Revista Maromomi Digital Ed1
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DIGITAL
MA
JULHO 2017 | VOLUME 1
MUITAS
RO CIDADES
EM UMA
MO SÓ!!
MI pensar em nossa identidade
.
EQUIPE
REVISTA
DIGITAL
MAROMOMI
Bruno Leite de Carvalho
Lionel Fontanesi
Ivan Canoletto Rodrigues
Tiago Cavalcante Guerra
Cristovan Ribeiro
Nádia Aline dos Santos Tranches
Textos:
aapah.org.br
portalmaromomi.com.br
Diagramação:
Clipverde comunicação digital.
Revisão:
Bruno Leite de Carvalho
Contatos:
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Sanatório São Paulo é inaugurado como uma O Sanatório do Padre Bento contava com uma vila de
instituição para tratamento de doentes mentais. E moradias, um prédio que abrigava a caixa
logo em seguida, em 5 de junho de 1931, é beneficente, cinema, teatro, biblioteca, cassino, salão
adquirido pelo Estado e transformado no Sanatório de baile, barbearia, campo de futebol, chácara para a
do Padre Bento (SPB), para internação criação de gado, laboratórios, sala para palestras e
compulsória e tratamento de leprosos, contando escola profissional, constituindo um complexo com
naquela data com 83 pacientes. aproximadamente 340 mil metros quadrados.
“Minha hipótese é que com o capitalismo não Destaca-se o campo de futebol, com medidas
se deu a passagem de uma medicina coletiva oficiais, o que traz uma dimensão do tamanho do
para uma medicina privada, mas justamente o Padre Bento. Os pavilhões eram divididos por sexo
contrário: que o capitalismo, desenvolvendo-se com quartos coletivos, hall, sala de estar e saguão.
em fins do século XVIII e início do século XIX,
socializou um primeiro objeto que foi o corpo Essa infraestrutura não era comum nos demais
enquanto força de produção, força de trabalho. leprosários do Estado de São Paulo. Aliás, o Padre
O controle da sociedade pelos indivíduos não Bento pode ser tido como uma exceção em vários
se opera simplesmente pela consciência ou sentidos.
pela ideologia, mas começa no corpo, com o
corpo. Foi no biológico, no somático, no Lá não se encontravam pacientes em um estágio tão
corporal que, antes de tudo investiu a avançado da doença, com o corpo deteriorado em
sociedade capitalista. O corpo é uma realidade demasia. Também era o único leprosário onde havia
bio-política. A medicina é uma estratégia bio- um pavilhão só para menores e uma área de lazer
política.” tão grande, com belos monumentos arquitetônicos.
Além disso, a questão de classe estava presente.
O sanatório era apresentado como o que havia de Nos depoimentos de dois ex-internos, Sr. Arnaldo e
mais moderno e até mesmo humano no combate à Sr. Ivan, e o do ex-funcionário do Departamento de
lepra, mas de fato o Padre Bento e, Profilaxia da Lepra, Sr. Domingos, chama a atenção
consequentemente, Guarulhos serviram como uma o apontamento de que lá havia filhos de engenheiros,
espécie de apêndice para o desenvolvimento da empresários e até mesmo o dono de um entreposto
cidade de São Paulo, um local onde as elites e o de café.
governo paulista acomodavam aquilo que não era
mais bem-vindo dentro do ideal de modernidade e Ivan Canoletto Rodrigues
de trabalho trazidos com os edifícios e com as Mestre em História pela PUC-SP, associado da AAPAH, coautor do livro
“Signo e Significados em Guarulhos: identidade, urbanização e exclusão” e
fábricas dos anos 1920 e 1930. autor de “Chagas da Exclusão”.
O livro trata sobre o período de internação compulsória no antigo leprosário do Padre Bento ,
bem como o processo de higienização social vivido nesse período .
Páginas: 200
INFORMAÇÕES : aapah.org.br