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Monografia 3

Este documento apresenta o resumo de uma monografia sobre o estudo etnofarmacológico e fitoquímico de plantas com atividade antimalárica na Universidade Rovuma em Nampula, Moçambique. O estudo incluiu uma pesquisa etnofarmacológica com habitantes locais para identificar plantas usadas para tratar a malária, a seleção da espécie Hypoxis hirsuta para análise fitoquímica, e testes para identificar metabólitos secundários e quantificar alcal

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Monografia 3

Este documento apresenta o resumo de uma monografia sobre o estudo etnofarmacológico e fitoquímico de plantas com atividade antimalárica na Universidade Rovuma em Nampula, Moçambique. O estudo incluiu uma pesquisa etnofarmacológica com habitantes locais para identificar plantas usadas para tratar a malária, a seleção da espécie Hypoxis hirsuta para análise fitoquímica, e testes para identificar metabólitos secundários e quantificar alcal

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Arcénio Pedro Joaquim Nicomte

ESTUDO ETNOFORMACOLÓGICO E FITOQUÍMICO DE PLANTAS COM


ACITVIDADE ANTIMALÁRICA

(Licenciatura em Ensino de Química com Habilitações em Gestão de Laboratório)

Universidade Rovuma

Nampula

2020
Arcénio Pedro Joaquim Nicomte

ESTUDO ETNOFORMACOLÓGICO E FITOQUÍMICO DE PLANTAS COM


ACITVIDADE ANTIMALÁRICA

Monografia apresentada a Faculdade de Ciência


Naturais, Matemática e Estatística para a obtenção
do grau de licenciado em ensino de química com
habilitações em gestão de laboratórios.

Orientado por:

Prof. Doutor Lázaro Gonçalves Cuínica

Universidade Rovuma

Nampula

2020
ii

Índice
Lista de Figuras .......................................................................................................................iiiv

Lista de Tabelas .......................................................................................................................... v

Agradecimento........................................................................................................................... vi

Dedicatória................................................................................................................................ vii

Declaração ...............................................................................................................................viii

Lista de Abreviaturas ................................................................................................................. ix

Resumo ....................................................................................................................................... x

Abstract ...................................................................................................................................... xi

CAPITULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................ xii

1. Contextualização ..................................................................................................................xii

1.1. Justificativa ........................................................................................................................ 13

1.2. Problematização................................................................................................................. 13

1.3. Objectivos .......................................................................................................................... 14

1.4. Hipóteses ........................................................................................................................... 14

1.5.1. Técnica de Colecta de Dados.......................................................................................... 14

1.5.2. Universo e Amostra ........................................................................................................ 14

CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEORICA .................................................................. 15

2.1. Malária: Transmissão E Tratamento.................................................................................. 15

2.2. Uso das Plantas Medicinais no Tratamento da Malária ................................................... 17

2.3. Propriedades das Plantas Medicinais ................................................................................. 17

2.4. Actividade Antimalárica .................................................................................................... 21

2.5. Hypoxis Hirsuta (L) Coville .............................................................................................. 21

CAPITULO III: MOTODOLOGIA DE TRABALHO ............................................................ 23

3. Métodos da Pesquisa………………………………………………………….……………22

3.1. Estudo Etnofarmacológico de Plantas com Actividade Antimalárica ............................... 23

3.1.1campo de Estudo ............................................................................................................... 23


iii

3.1.2. População e Amostra ...................................................................................................... 23

3.1.3. Tipo de Estudo ................................................................................................................ 23

3.1.4. Coletas de Dados ............................................................................................................ 23

3.2. Análise Fitoquímica........................................................................................................... 23

3.2.1. Matéria Vegetal .............................................................................................................. 23

3.2.2. Preparação do Extracto ................................................................................................... 24

3.3. Procedimentos das Análises Fitoquimicas ........................................................................ 24

Análise Fitoquímica Qualitativa ............................................................................................... 24

3.4. Análise Fitoquímica Quantitativa ...................................................................................... 25

3.4.1. Quantificação de Alcalóides ........................................................................................... 25

3.4.2. Quantificação de Flavonóides Totais ............................................................................. 26

3.6. Quantificação de Taninos Condensados ............................................................................ 26

CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................ 27

4.1. Estudo Etnoformacologico ................................................................................................ 27

4.2. Selecção da Espécie Hypoxis Hirsuta (L). Coville ........................................................... 30

4.3. Analise Fitoquimica da Hypoxis Hirsuta (L). Coville....................................................... 31

4.3.1. Identificação Metabólitos Secundários ........................................................................... 32

4.4. Análise Fitoquímica Quantitativa ...................................................................................... 34

4.5. Verificação de Hipótese .................................................................................................... 37

CAPITULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO .......................................................... 38

5.1. Conclusão .......................................................................................................................... 38

5.2. Sugestões e Recomendação ............................................................................................... 39

Bibliografia ............................................................................................................................... 40

Apêndice .................................................................................................................................. 43
iv

Lista de Figuras
CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEORICA ................... Erro! Marcador não definido.

Figura 1- Ciclo de Vida do Parasita, pg. 16.

Figura 2- Estrutura de Quinina, pg. 18.

Figura 3 - Estrutura de Taninos Hidrolisáveis, pg. 199.

Figura 4 - Agliconas Esteroidais do Grupo Espirosolano, pg. 19.

Figura 5– Esqueletos Básicos de Flavonóides, pg. 20.

CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO RESULTADOS E


DISCUSSÕE………………...........Erro! Marcador não definido.7

Figura 1- Hypoxis Hirsuta (L). Coville, pg. 31


Figura 2- Imagem da Marcha Fitoquímica Preliminar Extracto Bruto Etanólico das Raízes
EBEHHL.c, pg. 33,

Figura 3- Curva de Calibração Construída de 40-240 g /mL a 366 nm, pg, 344.

Figura 4- Curva de Calibração Construída de 50-175 g/mL a 415 nm, pg, 355.

Figura 5- Curva de Calibração Construída de 30-180 g/mL a 500 nm, pg. 355.
v

Lista de Tabelas

Capitulo II: Fundamentação Teorica, pg. Erro! Marcador não definido..

Tabela 1- Duração dos Diferentes Ciclos Consoante A Espécie, pg. 15.

Tabela 2- Fármacos de Malária Não Complicada e Malária Malária Grave/Complicada, pg.


16.

CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO RESULTADOS E


DISCUSSÕE……...........................Erro! Marcador não definido.

Tabela 1: Espécie Citados no Estudo Etnofarmacologico, pg. 288.

Tabela 2: Rendimento dos Principios Activos no Extracto Bruto da Raiz de Hypoxis Hirsuta
(L). Coville., pg. 31.

Tabela 3: : Identificação de Metabólitos Secundários dos Extracto de Raízes de Hypoxis


hirsuta (L). Coville., pg. 322.

Tabela 4 - Valores de Concentração de Alcalóides, Flavonóides e Tanino (µg/mL) Obtidos do


EBEHHL.c., pg, Erro! Marcador não definido.6.

Tabela 5 – probabilidade de significância, pg. 36.


vi

AGRADECIMENTO

Depois de terminar o trabalho de licenciatura, sinto-me convicto que devo endereçar os meus
agradecimentos pela contribuição e apoio para a minha formação a qual se suporta de infinito
valor. Nesse sentido, expresso os meus agradecimentos:

A Deus por ter assegurado a minha saúde, condição primordial para que este sonho fosse
alcançado.

O meu supervisor, Prof. Doutor Lázaro Gonçalves Cuínica, pela orientação incansável e pelas
valiosas contribuições para este trabalho.

Aos meus pais por terem feito de mim a pessoa que sou e que me deram tudo o que foi
necessário para a conclusão do curso. Aos meus colegas e amigos, que foram um grande suporte
durante o tempo de estudo.
vii

Dedicatória

Dedico este trabalho científico aos meus pais, Pedro Joaquim Niconte e Joaquina Abudo.
viii

Declaração

Declaro que esta monografia é resultado das consultas bibliográficas, das minhas
investigações e das orientações do meu supervisor. O seu conteúdo é original, pois nunca foi
apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau académico e as
fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final.

Declaro, ainda, não ter sido apresentado por nenhuma outra pessoa ou instituição para a
obtenção de qualquer título académico.

Nampula, _________/___________/ 2020

_______________________________________

Arcénio Pedro Joaquim Niconte


ix

Lista De Abreviaturas

AL: Arteméter - Lumefantrina

ASAQ: Artesunato-Amodiaquina

BA: Batata Africana

DRG: “Diagnosis Related Groups” Grupos Relacionados ao Diagnostico

DMSO: Dimetilsulfoxido ou Sulfoxido de Dimetilo

EBEHHL.c: Extracto Bruto Etanólico das Raízes de Hypoxis hirsuta (L). Coville

INCAM: Inquerido Nacional Sobre As Causas Da Mortalidade

MISAU: Ministério De Saúde

N: Nitrogênio

OMS: Organização Mundial da Saúde

PNCM: Programa Nacional de Controle da Malária

ROS: “scavenging” de radicais de oxigénio

SNC: Sistema Nervoso Central

UV/VIS: Ultavioleta- Visivel


x

Resumo

A Malária é uma doença infecciosa parasitária causada por 4 espécies diferentes do protozoário
do género Plasmodium (P. falciparum, P. vivax, P. ovale e P. malarie). pretendemos dar o nosso
contributo para a melhoria das condições de saúde da população, através deste estudo. Obter
conhecimentos etnofarmacológico das plantas usadas no tratamento de malária na província de
Nampula e sua composição química. Foi usada a técnica bola de neve para a entrevista, o
extracto etanóico foi obtido partir do vegetal seco a temperatura ambiente, a mistura foi filtrado,
pesados e colocados na estufa a 105 ºC, obtendo o rendimento (%), extractos foram secos em
estufa com circulação ar a 85ºC. A analise fitoquímico usando extracto foi feita usando a
metodologia da prospecção preliminar, realizando teste de detecção dos metabólitos: alcalóides,
flavonóides, taninos e saponinos. Os testes foram positivos e a análise quantitativa, as leituras
foram realizadas no espectrofotómetro UV/VIS. Obtendo os seguintes resultados alcalóides
30,715 ±0,002 µg/ml; flavonóides 32,240 ±0,004 µg/ml e taninos 1,571±0,001 µg/ml. Nesse
estudo foi possível conhecer 14 plantas usadas no tratamento de malária, prospecção
etnorfarmacológico, e na prospecção fitoquímica, o EBEHHL.c:, demostrou a presença de
compostos: alcalóides, flavonóides, taninos e saponinas. tendo o flavonóides o princípio activo
com maior concentração, seguido por alcalóides.

Palavras Chave: malária, plantas medicinas, antimalárica e fitoquímica.


xi

Abstract

Malaria is a parasitic infectious disease caused by 4 different species of the protozoan of the
genus Plasmodium (P. falciparum, P. vivax, P. ovale and P. malarie). We intend to make our
contribution to the improvement of the population's health conditions, through this study.
Obtain ethno pharmacological knowledge of the plants used to treat malaria in the province of
Nampula and its chemical composition. The interviewees were selected using the snowball
technique, the ethanol extract was obtained from the dried vegetable at room temperature, the
mixture was filtered, weighed and placed in the oven at 105 ºC, obtaining the yield (%), extracts
were dried in the oven with air circulation at 85ºC. The phytochemical analysis using extract
was made using the methodology of preliminary prospecting, performing detection test of the
metabolites: alkaloids, flavonoids, tannins and saponins. The tests were positive and the
analysis of the number of readings was performed on the UV / VIS spectrophotometer.
Obtaining the following results for alkaloids 30,715 ± 0,002 µg / ml; flavonoids 32,240 ± 0,004
µg / ml and tannins 1,571 ± 0,001 µg / ml. In this study, it was possible to know 14 plants used
in the treatment of malaria, ethnorfarmacological prospecting, and in phytochemical
prospecting, the extract of H. EBEHHL.c:, demonstrated the presence of compounds: alkaloids,
flavanols, tannins and saponins. having flavonoids the active ingredient with the highest
concentration, followed by alkaloids.

Key words: malaria, medicinal plants, antimalarial and phytochemical.


xii

CAPíTULO I: INTRODUÇÃO

1. Contextualização

A malária é uma doença infecciosa, não contagiosa, reconhecida como um grave problema de
saúde pública no mundo, ocorrendo principalmente na África, Sudeste Asiático e na Região
Amazónica da América do Sul, numa incidência anual estimada em 300 milhões de casos, sendo
80% deles em países africanos (TAUIL, 2006. p. 39).

A malária constitui um dos principais problemas de saúde pública em Moçambique. O


Plasmodium falciparum é o parasita mais frequente, sendo responsável por cerca de 90% de
todas infecções por malária, enquanto o Plasmodium malariae e o Plasmodium ovale são
responsáveis por 9% e 1% de todas as infecções, respectivamente. Assume-se a associação dos
factores socioeconómicos, climáticos e ambientais que favorecem a sua transmissão ao longo
de todo o ano, atingindo o seu ponto mais alto após a época chuvosa (Dezembro a Abril).
(MINISTÉRIO DA SAÚDEet al., 2016. p. 68)

No entanto, a OMS desaconselha a utilização da artemisina como monoterapia, uma vez que
potência o aparecimento de resistências a um fármaco com um papel decisivo no manejo de
casos de malária (OMS, 2010 citado por SEQUEIRA). (SEQUEIRA, 2017. p.73)

Uma vez que alguns dos principais fármacos antimaláricos actuais, tal como o quinino e a
artemisinina, são moléculas obtidas a partir de plantas, torna-se essencial que se investiguem
outras plantas medicinais utilizadas tradicionalmente como antimaláricas, de modo a
comprovar a sua eficácia e segurança e a determinar as suas potencialidades como novos
agentes antimaláricos (GESSLER, 1995).

De forma a ultrapassar os problemas mais comuns nesta área de investigação, tais como a
identificação correcta do material vegetal e a possível variabilidade da composição química de
remédios tradicionais, propusemo-nos a fazer um estudo etnofarmacológico e fitoquímico de
plantas com actividade antimalárica de plantas medicinais usadas pelos terapeutas tradicionais
na Província de Nampula, país onde mais de dois terços da população vive em regiões onde a
malária é endémica.
13

1.1. Justificativa

As populações das diferentes regiões em todo o mundo têm vindo a utilizar desde há milénios,
as plantas como parte do seu sistema de cuidados de saúde primários. Esta interdependência
homem-planta medicinal continua a ser uma realidade para cerca de 80 % da população mundial
(WHO, 2005).

Em Moçambique, especialmente na província de Nampula, a capacidade diagnóstica da malária


é limitada. (MINISTÉRIO DE SAÚDE, 2009). Estima-se que mais da metade da população
moçambicana vive a mais de 20 quilómetro da unidade sanitária mais próxima, o que revela
que para a maioria da população rural, o acesso aos serviços formais de saúde é extremamente
limitado. (MINISTÉRIO DE SAÚDE, 2009).

Este estudo contribuirá significativamente na manutenção da saúde da população


moçambicana, especificamente Nampula sendo uma da província mais afectada, e é de extrema
importância porque vai facilitar na produção de novos fármacos, de baixo custa e eficiente de
modo a abranger tanto nas zonas urbanas como nas zonas rurais. Pode ser utilizado como ponto
de partida e de consulta para próxima investigação.

1.2. Problematização

Desde os tempos mais remotos, as plantas sempre estiveram presentes na vida do homem. A
utilização dos vegetais com fins de tratamentos é anterior ao desenvolvimento da ciência. Cada
povo possui sua própria listagem de plantas medicinais, geralmente plantas comuns no território
ou região em que habitam, cujas aplicações são transmitidas através de gerações. (YUNES,
2001). Nas tribos indígenas. É difícil precisar como as propriedades terapêuticas dessas plantas
foram descobertas. Talvez por instinto, por intuição ou até mesmo através da observação dos
animais, que se valem das plantas para a cura de seus males. (YUNES, 2001).

Hoje, apesar do desenvolvimento da ciência e da medicina, as pessoas têm procurado


tratamentos alternativos mais naturais, que não apresentem efeitos colaterais tão severos.
(BAIRD; 2005.p. 352).

Fora da distância entre as comunidades e os hospitais ou centro de saúde, há falta de


medicamentos e a população tem recorrido ao tratamento desta doença por meios da fitoterapia,
sem se preocupar com a sua composição química e muito menos seus efeitos colaterais. Dai
surge a necessidade de obter conhecimento etnofarmacológico e composição química das
14

plantas com actividades antimaláricas na província de Nampula e consequentemente surge a


questão: Quais são as plantas usadas no tratamento da malária na província de Nampula e a
sua composição química?

1.3. Objectivos

Objectivo Geral:

Obter conhecimentos etnofarmacológico das plantas usadas no tratamento de malária na


província de Nampula e sua composição química.

Objectivos Específicos:

 Colher informações etnofarmacológica das plantas usadas para o tratamento de malária


na província de Nampula;
 Identificar as plantas e colectar a matéria vegetal;
 Analisar a composição química dos extractos secos.

1.4. Hipóteses

 A planta usada para o tratamento de malária na província de Nampula contém


flavonóides, taninos e alcalóides.

1.5. Técnica de Colecta de Dados

Em conformidade com esta abordagem para concretização do estudo sobre o tema aqui
proposto, o autor recorrerá, na colecta de dados as técnicas de observação directa intensiva,
leitura, entrevista. Na observação directa serão contemplados os principais aspectos
relacionados com a entrevista da população no caso o uso de plantas medicinais no tratamento
de malária.

1.5.1. Universo e Amostra

A pesquisa vai decorrer na Província de Nampula, tendo como universo todos os curandeiros
que estiveram disponíveis a fornecer os dados requeridos. Portanto tratar-se-á de recurso a um
tipo de amostragem por acessibilidade.
15

CAPíTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Malária: Transmissão e Tratamento

A malária é uma doença tropical, infecciosa, parasitária, que tem como agentes etiológicos
protozoários do género Plasmodium; é transmitida ao homem pela picada de um mosquito do
género Anopheles, o qual inclui mais de 400 espécies (BRASIL, 2010). Somente quatro, de
aproximadamente 120 espécies de Plasmodium, são responsáveis por infectar seres humanos;
sendo o homem o único reservatório com importância epidemiológica para a malária. As
espécies causam a malária em seres humanos: P. vivax, P. falciparum e P. malariae. Uma quarta
espécie, o P. ovale, só é encontrado em áreas restritas do continente africano (FRANÇA, 2008).

Em comum, todas as espécies de Plasmodium atacam as células do fígado e glóbulos vermelhos,


que são destruídos ao serem utilizados na reprodução do protozoário. O início da infecção
ocorre quando esporozoítos infectantes são inoculados nos seres humanos pelo mosquito
durante o repasto sanguíneo (CANDRINHO, 2017).

Uma vez alcançada a corrente sanguínea, os esporozoítos migram pelo corpo até atingirem os
hepatócitos, onde se processa o desenvolvimento parasitário, cerca de 30 minutos após a
infecção. Após a invasão dos hepatócitos, inicia-se o ciclo assexuado do plasmódio. Esta
primeira fase do ciclo é denominada exo-eritrocítica, pré-eritrocítica ou tissular e, portanto,
precede o ciclo sanguíneo do parasita (BRAGA, 2005 citado por FERREIRA). (SEQUEIRA,
2017. p.73)

Tabela 1- Duração dos Diferentes Ciclos Consoante a Espécie

Espécies Ciclo sexuado Ciclo pré-eritrocítrico Ciclo eritrocítrico


(mosquitos) (Homem) (Homem)

p. vivax 8-9 dias 8 dias 48horas

p. malariae 15-20 dias 15-16 dias 72 horas

P. falciparum 9-10 dias 5-7 dias 48 horas

p. ovale 14 dias 9 dias 48 horas

Fonte: ESTEVES, 2012.


16

Figura 1- Ciclo de Vida do Parasita


Fonte: Esteves, 2012

Malária não complicada: Malária sintomática sem sinais de gravidade ou evidência (clínica
ou laboratorial) de disfunção de órgão vital. Os sinais e sintomas de uma malária não
complicada são inespecíficos. (CANDRINHO, 2017).

Malária grave/complicada: Num doente com parasitémia (formas assexuadas) por P


falciparum e sem outra causa óbvia para os sintomas, a presença de um ou mais dos seguintes
achados clínicos ou laboratoriais, classifica o doente como sofrendo da malária
complicada/grave. (CANDRINHO, 2017).

Tabela 2- Fármacos de Malária Não Complicada e Malária Grave/Complicada


Nº Fármacos de malária não complicada Fármacos malária grave/complicada

1 Arteméter - Lumefantrina (AL) Quinino injectável

2 Artesunato-Amodiaquina (ASAQ) Artesunato injectável

3 Quinino oral _________________________________

Fonte: CANDRINHO, 2017


17

2.2. Uso das Plantas Medicinais no Tratamento da Malária

A procura por moléculas oriundas de produtos naturais para combater a malária constitui-se
em uma importante arma, pois, por apresentarem diversidade estrutural, as mesmas podem ser
sintetizadas para formar novos compostos que podem ser usados como estratégias para o
controle da doença. Como exemplo pode-se citar duas das principais drogas utilizadas no
tratamento da doença, quinina e artemisina, as quais foram isoladas de espécies que já tinham
tradição milenar em seu uso popular (DOLABELA, 1997). e princípios activos são obtidos a
partir dos vegetais, a base desta medicina (WHO, 1992).

No início do séc. XX quando houve o advento da síntese química (MING, 1994) iniciou-se a
procura pelos princípios activos presentes nas plantas medicinais, criando assim, os primeiros
medicamentos com as características conhecidas actualmente (CALIXTO & SIQUEIRA,
2008).

Droga vegetal é a planta medicinal, ou suas partes, que contenham as substâncias, ou classes
de substâncias, responsáveis pela acção terapêutica, após processos de colecta, estabilização,
quando aplicável l, e secagem, podendo estar na forma íntegra, rasurada, triturada ou
pulverizada. Derivado vegetal é o produto da extracção da planta medicinal in
natura ou da droga vegetal, podendo ocorrer na forma de extracto, tintura, alcoolatura, óleo fixo
e volátil, cera, exsudato e outros. A matéria-prima vegetal compreende a planta medicinal, a
droga vegetal ou o derivado vegetal (BRASIL, 2010).

.Os medicamentos fitoterápicos são caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos riscos
de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade (BRASIL, 2010).

2.3. Propriedades das Plantas Medicinais

Uma planta é considerada medicinal por possuir substâncias que têm acção farmacológica
(actuação dos componentes químicos das plantas no organismo). Estas substâncias são
denominadas princípios activos (LORENZI & MATOS, 2002).

a) Alcalóides: são compostos orgânicos cíclicos que possuem pelo menos um átomo de
nitrogénio no seu anel. Na sua grande maioria, possuem carácter alcalino, já que a presença do
átomo de (N) representa um par de electrões não compartilhados. Essa classe de compostos do
metabolismo secundário apresenta-se estruturalmente bastante diversificada e é reconhecida
pela presença de substâncias que possuem acentuado efeito no sistema nervoso, sendo muitas
18

delas largamente utilizadas como venenos ou alucinogénios, além disso, apresentam uma ampla
gama de actividades biológicas como: anticolinérgica, emética, antimalárica, anti-hipertensiva,
hipnoanalgésica, amebicida, estimulante do SNC, antiviral, mio relaxante, anestésica, anti-
tumoral, antitussígeno, colinérgica, dentre outras (BARBOSA-FILHO et al., 2006).

Figura 2- Estrutura de quinina


Fonte: (RIBEIRO, 2014)

b) Taninos: são substâncias fenólicas solúveis em água e em solventes polares e que


apresentam massa molecular entre 500 e 3000 Daltons. Apresentam uma habilidade de formar
complexos insolúveis em água com alcalóides, gelatinas e outras proteínas (SIMÕES et.al.,
2000; DIAS et al, 2014. Citados por (RIBEIRO, 2014). Os taninos podem ser classificados
segundo sua estrutura química em dois grupos: taninos hidrolisáveis e taninos condensados
(SIMÕES et.al., 2000. Citado por (RIBEIRO, 2014)

Os taninos hidrolisáveis (figura 3) são caracterizados por um poliol central, geralmente uma
molécula de glicose (ou outro açúcar) esterificada com ácido gálico ou ácido elágico ( DIAS et
al., 2014 . Citado por COSTA) (COSTA, 2013). Estes taninos por hidrólise ácida liberam ácidos
fenólicos: gálico, caféico, elágico e um açúcar (SGARBIERI, 1996). Citado por (RIBEIRO,
2014). O ácido tânico é um típico tanino hidrolisável, o qual é quebrado por enzimas ou de
forma espontânea.
19

Figura 3 - Estrutura de Taninos Hidrolisáveis


Fonte: RIBEIRO, 2014

c) SAPONINAS: são classificadas como glicosídeos de esteróides ou de terpenos policíclicos.


É uma estrutura com carácter anfifílico, pois parte da estrutura com característica lipofílica
(triterpeno ou esteróide) e outra hidrofílica (açúcares). (SIMÕES et.al., 2000). Citado por
(RIBEIRO, 2014). As saponinas de carácter básico pertencem ao grupo dos alcalóides
esteroidais, que são característicos do género Solanum (família Solanaceae). Possuem
nitrogénio no anel F e são conhecidos dois tipos de estruturas: espirosolano (figura 8), (quando
o nitrogénio é secundário) e solanidano (quando o nitrogénio é terciário) (SIMÕES et.al., 2000).
Citado por (RIBEIRO, 2014)

Figura 4 - Agliconas Esteroidais do Grupo Espirosolano

Fonte: (SIMÕES et.al., 2000, p.602. citado por RIBEIRO, 2014 ).


20

d) Flavonóides: Segundo Coutinho, Muzitano, Costa (2009, p. 7 citaadp por RIBEIRO),”os


flavonóides representam um dos grupos fenólicos mais importantes e diversificados entre os
produtos de origem vegetal”. (RIBEIRO, 2014)

É uma classe de metabólito secundário amplamente distribuída no reino vegetal, sendo


biossintetizados através das vias do ácido chiquímico e do ácido acético. São encontrados em
flores, talos, raízes casas de árvores, frutas, vegetais sementes, bem como em seus produtos de
preparação como os chás e vinhos. Os esqueletos básicos das diversas subclasses, obtidas em
decorrência de modificações no anel central, estão apresentadas na figura abaixo (COUTINHO,
MUZITANO, COSTA, 2009. Citado por (RIBEIRO) ((RIBEIRO, 2014)

Figura 5– Esqueletos Básicos de Flavonóides

Fonte: RIBEIRO, 2014

Diversas actividades biológicas são atribuídas a essa classe de polifenóis, tais como actividade
anti-tumoral, antioxidante, antiviral e anti-inflamatória, dentre outras, o que lhe confere
significativa importância farmacológica.

Outra propriedade importante é a actividade antioxidante que pode ter acção inibitória de
enzimas, excelente capacidade de quelar metais, como o ferro e actuação como “scavenging”
de radicais de oxigénio (ROS), uma vez que a presença destes tem sido relacionada a certas
21

doenças crónicas, como: doenças auto–imune (artrite reumatóide, lúpus), câncer, doença de
Parkinson (RIBEIRO, 2014).

2.4. Actividade Antimalárica aspidosperma vargasii e A. desmanthum

Segundo Henrique, (2007, p129) Nos enseios contra P. falciparum, os alcalóides, 1,2 e 3 foram
dissolvidas em DMSO, testadas numa concentração inicial 10 µg/ml, com diluição derivada 1:
10 (7 diluições variando de 10 a 100 µg/ml). A microplaca foi incubada por 24 horas a 37ºC. O
alcalóide 1 (8A3.2.1) apresentou a CI50 18 µg/ml e o alcalóide 3 (8D4.2) a CI50 de 7µg/ml. O
alcalóide 1 (8A3.4.1) com CI50 18 µg/ml, não apresentou actividade tão expressiva, comparada
com os alcalóides 1 e 3.

A actividade antimalárica frente a P. falciparum os alcalóides elipiticina e aspidocaepina


apresentaram-se activo, para o alcalóide N-metiltetradroelipticina verificou-se baixa actividade.
Para o alcalóide aspidocaepina, poucas literaturas foram encontradas, o que demonstra
nenhuma descrição quanto actividade. (HENRIQUE, 2007, p129).

2.5. Hypoxis hirsuta (L) Coville

Descrição taxinómica: As espécies de hypoxis, são tubérculos perenais com folhas longas em
forma de cercias chapada e flores amareladas em forma de estrela chapada. As espécies podem
ser distinguidas pelo tamanho, configuração e orientação das folhas, bem como o tamanho e
configuração das flores. (WYK, B. E. V. & HEERDEN, F. V, 2002)

Uso: A infusão dos bolbos é usada como emética para tratar doença, desordens vesiculares e
demência (loucura). Decocções são dadas as crianças fracas como tónico e suco e reportado
como aplicado para queimaduras. Os estomas e as folhas são misturas com outros ingredientes
para tratar problemas de próstata. Usos tradicionais são também incluídos no tratamento de
tumores testiculares, hipertrofia e infecções urinarias. (WYK, B. E. V. & HEERDEN, F. V,
2002)

Constituintes químicos: As actividade de droga contra adenoma da próstata, é subscrita a


glicósidos fitoeteros – β-sitoesterol. É interessante notar que o óleo da abobora que contem alto
nível de fitoesterol, é comercializado na Europa para tratar hipertrofia benigna da próstata. A
actividade anticancerosa, anti-HIV e anti-inflamatória, é descrita para rooperol ( o aglicone de
22

hopoxosido, que é o 4,4-diglicosido) e compostos mostraram resultados promissores em


analises clinicas. (WYK, B. E. V. & HEERDEN, F. V, 2002)

2.5.1. Hypoxis Hemerocallidea


A Hypoxis hemerocallidea Fisch., C.A. Mey & Avé-Lall, anteriormente designada Hypoxis
rooperi, pertence à família Hypoxidaceae. O epíteto Hypoxis L. provém da associação da
palavra grega hypo (que significa “em baixo de”) com oxy (que significa “afiado”), que se
refere ao cormo que é pontiagudo na base. (CHAMBE, 2010).

a) Composição Química Da H. Hemerocallidea


A H. hemerocallidea tem as seguintes classes de metabólitos secundários: taninos, esteróides,
saponinas, polifenóis e glucósidos (Amusan et al., 2007 citado por (CHAMBE) (CHAMBE,
2010)

A actividade biológica da BA é atribuída ao hipoxósido (e à sua aglícona, rooperol), ao β-


sitosterol e ao glucósido de β-sitosterol (também conhecido por BSSG, daucosterol, β-
sitosterolina ou sitosterolina).
23

CAPíTULO III: MOTODOLOGIA DE TRABALHO

3. Métodos da pesquisa
Para melhor o estudo deste facto e o sucesso na elaboração desta monografia, aprofundamento
de análises e envolvimento de variedade e quantidade de informações no caso, usou-se o
método bibliográfico, o método de entrevista, o método experimental e método estatístico.

3.1. Estudo Etnofarmacológico de Plantas com Actividade Antimalárica

3.1.1. Campo de Estudo

A pesquisa etnofarmacológica foi realizada na província de Nampula, em Novembro de 2019.

3.1.2. População e Amostra

Todos os curandeiros disponíveis, a partir das plantas medicinais usadas por eles com a
finalidade de curar ou prevenir a malária. Foram entrevistados os 48 raizeiros mais conceituados
em 5 distritos de Murrupula, Malema, Monapo, Rapale e Nampula cidade.

3.1.3. Tipo de Estudo

Em meio às várias técnicas aplicáveis para levantamentos etnofarmacológicos, a técnica


adoptada para este trabalho consistiu em entrevistas abertas. Realizou-se por meio de conversas
informais, abordando qual o nome da planta, a finalidade terapêutica, a parte utilizada na
preparação, e o modo de preparo.

3.1.4. Colectas de Dados

A colecta dos dados se deu por meio de conversas informais com os raizeiros na própria mata,
sendo que alguns preferiam em trazer apenas as suas folhas e explicar o modo de preparo. As
plantas citadas foram seleccionadas pelo facto de serem as mais usadas pelos curandeiros.
Preenchendo a tabela (apêndece 1)

3.2. Análise Fitoquímica

3.2.1. Matéria Vegetal

As Raízes de Hypoxis hirsuta (L). Coville foram colectadas em Murrupula, localizado a


sudeste da capital província de Nampula, confinando a Norte com o distrito de Nampula, a sul
o distrito de Gilé da província da Zambézia, a este com o distrito de Mogovolas e a Oeste com
24

o distrito de Ribaué. Nampula em 2019, pelo pesquisador Arcénio Pedro Joaquim Niconte,
estudante da Universidade Rovuma. Posteriormente, a matéria foi seca a temperatura ambiente
por sete dias e. A droga vegetal produzida foi armazenada em sacos plásticos hermeticamente
fechados até sua utilização.

3.2.2. Preparação do Extracto

A extracção foi feita por maceração em mistura hidroetanólica (70% EtOH), na proporção de
1g da droga vegetal seca para 10 ml do solvente extractor durante cinco dias à temperatura
ambiente sob agitação esporádica (apêndece 3). A mistura foi filtrada usando o algodão seco
seguido de papel de filtro. Para a determinação do resíduo seco, foram feitas três medições do
extracto fluido (2 ml cada) em cadinhos de porcelana previamente tarados na balança analítica,
e foram seguidamente colocados na estufa a 105 ºC durante 2 horas, depois, foram resfriados
em dessecador e pesados. Em seguida foram submetidos em estufa novamente, onde de 30 em
30 minutos foram pesados até obtenção de peso constante. A percentagem do resíduo seco foi
determinada de acordo com a seguinte fórmula:

Massa de extracto seco


%Residuo seco 100
Massa do extracto fluidos

3.2.3. Secagem do Extracto

O extracto foi seco em estufa com circulação ar a 85ºC. Os extractos secos obtidos foram
conservados em recipientes de polietileno opacos com tampas, devidamente identificados e
selados, protegido da luz e da humidade, à temperatura ambiente, para minimizar possíveis
mudanças no material, como aglomeração causada pela absorção de água e oxidação.

3.3. Procedimentos das Análises Fitoquímicas

3.3.1. Análise Fitoquímica Qualitativa

A análise fitoquímica qualitativa de princípios activos em extractos secos foi realizada por
reagentes específicos para cada grupo de metabólitos secundários:
a) Identificação de alcalóides: Adicionou-se 1 ml de extracto etanόlico em 1 ml de HCl a 5%,
em seguida, adicionou-se 5 gotas de reagente de Bouchardat (solução de iodo). A presença de
um precipitado laranja avermelhado, indicou a presença de alcalóides.
25

b) Identificação de flavonóides: Os extractos foram tratados com algumas gotas da solução de


hidróxido de sódio. A formação de uma cor amarela intensa que poderá desaparecer depois de
adição de um ácido diluído, indicou a presença de flavonóides.

c) Identificação dos taninos: Adicionou-se num tubo de ensaio 1 ml de extracto etanόlico na


proporção de 1:2 em seguida adicionou-se 2 gotas de acetato de chumbo à 10% por falta deste
reagente foi substituído por cloreto de ferro III pentahidratado. Nesta reacção, a formou-se 1um
precipitado castanho avermelhado e denso indica a presença de taninos.

d) Identificação de saponinas: Adicionou-se 2 ml de extracto etanόlico num tubo de ensaio,


em seguida adicionou-se 5 ml de água destilada, agitar vigorosamente por 2 a 3 minutos e deixar
em repouso por 20 minutos. A existência de espuma persistente e abundante indica a presença
de saponinas.

3.4. Análise Fitoquímica Quantitativa


3.4.1. Quantificação de Alcalóides
a) Solução Padrão:
Preparou-se a solução estoque de padrão Boldina (400 µg/mL) em metanol, que foi diluída em
etanol (70%) para 40, 80, 120, 160, 200, 240 e 280 µg/ml. Usou-se como reagente a solução
etanóica de cloreto de Ferro-III hexahidratado (2%). Aferiu-se o volume de todas as amostras
com a solução de etanol (70%). O branco foi composto pela solução de cloreto de alumínio e
etanol. As leituras foram realizadas no espectrofotómetro UV/VIS – KASUAKI (Leitor de
microplacas) a 366 nm após 20 min de reacção. Todas as análises foram realizadas em triplicata
e a curva padrão foi estabelecida com a média de dados de três gráficos nas concentrações
estabelecidas.

b) Solução Extractiva:
Preparou-se a solução do extracto (2000 µg/mL) de seguida diluiu-se 1 ml da solução do
extracto em 10 ml de etanol (70%), em 3 repetições, não se fez a mistura neste caso foi
analisado somente o solução extractiva. O branco foi a solução etanol. Para cada amostra
testada, o branco específico foi composto por etanol a 70%, respectivamente. As leituras foram
realizadas no espectrofotómetro UV/VIS – J.P. SELETA, s.a VR-2000 SPECTROPHOMETER
(apêndece 3) a 366 nm. A análise foi realizada em triplicata.
26

3.4.2. Quantificação de Flavonóides Totais


a) Solução Padrão:
Preparou-se a solução estoque de padrão rutina (400 µg/mL) em metanol, wque foi diluída em
etanol (70%) para 50, 75, 100, 125, 150, 175 e 200 µg/mL. Usou-se como reagente a solução
metanólica de cloreto de alumínio hexahidratado (2%). Aferiu-se o volume de todas as amostras
com a solução de etanol (70%). O branco foi composto pela solução de cloreto de alumínio e
etanol. As leituras foram realizadas no espectrofotómetros UV/VIS – KASUAKI (Leitor de
microplacas) a 415 nm após 20 min de reacção. Todas as análises foram realizadas em triplicata
e a curva padrão foi estabelecida com a média de dados de três gráficos nas concentrações
estabelecidas.
b) Solução Extractiva:
Preparou-se a solução do extracto (2000 µg/mL) de seguida diluiu-se 1 ml da solução do
extracto em 10 ml de etanol (70%), em 3 repetições. Usou-se a solução de cloreto de Ferro-III
(2%) pentahidratado como reagente por falta da solução metanólica de cloreto de alumínio
hexahidratado (2%), conforme foi feito na análise do padrão. O branco foi a solução etanol a
70% . Para cada amostra testada, o branco específico foi composto por etanol a 70%,
respectivamente. As leituras foram realizadas no espectrofotómetro UV/VIS – J.P. SELETA,
s.a VR-2000 SPECTROPHOMETER (apêndece 3)a nm. A análise foi realizada em triplicata.

3.6. Quantificação de Taninos Condensados

a) Solução Padrão: Preparou-se a solução metanólica de catequina (1000 µg/mL), que foi
diluída em metanol para 20, 30, 40, 50, 60 e 70 µg/ml. Usou-se a mistura de vanilina (4%) e
ácido clorídrico (37%) como reagente. Aferiu-se o volume de todas as amostras com o metanol.
O branco foi composto pela solução Vanilina/HCl e MeOH. As leituras foram realizadas no
espectrofotómetro UV/VIS – KASUAKI (Leitor de microplacas) a 500 nm após 20 min de
reacção. Todas as análises foram realizadas em triplicata e a curva padrão foi estabelecida com
a média de dados de três gráficos nas concentrações estabelecidas.
b) Solução Extractiva: Preparou-se a solução do extracto (2000 µg/mL) de seguida diluiu-se
1 ml da solução do extracto em 10 ml de etanol (70%) em 3 repetições. Usou-se a solução de
Ácido clorídrico (37%) como reagente. O branco foi a solução etanol. Para cada amostra
testada, o branco específico foi composto por etanol a 70%, respectivamente. As leituras foram
realizadas no espectrofotómetro UV/VIS – J.P. SELETA, s.a VR-2000 SPECTROPHOMETER
(apêndece 3) a 500 nm. A análise foi realizada em triplicata.
27

CAPíTULO IV: RESULTADOS E DISCUSÃO

4.1. Estudo Etnoformacológico

As plantas medicinais usadas para o tratamento de malária em Nampula, são aplicadas ou


administradas na sua maioria pelos próprios raizeiros, acerca de seus conhecimentos adquiridos
ao longo do tempo e da experiência.

Das plantas mencionadas, foram seleccionadas 14, sendo que as principais indicações ligadas
a problemas de saúde como de malária ou febres, havendo ainda distinção entre o sintoma e a
doença, sendo referenciado como “Etecucha” e “Nanchecua” que na forma literária traduz se
(febres e febres da tarde).

Na tabela 1, mostra-se a listagem das 14 plantas ( cuja as imagens se encontram apéndece 2),
resultado do levantamento feito das plantas medicinais mais indicadas pelos curandeiros,
enfatizando a finalidade terapêutica, a parte utilizada e o modo de preparo e algumas indicações
científicas.
28

Tabela 1: Espécie Citados No Estudo Etnofarmacológico

Nº Nome popular Nome científico Actividade Parte Formas de Dosagens e vias de Duração
usada preparação administração de
Farmacológica
do remédio tratament
o

1 pau-preto (Mphive) Dalbergia melanoxylon Antimalárica Raiz Chá Duas vezes por dia, via 5 dias
guill oral

2 Maino a havara (chicória) aspidosperma vargasii Antimalárica Folha Chá 2 vezes por dia, via oral 3 dias

3 Namavaca linaria purpúrea (L) Mill Antimalárica Folhas e Banho e chá Duas vezes por dia, via 2 dias
raízes oral

4 babosa (eloi) aloé maculata all Antimalárica Folhas Chá Duas vezes por dia, via 5 dias
oral

5 alface-de-espinhos lactuca serriola L Antimalárica Folhas Repelente Duas vezes por dia, 3 dias
queimar e aquecer
29

folhado (planta) viburnum tinus L.


6 Antimalárica Folhas Duas vezes por dia, via 4 dias o
oral

7 magnolia- preto ou roxo magnoliaceae liliflora Antimalárica Folhas Chá Duas vezes por dia, via 7 dias
(mussiro) desr\ oral

8 batata-africana (namuassa) hypoxis hirsuta (L). Antimalárica Raiz Chá Duas vezes por dia, via 2 dias
coville oral

9 árvore-do-paraíso (enyeme) elaeagnus angustifólia L Antimalárica Folhas Chá 2 vezes por dia, via oral 7 dias

10 pilriteiro (male) cretaegus laevigata Antimalárica Folhas Chás Duas vezes por dia, via 5 dias
(poir.) DC oral

11 Tamarinda (wepa) Tamarindos indica L. Antimalárica Folhas Chá 2 vezes por dia, via oral 5 dias

12 (nipaca) Rhus aromática aiton Antimalárica Caule Chá Uma vez, via oral 2 dias

13 Cacto-palmatoria Oputis máxima mil. Antimalárica Folhas Chá Via oral 3 dias
(nassapato)

14 Pau-azeito noni Morinda citrifolia L. Antimalárica Folhas Chá Duas vezes ao dia, via 7 dias
oral

Fonte: autor
30

Os resultados citados indicam que, de modo geral, embora existam vários Centros de Saúde na
província de Nampula com alguns profissionais de saúde e alguns medicamentos disponíveis a
comunidade, a população desta província ainda prefere recorrer à fitoterapia, primordialmente
o uso das plantas como principal recurso terapêutico para os cuidados básicos de saúde. Os
informantes justificaram esta preferência em virtude da cultura local, da disponibilidade, do
fácil acesso e da confiança neste recurso. Observou-se que a comunidade de Murrupula
encontra-se em um processo sociocultural transicional.

De acordo com (AMOROZO, 2002), podem ocorrer tanto aquisições como também perdas em
uma farmacopeia popular, pois sua composição é um processo dinâmico. Sendo que a
probabilidade de haver aquisição tanto de novas espécies que antes não ocorriam na área, como
de novos usos para as espécies já existentes no local, aumenta nas situações em que o contacto
com a sociedade geral e com migrantes é intensificado.

4.2. Selecção da Espécie hypoxis Hirsuta (L). Coville

A escolha desta planta para a análise fitoquímica deve-se ao facto de ser abundante e poder
ser encontrada em qualquer estação do ano, e ser a que foi mais mencionada, embora o modo
de preparo seja diferente.

Nome popular da província de Nampula (Murrupula, Rapale e Malema) : batata-africana


(namuassa); Nome científico : hypoxis hirsuta (L). coville; Nome comum: batata-africana;
Família: hypoxidaceae; Género: hypoxis; Actividade farmacológica: antimalárica e Partes
usadas: raízes (raiz tuberculosa).

Forma de preparação: a forma de preparo deste remédio varia de região em região, no distrito
de Murrupula, Rapale e Malema lava-se a raiz, descasca-se e corta-se em pedaços ferve-se com
uma quantidade de sal de cozinha suficiente.
No distrito de Monapo, lava-se a raiz, descasca-se e corta-se em pedaços de seguida coloca um
metal no fogão coloca-se o vegetal por cima da tampa até que esta esteja carbonizado. Dosagem
e vias de administração: no distrito de Murrupula, Rapale e Malema toma se duas vezes por dia.
Numa xícara de chá. Monapo coloca se uma colher de sopa na papa de farinha e toma se 3 vezes
por dia. Duração do tratamento: 3 dias.
31

Figura 1- Hypoxis hirsuta (L). Coville


Fonte: autor

4.3. Análise Fitoquímica Da H. Hirsuta

Tabela 2: Rendimento dos Princípios Activos no Extracto Bruto da Raiz de H. hirsuta

Extracto etanoicos

Massa do material vazio (g) 75,2468

Massa do material com o extracto fluido 77, 1131


(g)

Massa do material com o extracto seco (g) 75, 3312

Massa do extracto fluido (g) 1,8663

Massa do extracto seco (g) 0,0844

Rendimento (%) 4,5

Fonte: autor

Apesar da ampla variedade de solventes conhecidos (líquidos extractores), são poucos os


utilizados na extracção dos compostos vegetais. Essa limitação de uso é devida a três aspectos
principais: propriedades extractivas, adequação tecnológica, inocuidade fisiológica e factores
económicos (PINTO, 2005). Diante desta abordagem, justifica-se que o bom rendimento dos
32

extractos etanóicos devido sua polaridade, o que lhe confere uma melhor propriedade
extractiva.

4.3.2. Identificação Metabólitos Secundários

De acordo com Falkenberg, et al (2007, apud COSTA, 2013), a análise fitoquímica preliminar
é utilizada para identificar os grupos de compostos secundários, quando não se dispõe de
estudos químicos sobre a espécie de interesse, ou pode ser relevante para direccionar a
investigação para o isolamento e a elucidação estrutural dessas substâncias.

Neste estudo, essa informação preliminar sobre a composição química da espécie foi de
fundamental importância, pois apesar de uma vasta pesquisa bibliográfica não foram
encontrados estudos químicos referentes às espécies pertencentes ao género hypoxis. Os
resultados das análises estão descritos na tabela a baixo.

Tabela 3: Identificação de Metabólitos Secundários dos Extracto de Raízes de Hypoxis hirsuta


(L). Coville.

Metabólicos secundarias Reagentes Resultados

Alcalóides HCl e Bouchardat (solução + + +


de iodo).

Flavonóides Hidróxido de sódio +++

Saponinas Água destilada ++

Taninos Cloreto de ferro-III +


(+) Reacção fracamente positiva; (++) Reacção moderadamente positiva; (+++) Reacção
positiva
Fonte: autor

Marcha fitoquímica preliminar apontou a presença de diversas classes de substâncias químicas,


como: alcalóides e flavonóides no extracto. No entanto, os resultados foram positivos, como
ilustra a figura 2.
As análises foram feitas em triplicata sendo o tubo de enseio que se encontra no centro de cada
grupo de metabólitos é o branco, não a presenta nenhuma alteração da cor.
33

Figura 2- Imagem da Marcha Fitoquímica Preliminar Extracto Bruto Etanólico das Raízes De
H. hirsuta
Fonte: Autor

As saponinas têm sido apontadas por suas actividades hemolítica, antiviral e anti-inflamatória
(SIMÕES, 2004). Ressaltando-se que os resultados positivo obtidos neste estudo para
saponinas, indicam a presença desses metabólitos na planta, podendo ocorrer da quantidade
dessas substâncias serem muito pequenas, o que dificultaria sua detecção por reacções
qualitativas, gerando resultado positivo com pouca intensidade.

Os taninos têm sido geralmente empregados no combate à diarreia, hipertensão arterial,


reumatismo, hemorragias, feridas queimaduras, problemas renais e processos inflamatórios
(MARTINS et al., 2007. Citado por COSTA). A presença de fenóis e taninos na espécie em
estudo pode estar associada ao seu uso popular para problemas no útero, hemorragias e
inflamações de mulheres. (COSTA, 2013).

Quanto ao uso da espécie como antimalárica, o resultado positivo para a presença de alcalóides
no extracto é sugestiva de que a espécie possa vir a ter actividade antiplasmódica (BASCO et
al., 1994 Citado por COSTA). (SAXENA et al., 2003. Citado por COSTA). refere que a
actividade antiplasmódica de alcalóides de origem vegetal tem sido amplamente relatada na
literatura, sendo que no período de 1990 a 2000 mais de uma centena de substâncias activas
desta classe foram descritas, algumas até mais potentes que a cloroquina. (COSTA, 2013).

Destaca-se que algumas espécies citadas no levantamento etnofarmacológico realizado neste


estudo descrevem, entre outras substâncias, os alcalóides como sendo os responsáveis pela
34

actividade antimalárica. Alguns trabalhos realizados com a fitoquímica da planta também


relatam a presença de flavonóides, destacando-se o glicosídeo de apigenina, bissulfito de
apigenina e hipoaletina, corroborando assim, com nossos achados. Os flavonóides são grupo de
interesse económico e, principalmente, farmacológico, pois, possuem actividades anti-
tumorais, anti-inflamatórias, antioxidantes, antivirais, entre outras (SHIRWAIKAR, 2004).

4.4. Análise Fitoquímica Quantitativa

a) Análise quantitativa de alcalóides: Para determinar a concentração de alcalóides presentes


na raiz de H. hirsuta foi feita uma curva de calibração com concentrações conhecidas de
boldina. Os valores das concentrações e absorvâncias da curva de calibração estão apresentados
na figura 2.

Figura 3- Curva de Calibração Construída de 40-240 g/mL a 366 nm

Fonte: Cuínica et al, 2018

O coeficiente de determinação obtido na construção da curva de calibração foi R2 = 0,9993,


indicando que a curva pode ser utilizada com segurança para a determinação de alcalóides na
amostra. Já a equação de correlação foi Y =0,0137x + 0,1562

O valor das concentração de alcalóides totais, após leitura espectrofotometria dos extractos
etanóicos da amostra da raiz de Hypoxis hirsuta (L). Coville. esta apresentado na tabela 3. A
equação resultante da curva de calibração com o padrão boltina e os resultados foram expressos
em g equivalentes de boltina por mililitro (g/ml).

b) Análise quantitativa de flavonóides: Para determinar a concentração de flavonóides


presentes na raiz de Hypoxis hirsuta (L). Coville. foi feita uma curva de calibração com
35

concentrações conhecidas de rutina. Os valores das concentrações e absorvâncias da curva de


calibração estão apresentados na figura 3.

Figura 4- Curva de Calibração Construída de 50-175 g/mL a 415 nm

Fonte: Cuínica et al, 2018

O coeficiente de determinação obtido na construção da curva de calibração foi R 2 = 0,9998,


indicando que a curva pode ser utilizada com segurança para a determinação de alcalóides na
amostra. Já a equação de correlação foi Y =0,0129x + 0,1781

Os valores das concentrações de flavonóides totais, após leitura espectrofotometria dos


extractos etanóicos da amostra da raiz de Hypoxis hirsuta (L). Coville. estão apresentados na
tabela 3. A equação resultante da curva de calibração com o padrão rutina e os resultados foram
expressos em g equivalentes de rutina por mililitro (g/ml).

c) Análise quantitativa de taninos: Para determinar a concentração de taninos presentes na


raiz de Hypoxis hirsuta (L). Coville. foi feita uma curva de calibração com concentrações
conhecidas de catequina. Os valores das concentrações e absorvâncias da curva de calibração
estão apresentados na figura 4.

Figura 5- Curva de Calibração Construída de 30-180 g/mL a 500 nm

Fonte: Cuínica et al, 2018


36

O coeficiente de determinação obtido na construção da curva de calibração foi R 2 = 0,9986,


indicando que a curva pode ser utilizada com segurança para a determinação de alcalóides na
amostra. Já a equação de correlação foi Y =0,0132x + 0,1924.

Os valores das concentrações de taninos, após leitura espectrofotometria dos extractos


etanóicos da amostra da raiz de Hypoxis hirsuta (L). Coville. estão apresentados na tabela 3. A
equação resultante da curva de calibração com o padrão catequina e os resultados foram
expressos em g equivalentes de catequina por mililitro (g/ml).

Tabelas 4- Valores de Concentração de Alcalóides, flavonóides e Taninos (µg/ml)

Amostra Alcalóides Flavonóides Taninos

Abs 1 0,576 0,589 0,169

Abs 2 0,580 0,599 0,171

Abs 3 0,575 0,594 0,172

Media 0,577 0,594 0,171

Desvio padrão 0.002 0,004 0,001

CV% 0,374 0,687 0,731

Concentração 30,715 ±0,002 32,240 ±0,004 1,571±0,001

Fonte: autor

As médias dos resultados obtidos quanto às concentrações de alcalóides, flavonóides e taninos


da raiz de H. hirsuta, foram, alcalóides 30,715 ±0,002 µg/mL; flavonóides 32,240 ±0,004
µg/mL; taninos 1,571±0,001 µg/mL.

Tabela 5 – Probabilidade de Significância

alcalóides Flavonóides taninos flavonóides Taninos alcalóides

Valor 0,033 0,000034 0,00004


p
37

Fonte: autor

Após o processamento de dados estatísticos a 95% de nível de confiança, verificou-se que a


concentração de flavonóides foi significativamente maior em relação a concentração dos
taninos (P=0,000034) e concentração de alcalóides (P=0,033) e por sua vez, a concentração de
alcalóides foi significativamente maior que a concentração de taninos (P=0,00004).

Não foram encontrados dados na literatura quanto ao teor de alcalóides, flavonóides e taninos
presentes na raiz, de hypoxis hirsuta (L). Coville. Os únicos dados encontrados na literatura
quanto ao teor de metabólitos secundários são de uma espécie do mesma família e género
hypoxis hemerocallidea que não se observou nada nos cromatogramas, tanto a UV 366 nm
como com DRG a luz visível (SANTIAGO, 2007).

Análise esta que pode servir de base para estudos futuros que busquem novas fontes naturais
de compostos com esta propriedade. Que não esta vetado ou merece de avaliação pelo mesmo
método ou por um outro método.

4.5. Verificação De Hipótese


Com base nos resultados obtidos, valida-se a seguinte hipótese:

 A planta usada para o tratamento de malária na província de Nampula contém


flavonóides, taninos e alcalóides.
38

CAPíTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO

5.1. Conclusão

Foram citadas 14 espécies de plantas medicinais usadas no tratamento de malária na província


de Nampula na prospecção etnorfarmacológica, e na prospecção fitoquímica, o extracto de H.
hirsuta, demostrou a presença de alcalóides, flavonóides, taninos e saponinas. tendo os
flavonóides os princípios activos em maior concentração, seguido por alcalóides. Logo
comprova-se que estes princípios activos são um dos responsáveis pela actividade antimalárica
desta espécie conforme tem sido reportadona literatura

No estudo etnofarmacológico das 14 espécies citadas somente uma é que foi cientificamente
estuda a Aspidosperma vargasii e A. desmanthum, tendo se observado muito activa ao P.
falciparum.
39

5.2. Sugestões e Recomendações

Como já foi esclarecido no corpo do trabalho, apenas foi feito o estudo etnofarmacológico e
fitoquímico qualitativo e quantitativo, como uma pesquisa preliminar do conhecimento das
espécies vegetais usadas para o tratamento da malária na província de Nampula. Neste contexto,
recomenda-se:

 A Faculdade de Ciências Naturais, Matemática e Estatística, da Universidade Rovuma


que façam análises de actividade biológica das fracções bem definidas, , para produção
de medicamentos fitoterápicos;
 A Faculdade de Ciências Naturais, Matemática e Estatística, que faça fraccionamento
dos extractos brutos para isolamento, purificação e caracterização estrutural dos
metabólitos secundários detectados nos extractos para servir de base de dados desta
planta;
 Ao Ministério da Saúde em coordenação com a Faculdade de Ciências Naturais,
Matemática e Estatística, da UniRovuma façam estudos mais aprofundados destas
plantas, que posteriormente possam servir como linha de introdução de novos fármacos
para produção de medicamentos antimaláricos.
40

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43

Apêndice
44

Apêndice 1

COLETA DE DADOS SOBRE PLANTAS MEDICINAIS NAS COMUNIDADES

Nome Nome Activid Part Formas de Dosagens Duração de Efeitos Referên


popul cientí ade e preparação e vias de Tratamento colater cias
ar fico farmaco Usad do remédio administr ais
lógica a ação
45

Apêndice 2

Imagens das 14 espécies de plantas usadas no tratamento de malária na província de Nampula

1 2

3 4

5 6

[
46

7 8

9 10

11 12
47

13
14

Fonte: autor

Apêndice 3

Imagens de tratamento da amostra da análise e equipamentos usados na análise


48
49

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