SST Marmoraria - Apr Marmoraria
SST Marmoraria - Apr Marmoraria
SST Marmoraria - Apr Marmoraria
JOÃO PESSOA – PB
2018
MARCELLA RENATA SILVA ARAÚJO DE SALES
JOÃO PESSOA – PB
2018
CATALOGAÇÃO NA FONTE
RESUMO
ABSTRACT
The marble industry is one of the most prominent in the market for ornamental
stones, of which there are several problems that are contemplated in legislation and
that demand more attention regarding the preventive maintenance on the usage of
Personal Protective Equipment - PPE - available by the employer, as well as
pertaining to perception by employees about the laboral environment safety and
prevention processes. However, a considerable quantity of risks is still verified inside
the area’s enterprises and they can bring significantly losses for the worker’s quality
life. For the accomplishment of this work, an analysis of the laboral environment of a
marble factory located in João Pessoa - PB and applied to the Preliminary Risk
Analysis – PRA – was performed to stagger the level of risk of hazards and resulting
actions. The results obtained imply in a high risk rate on the installations and the
finishing process of the marble, implying in the proposition of solutions, once the
analyzed items presented risk levels considered catastrophic, so the danger level as
critical, that must be solved.
REFERENCIAL TEÓRICO
SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO
O trabalho, de acordo com Centurion (2003), “é a transformação de matéria
prima em bens necessários à sobrevivência humana, é energia humana física e
mental, [...] e devido à pressão e o estresse, [...] surgem o risco e o cansaço”. Desta
forma, as probabilidades de ocorrência de acidentes se tornam reais e
contramedidas para minimizar os riscos, no qual se adotam metodologias
contempladas pela Saúde e Segurança do Trabalho – SST.
A SST é fundamentada como sendo a promoção e a manutenção de elevados
níveis de qualidade de vida e bem-estar social, físico e mental de todos os
trabalhadores em seu ambiente laboral, atuando inclusive na prevenção de doenças
e acidentes relacionados ao trabalho, através do controle dos riscos resultantes das
condições de trabalho em que os trabalhadores são expostos (MUNIZ, 2016).
A SST apresenta um papel fundamental para identificar os riscos
ocupacionais existentes, assim como apresentar soluções que permitam eliminar o
risco quando possível ou, na maioria das atividades, minimizar os impactos gerados
pelos riscos. Os riscos observados pela OIT (2009) estão divididos em 05 grupos
principais, que são os riscos ergonômicos, químicos, físicos, mecânicos e biológicos.
No Brasil, a SST é regulamentada pela portaria 3214/78 do Ministério do
Trabalho e Emprego – MTE, que publicou a Lei 6514/77, habilitando a execução e
devida regulamentação das Normas Regulamentadoras – NR, que estabelecem os
parâmetros e todos os critérios a serem observados e adotados na questão da SST,
sendo a obrigação do cumprimento por parte das empresas de caráter privado e/ou
público, inclusos órgãos e autarquias de todas as esferas de atuação (CAMISASSA,
2015).
Atualmente, existem 36 NRs que delimitam e especificam os critérios a serem
adotados e observados, que agregam as disposições gerais, os riscos ambientais,
classificam as atividades consideradas insalubres e/ou perigosas, os níveis de risco
dos materiais utilizados durante a atividade, as condições laborais do trabalhador e
dos equipamentos de proteção, individuais ou coletivos, assim como pontos mais
específicos, do quais incluem-se o trabalho realizado em ambientes confinados ou
em altura.
ACIDENTE DE TRABALHO
Segundo Rodrigues (2011), o acidente do trabalho ocorre quando algum
elemento do processo do trabalho apresenta uma disfunção, ou seja, quando o
elemento deixa de funcionar conforme o planejado, assim interrompendo a rotina de
trabalho, podendo gerar perdas pessoais, materiais e/ou de tempo. Santana et al
(2006) descrevem o acidente de trabalho como sendo as lesões decorrentes de
causas externas, aos traumas e envenenamentos ocorridos no ambiente de trabalho
durante a execução de atividades ocupacionais e/ou durante o período in itinere e às
doenças ocupacionais.
Segundo informações da Organização Internacional do Trabalho – OIT
(2011), 2,34 milhões de trabalhadores morrem a cada ano de doenças ocupacionais
e acidentes ocorridos no ambiente de trabalho, sendo deste número 2,02 milhões
advindos das enfermidades relacionadas com o desempenhar da atividade
profissional e 321 mil por questão de acidente do tipo físico. No caso do Brasil, o
total de acidentes aproxima-se do quantitativo de 5 milhões, valor seis vezes
superior ao total de registros notificados no Comunicado de Acidente de Trabalho –
CAT – entre 2012 e 2013 (ALMEIDA, 2016).
Estas ocorrências impõem como consequência custos elevados para os
agentes produtivos e significativas perdas financeiras também para o trabalhador,
bem como a diminuição da capacidade disponível da força de trabalho e de
captação de recursos humanos pelas empresas e financeiras por parte dos
governos, levando a um ciclo oneroso de custos diretos e indiretos para as
sociedades. Estima-se que 4% do Produto Interno Bruto – PIB – dos países
desenvolvidos sejam gastos por doenças e agravos ocupacionais, podendo
aumentar esta taxa para 10% quando se trata do assunto em países emergentes
(SANTANA et al, 2006).
A legislação trabalhista brasileira, em seu artigo 19 na Lei nº 8.213/91, define
o acidente de trabalho como sendo “aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a
serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
a morte, ou a perda, ou a redução permanente ou temporária da capacidade para o
trabalho” (BRASIL, 1991). A norma NBR 14280 (ABNT, 2001) define o acidente de
trabalho como uma ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não em
função do tempo, relacionada com o exercício do trabalho, que resulte ou possa
resultar em lesão pessoal, sendo estes classificados como:
Acidente do trabalho grave;
Acidente do trabalho fatal;
Acidente típico;
Acidente de trajeto;
Acidente devido à doença do trabalho.
MARMORARIA
A marmoraria é um ramo da atividade industrial regulamentada pelas leis
federais nº 6567/78, nº 6938/81 e nº 9605/98, além da NBR 10004 (classificação
ambiental do resíduo). Seu produto base, o mármore, descreve todas as rochas
carbonáticas capazes de receber algum tipo de polimento (FUNDACENTRO, 2008;
SEBRAE, 2018), sendo a composição mineralógica dependente da composição
química do sedimento e do grau metamórfico das rochas.
As principais rochas carbonáticas são o granito, o gnaisse, os migmatitos,
sienitos, gaibros e demais rochas metamórficas ou não que sejam passíveis de
polimento. Estes insumos são caracterizados por:
Alta carga de ruptura;
Alta resistência à abrasão;
Resistência ao frio;
Resistência a ambientes ácidos ou alcalinos;
Alta gama de cores;
Gama extensa de composições;
Fonte: Autora.
METODOLOGIA
A pesquisa realizada se caracteriza como descritiva devido às observações e
descrições com o intuito de conhecer de forma detalhada o ambiente e as
características da atividade (YIN, 2001; GIL, 2002), que auxiliaram na construção de
tabelas e na aplicação da APR na marmoraria objeto de estudo, facilitando a
enumeração das possíveis causas que culminou para o problema com maior fator de
risco mediante a APR, utilizando as variáveis frequência e severidade para obter
uma matriz de classificação de riscos.
Foram levantados problemas para a pesquisa ser um estudo de caso, onde
Serra (2006) aponta que o método estudo de caso deve esgotar o conhecimento
sobre um tema e os critérios aplicados e explicados, de forma que haja um
aprofundamento dos estudos, mostrando a formação do exemplar e sua respectiva
evolução. Para a coleta de dados, realizou-se visitas ao local de estudo,
observações, entrevistas e questionários semiestruturados com registros de
imagens do processo de produção e sua forma de execução.
Levantou-se com a APR problemas sobre processo de produção, acidentes
de trabalho, o uso de EPIs e condições de trabalho, usando um checklist baseado
no Manual de Referência para Marmorarias do Fundacentro (2008) e observando as
seguintes NRs: NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual (BRASIL, 2011), NR 10
– Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade (BRASIL, 2004), NR 11 –
Anexo I – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais de
chapas de mármore, granito e outras rochas (BRASIL, 2003), NR 12 – Segurança no
Trabalho em Máquinas e Equipamentos (BRASIL, 2013) e NR 15 – Anexo XII –
Limites de Tolerância para Poeiras Minerais (BRASIL, 1978).
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
Fonte: Autora.
CONCLUSÕES
Após obtenção de resultados da APR, identificaram-se quais riscos de
acidentes que os trabalhadores da empresa do setor marmoreiro estão expostos,
classificando-os conforme seu nível de risco e prioridade de intervenção. Ressalta-
se que a exposição a agentes químicos como a poeira mineral (sílica, coríndon), o
ruído, os riscos ergonômicos e de acidentes aumentam a probabilidade da saúde do
trabalhador ser mais afetada de forma negativa. Com os riscos levantados, foi
possível sugerir ações preventivas para eliminação e minimização dos riscos
existentes, assim como tomou-se ciência da necessidade urgente em se modificar
os procedimentos de SST no objeto de estudo.
Contudo, tais modificações devem estar fortemente acompanhadas da
capacitação dos recursos humanos para a execução segura das tarefas, além da
melhoria de insumos e ferramentas para minimizar a produção de poeira e reduzir as
probabilidades do surgimento de silicoses. Considerando que os problemas
ocupacionais gerados pela inalação de sílica cristalina particulada pode ser maior do
que o pesquisado, demanda-se estudos estatísticos referentes aos efeitos das
doenças respiratórias, cutâneas e ocupacionais referentes a área de pesquisa,
assim como os custos referentes ao processo de produção e a economia do setor,
somado aos custos diretos e indiretos do afastamento e do processo de
aposentadoria precoce para os profissionais desta área.
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 2002.