Cap 3 1 Aproximacao Linear e Diferenciais

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Cálculo 2 - Capı́tulo 3.

1 - Aproximação linear e diferenciais 1

Capı́tulo 3.1 - Aproximação linear e


diferenciais
3.1.1 - Aproximação linear
3.1.2 - Diferenciais

Vamos, neste capı́tulo, generalizar os conceitos de aproximação linear e diferenciais para funções de diversas
variáveis. Isto prepara o terreno para os dois próximos capı́tulos, que tratam de otimização envolvendo funções
de diversas variáveis.

3.1.1 - Aproximação linear


Em Cálculo 1, vimos como certas funções podiam ser aproximadas localmente por uma reta e estabelecemos
o conceito de reta tangente a uma função em determinado ponto. Dada uma reta y = ax + b, onde a e b são
constantes, se esta for uma reta tangente a uma determinada curva f (x) em um ponto (x0 , y0 ), então ela deve
satisfazer duas condições. Primeiro, a reta deve assumir o mesmo valor da função em x = x0 , de modo que
y(x0 ) = f (x0 ) ⇔ ax0 + b = f (x0 ) .
A outra condição é que o coeficiente angular da reta, a, deve ser igual à taxa instantânea de variação da curva
em x = x0 , que é a sua derivada naquele ponto, ou seja,
a = f ′ (x0 ) .
Substituindo a na primeira equação que foi obtida, temos y

b = f (x0 ) − ax0 ⇔ b = f (x0 ) − f ′ (x0 )x0 .

Substituindo os coeficientes a e b na equação da reta, ficamos com

y = ax + b = f ′ (x0 )x + f (x0 ) − f ′ (x0 )x0 .

Colocando f ′ (x0 ) em evidência, ficamos com a equação y0 b

y = f (x0 ) + f ′ (x0 )(x − x0 ) ,


x
0 x0
que é a equação da reta tangente à função f (x) em x = x0 .

Exemplo 1: calcule a equação da reta tangente à função f (x) = x3 no ponto onde x = 1 e esboce o seu
gráfico. y
Solução: a equação da reta tangente a essa função é dada por
y = f (x0 ) + f ′ (x0 )(x − x0 ) ⇔ f (1) = f ′ (1)(x − 1) . 3

A derivada da função é dada por f ′ (x) = 3x2 , de modo que


2

3 ′
f (1) = 1 = 1 e f (1) = 3 · 1 = 3 .
b
1

Desse modo, temos


x
y = 1 + 3(x − 1) ⇔ y = 1 + 3x − 3 ⇔ y = 3x − 2 . -1 0 1

-1
Os gráficos da função e da reta tangente são feitos na figura ao
lado.
Cálculo 2 - Capı́tulo 3.1 - Aproximação linear e diferenciais 2

Vamos, agora, generalizar essa idéia para uma função de duas variáveis. Dada uma função f (x, y) diferen-
ciável em x e em y, ela pode ser aproximada localmente por um plano, como mostram as figuras a seguir.

4.0

3.0

2.0
-3.

-3
0

.0
-2. 1.0

-2
0

.0
-1.
0 -1
.0

1.0
1.
0

2.0
2.
0

x y

O exemplo a seguir mostra o cálculo de um plano tangente.

Exemplo 2: calcule o plano tangente à função f (x, y) = 4 − x2 − y 2 em (x0 , y0 ) = (0, 1).


Solução: a equação de um plano pode ser escrita como z = ax + by + c, onde a, b e c são constantes. Para que um
plano seja tangente à função dada em (1, 1). Sendo assim, devemos ter

z(0, 1) = f (0, 1) ⇔ 0 + b + c = 4 − 0 − 1 ⇔ b + c = 3 .

Além disto, o plano deve, localmente, ter a mesma inclinação que a função com relação aos eixos x e y, o que
implica que as derivadas parciais com relação às duas variáveis do plano e da função devem ser iguais no ponto
(0, 1). Como as derivadas parciais de f (x, y) e de z(x, y) são, respectivamente,
z
fx = −2x , fy = −2y , zx = a , zy = b ,
devemos ter 4.0

zx (0, 1) = fx (0, 1) ⇔ a = 0 , zy (0, 1) = fy (0, 1) ⇔ b = −2 . 3.0


b

Substituindo na primeira equação conseguida, temos


2.0
c = 3 − b ⇔ c = 3 − (−2) = 5 . -3.

-3
0
.0
-2. 1.0
-2
0
.0

Portanto, a equação do plano tangente fica -1.


-1

0
.0

1.0
z = −2y + 5 .
1.
0

2.0
2.
0

Os gráficos da função e do plano tangente são feitos na figura ao lado. x y

Vamos, agora, determinar a equação geral do plano tangente a uma função f (x, y) em um ponto (x0 , y0 ).
Sabemos que um plano tem uma equação do tipo z = ax + by + c, onde a, b e c são constantes. Para que esse
plano seja tangente a uma determinada função f (x, y) em um ponto (x0 , y0 ), ele deve satisfazer as seguintes
condições:
z(x0 , y0 ) = f (x0 , y0 ) ⇔ ax0 + by0 + c = f (x0 , y0 ) ,
zx (x0 , y0 ) = fx (x0 , y0 ) ⇔ a = fx (x0 , y0 ) ,
zy (x0 , y0 ) = fy (x0 , y0 ) ⇔ b = fy (x0 , y0 ) .

Substituindo os valores de a e b na primeira equação, temos

c = f (x0 , y0 ) − ax0 − by0 ⇔ c = f (x0 , y0 ) − fx (x0 , y0 )x0 − fy (x0 , y0 )y0 .

Portanto, a equação do plano tangente fica

z = fx (x0 , y0 )x + fy (x0 , y0 )y + f (x0 , y0 ) − fx (x0 , y0 )x0 − fy (x0 , y0 )y0 .


Cálculo 2 - Capı́tulo 3.1 - Aproximação linear e diferenciais 3

Colocando fx (x0 , y0 ) e fy (x0 , y0 ) em evidência, ficamos com a seguinte equação para o plano tangente:

z = f (x0 , y0 ) + fx (x0 , y0 )(x − x0 ) + fy (x0 , y0 )(y − y0 ) .

Vamos utilizar essa fórmula no cálculo de um outro plano tangente.

Exemplo 3: calcule o plano tangente à função f (x, y) = exp(−x2 − y 2 + 2x + y) em (x0 , y0 ) = (0, 0).
Solução: as derivadas parciais da função dada são

fx = exp(−x2 − y 2 + 2x + y) · (−2x + 2) , fy = exp(−x2 − y 2 + 2x + y) · (−2y + 1) .

Sendo assim, temos

z = f (0, 0) + fx (0, 0)(x − 0) + fy (0, 0)(y − 0) = e0 + e0 · 2x + e0 · 1y = 1 + 2x + y .

O conceito de plano tangente pode ser generalizado para funções de mais de duas variáveis. Para funções
de três variáveis, por exemplo, temos o espaço tangente, que é um espaço que “tangencia” em um determinado
ponto a figura quadridimensional que representa a função. Para funções com mais variáveis é comum nos
referirmos a hiperplanos tangentes a determinadas funções.

Exemplo 4: calcule o espaço tangente à função f (x, y) = xy 3 − 3xz em (x0 , y0 , z0 ) = (1, 0, 1).
Solução: por analogia, vamos considerar esse espaço tangente como tendo sua equação dada por

w = f (x0 , y0 , z0 ) + fx (x0 , y0 , z0 )(x − x0 ) + fy (x0 , y0 , z0 )(y − y0 ) + fz (x0 , y0 , z0 )(z − z0 ) .

As derivadas parciais da função dada são fx = y 3 − 3z, fy = 3xy 2 e fz = −3x. Sendo assim, temos

w = f (1, 0, 1) + fx (1, 0, 1)(x − 1) + fy (1, 0, 1)(y − 0) + fz (1, 0, 1)(z − 1) =


= −3 + (−3)(x − 1) + 0y + (−3)(z − 1) = −3 − 3x + 3 − 3z + 3 = 3 − 3x − 3z .

3.1.2 - Diferenciais
Começamos esta seção recordando o conceito de diferencial para funções de uma variável. Começamos
recordando o que é a variação ∆f de uma função f (x) quando sua variável independente muda em ∆x, que é
dada por
∆f = f (x + ∆x) − f (x) .
A diferencial df pode ser vista como uma aproximação linear da variação ∆f quando essa variação for muito
pequena. Ela é a variação não da função, mas de sua reta tangente em um determinado ponto x0 .
O primeiro gráfico a seguir mostra a variação ∆f de uma função f (x) mediante uma mudança ∆x na variável
x. O segundo gráfico mostra a diferencial df decorrente de uma variação dx = ∆x na variável independente.
Note que uma é baseada na reta secante entre x e x + ∆ e a outra na reta tangente à função no ponto (x, f (x)).
Embora ∆f e df não sejam iguais, essas variações são bastante próximas se ∆x tender a zero.

y y

f (x + ∆x) b

f (x) + df b

∆f
df
f (x) b
f (x) b

x x
x x + ∆x x x + dx
Cálculo 2 - Capı́tulo 3.1 - Aproximação linear e diferenciais 4

Para montarmos uma equação que determine a diferencial, lembremos que o coeficiente angular da reta
tangente à função f (x) em (x, f (x)) é dado por a = f ′ (x). No entanto, do gráfico dessa reta tangente mostrado
acima podemos ver que o coeficiente angular da reta tangente pode ser escrito
df
a= ⇔ df = a dx ,
dx
df
onde na equação acima dx é um quociente e não a derivada escrita na notação de Leibniz. Como a = f ′ (x),
conseguimos a fórmula
df = f ′ (x) dx .

A expressão acima relaciona o que chamamos de diferencial de f com a diferencial de x. Vejamos um exemplo.

Exemplo 1: calcule a diferencial da função f (x) = x2 .


Solução: temos que df = f ′ (x) dx ⇔ df = 2x dx.

No caso de funções de duas variáveis, vamos definir a variação de f (x, y) quando x varia em ∆x e y varia
em y + ∆y como sendo dada por

∆f = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y) .

A variação do plano tangente ao ponto (x0 , y0 ) fica

∆z = z(x + ∆x, y + ∆y) − z(x, y) = [f (x0 , y0 ) + fx (x0 , y0 )(x + ∆x − x0 ) + fy (x0 , y0 )(y + ∆y − y0 )]


− [f (x0 , y0 ) + fx (x0 , y0 )(x − x0 ) + fy (x0 , y0 )(y − y0 )] =
= f (x0 , y0 ) + fx (x0 , y0 )(x − x0 ) + fx (x0 , y0 )∆x + fy (x0 , y0 )(y − y0 ) + fy (x0 , y0 )∆y − f (x0 , y0 ) −
−fx (x0 , y0 )(x − x0 ) − fy (x0 , y0 )(y − y0 ) = fx (x0 , y0 )∆x + fy (x0 , y0 )∆y .

As duas figuras a seguir mostram a diferença entre a variação ∆f para uma determinada função e a variação
∆z do plano tangente a ela em um ponto (x0 , y0 ).
z z

∆f ∆z
b
b

∆x ∆y ∆x ∆y
b bb

y y

x x

Exemplo 2: calcule a variação ∆f da função f (x, y) = 4 − x2 − y 2 quando x varia de x = 0 até x = 0, 7 e y


varia de y = 1 até y = 1, 3. Depois, calcule a variação do plano tangente a f (x, y) em (x0 , y0 ) = (0, 1) quan-
do x e y sofrem as mesmas variações.
Solução: temos

∆f = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y) = 4 − (x + ∆x)2 − (y + ∆y)2 − 4 + x2 + y 2 =


− x2 + 2∆x + (∆x)2 − y 2 + 2∆y + (∆y)2 + x2 + y 2 =
   
=
= −x2 − 2∆x − (∆x)2 − y 2 − 2∆y − (∆y)2 + x2 + y 2 = −2∆x − (∆x)2 − 2∆y − (∆y)2 .

O plano tangente a essa função no ponto (0, 1) já foi calculado no exemplo 2 da seção passada. O resultado é
z = 5 − 2y. Para esse plano tangente, temos

∆z = z(x + ∆x, y + ∆y) − z(x, y) = 5 − 2(y + ∆y) − 5 + 2y = −2y − 2∆y + 2y = −2∆y .


Cálculo 2 - Capı́tulo 3.1 - Aproximação linear e diferenciais 5
De acordo com as variações dadas pelo problema, temos x = 0, ∆x = 0, 7, y = 1 e ∆y = 0, 3, de modo que

∆f = −2 · 0, 7 − 0, 72 − 2 · 0, 3 − 0, 32 = −1, 4 − 0, 49 − 0, 6 − 0, 09 = −2, 58 ,
∆z = −2 · 0, 3 = −0, 6 .

As curvas resultantes das variações estipuladas sobre as superfı́cies do gráfico da função e do plano tangente
estão representadas nas figuras a seguir.

z z

4.0 4.0

3.0 3.0
b b

2.0 2.0
b
-3. -3.
-3

-3
0- 1.0 0- 1.0
.0

.0
b
2.0 2.0
-2

-2
.0

.0
-1. -1.
-1

-1
0 0
.0

.0
1.0 1.0
1.

1.
0

0
2.0 2.0
2.

2.
0

0
x y x y

Vimos, então, que a variação de um plano tangente a uma função f (x, y) em um ponto (x0 , y0 ) quando
temos uma variação x0 → x0 + ∆x e y0 → y0 + ∆y é dada por

∆z = fx (x0 , y0 )∆x + fy (x0 , y0 )∆y .

Se partirmos de um ponto (x, y) genérico e escrevermos df = ∆z, dx = ∆x e dy = ∆y, ficamos com a definição
da diferencial de uma função de duas variáveis:

df = fx dx + fy dy .

A diferencial de uma função de mais de uma variável é também chamada diferencial total. Esta definição é
usada nos dois exemplos a seguir.

Exemplo 3: calcule a diferencial da função f (x, y) = sen (xy 2 ) .


Solução: como fx = cos(xy 2 ) · y 2 , fy = cos(xy 2 ) · 2xy , temos df = y 2 cos(xy 2 ) dx + 2xy cos(xy 2 ) dy .

A seguir, mostraremos uma aplicação de diferenciais à produção industrial utilizando a função de produção
de Cobb-Douglas, vista pela primeira vez no Capı́tulo 1.1: P (K, L) = AK α L1−α , onde P é a produção, A é
a constante tecnológica, K é o capital investido em infra-estrutura e maquinário e L é o capital investido em
trabalho.

Exemplo 4: consideremos novamente a função de produção de Cobb-Douglas P = K 0,6 L0,4 . Calcule a vari-
ação dessa função quando o capital investido em infra-estrutura varia em ∆K e o capitla investido em tra-
balho varia em ∆L. Depois, calcule a diferencial de P (K, L). Use esses resultados para calcular ∆P e dP
quando K = L = 1
Solução: para a variação de P (K, L), temos

∆P = P (K + ∆K, L + ∆L) − P (K, L) = (K + ∆K)0,6 (L + ∆L)0,4 − K 0,6 L0,4 .

Para calcular a diferencial de P (K, L), precisamos das derivadas parciais de P , que ficam

PK = 0, 6K −0,4L0,4 , PL = 0, 4K 0,6 L−0,6 .

Portanto, a diferencial fica


dP = 0, 6K −0,4L0,4 dK + 0, 4K 0,6L−0,6 dL .
Para K = L = 1, temos

∆P = (1 + ∆K)0,6 (1 + ∆L)0,4 − 10,6 10,4 = (1 + ∆K)0,6 (1 + ∆L)0,4 − 1 ,


dP = 0, 6 · 1−0,4 10,4 dK + 0, 4 · 10,6 1−0,6 dL = 0, 6dK + 0, 6dL .
Cálculo 2 - Capı́tulo 3.1 - Aproximação linear e diferenciais 6

Note que a fórmula para a diferencial estabelece uma relação linear entre a variação do capital investido e a
variação da produção. Por exemplo, para uma variação dK = 0, 1, temos uma variação dP = 0, 6 · 0, 1 = 0, 06
na produção. O mesmo tipo de relação não existe na fórmula exata, mas muito mais complexa, da variação
∆P .

Exemplo 5: use as equações obtidas no exemplo anterior para calcular a variação da produção e a sua di-
ferencial quando K varia de 1 a 0,2 e L varia de 1 a 0,1.
Solução: vamos calcular a variação ∆P para K = L = 1, ∆K = 0, 2 e ∆L = 0, 1:

∆P = (1 + 0, 2)0,6 (1 + 0, 1)0,4 − 1 = 1, 20,6 1, 10,4 − 1 ≈ 0, 1589 .

A diferencial para K = L = 1, dK = 0, 2 e dL = 0, 1, fica

dP = 0, 6 · 0, 2 + 0, 4 · 0, 1 = 0, 12 + 0, 04 = 0, 16 .

Os dois resultados são parecidos, pois os valores das variações são pequenos.

O exemplo 5 mostra uma aplicação da diferencial que é usada freqüentemente. Em geral, é muito mais
rápido calcular a diferencial do que a variação de uma função. A outra vantagem é que a diferencial expressa
uma relação linear entre a variação e o resultado. Isto está expresso no exemplo a seguir.

Exemplo 6: utilizando a mesma função de produção do exemplo anterior, P = K 0,6 L0,4 , faça uma tabela
para os valores de ∆P e dP onde, partindo de K = L = 1 e ∆K = dK = ∆L = dL = 0, sejam feitos
incrementos de 0, 1 em ∆K = dK até chegar ao incremento ∆K = dK = 1.
Solução: fixando K = L = 1, ∆L = dL = 0 e deixando ∆K = dK livres, temos:

∆P = P (1 + ∆K, 1 + 0) − P (1, 1) = ∆K = dk ∆p dP
= (1 + ∆K)0,6 10 , 4 − 10 , 610 , 4 = 0 0 0
0, 1 0, 059 0, 06
= (1 + ∆K)0,6 − 1 , 0, 2 0, 116 0, 12
dP = 0, 6 · 1−0,4 10,4 · dK + 0, 4 · 10,6 1−0,6 · 0 = 0, 3 0, 170 0, 18
= 0, 6 dK . 0, 4 0, 224 0, 24
0, 5 0, 275 0, 3
Note, desde já, que dP estabelece uma relação direta, 0, 6 0, 326 0, 36
linear, entre dP e dK, sendo que o mesmo não acontece para 0, 7 0, 375 0, 42
∆P e ∆K. Calculando agora a variação e a diferencial para 0, 8 0, 423 0, 48
os valores pedidos de ∆K = dK, obtemos a tabela ao lado 0, 9 0, 470 0, 54
(os resultados de ∆P estão rerpesentados com três casas 1 0, 516 0, 6
decimais de precisão).
∆P , dP
O gráfico ao lado mostra o comportamento de ∆P
b
(em vermelho) e de dP (em azul) conforme variamos b
b
0, 5 b b
∆K = dK. Note que dP tem uma relação linear com b
b
b
b
dK (linha reta no gráfico) e que os valores de ∆P e b
b
b

0, 25 bb
dp são bastante parecidos para valores pequenos de bb
b
∆K = dK, mas vão ficando mais distantes conforme b
b
essas variações ficam mais pronunciadas. 0
∆K = dK
0, 25 0, 5 0, 75 1

Também podemos generalizar o conceito de diferenciais para funções de mais de duas variáveis. Por exemplo,
a diferencial de uma função f (x, y, z) é dada por

df = fx dx + fy dy + fz dz .
Cálculo 2 - Capı́tulo 3.1 - Aproximação linear e diferenciais 7

Resumo
• Aproximação linear: o plano tangente a uma função f (x, y) em (x0 , y0 ) é dado por

z = f (x0 , y0 ) + fx (x0 , y0 )(x − x0 ) + fy (x0 , y0 )(y − y0 ) .

• Diferenciais: a diferencial de uma função f (x, y) é dada por

df = fx dx + fy dy .
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Exercı́cios - Capı́tulo 3.1

Nı́vel 1

Aproximação linear

Exemplo 1: calcule a equação do plano tangente à função f (x, y) = ln(xy 2 ) em (x, y) = (1, 1).
Solução: primeiro, calculamos as derivadas parciais da função:
1 1 1 2
fx = 2
· y2 = , fy = 2
· 2xy = .
xy x xy y
Agora, calculamos a equação do plano tangente, dada por

z = f (x0 , y0 ) + fx (x0 , y0 )(x − x0 ) + fy (x0 , y0 )(y − y0 ) .

Para (x, y) = (1, 1), temos


1 2
z = ln(1 · 12 ) + · (x − 1) + (y − 1) = 0 + 1 · (x − 1) + 2 · (y − 1) = x − 1 + 2y − 2 = −3 + x + 2y .
1 1

E1) Calcule as equações dos planos tangentes às seguintes funções, nos pontos determinados:
a) f (x, y) = x3 y em (x, y) = (1, −1), b) f (x, y) = x2 + y 2 − 3x + y em (x, y) = (0, 0),
c) f (x, y) = 4 − 3x2 − 2y 2 em (x, y) = (1, 1), d) f (x, y) = 2x + cos y em (x, y) = (1, 0),
p
e) f (x, y) = 2x + cos y em (x, y) = (0, 0), f) f (x, y) = x2 − 3y 2 em (x, y) = (2, 1),
2 −y 2
g) f (x, y) = e−x em (x, y) = (0, 0), h) f (x, y, z) = x2 + 2y 2 − 3z 2 em (x, y, z) = 1.

Diferenciais

Exemplo 2: calcule a diferencial da função f (x, y) = ln(xy 2 ).


Solução: como as derivadas parciais da função já foram calculadas no exemplo 1, temos
1 2
df = dx + dy .
x y

E2) Calcule as diferenciais das funções do exercı́cio E1.

Exemplo 3: para a função dos exemplos 1 e 2, calcule, com precisão de três casas decimais, ∆f e df para
(x, y) = (1, 1), ∆x = dx = 0, 1 e ∆y = dy = 0, 1.
Solução: temos

∆f = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y) = f (1 + 0, 1 , 1 + 0, 1) − f (1, 1) = f (1, 1 , 1, 1) − f (1, 1) =


= ln(1, 1 · 1, 12 ) − ln(1 · 12 ) = ln(1, 331) − ln 1 = ln(1, 331) ≈ 0, 286 ,
1 2
df = · 0, 1 + · 0, 1 = 0, 1 + 0, 2 = 0, 3 .
1 1

E3) Calcule, com precisão de três casa decimais, a variação ∆f e a diferencial df de cada uma das funções do
exercı́cio E1 para o ponto dado naquele exercı́cio quando ∆x = dx = 0, 1 e ∆y = dy = 0, 1.
Cálculo 2 - Capı́tulo 3.1 - Aproximação linear e diferenciais 9

Nı́vel 2

E1) O plano tangente à superfı́cie que representa uma função f (x, y) no ponto (1, 1, 7) é z = 4x − 5y + 8.
Determine fx (1, 1) e fy (1, 1).
E2) Determine a equação do plano tangente à superfı́cie dada por f (x, y) = x2 + y 2 e que é paralelo ao plano
z = 4x + 2y.
E3) Determine a equação do plano tangente à superfı́cie dada por f (x, y) = xy 2 que passa pelos pontos
(1, 0, −1) e (0, 1, 0).
E4) Dada f (x, y) = xy 2 − 2xy em (x, y) = (1, 1), calcule a variação ∆f e a diferencial df relativas às mudanças
∆x = dx = 0, 01 e ∆y = dy = 0, 02. Use uma precisão de quatro casas decimais nas respostas.
E5) Uma chapa de aço industrial deveria ter 2 m de largura por 3 m de comprimento, mas o processo de
fabricação pode cometer erros de até 2 mm em ambas as dimensões. Utilizando o conceito de diferencial,
estabeleça uma fórmula que dê a área aproximada da chapa dados erros dx no comprimento e dy na largura da
chapa. Utilize essa fórmula para determinar o quanto a área da chapa pode variar dependendo dado o intervalo
possı́vel de erros nas dimensões desta.
E6) Sua empresa, cuja produção é modelada por P (K, L) = K 0,6 L0,4 , tem 1 milhão de reais investidos em
capital e 1 milhão gastos em trabalho.
a) Calcule ∆P = P (K + ∆K, L + ∆L) − P (K, L) e dP = PK dK + PL dL para esses valores de investimento.
b) Suponha que você tenha cinco segundos para decidir qual o efeito sobre a produção de um investimento
extra de 0,2 milhão em capital e 0,1 milhão em trabalho. Qual será o resultado calculado?
E7) Considere uma função de Cobb-Douglas P (K, L) = AK α L1−α .
dP
a) Calcule .
P
dP
b) Dado que = a dK + b dL, explique os significados das constantes a e b.
P

Nı́vel 3

E1) Todo executivo que viaja para paı́ses frios como o Canadá tem que se preocupar com a chamada sensação
térmica causada pelo vento, mais conhecida pelo nome em inglês “wind-chill factor”. Esse fator considera a
sensação que uma pessoa exposta ao vento tem da temperatura em sua pele. Quanto maior a velocidade do
vento, mais frio a pessoa sentirá.
A tabela a seguir mostra a sensação térmica (em o C) da temperatura W sentida como função da temperatura
T (em o C) medida em um termômetro e da velocidade v (em km/h) do vento.

T \v 20 30 40 50 60 70
−10 −18 −20 −21 −22 −23 −23
−15 −24 −26 −27 −29 −30 −30
−20 −30 −33 −34 −35 −36 −37
−25 −37 −39 −41 −42 −43 −44
Fonte: James Stewart, Calculus, 5th Edition.
Calcule a aproximação linear para a função W (T, v) para o ponto (−15, 50, −29) e use-a para calcular a
sensação térmica aproximada para uma temperatura real de −17o C a uma velocidade do vento de 55 km/h.
E2) Um tubo cilı́ndrico de alumı́nio é feito com uma chapa 0, 5 cm de espessura. O raio interno do tubo é
r = 1 m e a sua altura é h = 2 m.
Cálculo 2 - Capı́tulo 3.1 - Aproximação linear e diferenciais 10

a) Calcule o volume de material utilizado na fabricação do tubo.


b) Utilizando uma diferencial, calcule o volume aproximado de material utilizado na fabricação desse tubo.
E3) Uma lata cilı́ndrica de raio externo r e altura externa h é toda feita do mesmo material. A espessura da
chapa retangular utilizada para fazer os lados da lata é ∆r e a espessura das chapas circulares utilizadas para
fazer a tampa e a base da lata é ∆h.
a) Calcule uma expressão para o volume V do material utilizado na confecção dessa lata.
b) Escreva uma expressão aproximada para o volume V̄ do material utilizado na lata que seja linear em ∆r e
em ∆h.
c) Utilize as expressões deduzidas nos itens a e b para calcular o volume verdadeiro e aproximado do material
utilizado na lata quando r = 4 cm, h = 10 cm, ∆r = 0, 05 cm e ∆h = 0, 1 cm.
E4) Faça a aproximação linear de f (x, y) = xy em (1, 2) e use esse resultado para aproximar a expressão
(1, 02)2,01 . Compare esse resultado com o valor verdadeiro da expressão.
p
E5) Faça apaproximação linear de f (x, y, z) = xy 2 − z em (2, −1, 1) e use esse resultado para aproximar a
expressão (1, 02)(−0, 99)2 − (2, 01). Verifique se essa aproximação é válida e calcule o valor verdadeiro da
expressão.
E6) Considere um plano ax + by + cz + d = 0. Podemos conseguir a equação da reta normal a um ponto
(x0 , y0 , z0 ) desse plano por meio de um vetor gradiente. Começamos considerando o plano como uma superfı́cie
de nı́vel de uma função  (quadridimensional)
 f (x, y, z) = ax + by + cz + d. O gradiente dessa função pode ser
a
escrito ∇f ~ (x0 , y0 , z0 ) =  b . Lembrando agora que o gradiente é um vetor que é ortogonal às curvas de nı́vel
c
(superfı́cies de nı́vel, neste caso), então uma linha que ligue o ponto (x0 , y0 , z0 ) ao ponto (x0 + a, y0 + b, z0 + c)
pertencerá à reta normal ao plano dado. Podemos escrever uma equação para a reta normal da seguinte
forma: (x0 , y0 , z0 ) + (a, b, c)t, onde t varia no intervalo de todos os números reais, percorrendo, assim, uma reta
completa.
Use esse conhecimento para determinar a equação da reta normal ao plano tangente à superfı́cie dada por
f (x, y) = 4 − x2 − y 2 no ponto (1, 1, 2).
E7) Considere novamente a função f (x, y) = 4 − x2 − y 2 e o plano tangente a ela no ponto (1, 1, 3). Calcule a
posição do ponto que está a uma distância de 1 unidade desse plano tangente a partir do ponto (1, 1, 3).
x2 y 2 z 2
E8) Considere o elipsóide dado por + 2 + 2 = 1. Mostre que a equação do plano tangente a esse elipsóide
a2 b c
x0 y0 z0
em um ponto (x0 , y0 , z0 ) dessa superfı́cie é dada por 2 x + 2 y + 2 z = 1.
a b c

Respostas

Nı́vel 1

E1) a) z = 3 − 3x + y, b) z = −3x + y, c) z = 9 − 6x − 4y, d) z = 1 + 2x, e) z = 1 + 2x, f) z = 2x − 3y, g) z = 1,


h) z = 2x+4y −6z (este não é bem um plano tangente, mas um espaço tangente a uma superfı́cie quadridimensional).
E2) a) df = 3x2 y dx + x3 dy, b) df = (2x − 3) dx + (2y + 1) dy, c) df = −6x dx − 4y dy, d) df = 2 dx − sen y dy,
2
x 3y −y 2 2
−y 2
e) df = 2 dx − sen y dy, f) √ dx − √ dy, g) df = −2x e−x dx − 2y e−x dy,
x2 −3y 2 x2 −3y 2
h) df = 2x dx + 4y dy − 6z dz.
E3) a) ∆f ≈ −0, 200, df = −0, 2; b) ∆f = −0, 18, df = −0, 2; c) ∆f = −1, 05, df = −1; d) ∆f ≈ 0, 195, df = 0, 2;
e) ∆f ≈ 0, 195, df = 0, 2; f) ∆f ≈ −0, 117, df = −0, 1; g) ∆f ≈ −0, 911, df = 0; h) ∆f = 0, df = 0.
Cálculo 2 - Capı́tulo 3.1 - Aproximação linear e diferenciais 11

Nı́vel 2

E1) fx (1, 1) = 4 e fy (1, 1) = −5. E2) z = 4x + 2y − 5. E3) z = x + 2y − 2. E4) ∆f ≈ −0, 0096 e df = −0, 01.
2 2
E5) A = xy + ydx + xdy . A área da chapa pode variar entre 5, 99 m e 6, 01 m .
E6) a) ∆P = (1 + ∆K)0,6 (1 + ∆L)0,4 − 1 e dP = 0, 6dK + 0, 4dL. b) 0, 16 milhão de reais.
dP α 1−α α
E7) a) = dK + dL. b) a = é a variação percentual aproximada da produção quando ocorre um aumento
P K L K
1−α
de uma unidade no investimento em capital; a = é a variação percentual aproximada da produção quando ocorre
L
um aumento de uma unidade nos gastos com trabalho.

Nı́vel 3

E1) z = −29 + 1, 2(T + 15) − 0, 1(v − 50) = −6 + 1, 2T − 0, 1v e W (−17, 55) ≈ −31, 9oC.
E2) a) V = 0, 02π ≈ 0, 062832. b) O resultado é igual: V = 0, 02π ≈ 0, 062832.
E3) a) V = πr2 (h − 2∆h) − π(r − ∆r)2 (h − 2∆h) + 2πr2 ∆h = 2πrh∆r + 2πr2 ∆h − πh(∆r)2 − 4πr∆r∆h + 2π(∆r)2 ∆h.
b) V̄ = 2πrh∆r + 2πr2 ∆h. c) V = 7, 0955π ≈ 22, 2912 e V̄ = 7, 2π ≈ 22, 6195.
E4) z = 2x − 1 e (1, 02)2,01 ≈ 1, 04. O valor verdadeiro da expressão é (1, 02)2,01 ≈ 1, 0406, portanto a aproximação é
boa.
3 1 1 p
E5) z = z = − + x − 2y − z e (2, 02)(−0, 99)2 − (1, 01) ≈ 0, 895. O valor verdadeiro da expressão é
p 2 2 2
(2, 02)(−0, 99)2 − (1, 01) ≈ 0, 9848, o que indica que o valor obtido pela aproximação linear foi uma
boa aproximação do valor real.
E6) (1, 1, 2) + (2, 2, 1)t.
   
5 5 7 1 1 5
E7) Na verdade, são dois os pontos, um de cada lado da superfı́cie do plano tangente: , , e , , .
3 3 3 3 3 3
E8) Primeiro, isole a variável z e calcule a seguinte equação do plano tangente:
1/2  −1/2 −1/2
x20 y02 x20 y02 x20 y02
   y c 
x0 c  0
z = ±c 1 − 2 − 2 ± − 2 1− 2 − 2 (x − x0 ) ± − 2 1− 2 − 2 (y − y0 ) .
a b a a b b a b

x0 c2 y 0 c2
Depois, transforme em uma equação do tipo z = z0 − 2
(x − x0 ) − (y − y0 ) , escreva essa equação na forma
 2 z0 a z0 b2
y2 z2

z0 x0 y0 x0
2
z + 2x+ 2y − 2
+ 20 + 02 = 0 e use a equação do elipsóide para chegar ao fim da demonstração.
c a b a b c

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