Dimensionamento de Equipamentos de Lavra de Mina

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DIVISÃO DE ENGENHARIAS

CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS

3o Ano Turma B Curso Diurno

Cadeira: Planeamento de Operações Mineiras

TEMA: Dimensionamento de Equipamentos de Lavra de Mina

Nomes:

Daniel Rui Raimo

Elito Baptista

Elton Lacerda

Maulito Zito dos Santos Bastela

Tomé Laissone Candieiro

Vercínio Teodoro Bula

Docente: MSc. Manuel Tomas

Maio, 2015

TETE
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4

I. DIMENSIONAMENTO DE EQUIPAMENTOS DE LAVRA DE MINA ...... 6

2. A SELECÇÃO DE EQUIPAMENTOS .................................................................... 6

2.1. Dimensionamento e compatibilização do porte de equipamentos ..................... 7

2.2. Produtividade das frotas de carregamento e transporte ..................................... 9

2.3. Conceitos fundamentais para estimativa de produtividade dos equipamentos 10

3. OPERAÇÃO DE CARREGAMENTO E TRANSPORTE NA LAVRA A CÉU


ABERTO ........................................................................................................................ 17

3.1. Equipamentos de carregamento em lavra a céu aberto .................................... 18

3.2. Sistemas de Transporte na lavra a céu aberto .................................................. 18

3.3. Lavra com transporte por caminhões ............................................................... 18

3.4. Lavra com transporte por correias transportadoras .......................................... 22

4. SUBSTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS ............................................................. 26

5. PLANEAMENTO DE LAVRA .............................................................................. 27

5.1. Planeamento de longo prazo ............................................................................ 29

6. ESTUDOS ANTERIORES SOBRE SELECÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE


MINERAÇÃO ................................................................................................................ 30

7. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 32

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 33


Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

RESUMO
As operações de carregamento e transporte são importantes etapas do processo de lavra
de minas. Factores como volume de produção e condições operacionais interferem
directamente na selecção de equipamentos e dimensionamento de frotas, sempre com
vista aos menores custos de operação. A constante busca por aumento de produtividade
e redução de custos operacionais exige um bom planeamento e gerenciamento em todas
as etapas do processo. O presente trabalho demonstrou, através de um estudo de caso, o
dimensionamento de uma frota de carregamento e transporte para uma mineração a céu
aberto utilizando indicadores de produção, concomitante com a análise do
comportamento dos custos total e unitário com a variação do tamanho da frota e volume
de produção. O estudo foi desenvolvido a partir da análise dos métodos e conceitos
fundamentais da selecção de equipamentos, dimensionamento de frotas e estimação dos
custos de operação presentes na literatura actual. O método de análise do tamanho de
frota óptimo proposto por esse estudo é aplicável a quaisquer frotas de carregamento e
transporte, independente do seu porte e volume de produção, bastando alterar os valores
das variáveis imputados nos cálculos para o dimensionamento da frota e estimação dos
custos, diferentes para cada mina. A partir do que foi exposto no presente trabalho,
pôde-se concluir que o número mais interessante de equipamentos na frota é o equilíbrio
entre produtividade e custos, ou seja, a frota óptima não é necessariamente a que resulta
em maior produção, mas sim a que tenha a melhor relação custo-produção.

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Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta uma breve abordagem a respeito do dimensionamento de


equipamentos de lavra para mineração enfatizando a grande importância em se fazer um
correto dimensionamento das frotas de carregamento e transporte.

A constante busca pelo aumento da produtividade e redução de custos, aliada ao grande


momento que vive o mercado mundial de bens minerais, propicia e estimula o
desenvolvimento e aperfeiçoamento de ferramentas e métodos que auxiliem a tomada
de decisão na rotina de trabalho de planeamento e operações de mineração.

A extracção mineral a céu aberto é caracterizada por ser uma actividade de alto custo de
investimento, na qual o processo de tomada de decisão possui uma elevada
complexidade devido às características estocásticas do sistema (PINTO, 1999).

Segundo KOPPE (2007), a atractividade dos preços das commodities e a expansão da


economia de diversos países emergentes redundaram em forte aporte de investimentos
na indústria de mineração. Novas tecnologias de avaliação de reservas e planeamento de
lavra foram desenvolvidas a partir do advento da computação. Diversos softwares de
planeamento de lavra, avaliação geoestatística de depósitos, algoritmos de optimização
de cava, dimensionamento e alocação de frota facilitaram e melhoraram o desempenho
dos processos na mineração mundial.

Segundo o mesmo autor, porém, na maioria das minas a céu aberto, não existe um
planeamento adequado em relação ao porte da operação e tamanho de equipamentos de
perfuração, escavação, carregamento e transporte. Poucas minas conseguem harmonizar
essa relação redundando em desperdício, diminuição de produtividade e aumento de
custos. Um erro no dimensionamento dos equipamentos pode levar a empresa a super
ou subestimar os equipamentos, o que pode gerar diminuição de produtividade e
aumento de custos.

Segundo SILVA (2009), a selecção e a utilização dos equipamentos podem


frequentemente tornar uma operação mineira lucrativa ou inviabilizá-la e, em outros
casos ocorrer uma operação marginal.

Ainda de acordo com SILVA (2009), para a definição do tipo de equipamentos e


sistemas a serem utilizados para o manuseio de minérios, a média ou longa distância,

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diversos aspectos devem ser considerados e avaliados, entre os quais, capacidade


manuseada, distância de transporte, topografia do terreno, infra-estrutura disponível na
região, interferências com o meio ambiente e economicidade.

Um dimensionamento optimizado da frota de equipamentos de lavra reveste-se de


grande importância, uma vez que os custos envolvidos, de capital ou de operação,
representam, quase sempre, uma parcela considerável dos custos de uma mina.

Neste contexto, diversos estudos de métodos, técnicas e ferramentas para


dimensionamento e selecção de equipamentos foram realizados tanto no meio
académico como na indústria.

Um dos métodos largamente utilizados na indústria mineira é a estimativa da


capacidade de produção através dos indicadores de produção específicos de um
determinado processo e/ou operação, bem como o dimensionamento da frota necessária
para cumprimento de um determinado volume de produção. Estes indicadores de
produção, se utilizados correctamente, podem, assim como a simulação computacional,
estimar e comparar diferentes cenários de produção e custos e seleccionar aquela
alternativa que maximize os resultados da empresa. Sendo assim a estimação da
capacidade produtiva com a utilização de indicadores de produção é um método
bastante simplificado para representar as operações de lavra, mais especificamente, de
carregamento e transporte, permitindo avaliar diferentes cenários com diferentes tipos e
portes de equipamentos, a fim de avaliar a viabilidade operacional do sistema de
carregamento e transporte, reduzindo os custos e tornando o processo de tomada de
decisão mais fundamentado à realidade da operação.

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I. DIMENSIONAMENTO DE EQUIPAMENTOS DE LAVRA DE MINA

2. A SELECÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE CARREGAMENTO E


TRANSPORTE

O problema da selecção de equipamentos, de acordo com BAŞÇETIN et al. (2006), tem


interface com as fases de projecto das instalações da mina e com a fase de produção,
influenciando nos parâmetros económicos operacionais e de longo prazo. Assim, a
selecção de equipamentos baseada somente na experiência do tomador de decisões
incorre em altos riscos económicos, motivando o desenvolvimento de estudos e
pesquisas na área. Alguns estudos anteriores sobre selecção de equipamentos presentes
na literatura actual serão apresentados em um tópico específico neste trabalho.

Segundo AMARAL (2008), a selecção de equipamentos para aplicações de mineração


não é um processo bem definido. Uma das razões para isso é que não há duas minas
com características idênticas que proporcionem as mesmas condições para selecção dos
equipamentos mais adequados. As características do minério, condições climáticas e a
disposição dos depósitos são algumas das variáveis que podem diferir entre minas,
mesmo essas contendo o mesmo tipo de minério. Uma pesquisa feita por SRAJER et al.
(1989) revelou que na maioria dos casos é dada mais atenção à selecção de
equipamentos de transporte do que à de equipamentos de carregamento.

Equipamentos de carregamento são tipicamente seleccionados para corresponder às


condições de minas em termos de capacidade necessária, às condições climáticas,
exigências de mobilidade e número de frentes de lavra, ao mesmo tempo.

SRAJER et al. (1989) concluíram que, apesar das considerações acima, o conhecimento
pessoal e experiência do engenheiro de minas ou do gerente com o equipamento de
carga é a principal influência sobre a escolha dos equipamentos.

Para a selecção de equipamentos de transporte, como caminhões, por exemplo, algumas


empresas contam com o auxílio do fabricante para apresentá-los uma proposta de
aplicação baseada em requisitos de produção determinados. Em seguida as empresas
seleccionam o tipo e a capacidade do caminhão a partir das diferentes propostas com
base em alguns dos seguintes critérios:

 Compatibilidade com equipamento de carga existente;


 Capacidade de atender às projecções de produção;

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 Experiência anterior com o equipamento;


 Requisitos de serviço e manutenção;
 Custo de aquisição e custo operacional;
 Utilização e disponibilidade estimadas.

Para SILVA (2009), as principais considerações na selecção primária dos equipamentos


são:

 Geologia do depósito;
 Metas de produção;
 Vida útil do projecto;
 Disponibilidade de capital;
 Custo de operação;
 Parâmetros geotécnicos;
 Retorno de investimentos;
 Interferências com o meio ambiente.

Porém, para uma escolha acertada na selecção de equipamentos de carregamento e


transporte, esses devem ser seleccionados de forma integrada, a fim de aumentar a
compatibilidade entre estes, optimizando a produtividade e principalmente minimizando
os custos de produção.

2.1. Dimensionamento e compatibilização do porte de equipamentos

Segundo SILVA (2009), uma vez seleccionados os tipos de equipamentos que atendam
às condições específicas do trabalho, é importante que se seleccione também os portes
destes equipamentos, que irão operar conjugadamente, visando uma maior eficiência
global, bem como para evitar que os cálculos do dimensionamento sejam feitos para
alternativas que, de antemão, já se mostrem incompatíveis. Esta compatibilização deve,
inicialmente, basear-se em restrições físicas, como, por exemplo, as seguintes.

 A altura da bancada (H), condicionando o porte do equipamento de


carregamento:
 Pá carregadeira: H = 5 a 15 m;
 Escavadeira hidráulica: H = 4 + 0,45cc (m);
 Escavadeira a cabo: H = 10 + 0,57 (cc – 6) (m);

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o Sendo cc = capacidade da caçamba em m3.


 O alcance da descarga do equipamento de carregamento, condicionando o porte
do equipamento de transporte.

De acordo com o mesmo autor, observadas estas restrições, a compatibilização dos


equipamentos em operação conjugada deve, então, atender a outros factores que irão
afectar directamente a eficiência da operação, tais como o número de passes do
equipamento de carregamento para encher o equipamento de transporte. Considera-se
que a quantidade de 3 a 5 passes representa um bom equilíbrio. Um número menor seria
preferível, contanto que:

 O tamanho da caçamba da unidade de transporte não seja muito pequeno em


comparação com o tamanho da caçamba da unidade de carregamento, resultando
em impactos sobre a suspensão e a estrutura do veículo e derramamento
excessivo da carga;
 O tempo de carregamento não seja tão curto que ocasione a demora da chegada
da unidade de transporte seguinte, ocasionando um tempo excessivo de espera
por parte da unidade de carregamento;
 O número de unidades de transporte para cada unidade de carregamento seja
equilibrado. Se este número for muito pequeno poderá ocorrer ociosidade da
unidade de carregamento; se o contrário é provável que ocorram filas dos
equipamentos de transporte;
 O número excessivo de unidades da frota não ocasione dificuldades de tráfego e
manutenção (SILVA, 2009).

A Figura 1 representa um diagrama esquemático com algumas das principais


considerações para a selecção de equipamentos e factores sensíveis ao dimensionamento
dos equipamentos.

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Figura 1. Considerações para a selecção de Equipamentos e Factores Sensíveis ao


Dimensionamento dos equipamentos – Fonte: BOZORGEBRAHIMI, HALL and
BLACKWELL, 2003 – Adaptado.

2.2. Produtividade das frotas de carregamento e transporte

Segundo SILVA (2009), a produtividade das frotas de carregamento e transporte, na


mineração a céu aberto, depende de que o projecto e o planeamento de lavra sejam

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adequados à jazida e de que os equipamentos seleccionados estejam ajustados às demais


operações unitárias de lavra e beneficiamento. Assim, o tipo, o número de equipamentos
a serem utilizados e a produtividade dependem de:

 Porte das jazidas: vida da mina, taxa de produção, método de lavra;


 Projecto de cava: altura das bancadas, largura das frentes de trabalho, desnível
entre as frentes de lavra e o destino dos caminhões;
 Tipos de rocha: características do minério e do estéril, como massa específica
“in-situ”, empolamento, umidade, resistência à escavação, grau de
fragmentação;
 Projecto da deposição do estéril: local da deposição, forma de disposição do
estéril;
 Projectos das estradas: largura das estradas (recomenda-se uma largura mínima
de pista igual a 3,5 vezes a largura do caminhão, o que deixa uma faixa igual a
meio caminhão de largura entre os veículos que se cruzam e nas laterais. Caso a
faixa seja estreita, o motorista se sentirá inseguro e reduzirá a velocidade ao se
aproximar um veículo em sentido contrário), inclinação das rampas de acesso,
raio das curvas, superfície de rolamento;
 Planeamento de lavra: número de frentes simultâneas, relação estéril/minério,
frequência de deslocamento das frentes de lavra;
 Destino do minério: distância, tipo, dimensões e taxa de produção do
equipamento que receberá o minério do caminhão, tais como britadores, silos,
pilha para lixiviação, entre outros.
 Infra-estrutura de apoio: recursos de manutenção, recursos para abastecimento,
comunicações etc.;
 Equipamentos para demais operações: manutenção das estradas e frentes de
lavra, desmonte de minério e do estéril etc.

2.3. Conceitos fundamentais para estimativa de produtividade dos


equipamentos

Como forma de auxílio à tomada de decisão e ferramenta ao planeamento dos sistemas


de carregamento e transporte, e dimensionamento de frotas, os cálculos de estimativa de
produtividade dos equipamentos de mineração são indispensáveis no processo de
selecção de equipamentos.

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Para os cálculos de estimativa de produção é necessário considerar alguns conceitos


fundamentais, listados e descritos por SILVA (2009):

 Volume da caçamba (Vc)

Deve representar a capacidade operacional, rasa ou coroada conforme o caso, dos


equipamentos de carregamento e transporte.

(𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑚𝑎𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑠𝑠𝑖𝑣𝑒𝑙 𝑛𝑎 𝑐𝑎ç𝑎𝑚𝑏𝑎)


𝑉𝑐 =
(𝑝𝑒𝑠𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 𝑆𝑜𝑙𝑡𝑜)

 Factor de enchimento da caçamba (Fill Factor)

Factor aplicável sobre a capacidade operacional da caçamba e que, basicamente, será


função das características do material, e ou das condições dos desmontes, da altura da
bancada e da forma de penetração do equipamento.

 Empolamento (e)

É o aumento aparente de volume que a rocha apresenta depois de fragmentada, ou mais


amplamente, é o aumento aparente de volume em relação a um estado anterior de maior
compactação.

Onde:

Onde: e = empolamento.

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Onde:

Vc = volume originalmente no “corte” ou volume “in situ”;

Vs = volume do material rochoso após a fragmentação.

 Carga de tombamento (tipping-load)

É a carga que faz com que uma escavadeira hidráulica equipada para determinada
finalidade e, considerando a posição em que a sustentação é mais desfavorável, perca o
equilíbrio e tombe.

 Carga útil (pay-load)

É a carga que não ultrapassa 80% do “tipping-load” (factor de segurança de 100/80 =


25%)

 Factor de disponibilidade do equipamento

A palavra disponibilidade é extremamente flexível e a sua correta determinação é


primordial para os cálculos de rendimento em longo prazo.

Factores tais como má organização da mina, condições de trabalhos adversas, operações


em vários turnos e manutenção preventiva e correctivas inadequadas poderão reduzir a
disponibilidade do equipamento. A disponibilidade do equipamento se divide em:
Disponibilidade Mecânica e Disponibilidade Física.

 Disponibilidade Mecânica

Onde:

DM = disponibilidade mecânica;

HT = corresponde às horas teóricas possíveis no período, por exemplo, por ano.

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MP = manutenção preventiva, compreendendo todo o serviço programado, conservação


e inspecção dos equipamentos, executados com a finalidade de manter o equipamento
em condições satisfatórias de operação;

MC = manutenção correctiva. Significa o serviço executado no equipamento com a


finalidade de corrigir deficiências que possam acarretar a sua paralisação;

TP = tempo perdido correspondente à locomoção da máquina por motivos de desmonte


de rocha ou outros intervalos do operador (almoço, café, troca de turno, entre outros).

 Disponibilidade Física

Corresponde à parcela das horas programadas em que o equipamento está apto para
operar, isto é, não está à disposição da manutenção.

Onde:

DF = disponibilidade física que representa a percentagem do tempo que o equipamento


fica à disposição do órgão operacional para a produção;

HP = corresponde às horas calculadas por ano, na base dos turnos previstos, já levando
em conta a disponibilidade mecânica e/ou eléctrica;

HM = corresponde às horas de reparos na Oficina ou no Campo, incluindo a falta de


peças no estoque ou falta de equipamentos auxiliares.

 Factor de utilização do equipamento

Factor aplicável sobre as horas disponíveis do equipamento. Corresponde à parcela em


que o equipamento está em operação. Alguns dos factores que influem na utilização de
um equipamento são:

 Número de unidades ou porte compatível, maior ou menor que o requerido;


 Paralisação de outros equipamentos;
 Falta de operador;
 Deficiência do operador;

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 Condições climáticas que impeçam a operação dos equipamentos;


 Tipo de desmonte de rocha na mina;
 Preparação das frentes de lavra.

Onde:

HT = total de horas efectivamente trabalhadas;

HP = corresponde às horas calculadas por ano, na base dos turnos previstos, já levando
em conta a disponibilidade mecânica e/ou eléctrica;

HM = corresponde às horas de reparos na Oficina ou no Campo, incluindo a falta de


peças no estoque ou falta de equipamentos auxiliares.

 Rendimento

É a relação entre as horas efectivamente trabalhadas e as horas programadas, ou seja, o


rendimento é o produto da disponibilidade física pela utilização.

 Tempo de ciclo

É o tempo gasto pelo equipamento para executar um conjunto de determinadas


operações como, por exemplo: manobra, carga, descarga, basculamento, deslocamento,
etc.

O tempo de ciclo total de uma operação é o somatório de tempo de todas as actividades


que compõem essa operação.

 Eficiência de operação (E)

É de máxima importância que a produção seja mantida em ritmo estável. É esta


eficiência de trabalho que resulta em maior lucratividade.

Factores devido às paradas, atrasos ou deficiências em relação ao máximo desempenho


do equipamento devem-se, entre outros, aos seguintes motivos:

 Características do material;

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 Supervisão no trabalho;
 Esperas no britador;
 Falta de caminhão;
 Maior ou menor habilidade do operador;
 Interrupções para a limpeza da frente de lavra;
 Desmontes de rochas;
 Capacidade da caçamba;
 Pequenas interrupções devido aos defeitos mecânicos, não computados na
manutenção.

Onde:

tcmin = tempo de ciclo mínimo;

tcef = tempo de ciclo efectivo;

tp = tempo perdido.

 OEE – Overall Equipment Efficiency – Eficiência Geral de Equipamento

É o indicador que expressa a Eficiência Geral do Equipamento e é dado pelo produto do


Rendimento pela Eficiência.

 Operação conjugada

A produção máxima possível de frotas em operação conjugada pode ser obtida pela
análise da disponibilidade das frotas. A distribuição binomial é aplicável ao cálculo de
dimensionamento de frotas dos equipamentos:

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Onde:

Pin = probabilidade de ter exactamente n unidades disponíveis;

Ped = probabilidade de uma unidade estar disponível;

Pned = probabilidade de uma unidade não estar disponível;

Cnr = combinação de itens tomados, sendo r em um certo tempo.

 Resistência ao rolamento

A manutenção da superfície das estradas é muito importante para garantir a velocidade


de transporte e reduzir os custos com pneus.

A resistência ao rolamento é uma medida da força necessária para superar o atrito


interno dos rolamentos e, em unidades montadas sobre rodas pneumáticas, para superar
o efeito de retardamento entre os pneus e o solo. Isto inclui a resistência causada pela
penetração dos pneus no chão e pela flexão do pneu sob carga.

Onde:

Rr = resistência ao rolamento;

PBV = Peso bruto do veículo (kgf);

K = coeficiente de rolamento (kgf/t); K = 20 + 6a

o = afundamento (cm).

O coeficiente de rolamento depende do terreno sobre o qual o equipamento se


locomove. Alguns valores aproximados, em K(kgf/t), são:

 Asfalto ou concreto = 20
 Terra seca e firme = 30
 Terra seca e solta = 40
 Aterro sem compactação = 80
 Terra muito húmida e mole = 120

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A resistência ao rolamento pode ser expressa em termos de kgf ou percentagem. Por


exemplo, uma resistência de 2 kgf por 1t de massa do veículo é igual a 2% de
resistência de rolamento.

 Resistência de rampa

É uma medida da força, devido à gravidade, que é preciso superar para movimentar a
máquina em rampas desfavoráveis (aclives). A resistência da rampa é uma medida da
força, devido à gravidade, que ajuda na movimentação da máquina em rampas
favoráveis (declives).

Via de regra, as rampas são medidas em percentagem de inclinação, que é a relação


entre a ascensão ou queda vertical e a distância horizontal em que ocorre essa ascensão
(+) ou queda (-), segundo SILVA (2009). Por exemplo, uma inclinação de 10% equivale
a uma ascensão ou queda de 10 m para cada 100 m de distância horizontal (10:1) ou
𝑡𝑔𝜃 = 10/100 → θ = 5,7º em relação à horizontal. Uma ascensão de 4,60 m em 53,50 m
corresponde a uma inclinação de 8,6%. Isto é:

(4,60 m : 53,50 m) x 100% = 8,6% → θ = 4,9º.

O Factor de Resistência de Rampa (FRR) é expresso em kgf/t.

FRR = kgf/t x % de rampa

A resistência (ou assistência) de rampa pode então ser obtida multiplicando o Factor de
Resistência de Rampa pela massa da máquina em toneladas.

Resistência de Rampa = FRR x PBV

Resistência total é o efeito combinado da resistência ao rolamento (nos veículos de


roda) e da resistência de rampa.

3. OPERAÇÃO DE CARREGAMENTO E TRANSPORTE NA LAVRA A


CÉU ABERTO

As operações de carregamento e transporte consistem em retirar o material extraído da


frente de lavra até diferentes pontos de descarga.

Segundo QUEVEDO (2009), em minas a céu aberto as actividades se iniciam com a


preparação da área a ser lavrada para que ela possa ser perfurada e detonada, quando

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necessário. Então a escavação e o carregamento são feitos por equipamentos de carga


(pás carregadeiras ou escavadeiras) que estão alocados nas frentes de lavra. Estes
retiram o material e o carregam nos equipamentos de transporte, caminhões, correias
transportadoras, vagões, entre outros. O equipamento de transporte transporta o material
até um determinado ponto de descarga, esses pontos de descargas podem ser britadores,
pilha estéril ou pilha pulmão, e o ciclo da operação recomeça, sendo realizada de forma
contínua.

3.1. Equipamentos de carregamento em lavra a céu aberto

As operações de escavação e carregamento podem ser feitas pelo mesmo equipamento


ou por equipamentos distintos, sendo o primeiro caso chamado, segundo RICARDO &
CATALANI (2007), de unidades escavocarregadoras, mais comuns para corpos de
minério friáveis.

Os equipamentos mais utilizados para as operações de escavação e carregamento,


concomitante ou não, são escavadeiras a cabo, escavadeiras hidráulicas,
retroescavadeiras hidráulicas, carregadeiras sobre pneus ou esteira, motoscrapers,
dragas e monitores hidráulicos.

Na mineração de outros países são mais comuns equipamentos de maior porte, existindo
assim, um número superior de escavadeiras a cabo de grande porte. Já nas empresas de
mineração é mais frequente o uso de escavadeiras tipo “shovel”, ou caçamba frontal,
nas operações de escavação directa na frente de lavra, e concomitante carregamento da
unidade de transporte, para corpos friáveis. Estas escavadeiras “shovel”, segundo
RICARDO & CATALANI (2007), são adequadas para o uso em taludes por ter um
elevado alcance máximo para o corte.

3.2. Sistemas de Transporte na lavra a céu aberto

Na mineração existem vários métodos e sistemas de transporte de material, entretanto os


mais comuns são o transporte por caminhões e transporte por correias, ambos
detalhados a seguir.

3.3. Lavra com transporte por caminhões

O método de lavra por caminhões é o mais utilizado em todo o mundo. Com o


surgimento da mecanização alavancou-se a capacidade de lavra das minas, as rampas

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Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

começaram a ser vencidas e o aprofundamento das cavas tornou-se realidade. Os


equipamentos foram sendo modernizados e os conceitos de desmonte, carregamento e
transporte se consolidaram. Com o avanço da tecnologia surgiram variações, tais como
as escavadeiras eléctricas a cabo, diesel-eléctricas e hidráulicas. Segundo LOPES
(2010), os caminhões acompanharam o porte das escavadeiras, mas por falta de
tecnologia, foram barrados pelo tamanho dos pneus, caso que ocorreu no mesmo
período com as carregadeiras. Nas últimas décadas a tecnologia de fabricação de pneus
avançou e o tamanho dos caminhões e carregadeiras foi ampliado atingindo as
capacidades atuais de produção, o que provocou a possibilidade de ajuste de tamanho
das escavadeiras para as novas dimensões dos equipamentos de transporte.

A lavra com transporte por caminhões consiste basicamente de desmonte do material


“in situ”, que normalmente é executado por meio de perfuração e desmonte por
explosivo ou mecanicamente (tractores, escavadeiras ou carregadeiras, dependendo da
resistência do material). Outra possibilidade, dependendo da geologia do minério
lavrado é a própria escavadeira ou carregadeira escavar e carregar o equipamento de
transporte, no caso, caminhões. O transporte do material por caminhões até a estação de
britagem, descarga no silo e retorno até a frente de lavra, finaliza o ciclo do método
(LOPES, 2010).

Actualmente o mercado oferece caminhões com capacidades variando de 10 toneladas a


400 toneladas, ilustrado na Figura 2, e escavadeiras compatíveis para o carregamento
eficiente dos mesmos. A aplicação e o porte do conjunto de carga e transporte estão
inteiramente ligados à escala de produção, geometrias da cava e geologia da jazida.

Figura 2: Evolução do tamanho dos caminhões fora-de-estrada.

Fonte: LOPES, 2010

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Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

No estudo dos tempos e movimentos característicos do método convencional por


caminhões, esses são divididos em fixos e variáveis, sendo o primeiro composto por:
tempo de carga, tempo de descarga e tempo de manobras - soma de manobras para
carregamento e manobras para descarga. Já os tempos de transporte, carregado e vazio,
somados formam o tempo de ciclo variável. A distância de transporte está directamente
ligada ao tempo de ciclo por viagem dos caminhões que por consequência reflecte a
produtividade da frota. A Figura 4 relaciona a capacidade produtiva em toneladas
normais por hora de operação pela distância de transporte percorrida para vários
modelos com capacidades de cargas variáveis (LOPES, 2010).

Figura 3: Gráfico da capacidade de transporte dos caminhões.

Fonte: Adaptado de ZIMMERMANN e KRUSE, 2006.

De acordo com a análise da Figura 3, segundo LOPES (2010), observa-se que para se
manter uma produção constante requerida ao longo do tempo de vida das minas, pode-
se tomar mão de duas acções: aumentar o número de caminhões da frota ou alterar o
modelo por capacidades maiores mantendo o mesmo número de caminhões anteriores.
O tamanho do equipamento de carga poderá ou não acompanhar o aumento da
capacidade dos caminhões.

Vantagens da lavra com transporte por caminhões


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Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

Segundo LOPES (2010), são vantagens da Lavra com transporte por caminhões:

 Alta flexibilidade operacional especialmente quando a lavra selectiva é exigida.


O equipamento pode ser transferido para outras frentes de operação conforme
necessidade dos planos de lavra;
 A lavra pode ocorrer simultaneamente em vários níveis, facilitando a
“blindagem” do material, garantindo a qualidade;
 Os caminhões podem ser deslocados para a operação no estéril quando a estação
de tratamento que recebe o minério dos caminhões estiver parada;
 Menor variação nos teores médios da jazida devido à possibilidade de
verticalização da mina;
 Facilidade de contratação de mão-de-obra no mercado de trabalho devido à
predominância do método por caminhões nas minas a céu aberto;
 Tempo de “posto-em-marcha” reduzido. Os caminhões são pré-montados na
fábrica por partes e transportados, bastando montar o conjunto total no local da
obra;
 O desenvolvimento de estradas e praças para que os caminhões comecem as
operações são reduzidos, pois assim que são montados e iniciam as operações a
continuação dos mesmos pode ser feita pela própria frota;
 As operações não são interrompidas quando uma unidade de transporte é
paralisada por problemas de manutenção, é possível continuar a actividade até
um limite mínimo económico de caminhões operando simultaneamente;
 Pode-se manter a frota em operação, mesmo quando o silo de descarga estiver
paralisado, construindo pilhas reservas estratégicas próximo às estações de
descarga, para retomada posterior, quando a frota não puder operar
normalmente;
 O casamento das operações conjugadas com escavadeiras (shovel ou backhoe), e
carregadeiras (esteiras ou pneumáticos), pode ser alterado, caso as dimensões
sejam compatíveis, aumentando as opções de carregamento;
 Agilidade na evacuação dos equipamentos das áreas de risco iminente.

Desvantagens da lavra com transporte por caminhões

Planeamento de Operações Mineiras Página 21


Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

Ainda segundo LOPES (2010), são desvantagens da lavra com transporte por
caminhões:

 Possui eficiência energética relativamente baixa, dividida em 50% para o


próprio deslocamento do seu peso e 50% para o deslocamento das cargas;
 Elevado tempo de deslocamento vazio, em média 50% do tempo de ciclo de
transporte é gasto na actividade de retorno da descarga para frente de lavra em
operação;
 As estradas são relativamente longas devido à limitação de inclinação das
rampas, aumentando a distância de transporte gradativamente à medida que
novos níveis de operação são abertos na mina. Recomenda-se o máximo de 10%
de inclinação das rampas;
 Custo elevado para a abertura e conservação das vias de acesso dos caminhões;
 Redução e às vezes paralisação das operações devido a chuvas e neblinas que
causam instabilidade de tração e baixa visibilidade;
 Necessidade de equipamento de apoio para umectação de vias de acesso com o
objectivo de reduzir a poeira (sólidos em suspensão no ar), garantindo a boa
visibilidade para o operador e a redução do impacto ambiental da actividade;
 O aumento da distância de transporte implica em aditivo no número de
caminhões da frota necessário para garantir a produção desejada ou ampliação
do porte unitário com aquisição de caminhões de maior capacidade de transporte
de carga.

3.4. Lavra com transporte por correias transportadoras

Segundo LOPES (2010), a utilização de sistemas de correias transportadoras para


transportar o minério (ROM) proveniente das minas para as estações de britagem é cada
vez mais acentuada, tanto por sistemas de transporte de curta e/ou longa distância, ou
mesmo para a execução da própria lavra de minério em substituição total ou parcial da
frota de caminhões.

Ainda segundo LOPES (2010), as correias transportadoras são compostas de um


sistema motorizado que movimenta um tapete que circula por um leito apoiado a roletes
e rolos, formando um sistema de fluxo de material que se inicia no carregamento, passa
pelo transporte e termina na descarga.

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Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

O número de correias transportadoras necessário para a operação está directamente


ligado à distância e à altura a ser vencida. Para CEMA (1997), a inclinação máxima
vertical admissível em graus para minério de ferro é de 18° a 20°.

Os tipos de correias desenvolvidas para as diversas operações em mineração são


variados e suas aplicações estão inteiramente ligadas às características dos processos de
cada mina.

NUNES (2010) aponta que, a princípio, as correias transportadoras são utilizadas para
vencer as grandes distâncias desde o ponto de carga até o ponto de descarga,
proporcionando uma redução no custo operacional. Ademais a utilização das correias
acarreta na mudança de metodologia de disposição do material na pilha, diminuindo o
seu custo. Para isso podem ser utilizados dois métodos diferentes.

A disposição de estéril por caminhões tem sido utilizada ao longo dos anos para
formação de pilhas. No entanto, este método fica limitado para as pilhas que estão
localizadas até 4 km dos pontos de carga, conforme NUNES (2010). Para distâncias
maiores, os custos operacionais e o custo de capital ficam altos, o que viabiliza a
substituição dos caminhões por correias transportadoras.

NUNES (2010) apresenta outra metodologia de disposição de estéril na pilha: aquela


que utiliza correias transportadoras e um equipamento formador de pilha chamado
Espalhador (Spreader) Auto propelido, de alto custo de investimento. Neste método, a
velocidade de alteamento é muito grande e a perda de umidade do estéril é bastante
lenta. Em termos de parâmetros de resistência, a taxa de alteamento e o próprio método
construtivo não permitem a dissipação da pressão neutra do aterro e fundação.

O equipamento (Figura 4) lança o material na base da bancada formando a pilha. Essa


metodologia é bem difundida em outros países, como Suriname e Guiana, mas
principalmente na Austrália, onde o tempo seco propicia sua utilização.

Planeamento de Operações Mineiras Página 23


Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

Figura 4 – Disposição de estéril com Espalhador (Spreader).

Fonte: NUNES, 2010.

A operação da pilha de estéril por correia pode ser dividida em duas etapas: modo de
disposição e o modo de construção. Estudos geotécnicos são importantes para definir
vantagens e desvantagens nos sistemas possíveis.

Apesar de não se ter muitas informações e estudos sobre o método de disposição de


estéril por correias, a tecnologia já é aplicada em vários países, como Austrália, EUA,
entre outros.

Vantagens da lavra por sistema de correias transportadoras

Segundo LOPES (2010), são vantagens da lavra com sistema de transporte por correias:

talada na superfície do terreno, envolvendo fundações leves, com um


mínimo de estruturas de suporte;

 Capacidade de vencer rampas de até 30% sem perda de eficiência;


 Facilidade de vencer obstáculos sobre estruturas de suporte simples;
 Possuem uma demanda de energia eléctrica relativamente uniforme;
 Baixo custo de manutenção;

Planeamento de Operações Mineiras Página 24


Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

 Em transportes descendentes pode gerar energia e ser aproveitada;


 Reduzido número de operadores. Um ou dois são suficientes para monitorar
longos trechos de correias em operação (CEMA, 1997, apud LOPES, 2010);
 As operações não são paralisadas em razão das chuvas e neblinas baixas
garantindo a alimentação do sistema;
 Os riscos de acidentes são reduzidos devido ao número de equipamentos
envolvidos nas operações: um equipamento de escavação (tractor) e um de carga
(carregadeira) por unidade de frente em operação;
 Consumo específico (l/tonelada) de combustível fóssil reduzido devido ao
número de equipamentos móveis empregados (tractor e carregadeiras ou
detonação e carregadeiras), já que o transporte se dá por correias transportadoras
movidas à electricidade;
 O impacto ambiental é mitigado pela baixa emissão de gases provenientes da
queima de combustíveis fósseis e baixo volume de sólidos em suspensão
(poeiras);
 Menor dependência da altura dos bancos em função do equipamento de carga,
podendo ser elevados. Desta forma o volume de movimentado de minério por
distância é maior, ocasionando uma redução das movimentações de correias para
acompanhamento da lavra;
 Menor custo operacional, comparados ao sistema de transporte por caminhões.
Desvantagens da lavra por correias transportadoras

Ainda de acordo com LOPES (2010), são desvantagens da lavra com sistema de
transporte por correias:

 Flexibilidade comprometida. As frentes de lavra disponíveis localizam perto da


correia transportadora. Caso contrário, a distância de transporte entre a frente de
lavra e o carregador torna o método inviável;
 Paradas temporárias da frente de lavra são necessárias para a realocação das
correias conforme planeamento, em média de 2 a 3 dias;
 As produtividades das carregadeiras variam conforme a distância de transporte
da frente de lavra ao carregador;
 Excesso de horas improdutivas despendidas com limpeza das pistas e acertos de
praças de manobras;

Planeamento de Operações Mineiras Página 25


Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

 Dificuldade de garantir a qualidade da “blindagem” devido à disposição das


correias na cava e as frentes disponíveis;
 Requer um planeamento detalhado de médio e curto prazo;
 O sistema de correias não pode ser deslocado quando há necessidade de
desmonte por explosivos. Neste caso faz-se a protecção dos pontos críticos;
 Granulometria limitada pelo sistema de correias;
 A vida útil dos conjuntos pneumáticos das carregadeiras é comprometida devido
ao translado carregado das mesmas. Os modelos dos pneus são especiais e
consequentemente possuem custos maiores que os convencionais;
 A mão-de-obra especializada das carregadeiras requer treinamento específico e
sua disponibilidade no mercado é limitada devido ao número de minas com
operação por sistema de correias.
 Maior custo de investimento comparado ao sistema de transporte por caminhões.

4. SUBSTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS

Toda actividade económica, seja de transformação ou de serviços, envolve a utilização


de ferramentas para a optimização de seus trabalhos. Para que elas sejam as mais
adequadas possíveis para a tarefa, estudos de aquisição são necessários para se realizar o
seu correto dimensionamento. Nesta mesma linha, estudos de substituição devem ser
feitos para se saber o momento em que os equipamentos devem ser substituídos
(SOUSA JÚNIOR, 2012).

Segundo SOUSA JÚNIOR (2012), pode-se relacionar os seguintes factores que


conduzem à substituição de equipamentos:

 Desgaste: mudanças físicas ocorrem com o equipamento devido ao uso


constante, gerando declínio da eficiência, redução da qualidade do
produto/serviço prestado e aumento dos custos de operação/manutenção;
 Obsolescência: com o passar do tempo, podem aparecer equipamentos
tecnicamente mais aperfeiçoados no mercado. Considerando os ganhos
decorrentes dos avanços tecnológicos, a soma dos ganhos em desempenho e
redução dos custos pode justificar a troca de um equipamento;
 Exigências do Mercado: os clientes fazem novas exigências em torno de
requisitos, requerendo dos fornecedores uma adaptação para suprir a nova
demanda;
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Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

 Financiamento: oportunidades de aquisição de equipamentos facilitada


momentaneamente devido a linhas de crédito, incentivos do governo, entre
outros.

Ainda segundo SOUSA JÚNIOR (2012), outros factores que devem ser
considerados no momento de aquisição de equipamentos, mas que não são
computados directamente:

 Erros do passado: não devem ser considerados, pois não são possíveis de serem
previstos e provavelmente não irão acontecer de novo.
 Custos Irreversíveis: são custos que não podem ser resgatados, mas que possuem
significância para a empresa (por exemplo, a pintura de um equipamento).
 Perspectiva Externa: se refere à visão do mercado e mudanças no horizonte de
planeamento.
 Impostos: se referem às taxas envolvidas com a aquisição e lucro proporcionado
pelo equipamento.

Os factores citados anteriormente servem para formar uma base de referência para a
tomada de decisão em possíveis projectos de aquisição/substituição de equipamentos. É
importante ressaltar que nem todos esses factores podem estar disponíveis para o “ciclo
de vida” do activo e que quanto maior a disponibilidade e confiabilidade dos dados
apresentados, maior será o nível de confiança associado à tomada de decisão (SOUSA
JÚNIOR, 2012).

5. PLANEAMENTO DE LAVRA

Para operacionalizar o processo de extracção dentro da mina, deve-se sempre pensar nas
diversas fases pelas quais a mina irá passar ao longo da sua vida. O objectivo é
determinar para cada uma destas fases a massa de bem mineral lavrável e a massa de
rejeito e estéril associados que devem ser movimentados assim como os recursos
necessários para levar a cabo as operações de extracção. Cada uma destas fases recebe o
nome de Plano de Lavra (QUEVEDO, 2009).

Um plano de lavra é uma programação das actividades da mina, indicando os avanços a


serem feitos ao longo do tempo, nas respectivas frentes de lavra, além de conter
informações sobre a produção a ser implementada em cada uma dessas frentes. Os
planos de lavra auxiliam as actividades de planeamento e controle da produção, pois

Planeamento de Operações Mineiras Página 27


Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

permitem não somente prever as quantidades de minério e estéril lavradas, como


também determinar a qualidade do ROM e controlar as condições de segurança e de
manutenção da vida útil da mina por meio de uma relação estéril-minério adequada.

Segundo AMARAL (2008), a importância do planeamento de lavra está relacionada a


diversas etapas ao longo de todo o horizonte de operações de uma mina,
compreendendo desde os primeiros estudos de viabilidade económica até o
encerramento das operações. De acordo com o horizonte de tempo e os objectivos aos
quais estão relacionados, os planos de lavra podem ser classificados como de longo,
médio e curto prazo.

No longo prazo, as actividades de planeamento estão relacionadas à obtenção da cava


final optimizada, à estimação da reserva lavrável e à determinação de ângulos seguros
para a inclinação dos taludes, de forma a garantir a viabilidade das operações da mina.
Por ser uma etapa onde ocorre o dimensionamento e selecção de equipamentos por parte
dos engenheiros e gestores de forma a atingir metas de produtividade reduzindo custos
de produção, o planeamento de longo prazo será discutido no próximo tópico,
considerando a influência das metas de produtividade da empresa na selecção de
equipamentos minimizando os custos, bem como outras questões estratégicas
envolvidas.

A próxima etapa do planeamento, conhecida como sequenciamento de lavra, consiste


em determinar a sequência optimizada de evolução da cava, e está relacionada a
horizontes de médio e longos prazos. Nesses estudos, o retorno financeiro está
relacionado à qualidade do minério e, geralmente, a evolução da cava é representada por
uma sucessão de pequenas cavas que são diferenciadas pelo teor de corte (HUSTRULID
& KUCHTA, 1995). Em termos agregados, podem ainda ser incorporados aspectos
relacionados à capacidade da planta de tratamento (PEGMAN et al., 1996) e ao
atendimento da relação estéril-minério, segundo CACCETTA & HILL (2003).

O planeamento de curto prazo se refere aos aspectos operacionais da lavra da mina,


como a determinação do ritmo de lavra nas diversas frentes em actividade e a alocação
de equipamentos de carga e transporte (PINTO & MERSCHMANN, 2001;
MERSCHMANN, 2002; COSTA, 2005; COSTA et al., 2005). Como o horizonte
projectado é pequeno, a ocorrência de problemas na execução do plano pode afectar
directamente as operações das plantas de beneficiamento e o cumprimento de prazos de

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Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

entrega previstos em contractos. E, por este motivo, a atenção está voltada


principalmente para o atendimento de requisitos de produção, de qualidade e de redução
dos custos de operação da mina (AMARAL, 2008).

5.1. Planeamento de longo prazo

Um dos principais objectivos do planeamento de lavra de longo prazo é determinar os


limites finais optimizados da cava na área que será explorada, que é denominada cava
final optimizada.

A obtenção da cava final optimizada que define a extensão da reserva lavrável e os


limites além dos quais a explotação não é mais económica (CARMO, 2001), precisa ser
projectada ainda no início dos trabalhos de planeamento de lavra, e seu cálculo,
reconsiderado rotineiramente, pelo planeamento de longo prazo, durante toda a vida útil
da mina (CARMO et al., 2006), a fim de se fazer considerações a respeito das incertezas
no tempo (MORALES, 2003). A importância da sua determinação está

relacionada à maximização da riqueza futura (CARMO et al., 2006) e ao auxílio à


tomada de decisões em um ambiente caracterizado pela necessidade de altos
investimentos em projecto e com a aquisição de equipamentos. (AMARAL, 2008).

São baseados nestes limites de cavas que são estabelecidas as diversas áreas para
construções permanentes, a disposição de material estéril e barragens de rejeito,
garantindo assim que não haverá remanuseio de materiais e demolições de obras para o
andamento de lavra, o que acarretaria um aumento de custos para a mineradora.

No planeamento de longo prazo são traçados os avanços nos limites de lavra de cada
nível e calculadas as tonelagens retiradas de minério e estéril, seus teores, DMTs,
demais variáveis de interesse. Além disso, são traçados os acessos aos diversos pontos
da mina.

Neste nível de planeamento, a operação da frota de caminhões e do conjunto de


equipamentos de carga, escavadeiras e carregadeiras são avaliadas apenas do ponto de
vista bem abrangente (QUEVEDO, 2009). Porém é comum que nesta etapa do
planeamento seja feita a selecção e dimensionamento dos equipamentos de
carregamento e transporte de forma a atender todo o planeamento de altura de taludes,

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Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

rotas, infra-estrutura requerida, e principalmente atender as metas de produtividade


desejada com menores custos de produção possíveis.

Em suma, o propósito, neste nível de planeamento, é projectar o layout da mina, estudar


cenários e prever os custos de operação, de forma a reduzir os investimentos em
instalações e equipamentos, atingir as metas de produção, e maximizar o retorno
financeiro do empreendimento (HUSTRULID & KUCHTA, 1995).

6. ESTUDOS ANTERIORES SOBRE SELECÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE


MINERAÇÃO

Por ser uma etapa que incorre em altos investimentos e consequentemente em grandes
riscos económicos, existem vários estudos sobre selecção de equipamentos de
mineração que apresentam considerações e propõem técnicas e métodos que auxiliam
na tomada de decisão acerca da selecção acertada de equipamentos. A seguir serão

apresentados alguns estudos anteriores sobre selecção de equipamentos para o sistema


de carregamento e transporte na mineração a céu aberto.

RUNGE (1988) discute a influência da selecção de equipamentos na determinação da


cava optimizada fazendo um comparativo entre os equipamentos de alta e baixa
capacidade, relacionando-os com os custos unitários e selectividade de minério.

Em um estudo sobre as relações económicas e técnicas entre lavra a céu aberto e a


selecção de equipamentos, LIZOTTE (1988) destacou características específicas que
são pertinentes ao processo de selecção, como dimensões de bancadas, teores do
minério, entre outros.

Já demonstrando o início do uso de computadores no auxílio das actividades de rotina


na mineração, CLARKE, DENBY & SCHOFIELD (1990) descrevem o uso de
softwares como ferramenta de apoio a tomada de decisão na selecção de equipamento
de carga e transporte em mineração a céu-aberto.

BAŞÇETIN (2003) desenvolveu um sistema baseado em AHP (analytical hierarchy


process) ou Processo de Hierarquia Analítica, para selecção de equipamentos de carga e
transportes em minas subterrâneas ou a céu aberto.

SWANEPOEL (2003) desenvolveu um método cujo objectivo é a maximização do


retorno financeiro obtido com os equipamentos que devem ser adquiridos, avaliando a
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Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

influência da altura dos taludes da mina nas taxas efectivas de utilização dos
equipamentos de carga.

Em seu estudo, BOZORGEBRAHIMI, HALL & BLACKWELL (2003), propõem o uso


da simulação computacional como ferramenta de auxílio no planeamento de mina e
selecção de equipamento e sugere uma metodologia para analisar factores que são
influenciados pelas variações nos tamanhos dos equipamentos através do uso da
simulação computacional.

BAŞÇETIN et al. (2006) desenvolveram um sistema especialista baseado em conjuntos


nebulosos (lógica fuzzy) para análise de alternativas da selecção e uso de frotas de
equipamentos de mineração.

SOUSA JÚNIOR (2012) desenvolveu um trabalho propondo o uso da metodologia de


auxílio multicritério à decisão (MCDA em inglês ou AMD em português) no auxílio ao
processo de selecção de equipamentos para mineração.

Dentre os estudos feitos anteriormente sobre selecção de equipamentos para mineração,


vários factores foram considerados nas análises, discussões e proposições pelos autores.
Porém na literatura actual, a área de selecção de equipamentos com análise dos custos
de operação ainda é pouco abordada.

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Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

7. CONCLUSÕES

O presente trabalho demonstrou que o dimensionamento de uma frota de carregamento


e transporte para uma mineração a céu aberto é muito importante para o aumento da
produtividade e redução de custos.

A análise do comportamento dos custos com a variação do volume de produção para


faixas de capacidade produtiva da frota propiciou uma visão mais abrangente do
dimensionamento de frotas de carregamento e transporte em uma mineração a céu
aberto.

Considerando os diferentes sistemas de carregamento e transporte na mineração ao


analisar suas vantagens e desvantagens percebe-se que não existe um método que pode
ser considerado o mais adequado para todas as situações. O sistema de carregamento e
transporte a ser utilizado deve ser aquele que mais se adequa às condições técnicas e
económicas de cada mina.

O estudo e análise dos métodos e conceitos fundamentais da selecção de equipamentos,


dimensionamento de frotas e estimação dos custos de operação presentes na literatura
actual, foram base para o entendimento e aplicação prática dos principais conceitos e
técnicos relacionados ao dimensionamento. Todavia, das diversas técnicas e conceitos
para dimensionamento de frota presentes na literatura, neste trabalho foi utilizado o
dimensionamento de frota por indicadores de produção, que se bem utilizados geram
resultados com um bom nível de aderência à realidade da operação.

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Dimensionamento de Equipamentos de Lavra

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARMO, F. A. R.; CURI, A.; SOUSA, W. T. Optimização económica de explotações a


céu aberto. Revista Escola de Minas, v. 59, n.3 p. 317-321, 2006.

COSTA, F. P. Aplicações de técnicas de optimização a problemas de planeamento


operacional de lavra em minas a céu aberto. Ouro Preto: Escola de Minas da
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Graduação em Engenharia Mineral. 2005. 140 p.

COSTA, F. P.; SOUZA, M. J. F.; PINTO, L. R. Um modelo de programação


matemática para alocação estática de caminhões visando ao atendimento de metas de
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