UEMA AU TCC 2017 LEMOS Estudo Das Linhas de Bonde Da São Luis Dos Séculos XIX e XX Diretrizes para Cidade Contemporânea
UEMA AU TCC 2017 LEMOS Estudo Das Linhas de Bonde Da São Luis Dos Séculos XIX e XX Diretrizes para Cidade Contemporânea
UEMA AU TCC 2017 LEMOS Estudo Das Linhas de Bonde Da São Luis Dos Séculos XIX e XX Diretrizes para Cidade Contemporânea
MAYARA LEMOS
ESTUDO DAS LINHAS DE BONDE DA SÃO LUÍS DOS SÉCULOS XIX E XX:
diretrizes para a cidade contemporânea.
São Luís
2017
MAYARA LEMOS
ESTUDO DAS LINHAS DE BONDE DA SÃO LUÍS DOS SÉCULOS XIX E XX:
diretrizes para a cidade contemporânea.
São Luís
2017
MAYARA LEMOS
ESTUDO DAS LINHAS DE BONDE DA SÃO LUÍS DOS SÉCULOS XIX E XX:
diretrizes para a cidade contemporânea.
Aprovada em:____/____/_____
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Thais Trovão dos Santos Zenkner (Orientadora)
Universidade Estadual do Maranhão
______________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Márcia Tereza Campos Marques
Universidade Estadual do Maranhão
______________________________________________________
Arq. Daniele Faccin
Arquiteta e Urbanista do IPHAN - MA
AGRADECIMENTOS
Este trabalho monográfico estuda as linhas de bondes que existiram entre os séculos XIX e
XX na cidade de São Luís - MA com o objetivo de propor diretrizes viáveis para uma possível
implantação desse antigo meio de transporte no centro histórico de São Luís. Proporcionando
assim uma nova dinâmica ao centro com a integração de vários modais, criando áreas de
estacionamentos públicos e priorizando o pedestre. Para alcançarmos esse objetivo realizamos
algumas pesquisas bibliográficas e pesquisas de campo a qual destacamos as fotografias. Nas
pesquisas bibliográficas utilizamos alguns autores como: Andrès, (2012), Ferreira (2014) e
Zenkner (2005) para compor o capítulo que trata da história urbana de São Luís. Para o
capítulo dos bondes utilizamos dentre outros autores: Machado44 (1990), Prazeres (2007) e
Gaudêncio Cunha (1908) que contribuiu muito para a visualização da cidade naquela época.
Para o capítulo que trata da mobilidade urbana em São Luís destacamos: Ribeiro (2014),
Villaça (2001), e PLANMOB (2014). Com essas pesquisas realizadas produzimos alguns
mapas onde pudemos mostrar as diretrizes propostas para o retorno dos bondes em algumas
ruas do Centro Histórico.
This monographic study studies the lines of trams that existed between the 19th and 20th
centuries in the city of São Luís - MA with the objective of proposing viable guidelines for a
possible implantation of this old means of transportation in the historical center of São Luís.
Providing a new dynamics to the center with the integration of various modalities, creating
public parking areas and prioritizing the pedestrian. In order to reach this goal we carried out
some bibliographical research and field research, to which we highlight the photographs.
In the bibliographical research we use some authors such as Andrès, Ferreira (2014) and
Zenkner (2005) to compose the chapter that deals with the urban history of São Luís. For the
chapter of trams we use among other authors, Prazeres (2007) and Gaudêncio Cunha (1908),
who contributed much to the visualization of the city at that time. For the chapter dealing with
urban mobility in São Luís, we highlight: Ribeiro (2014), Villaça (2001), and PLANMOB
(2014). With these surveys we produced some maps where we could show the proposed
guidelines for the return of the trams in some streets of the Historic Center.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12
2 UMA BREVE HISTÓRIA DE SÃO LUÍS NOS QUATRO SÉCULOS
DE URBANIZAÇÃO ........................................................................................ 16
2.1 As transformações urbanas do século XIX ..................................................... 20
2.2 As transformações e o declínio da capital maranhense no século XX .......... 24
3 SÃO LUÍS E A MODERNIDADE SOBRE TRILHOS ................................. 27
3.1 Os bondes animálicos ........................................................................................ 27
3.1.1 As linhas e percursos ........................................................................................... 30
3.1.2 Decadência do sistema ........................................................................................ 38
3.2 Os bondes elétricos ............................................................................................ 39
3.2.1 Os itinerários e a especulação das linhas de bondes ........................................... 44
3.2.2 Período de vigência dos elétricos à decadência .................................................. 57
4 MOBILIDADE URBANA NO CENTRO DE SÃO LUÍS ............................. 61
4.1 Mobilidade urbana e Acessibilidade ............................................................... 61
4.1.1 Transporte urbano ............................................................................................... 64
4.2 Mobilidade e acessibilidade em centros históricos ......................................... 66
4.3 Processos relativos à mobilidade urbana e o estudo do caso de São Luís .... 68
4.3.1 Urbanização em São Luís.................................................................................... 69
4.3.2 Diagnóstico do centro histórico de São Luís....................................................... 71
5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ................................................................. 91
5.1 Os objetivos da intervenção ............................................................................. 91
5.2 Metodologia da intervenção ............................................................................. 92
5.3 Proposta de rota ................................................................................................ 96
5.3.1 Algumas conclusões acerca do diagnóstico sobre o Centro Histórico de
São Luís ............................................................................................................... 97
5.3.2 O traçado proposto .............................................................................................. 98
5.3.3 Escolha do tipo de bonde ................................................................................... 105
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 110
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 112
12
1 INTRODUÇÃO
O núcleo inicial de São Luís fora dividido em parte interna e externa. No mapa
acima dentro do quadrado preto localizava-se a muralha, ou seja, a parte interna, que
corresponde a Avenida D. Pedro II, o terreno da Igreja da Sé e a Praça Benedito Leite; e fora
desta área na parte externa no quadrado vermelho, destaca-se a Igreja do Carmo. E no sentido
Leste-Oeste as ruas que compunham o traçado era Rua João Vital, Rua 14 de Julho, Rua da
Direita ou Avenida Henrique Leal e a Rua da Saúde. Perpendiculares a estas, no sentido
norte- sul existia a Rua Formosa ou Afonso Pena, a Rua da Palma, Rua do Giz ou 28 de Julho
e Rua da Estrela. Na parte norte (embora com alguns vazios urbanos que foram preenchidos
ao longo do século XVII e XVIII), seguindo a Rua João Vital chegava-se a Rua Grande e a
oeste a Rua do Sol.
Estas Ruas possuíam um traçado regular como dito anteriormente, e com larguras
que variavam de 7 a 10 metros e as dimensões das quadras não passavam de 80 x 80 metros
(ANDRÉS, 2012).
18
1
O donatário, responsável pela capitania hereditária, tinha entre outros direitos, realizar a doação de sesmarias
para os demais colonizadores. O termo “sesmaria” era empregado para todo aquele terreno pertencente à Coroa
Portuguesa onde não era observado o desenvolvimento de atividades econômicas ou a ocupação do espaço
colonial (MUNDO EDUCAÇÃO, [201-?]). Tendo em vista as grandes dimensões do espaço colonial brasileiro,
e a impossibilidade de explorar diretamente o imenso território a Coroa distribuía a terra aos colonos para que
estes “aproveitassem” (MOTA; MANTOVANI, 1998).
2
Data significava dádiva ou benefício. Escritas de próprio punho por pessoas de todas as camadas sociais, essas
cartas pediam lotes de terrenos para diversos fins. Era um mecanismo teórico e prático em que particulares
adquiriam terrenos através da concessão, possibilitando a ocupação de áreas vazias em detrimento da
urbanização da cidade (SILVA, 2012).
19
mais fácil essa conexão São Luís – Lisboa do que com a própria capital brasileira, por conta
das correntes marítimas e a difícil comunicação por terra a outras partes do Brasil.
Com estes fatores, São Luís neste século apresenta uma maior circulação de
riqueza, aumentada também com a vinda de vários escravos africanos. Criou-se uma elite
econômica que patrocinou as primeiras reformas privadas, como a criação de comércios e
residências, adequados ao padrão da época. Além da criação de comércios e residências,
houve a construção do Palácio do governo, o melhoramento da casa de Câmara e Cadeira
(onde é a atual sede da prefeitura) e em 1776 o governo português mandou construir a praça
do comércio na Praia Grande, de frente para o mar e seguindo os moldes da Praça do
Comércio em Lisboa. “Entre o final do século XVIII e inicio do século XIX houve um grande
progresso urbanístico da cidade, ruas pavimentadas, ajardinamento, fontes ornamentais”.
(JALES; NOGUEIRA, 2008, p. 3).
Com essas modificações e crescimento da cidade, a Coroa portuguesa por
intermédio das carta-de-data, resolve ordenar a ocupação no bairro da Praia Grande (principal
bairro da capital na época). Esse “ordenamento” provocou uma segregação sócio espacial
como cita PAXECO (1922, p. 468 apud FERREIRA, 2014) que “sob pena de enfear a cidade,
ordenava-se que não concedessem chãos a pessoas fora das condições necessárias para
construir edifícios nobres”.
Com uma população composta por 17.000 habitantes, no fim do século XVIII, o
crescimento da cidade direciona-se para o leste onde várias quadras obedeciam ao traçado
geométrico regular (FERREIRA, 2014). Quase todas as quadras são ocupadas apenas em dois
lados opostos, e neste século diferentemente do século XVII as quadras não obedeciam a
melhor posição contra insolação, assim, as fachadas das edificações direcionavam-se de
formas diferentes em cada bairro.
A imagem abaixo é retirada do CD-ROM - Imagens de vilas e cidades do Brasil
colonial do autor Nestor Goulart (2000). Neste mapa, percebe-se uma simbolização
sinalizando a localização de algumas Igrejas. O autor, Nestor Goulart (2000), comenta a
existência de uma legenda detalhada indicando os principais edifícios, embora não apareça no
referido livro. Mas, o comparando com o mapa do século anterior, podemos deduzir que “o
número 1” seria o Cais da Sagração (obra não conclusa este século), que desde 1780 foram
sendo feitos inúmeros aterros nessas áreas que formavam pequenas praias a margem dos rios
Bacanga e Anil. “O número 2” a área que compreende o Palácio do Governo e o número 3 a
Igreja da Sé (ZENKNER, 2005).
20
Neste período a concessão das terras por meio das cartas de datas era estabelecida
assim como no século XVII pelo Senado Estadual, porém o lote era destinado conforme o
traçado das novas ruas que foram abertas neste período (RIBEIRO, 2014).
população da ilha e com um uso residencial. A Praia Grande por possuir uma posição
estratégica para carga e descarga de mercadorias, localizou- se como uma região mais
urbanizada e povoada por grandes comércios e pelos ricos comerciantes. Em outras
localidades da ilha existiam alguns portos de abastecimentos de menor escala como o Porto da
Madre Deus, Praça do Mercado (atual mercado Central) e do Desterro, que funcionavam
como alternativa para o mercado local, as margens do Rio Bacanga, antes dos sucessivos
aterros (ZENKNER, 2012).
Ao longo deste século inúmeros melhoramentos, como dito anteriormente, foram
acontecendo, como o calçamento das ruas e a construção do Cais da Sagração em 1841
(antigo Passeio público, e hoje correspondente a Avenida Beira Mar). Nesta época a cidade de
São Luís possuía ainda um teatro, várias igrejas, hospitais e neste século houve a maior parte
da construção do patrimônio residencial e comercial, com grandes sobrados e casarões com
azulejos portugueses.
Com o objetivo de disciplinar a ocupação, a sociedade e a utilização do espaço
público, houve a criação de leis que estabeleciam regras de convivência, os Códigos de
Posturas. Esses códigos eram um conjunto de normas sobre o que era permitido e o que era
vetado se fazer na capital maranhense, e estabelecia o que e onde era possível comercializar
em São Luís. Também estabelecia os critérios para edificar na cidade, como por exemplo,
dizia que ninguém poderia edificar nos subúrbios sem autorização da Câmara. Posteriormente
no ano de 1866 houve a criação de um novo código de Posturas, com enfoque na segurança da
capital devido ao aumento do contingente populacional.
Continuando a falar das melhorias ocorridas na cidade, em 1815 São Luís
apresenta seu primeiro hospital, o Hospital da Santa Casa de Misericórdia, na Rua do Norte;
em 1817 o Teatro União atual Arthur Azevedo, na Rua do Sol. Em 1831 houve a proibição de
enterramento e de cemitérios dentro da cidade. Neste mesmo ano a Rua Grande se consolida
como “o coração da cidade” (ZENKNER, 2012, p. 21), tendo inicio nas imediações do Largo
do Carmo percorrendo por uma rua sinuosa até chegar ao Campo do Ourique, onde era um
dos limites da cidade de São Luís. Em 1836 São Luís inaugura a primeira Biblioteca Pública
da cidade; em 1839 um Liceu, que abrigaria inúmeros estudiosos que voltavam de seus
períodos de estudos em terras europeias; e em 1840 um Cemitério Público. Essas construções
e medidas fizeram São Luís se diferir em termos evolutivos das outras cidades brasileiras, que
nesta época possuíam poucos sinais de melhoramentos urbanos. Abaixo dois mapas de
diferentes épocas, mostrando a evolução da cidade, com um aumento populacional em 1868
chegando a 30.000 habitantes (RIBEIRO, 2014).
22
seu modelo agrário, a mão de obra escrava, começa a enfrentar as dificuldades impostas por
sua perda. Alguns historiadores não atribuem à crise no Estado agrário à abolição da
escravatura, mas ao início do Estado Industrial. Como citado por Martins (2000, p. 18 apud
ZENKNER, 2012, p.8) “a decadência da sociedade escravista não foi, exatamente, como
alguns consideram, o fim de um grande apogeu, ou marco de uma prolongada letargia para a
Cidade, mas o início de novas possibilidades”. Inicia um novo período, o período republicano,
onde São Luís se torna uma capital industrial, baseada na indústria têxtil.
detinha melhores condições para investir e construir equipamentos sociais por conta da
linearidade e da expansão moderada. Mas para estruturar a produção do espaço urbano, foram
criados dispositivos legais como o zoneamento do município e o estabelecimento de áreas
urbanas, suburbanas e áreas rurais.
Ferreira (2014, p. 43) diz que
tal zoneamento incluía cinco áreas: um centro administrativo; e quadro zonas,
distribuídas em comercial, industrial, residencial e agrícola com intuito de promover
a localização racional dos seus diferentes órgãos, proporcionando aos moradores
vantagens de ordem econômica, sanitária, estética, em um Centro Administrativo ou
Centro Cívico.
O mapa acima mostra a setorização do Centro histórico em 1951. Com fundo azul
claro, no perímetro que compreende as ruas Av. D. Pedro II e Rua dos Afogados a norte; a
Rua Antônio Rayol a leste; e a Rua Jacinto Maia a sul, são as áreas comerciais do centro de
São Luís. Com o fundo amarelo, a área industrial, com o fundo branco as áreas residenciais e
alguns quadrados preenchidos em preto, as áreas administrativas, que se concentram na
Avenida D. Pedro II como: o Palácio do Governo Estadual, a Prefeitura Municipal, a
Delegacia Fiscal, o Fórum, o Banco do Brasil, a Capitania dos Portos, a Igreja da Sé e o
Palácio Episcopal (FERREIRA, 2014).
O século XX também foi marcado pela mudança do acesso a cidade de São Luís.
No século anterior, o comércio, principal atividade da época, era feito utilizando o Cais da
26
Sagração, com seu assoreamento o porto passa para a parte oeste da ilha, Porto do Itaqui, isso
impulsionou a mudança da Praia Grande (que era a principal frente da capital), passando “a
ser a retaguarda” (ANDRÈS, p. 44, 2012). E o crescimento da cidade seguiu na direção leste
da ilha, com o Caminho Grande e a Avenida Getúlio Vargas, que foram as novas áreas
comerciais da cidade, e possibilitaram o surgimento de bairros como João Paulo, Caratatiua,
Jordoa, Filipinho e Anil.
Atrelado a esse crescimento espacial da ilha surgem serviços ou “meios de
consumo coletivo”, como a energia elétrica em 1918 e que nos anos de 1923 a 1926 estava
sob o controle da empresa norte americanad Ullen Management Company. Em 1902 o serviço
de transportes foi autorizado pela Câmara municipal, operados pela empresa norte americana,
os bondes elétricos iniciam seu funcionamento em 30 de novembro de 1924, quando
aconteceu a primeira viagem inaugural. Será este o assunto dos próximos capítulos, os
serviços dos bondes na capital maranhense.
27
3
Os road steamers (máquinas a vapor para as ruas, em tradução livre) eram veículos voltados para o transporte
urbano, enquanto as carruagens a vapor e as locomotivas sobre trilhos eram mais usadas para viagens entre
localidades. Os Thomson road steamers foram os primeiros veículos de autopropulsão a rodarem com
indiscutível sucesso em vias públicas urbanas. O Brasil importou pelo menos cinco ou seis desses veículos.
Usavam rodas com borracha, uma tecnologia inovadora, na época. Variações desses veículos deram origem aos
ônibus modernos. (BUSCA TEMÁTICA, [201-?]).
28
comprometia também com avocação das despesas referentes à implantação, sob pena de multa
se não executassem no tempo acordado em contrato. Em acordo, dentro da cidade circulariam
os bondes movidos à tração animal e fora desta, os movidos a vapor. Também entrou em
contrato o processo de implantação, o funcionamento dos transportes, as tarifas e os horários
de partida dos carros. Em troca, alguns privilégios foram concedidos, como por exemplo, a
concessão sem impostos do material que seria utilizado e o monopólio do sistema por 25
anos.
Em 1871 José Maria Bernes concedeu o transporte sobre trilho da ilha para a
empresa Ferro Carril do Maranhão. Os materiais que foram utilizados na implantação foram
importados dos Estados Unidos e esta empresa começou a operar em setembro de 1872.
São Luís se tornou a primeira cidade do norte do Brasil a ter serviço de bondes
puxados pela força animal. Abaixo a foto do modelo aberto de bonde utilizado pela empresa
Ferro Carril para o transporte urbano de São Luís, fabricado nos Estados Unidos.
Figura 06 – Bonde da empresa Ferro Carril do Maranhão.
Havia uma distinção de classes no interior destes carros. A primeira classe era
destinada ao transporte de passageiros, e a segunda classe era usada para o transporte de
mercadorias, mas também ao transporte de passageiros. As mercadorias eram colocadas entre
os bancos dividindo espaço com os passageiros. MACHADO (1990, p.20), diz que “só
tinham acesso aos carros, abertos ou fechados, as pessoas decentemente vestidas e
decentemente calçadas”.
Os preços das tarifas eram definidos levando em consideração a extensão do
trajeto a ser percorrido, e eram as mesmas tarifas cobradas para todas as classes. Mas em 1873
foi estabelecido pelo Governo da Província que o preço seria único tabelado. Neste mesmo
ano a Companhia criou a terceira classe destinada às pessoas mais pobres e “mal vestida”,
mas não funcionou como linha regular. Em 1878 a empresa Ferro Carril pediu permissão a
Assembleia Provincial para implantar o bonde com tração a vapor para operar a linha Estação
Central – Anil, com parada na Jordoa. A imagem na página seguinte é da Estação da empresa
Ferro Carril que cuja a localização especula-se ser nas proximidades do bairro Monte Castelo.
30
Av. D. Pedro II
Outras linhas que operaram neste mesmo ano, foram as linhas secundárias que
partiam do Largo do Palácio, percorriam a Rua Grande e se dividiam no ramal que percorria a
Rua São Pantaleão e chegava ao cemitério da Santa Casa de Misericórdia (linha 3) e outro que
percorria a Rua dos Remédios e chegava ao Largo dos Remédios (linha 2). Essas duas linhas
tinham aproximadamente 1,5km de extensão cada.
32
Av. D. Pedro II
A tabela abaixo foi assinada pelo gerente da Companhia Ferro Carril, José
Moreira da Silva, e aprovada pelo Governo provincial e respondia sobre os horários relativos
aos percursos das três primeiras linhas implantadas na cidade: do Largo do Palácio e o
Caminho Grande, do Largo do Palácio e o Largo dos Remédios e do Largo do Palácio e a Rua
São Pantaleão, linhas descritas acima.
Figura 11 - Tabela de horários dos bondes das linhas 1, 2 e 3.
Abaixo alguns registros fotográficos que ratificam a locação dos trilhos dos
bondes, ou seja, a construção do seu itinerário, contida nas bibliografias históricas estudadas.
Figura 12 - Avenida D. Pedro II.
Em maio de 1874, foi implantada uma nova linha que não estava prevista em
contrato, o ramal da Praia Grande, que ligava o interior da ilha ao litoral, facilitando assim as
comunicações e as atividades comerciais. Ligando dois bairros importantes que tinham difícil
comunicação pela declividade das ladeiras. (DIÁRIO DO MARANHÃO, 1874 apud
MACHADO, 1990). Esta linha iniciava na rampa do Palácio, seguindo pela Rua do Trapiche,
Praça do Comércio, Rua da Estrela, Rua da Direita chegando a Rua Formosa, não se tem
conhecimento se esta percorria toda a extensão da Rua Formosa. Neste mesmo ano também
começou a funcionar o ramal que percorria a Rua do Passeio e chegava provavelmente até o
cemitério do Gavião (MACHADO, 1990).
36
Rua Portugal
Rua da Estrela
Rua da Direita
Em 1875 uma nova linha entrou em funcionamento, a linha para o João Paulo.
Linha esta que muitos habitantes deste bairro aspiravam. E em 1877 a linha da Rua do Norte
foi implantada, que partia da Rua Grande e supostamente chegava até o cemitério do Gavião e
unia-se aos ramais da Rua do Passeio e São Pantaleão como vemos nesta citação:
Esta suposição fundamenta-se tendo por base o artigo 2º do contrato: o empresário
estabelecera como linha principal [...] e como ramais um partindo da Rua Grande
pela Rua dos Remédios [...] e o outro da dita Rua Grande pela Rua do Passeio,
Caminho do Gavião, Ruas do Norte, Fonte do Bispo e São Pantaleão e fazem junção
com a linha principal na Rua Grande” (MACHADO, 1990, pág. 18).
Por tratar-se de uma área muito extensa e fora do núcleo central não foi possível
traçar um mapa com o itinerário, pela imprecisão dos dados coletados acerca das vias que este
bonde percorria do centro ao bairro do Anil. Mas na página seguinte algumas imagens de
acervos bibliográficos ratificam a existência deste percurso em direção à periferia da cidade
de São Luís.
37
Em 1893 inicia a operar a linha de bondes com tração a vapor, da Estação Central
até o bairro Anil com parada no bairro da Jordoa. Segundo Prazeres (2007, p. 55) a partir de
1921 São Luís passou a dispor de 20 bondes dispostos nas estações:
a) nº01 Estação Central – Anil (via Jordoa);
b) nº02 Largo do Palácio – Estação Central;
c) nº03 Largo do Palácio – Largo dos Remédios;
38
Na segunda feira o bonde que transitava das 8 para as 9 horas da noite encontrou os
carris cheios de pedras, sendo os maiores no canto da Assembleia, Largo do Carmo,
Rua Grande. Depois de ter esmagado umas e descarrilhado com outras, resolveram
os condutores e passageiros, para quando as encontrassem e junta-las para prova, e
ainda conseguiram reunir cinco e uma delas bastante grande a qual motivou ao carro
o descarrilhamento com grande choque não ficando nenhum passageiro no lugar que
ia, pois foram arremessados uns contra os outros (PUBLICADOR MARANHENSE,
1872 apud PRAZERES, 2007, p.59) .
Por conta desses acontecimentos o poder público, declarou que iria colocar
patrulhamento nas rotas dos bondes para dar segurança aos usuários e punir com prisão os
causadores dos transtornos. Ou seja, ao invés de modificar essa política excludente, ocorria
simplesmente a punição. A partir de 1873 devido a críticas, a empresa foi obrigada a aceitar a
entrada de pessoas com qualquer tipo de calçado, esta medida tornou o serviço um pouco
mais abrangente. Porém o preconceito não era somente da companhia e sim da própria
população que via os escravos e homens livres como seres inferiores. Isso nos leva a perceber
que o serviço dos bondes não estava a serviço de todos, mas a serviço das classes mais
elitizadas.
Os inúmeros problemas tornaram o serviço de bondes animálicos retrógrado e
incapaz de atender as necessidades da população ludovicense, assim esse sistema chegava ao
século XX desgastado e cheio de defeitos, enquanto isso muitas cidades brasileiras já
possuíam o serviço de bondes elétricos. E assim com um discurso de progresso a população
pedia a modernização da cidade com o fim dos bondes movidos a animais e a implantação dos
bondes elétricos (PRAZERES, 2007).
precisavam habitar próximos as fábricas, seus locais de trabalhos, já que a deficiência ou até
mesmo ausência dos transportes dificultava essa locomoção entre o local de morar e trabalhar.
A cidade industrial maranhense sofria com problemas de mobilidade, segurança e salubridade.
Então, na tentativa de deixar a cidade mais salubre através de uma reestruturação do espaço e
dos serviços básicos, o século XX emerge como o século da modernidade e da reformulação
do espaço urbano ludovicense.
Em meio a disputas políticas entre conservadores e oposicionistas, e as pressões
destes opositores por conta da realidade que enfrentava a cidade, em março de 1923, o
governo local em uma tentativa de enfraquecer a oposição que ganhava força devido à
situação de abandono que se encontrava a capital, assinou o contrato com a empresa norte-
americana “Ulen & Company”. Este acordo fazia parte de um projeto de melhoramentos para
a cidade de São Luís na área de habitação, abastecimento de água, saneamento e iluminação
pública como podemos confirmar neste trecho do Diário Oficial do Maranhão 1925 (apud
MACHADO, 1990), que diz que: a “construção das redes de abastecimento de água e de
esgoto, fornecimento de energia elétrica para luz, tração (bonde) e força, inclusive a
instalação de maquinismo para prensagem de algodão” ficaria a cargo desta empresa.
Figura 22 - Bonde construído em São Luís.
.
Fonte: Jorge (1950).
Outro aspecto, era a iluminação pública que inicialmente, em 1825, foi instalada
nas principais ruas e algumas praias os lampiões a base de azeite. Anos depois foram
substituídos pelo álcool terebintinado, e em 1861 foi assinado contrato com a Companhia de
Iluminação a Gás do Maranhão que inseriu a iluminação a gás hidrogênio em importantes
logradouros da cidade, as quais após tal investimento tornaram-se áreas ainda mais nobres.
Foi no século XX por intermédio da “Ulen & Company” que a eletricidade entrou na
realidade maranhense.
Esta empresa segundo propagandas do governo local seria propulsora do
progresso e modernização de São Luís com a monopolização do serviço desde 1922 até 1946.
O contrato estabelecia que a Ulen teria a disposição um milhão e meio de dólares para
execução de obras públicas, adquiridos por meio de empréstimos externos feitos com a
intermediação do Governo do Estado, destinados à montagem dos serviços urbanos em São
Luís (DIÁRIO OFICIAL DO MARANHÃO, 1925 apud MACHADO, 1990). Além deste,
outros empréstimos foram feitos pela Ulen, em 09 de abril de 1924, foram dois milhões e
meio de contos junto a um grupo de empresários locais para a conclusão dos serviços de água,
esgoto, luz e tração da Capital. “Em abril de 1926 e em março de 1928, outros contratos
foram assinados para que empresa americana captasse recursos junto a instituições financeiras
internacionais” (MENDES, 2005).
No contrato foram estabelecidos prazos para o pagamento periódico da dívida
com juros de 8% ao ano, o prazo era de 18 anos sendo que o Governo transferia aos
banqueiros americanos o valor referente ao pagamento dos juros e as parcelas mensais da
dívida. Assim, o Governo comprometia boa parte da sua receita com esses pagamentos e
receberia os juros de 2% sobre aquele valor. Esse empréstimo era o início de uma série de
vantagens concedidas a “Ulen & Company”. Cabia a esta empresa o fornecimento e a
execução dos serviços necessários à instalação dos seus serviços, “desde a compra de
materiais e contratação de pessoal à efetuação da contabilidade e do seguro das obras”
(MENDES, 2005, p. 24). Mas os gastos eram feitos em nome do Governo maranhense, desse
modo à empresa era isenta de qualquer responsabilidade e também era beneficiada com a
isenção completa de impostos.
Mesmo com contratos beneficiadores ao Estado americano e não ao nosso Estado,
e em meio a críticas da oposição e desconfianças por parte da população a Ulen, em 01 de
maio de 1923, entrega o conjunto de obras seis meses antes do prazo que era de 2 anos (algo
não comum na realidade maranhense, à pontualidade em obras). Mesmo com desconfianças a
população esperava ansiosa pelo acontecimento mais aguardado dos tempos, a inauguração
42
dos bondes elétricos. O momento em que os bondes se moveriam pelos trilhos sem a
necessidade dos animais. No dia 30 de novembro de 1924, era inaugurado em São Luís o
serviço de bondes elétricos.
Dentre todas as obras entregues, o bonde elétrico certamente era o que tinha o maior
valor simbólico, uma vez que ele trazia agregado a si, de forma mais marcante, a
ideia de modernidade, visto que, além de encurtar distâncias, modificava o espaço
urbano, dando um caráter mais dinâmico à cidade. (CORRÊA, 2000 apud
MENDES, 2005, p. 25).
Com a entrega das obras a Empresa Ulen cumpria sua parte no contrato, que era a
implantação e construção dos serviços e ficando a cargo do Estado a administração. Desde
1923 a administração dos serviços públicos foi transferida do município para o Estado. Sob a
administração deste, os serviços melhoraram, ainda sob um discurso modernizador e do
rompimento do atraso que estava à cidade. Porém, esse período em que o Estado se
encarregou dos serviços urbanos durou pouco tempo, pelo fato que não era vantajoso a tal
assumir esse compromisso, por isso foi transferida a responsabilidade da esfera estadual para
empresas particulares contratadas.
A Ulen havia cumprido a primeira etapa do projeto de modernização, e então o
Governo contratou a empresa norte americana Brightman & Company Incorporation para
realizar a administração do serviço de bondes elétricos da capital. Inicialmente eram quatro
linhas remanescentes do século anterior, a linha Gonçalves Dias, São Pantaleão, Anil e
Estrada de Ferro.
O contrato assinado dava a empresa norte americana inúmeros privilégios como
por exemplo, ficaria a cargo do Governo do Maranhão a obrigação de cobrir os prejuízos da
empresa caso não atingisse a receita esperada, ou seja, o lucro da empresa deveria ser
garantido pelo Estado. Além de isenção de impostos e taxas, o Estado deveria financiar as
obras administrativas tanto as que fossem feitas em São Luís, como os gastos efetuados em
sua sede em Nova York. Com toda essa garantia de lucro e privilégio a empresa não executou
a administração que a população esperava, esta só se preocupava em maiores lucros, elevação
de taxas etc., enquanto o Estado se elevava em déficits.
“A população, indignada com a baixa qualidade dos serviços e com os constantes
aumentos das tarifas, engrossava as fileiras oposicionistas”. (MENDES, 2005, p.33). O
senador Magalhães de Almeida aliado ao então governador Godofredo Viana, numa tentativa
de apaziguar os ânimos da população e diminuir os ataques oposicionistas fez um
pronunciamento no Senado Federal no dia 30 de agosto de 1925, onde lembrava a situação
caótica do transporte urbano coletivo de São Luís antes das obras de infra-estrutura.
43
Os bondes de São Luís (os animálicos) melhor fora nunca existissem. Eram
vergonha e humilhação permanente para a cidade. Na espécie deviam ser únicos.
Uma carriola de três ou quatro bancos, desengonçada sacolejante, suja, indecente,
puxada por burricos lazarentos e trôpegos que nem mesmo fustigado
implacavelmente por incessantes chicotadas dos boleeiros conseguiam fazer um
pouco mais rápido o percurso, ou vencer pequeno declive do terreno sem apearem-se
os esforçosamente poucos passageiros do veículo. Dotar a capital do Estado desses
serviços indispensáveis, seria, a um só tempo, acto de justiça, de previdência e de
governo, porque seria dar-lhe aquilo que sua população há muito se clama e tem
direito [...] (ALMEIDA, apud MENDES, 2005, p. 34).
Porém mesmo após o seu pronunciamento e o esforço por parte do governo de
enaltecer as obras, a população não aceitou as justificativas. Era comum as constantes quedas
no fornecimento de energia elétrica e o número de bondes era insuficiente para uma
população de 52.929 habitantes (SANTOS, 1990). Estavam em circulação um bonde de oito
bancos, com capacidade para 40 passageiros, e dois bondes com capacidade para 50
passageiros cada, na linha do Anil. Sem ter como explicar aos ludovicenses o porquê da
péssima qualidade dos serviços administrados pela Empresa Brigtman e não suportando mais
as críticas feitas pela oposição, a única alternativa ao Estado era o rompimento do contrato,
em 1926. Porém, a multa contratual para a rescisão do contrato era altíssima. Como mostra o
texto do artigo 25 do contrato que dizia o seguinte:
Este contracto de administração só pode ser revogado de comum acordo entre ambas
as partes contractantes. Se, porém, o Governo resolve retirar a administração da
firma contractante, pagará à mesma, uma indemnisação de 50% (cincoenta por
cento) da remuneração de que trata a cláusula 19ª do último anno fiscal multiplicada
pelos annos que faltarem para a terminação do contracto se a rescisão se der no
espaço de 10 annos data da assignata do mesmo e vinte e cinco por cento (25%) se
ella se verificar depois de dez annos de sua vigência. (MENDES, 2005, p. 35).
Neste mesmo ano, assume como governador Magalhães de Almeida, com uma
difícil situação de débito e de constantes pressões da oposição. Seus oposicionistas falavam
que a administração do Estado era falha, além das críticas da população, como dito
anteriormente, estava completamente insatisfeita com os serviços deficitários prestados pela
administradora. O então governador sendo a pessoa que havia acompanhado na época as
negociações para implantação do bonde com a Ulen & Company, torna a transformar esta
empresa como a salvadora da pátria, visto que a sociedade a via com bons olhos por ter sido
pontual na implantação dos serviços de bondes elétricos. Mas a Ulen não havia experiência
em administração, uma vez que sua especialidade era construção de obras. A alternativa
encontrada foi à criação de uma filial, a Ulen Management Company.
Por sua boa posição no mercado, esta participou da intermediação entre o
Governo e a Brightman, em que foi determinado que a Brightman recebesse alguns
adiantamentos e as percentagens que lhe era de direito e em troca deveria renunciar a
indenização que a rescisão do contrato lhe garantia. “Com todos os obstáculos superados, a
44
Ulen Management Company poderia começar seus trabalhos na administração dos serviços
públicos que antes estavam sob a responsabilidade da Brightman”. (MENDES, 2005, p.38).
O acordo com a Ulen foi uma ótima medida para o Estado, porém ainda foi
necessário recorrer a empréstimos. O novo contrato, assim como todos os anteriores,
apresentava inúmeros benefícios às empresas estrangeiras, como a concessão dos serviços
pelo período de vinte anos. Mas desta vez a população imbuída de esperança, não atacou o
Governo assim como a oposição, todos aguardavam ansiosos a inauguração dos bondes. No
dia 30 de novembro de 1924 as 14 horas, ao som da banda da polícia o percurso da Praça João
Lisboa até o Anil foi inaugurado, tendo como passageiros, os políticos Magalhães de Almeida
e Godofredo Viana, e personalidades ilustres da sociedade maranhense, trazia em sua lateral
uma faixa pintada nas cores brasileiras contendo a seguinte frase: “O Maranhão assina o seu
progresso”. (A PACOTILHA (1924) apud MENDES, 2005, p.28). Com tal proclamação de
progresso era grande o número de pessoas que marchavam junto aos bondes com certo
sentimento de encantamento e euforia.
4
Esta crise iniciou-se quando o então presidente Washington Luís lança como candidato o paulista Júlio Prestes
ao invés do mineiro Antônio Carlos de Andrada, rompendo com a política monopolista de alternância de poder
entre paulistas em mineiros. Este fato gera a cisão desses grupos políticos e os mineiros resolvem criar a Aliança
Liberal reunindo as oligarquias de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. A vitória de Júlio Prestes, em
junho de 1930, gerou inconformismo, principalmente entre os políticos emergentes das oligarquias derrotadas.
Com o inconformismo e o assassinato do candidato do partido opositor gera uma revolução militar e Washington
Luís foi deposto assumindo Getúlio Vargas. (SANTIAGO, 2011).
58
5
Serviço de Água, Esgotos, Luz, Tração Elétrica e Prensa de Algodão.
6
Engenheiro e diretor da DTUSL que com uma administração planejada e transparente, divulgando
regularmente os balancetes do órgão nos jornais da capital, e sem pegar nem um centavo do governo, conseguiu
sanar as dívidas das administrações passadas fazendo com que os bondes retornassem a darem lucro. (MENDES,
2005).
59
população logo se encheu de esperança com um sistema de transporte público bom, ágil e
eficiente (MENDES, 2005).
Porém, com a saída do então administrator anos depois, o seu sucessor não
conseguiu êxito em seus trabalhos e não demorou muito para os bondes sofrerem com o
descaso. Visto esta situação recorrente, grupos de empresários do setor de transporte
incentivaram a entrada dos ônibus públicos para atender a população maranhense. De um lado
a omissão do poder público e do outro os interesses dos empresários colocava em risco
iminente a permanência dos elétricos na capital.
Com o governo de Juscelino Kubitschek o ideário de moderno não eram mais os
bondes elétricos e sim as máquinas que se moviam a óleo diesel. Assim ao logo dos anos 50
do século XX houve um incentivo ao uso dos ônibus por parte do governo e dos empresários.
Assim, aos poucos, sob a justificativa de estar se enquadrando na política desenvolvimentista
nacional, o Governo ia acabando com os bondes de São Luís.
No ano de 1959 uma reforma administrativa desmembrou o SAELTPA em três
órgãos: a CEMAR, Centrais Elétricas do Maranhão; o DAES, Departamento de
Água e Esgotos Sanitários; e o DTUSL, Departamento de Transportes Urbanos de
São Luís, que assumiu os serviços de tração da cidade (MENDES, 2005, p. 53).
Aos poucos os bondes foram saindo de circulação, era inegável que estes eram os
meios de transporte mais acessíveis em termos de custos a população mais pobre e um
símbolo irrevogável de progresso de uma época. Não foram poucos os problemas relativos a
má gestão e hierarquização dos serviços, porém os bondes elétricos contribuíram para
dinamização das cidades, sobretudo nas relações sociais e no traçado urbanístico
Em 1965, sob o comando do governo estadual José Sarney e no governo
municipal Epitácio Afonso Pereira, o Cafeteira, começava-se a falar na extinção dos bondes.
Cafeteira em seu discurso ao jornal diz que:
Os bondes irão parar, em caráter definitivo, esperando fazer o recolhimento de um a
um, à proporção que os mesmos forem ficando imprestáveis. Alega que o “déficit”
no serviço dos bondes anda pela casa dos 6 milhões mensais e que não existe mais
fábrica que prepare peças para tais veículos. É êste o primeiro “benefício” que a
esperada autonomia trouxe ao povo desta infeliz cidade. O que falta no DTU, já
afirmamos dias atraz e reafirmamos nesta oportunidade, é administração. Ainda está
na mente de todos os trabalhos que Cláudio Roland executou quando dirigiu o DTU.
O competente engenheiro encontrou apenas 4 bondes funcionando e com a própria
“prata de casa”, poz em funcionamento as oficinas mecânicas do DTU, fabricando
aqui mesmo as peças que faltavam. Adquiriu algumas rodas e em pouco tempo poz
12 carros em funcionamento, aumentando sensivelmente a renda e acabando com os
“déficits” que aquele organismo dava ao Estado. Infelizmente, um homem como
Cláudio Roland¹ não serve para trabalhar com essa gente. Os políticos atuais têm
medo de admitir gente que trabalhe de verdade, com receio de serem passados para
traz. (JORNAL PEQUENO, 1965 apud MENDES, 2005, p.57).
60
Soares, (2003 apud RIBEIRO, 2014, p.14) descreve acessibilidade como sendo a
[...] facilidade disponibilizada às pessoas que possibilite a todos autonomia nos
deslocamentos desejados, respeitando-se a legislação em vigor (inciso III do art.4º
da Lei nº 12.587/12). Ou seja, é a possibilidade de se alcançar com autonomia e
segurança os destinos desejados na cidade, ir e vir sem obstáculos, em condição
segura, nos espaços urbanos. É a condição de alcance para utilização de edificações,
espaço, mobiliário e equipamentos urbanos. Do ponto de vista social, a
acessibilidade também pode ser considerada uma prática que abrange todos os
aspectos da vida em sociedade (moradia, saúde, trabalho, educação, cultura, lazer),
se constitui no direito ao acesso a bens e serviços para que se tenha qualidade de
vida.
A Lei nº 12.587/12 compete os assuntos, como as diretrizes, princípios e objetivos
relacionados à Política Nacional de Mobilidade Urbana, que tem como objetivo determinar a
criação de Planos de Mobilidade urbana nos municípios com mais de 20 mil habitantes, onde
reuniria todas as políticas necessárias à circulação e transporte estando ligada a Política de
Desenvolvimento Urbano, a sustentabilidade ambiental e a inclusão social. Esta Política
Nacional de Mobilidade Urbana foi formulada pela Secretaria Nacional de Transporte e
Mobilidade Urbana – SEMOB dentro do Ministério das Cidades, “com a finalidade de
proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizando os modos de
transporte coletivo e os não motorizados, de forma segura, socialmente inclusiva e
sustentável”. (BRASIL, 2014, p 21).
Na Constituição Federal de 1988 são estabelecidas as diretrizes para o
desenvolvimento urbano, contemplando também planejamentos em habitação, saneamento
básico e transporte urbano. Em 2003 foi sancionada a Lei que criou o Ministério das Cidades
para lidar com as políticas direcionadas ao desenvolvimento urbano. Que tem como proposta
retirar o governo Federal das discursões sobre política urbana e sobre o destino das cidades
brasileiras, como forma de ocupar um vazio e também a ausência de uma abordagem mais
minuciosa e setorial nas áreas de saneamento, habitação e transporte, que são os três
principais problemas que afetam a população urbana e que se relaciona com o território em
geral. Por meio do Mistério das Cidades iniciam-se reflexões acerca da mobilidade com a
criação de um Sistema de Mobilidade urbana mais complexo e pensando na sustentabilidade.
(MARICATO, 2007).
O PLANMOB (BRASIL, 2014, p 22) estabelece que Desenvolvimento Urbano é
o “conjunto de princípios, diretrizes e normas que norteiam a ação do Poder Público e da
63
e população mais pobre é obrigada a procurar espaços mais baratos, ou seja, distantes e
desprovidos de infraestrutura.
Por conta desta dispersão social o número de deslocamentos diários é elevado,
tornando as pessoas dependentes dos transportes motorizados. Entre estes se destaca o
transporte individual, o automóvel, que devido à falta de qualidade dos transportes públicos e
da maciça propaganda das empresas automobilistas, ocasionou o crescimento da frota de
automóveis sem planejamento viário. “O planejamento viário deve estar acompanhado e
intimamente ligado ao planejamento e às políticas urbanas, envolvendo os instrumentos de
regulação urbanística, as preocupações ambientais e os princípios da acessibilidade
universal”. (BRASIL, 2014).
7
Leis urbanísticas que tratavam sobre os tamanhos das vias, acessibilidade destas, modos de comporta-se na
cidade (devido a Rua ser a extensão do ambiente privado), a fluidez urbana, medidas sanitárias e de segurança,
ou seja, tudo que fosse relativo ao comércio, salubridade e espaço público, como construções, comportamento,
trânsito e segurança (ALCÂNTARA JÚNIOR; SELBACH, 2009).
70
edificou uma cidade homogênea, continua e compacta, porém com características que
dificultavam o crescimento futuro, inerente às necessidades urbanas contemporâneas
(BURNETT, 2008).
Na urbanização modernista, a rua não possui o papel de convergência como na
tradicional, obrigando os moradores a utilizarem os meios de transporte para alcançar outras
localidades com funções distintas, ou seja, a cidade é mais dispersa e heterogênea. Por esta
dinâmica fragmentada, a dimensão dos quarteirões e os recuos e afastamentos em relação as
vias, tem suas medidas baseadas no deslocamento tangido em detrimento dos automóveis.
Reforçando o caráter de cidade desintegrada, com edificações isoladas do espaço externo,
tendo como a rua um ambiente de passagem. Esse processo de expansão urbana coincide com
a consolidação dos automotores (públicos e privados) que ocasionou a extinção dos bondes
elétricos do centro tradicional de São Luís (BURNETT, 2008).
Sobre o plano de expansão da cidade moderna, abaixo Ruy Mesquita faz uma
reflexão sobre como proceder a expansão da cidade de São Luís:
Apresentando-se a parte central da cidade com ruas estreitas e topografia acidentada,
de difícil circulação para o tráfego, o crescimento em altura deve ser evitado para
não provocar congestionamento, confusão, insegurança e, consequentemente,
desvalorização dos imóveis [...] O crescimento em expansão, com a finalidade de
descentralizar a cidade e , por conseguinte, a circulação de veículos, é o mais
recomendado e é ilimitado (MESQUITA, 1958 apud BURNETT, 2008, p. 125).
A expansão modernista tem como marco a construção das pontes do Caratatiua
(1968), José Sarney (1970) e Bandeira Tribuzzi (final dos anos 70), respectivamente. Elas
possibilitaram o crescimento espacial da cidade fora do núcleo central vencendo os limites
estabelecidos pelos rios, além do sentimento de “progresso” que os veículos privados, os
automóveis, provocaram no ideário desenvolvimentista da sociedade. Assim, era necessário
que o traçado da cidade acompanhasse essa nova dinâmica, porém São Luís era uma cidade
com ruas estreitas, pois não havia sido projetada para a utilização dos carros. Então, algumas
intervenções desenvolvimentistas ocorrem no núcleo tradicional da cidade como: o
alargamento da Rua Afonso Pena, local que sofreu poucas alterações, mas onde foram
demolidos dois prédios históricos, dando abertura para construção da Avenida Magalhães de
Almeida, na década de 1940 (ALCÂNTARA JÚNIOR; SELBACH, 2009). Outra
modificação modernista foi o recorte em diagonal feito no início da Rua do Egito até a rua em
continuação, a Magalhães de Almeida, onde foram retirados vários edifícios coloniais em
substituição aos bangalôs e em detrimento do aumento da via.
De uma só vez dezenas de exemplares da arquitetura tradicional luso-brasileira
foram demolidos, em uma obra que cortava todo o centro da cidade, praticamente
ligando o Rio Anil ao Bacanga. Para tanto, além da abertura de uma avenida que
71
O Centro Histórico está situado a oeste da ilha de São Luís, na zona costeira e
hoje está delimitado pela Avenida Senador Vitorino Freire (resultante de sucessivos aterros)
com cerca de 8 km de extensão. A área apresenta seu Conjunto Arquitetônico e Paisagístico
tombado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO),
área que coincide também com o Tombamento Federal de 13/03/1987, ratificada e
homologada pela Portaria nº 93 de 29 de outubro de 2013. Com 2.500 imóveis pertencentes à
área de proteção Federal com cerca de 60 hectares e 4.629 imóveis na área de proteção
estadual com 160 hectares. Na Legislação Urbanística a área é classificada como Zona de
Proteção Histórica (ZPH) (SANTOS apud SILVA, 2016). No mapa abaixo podemos
visualizar essas áreas de proteção.
Figura 45 – Limite Federal de tombamento no centro histórico de São Luís.
011
003
010 002
009 006
Quanto a faixa etária dos residentes, Silva (2016), caracterizou como jovem a
referência etária de 15 a 29 anos, adulto de 30 a 59 anos e idosos pessoas com mais de 60
anos. Esses dados apresentam como base o recenseamento do ano de 2000 e pode-se perceber
75
área para outras partes da cidade, porém cabe ressaltar que a urbanização modernista foi um
dos fatores. Existem outros fatores que associados ou não a estes que provocaram esta
migração como, segurança, restrições patrimoniais, investimentos públicos, novas
centralidades e etc.
Gráfico 05 - Classes de rendimento mensal do responsável pelo domicílio 2000.
O Centro Histórico de São Luís, assim como outros centros históricos apresentam
uma capacidade viária limitada e por ser uma área tombada, alterações nas edificações para
abertura de vias ou seu alargamento não podem ser feitas, segundo diretrizes estabelecidas
pelas Cartas Patrimoniais (RIBEIRO, 2014). A Carta precursora foi a Carta de Veneza em
77
maio de 1964, mas no nosso caso mais especifico, nos servirá a Carta de Washington de 1987,
que lança diretrizes sobre mobilidade urbana, como, em uma de suas premissas que estabelece
que as grandes redes viárias não devem penetrar nas áreas históricas , podendo, entretanto
facilitar o acesso a estas áreas.
Com a massificação do automóvel, o estimulo a compra do mesmo e o transporte
público urbano deficitário o número de veículos individuais aumentou exorbitantemente. O
número de estabelecimentos públicos, comerciais e serviços existentes no centro ocasionam
diariamente um fluxo intenso de pessoas que trabalham e/ou transitam no Centro Histórico de
São Luís e que utilizam seus veículos motorizados individuais para acessá-lo. Além disso,
dois principais vetores da urbanização modernistas, as pontes José Sarney e Bandeira
Tribuzzi, construídas no século XX, convergem para as principais avenidas da área central,
gerando uma problemática acerca de quais soluções seriam as mais viáveis para minimizar
esse intenso fluxo e os conflitos ocasionados por estes.
Outras problemáticas existentes no centro histórico de São Luís referentes a
mobilidade e acessibilidade dos espaços públicos são as ruas e calçadas estreitas, além dos
conflitos na circulação viária, entre pedestres e os motoristas. Observamos também o uso de
espaços públicos e até de casarões históricos como estacionamento, impulsionado pela
crescente demanda por vagas existente no local, a presença de obstáculos nas calçadas, o
impacto do tráfego constante de veículos comprometendo as edificações históricas, e o
estabelecimento quase que constante de comércio informal em áreas conflitantes com o fluxo
de pedestres. Estes são alguns dos problemas cotidianos que dizem respeito à mobilidade no
Centro de São Luís.
Atualmente, um dos grandes problemas do Centro Histórico consiste na falta
de estacionamento. Com algumas ruas interditadas para o trânsito livre de
pedestre, como é o caso das imediações do Largo do Comércio, estacionar
tem sido uma inconveniência para alguns e oportunidade para outros.Com
vistas a ganhar mais dinheiro, os flanelinhas destroem partes internas de
sobrados tombados por conta própria; outras vezes, seriam mandados pelos
proprietários, para dar lugar a estacionamentos clandestinos/irregulares. A
prática é considerada irregular, porque os proprietários não possuem
autorização da prefeitura para utilizar essas propriedades para fins lucrativos
[...]. (SILVA, 2010 apud SILVA, 2016, p. 292).
Fonte:G1 MA (2014).
79
Figura 50 – Ruas estreitas com uma faixa de rolamento e outra destinada para
estacionamentos.
integração do sistema viário do centro histórico com o seu entorno”. Após este programa
nenhum outro foi feito e o Centro manteve a mesma situação, sem mais avanços.
Quanto ao uso de transporte motorizado coletivo público, em São Luís o principal
meio utilizado são os ônibus, que funcionam desde 1960 e são atualmente classificados em
linhas urbanas e linhas semiurbanas. Segundo informações coletadas pela autora na Secretaria
Municipal de Trânsito e Transportes de São Luís, a SMTT, em 1996 foi criado pela prefeitura
municipal o Sistema Integrado de Transporte, popularmente conhecido como SIT. Com a
criação e da implantação do primeiro terminal de integração, o Terminal da Praia Grande.
Esse Terminal foi criado para desafogar o centro da cidade, pois os ônibus trafegavam
maciçamente na Rua da Paz, Rua do Sol, outras linhas possuíam percurso pela Rua Rio
Branco e Rua do Passeio, essas últimas são utilizadas até hoje.
Em 2002 foi inaugurado Terminal do São Cristovão com 37 linhas urbanas e 12
linhas semiurbanas, seguido pelo Terminal do Distrito Industrial com 19 linhas urbanas,
criado em 2003, depois o Terminal da Cohab/Cohatrac com 19 linhas urbanas e 40 linhas
semiurbanas que passa a funcionar no ano de 2004, e por último o Terminal da Cohama com
20 linhas urbanas e 7 linhas semiurbanas, inaugurado em 2006. Abaixo temos um mapa onde
pudemos visualizar esses terminais.
Figura 51 - Localização dos Terminais de São Luís com suas área de predominância.
Com base nos dados coletados pela autora na SMTT referente ao ano de 2013, foi
criada uma tabela com as linhas que passam na área de estudo. Com isso, foi possível
contabilizar o número de linhas que passam nestes locais diariamente. Deste modo, se
estabelecermos uma constância em relação ao tempo, por exemplo, linha A tem um tempo de
espera de 30 minutos assim como linha B e C e assim por diante, podemos prever um fluxo
estimado existente na área. E com isso indicar os pontos nodais, referentes ao conflito entre a
capacidade da malha urbana, e a circulação de ônibus, veículos particulares e pedestres. Este
dado também será importante quando formos indicar as diretrizes de um possível percurso do
bonde, a medida que alinhamos as paradas dos mesmos com a dos ônibus existentes, para que
haja a troca de modais de maneira eficiente para a população.
Neste trabalho não chegaremos a reordenar o fluxo de ônibus nesta área, de modo
ao serviço de bonde ser um complemento destes. Chegaremos a nível de diretrizes de projeto,
nos ateremos somente aos impactos causados pela sobreposição dessas linhas e na relação
deste com o novo modal a ser proposto. Mas, a partir da continuação deste estudo será
possível estabelecer intervenções que compreendem em seus planos de trabalho também a
reorganização das rotas dos ônibus.
84
Quadro 05 – Linhas que passam próximo à área de
intervenção.
Nº DA NOME DA TERMIN TERMINAL PASSA 202 Caratatiua Caratatiua Deodoro
LINHA LINHA AL A B PELO(A) Bairro de Bairro de
203 Deodoro
Fátima Fátima
Mercado
005 Piçarra Piçarra Av. Beira
Central 204 Alemanha Alemanha Deodoro
Mar
Porto Mercado
015 Porto Grande Bom Av. Beira
Grande Central 205 Bom Milagre Deodoro
Milagre Mar
Vila Vila Term. Praia Mercado
016 Av. Beira
Maranhão Maranhão Grande Central 206 Liberdade Liberdade Deodoro
Mar
Term. Praia Mercado
019 Cajueiro Cajueiro Bairro de Av. Beira
Grande Central 207 Areinha Deodoro
Fátima Mar
Term. Distrito Mercado
031 Estiva Estiva Parque dos Parque dos
Industrial Central 209 Deodoro
Nobres Nobres
Term. Distrito Mercado
032 Coqueiro Coqueiro Bairro de
Industrial Central Bairro de
210 Fátima/Arein Deodoro
Estrada do Fátima
Term. Distrito Mercado ha
034 Quebra Pote Quebra
Industrial Central Vila dos Pq. Dos
Pote 212 Deodoro
Nobres Nobres
Term. Distrito Mercado
036 Maracanã Maracanã Av. Beira
Industrial Central 301 Sá Viana Sá Viana Deodoro
Mar
Term. Distrito
037 Vila Sarney Vila Sarney Deodoro Anjo da Anjo da Av. Beira
Industrial 303 Deodoro
Guarda Guarda Mar
Rio dos Rio dos Term. Praia Mercado
028 Mercado
Cachorros Cachorros Grande Central 304 Fumacê Fumacê Deodoro
Central
052 Cohama Cohama Deodoro
Núcleo de Av. Beira
Parque Parque 305 CAMPUS Deodoro
055 Deodoro Esportes Mar
Vitória Vitória
Alto da Alto da
Av. Beira 307 Deodoro
056 Santa Rosa Santa Rosa Deodoro Esperança Esperança
Mar
Mercado
Bequimão 309 Vila Isabel Vila Isabel Deodoro
057 Bequimão Deodoro Central
Ipase
310 Gancharia Gancharia Deodoro
Divineia São
Av. Beira Av. Beira
059 Luís Divineia Deodoro 312 Gapara Gapara Deodoro
Mar Mar
shopping
Vila Vila Av. Beira
Socorrão Av. Beira 314 Deodoro
062 Av. Paraiso Deodoro Embratel Embratel Mar
II/Rodoviária Mar
São Hospital do Av. Beira
Jd. 401 Deodoro
Jd. Terminal São Francisco Ipem Mar
063 Tropical/Sant Deodoro
Tropical/ Cristovão Ponta
os Drumond
D’areia/Term Praia de Term. Praia
São 405 Deodoro
São Terminal inal Praia São Marcos Grande
066 Raimundo/R Deodoro
Raimundo Praia Grande Grande
odoviária
Alto do Alto do Av. Beira
São 406 Deodoro
São Mercado Calhau Calhau Mar
067 Raimundo/Jo
Raimundo Central Calhau via
ão Paulo Av. Beira
408 shopping Barramar Deodoro
070 Uema/Ipase UEMA Deodoro Mar
Tropical
Mercado
073 Tibiri/Centro Tibiri Term. Praia
Central 501 Angelim Angelim Deodoro
Grande
Jardim
075 Av. 4 Deodoro Santo Santo
América 604 Deodoro
Antônio Antônio
Cidade
Cidade Vera
079 Olimpica/Ro Deodoro Av. Beira
Olimpica 605 Cruz/Santa Santa Cruz Deodoro
doviária Mar
Cruz
Rodoviária
080 Rodoviária Deodoro Coheb/Alem
S. Francisco
606 anha/Fé em Coheb Deodoro
Cohatrac
081 Cohatrac Deodoro Deus
Rodoviária
Coheb Av. Beira
Cohatrac 607 Coheb Deodoro
082 Cohatrac III Deodoro Cerâmica Mar
III
Vila Vila
Cohatrac/B.T Cohatrac 608 Deodoro
083 Deodoro Palmeira Palmeira
ribuzzi III
Vila
Cohatrac Av. Beira 610 Cema Detran Deodoro
084 Cohatrac IV Deodoro Palmeira
IV Mar
Circular Praça Santa
Jd. Das 611 Deodoro
Jd. Das Radional Cruz
085 Margaridas/I Deodoro
Margaridas Coroadinho
pase 612 Coroadinho Deodoro
Bom Jesus
Cohatrac/S. Cohatrac Av. Beira
086 Deodoro Coheb Av. Beira
Francisco IV Mar 613 Coheb Deodoro
Filipinho Mar
Terminal
088 Circular 2 Deodoro Coroadinho/
Cohab Vila
617 Vila Deodoro
Alvorada Conceição
091 Alvorada Deodoro Conceilçao
Ipase
São
Habitacional
092 Hab. Turu Deodoro Cristovão via
Turu 901 Aeroporto Deodoro
Santos
Forquilha Drumond
095 Forquilha Deodoro
Ipase
Rodoviária/A
Popular 902 Rodoviária Deodoro
Av. Beira lemanha
096 Ipase/I. Cafeteira Deodoro
Mar 913 Vila Lobão Vila Lobão Deodoro
Cafeteira
970 Maiobão Maiobão Deodoro
097 Parque Jair Parque Jair Deodoro
974 Cafeteira Cafeteira Deodoro
Bom
Iguaiba
Jardim/Boa Term. Praia Mercado
098 Beira Rio Deodoro 975 Terminal Iguaiba
Vista Grande Central
Praia Grande
Rodoviária
85
Com base no Quadro 5 podemos notar que próximo a área de intervenção cerca de
20 linhas passam ou possuem ponto final no Mercado Central; cerca de 54 linhas entram no
Terminal da Integração da Praia Grande; 24 linhas percorrem a linha Beira Mar e passam em
frente ao Terminal da Integração e 86 linhas passam na Deodoro. Muitas dessas possuem
paradas em dois pontos do Centro, por exemplo, na Deodoro e Av. Beira Mar. Em estudos
futuros, a partir desses dados é possível reordenar essas linhas, as integrando com o modal a
ser acrescentado, o bonde. De modo que o ônibus que passar na Av. Beira Mar, os passageiros
que desembarcarem deste e necessitarem ir até o Centro, possam utilizar o bonde para
alcançar as proximidades da Deodoro, fazendo com que assim não haja um número
significativo de linhas que passam em dois trechos do Centro. Com isso, desafogaria o centro
e principalmente a Deodoro, retornando sua função de praça e não de terminal com inúmeras
paradas de ônibus. Porém, como dito anteriormente, neste trabalho proporemos somente a
conexão entre esses dois modais.
Quanto ao sistema de transporte individual na área de estudo, fizemos um mapa
do fluxo e sentido dos veículos. Assim foi possível por meio da analise empírica no período
de pico da manhã e a tarde, e por meio da utilização do Google Earth, definir as áreas de
conflito ou pontos nodais. Podemos listar alguns trechos percebidos como a Rua do Egito e
Magalhães de Almeida, que piora nas proximidades do Mercado, Rua de Santana, Avenida D.
Pedro II, Avenida Senador Vitorino Freire (próximo ao porto da Praia Grande), Rua do Sol
(próximo a Praça João Lisboa), Avenida Henrique Leal, Rua do Passeio, Rua Rio Branco e
etc., como podemos observar no próximo mapa.
87
Figura 54 – Mapa da capacidade (largura) das vias do Centro Histórico de São Luís.
Fonte: Banco de dados do NEUCI (Faculdade de Arquitetura). Figura adaptada pela autora.
Abaixo um outro mapa mais atual do uso de ocupação do solo em São Luís,
porém não abrange toda a área que compreende a intervenção.
90
5 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
O projeto foi realizado pela equipe Balonas e Menano S.A., com coordenação dos
arquitetos Pedro Balonas, Simão Silva, Pedro Almeida e Pedro Pimentel. O projeto tira
partido do desnível existente na área construindo assim um estacionamento em um nível, um
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passeio/praça no nível acima, baseando-se no nível das ruas que o delimitam, e com entrada
para as lojas e galerias que ficam no nível intermediário. Vejamos as imagens abaixo.
Figura 60 – Praça do Clérigo após a intervenção.
Entrada
Estacionamento
5.3.1 Algumas conclusões acerca do diagnóstico sobre o Centro Histórico de São Luís
Ao partir das pesquisas realizadas chegamos a algumas conclusões que nos
auxiliaram na construção de um primeiro estudo acerca da implantação de uma possível linha
de bonde no centro de São Luís, a saber:.
a) o centro histórico possui um número pouco expressivo de residentes
quando comparados a outros bairros da cidade. Entretanto possui um
número predominante de estabelecimentos comercias e institucionais
públicos e privados.
b) a maior parte de sua população é composta por adultos e jovens. Ou seja,
é uma população potencialmente ativa, com idade hábil a trabalhar. Com
necessidades de locomoção e de áreas potenciais para lazer.
c) ainda analisando a população, a maior parte possui renda classificada
como baixa. Em termos de probabilidade esta é a classe que mais
necessita de transporte público.
d) quanto à infraestrutura da área, o centro apresenta uma quantidade de
vias relativamente estreitas. Suas calçadas possuem relativamente 0,60 m
de largura (de acordo com algumas medições feitas pela autora), número
abaixo do estabelecido pela lei municipal nº 4.590, de 11 de janeiro de
2006 de Muros e Calçadas. Que estabelece o mínimo de 1,20m de faixa
livre, sem contar a faixa de serviço onde é previsto a instalação de
mobiliários públicos, como, postes e lixeiras. E ainda uma faixa
destinada ao acesso dos lotes.
e) é possível transitar no centro com automóvel na grande maioria das vias,
e os carros são estacionados nestas ocupando uma faixa. A maioria dos
estacionamentos nesta região é privado, com uma oferta pequena em
relação a grande demanda. Sem contar que muitos preferem estacionar
nas vias sob o controle dos chamados “flanelinhas” (vigias de carro não
regulamentados) por pagarem menos que nos estacionamentos privados.
f) mesmo com a criação de novas áreas de convergência e de muitos bairros
possuírem em seus núcleos “pequenos centros”, no Centro histórico de
São Luís ainda existe um fluxo intenso de veículos e ônibus que o
utilizam como ponto final ou como vias de escoamento para outras áreas
da cidade, causando um grande movimento diariamente.
98
O começo da Rua do Sol próximo a Praça Deodoro possui largura de via variando entre 4,5 a
5,0. Se permitíssemos o trânsito de carro e bonde, prejudicaríamos o pedestre, pois
manteríamos as calçadas atuais que são estreitas. Por isso, permitimos o trânsito de carros
somente a partir do trecho que faz ângulo de 90º com a Rua das Flores. A fim de comprovar a
capacidade (largura) deste trecho da Rua do Sol de comportar o trânsito de veículos e bondes
foi feito o corte dessa via, observada na figura abaixo.
Figura 65 – Corte A esquemático da Rua do Sol – sem escala.
A Praça da Alegria possui cerca de 3.645m², considerando que uma vaga de carro
é 2,5 x 5,0 m= 12,5m² se dividíssemos a área da praça pela área de uma vaga seriam 291
vagas de carro. Utilizando o critério de 25% destinado para área de circulação e paredes,
levamos em consideração a área necessária para rampas de acesso e vias de acesso as vagas.
Assim, deixando 5 metros de largura de vias para circulação interna e um aumento 1,20 de
largura para vagas de deficientes, poderíamos especular um número de 200 vagas para carros
em um nível de garagem. A Praça de Santana possui cerca de 742 metros de extensão e
desses, 534 m, é possível estacionar. Se considerarmos que são necessários 10 metros de
afastamento em cada esquina para o giro do carro, o comprimento da via onde é possível
estacionar cai para 494 metros se o dividirmos por 5 (comprimento de uma vaga) chegaremos
a probabilidade de existirem atualmente a capacidade para 100 vagas na Rua de Santana.
A Praça Deodoro possui cerca de 4.828 m², fazendo as mesmas considerações
atribuídas a Praça da Alegria, poderemos especular um total de 180 vagas. Considerando que
são necessárias duas saídas, uma para a Rua do Sol e outra para a Rua da Paz, o número de
aproveitamento do espaço é menor e consequentemente há uma oferta menor de vagas,
diferentemente da Praça da Alegria que foi prevista somente uma saída para a Rua do
Mocambo. A Rua do Sol possui uma extensão com cerca de 726 metros, seguindo o mesmo
raciocínio que fizemos na Rua de Santana, o total de vagas disponíveis hoje na Rua do Sol é
de 131 vagas.
A Praça Benedito Leite possui aproximadamente 2.863 m². Se considerarmos 1
vaga = 12,5 m² e descontando espaços de rampas e acessos internos, como fizemos nas Praças
anteriores o número de possíveis vagas ofertadas giraria em torno de 102 vagas em um nível
de estacionamento. O terreno em frente ao convento das Mercês estima-se uma área de 10.691
m² ofertando aproximadamente 435 vagas em um nível de estacionamento. Lembrando que
após estudos detalhados e dimensionamentos de estruturas esses números estimados aqui,
podem aumentar ou diminuir.
menores em comprimento com relação aos VLT’s e mais característicos com a proposta de
ressignificação do Centro que buscamos por meio dessa intervenção.
Porém, no trecho da linha 2, que circula entre as Ruas de Santana e Rua do Sol
por estas apresentarem características físicas mais compatíveis com as dimensões do VLT,
poderíamos deixar como outra opção esse tipo de modal.
Segundo Furtado (2015) o VLT apresenta pontos a seu favor como, sua
capacidade de penetração na malha urbana, possuindo um raio de curva que varia entre 12 a
25 metros. As ruas mencionadas anteriormente possuem um raio máximo de curva de 12
metros. O modelo que falaremos posteriormente possui uma velocidade de 20 a 25 km/h,
chegando a uma velocidade máxima na faixa de 70 a 100 km/h.
Necessita de uma faixa de operação de 3,20 metros isso para um VLT com seção
transversal de 2,8 metros (mais adaptado ao trecho da linha 2). Este modal apresenta uma
modularidade diferente do bonde antigo, assim podemos configurá-lo de acordo com a
necessidade. Por exemplo, o comprimento de um modelo é 18 m e podemos acoplar quantos
módulos forem necessários. Abaixo uma imagem mostra os comprimentos dos VTt’s com
relação a largura e números de passageiros, utilizando a configuração do modelo da empresa
Siemens Avenio.
Figura 72- Siemens Avenio: configurações seções transversais.
Abaixo algumas fotos adaptadas de ruas do Centro Histórico de São Luís, como a
Rua do Sol, Rua de Santana, Rua da Estrela e Rua da Palma, de modo a facilitar ao leitor a
compreensão visual do estudo proposto.
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Fonte: Projeto proposto pela autora. Imagens modificadas por Paulo Rodrigues.
108
Fonte: Projeto proposto pela autora. Imagens modificadas por Paulo Rodrigues.
Fonte: Projeto proposto pela autora. Imagens modificadas por Paulo Rodrigues.
.
109
Fonte: Projeto proposto pela autora. Imagens modificadas por Paulo Rodrigues.
.
A área de extensão do percurso do bonde é relativamente pequena, porém
qualquer intervenção no sistema viário em qualquer escala, provoca alterações e um grande
impacto na cidade como um todo. Este é um primeiro estudo com objetivo da reutilização dos
sistemas de bondes no Centro de São Luís.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O planejamento urbano é o processo de desenvolvimento de medidas a fim de
chegar a resolução de soluções (o projeto) em uma determinada área da cidade, com o
objetivo de proporcionar uma melhoria na qualidade de vida da população. Para chegar ao
planejamento urbano alguns eixos estratégicos são traçados, neste trabalho, trabalhamos com
um eixo estratégico – A Mobilidade Urbana - em uma escala micro, o Centro Histórico. E
buscamos apresentar ao leitor o processo histórico de urbanização dessa área que levou a
cidade de São Luís a consolidação atual do seu espaço urbano, até chegar a um diagnóstico ao
final deste trabalho quanto a mobilidade urbana, e por fim apresentar diretrizes para uma
possível implantação dos bondes elétricos na cidade atual.
Sem dúvida um dos desafios da contemporaneidade é a mobilidade urbana. Cada
vez mais as cidades estão expandido espacialmente e a procura por áreas para se construir é
recorrente. Porém uma cidade espraiada demanda mais gastos públicos com infraestrutura e
principalmente com acesso. Pois sem acessibilidade não existe consolidação urbana e sem
mobilidade não se consegue alcançar e vencer distâncias.
A conformação rarefeita da urbanização modernista, causa a utilização cada vez
maior do número de pessoas que depende diariamente dos veículos motorizados privados, os
carros. Chegando a dados exorbitantes da relação do número de pessoas para a quantidade de
carros existentes. Devemos estar cientes que o automóvel é uma realidade já enraizada na
concepção de “melhor tipo de mobilidade” para as pessoas. E que tirá-lo não seria viável, por
isso a mudança de modal deve ser algo feito por meio de decisões estratégicas realizadas com
a participação municipal e estadual, além da participação da sociedade em geral, afim de
promover a equidade do acesso ao espaço público.
A mobilidade está correlacionada com o desenvolvimento urbano, o meio
ambiente e qualidade de vida. A medida que otimizo o tempo no transporte diário, com menos
horas de engarrafamento e a procura de estacionamentos, mais tempo dispomos para outras
atividades, e mais sustentável se torna o sistema. O modelo de cidade ideal é a chamada
cidade compacta ou sustentável, que apresenta uma diversidade de usos do solo.
Intervenções em mobilidade urbana promovem, além da mudança no desenho
urbano das cidades, uma melhora na forma de apropriação que a população faz do espaço
público. É com esse pensamento que este trabalho objetivou propor diretrizes projetuais para
um possível retorno dos bondes ao Centro Histórico de São Luís - MA. Lugar que através da
colonização portuguesa e algumas contribuições francesas apresenta importantes construções
seculares que compõem o rico acervo patrimonial que é Tombado pela UNESCO, desde 1997.
111
Este Centro possui uma grande quantidade de espaços públicos como: praças e largos; uma
diversidade de usos que deve ser ainda mais incentivada em diferentes períodos do dia. Tudo
isso, nos comprova que esta é uma área potencialmente rentável e bonita que deve ser melhor
administrada e cuidada.
Os problemas relativos à mobilidade, na área estudada, não são somente em
relação a capacidade física das ruas e calçadas que estão sendo utilizadas por automóveis que
circulam e estacionam livremente em diversas partes do Centro. Mas também da falta de áreas
destinadas para o estacionamento destes, também a deliberada atividade de “flanelinhas” que
sem nenhuma fiscalização dos órgãos municipais competentes, controlam o estacionamento
nesta área. Além da não racionalização do sistema de transporte público por meio de ônibus,
com inúmeras linhas que passam em mais de um ponto no centro e que sobrecarregam e
proporcionam a disfunção de determinadas áreas como, por exemplo, a Praça Deodoro,
utilizada como pontos de embarques e desembarques de passageiros em praticamente toda as
ruas paralelas a esta praça. Sem dúvida, se houvesse um estudo das linhas e da integração
destes a outros modais como o caso mostrado neste trabalho, por meio dos bondes, mais
atraente e fácil se tornaria o caminhar pelo centro histórico.
Os bondes foram os primeiros transportes públicos coletivos e o estudo destes nos
mostra como naquela época a população já ansiava por transportes coletivos de qualidade, em
uma época que a cidade de São Luís em dimensões territoriais se limitava ao Centro Histórico
e a áreas mais periféricas como: Apicum, Monte Castelo, João Paulo e Anil. Os bondes se
tivessem sido bem administrados na época, poderiam funcionar até hoje, pois sem dúvida é o
transporte coletivo mais adaptado em dimensões físicas à capacidade viária das ruas do centro
histórico. E como defende Françoise Choay (2010, p.17): é necessário “reabilitar o passado,
para fazê-lo vibrar como se fosse presente”.
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