen. (2001). 'World-class' Archean orogenic gold deposits,
eastern Yilgarn Craton: diversity in timing, structural controls and mineralization styles. AGSO-
Geoscience Australia Record 2001/37. 382-384

Eilu, P., Mathison, C. L., Groves, D.I., Allardyce, W.; 1999. Atlas of alterations assemblages
styles and zoning in orogenic lode gold deposits in a variety of the host rock and metamorphic
settings. University Extension & Department of Geology and Geophysics. The University of
Western Australia. Pub. 30, 64 p.

Groves, D.I., Barley, M.E., Barnicoat, A.C., Cassidy, K.F., Fare, R.J., Hagemann, S.G., Ho,
S.E., Hronsky, J.M.A., Mikucki, E.J., Mueller, A.G., McNaughton, N.J., Perring, C.S., Ridley,
J.R., Vearncombe, J.R., 1992. Sub-greenschist to granulite hosted Archaean lode-gold deposits
of the Yilgarn Craton: A depositional continuum from deep sourced hydrothermal fluids in
crustal-scale plumbing systems. Geol. Dept. _Key Centre. Univ. Ext., Univ. West. Aust. Publ.
22, 325–338.
Groves D. I., Goldfarb R. J., Gebre-Mariam M., Hagemann S. G. & Robert, F. 1998. Orogenic
gold deposits: a proposed classification in the context of their crustal distribution and
relationship to other gold deposit types. Ore geology reviews, 13(1):7-27.

Groves, D.I., Goldfarb, R.J., Robert, F., Hart, C.J.R., 2003. Gold deposits in metamorphic belts:
overview of current understanding, outstanding problems, future research, and exploration
significance. Economic Geology 98, 1–29

Groves, D.I., Santosh, M., Deng, J., Wang, Q., Yang, L., Zhang, L. 2019. A holistic model for
the origin of orogenic gold deposits and its implications for exploration. Mineralium Deposita
55, 275-292.

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