Parte 1 - Primeira República

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 Aprofundamento do sistema econômico voltado para a

produção extensiva e em larga escala


 Fatores externos – aumento dos mercados consumidores
 Fatores internos – abundante força de trabalho; rede de
transportes
 A mudança de mentalidade do homem de negócios
“Nenhum dos freios que a moral e a convenção do Império
antepunham ao espírito especulativo e de negócios subsistirá; a
ambição do lucro e do enriquecimento consagrar-se-á como um alto
valor social”
 O papel ainda maior do capital externo
 Estabelecimento de filiais dos grandes bancos estrangeiros
 Participação ainda maior na atividade cafeeira
 O desenvolvimento do comércio externo
 Café, borracha, cacau, mate, fumo, etc.
 O Brasil tornar-se neste momento um dos grandes produtores
mundiais de matérias primas e gêneros tropicais
 Em consequência, decairá a produção de gêneros de consumo
interno
 As exportações compensam a necessidade de importações
 Aumento dos fatores que lhe comprometiam a estabilidade
econômica
 Concentração das atividades de produção em poucos gêneros
exportáveis
 Dependência do mercado externo
 População mundial 1750 – 1900 – milhões de habitantes

450

400

350

300

250

200

150

100

50

0
1750 1800 1850 1900
África Europa América Latina América do Norte
 A transformação do regime de trabalho
 Novo elemento: instabilidade da mão de obra
 Retenção do trabalhador por dívidas
 O caso do imigrante europeu
 Emigração
 Mudança entre propriedades
 Aquisição de terras
 Intervenção dos países de origem
“O imigrante europeu não precisará de um estágio preparatório,
para ter consciência de sua situação de homem livre. Os atritos se
multiplicam e agravam porque em regra os fazendeiros, formados
até então no antigo regime servil, não se habituarão facilmente a
lidar com trabalhadores livres.”
 O colapso das antigas propriedades de café
 Redução da margem de lucro
 Atividade prejudicada devido ao longo tempo de exploração
 Substituição da grande propriedade por um pequena propriedade

“É pois sob a ação de fatores contraditórios que evoluirá a nossa


economia: por um lado assistiremos ao desenvolvimento daquele
sistema, que atinge então um máximo de expressão com o largo
incremento, sem paralelo no passado, de umas poucas atividades
de grande vulto econômico, com exclusão de tudo mais. Mas
doutro, veremos resultar daquele mesmo desenvolvimento os
germes que evoluirão no sentido de comprometer a princípio, e
afinal destruir a estrutura econômica tradicional do país.”
 Início da República: Grave crise financeira
 O progresso das atividades econômicas e a falta de meio
circulante
 Remuneração dos novos trabalhadores assalariados
 Necessidade de crédito para as lavouras
 Gastos com insurreições armadas e golpes - Canudos,
Contestado, Revolta da Vacina e Revolta da Chibata
 Maior poder aos Estados, menor arrecadação nacional
 Instabilidade política e o crédito internacional
 Solução
 Autorização de emissões, por parte dos bancos, sobre lastro-
ouro e títulos da dívida pública interna
 Emissões de papel inconversível
 Consequências
 Surgimento de novas empresas com caráter especulativo
 Bancos, firmas comerciais, companhias industriais, etc.
 Em fins de 1891 estoura a crise que põe fim a especulação
 Falência e inflação
 Complicada situação externa
 Retração de capitais
“A mudança de regime, a agitação política, a desordem financeira,
a impressão geral de anarquia que tudo isto provocava nos centros
financeiros do exterior, determinam neles não somente a
suspensão de remessas de novos capitais para o Brasil, mas ainda
a liquidação apressada de todas suas disponibilidades.”
 Complicada situação externa
 Desvalorização da moeda nacional
 Aumento da dívida externa
 Exemplo
Situação Dívida US$ Câmbio Dívida R$
1 300 2 600
2 300 3 900

 Primeiros problemas com o café


 Em 1896 o café brasileiro enfrenta sua primeira dificuldade
comercial: os preços declinam
 Estoques invendáveis começaram a se acumular.
 Superprodução
 O interesse do capital externo e sua influência sobre o café
(controle do comércio)
 Nova crise em 1898 - Moratória
 O acordo resolvia momentaneamente a angustiosa situação
financeira do país
 Corte das despesas públicas; transferência de bens;
arrendamento de ferrovias
 Consolidação da situação de dependência à finança
internacional
 O capital estrangeiro começará a fluir para o Brasil em
proporções consideráveis.
 Grandes e modernos portos são instalados; a rede ferroviária
crescerá rapidamente
 Inauguram-se as primeiras usinas de produção de energia
elétrica
 Remodelam-se com grandes obras as principais cidades
 Aumento das exportações
 Fatores que permitirão ao Brasil equilibrar sua vida
financeira e consolidar sua posição econômica:
 A situação folgada do comércio
 O capital estrangeiro
 Esse progresso não representará um passo adiante, mas
apenas um ajuste a um novo nível de crescimento
 Resumo das transformações
 Abolição da escravidão
 Novo espírito de negócios
 Finanças externas
 Primitiva indústria artesanal x Moderna manufatura
 Abertura dos portos (1808)
 Baixas tarifas alfandegárias
 Concorrência externa
 Outros fatores determinantes
 Deficiência das fontes de energia
 Ausência de uma indústria siderúrgica
 Mercado consumidor deficiente
 O nível demográfico e econômico do país e o padrão de vida
da sua população eram ínfimos
 Grande distância entre os mercados
 Maiores municípios (população)

1872 1890 1900

Rio de Janeiro 274972 522651 811443

Salvador 129109 174412 205813

Recife 116671 111556 113106

Belém 61997 50064 96560

Porto Alegre 43998 52421 73674

Fortaleza 42458 40902 48369

Cuiabá 35987 17815 34393

São Luís 31604 29308 36798

São Paulo 31385 64934 239820

Manaus 29334 38720 50300


“A orientação da economia brasileira, organizada em produções
regionais que se voltam para o exterior, impedira a efetiva unificação
do país e o estabelecimento de uma estreita rede de comunicações
internas que as condições naturais já tornavam por si muito difíceis.”
 Fatores positivos
 Necessidade de pagamento, no estrangeiro, das manufaturas
necessárias ao consumo (importação)
 Desvalorização cambial
 Déficit no comércio externo até meados do século
 Elevação das tarifas alfandegárias (1844)
 Matéria prima: o algodão
 Disponibilidade de mão de obra e baixo preço
 Primeira fase de crescimento (1880-1889)
 Aumento do número de estabelecimentos industriais
 Aumento de tarifas alfandegárias com o objetivo deliberado de
protecionismo industrial
 Declínio do câmbio
 Paralização do surto industrial (1898)
 Transformação considerável (1907 – Censo industrial)
 Produção: DF – 33%; SP: 16%; RS: 15%
 Posterior concentração industrial em São Paulo
 Aumento superior a dez vezes entre 1885 e 1905
 Antes de 1914, a produção de tecidos já havia atingido 85% do
consumo do país, chegando a 90% no final da década de 20.
 O crescimento industrial em São Paulo: circunstâncias
favoráveis
 Progresso do Estado
 Habilidade técnica do trabalhador europeu
 Abundância de energia hidráulica
 O impulso dada a primeira Grande Guerra - 1914-1918
(Visão de Caio Prado Junior)
 Queda considerável nas importações
 Mudança quanto ao caráter da indústria (Censo 1920)
 Aumento da produção e exportação de carne
 A indústria e o equilíbrio das contas externas
 Fator positivo: segurança
 Fator negativo: acomodação
 A primeira Grande Guerra - 1914-1918 (Visão de Werner
Baer)
 A Primeira Guerra não foi um catalisador do desenvolvimento
industrial dada a dificuldade de importação de bens de capital
 Houve uma queda na importação de bens de capital e uma
redução no consumo de cimento e aço no período.
“O efeito exercido pela Primeira Guerra Mundial não foi o de
expandir e mudar a capacidade produtiva do Brasil, mas sim de
aumentar a utilização da capacidade de produção de artigos
têxteis e alimentícios originada antes da guerra. O aumento da
produção serviu principalmente para suprir a economia
doméstica carente de importações, mas alguns produtos têxteis
eram exportados para a Argentina e África do Sul, e vários países
latino-americanos receberam açúcar e carne congelada.”
“A maior parte das indústrias brasileiras viverá parasitariamente das
elevadas tarifas alfandegárias e da contínua depreciação cambial.
Não terá havido para elas a luta pela conquista e alargamento de
mercados que constitui o grande estímulo das empresas capitalistas,
e o responsável principal pelo progresso vertiginoso da indústria
moderna.”
 Baixa concorrência interna
 Aspectos negativos da desvalorização cambial
 Importação de maquinaria
 Novos concorrentes
 Resultado: baixo progresso técnico
 Estabelecimento de tarifas diferenciadas em 1911
 Carência de capitais
 População de baixo nível de prosperidade financeira
 Os fundos necessários para a indústria dependerão unicamente
do concurso individual de seus iniciadores
“A acumulação capitalista ainda é essencialmente no Brasil um fato
individual restrito. Aqueles que têm capitais aplicados na indústria são
unicamente indivíduos que lograram reunir fundos suficientes para se
estabelecerem nela por conta própria e independentemente.”

 Lucros excedentes na lavoura


 A política de valorização do café (1907), a limitação do plantio e
o investimento na indústria pós 1910.
 Emissão de moedas (1914-1924)
 Crescimento da indústria
 Aumento da inflação
 A vulnerabilidade da indústria brasileira
 Dependência do comércio exterior e do balanço de contas
internacionais
 Dependência do estado das finanças públicas e o ritmo das
emissões destinadas a cobrir as despesas do Estado
 Exemplo: período de guerra e pós guerra
 Fortalecimento do comércio externo
 Política de valorização do café
 Afluxo de capitais estrangeiros
 Situação folgada das contas externas
 Consequência
 Declínio na indústria (1924 – 1930)
 O caso das indústrias subsidiárias
 Indústria química, veículos, cimento, frigoríficos, etc.
 Aspectos facilitadores da autonomia
 Transporte
 Tarifas alfandegárias
 Mão de obra barata
 Contribuição das empresas estrangeiras para a industrialização
futura do país
 O surgimento da metalurgia
 Imensas reservas de minério de ferro afastadas dos principais
núcleos de população e de difícil acesso
 O controle das jazidas pelo capital externo
 O impulso dado pela primeira guerra
 Indicadores de formação de capital (1901 -1914)
 O consumo de cimento aumentou 12 vezes (de 37.300 para
465.300 toneladas)
 O consumo de aço aumentou mais de oito vezes (de 69.300 para
589 mil toneladas)
 A importação de bens de capital quase quadruplicou no mesmo
período
 A estrutura industrial que se criou nesse primeiro período era
dominada por indústrias leves. Produtos têxteis, roupas,
calçados e indústrias alimentícias eram responsáveis por mais
de 64% da produção industrial em 1919.
 A maioria dos primeiros industriais brasileiros era importador
que, em determinado estágio de suas atividades, achou que
valeria a pena produzir bens no próprio Brasil, em vez de
importá-los.
 Aumento nas exportações do café
 A participação do café nas exportações aumentou de 56% em
1919 para mais de 75% em 1924.
 No mesmo período, as exportações, como uma parcela do
Produto Nacional Bruto (PNB) aumentaram de 5,7% para
12,5%.
 Situação favorável do balanço de pagamentos do país
 Período de estagnação da indústria têxtil
 Diversificação industrial
 O início da produção doméstica de cimento
 Crescimento significativo de setores mais recentes - química,
metalurgia, produtos de tabacaria
 Causas da diversificação:
 Crescimento das oficinas de reparos
 Ingresso de capital estrangeiro
 Isenção de impostos para importação
PRADO JUNIOR, C. História Econômica do Brasil. São Paulo: Ed.
Brasiliense, 1945. Capítulos 20, 21, 22 e 24.

BAER, Werner. A Economia Brasileira. 3ª ed. rev. ampl. e atual.


São Paulo: Nobel, 2009. Capítulo 2 e 3.

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