Bloco de Concreto

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO - UFERSA


CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Trabalho de Conclusão de Curso (2019).

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE BLOCOS DE CONCRETO PARA


VEDAÇÃO.
Lucas Estevão Rebouças 1, Marília Pereira De Oliveira 2

1- Graduando do Curso Bacharelado em Ciências e Tecnologia, UFERSA, Mossoró- Rio Grande do Norte,
Fone (084) 99412-8304. E-mail: [email protected]. Autor (a) apresentador (a) correspondente*.
2- Doutora em Engenharia Mecânica. Professora Adjunta, UFERSA, Mossoró – Rio Grande do Norte, Fone
(084) 99991-5798. E-mail: [email protected]

Resumo: Os blocos de concreto para vedação, embora ainda não sejam os mais utilizados em construções de
edifícios na região do oeste potiguar, tem aumentado o seu uso nos últimos anos, fazendo assim extremamente
necessário um estudo e análise dos processos de fabricação destes produtos, com finalidade de avaliar a
qualidade do produto comercializado que chega ao consumidor final. Em face ao exposto, o presente trabalho
teve como objetivo principal: avaliar a qualidade dos blocos de concreto de vedação fabricados por duas
empresas de grande porte e, uma empresa de médio porte da cidade de Mossoró-RN, usando como referência a
NBR 12118 (2013) e a NBR 6136 (2014). Foram determinadas as propriedades física e mecânica através de
ensaios laboratoriais: Análise dimensional, Absorção de água e resistência à compressão. No ensaio de análise
dimensional os resultados mostram que as empresas de grande porte (A e C) atendem aos requisitos
estabelecidos pelas normas, sendo reprovada, assim, a empresa de médio porte (B). Os resultados também
mostram que somente a empresa (B) não atende aos requisitos quanto ao ensaio de absorção de água. Quanto
ao ensaio de resistência compressão, apenas a empresa (C) apresentou valor de resistência a compressão maior
que o valor mínimo exigido pela NBR 6136:2014.
Palavras-chave: Conformidade. Mossoró-RN. Normatização. Ensaios. Propriedades.

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos o setor da indústria da construção civil tem intensificado a busca no comércio por novas
alternativas para viabilizar a produção de materiais de construção, minimizando ao máximo, os custos em uma
obra. Essas alternativas proporcionam a produção de blocos de concreto, fazendo com que este se destaque e
ganhe espaço no mercado, tendo em vista não somente sua facilidade construtiva, flexibilidade, rapidez,
qualidade e economia, mas também, seus impactos ambientais reduzidos em ralação a produção do tijolo
cerâmico.
Na busca de atender a demanda e se inserir no mercado fica evidente o surgimento de novas fábricas
produtoras de bloco de concreto. No entanto, na maioria das vezes, as novas empresas que se inserem no
mercado são de pequeno porte, nas quais não existe o conhecimento adequado sobre a produção do produto.
Dessa forma os produtores adotam, muitas vezes, medidas de traços estabelecidos por pessoas sem
especialização, produzindo blocos de baixa qualidade, sem seguir as normas técnicas pertinentes a produção
dos blocos de concreto.
Na maioria das vezes as empresas de fabricação dos blocos de concreto desconhecem os ensaios e controle
tecnológico para avaliar seus materiais. Entretanto o que vem acontecendo é a inexistência de dosagem e
processos de cura efetuados corretamente. Ainda assim esses produtos conseguem ser comercializados no
mercado, devido principalmente ao preço mais baixo, a crescente demanda e a falta de conhecimento técnico
dos consumidores.
Desta forma o presente trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade dos blocos de concreto produzidos
na cidade de Mossoró-RN, empregando-se como parâmetro as normas vigentes acerca do assunto, através de
ensaios laboratoriais.

2. DESENVOLVIMENTO

Nesta parte do trabalho trata-se das teorias estudadas pertinentes a indústria de produtos pré-
moldados, apoiando-se nos referenciais de autores renomados que dedicaram-se ao estudo dos pré-moldados.
Ainda nesse sentido, aborda-se o uso do bloco de concreto, suas vantagens e desvantagens, observando a
classificação, as normas, os requisitos a caracterização finalizando com a análise do objeto de estudo.

2.1- INDÙSTRIA DE PRODUTOS PRÉ-MOLDADOS À BASE DE CIMENTO

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1
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Quando se fala em pré-moldado, logo vem em mente a rapidez com que se é executada uma obra, peças
gigantescas de concreto que agilizam esse procedimento, tornando a construção mais viável e com menos danos
ao meio ambiente.
Não é possível estabelecer uma data concreta de quando se iniciou o processo de produção através de peças
pré-moldadas. Sendo assim, pode-se afirmar que a pré-moldagem começou com a invenção do concreto
armado. Ainda segundo, acredita-se que a primeira aplicação de elementos pré-moldados em estruturas de
edificações foi realizada na França, em 1981, utilizando-se vigas pré-moldadas na construção do Cassino de
Biarritz [6].
Os pré-fabricados tiveram origem em paralelo as revoluções industriais, com a evolução do setor industrial
e o surgimento de novos maquinários industriais. Com as novas máquinas e novos métodos de produção, foram
ficando mais frequentes e sofisticados os métodos de produção de pré-fabricados [6].
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, muitos países Europeus se encontravam destruídos. E se fazia
necessário uma reconstrução rápida, dando início a primeira onda de industrialização da construção civil.
Escolas, hospitais, prédios públicos e residências precisavam ser reconstruídos em grandes proporções. Porém,
os pré-fabricados desse período eram produzidos de maneira errada dada a ausência de avaliações prévias
e controles de qualidade [6].
A utilização dos pré-fabricados de concreto dividida nas três seguintes etapas:
De 1950 a 1970 – período em que a falta de edificações ocasionadas pela devastação da guerra, houve a
necessidade de se construir diversos edifícios, tanto habitacionais quanto escolares, hospitais e industriais. Os
edifícios construídos nessa época eram compostos de elementos pré-fabricados, cujos componentes eram
procedentes do mesmo fornecedor, constituindo o que se convencionou de chamar de ciclo fechado de produção
[7].
De 1970 a 1980 – Período em que ocorreram acidentes com alguns edifícios construídos com grandes painéis
pré-fabricados. Esses acidentes provocaram, além de uma rejeição social a esse tipo de edifício, uma profunda
revisão no conceito de utilização nos processos construtivos em grandes elementos pré-fabricados. Neste
contexto teve o início do declínio dos sistemas pré-fabricados de ciclo fechado de produção [7].
Pós 1980 – Esta etapa caracterizou-se, em primeiro lugar, pela demolição de grandes conjuntos habitacionais,
justificada dentro de um quadro crítico, especialmente de rejeição social e deterioração funcional. Em segundo
lugar, pela consolidação de uma pré-fabricação de ciclo aberto, à base de componentes compatíveis, de origens
diversas [7].

2.1.1 – UTILIZAÇÃO DO BLOCO DE CONCRETO PARA VEDAÇÃO

Na busca de uma maior otimização, racionalização e redução de custos nas obras surgiram diferentes
materiais como alternativa para construção sendo os blocos de concreto uma dessas inovações. Os blocos de
concreto são elementos vibroprensados e constituídos de uma mistura de cimento Portland, agregados e água
[5].
Os primeiros blocos de concreto foram desenvolvidos e patenteados por Gibbs na Inglaterra em 1850, mas
a produção em massa começou apenas em 1904, na Virgínia – EUA por J. Bresser, que desenvolveu as máquinas
vibro-prensas automáticas. No Brasil há indícios da utilização de blocos de concreto para vedação pela primeira
vez na década de 40 [3].
Os blocos de concreto podem ser destinados a fechamento de vãos - bloco de vedação ou à sustentação das
construções tendo função estrutural - blocos estruturais. Os blocos de vedação e estruturais feitos de concreto
são fisicamente semelhantes e a forma de produção é a mesma. Entretanto os blocos estruturais possuem paredes
mais espessas e maior resistência a compressão.
Um fator importante que deve ser levantado é o potencial da utilização do bloco de concreto e a análise do
benefício do uso desse material em substituição de outro elemento de alvenaria. Dentre as vantagens e
desvantagens de se utilizar o bloco de concreto comparado a outros elementos de alvenaria pode-se citar [3;4]:

VANTAGENS:
● Medidas mais uniformes;
● Economia de material, já que a parede com blocos de concreto é mais plana que a do bloco
cerâmico;
● Dispensa o chapisco e o revestimento de argamassa em alguns casos;
● Possibilidade de se pintar diretamente sobre o bloco ou deixá-lo aparente;
● Redução de tempo da obra;
● Economia de 15 a 20% do valor da obra;
● Utiliza-se menos blocos por m², cerca de 12,5 blocos por m² ante 25 tijolos.

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2
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DESVANTAGENS:
● Menor conforto térmico;
● Necessita de mão-de-obra especializada;
● Contribui com o aumento do peso da estrutura;
● Maior absorção de água.

2.2 – CLASSIFICAÇÃO DOS BLOCOS DE CONCRETO

As normas brasileiras definem basicamente dois tipos de blocos de concreto:

● Bloco vazado de concreto simples para alvenaria sem função estrutural (NBR 7173:2016);
● Bloco vazado de concreto com maiores resistências para alvenaria estrutural (NBR
6136:2013).

3.0 – METODOLOGIA

Aborda-se neste trecho da pesquisa a metodologia aplicada para a elaboração da pesquisa, tratando-
se da caracterização dos blocos de concreto e os recursos que se fizeram pertinentes para o êxito deste estudo.

3.1 – NORMAS TÉCNICAS RELATIVAS AO BLOCO DE CONCRETO PARA VEDAÇÃO

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) estabelece a existência de dois tipos de blocos de
concreto que são comercializados, os blocos de concreto de vedação e os blocos de concreto com função
estrutural. Estão em vigência, atualmente, duas normas que estabelecem as condições necessárias para aceitação
e comercialização dos blocos de concreto: A NBR 12118 (2013) – Blocos vazados de concreto simples para
alvenaria – Métodos de ensaios, e a NBR 6136 (2014) – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria –
Requisitos.

3.2 – REQUISITOS ESPECÍFICOS DO BLOCO DE CONCRETO PARA VEDAÇÃO

A NBR 6136 (2014) estabelece alguns requisitos de caráter específico para caracterização dos blocos de
concreto simples para alvenaria, que segue a abaixo.

3.2.1 – DIMENSÕES

As dimensões nominais dos blocos vazados de concreto, modulares e submodulares devem corresponder às
dimensões referentes as tolerâncias permitidas às dimensões dos blocos indicadas pela NBR 6136:2014 são de
±3,0 mm para a altura e comprimento do bloco e de ±2.0mm na largura.

Tabela 1- Dimensões reais (NBR 6136:2014).


12,5 x 12,5 x 12,5x37, 7,5 x
Família 20 x 40 15 x 40 15 x 30 10 x 40 10 x 30
40 25 5 40

Largura
190 140 115 90 65
(mm)

Altura (mm) 190 190 190 190 190 190 190 190 190

Compriment
390 390 290 390 240 365 390 290 390
o (mm)

A espessura mínima de qualquer parede de bloco deve atender a tabela 2, a tolerância permitida nas
dimensões das paredes é de – 1,0 mm para cada valor individual.

Tabela 2- Designação por classe, largura dos blocos e espessura mínima das paredes dos blocos
(NBR 6136:2014).
Largura Nominal
Classe Paredes transversais
(mm)

___________________________________________________________________________
3
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Paredes
Espessura equivalente
longitudinais Paredes (mm)
(mm/m)
(mm)
190 32 25 188
A
140 25 25 188

190 32 25 188
B
140 25 25 188

190 18 18 135

140 18 18 135

C 115 18 18 135

90 18 18 135

65 15 15 113

Onde, as classes A, B, C, e D definidas pela NBR6136: 2014 são:

Classe A: blocos de concreto com função estrutural, para uso em elementos de alvenaria acima ou abaixo
do nível do solo.

Classe B: blocos de concreto com função estrutural, para uso em elementos de alvenaria acima do nível do
solo.

Classe C: blocos de concreto com função estrutural, para uso em elementos de alvenaria acima do nível do
solo.

Classe D: blocos de concreto sem função estrutural, para uso em elementos de alvenaria acima do nível do
solo.

3.2.2 – REQUISITOS FÍSICOS-MECÂNICOS

Os blocos vazados de concreto prescritos nessa norma devem atender aos limites de resistência e absorção
estabelecidos da tabela 3. A resistência característica f bk deve ser determinada de acordo com a NBR 12118
(2013).

Tabela 3- Requisitos para resistência característica à compressão e absorção (NBR 6136:2014).


Absorção %
Resistência
Agregado normal Agregado leve
característica
Classificação classe
à compressão
axial MPa
individual Média individual Média

A f bk ≥ 8,0 ≤ 8,0 ≤ 6,0


Com função
≤ 16,0 ≤ 13,0
estrutural 4,0 ≤ f bk ≥
B ≤ 10,0 ≤ 8,0
8,0

___________________________________________________________________________
4
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Com ou sem
função C f bk ≥ 3,0 ≤ 12,0 ≤ 10,0
estrutural

● Para aplicação abaixo do nível do solo, devem ser utilizados blocos classe A;
● Permite-se uso de blocos com função estrutural classe C, com largura de 90 mm, para edificações
de no máximo um pavimento;
● Permite- uso de blocos com função estrutural classe C, com largura de 115 mm, para edificações
de no máximo dois pavimentos;
● Permite-se uso de blocos com função estrutural classe C, com largura de 140 mm e 190 mm,
para edificações de até cinco pavimentos;
● Os blocos com largura de 65 mm tem seu uso restrito para alvenaria sem função estrutural.

3.3- ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DO BLOCO DE CONCRETO PARA VEDAÇÃO

Estabelecidos pela NBR 12118 (2013) os ensaios para determinação da análise dimensional, absorção da
água e resistência à compressão. Antes de iniciar os métodos de ensaios, as amostras devem ser recebidas,
identificadas, limpas, retiradas as rebarbas e colocadas em ambiente protegido para preservar as características
das mesmas. É notório destaque que na presente análise será abordado os parâmetros pertinentes ao bloco de
concreto simples para alvenaria, portanto, as amostras seguirão conforme apresentado na ABNT NBR 6136
(2014).

3.3.1- ANÁLISE DIMENSIONAL

Seguindo a norma as determinações impostas pela mesma quanto a análise dimensional do bloco de concreto
simples para alvenaria são os valores das dimensões das faces – Largura, comprimento e altura, espessura
mínima das paredes e dimensões dos furos.

3.3.1.1 – DETERMINAÇÃO DAS MEDIDAS DAS FACES – LARGURA, COMPRIMENTO E


ALTURA

Conforme a NBR 12118 (2013) para obter os valores de largura (L), altura (H) e comprimento (C) cada
dimensão do corpo de prova, devem ser realizadas, no mínimo, três determinações em pontos distintos na face
de maior espessura das paredes dos blocos, com resolução de 1 mm.

3.3.1.2 – ESPESSURA MÍNIMA DAS PAREDES

Segundo a NBR 12118 (2013) devem ser realizadas duas determinações em cada parede longitudinal do
bloco e uma determinação em cada parede transversal, tomadas na face de menor espessura da parede (face
inferior no momento do assentamento), com aproximação de 1 mm.
A espessura mínima das paredes deve ser a médias das medidas das paredes tomadas no ponto mais estreito,
sendo separadas em longitudinal e transversal. Todas as leituras devem ser expressas em milímetros.

3.3.1.3 – DETERMINAÇÃO DAS DIMENSÕES DOS FUROS

Conforme a NBR 12118 (2013) para determinação das dimensões dos furos, devem ser realizados duas
medições no centro aproximado de cada furo do bloco sendo, uma na direção longitudinal do bloco e outra na
direção transversal, tomadas na face de maior espessura da parede (face superior no momento do assentamento),
com aproximação de 1 mm.

3.3.2- CARACTERÍSTICAS FÍSICAS

Conforme a NBR 12118 (2013) para a análise das características físicas pertinente ao bloco de concreto
simples de alvenaria faz-se necessária a determinação do índice de absorção d’água. Porem para obtenção de
tal índice, faz-se necessário o uso de uma aparelhagem:
● Balança com dispositivo para passagem hidrostática, com resolução mínima de 10 g e capacidade
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5
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mínima de 20000 g;
● Estufa capaz de manter a temperatura no intervalo de (110±5) °C;
● Termômetro para verificação da temperatura da água no tanque de imersão com resolução mínima
de 1 °C.

3.3.2.1 – SECAGEM

A secagem deve ser executada da seguinte maneira, conforme NBR 12118:2013:


● Levar os corpos de prova à estufa, elevar a temperatura até (110±5) °C e mantê-los nessa condição
por 24 horas.
● Determinar a massa do corpo de prova após o período de 24 h, anotar o valor encontrado e colocá-
lo novamente na estufa por no mínimo 12 h, sendo admissível que o corpo de prova permaneça no
máximo 10 min fora da estufa durante a medida da sua massa;
● Repetir a opção anterior a cada 2 h até que em duas determinações sucessivas não se registre apara
o corpo de prova diferença de massa superior a 0,5% em relação ao valor anterior, anotando-se então
sua massa seca m1.

3.3.2.2 – SATURAÇÃO

Para se verificar a saturação, devem ser tomadas as seguintes providências:


● Após os corpos de prova terem sido resfriados naturalmente até a temperatura ambiente, imergi-
los em água a temperatura de (23±5) °C, mantendo-os imersos por 24 horas;
● Pesar cada corpo de prova na condição de saturado com superfície seca, que é obtida drenando o
corpo de prova por 60 s sobre uma tela de abertura de malha maior ou igual a 9,5 mm. Remover a
água superficial visível com um pano úmido, anotando a sua massa saturada m2.

3.3.2.3 – RESULTADO

No relatório de ensaio deve constar o seguinte, conforme NBR 6136:2014:


● O valor da absorção de água de cada corpo de prova, calculado pela equação a seguir:
𝑚2 − 𝑚2
𝑎(%) = 𝑥100 (1)
𝑚1

onde,
a é a absorção total, expressa em porcentagem (%);
m1 é a massa do corpo de prova seco em estufa, expressa em gramas (g);
m2 é a massa do corpo de prova saturado, expressa em gramas (g)

● A média dos resultados individuais, expressa em porcentagem (%);


● O lote de fabricação e a idade dos corpos de prova;
● A avaliação da conformidade dos resultados em relação aos requisitos. Conforme a ABNT NBR
6136.

3.3.3 – CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS

As determinações obrigatórias das características mecânicas pertinente ao bloco de concreto simples para
alvenaria é apenas de resistência a compressão.

3.3.3.1- DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DOS BLOCOS DOS BLOCOS DE


CONCRETO PARA VEDAÇÃO

A resistência característica à compressão do bloco referida à área bruta foi calculada segundo a NBR
6136:2006, a qual diz que para a determinação da resistência característica da amostra (fbk), o valor do fbk
deve ser igual a fbk,est, não sendo admitido valor de fbk inferior a ψfb(1).

A resistência característica estimada foi calculada pela fórmula:

___________________________________________________________________________
6
___________________________________________________________________________

𝑓𝑏(1) + 𝑓𝑏(2) + ⋯ + 𝑓𝑏(𝑖 − 1)


𝑓𝑏𝑘, 𝑒𝑠𝑡 = 2 [ ] − 𝑓𝑏𝑖
𝑖−1 (2)

A resistência característica mínima foi calculada pela fórmula:

𝑓𝑏𝑘, 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 = 𝜓 ∗ 𝑓𝑏(1) (3)


sendo,

i = n/2, já que n é par, se fosse ímpar seria (n-1)/2.


n é igual à quantidade de blocos da amostra.
fbk,est é a resistência característica estimada da amostra, expressa em megapascals.
fb(1), fb(2),..., fb(i) são os valores da resistência característica individual dos corpos de prova da amostra
ordenados em ordem crescente.

Ψ são valores indicados na NBR 6136:2014 que é em função da quantidade de blocos. A Tabela 4 indica os
valores de ψ. Já que nesse estudo foram utilizados 6 blocos o valor de ψ utilizado nos cálculos foi de 0,89.

Tabela 4 – Valores de 𝛙 em função da quantidade de blocos (NBR 6136:2014).

Quantidade
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 18
de blocos

𝛙 0,89 0,91 0,93 0,94 0,96 0,97 0,98 0,99 1,00 1,01 1,02 1,04

3.4 – CARACTERIZAÇÃO DOS BLOCOS CONCRETO PARA VEDAÇÃO

A princípio foram selecionadas três empresas produtoras de blocos de concreto simples para alvenaria da
cidade de Mossoró-RN. Os blocos de concreto simples foram submetidos a ensaios laboratoriais afim de
analisar as caraterísticas visuais, características físicas e característica mecânica das amostras selecionadas
conforme a NBR 12118 (2013) – Blocos de concreto simples para alvenaria - métodos de ensaios e a NBR 6136
(2014) – Blocos vazados de concreto simples para alvenaria - requisitos. Os experimentos foram realizados no
LEMAT (Laboratório de Ensaios de Materiais) da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Campus
Mossoró-RN.

3.5 – MATERIAIS UTILIZADOS

Para os ensaios foram utilizados blocos vazados de concreto simples para alvenaria de dimensões de
19x9x39 cm. Para preservação da imagem das empresas que fabricam os blocos selecionados, as marcas foram
identificadas pelas letras A, B e C.

Quadro 1 – distribuição das amostras


CIDADE DA
EMPRESA AMOSTRA
AMOSTRA
A Mossoró 7
B Mossoró 7
C Mossoró 7
FONTE: Autoria própria (2019).

3.6 – AMOSTRAGEM

Segundo a NBR 6136:2014 a quantidade de amostra as ser selecionada para os métodos de ensaios, devem
ser escolhidas de acordo com a Tabela 5.

Tabela 5 – Tamanho da amostra (NBR 6136:2014).

___________________________________________________________________________
7
___________________________________________________________________________
Quantidade mínima de
blocos para ensaio Quantidade de blocos
Quantidade de blocos Quantidade de blocos
dimensional e para ensaios de
do lote da amostra
resistência à absorção de água
compressão axial

Até 5000 7 ou 9 6 3
5001 a 10000 8 ou 11 8 3
Acima de 10000 9 ou 13 10 3

4.0 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

Esta parte trata-se dos resultados obtidos durante o curso da pesquisa, fazendo-se uma análise
criteriosa do objeto em análise.

4.1 – ANÁLISE DOS RESULTADOS

1. ANÁLISE DIMENSIONAL

As Tabelas 6 e7 apresentam a média dos resultados do ensaio de análise adimensional blocos analisados
que são comercializados na cidade de Mossoró-RN.

Tabela 6 – Resultados do ensaio de análise dimensional dos blocos: largura e altura.

ANÁLISE DIMENSIONAL

DESVIO DA DESVIO DA
EMPRESAS LARGURA (mm) ALTURA (mm)
LARGURA (mm) ALTURA (mm)

A 90,5 0,5 191,9 1,9

B 95,2 5,2 193,2 3,2

C 90,2 0,2 190,4 0,4


FONTE: Autoria própria (2019).

Tabela 7 – Resultados do ensaio de análise dimensional dos blocos: comprimento e espessura das paredes.

ANÁLISE DIMENSIONAL

DESVIO DO
COMPRIMENTO ESPESSURA DAS DESVIO DAS
EMPRESAS COMPRIMENTO
(mm) PAREDES (mm) PAREDES (mm)
(mm)

A 391,5 1,5 23,5 3,5

B 399,2 9,2 18,75 -1,25

C 390,1 0,1 22,17 2,17


FONTE: Autoria própria (2019).

Segundo a NBR 6136:2014 a tolerância permitida para o comprimento e altura dos blocos de concreto é de
±3,0mm. Como visto nos resultados do ensaio na Tabela 6 as empresas A e C estão em conformidade com a
norma. Já a empresa B não atendeu aos requisitos tanto na altura, quanto no comprimento dos blocos, a qual foi

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8
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superior a máxima exigida pela norma. Quanto à largura, observa-se que também foi atendida (exigência da
norma de ±2,0mm) pelas empresas A e C. porem a empresa B excede o limite permitido pela norma.
A tolerância da espessura mínima das paredes transversais e longitudinais dos blocos vista na Tabela 7 deve
ser de -1,0mm, sendo a espessura ideal dos blocos igual a 18mm. Nenhuma das amostras ensaiadas
apresentaram espessura inferior a 18mm, respeitando a espessura mínima exigida.
Com esses resultados pode-se considerar que, em relação as dimensões, os blocos fabricados pela empresa
A e C estão em conformidade com a NBR 6136:2014, porém a empresa B foi reprovada por não atender aos
requisitos relativos a altura, comprimento e largura dos blocos.

2. ABSORÇÃO DE ÁGUA

A tabela 8 mostra os resultados médios dos ensaios de absorção dos blocos de concreto estudados.

Tabela 8 – Resultados do ensaio de absorção.

ABSORÇÃO
EMPRESAS DESVIO PADRÃO CV (%)
MÉDIA (%)

A 6,35 0,053 0,837

B 10,41 0,173 1,665

C 7,87 0,477 6,061


FONTE: Autoria própria (2019).

Sabendo-se que o índice de absorção máximo exigido pela norma é de 10% percebe-se, através dos
resultados da tabela 8, que apenas a empresa B ultrapassa esse limite, ficando assim reprovada.
A tabela 8 também mostra que mesmo sendo reprovada, a empresa B apresenta um coeficiente de variação
muito mais baixo que a empresa C. O que mostra uma uniformidade maior no processo de fabricação dos blocos
da empresa B.

3. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO

Os resultados do ensaio de resistência a compressão dos blocos de vedação estudados podem ser observados
na Tabela 9.

Tabela 9 - Resultados do ensaio de resistência à compressão dos blocos de vedação.


Resistência a compressão

Resistência característica
Empresa
à compressão axial (Mpa)

A 2,7

B 1,4

C 3,9
FONTE: Autoria própria (2019).

Os dados da Tabela 9 mostram que apenas os blocos da empresa C apresentaram desempenho acima do
mínimo exigido pela norma NBR 6136:2014 para blocos de vedação, que é de 3,0 MPa para a classe C analisada.
Os blocos da empresa A e B não atenderam os requisitos mínimos estabelecidos pela norma. Sendo o valor da
empresa B menor que a metade do valor mínimo.

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9
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Um fator que pode ter influência imediata nisso, é a dosagem dos agregados durante o processo de fabricação
dos blocos, com pouca adição do cimento Portland, a pasta de concreto pode ficar pouco consistente, o que
causa um bloco de baixa resistência.

4.2 – DISCURSÕES ENTRE AUTORES

No mesmo intuito de avaliar a qualidade dos blocos de concreto para vedação de suas regiões, surgem
trabalhos que possibilita um comparativo entre os resultados obtidos, afim de avaliarmos se empresas distintas
em diferentes regiões do Brasil, atendem os requisitos estabelecidos pelas normas vigentes.
A pesquisa realizada por Valmara de Souza Sandes na cidade de Feira de Santana-BA, teve como objetivo
geral avaliar a qualidade dos blocos de concreto de fábricas do mercado de Feira de Santana identificando as
características atuais do seu produto [8].
Seus resultados foram próximos aos obtidos por essa pesquisa. Sendo assim, a tabela 10 mostra os resultados
gerais da pesquisa realizada em Mossoró-RN. Enquanto a tabela 11, apresentara os resultados gerais da pesquisa
realizada em Feira de Santana-BA.

Tabela 10 – Resultados gerais das empresas de Mossoró-RN.


ensaios
Empresas Resistência a
Análise dimensional Índice de absorção
compressão

A Aprovada Aprovada Reprovada

B Reprovada Reprovada Reprovada

C Aprovada Aprovada Aprovada


FONTE: Autoria própria (2019).

Tabela 11 – Resultados gerais das empresas de Feira de Santana-BA.


ensaios
Empresas Resistência a
Análise dimensional Índice de absorção
compressão

A Aprovada Aprovada Aprovada

B Reprovada Aprovada Aprovada

C Aprovada Aprovada Aprovada


FONTE: Valmara de Souza Sandes (2008).

Observa-se através da tabela 10, que as empresas de Mossoró- RN obteve um percentual de aprovações de
55,56%, ou seja, juntando as 3 empresas, elas atendem a pouco mais da metade dos requisitos exigidos pelas
normas.
Na tabela 11, os resultados são consideravelmente mais satisfatórios, apresentando um percentual de
aprovação igual 88.89% [8].

5.0 – CONSIDERAÇÕES

O bloco de concreto é um material que vem conquistando espaço e confiabilidade no ramo da construção
civil. Muitas construtoras da cidade de Mossoró-RN utilizam blocos de concreto em suas obras, seja em muros,
fundações, vigas ou até mesmo em paredes estruturais e de vedação. O uso, cada vez mais, contínuo e crescente
desses blocos, teve como consequência um aumento da procura desse material e assim as empresas têm tentado
atender essa necessidade.
Na busca de se inserir no novo mercado as empresas acabam falhando em aspectos relativos a qualidade.
Nesse contexto torna-se de suma importância a avaliação da qualidade dos blocos de concreto fabricados em
Mossoró-RN.
Neste estudo foi observado que das três empresas em análise, apenas a empresa C atendeu aos requisitos
mínimos imposta pela NBR 6136:2014 quanto a análise dimensional, absorção de água e resistência a
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10
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compressão. A empresa A passou nos testes de análise de dimensão e absorção de água, sendo reprovada apenas
no teste de resistência. Em contrapartida a empresa de pequeno porte, B, foi reprovada em todos os ensaios.
Deixando assim comprovada a falta de conhecimento quanto as normas vigentes para a produção dos blocos de
concreto por parte das pequenas empresas que se inserem no mercado a fim de atender a demanda crescente
deste material.
Esse problema pode ser, aos poucos, amenizado com a disponibilidade de material para qualificação dos
operários através de palestras e cursos, aumentando o suporte ao setor de fabricação de blocos de concreto,
principalmente nessa fase de inclusão do material no mercado.
O presente trabalho atingiu seu objetivo de análise ao observar a qualidade dos blocos de concreto,
destacando a importância desse estudo para manter, constante, o crescimento da utilização desse material no
mercado da construção civil na cidade de Mossoró-RN e na região.

6.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Bloco vazado de concreto simples para
alvenaria - Requisitos. NBR 6136. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2014. 11p.

[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Bloco vazado de concreto simples para
alvenaria – Métodos de ensaio. NBR 12118. Rio de Janeiro, 2013. 14p.

[3] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE BLOCOS DE CONCRETO - ABIBC. Press Kit


Bloco Brasil. São Paulo. Disponível em: <http://www.blocobrasil.com.br/pdfs/>. Acesso em: jun 2019.

[4] VFAZITTO COMUNICAÇÃO E ASSESSORIA. A vez dos blocos de concreto. Disponível em:
http://www.vfazitto.com.br/index.php?setor=sala&subsetor=cn&id=207. Acesso em jun. 2019.

[5] MANZIONE, L. Projeto e execução de alvenaria estrutural. 1ª. ed. São Paulo, O nome da Rosa
Editora Ltda. 2004. 116p.

[6] VASCONCELOS, A. C. O Concreto no Brasil: pré-fabricação, monumentos, fundações. Volume III.


Studio Nobel. São Paulo. 2002. 350p.

[7] SALAS, S. J. (1988). Construção Industrializada: pré-fabricação. São Paulo: Instituto de pesquisas
tecnológicas.

[8] SANDES, V. S. Estudo sobre a qualidade dos blocos de concreto em fábricas de Feira de Santana.
Feira de Santana: Universidade Estadual de Feira de Santana. 2008. 51p.

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