Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul Faculdade de Agronomia Curso de Zootecnia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE AGRONOMIA

CURSO DE ZOOTECNIA

Lucas de Marques Vilella

Produção de insetos para uso na alimentação animal.

Porto Alegre
2018
Produção de insetos para uso na alimentação animal

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito para
obtenção do grau de Zootecnista,
Faculdade de Agronomia, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul.

Orientador: Profª. Drª. Andrea


Machado Leal Ribeiro

Porto Alegre
2018
Produção de insetos para uso na alimentação animal

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para


obtenção do Grau de Zootecnista, Faculdade de Agronomia, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul.

Data de aprovação: __/__/____.

________________

Andrea Machado Leal Ribeiro, Profª. Drª. – UFRGS

Orientadora

________________

Kátia Maria Cardinal – Pós graduanda de Doutorado – PPG Zootecnia


UFRGS

________________

Thaís Stefanello – Pós graduanda de Doutorado – PPG Zootecnia UFRGS


DEDICATÓRIA

Dedico essa conquista aos meus pais que nunca deixaram de incentivar os
meus estudos e sonhos aos meus irmãos por me apoiarem de todas maneiras
possíveis, aos meus amigos que sempre me incentivaram e me apoiaram.
Dedico este trabalho a todas as pessoas que de alguma forma me fizeram
enxergar meu caminho e deixaram sua contribuição ao meu crescimento.
Se as armas alimentassem a fome no mundo e
se a corrupção na política fosse à solução da pobreza,
eu teria uma frase a menos.

Elton Baron
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, João Carlos Vilella e Marise de Marques Vilella,
por sempre fazerem sacrifícios para que os meus estudos e sonhos fossem
possíveis. Obrigado por me amarem e por acreditar em mim.
Aos meus irmãos Juliana e Mateus por me apoiarem, me acompanharem e
aturar meus dias ruins e sei que sempre poderei contar com vocês.
Agradeço a minha namorada Pâmela por me apoiar e fazer meus dias
melhores.
Agradeço aos amigos e irmãos, Bruno e César, que a vida me deu e
sempre estão lá para me lembrar que há pessoas para nos apoiar mesmo quando
estamos sem forças.
A minha segunda família que foi o Laboratório de Ensino Zootécnico, que
me trouxe grande conhecimento, me ensinou a procurar mais de mim e também
ensinou a trabalhar em equipe e acreditar que cada pessoa tem sua capacidade e
a importância de saber como explorar essas capacidades e que várias mentes
juntas trabalhando para o mesmo resultado sem se preocupar com o benefício
próprio é muito melhor que a individualidade. E onde também aprendi que
trabalhar cansa, mas comemorar as conquistas é muito bom, agradeço a todos os
churrascos e beberagens.
Aos meus colegas que entraram comigo nesta jornada, e que por vários
motivos se tornaram pessoas que respeito e admiro.
Aos meus mestres e professores que das mais diversas formas me fizeram
ampliar os horizontes do meu conhecimento.
Agradecimento especial a minha orientadora a Profª Drª Andrea Machado
Leal Ribeiro, que sempre me apoiou e exigiu mais de mim sabendo que poderia
alcançar e me ensinou muito.
Agradeço aos órixas e a deus pois a fé é importante nos momentos que
nada parece certo e que somente acreditar em algo maior nos sustenta.
RESUMO
O crescimento constante da população mundial, aumentará a necessidade de
produção de alimentos. Diante dessa situação a FAO estima um aumento entre
60–70% no consumo de proteína de origem animal. Este aumento de consumo
demanda uma grande quantia de recursos naturais, cada vez mais limitados, seja
por fatores ambientais (mudanças climáticas, reservas naturais), ou políticos. O
aumento do uso de grãos para produção de biocombustíveis também aumenta a
competição produtiva e acaba aumentando os custos das matérias primas.
Portanto sabendo-se das necessidades crescentes da produção animal,
especialmente de forma sustentável, que atenda os desejos dos consumidores e
que não eleve os custos da produção, é necessário procurar alternativas que
possam suprir estas demandas. Dentro deste conceito a utilização de insetos na
alimentação animal pode ser uma alternativa. Os insetos já fazem parte da dieta
de diversas espécies na natureza e animais silvestres em cativeiro, como
zoológicos, recebem insetos produzidos em biotérios em suas dietas. Em criações
extensivas de aves, é comum que os animais consumam insetos presentes no
ambiente. Insetos tem um ciclo de vida rápido, crescem e se reproduzem
facilmente pois as fêmeas põem milhares de ovos e podem ser criados em
resíduos biológicos. Muitos são agentes decompositores e têm ótima conversão
alimentar, pois não produzem calor por terem sangue frio. Um quilo de insetos
pode ser produzido com uso de aproximadamente dois quilos de biomassa; como
resultado convertem matéria, que seria descartada, em alimento de alto valor
nutricional. São ricos em gordura e proteína e seu conteúdo mineral vária
conforme a espécie e a fase do ciclo de vida em que são utilizados, porém são
associados à sujeira e à falta de sanidade. O trabalho abordará as possibilidades
de uso de insetos como alimento e os fatores que afetam sua produção, como a
tecnologia para produção de insetos, quais espécies podem ser utilizadas, quais
as vantagens e desvantagens da produção de insetos, quais são os valores
nutricionais deste tipo de alimento, quais as formas possíveis de uso, e como se
encontram as questões de pesquisa sobre o assunto.

Palavras-chave: Insetos comestíveis. Proteína bruta. Valor nutricional.


ABSTRACT
The steady growth of the world's population will increase the need for food
production. Faced with this situation the FAO estimates an increase between 60-
70% in the consumption of animal protein. This increase in consumption demands
a large amount of natural resources, increasingly limited by environmental factors
(climate change, natural reserves), or political factors. Increased use of grain for
biofuel production also increases productive competition and ends up increasing
raw material costs. Therefore, knowing the growing needs of animal production,
especially in a sustainable way, that meets the desires of consumers and does not
raise the costs of production, it is necessary to look for alternatives that can meet
these demands. Within this concept the use of insects in animal feed may be an
alternative. Insects are already part of the diet of several species in the wild and
wild animals in captivity, such as zoos, receive insects produced in bioterrories in
their diets. In extensive breeding of birds, it is common for animals to consume
insects present in the environment. Insects have a fast life cycle, grow and
reproduce easily because females lay thousands of eggs and can be bred in
biological waste. Many are decomposing agents and have excellent feed
conversion, as they do not produce heat because they are cold blooded. One
kilogram of insects can be produced using approximately two kilograms of
biomass; as a result convert matter, which would be discarded, into food of high
nutritional value. They are rich in fat and protein and their mineral content varies
according to the species and stage of the life cycle in which they are used, but
they are associated with dirt and lack of sanity. The work will address the
possibilities of using insects as food and the factors that affect their production,
such as technology for insect production, which species can be used, what are the
advantages and disadvantages of insect production, what are the nutritional
values of this type of food, what are the possible ways of using it, and how to find
the research questions on the subject

Key words: Edible insects. Crude protein. Nutritional value.


LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Eficiências de produção de carne convencional e grilos. ...................... 21
Figura 2. Produção de GEEs por kg de ganho de massa para três espécies de
insetos, suínos e bovinos de corte. ...................................................................... 22
Figura 3. Produção de amônia por kg de ganho de massa para três espécies de
insetos e suínos. .................................................................................................. 22
Figura 4. Mosca adulta. ........................................................................................ 27
Figura 5. Larvas de Hermetia Illucens. ................................................................. 28
Figura 6. Ciclo de vida da Mosca Soldada negra (H.Illucens). ............................. 28
Figura 7.Besouro adulto (T.molitor) e larvas. ....................................................... 32
Figura 8. Ciclo de vida da Larva da farinha (T.molitor). ........................................ 33
Figura 9.Grilo e gafanhoto. ................................................................................... 35
Figura 10. Mariposa adulta (B.mori) e casulos. .................................................... 37
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. VALOR NUTRICIONAL MOSCA SOLDADO NEGRO (Hermetia
Illucens). ............................................................................................................... 52
Tabela 2. VALOR NUTRICIONAL LARVA DA FARINHA (Tenebrio molitor). ...... 53
Tabela 3.VALOR NUTRICIONAL GRILOS E GAFANHOTOS (Acridídeas spp.,
Pyrgomorphidae spp., Gryllidae spp., Tettigonidae spp.). .................................... 54
Tabela 4. VALOR NUTRICIONAL FARINHA DE BICHO-DA-SEDA INTEGRAL
(Bombyx mori). ..................................................................................................... 55
Tabela 5. VALOR NUTRICIONAL DA FARINHA DE BICHO-DA-SEDA
DESENGORDURADA (Bombyx mori). ................................................................ 56
LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS

EFSA European Food Safety Authority

FAO Food and Agriculture Organization

FDA Fibra Detergente Ácida

FDN Fibra Detergente Neutro

GEE Gases de Efeito Estufa

GWP Potencial de Aquecimento Global

IPIFF International Plataform of Insects for Food and Feed

MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

MS Matéria Seca

PAP Proteína Animal Processada

PB Proteína Bruta
SUMÁRIO
SUMÁRIO 12

1 INTRODUÇÃO 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 16

2.1 Os insetos na história 16

2.2 Vantagens do uso de insetos 18

2.2.1 Produção de insetos comestíveis 20

2.2.2 Conversão de alimentos 20

2.2.3 Uso de resíduos 21

2.2.4 Emissões de GEE e amônia 22

2.2.5 Análise do ciclo de vida 23

2.3 Bem-estar animal nos insetos 23

2.4 Risco de zoonoses 24

3 Produção de insetos 25

3.1 Definições e conceitos 25

3.2 Escolha das espécies para produção de alimentos 26

3.2.1 Mosca Soldado Negro (Hermetia illucens) 27

3.2.2 Larva da Farinha (Tenebrio molitor) 32

3.2.3 Grilos e Gafanhotos (Acridídeas spp., Pyrgomorphidae spp.,


Gryllidae spp., Tettigonidae spp.) 34

3.2.4 Bicho-da-Seda (Bombyx mori) 37

4 Resultados encontrados em diferentes espécies 39

4.1 Aves 39

4.2 Suinos 41

4.3 Ruminantes 42

4.4 Peixes 42
4.5 Cães e gatos 43

4.6 Outros 43

5 Custo e confiabilidade da matéria-prima 43

6 Processamento e diferentes tipos de produtos 44

6.1 Insetos inteiros 44

6.2 Farinhas e farelos 44

6.3 Extrato proteico 45

6.4 Gordura extraída 45

6.5. Quitina 45

7 Processamento em escala industrial 46

8 Biossegurança 46

9 Desafios institucionais 47

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS 49

ANEXOS 52

Tabelas nutricionais 52

REFERÊNCIAS 57
14

1 INTRODUÇÃO
A demanda mundial por alimentos deve aumentar, segundo dados do
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2013). Este relatório
mostra o aumento no consumo de alimentos, em escala mundial, mesmo com
um crescimento econômico reduzido em todos os países em desenvolvimento.
Isto se deve ao fenômeno de aumento de renda, associado aos crescentes
números do consumo nas economias emergentes como China, Índia e Brasil, o
que fez com que surgisse nos últimos anos, um grupo de consumidores
dispostos a dispender parte de sua renda na compra de proteínas de origem
animal (GANDHI & ZHOU, 2014).
A produção global de carnes deverá ser 16% maior em 2025 do que no
período analisado, que foi de 2013 a 2015 (FAO, 2016). Além disso,
atualmente, 36% das calorias produzidas por meio da agricultura no mundo são
destinadas à alimentação animal e apenas 12% para a dieta humana, por meio
de carnes e outros produtos de origem animal (CASSIDY et al., 2013). Soma-
se a isso o surgimento dos biocombustíveis que destina de 1 a 4% da produção
de grãos, como milho e soja, à energia, o que aumenta a competição por
alimentos (CASSIDY et al., 2013).
A intensificação dos sistemas de produção dos rebanhos bovino e,
principalmente suíno e avícola, tem exigido uma produção crescente de farelo
de soja, o que demanda o aumento das áreas para produção deste grão.
Buscando suprir esta demanda crescente, aumentam as áreas dedicadas a
produções agrícolas e industriais, que utilizam mais recursos naturais e como
consequência provocam aumento nos impactos ambientais, como emissões de
gases do efeito estufa (GEE), poluição das águas (HOEKSTRA e WIEDMANN,
2014; MEKONNEN e HOEKSTRA, 2010) e geração de resíduos, o que vai
contra a busca de sistemas sustentáveis. Com isto buscar alternativas que
sejam menos demandantes de recursos naturais e menos geradoras de
resíduos, torna-se importante à produção mundial de carnes e, em especial,
para o Brasil que é um dos principais produtores de proteína do mundo. Neste
contexto, um documento gerado pela FAO (2003), sugere a criação e
processamento de insetos como alternativa proteica. Também foram realizados
15

estudos sobre o impacto da criação de insetos no meio ambiente (OONINCX et


al., 2010; PREMALATHA et al., 2011) e sobre os aspectos de segurança do
consumo de insetos (KLUNDER, WOLKER-ROOIJACKERS et al., 2012).
Essas pesquisas demonstraram que os insetos comestíveis são uma boa fonte
de aminoácidos, minerais, e ácidos graxos (BUKKENS, 2005; RAMOS-
ELORDUY et al., 1997; 2012; RUMPOLD e SCHÜTER, 2013b).
Geralmente, os insetos são considerados um alimento protéico (46-65%
de proteina), sendo mais ricos em proteínas que feijões (23,5% de proteína),
lentilhas (26,7%) ou soja (41,1%) (RAMOS-ELORDUY et al., 2012). O
conteúdo energético dos insetos é, em média, comparável ao da carne, em
base de matéria natural (SAKSIRIRAT et al., 2010). A característica mais
importante é que os insetos são uma boa fonte de aminoácidos essenciais e
ácidos graxos poliinsaturados (RUMPOLD e SCHLÜTER, 2013a).
Um estudo proposto por NGUYEN et al. (2015) demonstrou a
capacidade da larva de mosca soldado negro em reciclar resíduos orgânicos
das mais distintas origens (ração de frangos de corte, fígado suíno, dejeto
suíno, resíduos domésticos, frutas e vegetais e resíduos de pescado)
demonstrando a possibilidade de utilizar este “bioconversor” como uma
ferramenta de gestão ambiental (DIENER et al., 2011; NGUYEN et al., 2015).
Em um estudo de um sistema em escala industrial, o uso de larvas de mosca
soldado negro, apresentou reduções de mais de 50% nos volumes de dejetos
de aves poedeiras (SHEPPARD et al.,1994).
Todos estes fatores demonstram o potencial de uso de insetos para a
produção de alimentos, principalmente como fonte proteica e seu uso na
nutrição de animais como substituta de outros grãos e sua capacidade de
converter resíduos orgânicos em um material de melhor qualidade. Portanto o
intuito deste trabalho é discorrer sobre como os insetos podem ser utilizados na
alimentação animal.
16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Os insetos na história
Culturalmente sempre houve uma aversão aos insetos, principalmente
nos povos ocidentais (KELLERT, 1993). Ao longo da evolução do homem, ele
consumiu insetos devido aos hábitos de coletor, porém com o tempo e a
passagem de nômades para comunidades sedentárias, ocorreu o
desenvolvimento da agricultura e a domesticação de outros animais, isto
substituiu as fontes de alimentos primitivos.
Devido à agricultura os insetos passaram a ser considerados pragas. A
domesticação de grandes animais e plantas deu ao homem moderno,
principalmente os povos europeus, uma vantagem considerável para o seu
desenvolvimento (DIAMOND, 2005). Estas conquistas vieram também com a
dominância cultural na produção de alimentos, com hábitos, conhecimentos,
técnicas e organismos exportados em todo o mundo.
Com o tempo os insetos passaram a ser considerados sinais de doenças
e incômodo, tendo associação com povos primitivos ou situação de
subdesenvolvimento ou pobreza. Nas sociedades ocidentais onde a proteína é
em grande parte derivada de animais domesticados (leite, queijos, carnes e
pescados) e da produção de grãos de leguminosas (feijão, soja, lentilha,
ervilha) os insetos são praticamente sinônimo de incômodo: mosquitos e
moscas invadem casas, mordendo; cupins consomem móveis e estruturas de
madeira; e alguns insetos chegam em refeições, desencadeando repulsa.
Certos insetos também são transmissores de doenças (KELLERT,
1993): um vetor mecânico como uma mosca, por exemplo, pode transportar um
agente infeccioso de um local para um alimento; mosquitos, carrapatos, pulgas
e outros parasitas são muitas vezes responsáveis por doenças graves no
sangue, como a malária, dengue, encefalite viral, doença de Chagas.
Borboletas e joaninhas estão entre os poucos insetos que são bem vistos
(KELLERT, 1993; LOOY e WOOD, 2006).
Se a produção agrícola permanecer na sua forma atual, os aumentos
das emissões de GEE, bem como o desmatamento e a degradação ambiental
vão continuar. Estes problemas ambientais, particularmente os associados à
criação de gado, necessitam de atenção urgente, pois o gado assim como o
17

peixe são importantes fontes de proteína na maioria dos países. De acordo


com a FAO (2006), a produção pecuária representa 70% dos solos utilizados
pela agricultura mundial. Da mesma forma, a produção e consumo de peixe
aumentou drasticamente nas últimas cinco décadas. Consequentemente, o
setor da aquicultura cresceu e agora representa cerca de 50% da produção
mundial de peixes.
O crescimento sustentável do setor da produção de proteína animal
dependerá em grande parte da existência de alimentos para rações. A
oportunidade para os insetos atenderem esta demanda crescente e
substituírem as fontes normais de alimentos nas rações animais é enorme. As
instalações de produção de animais são economicamente viáveis devido à sua
elevada produtividade, pelo menos em curto prazo. No entanto, estas
instalações acarretam enormes custos ambientais (TILMAN et al., 2002; FIALA,
2008). O estrume, por exemplo, contamina a água superficial e as águas
subterrâneas com nutrientes, toxinas (metais pesados) e patógenos (TILMAN
et al., 2002; THORNE, 2007).
A agricultura tem sido definida como principal causa de antropomorfismo
climático. Alimentar as populações futuras exigirá o desenvolvimento de fontes
alternativas de proteína, tais como carne cultivada, algas, feijões, fungos e
insetos. Há um interesse crescente por insetos como uma fonte alternativa aos
alimentos normalmente empregados na alimentação animal, como soja, milho,
grãos e farinha de peixe.
No mundo há cerca de 1,5 milhões de espécies animais, das quais os
insetos compreendem mais de dois terços (950 mil). Eles fazem parte de um
grande grupo de animais pertencentes ao filo Artropoda. As estimativas dizem
que a quantidade de espécies variam de 2,6 milhões a 7,8 milhões. Destas,
1.900 espécies são usadas como fonte de alimento para humanos (VAN HUIS
et al., 2013). Globalmente, os insetos mais comumente consumidos são os
besouros (Coleoptera - 31%), lagartas (Lepidoptera - 18%), abelhas, vespas e
formigas (Hymenoptera - 14%). Seguindo estes estão os gafanhotos e grilos
(Orthoptera - 13%), cigarras, cigarrinhas, bichos-folha e insetos verdadeiros
(Hemiptera - 10%), cupins (Isoptera - 3%), libélulas (Odonata - 3%), moscas
(Diptera - 2%) e outras ordens ( 5%).
18

A importância da criação de insetos para a humanidade reside desde a


capacidade de polinização, vital à sobrevivência de algumas espécies de
plantas, até a capacidade de reciclagem de resíduos orgânicos de origem
vegetal e, principalmente, animal (VAN HUIS et al., 2013). Aproveitar esta
vantagem produtiva dos insetos em converter resíduos orgânicos,
considerados limitadores da produção de várias atividades como suinocultura
ou avicultura, em proteína animal, faz parte de um projeto elaborado pela FAO
em cooperação com a Universidade de Wageningen, na Holanda, e que
resultou no relatório Edibleinsects: future prospect for food and feed security.
Dada a ampla gama de espécies de insetos comestíveis, o valor
nutricional é altamente variável. Mesmo dentro do mesmo grupo de espécies, o
valor nutricional pode diferir dependendo do estágio metamórfico do inseto,
seu habitat de criação e sua dieta (VAN HUIS, 2003). A digestibilidade e o
valor nutricional dos insetos dependem das espécies a serem utilizadas
podendo variar de 50 a 82% de proteína bruta na matéria seca (SCHABEL,
2010). Espécies como a mosca doméstica (Musca domestica) apresentam
níveis entre 43 e 68% de proteína bruta e o tenébrio – “bicho da farinha”
(Tenebrio molitor), valores entre 44 e 69%, muito próximos aos verificados no
farelo de soja - 49 a 56% (VELDKAMP et al., 2012).
Diversos países já vêm intensificando as pesquisas sobre o uso de
insetos como fontes de alimentos, principalmente a União Europeia,
principalmente devido à pressão da destinação de dejetos da produção animal
e humana, além da pegada hídrica (gasto de água para produção de um
recurso) e emissão de gases de efeito estufa. Estas pesquisas em sua maioria
têm o uso de insetos como uma alternativa para alimentação humana, mas a
aversão cultural ao consumo de insetos limita essa aplicabilidade. Entretanto
quando se pensa em usar para alimentar outros animais, a ideia se tornar
viável e de grande aceitação devido à visão sustentável que possui.

2.2 Vantagens do uso de insetos


Produzir insetos tem uma série de vantagens:
• Eficiência elevada da conversão alimentar (a capacidade de um animal
de converter a alimentação em massa corporal, representada como quilograma
19

de ração por quilograma de ganho de peso). O gado de corte, por exemplo,


consegue converter aproximadamente 8kg de alimento em 1kg de ganho de
peso. Já os insetos são bem mais eficientes, pois conseguem converter entre
1,5 a 2 kg de alimento em 1 kg de ganho de peso, e fazem isso eliminando
aproximadamente 100 vezes menos óxido nitroso (um agravante do efeito
estufa).
• Podem ser criados em resíduos orgânicos (VELDKAMP et al., 2012),
gerando um destino aos alimentos desperdiçados e, desta forma reduzindo a
contaminação ambiental.
• Emitem relativamente poucos GEE e pouca amônia.
• Requerem significativamente menos água do que a criação de gado.
• Eles têm poucas questões de bem-estar animal, embora a medida que
os insetos sentem dor é, em grande parte, desconhecida.
• Apresentam um baixo risco de transmissão de infecções por zoonoses.
No entanto ainda há muito a ser desenvolvido para evoluírem os
sistemas de produção de insetos de modo a serem destinados a escala
maiores. De certa forma, eles precisam ser domesticados. Segundo DIAMOND
(2005), para uma espécie ser domesticável ela deve apresentar seis
características:
• Uma dieta que seja possível de se produzir.
• Alta taxa de crescimento (é mais barato e mais interessante para
investir em animais com crescimento rápido).
• Capacidade de acasalamento em cativeiro (alguns animais
simplesmente se recusam a fazê-lo).
• Uma disposição domesticável (por exemplo, a domesticação de
cavalos foi bem-sucedida, mas a domesticação de zebras falhou por causa de
sua agressividade).
• Comportamento relativamente calmo (ou seja, menos reativos).
• Uma estrutura social clara (em qual seja possível definir interações).
Como outros animais nem todas as espécies de insetos comestíveis
podem ser domesticadas. As características citadas, foram avaliadas em
mamíferos. Isso pode representar que não sejam a melhor maneira de avaliar
as espécies de insetos para domesticação.
20

2.2.1 Produção de insetos comestíveis


Para se iniciar um sistema produtivo é necessário conhecimentos da
biologia e fisiologia dos animais. Da mesma forma, questões relacionadas à
viabilidade de criação, palatabilidade e demais características organolépticas
ou nutricionais da ração, conforme a espécie animal a ser arraçoada, devem
ser consideradas na escolha.
A seleção das espécies mais adequadas à criação deve ser baseada
nas características de produção, teor de proteína e volume de biomassa
requerido para a atividade a que se destinam. O custo dos alimentos
destinados a estes insetos, sejam de origem vegetal ou mesmo resíduos
orgânicos (dejetos), também são decisivos na escolha, principalmente por
interferir na qualidade da proteína a ser produzida (riqueza de aminoácidos)
(RUMPOLD e SCHLÜTER, 2013).
A tecnologia a ser empregada deve entender as necessidades de cada
espécie a fim de controlar o ciclo de vida, necessidades ambientais,
ferramentas para coleta, e manejo reprodutivo.

2.2.2 Conversão de alimentos


Como a demanda por carne cresce, há o crescimento da necessidade
de grãos e proteínas como alimento, porquê é necessário muito mais protéina
vegetal para produzir uma quantidade equivalente de proteína animal.
PIMENTEL e PIMENTEL (2003) calcularam que, para produzir 1 kg de proteína
animal de alta qualidade, os animais são alimentados com cerca de 6 kg de
proteína vegetal.
As taxas de conversão de alimentação para carne variam amplamente,
dependendo da classe do animal e as práticas de produção utilizadas. Em um
sistema de produção típico 1 kg de peso vivo requer a seguinte quantidade de
ração: 1,8 kg para frango, 2,8 kg para suíno e 7,4 kg para bovinos. Insetos
requerem muito menos alimentação.
Por exemplo, a produção de 1 kg de peso vivo de grilos requer 1,7 kg de
ração (COLLAVO et al., 2005). Quando estes números são ajustados para o
peso comestível (geralmente o animal inteiro não pode ser comido), a
vantagem de comer insetos torna-se maior (VAN HUIS, 2013). NAKAGAKI e
21

DEFOLIART (1991) estimaram que até 80 % de um grilo é comestível em


comparação com 55 % de frangos e suínos e 40 % do gado.
Isto significa que os grilos são duas vezes mais eficientes na conversão
de alimentos que os frangos, pelo menos quatro vezes mais eficientes do que
os suínos, e 12 vezes mais eficientes do que o gado (Figura 1). Isso se justifica
pelo fato dos insetos serem de sangue frio e não necessitarem de alimentos
para manter a temperatura corporal.
Figura 1. Eficiências de produção de carne convencional e grilos.

2.2.3 Uso de resíduos


Um benefício dos insetos como uma fonte alternativa de proteína é que
podem ser criados sustentavelmente em leitos de resíduos orgânicos (por
exemplo, estrume ou chorume de suínos). Desta forma os insetos convertem
um material que poderia ser um agente poluente em um recurso alimentar de
boa qualidade nutricional (VELDKAMP et al., 2012).
Espécies de insetos como a mosca soldado negro (Illucens hermetica), a
mosca comum (Musca domestica) e a larva da farinha (Tenebrio Molitor) são
muito eficientes em bioconverter resíduos orgânicos. Por esta razão, estas
espécies vêm recebendo a atenção, uma vez que poderiam converter
coletivamente 1.300.000.000 toneladas de bioresíduos por ano (VELDKAMP et
al., 2012). Outras espécies de insetos, como grilos, são criadas em fazendas
de aves. A substituição de tais alimentos por resíduos orgânicos pode ajudar a
tornar a agricultura de insetos mais rentável.
22

2.2.4 Emissões de GEE e amônia


A criação de gado é responsável por 18% das emissões de GEE
(equivalente CO2), quota mais elevada do que o setor dos transportes
(STEINFELD et al., 2006). Metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) têm maior
potencial de aquecimento global (GWP) do que CO2: se o CO2 tem um valor de
1 GWP, CH4 tem um GWP de 23 e N2O tem um GWP de 289 (IPCC, 2007)
(Figura 2).

Figura 2. Produção de GEEs por kg de ganho de massa para três espécies de insetos, suínos
e bovinos de corte.

Os resíduos de gado (urina e estrume) também contribuem para a


poluição ambiental (por exemplo, amoníaco) e podem levar à nitrificação e à
acidificação do solo (Figura 3).
Figura 3. Produção de amônia por kg de ganho de massa para três espécies de
insetos e suínos.
23

2.2.5 Análise do ciclo de vida


Avaliação do ciclo de vida é uma técnica para avaliar os impactos
ambientais associados a todas as fases da vida de um produto; nos insetos
esta análise foi feita nas larvas. OONINCX (2012), quantificaram a produção de
GEE, uso de energia e área utilizada de terra em toda a cadeia de produção de
larvas, demonstrando que a produção de 1 kg de proteína de larva teve menor
impacto ambiental em comparação com a produção de 1 kg de carne de
bovina, comparável com carne de porco, e ligeiramente mais alta do que frango
e leite.
As emissões de GEE liberados pela produção de insetos foi inferior aos
outros sistemas de produção. Para cada 1 ha de terra necessário para produzir
proteína de insetos, 2,5 ha seriam necessários para produzir uma quantidade
semelhante de proteína do leite, 2 a 3,5 ha seriam necessários para produzir
quantidade semelhante de carne suína ou proteína de frango, e 10 ha seriam
necessários para produzir proteína de carne bovina. Com base neste estudo,
portanto, larvas são uma fonte mais ecológica de proteína animal.

2.3 Bem-estar animal nos insetos


No que respeita aos animais de criação intensiva, BRAMBELL (1965)
descreveu as normas que a indústria de produção animal deve aspirar: os
animais devem ter liberdade de fome, sede, desconforto, dor, lesão, doença,
medo e angústia, e a expressão do comportamento normal.
No que diz respeito à fome e à sede, isto significa fornecer alimento
suficiente com nutrição adequada para prevenir, entre outros, o canibalismo.
24

Os critérios de liberdade, desconforto e expressão do comportamento natural


dizem respeito à aglomeração e à tolerância de certos níveis de densidades de
criação. Como muitos mamíferos em cultivo intensivo, os insetos são
tipicamente criados em espaços pequenos e confinados. Para garantir o bem-
estar dos animais, deve ser fornecido aos insetos o espaço adequado, que
depende do nível de interação que uma espécie tem com outros indivíduos da
sua espécie e outras necessidades naturais.
Por exemplo, gafanhotos criados em cativeiro são sempre sociáveis e
ocorrem naturalmente em altas densidades. Larvas também têm uma
tendência a se aglomerar. Em instalações de criação, as condições ideais são
perseguidas para minimizar a mortalidade e aumentar a produtividade. Pouco
se sabe sobre a extensão a que os insetos experimentam a dor e o desconforto
(ERENS et al., 2012), embora algumas pesquisas tenham sido realizadas
usando a mosca da fruta, Melanogaster drosófila, como um organismo modelo.
NEELY et al. (2011) olharam para nocicepção, definida como o "percepção
sensorial de estímulos potencialmente prejudiciais” e descobriram a presença
de genes de nocicepção semelhantes aos mamíferos, sugerindo que dor pode
ocorrer nos insetos.
No entanto, é incerto se estes estímulos são simples reflexos ou se são
respostas de sistemas neurais. Embora haja uma falta de evidência de que os
insetos possuem capacidade cognitiva para experimentar o sofrimento, até que
haja prova conclusiva, EISEMANN et al. (1984) sugeriram que os insetos,
como precaução, devem ser considerados capazes de sentir dor. Portanto
foram adotadas técnicas para reduzir o sofrimento no abate, entre eles
podemos citar congelamento instantâneo e trituração.

2.4 Risco de zoonoses


Todo o sistema de produção intensivo acaba acarretando o risco de
disseminação facilitada de doenças. Estas são, ainda, a maior causa de perdas
em larga escala em sistemas de produção, por elevação da mortalidade ou por
questões sanitárias. Algumas dessas doenças são zoonoses, como H5N1,
gripe aviária, febre aftosa e encefalopatia espongiforme bovina).
25

Uma zoonose é uma infecção ou infestação compartilhada na natureza


por seres humanos e animais. Recentemente, parece ter havido um sério
aumento nas zoonoses devido à intensificação da produção animal e das
alterações climáticas. No setor pecuário, os agentes patogênicos que
transportam doenças infecciosas são sujeitos a pressões resultantes do
ambiente de produção, processamento e varejo.
Os insetos para alimentos e rações não foram testados o suficiente para
determinar o risco de transmissão de doenças para os seres humanos. As
instalações intensivas de criação de insetos serão igualmente sujeitas às
mesmas pressões expostas na produção animal atualmente. No entanto, a
diferença fisiológica dos humanos para os insetos diminui os riscos de
infecção. Mas o risco de infecções causadas por zoonoses poderia aumentar
com o uso inadequado de dejetos das produções animais e humanas na
produção de insetos, devido a descuidos na manipulação dos resíduos,
cuidados anti-higiênico dos insetos, e contato direto entre os insetos cultivados
e insetos fora do sistema, visto que não é totalmente compreendido se eles
poderiam ser uma fonte de patógenos emergentes nocivos.
Levando em consideração a ideia culturalmente enraizada de que os
insetos são transmissores de doenças é importante trabalhar a ideia de
biossegurança neste sistema. Desta forma, é necessária mais investigação
nesta área.

3 Produção de insetos
3.1 Definições e conceitos
O conceito de criação de insetos é muito novo no meio da pesquisa, e
desenvolvimento. A definição do termo criação caracteriza que os insetos
devem ser criados em um ambiente que possa manter suas condições de vida
e alimentação, e a segurança biológica deve garantir que eles não se misturem
à população local ou causem impactos ecológicos.
As palavras Criação e Reprodução muitas vezes são confundidas. A
palavra criação é mais frequentemente usada na produção pecuária.
Estritamente falando, Criação refere-se a cuidar dos animais, enquanto a
reprodução se refere ao manejo reprodutivo. Reprodução muitas vezes se
26

refere a produzir melhores descendentes: isto é, melhorar geneticamente o


estoque selecionando espécimes em uma população com determinadas
características desejadas. No entanto nos insetos as condições de
confinamento podem ter um efeito genético negativo sobre as populações
através da consanguinidade, depressão, deriva genética.
Na produção de insetos devido à grande quantidade de animais em
pequenas áreas o melhor termo seria criação, pois se trata de cuidar dos
insetos durante seu ciclo de vida natural, garantindo as condições ideais e
alimentação e sabendo o momento adequado de se efetuar a “colheita”.
Insetos podem ser considerados uma pecuária de pequeno porte, de peso
normalmente inferior a 20 kg, com potencial benefício, nutricional ou econômico
(HARDOIUN,1995).

3.2 Escolha das espécies para produção de alimentos


No documento, Insects for the food and feed, gerado pela FAO, foram
definidas certas recomendações sobre a criação de insetos como os critérios
de seleção dos insetos a serem produzidos, facilidade de criação, sabor, cor
dos subprodutos e se podem ser usados como alimento (biossegurança).
A produção em escala industrial foi definida como no mínimo 1
tonelada por dia de insetos de peso fresco. Espécies destinadas à produção
em massa, deve possuir certas características, incluindo uma elevada taxa
intrínseca de aumento; um curto ciclo de desenvolvimento; alta sobrevivência
de imaturos e alta taxa de oviposição; um elevado potencial de aumento de
massa (ganho de peso por dia); uma alta taxa de conversão (kg de biomassa
ganho por kg de matéria-prima); a capacidade de viver em altas densidades (kg
de biomassa por m²) e baixa vulnerabilidade a doenças (alta resistência).
Os bons candidatos foram considerados a mosca soldado negro
(Hermetia illuscens) e a larva da farinha (Tenebrio Molitor), no entanto dois
insetos são mais utilizados, pois têm escalas maiores de produção que são os
grilos e gafanhotos (insetos do gênero Ortóptera) e o bicho-da-seda (Bombyx
mori).
27

3.2.1 Mosca Soldado Negro (Hermetia illucens)


É uma mosca (Díptera) da família Stratiomyidae, nativa de zonas
tropicais, subtropicais e temperadas quentes da América. O desenvolvimento
do transporte internacional resultou em sua naturalização em muitas regiões do
mundo. Está presente numa ampla faixa geográfica que vai de 45ºN a 40ºS
(DIENER et al., 2011).
A mosca adulta é preta, semelhante a uma vespa medindo entre 15-20
mm de comprimento, na sua fase larval pode atingir até 27 mm de
comprimento e 6 mm de largura e pesa até 220 mg (Figura 4). As larvas têm
uma cor cinza esbranquiçada e opaca (Figura 5) (DICLARO E KAUFMAN,
2009). As larvas podem se alimentar rapidamente, recebendo de 25 a 500 mg
de matéria seca/larva/dia, e consomem uma ampla gama de materiais
orgânicos em decomposição, como frutas e legumes, polpa de café, resíduos
de grãos, miudezas de peixe e particularmente estrume animal e excreção
humana (HARDOUIN e MAHOUX, 2003; DIENER et al., 2011; VAN HUIS et al.,
2013).
Figura 4. Mosca adulta.

Fonte: Wikipédia.
28

Figura 5. Larvas de Hermetia Illucens.

Fonte: Wikipédia

As larvas atingem a maturidade em 2 meses, mas a fase larval pode ser


retardada devido à escassez de alimento, podendo durar até 4 meses
(HARDOIUN e MAHOUX, 2003). No estágio final de larva, ela esvazia seu trato
digestivo e para de se alimentar. Em seguida a pré-pupa migra procurando um
local seco e protegido para completar o ciclo (DIENER et al., 2011). A duração
do estágio pupal é de cerca de 14 dias, mas pode ser extremamente variável e
durar até 5 meses (HARDOUIN e MAHOUX, 2003) (Figura 6). As fêmeas
acasalam dois dias após a eclosão do casulo em fissuras secas e fendas
adjacentes a uma fonte de alimentação (DIENER et al., 2011).

Figura 6. Ciclo de vida da Mosca Soldada negra (H.Illucens).

Fonte:viaorgânica.org
29

Os adultos não se alimentam e dependem das gorduras armazenadas


no estágio larval (DICLARO e KAUFMAN, 2009). A criação de H. illucens tem
sido proposta desde a década de 1990 como uma forma eficiente de utilizar
resíduos orgânicos, convertendo material potencialmente poluente em uma
biomassa rica em proteínas e gordura, adequada para diversos fins, incluindo a
alimentação animal, produção de biodiesel e produção de quitina (DIENER et
al., 2011; VAN HUIS et al., 2013).
A mosca soldado negro é extremamente resistente capaz de lidar com
condições ambientais adversas, como seca, escassez de alimentos ou
deficiência de oxigênio (DIENER et al., 2011). Uma grande vantagem de H.
illucens sobre outras espécies de insetos utilizadas para a produção é que o
adulto não se alimenta e, portanto, não requer cuidados particulares e não é
um potencial portador de doenças.
As larvas podem ser facilmente secas para o armazenamento mais
longo (VELDKAMP et al., 2012). A desvantagem do soldado negro, é que no
período larval exige um ambiente morno, e isto pode significar gasto de energia
em climas temperados. Além disso, a duração do ciclo de vida varia entre
várias semanas a vários meses, dependendo das temperaturas e da qualidade
e quantidade da dieta (VELDKAMP et al., 2012).
Na aquicultura, o uso de alimentos com base em larvas de mosca
soldado negra pode abrir oportunidades de marketing adicionais para os
agricultores, como alguns clientes que são opostos ao uso de farinha de peixe
em alimentos aquícolas (TIU, 2012). O aumento substancial do preço de
mercado das farinhas de peixe, farelo de soja na última década pode ajudar a
tornar esta fonte de proteína economicamente viável para a alimentação
animal.
Vários métodos para a criação de soldado negro em substratos como
estrume de porco (NEWTON et al., 2005), estrume de aves (SHEPPARD et al.,
1994) e resíduos de alimentos (BARRY, 2004) foram projetados. As instalações
de criação utilizam o comportamento de migração da pré-pupa para a auto
coleta: as larvas sobem uma rampa de um recipiente de aros para
eventualmente terminarem em um recipiente de coleta anexado ao fim da
rampa (DIENER et al., 2011).
30

As condições ideais para a produção incluem uma faixa estreita de


umidade e de temperatura, níveis adequados de textura, viscosidade e teor de
umidade da dieta. A temperatura deve ser mantida entre 29 e 31ºC embora as
escalas maiores possam ser viáveis e a umidade relativa deve estar entre 50 e
70%. A umidade relativa mais elevada faz com que a dieta fique mais liquida, e
para o consumo ela deve ter uma estrutura mais sólida, além de dificultar a
locomoção e diminuir a oxigenação do composto (BARRY, 2004). Também é
necessário manter uma colônia adulta de reprodução durante todo o ano em
uma estufa com acesso à luz natural.
A estufa deve ter um mínimo de 66 m³ para permitir o processo de
acasalamento aéreo (BARRY, 2004). Foram relatados intervalos de
temperaturas ideais para acasalamento e oviposição de 24 – 40ºC
(SHEPPARD et al., 2002). São toleradas amplas gamas de umidade relativa:
30 – 90% (SHEPPARD et al., 2002). A estufa precisará um recipiente com um
meio que possa ser usado como alimento e que esteja úmido para atrair as
fêmeas adultas para postura de ovos (BARRY, 2004).
Alta densidade da população de larvas pode ajudar a converter grandes
volumes de resíduos orgânicos em biomassa valiosa (VAN HUIS et al., 2013).
Estes podem ser usados comercialmente para resolver problemas ambientais
utilizando estrume e outros resíduos orgânicos. Por exemplo, as larvas podem
reduzir o volume de dejetos de aves e suínos em 50% ou mais sem usar
energia extra (SHEPPARD et al., 1994; BARRY, 2004; NEWTON et al., 2005).
Redução valores de 65 – 75% em resíduos orgânicos domésticos foram
observados em ensaios de campo na Costa Rica (DIENER et al., 2011). Em
instalações bovinas confinadas, as larvas foram utilizadas para reduzir o
fósforo disponível em 61 – 70% e nitrogênio em 30 – 50% (NEWTON et al.,
2008). Na fase adulta as moscas de soldado negro não são atraídas para
habitações humanas ou alimentos que não estejam em decomposição, e não
são consideradas um incômodo (VAN HUIS et al., 2013).
Outro fator importante é a redução de odores, uma vez que a velocidade
de processamento das larvas, restringe o crescimento bacteriano (VAN HUIS et
al., 2013). Na natureza a larva da mosca do soldado negro, concorrem com as
larvas de mosca doméstica (Musca domestica), sua presença também inibe a
31

oviposição pela mosca adulta, podendo reduzir a população da mosca


doméstica em estrume de suínos e aves, em 94 – 100%. Portanto pode ajudar
a controlar a população de moscas domésticas em fazendas pecuárias e em
área residenciais com saneamento deficiente, melhorando assim a saúde das
pessoas e animais, uma vez que a mosca doméstica é um grande vetor de
doenças (SHEPPARD et al., 1994; NEWTON et al., 2005).
Ao contrário de outras espécies de mosca, H. illucens não é um vetor de
doenças: não somente porque os ovos nunca são postos em material em
elevado estado de decomposição, mas também devido à falta de uma boca
funcional na mosca adulta, assim não consumindo material contaminado (VAN
HUIS et al., 2013). Além disso, as larvas modificam a microflora de estrume,
potencialmente reduzindo bactérias nocivas como Escherichia coli 0157: H7 e
Salmonella entérica (ERICKSON et al., 2004). Foi sugerido que as larvas
possuem antibiótico natural (NEWTON et al., 2008) podendo ser um
controlador de contaminações.
A farinha de mosca soldado negro, pode ser feita a partir das larvas, pré-
pupas e moscas adultas, mas o mais comum e que possui aplicação técnica é
da fase pré-pupa. As larvas são uma fonte de alimentação rica em proteína e
gordura (ver Anexos). Contêm cerca de 40 – 44% de proteína bruta (PB). A
quantidade de gordura é extremamente variável e depende do tipo de dieta: os
valores relatados são de 15 a 25% para larvas alimentadas com estrume de
aves (ARANGO GUTIERREZ et al., 2004), 28% sobre estrume suíno
(NEWTON et al., 2005), 35% sobre estrume de bovino (NEWTON et al., 1977).
O teor de cinzas é relativamente elevado, mas variável, de 11 a 28% de
matéria seca (MS). As larvas são ricas em cálcio (5 – 8% MS) e fósforo (0.6 –
1,5% MS) (NEWTON et al., 1977; ARANGO GUTTIERREZ et al., 2004; ST-
HILAIRE et al., 2007).
A lisina é particularmente alta (6 – 8% da PB). O teor de MS das larvas
frescas é bastante elevado, na faixa de 35-45%, o que torna as larvas mais
fáceis e menos dispendiosas de desidratarem do que outros derivados frescos
(NEWTON et al., 2008). A composição de ácidos graxos das larvas depende da
composição do ácido graxo da dieta. Os lipídeos de larvas alimentadas com
estrume de vacas eram 21% ácido láurico, 16% ácido palmítico, 32% ácido
32

oleico e 0,2% ácidos graxos Omega-3, enquanto que as proporções desses


ácidos graxos foram, respectivamente, 43%, 11%, 12% e 3% em larvas
alimentadas com 50% de outros materiais e 50% de estrume de vaca.
Alimentar as larvas com uma dieta contendo ácidos graxos Omega3 é uma
maneira de aumentar os níveis da biomassa final (ST-HILLAIRE et al., 2007).

3.2.2 Larva da Farinha (Tenebrio molitor)


São as larvas de uma espécie de besouro (Tenebrio molitor Linnaeus,
1758), da família Tenebrionidae (Figura 7), são nativos da Europa e agora
distribuídos em todo o mundo. T. molitor é uma praga de grãos, farinha e
farelos, mas de menor importância, uma vez que suas populações são muito
pequenas (RAMOS-ELORDUY et al., 2002). Larvas da farinha são fáceis de
reproduzir e alimentar e tem um perfil de proteína valioso.

Figura 7.Besouro adulto (T.molitor) e larvas.

Fonte: Wikipédia

Por estas razões, são produzidos industrialmente como alimentos para


pets e animais de zoológicos, incluindo aves, répteis, pequenos mamíferos,
anfíbios e peixes. Eles são geralmente utilizados vivos, mas podem ser
vendidos enlatados, secos, ou em forma de pó (AGUILAR-MIRANDA et al.,
2002; HARDOUIN e MAHOUX, 2003; VELDKAMP et al., 2012). O ciclo de vida
de T. Molitor é variável (Figura 8), de 280 a 630 dias. As larvas eclodem após
10 a 12 dias, numa temperatura de 18 – 20ºC, atingem a fase adulta após um
número variável de estágios (8 a 20), tipicamente após 3 a 4 meses, mas a
fase de larva pode durar até 18 meses. A larva madura é de cor amarelo-
castanho claro, tem de 20 a 32 mm de comprimento e pesa 130-160 mg. os
produtores comerciais de larva, por vezes, incluem um hormônio juvenil na
33

alimentação para evitar a transformação em adultos, resultando em "larvas


gigantes" que podem atingir um comprimento de 2 cm ou superior e pesar mais
do que 300 mg (FINKE, 2002).

Figura 8. Ciclo de vida da Larva da farinha (T.molitor).

Fonte: Pinterest

O estágio pupal dura 7 a 9 dias em 25ºC e até 20 dias em temperaturas


mais baixas. O adulto T. Molitor vive por dois a três meses. As larvas são
onívoras, podendo se alimentar de materiais menos digeríveis como penas
(RAMOS-ELORDUY et al., 2002). Elas são tipicamente alimentadas com farelo
de cereais ou farinha (trigo, aveia, milho) suplementados com fontes proteicas
como farinha de soja, leite em pó desnatado ou fermento. Frutas frescas e
legumes (cenouras, batatas, alface). A dieta deve conter aproximadamente
20% proteínas na base da matéria seca (RAMOS-ELORDUY et al., 2002).
Larvas são capazes de utilizar pequenas quantidades de água contidas em
alimentos secos, mas a produtividade nestas condições é baixa (uma geração
por ano).
É preferível fornecer-lhes uma fonte de água para uma melhor
produtividade (até 6 gerações por ano), a fim de evitar o canibalismo. A
34

umidade relativa está ligada positivamente com a atividade na fase adulta e da


fertilidade.
As larvas têm a habilidade de reciclar resíduos de baixa qualidade em
alimento de alta qualidade rico em energia, proteína e gordura, em um tempo
relativamente curto. Também demonstram a capacidade de metabolizar
zearalenona, em alfa-zearalenol, sem acumular em seu organismo de modo
que não afetam animais que venham comer produtos a partir das larvas
(HORNUNG, 1991). Esta micotoxina tem efeitos estrogênicos e é produzida por
Fusarium graminiarum ou outras espécies de Fusarium spp. que contaminam
frequentemente cereais (principalmente o milho), mas também outros produtos
como bananas e tomates, e frequentemente surge associada a outras
micotoxinas produzidas por fungos do mesmo gênero.
A composição das larvas (ANEXOS TABELA 2) é 47–60% de PB, 31-
43% de gordura. Larvas frescas possuem cerca de 60% de água. Elas são
relativamente baixas em cinza (< 5% MS) e como outros insetos, têm um baixo
teor de Ca, e uma relação muito baixa de cálcio e fósforo.
Uma dieta baseada somente no uso de T. molitor, pode acarretar a
deficiência de cálcio, no entanto a manipulação da dieta das larvas com a
inclusão de fontes de cálcio altera a relação de cálcio nas farinhas, podendo
ser uma alternativa para melhorar este ingrediente. A composição de
aminoácidos essenciais na farinha ou farelo é boa. A composição de ácidos
graxos é semelhante à da mosca soldado negro, porém o ácido láurico está em
nível mais baixos e o ácido linoleico em nível mais alto.

3.2.3 Grilos e Gafanhotos (Acridídeas spp., Pyrgomorphidae spp., Gryllidae


spp., Tettigonidae spp.)

Gafanhotos (principalmente Acridídea e Pyrgomorphidae spp.), grilos


(Gryllidae spp.) e tetigonióidea (Tettigoniidae spp.) são insetos da ordem
Ortóptera (Figura 9). Eles são geralmente comestíveis: mais de 80 espécies de
gafanhotos e grilos são consumidos em países como África, América do Sul e
Ásia. Eles são comidos em casa ou em restaurantes, tanto em áreas rurais e
Urbanas (DEFOLIART, 1989; RAMOS-ELORDUY, 1997; VAN HUIS et.
al.,2013).
35

Figura 9.Grilo e gafanhoto.

Fonte: Pinterest

Os gafanhotos são um grupo de insetos que devido a seu


comportamento migratório vivem em alta densidade populacional. Durante a
fase do enxame, os gafanhotos destroem ou danificam severamente
plantações. Eles são uma grande praga de importância histórica,
principalmente na África, Austrália e Oriente Médio.
Um enxame de gafanhotos pode representar uma considerável
quantidade de biomassa. Um único enxame pode conter até 10.000.000.000 de
insetos e pesa aproximadamente 30.000 toneladas (DEFOLIART, 1989;
RAMOS-ELORDUY, 1997; VAN HUIS et al., 2013).
O comportamento de enxame torna os gafanhotos relativamente fáceis
de colher para alimento. Na África, o gafanhoto do deserto (Schistocerca
gregaria), o gafanhoto migratório (Locusta migratoria), o gafanhoto vermelho
(Nomadacris septemfasciata) e o gafanhoto marrom (Locusta pardalina) são
comumente comidos (VAN HUIS et al., 2013).
No Japão, China e Coréia, os gafanhotos do campo de arroz (incluindo
Oxya yezoensis, O. Velox, O. sinuosa) são colhidos para alimento (VAN HUIS
et al., 2013). No México, chapolins, que são gafanhotos do gênero Sphenarium
spp., e notavelmente o Sphenarium purpurascens, uma praga da alfafa, são
insetos comestíveis populares. Grilos são um alimento comum no sudeste
asiático, particularmente na Tailândia. O grilo doméstico Acheta domestica,
Gryllus bimaculata, Teleogryllus occipitalis, Teleogryllus mitratus, o grilo de
cauda curta Brachytrupes portentosus e Tarbinskiellus portentosus são
exemplos de grilos comestíveis (VAN HUIS et al., 2013). Gafanhotos e grilos
são geralmente recolhidos na natureza, de preferência à noite (usando luz
artificial) ou na manhã em que a temperatura é mais fria e os insetos são
36

menos ativos e mais fáceis de pegar. A agricultura comercial de gafanhotos e


grilos para o mercado alimentar está se desenvolvendo no sudeste asiático.
Em 2012, havia cerca de 20 mil criadores de grilos na Tailândia e estes
insetos são comumente usados para alimentar animais de estimação e
zoológicos (VAN HUIS et al., 2013). Na Índia, a criação em massa de espécies
de gafanhotos Oxya fuscovittata, O. Hyla e Spathosternum prasiniferum tem
sido estudada experimentalmente.
Os insetos do gênero Ortóptera são onívoros e se alimentam de uma
grande variedade de materiais orgânicos. A produção é viável em temperaturas
superiores a 20ºC e a temperatura ideal é 28 – 30ºC. Aproximadamente 2000
insetos podem ser produzidos em 1m³ A população é autorregulada pelo
canibalismo (HARDOUIN e MAHOUX, 2003).
A composição química dos gafanhotos e outros insetos do gênero
Ortóptera (ver TABELA 3 em anexos), demonstra que são geralmente ricos em
PB (50 – 65%). A MS é de 23 – 35%. o teor de gordura é bastante variável (5 a
20%). O teor de "fibras" pode ser significativo e aumenta com a idade: os
grilos adultos contêm até 22% de fibras em detergente neutro (FDN), 12% nas
ninfas (FINKE, 2002). Os índices de Ca e de P (1,3 e 1,1 mg/kg MS
respectivamente) são muito inferiores em comparação a outros insetos,
enquanto a relação Ca: P é maior, principalmente devido ao menor nível de
fósforo em comparação a outros insetos. A composição de aminoácidos
essenciais é razoavelmente boa.
O nível de lisina é menor do que em outros insetos, enquanto a cistina e
metionina são maiores. O conteúdo PB da casca do grilo (A. domesticus)
também é muito alto (55 – 67%). Os índices de Ca e P em grilos são maiores
do que nos gafanhotos. Tanto a lisina como o conteúdo de metionina mais
cistina são inferiores aos de gafanhotos. O nível de ácido palmitoléico na casca
de grilo é aproximadamente 15 vezes menor do que na larva mosca e 4 vezes
menor do que na larva de farinha. Por outro lado, o nível de ácido linoleico é
maior no grilo doméstico. Quanto a outros insetos, o conteúdo PB do grilo de
campo (Gryllus testaceus) e do grilo Mórmon (Anabrus simplex) são altos
(60%) e contêm 10 – 13% de lipídios. Conteúdo de cálcio no grilo Mórmon é
baixo (2 mg/kg MS). O teor de lisina é mais baixo no grilo de campo do que no
37

grilo Mórmon, enquanto que o nível dos aminoácidos contendo enxofre


(metionina mais cistina) é mais elevado no grilo de campo.

3.2.4 Bicho-da-Seda (Bombyx mori)


Bicho-da-seda são as lagartas de espécies de mariposas (Figura 11)
criadas para a produção de seda; 90% da produção de seda do mundo é obtida
dos casulos (Figura 10) da mariposa da seda (Bombyx mori), que se alimenta
de folhas de amoreiras. A seda também pode ser obtida de outras espécies
domesticadas de mariposas, mas esta é a mais comumente difundida. Quando
o bicho-da-seda entra na fase pupal, constrói um casulo protetor feito de seda
pura (figura 10).

Figura 10. Mariposa adulta (B.mori) e casulos.

Fonte: Wikipédia

No final do ciclo de transformação, a pupa libera uma enzima que cria


um buraco no casulo e a mariposa emerge. A fim de extrair a seda sem danos,
as pupas são colocadas em água fervente, secando ou embebendo NaOH
antes que produzam a enzima.
As larvas extraídas dos casulos são um subproduto da extração da seda
para cada 1 kg de seda produzida, são produzidos 2 kg de pupas secas (PATIL
et al., 2013). As pupas são um resíduo, frequentemente descartado na
natureza, ou usado como fertilizante. Também pode ser extraído um óleo
utilizado em produtos industriais tais como pinturas, vernizes, produtos
farmacêuticos, sabões, velas, plástico e biocombustíveis (TRIVEDY et al.,
2008).
38

A farinha produzida é usada, às vezes, para a produção de quitina, um


polímero de cadeia longa de N-acetilglicosamina que é o componente principal
do exoesqueleto de diversos insetos. Devido ao seu alto teor de proteínas, a
farinha de larvas de bicho-da-seda foi indicada como alimento para animais,
principalmente em espécies monogástricas (aves, suínos e peixes), mas
também em ruminantes (TRIVEDY et al., 2008). Não se recomenda o uso de
larvas frescas devido ao seu alto teor de água. Geralmente as pupas são secas
ao sol. A larva de bicho da seda libera um odor típico, que foi atribuído à
presença de óleos essenciais, flavonoides e terpenoídes nas folhas de
amoreira, este odor afeta a palatabilidade da farinha (FINKE, 2002).
A ninhada do bicho-da-seda (ou resíduos de bicho-da-seda), é outro
subproduto, mas de menor qualidade: é uma mistura de excreção, larvas
falhadas (casulo incompleto) e folhas de amoreira (CHEN, 1989). A
digestibilidade da ninhada é de cerca de 55% (PATIL et al., 2013).
A produção mundial de casulos de bicho-da-seda foi de cerca de
485.000 toneladas em 2011. Ao subtrair o montante de seda crua (161.000
toneladas), supõe-se que o restante, 324.000 toneladas, seja de pupas frescas
ou 65.000 toneladas de pupas secas (FAO, 2012). Esta estimativa é muito mais
baixa do que as estatísticas oficiais de China, onde 440.000 toneladas de pupa
seca teriam sido produzidas em 2009.
Os principais produtores de seda são a China, Índia, Uzbequistão, Brasil,
Tailândia e Vietnã (FAO, 2012). Casulos de bicho-da-seda são produtos
altamente degradáveis. Nas áreas de produção de seda, a eliminação de
grandes quantidades de resíduos de pupas causa sérios problemas
ambientais. A utilização deste recurso para alimentação animal ou para a
produção de substâncias biológicas valiosas como a quitina, e ácidos graxos
(ácido-linolênico) é uma forma de reduzir o impacto ambiental das produções
de seda.
A farinha do bicho-da-seda é um ingrediente rico em proteína e valor
nutritivo elevado (TABELAS 4 e 5). Seu conteúdo PB varia de 52 a 72%,
enquanto para a refeição desengordurada pode ser superior a 80% (Tabela
29). Como outros insetos, a farinha do bicho-da-seda tem baixo nível de Ca e
baixa relação Ca: P.
39

A lisina (6 – 7% em 100 g PB) e os níveis de metionina + cistina de


aproximadamente 4% são particularmente elevados. No entanto, a proteína
verdadeira (soma de aminoácidos) em bichos-da-seda corresponde a 73% do
conteúdo de PB (FINKE, 2002), explicado pela presença de quitina, pois este
componente possui nitrogênio, mas não é um aminoácido.
Por outro lado, o índice de quitina na farinha das pupas é relativamente
baixo, aproximadamente 3-4% na MS (FINKE, 2002). A presença de quitina
que é insolúvel pode também explicar os valores do FDA de 6 – 12% em MS
(FINKE, 2002). As pupas não desengorduradas são ricas em gordura, até 37%.
O óleo de bicho-da-seda contém uma alta porcentagem de ácidos graxos poli-
insaturados, notavelmente ácido linolênico (18:3), com valores variando de 11 a
45% do total de ácidos graxos (IOSELEVICH et al., 2004). A ninhada do bicho-
da-seda parece ter uma composição extremamente variável, com valores PB
entre 15 e 58% em matéria seca (PATIL et al., 2013).

4 Resultados encontrados em diferentes espécies


4.1 Aves
Larvas de Tenebrio molitor são uma fonte alternativa potencial em dietas
das aves domésticas para substituir o farelo de soja ou a farinha de peixe. A
qualidade da proteína é semelhante à do farelo de soja, mas o teor de
metionina está limitando para aves criadas livre (RAMOS-ELORDUY et al.,
2002). O baixo índice de cálcio (Ca) é igualmente um problema nas dietas das
aves domésticas. O conteúdo de Ca e a proporção Ca:P das larvas podem ser
aumentados alimentando-as com uma dieta fortificada em Ca em 72 h antes da
colheita resultando em indices aceitáveis (ANDERSON, 2000). A farinha de
H.Illucens quando utilizada como substituta ao farelo de soja em uma dieta
para frangos em crescimento não apresentou diferença no ganho de peso em
relação à dieta controle. No entanto o consumo foi menor sugerindo maior
eficiência de conversão na dieta contendo a farinha de larvas ( NEWTON et al.,
2005).
Em frangos de corte uma inclusão de até 10% da farinha de T.molitor
(na base do MS) em uma dieta baseada em sorgo e farelo de soja mostrou que
poderia ser usada sem efeitos negativos no consumo, no ganho de peso e na
40

eficiência alimentar. Não houve rejeição devido à textura, palatabilidade ou


nível de inclusão (RAMOS-ElLORDUY et al., 2002). Em outro estudo
(SCHIAVONE et al., 2014), 25% da dieta foi substituída e ainda se mostrou
adequada.
Em galinhas poedeiras há poucas informações, mas a substituição de
5% de farinha de peixe por farinha de larvas (T.molitor) resultou em 2,4% de
aumento na postura de ovos (WANG et al., 1996).
A criação de galinhas foi proposta como meio de controle das
populações de gafanhotos. Além disso, o comportamento de captura permite
um grau de bem estar ao permitir que as aves expressem um comportamento
natural (KHUSRO et al., 2012). Nas Filipinas, há relatos que animais
alimentados com gafanhotos teriam um sabor melhor que os alimentados com
ração comercial (KHUSRO et al., 2012). A carne de animais alimentados com
gafanhotos tem colesterol livre mais baixo, maior concentração de lipideos e
fosfolipideos (SUN et al., 2012). Foi observado um aumento de potencial
antioxidante e a vida de armazenamento mais longa foram igualmente
observados (SUN et al., 2012).
Na Nigéria, frangos (1 – 28 dias) alimentados com gafanhoto (S.
gregaria) em substituição à farinha de peixe (substituição de 50% de farinha de
peixe por farelo de gafanhoto-1,7% na dieta), resultou em maior ganho de peso
e conversão alimentar (ANDRADE et al., 2008). Na China foi substituida 20 e
40% da farinha de peixe por farelo de grilos com resultados semelhantes à
dieta basal (LIU e LIAN, 2003). Metionina e arginina foram fatores limitantes em
dietas baseadas em em grilos (FINKE et al., 1985; NAKAGAKI et al., 1987). Na
China, o grilo de campo (T. mitratus) foi incluído em até 15% na dieta (em
substituição ao farelo de soja) de frangos de 8 – 20 dias de idade, sem
quaisquer efeitos adversos sobre o ganho de peso, consumo e eficiencia
alimentar (WANG et al., 2005).
A farinha do bicho-da-seda parece ser bem aceita por galinhas
poedeiras ( JOSHI et al., 1980). Um estudo constatou que a farinha de pupa do
bicho-da-seda foi prejudicial ao desempenho de machos reprodutores. Os
experimentos demonstraram que a substituição de 50% (em peso) da fonte
principal de proteína (farinha de peixe na maioria dos experimentos) pela
41

farinha de bicho-da-seda é geralmente segura, embora a suplementação


mineral possa ser necessária. A substituição total as vezes é possível, mas
tende a diminuir o desempenho. As taxas de inclusão nas dietas estão
tipicamente na faixa de 5 – 6%. Um relatório indicou um efeito de estimulo de
crescimento em pintinhos, que os autores atribuíram à presença do
ecdysteroide (um hormonio envolvido na metamorfose das pupas)
(FAGOONEE, 1983), embora não tenha sido confirmado.

4.2 Suinos
O farelo de mosca soldado negro, mostrou ser um alimento para dietas
de suínos em crescimento, devido ao seu perfil de aminoácidos, lípideos e
cálcio. No entanto, sua deficiência relativa em metionina+cistina e treonina
requer a inclusão desses aminoácidos para a preparação de dietas
balanceadas. O teor de cinzas da também é alto e requer atenção.
NEWTON et al., (1977) mostraram que as dietas que contêm a farinha
de larvas foram tão palatáveis quanto uma dieta baseada farelo de soja. A dieta
contendo farinha de soldado negro foi utilizada para alimentar leitões em
desmame precoce como um substituto (50 e 100%) para o plasma (inclusão
de: 0% durante a fase 1, 2,5% durante a fase 2 e 5% durante a fase 3), com ou
sem suplementação de aminoácidos. Sem suplementação de aminoácidos, a
dieta de substituição de 50% teve um melhor desempenho (+ 4% ganho de
peso, + 9% de eficiência alimentar). No entanto, a substituição de 100% na
dieta não foi funcional, causando a perda de desempenho (3 a 13%).
Refinamento adicional (remoção de cutículas e processamento) pode ser
necessário para tornar a larva prepupa do soldado negro uma fonte mais
adequada para leitões desmamados (NEWTON et al., 2005).
As informações sobre o uso de grilos na alimentação de suinos é
limitada e antiga. Na África Oriental, os gafanhotos secos utilizados para
alimentar suínos em uma dieta mista resultou em uma taxa de crescimento
satisfatória, mas a carne e bacon tiveram presença de manchas escuras. A
remoção da dieta com grilos, três semanas antes do abate, reduziu a mácula,
mas não eliminou totalmente (HEMSTED, 1947).
42

Informações limitadas estão disponíveis na utilização de pupas de bicho-


da-seda em suínos. Duas experiências mostraram que a farinha da pupa seria
um bom substituto das fontes tradicionais da proteína. No Brasil, foi possível
substituir 100% do farelo de soja por farinha de bicho-da-seda desengordurada
em dietas de crescimento e terminação de suínos, sem afetar o desempenho e
características de carcaça. Houve um efeito negativo no consumo quando a
taxa de substituição foi maior que 50%, que foi atribuída à maior densidade de
energia da dieta ou a uma menor palatabilidade. No entanto, a menor ingestão
foi compensada por uma melhor taxa de conversão alimentar, que pode ter
sido devido ao teor de lisina maior na dieta baseada em bicho-da-seda (COLL
et al., 1992). Na Índia, a farinha de bicho-da-seda substituiu a farinha de peixe
na dieta dos suínos em crescimento e terminação sem alterar carcaça,
qualidade da carne e parâmetros sanguíneos (MEDHI et al., 2009, 2011). A
taxa de inclusão recomendada é de cerca de 7% e não deve exceder 10%
(CHEN, 1989).

4.3 Ruminantes
A farinha de bicho-da-seda mostrou ser um suplemento proteico muito
valioso para os animais ruminantes, devido ao alto teor de proteína não
degradável no rúmen e padrão de aminoácidos favoráveis. Há limitações no
seu uso como ração de ruminantes devido ao alto teor de gordura. Portanto, a
extração de gordura da farinha de bicho-da-seda seria interessante
(IOSELEVICH et al., 2004). Este efeito permite que a farinha de bicho-da-seda
seja uma fonte de proteína bypass, com alto teor de lisina e a metionina,
consideradas como os dois principais aminoácidos limitantes para produção de
leite. A digestibilidade da PB da farinha desengordurada de bicho-da-seda para
ovelhas foi de cerca de 70% (KHAN e ZUBAIRY, 1971).

4.4 Peixes
Vários experimentos mostraram que as larvas de mosca soldado negro
poderia substituir parcialmente ou totalmente a farinha de peixe em dietas. No
entanto, foi observado um desempenho reduzido em alguns casos, isto se deve
a forma na qual o alimento foi fornecido (farelo, inteiro, moído, seco ou úmido).
No geral o farelo de mosca soldado negro seco teve melhor desempenho, no
43

entanto não pode ser a única fonte de alimento pois não fornece MS , e PB
suficientes.
Larvas de tenebrio frescas e secas foram utilizadas em substituição à
farinha de peixes em até 40%, em dietas de crescimento para bagres
resultando em crescimento, eficiência alimentar semelhante à dieta basal.
Também teve um aumento na gordura da carcaça dos peixes. Os mesmos
resultados foram encontrados em outras espécies (trutas e robalos) de peixes
(GASCO et al., 2014).
Em diversas espécies foi observado que a farinha de grilos e gafanhotos
pode ser um substituto para farinha de peixe em até 25%.No entanto a
presença elevada de quitina teria efeito negativo na eficiência alimentar em
níveis maiores (ALEGBELEYE et al., 2012).
Em diversas espécies de peixes: carpas, bagres e tilápias, a farinha de
pupas de bicho-da-seda pode ser utilizada em substituição à farinha de peixes
em até 75% sem afetar o desempenho, conversão alimentar ou consumo, sem
alteração nas caracteristicas de carcaça e com melhoras na taxa de
sobrevivência (RANGACHARYULU et al., 2003; RAHMAN et al., 1996).

4.5 Cães e gatos


Em recente trabalho, BOSCH et al., ( 2014) mostraram que uma inclusão
de até 15% de farinha de insetos (no caso barata de Madagascar, barata
cinéria e tenébrio gigante), não causou mudanças na microbiota intestinal de
cães e gatos nem nos parâmetros sanguíneos (índice de saúde sistêmica),
palatabilidade e aceitação do alimento fornecendo evidências que pode ser
uma fonte alternativa para dietas de cães e gatos.

4.6 Outros
A farinha de bicho-da-seda pode substituir totalmente farelo de soja em
dietas balanceadas para coelhos em crescimento sem efeitos adversos
(CARREGAL e TAKAHASHI, 1987).

5 Custo e confiabilidade da matéria-prima


Na escolha de uma matéria-prima é importante saber se ela atende a
todas as necessidades para as quais é empregada. As farinhas de insetos de
44

modo geral estão definidas como alimentos proteicos; no entanto ainda estão
em desenvolvimento diversas pesquisas sobre valores nutricionais,
palatabilidade, digestibilidade e efeitos sobre os produtos.
Finalmente, as matérias-primas devem ser baratas, disponíveis
localmente, de qualidade e acima de tudo livres de pesticidas e antibióticos.

6 Processamento e diferentes tipos de produtos


Depois de serem colhidos, os insetos são mortos por liofilização,
secagem, fervura, ou uso de congelamento.
Eles podem ser processados e consumidos em três maneiras:
1. Como insetos inteiros.
2. Em forma de farinhas ou farelos.
3. Extrato de proteína, gordura ou quitina para fortalecer alimentos e
produtos alimentares.

6.1 Insetos inteiros


Em sistemas de produção orgânicos ou que buscam alimentações de
maneiras mais naturais as larvas podem ser fornecidas vivas, em alimentação
de animais silvestres, principalmente de cativeiro. Neste caso se fornece larvas
vivas, pois estas além de fazerem parte da dieta natural deles- insetos são
consumidos por diversas espécies em vários níveis- também auxiliam no
enriquecimento ambiental.
As larvas inteiras mortas são fornecidas como alimentos para animais
domésticos, e na criação de alevinos de algumas espécies de peixes.

6.2 Farinhas e farelos


A moagem ou trituração é um método comum para o processamento de
uma grande variedade de alimentos. Quase todos os grãos alimentícios são
processados desta maneira. Na forma de farinha ou farelos, os insetos podem
ser misturados de melhor maneira na fabricação de alimentos. Esta farinha
geralmente é feita a partir da moagem dos animais mortos e secos, mantendo
baixos níveis de umidade, desta forma garantindo uma maior vida útil dos
materiais. Também torna mais palatável O ingrediente, pois elimina
características menos desejáveis de algumas espécies, casca, queliceras e
45

outras partes rígidas ou que podem se aderir ao trato digestivo devido ao


formato. Como exemplo as patas de grilos que possuem esporões que podem
aderir na garganta, causando engasgos.

6.3 Extrato proteico


A extração de proteínas é um processo já realizado para alguns
alimentos e serve para concentrar os aminoácidos desta forma aumentando o
teor proteico. Esta pode ser uma forma de aumentar a aceitabilidade do uso de
insetos na alimentação. No entanto, o uso do extrato requer conhecimento das
propriedades das proteínas extraídas. Essas propriedades incluem, entre
outros, o perfil dos aminoácidos, a estabilidade térmica, a solubilidade,
coagulação, e capacidade de emulsão.
Separação de grupos de proteínas extraídas com base em sua
solubilidade em solventes produz fracções solúveis em água e insolúveis em
água, que podem ser usados para aplicações específicas nas indústrias
alimentar. Alguns métodos de separação seriam por cromatografia de cama
fluida ou por ultrafiltração.
Atualmente, o custo da extração de proteínas é proibitivo. É necessária
mais investigação para desenvolver o processo e torná-lo rentável e aplicável
ao uso da indústria.

6.4 Gordura extraída


A remoção da gordura (e da cinza) da farinha de insetos, reduz o odor
do concentrado da proteína e impede a oxidação de ácidos graxos. A gordura
extraída pode em seguida, ser usada para outros fins. Tradicionalmente, a
gordura (por exemplo, óleo) de algumas espécies de insetos é usada para
aumentar a energia, ou adicionar ácidos graxos interessantes. A gordura de
insetos poderia ser utilizada na alimentação de ruminantes
(PROTEINSECT,2014).

6.5. Quitina
A quitina, o segundo polissacarídeo mais abundante na natureza,
contém nitrogênio e é comumente encontrada em organismos inferiores, como
fungos, crustáceos (por exemplo, caranguejos, lagostas e Camarões) e insetos,
46

mas não mamíferos. Embora a atividade antiviral e o antitumoral da quitina e


derivados sejam conhecidos há algum tempo, os efeitos imunológicos só
recentemente foram reconhecidos (LEE, 2008).
Estudos recentes demonstraram que a quitina tem efeitos complexos e
dependentes do tamanho das respostas imunes inatas (LEE, 2008). Em vários
estudos, sugeriu-se que a quitina é um alérgeno (MUZZARELLI, 2010). No
entanto, quitina e seu derivado, quitosana (produzido através da
desacetilização da quitina), ao invés de agir como alérgenos teriam
propriedades de melhorar respostas imune especificas de alguns grupos de
pessoas (GOODMAN, 1989; MUZZARELLI, 2010), induzindo respostas não-
específicas E aumentaria a resistência contra infecções por bactérias e vírus
patogénicos. Estudos tem sido feito para demonstrar que a inserção de insetos
inteiros na dieta de aves teria efeitos imunológicos devido à quitina
(VELDKAMP et al, 2012).

7 Processamento em escala industrial


Há uma riqueza de conhecimento tradicional e cultural sobre os usos de
insetos comestíveis como o alimento em países tropicais, contudo esta
produção é extrativista e mais relacionada a condições culturais, portanto de
pequena escala. Em países temperados, a tecnologia de processamento é
praticamente inexistente porque os insetos comestíveis não são reconhecidos
como alimentos e fontes de alimentação. Para tornar os insetos uma matéria-
prima útil e rentável nas indústrias de alimentos e rações, precisarão ser
produzidas grandes quantidades de insetos e de qualidade em uma base
contínua. Isso requer a automação dos métodos de cultivo e de transformação,
que continua a ser um desafio para o desenvolvimento do setor.

8 Biossegurança
Os insetos podem ter microrganismos associados que podem influenciar
a sua segurança como alimento. Tanto os insetos coletados na natureza
quanto os insetos levantados em explorações agrícolas podem ser infectados
por microrganismos patogênicos, incluindo bactérias, vírus, fungos,
protozoários e outros. Essas infecções podem ser comuns.
47

Em geral, os patógenos de insetos são específicos de invertebrados e


podem ser considerados inofensivos para humanos. Mesmo dentro do gênero
Bacillus spp. as espécies patogênicas encontradas nos insetos B. thuringiensis
e o patógeno vertebrado B. anthracis parecem ter ciclos de vida diferentes, não
sobrepostos (JENSEN et al., 1977). No entanto a diversidade de
microorganismos que pode estar presente na microbiota dos insetos, devem
ser vistos como potenciais patógenos, principalmente se as fontes de
alimentação forem estrume ou dejetos humanos. Por fim alguns esporos
podem estar presentes nas cutículas, partes externas, dos insetos podendo
contaminar o produto final e contribuir com a degradação ou contaminação.
Na maioria dos países tropicais, os insetos são utilizados inteiros,
incluindo sua microflora intestinal. Este processo pode afetar a composição
microbiológica de um inseto como produto alimentar, a poucos estudos sobre
este assunto, a criação de insetos de forma mais tecnológicas pode permitir
maior controle sobre as práticas de higiene e fontes de alimentação, mitigando
os potenciais perigos microbiológicos. Portanto é recomendável que os insetos
sofram algum processo que neutralize ou reduza seu conteúdo microbiano. Isto
pode envolver cozinhar (por exemplo, ferver ou secar) ou pasteurizar.
Em contraste a ser um potencial risco microbiano, alguns insetos
comestíveis são conhecidos por conter peptídeos antibacterianos. Um novo
peptídeo (HF-1) das larvas da mosca comum (Musca domestica), por exemplo,
demonstrou ser capaz de inibir cepas de patógenos como Escherichia coli,
Pseudomonas aeruginosa, Salmonella typhimurium, Shigella dysenteriae,
Staphylococcus aureus e Bacillus subtilis, sugerindo que ela possa ser usada
para controlar estes patógenos em resíduos que vão ser utilizados como
alimentos para as larvas.

9 Desafios institucionais
Por não serem vertebrados, como a maioria das espécies animal
domesticadas e criadas comercialmente, os insetos despertam certa dúvida
quanto sua classificação junto às normas e padrões alimentares. No caso da
produção de alimentos destinados à nutrição animal, os insetos são inseridos
48

na classificação como proteína animal processada - PAP (farinhas de origem


animal).
Como o Códex Alimentarius (referência internacional organizado pela
FAO e OMS) não estabelece padrões para a categoria insetos como forma de
alimento, muito ainda vem sendo discutido e proposto por meio de legislações
específicas por países, como é o caso da União Europeia.
Países europeus, vêm buscando dirimir tais limitações através de
legislações e pesquisas específicas sobre o tema. Atualmente, na União
Europeia o uso de insetos como fonte proteica para ração animal e posterior
consumo humano, não é permitido em função da regulamentação EC
999/2001, que rege sobre materiais que possam ser possíveis transmissores
de encefalopatias. Porém, proteína de insetos criados em substratos vegetais e
destinado à indústria pet não está coberta por este regulamento, tendo o seu
uso autorizado. Apesar de já existirem pesquisas mostrando a possibilidade de
criação de larvas de moscas em substratos orgânicos, atualmente os resíduos
da agricultura e indústria de alimentos são impedidos por essa regulamentação
e, portanto, não podem se alimentar de esterco ou dejetos.
Em 2013 foi fundada a International Plataform of Insects for Food and
Feed (IPIFF), uma organização que representa as instituições privadas que tem
interesse na produção de insetos. A IPIFF é composta por 27 companhias que
atuam por meio de uma rede de colaboração formada porn15 diferentes
países, sendo sua maioria da Europa, promovendo uma eco-industria
sustentável (PROTEINSECT, 2016). No ano de 2016 a IPIFF sugeriu a
liberação de proteína de insetos criados, exclusivamente, em substrato vegetal
para uso na aquicultura e para não ruminantes. Esta manifestação deu-se em
função de projetos exitosos da PROTEINSECT e da avaliação positiva de
riscos da European Food Safety Authority (EFSA) referente à segurança de
proteínas processadas de insetos.
Tal instituição afirmou que, quando alimentados com substratos
permitidos, a possibilidade de ocorrência de danos microbiológicos de proteína
de insetos é comparável a qualquer outra fonte proteica de origem animal.
Boa parte da preocupação advém da forma como estes insetos são
criados e o tipo de substrato utilizado para alimentá-los (vegetais, resíduos
49

domésticos ou dejetos animais). A classificação da categoria de substrato


determina se os insetos podem ou não serem destinados à ração animal.
Apesar das larvas de moscas domésticas, que se alimentam de dejetos,
conseguirem reduzir em até 60% o substrato trazendo benefícios ambientais.
Este substrato seria um contaminante de alto risco biológico pelas diretrizes
atuais e, portanto, não destinado à ração animal.
No Brasil, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA)
não dispõe de regulamentação específica sobre o tema. Porém, projetos
pontuais como o de um produtor no estado de Minas Gerais (empresa
Nutrinsecta) que já é registrada junto ao MAPA como produtora de insetos
desidratos para alimentação de aves, a empresa BUG do Brasil utiliza insetos
como agentes biológicos de pragas, atuando principalmente na produção de
cana, graça a estes projetos surge a oportunidade da produção e
processamento de insetos para alimentação animal.
O Brasil teria uma ampla área para exploração da produção de farinha
de insetos devido ao clima e a variedades de insetos que a fauna local possui.
Dentro disso também temos de produções de insetos, pois o Brasil é o 5º maior
produtor mundial de seda e teria já resíduos de larva para produção de
material, e a condição de importante player no mercado de proteína animal,
torna a pesquisa de fontes alternativas uma necessidade ao mercado de
produção animal brasileiro.

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os insetos demonstram ser uma alternativa valiosa para alimentação
animal como uma fonte proteica em alternativa as fontes atuais. E a
capacidade de transformar resíduos de baixa qualidade em material de alto
valor nutricional é a qualidade mais importante e promissora. Portanto, insetos
podem ser uma alternativa promissora para atender o aumento da demanda
por alimentos sem competir com alimentos já existentes.
No entanto a utilização efetiva dos insetos na alimentação ainda vai
demorar, pois é necessário o aumento das pesquisas para resolver questões
relativas à biossegurança e desenvolvimento técnico.
Portanto podemos dizer que:
50

1. O uso de insetos como matéria-prima na alimentação de animais é


possível.
2. As espécies mais promissoras para produção em larga escala seriam a
mosca soldado negro (Hermetia Illucens), e a larva da farinha (Tenebrio
Molitor).
3. A investigação sobre o bem-estar animal em insetos é recomendável,
para podemos desenvolver técnicas adequadas de abate e criação
destes animais.
4. Determinar o valor da alimentação com insetos para ruminantes, suínos
aves, cães, gatos e outras espécies.
5. Em comparação com o farelo de soja, teor de proteína bruta e o teor de
gordura é elevado mostrando a qualidade deste ingrediente, no entanto
são necessários mais ensaios para avaliar a digestibilidade dos
nutrientes na alimentação de animais. O perfil de aminoácidos das
farinhas de insetos também se mostrou de grande valor, no entanto a
suplementação de aminoácidos sulfurados em algumas espécies é
necessária.
6. É recomendável realizar uma análise de ciclo de vida para a cadeia de
substratos de insetos usados e seu impacto nas cadeias de produção
animal.
7. As potenciais propriedades funcionais benéficas da quitina dos insetos
necessitam ser investigadas para criar um valor agregado à produção.
8. Aumentar a escala da produção de insetos com uma quantidade e
qualidade contínuas é necessário, bem como diminuir o preço de custo
da criação de insetos, a fim de ser competitivo com a utilização fontes da
proteína.
9. Desenvolver a cadeia da produção de insetos com as partes
interessadas que possam contribuir para os diferentes elos como:
fornecedores de resíduos orgânicos, empresas de criação de insetos,
indústria de processamento de insetos, indústria de ração animal,
produtores de suínos e aves e outras espécies.
10. Estudar as possibilidades de inclusão de insetos como ingrediente de
alimentação animal na legislação e regulamentação.
51

11. Iniciar a investigação sobre a transmissão de contaminantes de produtos


biológicos (substrato para criação insetos) aos insetos e dos insetos aos
animais domésticas.
Diversas outras dúvidas podem surgir, pois o campo exploratório é vasto
e recente, necessitando assim o auxílio da pesquisa para seu desenvolvimento.
52

ANEXOS
Tabelas nutricionais
Tabela 1. VALOR NUTRICIONAL MOSCA SOLDADO NEGRO (Hermetia
Illucens).
LARVA DE MOSCA SOLDADO NEGRO DESIDRATADAS
ANÁLISE PRINCIPAL
UNIDADE VALOR MÉDIO
Matéria seca % 91,3
Proteína bruta % MS 42,1
Fibra bruta % MS 7,0
Extrato etéreo % MS 25,0
Cinza % MS 20,6
Energia bruta Mcal/kg MS 5258
MINERAL
Cálcio g/kg MS 75,6
Fósforo g/kg MS 9,00
Potássio g/kg MS 6,9
Sódio g/kg MS 1,3
Magnésio g/kg MS 3,9
Manganês mg/kg MS 246
Zinco mg/kg MS 108
Cobre mg/kg MS 6
Ferro mg/kg MS 1370
AMINOÁCIDOS
Alanina % PB 7,7
Arginina % PB 5,6
Ácido aspártico % PB 11,0
Cistina % PB 0,1
Ácido glutâmico % PB 10,9
Glicina % PB 5,7
Histidina % PB 3,0
Isoleucina % PB 5,1
Leucina % PB 7,9
Lisina % PB 6,6
Metionina % PB 2,1
Fenilalanina % PB 5,2
Prolina % PB 6,6
Serina % PB 3,1
Treonina % PB 3,7
Triptofano % PB 0,5
Tirosina % PB 6,9
Valina % PB 8,2
FONTE: Adaptado de Feedpedia.
53

Tabela 2. VALOR NUTRICIONAL LARVA DA FARINHA (Tenebrio molitor).


LARVA DA FARINHA FRESCA
ANÁLISE PRINCIPAL
UNIDADE VALOR MÉDIO
Matéria seca % 42,2
Proteína bruta % MS 52,8
Fibra detergente neutro % MS 12,0
Fibra detergente ácido % MS 6,5
Extrato etéreo % MS 36,1
Cinza % MS 3,1
Energia bruta Mcal/kg MS 6214
MINERAL
Cálcio g/kg MS 2,7
Fósforo g/kg MS 7,80
Potássio g/kg MS 8,9
Sódio g/kg MS 0,9
Magnésio g/kg MS 2,3
Manganês mg/kg MS 9
Zinco mg/kg MS 116
Cobre mg/kg MS 16
Ferro mg/kg MS 57
AMINOÁCIDOS
Alanina % PB 7,3
Arginina % PB 4,8
Ácido aspártico % PB 7,5
Cistina % PB 0,8
Ácido glutâmico % PB 11,3
Glicina % PB 4,9
Histidina % PB 3,4
Isoleucina % PB 4,6
Leucina % PB 8,6
Lisina % PB 5,4
Metionina % PB 1,5
Fenilalanina % PB 4
Prolina % PB 6,8
Serina % PB 7,0
Treonina % PB 4,0
Triptofano % PB 0,6
Tirosina % PB 7,4
Valina % PB 6,0
ÁCIDOS GRAXOS
Ácido Laurico C 12:0 % do EE 0,5
Ácido Miritico C 14:0 % do EE 4,0
Ácido Palmitico C 16:0 % do EE 21,1
Ácido Palmitoleico C 16:1 % do EE 4
Ácido Estearico C 18:0 % do EE 2,7
Ácido Oleíco C 18:1 % do EE 37,7
Ácido Linoleico C 18:2 % do EE 27,4
Ácido Linolenico C 18:3 % do EE 1,3
FONTE: Adaptado de Feedpedia.
54

Tabela 3.VALOR NUTRICIONAL GRILOS E GAFANHOTOS (Acridídeas spp.,


Pyrgomorphidae spp., Gryllidae spp., Tettigonidae spp.).

FARINHA DE GAFANHOTOS E GRILOS


ANÁLISE PRINCIPAL
UNIDADE VALOR MÉDIO
Matéria seca % 91,7
Proteína bruta % MS 57,3
Fibra bruta % MS 8,5
Extrato etéreo % MS 8,5
Cinza % MS 6,6
Energia bruta Mcal/kg MS 5019
MINERAL
Cálcio g/kg MS 1,3
Fósforo g/kg MS 1,10
Potássio g/kg MS 1,1
Sódio g/kg MS 3,2
Magnésio g/kg MS 1,5
Manganês mg/kg MS -
Zinco mg/kg MS 10
Cobre mg/kg MS -
Ferro mg/kg MS 13
AMINOÁCIDOS
Alanina % PB 4,6
Arginina % PB 5,6
Ácido aspártico % PB 9,4
Cistina % PB 1,1
Ácido glutâmico % PB 15,4
Glicina % PB 4,8
Histidina % PB 3,0
Isoleucina % PB 4,0
Leucina % PB 5,8
Lisina % PB 4,7
Metionina % PB 2,3
Fenilalanina % PB 3,4
Prolina % PB 2,9
Serina % PB 5,0
Treonina % PB 3,5
Triptofano % PB 0,8
Tirosina % PB 3,3
Valina % PB 4,0
FONTE: Adaptado de Feedpedia.
55

Tabela 4. VALOR NUTRICIONAL FARINHA DE BICHO-DA-SEDA INTEGRAL


(Bombyx mori).

FARINHA DE BICHO-DA-SEDA NÃO DESENGORDURADA


ANÁLISE PRINCIPAL
UNIDADE VALOR MÉDIO
Matéria seca % 91,4
Proteína bruta % MS 60,7
Fibra bruta % MS 3,9
Extrato etéreo % MS 25,7
Cinza % MS 5,8
Energia bruta Mcal/kg MS 5975
MINERAL
Cálcio g/kg MS 3,8
Fósforo g/kg MS 6,0
Potássio g/kg MS -
Sódio g/kg MS -
Magnésio g/kg MS 3,7
Manganês mg/kg MS 18
Zinco mg/kg MS 224
Cobre mg/kg MS 15
Ferro mg/kg MS 326
AMINOÁCIDOS
Alanina % PB 5,8
Arginina % PB 5,6
Ácido aspártico % PB 10,4
Cistina % PB 1,0
Ácido glutâmico % PB 13,9
Glicina % PB 4,8
Histidina % PB 2,6
Isoleucina % PB 5,1
Leucina % PB 7,5
Lisina % PB 7,0
Metionina % PB 3,5
Fenilalanina % PB 5,2
Prolina % PB 5,2
Serina % PB 5,0
Treonina % PB 5,1
Triptofano % PB 0,9
Tirosina % PB 5,9
Valina % PB 5,5
FONTE: Adaptado de Feedpedia.
56

Tabela 5. VALOR NUTRICIONAL DA FARINHA DE BICHO-DA-SEDA


DESENGORDURADA (Bombyx mori).

FARINHA DE BICHO-DA-SEDA DESENGORDURADA


ANÁLISE PRINCIPAL
UNIDADE VALOR MÉDIO
Matéria seca % 93,8
Proteína bruta % MS 75,6
Fibra bruta % MS 6,6
Extrato etéreo % MS 4,7
Cinza % MS 6,8
Energia bruta Mcal/kg MS 5258
MINERAL
Cálcio g/kg MS 4,0
Fósforo g/kg MS 8,7
Potássio g/kg MS -
Sódio g/kg MS -
Magnésio g/kg MS -
Manganês mg/kg MS -
Zinco mg/kg MS -
Cobre mg/kg MS -
Ferro mg/kg MS -
AMINOÁCIDOS
Alanina % PB 4,4
Arginina % PB 5,1
Ácido aspártico % PB 7,8
Cistina % PB 0,8
Ácido glutâmico % PB 8,3
Glicina % PB 3,7
Histidina % PB 2,6
Isoleucina % PB 3,9
Leucina % PB 5,8
Lisina % PB 6,1
Metionina % PB 3,0
Fenilalanina % PB 4,4
Prolina % PB -
Serina % PB 4,5
Treonina % PB 4,8
Triptofano % PB 1,4
Tirosina % PB 5,5
Valina % PB 4,9
FONTE: Adaptado de Feedpedia.
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