Esporotricose Felina - Revisão de Literatura
Esporotricose Felina - Revisão de Literatura
Esporotricose Felina - Revisão de Literatura
Resumo
A esporotricose é uma zoonose causada por fungos do gênero Sporothrix e que pode
ser transmitida para diversas espécies, especialmente os felinos domésticos e o ser
humano. Nesse sentido, os gatos são importantes portadores da doença,
principalmente os machos não castrados, devido aos hábitos comportamentais dessa
espécie, podendo então, transmiti-la por meio de arranhaduras, mordeduras ou
contato da pele lesionada com a ferida do animal portador da doença. A principal
forma de diagnóstico é a cultura fúngica e o tratamento de eleição é o itraconazol que
pode ser associado a outros medicamentos e outras terapêuticas complementares.
Abstract
Sporotrichosis is a zoonosis caused by fungi of the genus Sporothrix and that can be
transmitted to several species, especially domestic cats and humans. In this sense,
cats are important carriers of the disease, especially unneutered males, due to the
behavioral habits of this species and can transmit sporotrichosis through scratches,
bites or contact of the injured skin with the wound of the animal carrying the disease.
The main form of diagnosis is fungal culture and the treatment of choice is
itraconazole, which can be associated with other drugs and other complementary
therapies.
1. Introdução
A esporotricose Felina é uma micose subcutânea que possui como agentes
etiológicos os fungos do gênero Sporothrix, sendo um problema para a saúde pública
devido ao seu caráter zoonótico e altamente transmissível, principalmente pelos
felinos domésticos (PIRES, 2017; GARCIA et al, 2021; ROCHA, 2014). Porém, essa
doença também pode ser transmitida para outras espécies como cães, cavalos,
bovinos, suínos, camelos, primatas e o ser humano (ALMEIDA et al, 2028).
Esses fungos são encontrados mais em regiões de clima temperado ou tropical
úmido e sobrevivem em temperatura ambiente de 25-30° e temperatura corpórea de
37° o qual se diferencia para forma de levedura (ALMEIDA et al, 2028). Além disso,
habitam o meio ambiente, sendo saprófitas de vegetação e solo rico em matéria
orgânica em decomposição (ROSA et al, 2017), tornando os felinos domésticos
suscetíveis a contrair a doença devido aos seus hábitos naturais de cavar a terra e
arranhar árvores, (GARCIA et al, 2021). Dessa forma, os felinos são considerados
os maiores disseminadores da esporotricose por apresentarem maior quantidade de
Sporothrix nas feridas, especialmente, unhas e cavidade oral, e além disso, possuem
evolução mais grave da doença se comparado a outras espécies (ROSA et al, 2017).
Outra forma de transmissão dessa doença é através de arranhadura,
mordedura ou contato com as feridas do animal infectado, já que a infecção só ocorre
se o fungo for inoculado através de lesões ou disseminado em lesões pré existentes
(GARCIA et al, 2021) . Tendo isso em vista, os gatos machos não castrados e errantes
estão nos maiores índices de transmissão da doença devido suas disputas por
território ou fêmeas (GARCIA et al, 2021; ALMEIDA et al, 2018). Ademais, os
humanos também podem contrair a doença através de pequenos traumas durante
atividades de lazer ou profissionais que envolvam o manejo do solo (ALMEIDA et al,
2018).
A manifestação clínica da doença pode ser de diferentes modos, dentre eles,
a cutânea localizada, cutânea linfática, cutânea disseminada e até mesmo sua forma
sistêmica, podendo esse último afetar órgãos, como os pulmões. (GARCIA et al,
2021).
2. Diagnóstico
O diagnóstico da esporotricose vai depender da anamnese, exame físico do
animal e exames complementares, feitos pelo médico veterinário (GARCIA et al,
2021).
Os sinais clínicos encontrados no exame físico dependem da forma da doença
que o animal apresenta, sendo a cutânea caracterizada por lesões ulcerativas com
presença de um exsudato castanho-escuro em pele ou mucosas, principalmente
região nasal (que pode causar sinais respiratórios), cabeça, extremidade dos
membros e cauda; e a forma sistêmica que caracteriza-se por sinais clínicos como
febre, anorexia e mal estar no paciente, podendo até mesmo levar a óbito (PIRES,
2017; ROCHA, 2014).
Os exames laboratoriais utilizados para o diagnóstico são o exame citológico,
histopatológico da pele acometida, usados como diagnósticos presuntivos, e a cultura
como diagnóstico definitivo (PIRES, 2017; ROCHA, 2014). Além disso, na forma
sistêmica é possível observar alteração no hemograma e perfil bioquímico, como
anemia, leucocitose por neutrofilia, hipoalbuminemia, dentre outras (PIRES, 2017).
3. Diagnósticos diferenciais
É necessário que o médico veterinário se atente aos diagnósticos diferenciais
já que os sinais clínicos da esporotricose não são patognomônicos dessa doença
(PIRES, 2017). Nesse sentido, tem-se como diagnóstico diferencial as infecções
bacterianas, infecções fúngicas como a criptococose, neoplasias, leishmaniose
tegumentar, doenças imunomediadas ou até mesmo doenças alérgicas (ROCHA,
2014; PIRES, 2017).
4. Tratamento
A terapêutica de eleição para a esporotricose nos felinos domésticos e
humanos têm sido o antifúngico itraconazol, devido a sua efetividade e menos efeitos
colaterais (PIRES,2017; GARCIA et al, 2021). Esse medicamento é usado na dose
100 mg/gato uma vez ao dia, via oral e indicado após as refeições. Tem como efeitos
colaterais mais comuns em gatos a hiporexia, apatia, vômitos e perda de peso
(GARCIA et al, 2021; ROCHA, 2014; ROSA et al, 2017)
Além disso, existe outro antifúngico também muito utilizado, o iodeto de
potássio, geralmente usado em associação ao itraconazol. Porém, esse fármaco pode
ter efeitos adversos, como a intoxicação por iodo (GARCIA et al, 2021).
A Anfotericina B é um antibiótico muito utilizado para micoses sistêmicas e
pode ser associado ao itraconazol ou usado individualmente de forma subcutânea ou
intralesional, já que sua utilização por via endovenosa possui efeitos nefrotóxicos
(GARCIA et al, 2021; ROCHA, 2014).
Ademais, existem tratamentos complementares como ressecção cirúrgica das
lesões, criocirurgia, termoterapia local, acupuntura e ozonioterapia (GARCIA et al,
2021; ROCHA, 2014; MOURA, 2020).
5. Conclusão
Conclui-se que a esporotricose é uma doença altamente transmissível, de
caráter zoonótico, afetando principalmente os felinos domésticos, sendo então
necessário o diagnóstico e o tratamento desses animais para o controle da
disseminação da doença para outros animais e seres humanos, tornando-se de
extrema importância para saúde pública.
REFERÊNCIAS
MOURA, Ana Luísa Gonçalves de. Uso da ozonioterapia como auxílio no tratamento
das lesões de esporotricose felina: relato de caso. 2021.