Marteleto, Dolo e Risco No Direito Penal (Verschoben)
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1446. A responder negativamente tal indagação: FRISCH, Wolfgang. Vorsatz und Risiko, 1983,
p. 287.
1447. No mesmo sentido desta crítica: PAWLIK, Michael. Das Unrecht des Bürgers, 2012, p.
379.
1448. Neste sentido, também: FRISCH, Wolfgang. Vorsatz und Risiko, 1983, pp. 300 e 343.
1449. Veja-se: KORIATH, Heinz. Grundlagen Strafrechtlicher Zurechnung, 1994, p. 637.
1450. Veja-se: KINDHÄUSER, Urs. Intentionale Handlung, 1980, pp. 68 e 216.
298 WAGNER MARTELETO FILHO
da ação, pode-se afirmar que o objetivo da ação não seria matar “B”, mas sim
obter o prêmio. Contudo, como a morte de “B” era pressuposto para a obtenção
do prêmio – meio necessário – é lícito dizer que “A” teve a intenção de matar
“B” (meio). Neste esquema, não se poderia restringir o resultado morte como
objeto da premissa cognitiva do silogismo prático1451, ou seja, o agente, efeti-
vamente, para além de conhecer o resultado, também o quis. Ainda nesta linha
de pensamento, a essência do dolo está, precisamente, na decisão pela ação1452,
o que consistiria em um fundamento para a indispensabilidade do elemento
volitivo como componente conceitual1453.
E a descrição do comportamento intencional, através da estrutura do si-
logismo prático, parece ter ainda outros sentidos. Jochen Bung, por exemplo,
sustenta que o posicionamento emocional do agente perante o fato – sua aprova-
ção, seu remorso, seu desgosto etc – não é dedutível de qualquer das premissas,
ressaltando que o silogismo apenas reconstrói o “complexo cognitivo-volitivo”,
sem atribuir, ao plano lógico, qualquer diferença de peso entre as premissas1454.
O que ocorre é que, ao considerar que um meio é necessário para um fim,
coercitivamente o sujeito tem que querê-lo1455 – ao se decidir pela ação – pena
de negar sua própria natureza racional. Assim, ao nível primário do querer
(ao nível do “querer da lógica da ação”), o agente sempre quer o resultado
típico1456, desde que o risco realizado seja uma “condição inultrapassável do
resultado buscado”1457.
No caso do dolo eventual, o agente quer no sentido de um “querer com-
parativo”, um “querer-mais-que” (“Lieber-Wollen-als”): para o agente doloso/
/eventual a entrada do resultado típico é preferível à consequente renúncia da
ação, que a produção de tal resultado possivelmente/eventualmente condicio-
na1458. O resultado é mais desejável em comparação com a sua ausência, se
1451. Neste sentido: BUNG, Jochen. Wissen und Wollen im Strafrecht, 2009, p. 164.
1452. Assim: HASSEMER, Winfried. GS-Armin Kaufmann, 1989, p. 295.
1453. Neste sentido: BUNG, Jochen. Wissen und Wollen im Strafrecht, 2009, p. 168. Anota,
o Autor, que esse elemento volitivo deve ser delimitado, na medida em que não se confunde com
qualquer característica da consciência, ou posicionamento emocional do agente.
1454. Neste sentido: BUNG, Jochen. Wissen und Wollen im Strafrecht, 2009, p. 165.
1455. Assim, quem quer o objetivo aprova, necessariamente, e quer o meio. Wissen und Wollen
im Strafrecht, 2009, p. 270.
1456. BUNG, Jochen. Wissen und Wollen im Strafrecht, 2009, p. 164.
1457. Fernanda Palma reconhece, em tais casos, nos quais a tomada do risco do resultado seja
uma “condição inultrapassável do resultado” (exemplo do incêndio da casa, com morador presente,
para obtenção do prêmio do seguro, sem que o agente saiba se o resultado morte ocorrerá), uma
intenção referente ao resultado. Caso, contudo, não haja esta conexão entre o risco e o fim da ação,
não se pode reconhecer, para a Autora, o dolo. Veja-se: Direito Penal – Parte Geral, 2013, pp.
114-115.
1458. Criticamente, no tocante a um “querer condicional” (para o caso de que/ na eventualida-
de), que somente se positiva caso o resultado ilícito se verifique: STUCKENBERG, Carl-Friedrich.
Vorstudien zum Vorsatz und Irrtum, 2007, p. 260.
PARTE IV – ANALÍTICA DO DOLO: ELEMENTOS E FORMAS DO DOLO 299
esta estiver vinculada com a conclusão, de que o resultado buscado pelo agente
também não ocorrerá1459.
De toda sorte, é de se ressaltar que através da estrutura do silogismo prático
se verifica uma cortante e clara distinção entre motivação e fundamentos da
ação. Em uma palavra: a intencionalidade resulta da relação meio-fim (um-zu
Relationen), e não dos motivos da ação1460.
Assim, quem está convencido de que o emprego de um determinado meio
conduzirá ao resultado, então este meio, se empregado, também é querido1461,
como o é o resultado possível a ele conectado, em termos de relação de risco.
Mesmo o sujeito mais indiferente emocionalmente quer que seu plano de ação
funcione1462. Este o sentido da vontade comparativa/normativa (Lieber-Wollen-
-als)1463: não uma vontade incondicional, mas sim uma vontade condicionada
(à luz do resultado buscado, e do risco à ele associado, que pode acarretar o
resultado ilícito).
A proposta de fundamentar o elemento volitivo na base estrutural do silogis-
mo prático, e considerando-se a vontade no sentido extrovertido (de interpretação
dos fundamentos da ação) e não psicológico (enquanto propósito subjetivo),
parece a mais convincente dentre todas as analisadas até aqui, conduzindo à
atribuição do dolo segundo padrões objetivos de racionalidade.
Contudo, a análise da ação, em uma estrutura de intencionalidade objetiva,
não implica em comprovar a autonomia da vontade especificamente para a im-
putação do dolo, nem tampouco a conferir-lhe o mesmo peso do conhecimento.
Como já visto, a intencionalidade não se separa da ação, antes constitui uma sua
interpretação, a partir de determinada perspectiva, com base em conhecimentos
e objetivos do agente1464. Não se justifica, portanto, ao plano da imputação,
1459. Neste sentido: BUNG, Jochen. Wissen und Wollen im Strafrecht, 2009, p. 208. Para o
Autor, esta relação de preferência comprova que o elemento volitivo do dolo eventual não contém
nada de artificial, na medida em que a ocorrência do resultado ilícito é mais desejável do que sua
ausência, no caso de que esta ausência esteja vinculada à não ocorrência do próprio resultado buscado
pelo agente.
1460. Assim: KÜPPER, Georg. Grenzen der normativierenden Strafrechtsdogmatik, 1990, p.
71. O sujeito atira contra a vítima para matá-la. Esta é a estrutura intencional da ação. O motivo do
homicídio, qual seja, a vingança, lhe dá sentido, mas não esclarece a estrutura da ação. Aproxima-
damente: KINDHÄUSER, Urs. Vorsatz als Zurechnungskriterium. ZStW 96 (1984), p. 22.
1461. “Quem mata e sabe que mata, quer matar”. HRUSCHKA, Joachim. Strafrecht nach
logisch-analytischer Methode, 1988, p. 435-436. Analogamente: PUPPE, Ingeborg. Vorsatz und
Zurechnung, 1992, p. 41 e 74.
1462. Neste sentido: BUNG, Jochen. Wissen und Wollen im Strafrecht, 2009, p. 169.
1463. Assim: BUNG, Jochen. Wissen und Wollen im Strafrecht, 2009, p. 184. Nas palavras do
Autor: “Pode-se dizer: sob a condição de que ele, em caso contrário, deveria se abster da realização
do plano, é ao autor preferível a entrada do resultado ilícito e, portanto, ele também finalmente atua”.
1464. Veja-se: KINDHÄUSER, Urs. Vorsatz als Zurechnungskriterium. ZStW 96 (1984), p.
31.
300 WAGNER MARTELETO FILHO
1.3. Balanço
Na perspectiva aqui defendida, o que importa averiguar é se o agente,
quando da ação, tinha conhecimento sobre um perigo proibido e qualificado
(perigo doloso / perigo desprotegido) – “um conhecimento normal sobre um
objeto especial”1467 -, ou ainda se desconhecia algo em face do não atendimento
da própria incumbência, em uma situação de completa indiferença ao Direito,
renunciando-se a qualquer tipo de posicionamento emocional do sujeito perante
o resultado1468.
A vontade, enquanto propósito, não implica, necessariamente, em domínio/
controle. Não pode, portanto, nem servir de fundamento suficiente para o dolo,
nos casos de evidente falta de domínio1469 (contaminação proposital com HIV
através de uma relação sexual convencional, verbi gratia), nem isentar do dolo,
nos casos em que o domínio se faça obviamente presente1470, mas o agente,
1465. Neste sentido: HSU, Yu-An. Doppelindividualisierung und Irrtum, 2007, p. 170.
1466. Também neste sentido: STUCKENBERG, Carl-Friedrich. Vorstudien zum Vorsatz und
Irrtum im Völkerstrafrecht, 2007, p. 428. JAKOBS, Günther. Das Schuldprinzip, 1993, p. 23.
1467. Vorsatz und Risiko, 1983, p. 342.
1468. Neste sentido: PAWLIK, Michael. Das Unrecht des Bürgers, 2012, p. 381.
1469. De acordo: PAWLIK, Michael. Das Unrecht des Bürgers, 2012, p. 381, n.r.716.
1470. Um exemplo elaborado por Luís Greco é interessante para ilustrar a situação: o namorado
abandonado, para se vingar, decide estrangular a vítima até que perca a consciência. Ele não está
seguro sobre se a vítima sobreviverá e pensa: se ela não acordar mais, paciência. A vítima, contudo,
em face da intensidade do estrangulamento, falece. A doutrina tradicional poderia reconhecer, aqui,
o dolo eventual, na medida em que o sujeito levou a sério o resultado e o aceitou em certa medida.
Contudo, em uma outra situação, o mesmo sujeito decide apenas deixar a vítima inconsciente para
PARTE IV – ANALÍTICA DO DOLO: ELEMENTOS E FORMAS DO DOLO 301
que possa transportá-la a um lugar ermo e estuprá-la. A vítima, contudo, também falece. Não era
isso o que o autor queria, até mesmo porque a meta era o estupro. Mas possuía, o autor, o domínio,
em termos de conhecimento, de que o estrangulamento poderia conduzir à morte. Nesta última situa-
ção, a autonomizar-se o elemento volitivo, o dolo deveria necessariamente ser negado pela doutrina
majoritária. Roxin, por exemplo, se veria obrigado e reconhecer a negligência consciente, uma vez
que o “plano” do autor era outro. A pergunta é: se afigura normativamente consequente afirmar o
dolo no primeiro caso e negá-lo no segundo, uma vez que o domínio do fato era o mesmo? Veja-se:
GRECO, Luís. Dolo sem vontade, 2009, p. 895 e ss.
1471. A pergunta se apresenta é esta: se dá uma ação não dolosa, embora haja conhecimento
da possibilidade de lesão? No sentido negativo, mas com exigências concentradas ao conhecimento,
que não pode ser abstrato ou simplesmente racional: KARGL, Walter. Der strafrechtliche Vorsatz
auf der Basis der kognitiven Handlungstheorie, 1993, p. 32 e ss.
1472. Neste sentido, também: PAWLIK, Michael. Das Unrecht des Bürgers, 2012, pp. 377-
-378. Aponta, o Autor, que uma autonomização do elemento volitivo deveria conduzir à negação
do dolo nos casos em que o sujeito conhece a perigosidade de seu comportamento mas, em uma
sobrevalorização de sua capacidade de controle, acredita que tudo correrá bem. Isso, do ponto de
vista normativo, seria injustificado.
1473. Conforme se viu no julgamento do “caso da correia de couro”.
1474. Se o motorista realiza um risco proibido intenso, e o tem diante dos olhos, para chegar
mais cedo ao trabalho, há negligência; se realiza o mesmo risco, mas para assegurar a fuga, há dolo.
Isso porque, nos exemplos, a posição do motorista perante os valores normativos seria distinta. O
perigo desta solução é evidente, pois conduz à manipulação do conceito segundo valorações altamente
subjetivas. Veja-se, criticamente: WALTER, Tonio. Der Kern des Strafrechts, 2006, p. 179.
1475. Inclusive com indevidas modificações acerca do nível de exigência do conhecimento e
mesmo da qualidade do perigo para a intenção, como procede a doutrina majoritária, que parte do
dolo direto de primeiro grau como protótipo. Cf. PAWLIK, Michael. Das Unrecht des Bürgers,
2012, p. 380, nota 716.
1476. Como já decidiu o próprio BGH (NJW 1968, 660), se o acusado previu que o policial,
com o atropelamento, poderia morrer, não podia confiar na boa saída, mas sim ter apenas esperança
nesta. Esta simples esperança da ausência do resultado, contudo, não afasta o dolo homicida.
1477. Assim, corretamente: PAWLIK, Michael. Das Unrecht des Bürgers, 2012, p. 380.
Também: WALTER, Tonio. Der Kern des Strafrechts, 2006, p. 180.
1478. Daí que a intenção não pode compensar a falta de conhecimento, transmudando uma
situação objetivamente não perigosa e cognitivamente deficitária, em um caso de dolo. Assim: PAW-
302 WAGNER MARTELETO FILHO
LIK, Michael. Das Unrecht des Bürgers, 2012, p. 381. Também: RINCK, Klaus. Der zweistufige
Deliktsaufbau, 2000, p. 373. KINDHÄUSER, Urs. Vorsatz als Zurechnungskriterium. ZStW 96
(1984), p. 1.
1479. Veja-se Parte II, supra. Veja-se, ainda: FRISCH, Wolfgang. Vorsatz und Risiko, 1983,
pp. 301, 378 e 495. Também: HRUSCHKA, Joachim. FS-Kleinknecht, 1985, p. 436.
1480. O que pode se imputar, neste caso, é que o sujeito não se motivou pela evitação do resul-
tado ilícito, tomado por ele como certo. E há, portanto, quem identifique aqui o elemento volitivo no
sentido negativo (da falta de motivação). Assim: HSU, Yu-An. Doppelindividualisierung und Irrtum,
2007, p. 169. Para o Autor, trata-se de um vontade que pode esclarecida através da deslealdade ao
Direito.
1481. Corretamente: WALTER, Tonio. Der Kern des Strafrechts, 2006, p. 186.
1482. PALMA, Maria Fernanda. Direito Penal – Parte Geral, 2019, p. 138.
1483. Proximamente: PALMA, Maria Fernanda. Direito Penal – Parte Geral, 2019, p. 132, a
postular por uma reequacionação que aproxime a definição do dolo à racionalidade do agir intencional.
PARTE IV – ANALÍTICA DO DOLO: ELEMENTOS E FORMAS DO DOLO 303
1486. Sobre a discussão na dogmática mais contemporânea, confira-se: RINCK, Klaus. Der
zweistufige Deliktsaufbau, 2000, p. 378 e ss.
1487. STUCKENBERG, Carl-Friedrich. Vorstudien zum Vorsatz und Irrtum im Völkerstraf-
recht, 2007, p. 283. Sob a perspectiva da filosofia analítica, aponta-se que só faz sentido falar em
intenção ou querer caso o agente se considere capaz, em face de seus conhecimentos e meios, de
realizar o objetivo. Por exemplo, o caçador que se encontra com o rifle descarregado à mão e sem
munições adicionais, ao visualizar um pássaro a voar, pode mesmo “desejar” atingi-lo, mas não faz
qualquer sentido afirmar que ao mirar ele “quer”, ou “tem a intenção de”, atingi-lo. O querer, a
intenção, assim, pressupõem o conhecimento e a capacidade, ou seja, o elemento cognitivo. Sobre
isso, e ainda acerca do referido exemplo, no plano da filosofia analítica: WRIGHT, Georg Henrik
v. Explanation and Understanding, 2012, p. 102-103.
1488. Veja-se: FRISCH, Wolfgang. Vorsatz und Risiko, 1983, pp. 33; 169. FREUND, Georg.
AT, 2009, §7, n.m. 41, pp. 271-272. DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito Penal – Parte Geral. Tomo
I, 2012, p. 352. Esclarece, o último Autor, que apenas o conhecimento pode servir de orientação à
consciência ética acerca do desvalor da ilicitude. Op. cit. p. 355 (quanto ao erro sobre a factualidade
típica) e 366 (quanto ao erro sobre a proibição). BUSATO, Paulo César. Direito penal, parte geral.
3 ed. São Paulo: Atlas, 2017, p. 613. E em referência ao plano intelectual no tocante à mens rea,
do Direito anglossaxônico, veja-se: ASHWORTH, Andrew. Principles of criminal law. (4ª ed.).
Oxford, 2003, p. 157.
1489. Sobre a questão do erro e a exclusão do dolo, no Direito Romano, em face de o dolo
ser considerado como sendo um “fato”, veja-se, há mais tempo: SAVIGNY, Friedrich Karl. System
des heutigen römischen Rechts. Band 3, 1981, p. 388.
1490. RÖNNAU, Thomas. Der Irrtum und seine Rechtsfolgen. JuS 2004, 668.
1491. Daí a classificação do comportamento em erro, por Aristóteles, como “não-livre”. Sobre
isso, veja-se apenas: STUCKENBERG, Carl-Friedrich. Vorstudien zu Vorsatz und Irrtum, 2007, p.
442, n.r.2388.
1492. OTTO, Harro. AT, 2004, §7, n.m. 5, p. 76. Também: DIAS, Jorge de Figueiredo.
Direito Penal – Parte Geral. Tomo I, 2012, p. 375.
1493. FRISCH, Wolfgang. Vorsatz und Risiko, 1983, p. 103. A associar o pressuposto “racional-
-valorativo” (Wertrationalität) da punição qualificada do dolo a uma falha pessoal elevada (gesteigerte
personale Fehlleistung), como um dado de responsabilidade pessoal pelo fato.
1494. Veja-se: LOENING, Richard. Die Zurechnungungslehre des Aristoteles, 1903, p. 168.
Toma, o Autor, o conhecimento como uma disposição interna da alma, a representação como “repre-
sentação do querido”, e do curso da ação, especialmente do resultado. Sobre isso, e em análise crítica
do pensamento de Loening, veja-se: KORIATH, Heinz. Grundlagen strafrechtlicher Zurechnung,
1994, p. 107. Veja-se ainda, a associar a vontade de realização à representação do objetivo, bem
como a apontar para a indissociabilidade das categorias da razão, da vontade, da responsabilidade,
da culpa, da norma e do próprio livre-arbítro (este como condição de possibilidade): HARDWIG,
PARTE IV – ANALÍTICA DO DOLO: ELEMENTOS E FORMAS DO DOLO 305
Werner. Die Zurechnung. Ein Zentralproblem des Strafrechts. Hamburg: De Gruyter, 1957, pp.
169-170. Na literatura portuguesa, por todos: FERREIRA, Manuel Cavaleiro de. Direito penal
português, 1981, p. 460 e ss.
1495. SATZGER, Helmut. Der Vorsatz – einmal näher betrachtet. JURA 30 (2008), p. 113.
1496. Direito Penal – Parte Geral, Tomo I, 2012, pp. 351 e 549. Proximamente, no sentido de
que o julgamento fático, a aceitação da presença de fatos e circunstâncias típicas, é pressuposto para
o julgamento sobre a ilicitude do referido fato (enquanto posterius): HRUSCHKA, Joachim. Wieso
ist eingentlich die “eingeschränkte Schuldtheorie” “eingeschränkt”? In: SCHÜNEMANN, Bernd
et al. (Hrsg.). Festschrift für Claus Roxin, zum 70.Geburstag am 15. Mai 2001. Berlin: Walter de
Gruyter, 2001, p. 449.
1497. Em uma ampla crítica da doutrina tradicional, e a tentar uma aproximação com a psico-
logia para configurar o “conhecimento emocional”, veja-se: KARGL, Walter. Der strafrechtliche
Vorsatz, 1993, pp. 30 e ss.
1498. A observar que o conhecimento, como dado psicológico, não pode ser um pressuposto
direto da imputação subjetiva, veja-se: HSU, Yu-An. Doppelindividualisierung und Irrtum, 2007,
p. 161.
1499. A sustentar que o conhecimento do dolo do tipo deve ser considerado como sendo uma
consciência psicológica, veja-se: DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito Penal – Parte Geral. Tomo I,
2012, p. 351.
1500. STUCKENBERG, Carl-Friedrich. Vorstudien zu Vorsatz und Irrtum im Völkerstrafrecht,
2007, pp. 109 e 382. Corretamente, assinala o Autor que o conceito de dolo não pode se restringir
à compreensão psicológica dos componentes “conhecimento” e “vontade”.
306 WAGNER MARTELETO FILHO
1508. Veja-se: PAWLICK, Michael. Das Unrecht des Bürgers, 2012, pp. 308; 310-311.
1509. Vorstudien zu Vorsatz und Irrtum im Völkerstrafrecht, 2007, p. 283.
1510. Dentre muitos: OTTO, Harro. AT, 2004, §7, n.m. 5, p. 76. Também: KÜHL, Kristian.
AT, 2012, §5, n.m.9, p. 81. DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito Penal – Parte Geral. Tomo I,
2012, p. 355. E ainda mais recentemente: KUHLEN, Lothar. Vorsätzliche Steuerhinterziehung trotz
Unkenntnis der Steuerpflicht? In: ALBRECHT, Peter-Alexis et al. (Hrsg.). Festschrift für Walter
Kargl zum 70. Geburstag. Berlin: Berliner Wissenschaft, 2015, p. 297.
1511. Veja-se, sobretudo, o julgado do BGH, BGHSt, 2, 194, 208, que rompe com a tradição
da “teoria do dolo”, e passa a distinguir entre o erro sobre o tipo e sobre a proibição. A oposi-
ção entre “teoria da culpabilidade” e “teoria do dolo”, a última no sentido de que o dolo inclui a
consciência da ilicitude, é atribuída, no sentido classificatório, a Welzel, no artigo Der Irrtum über