Redes Aula3

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 21

REDES INDUSTRIAIS

AULA 3

Prof. Juliano de Mello Pedroso


CONVERSA INICIAL

A tecnologia de automação foi caracterizada por sofrer mudanças


extremamente rápidas por muitos anos. A força motriz para isso foi e ainda é a
pressão por menores custos, aumento da demanda por qualidade do produto,
melhorias operacionais, confiabilidade de flexibilidade dos sistemas e
especialmente o fluxo consistente de dados dentro de uma empresa.
Um sinal visível dessa mudança é o desenvolvimento da tecnologia de
campo com uma transição de comunicação analógica para digital e, assim, a
possibilidade de trocar informações detalhadas sobre o estado de um sistema
de produção e seu ambiente muito rapidamente. Comunicação digital também
permite funções do controlador centralizado para ser deslocado para dispositivos
de campo descentralizados, que diminuem o cabeamento consideravelmente. A
padronização das interfaces abre o caminho para uma automação consistente e
apresenta soluções usando uma grande quantidade de proprietários de sistemas
para trás.
Neste contexto estudaremos nesta aula exemplos de tudo isso. Serão
estudados: o modelo OSI, padrões de interface, redes industriais (como
ASInterface, Foundation Fieldbus e Profibus).

TEMA 1 – MODELO OSI

Quando as redes começaram sua história, a maioria das soluções eram


feitas com padrões fechados, desse modo uma tecnologia de um fabricante não
conseguia conversar com a tecnologia de outro fabricante. Por esse motivo foi
desenvolvido o modelo OSI (Open Systems Interconnection), que é um modelo
de referência criado pela ISO (International Standards Organization). Tal modelo
tem o foco de ser padrão a ser seguido para se construírem protocolos de
comunicação novos.
Essa arquitetura modelo tem em seu escopo 7 camadas, cada uma com
protocolos específicos, com sua contribuição para a execução do software.
Na Figura 1 temos o empilhamento dessas camadas, quais sejam:

2
Figura 1 – Modelo OSI

Fonte: Pinto, 2010.

1.1 Funções de cada camada

Cada camada tem sua função especifica e seu conjunto de protocolos que
trabalham nela. Um dos principais benefícios de um modelo de camadas é a
identificação de problemas. Como cada camada tem sua função, se soubermos
qual função está errada, saberemos a camada e, por consequência, saberemos
onde ajustar para suprimir o defeito.
As funções de cada camada são as seguintes:
1.1.1 Camada de aplicação
Essa camada tem a responsabilidade de ser a interface da rede com o
usuário. O conteúdo dessa camada tem vários protocolos que são comumente
necessários para o usuário. Os protocolos mais usados nessa camada são:

 HTTP
 SMTP
 FTP
 SNMP
 DNS
 TELNET

3
O protocolo HTTP (Hypertext Transfer Protocol) é usado no navegador da
internet (por exemplo, o Internet Explorer), enquanto o protocolo SMTP (Simple
Mail Transfer Protocol) é usado na troca de mensagens via e-mail. O FTP (File
Transfer Protocol) é destinado à transferência de arquivos, e o SNMP (Simple
Network Management Protocol) é um protocolo para gerenciamento de
dispositivos em rede IP. O DNS (Domain Name System) é um protocolo que
traduz os endereços IP para um sistema de nomes. O TELNET é o protocolo que
permite uma aplicação entre cliente e servidor para permitir a comunicação e o
controle entre dois computadores da rede.

1.1.2 Camada de apresentação

Essa camada tem o objetivo de preparar os dados recebidos na camada


de aplicação, também chamada de tradutora da rede. Exemplos de protocolos
que trabalham nessa camada são: TLS (Transport Layer Security), que é um
protocolo que atua nessa camada provendo segurança em transferência de
dados e o XDR (eXternal Data Representation), que provê a permissão de
transferência de dados entre diferentes arquiteturas e diferentes sistemas
operacionais. Nesta camada, tem a função de conversão, compactação e
criptografia dos dados.

1.1.3 Camada de sessão

Essa camada tem a função controlar a sessão, ou seja, abrir, gerir a


sessão e finalizar. Um protocolo que atua nessa camada é o NetBIOS.

1.1.4 Camada de transporte

Essa camada tem três funções principais: controle do fluxo de informação


(principalmente para processos diferentes, por exemplo, uma página da internet
e um download), segmentação dos dados e controle de erros. Os principais
protocolos dessa camada são o TCP (Transmission Control Protocol), um dos
principais protocolos que atuam na internet que provê confiabilidade, entrega dos
dados na sequência e verificação dos erros na transmissão dos pacotes. As
aplicações que não precisam de confiabilidade podem usar um protocolo mais
simples como o UDP (User Datagram Protocol), que é destinado a serviços que
reduzem a latência de conexão.

4
1.1.5 Camada de rede

Essa camada tem a responsabilidade de prover conexão ao computador


ou dispositivo e escolher caminhos para que os pacotes venham a trafegar.
Normalmente feito através do roteamento. O exemplo clássico de protocolo
dessa camada é o IP. Nessa camada também temos as definições dos
endereços lógicos.

1.1.6 Camada de enlace

A camada de enlace também é chamada de camada de link de dados,


que tem a função de corrigir erros que sejam provenientes da camada física
assim como o controle de acesso ao meio físico de transmissão.

1.1.7 Camada física

Na camada física são definidas as características relacionadas com o


meio físico, tais quais: mecânicas, elétricas e as estratégias para começar,
manter e finalizar as conexões físicas para a transmissão de dados. As
características mecânicas contemplam o tamanho e a forma dos pinos,
conectores, cabos entre outros.

TEMA 2 – PADRÕES DE INTERFACE

A padronização é muito importante em diversas áreas e nas redes


industriais não é diferente. Devemos ter a padronização para estabelecer
critérios que serão utilizados pelos fabricantes de equipamento e que promovam
a interoperabilidade. Nesse sentido, devemos estudar os tipos de padronização
que acontecem nas interfaces de comunicação das redes industriais. Foi
estudado anteriormente que temos padrões de comunicação serial e paralelo.
Na indústria, o padrão largamente utilizado é o padrão serial, pois se
compararmos os dois padrões, o serial tem muito mais vantagens que o paralelo.
Uma das grandes vantagens é a menor quantidade de interferência gerada pelo
próprio tipo de transmissão. Por esse motivo, estudaremos alguns tipos de
interfaces de transmissão usadas em redes industriais conhecidas.

5
2.1 Padrão RS232

Primeiramente temos que definir o termo RS, que significa Recommend


Standard, podendo ser traduzido para padrão recomendado. Ele descreve uma
padronização de uma interface comum para comunicação, criada em meados
dos anos 60, por um comitê chamado nos dias de hoje como EIA (Eletronic
Industries Association). Naquele tempo, a comunicação de dados compreendia
a troca de dados digitais entre um computador central (mainframe) e terminais
de computador remotos, ou entre dois terminais sem o envolvimento do
computador. Esses dispositivos poderiam ser conectados através de linha
telefônica, e consequentemente necessitavam um modem em cada lado para
fazer a decodificação dos sinais.
Dessas ideias nasceu o padrão RS232. Ele especifica as tensões,
temporizações e funções dos sinais, um protocolo para troca de informações e
as conexões mecânicas.
Nesse momento, deve-se criar um exemplo de uma comunicação RS-232:
A comunicação tem dois componentes principais (DCE e DTE). O DCE é
um equipamento chamado Data Circuit-terminating, que gera um sinal de
controle chamado de clock, ou seja, é o equipamento que tem o controle sobre
a velocidade de transmissão. O equipamento DTE (Data Terminal Equipment) é
o componente da transmissão que recebe e faz o processamento dos sinais. Na
Figura 2 temos uma representação gráfica dessa conexão.

Figura 2 – Comunicação DCE – DTE

Fonte: Moraes [s.d.].

6
O RS-232 é normalmente utilizado entre um DCE e DTE, mas temos
casos de uso entre dois DTEs como modem nulo. O exemplo colocou o modem
como DCE, mas se tivermos a comunicação de um mouse serial e um
computador, quem será o DCE vai ser o computador, então devemos sempre
lembrar que o equipamento DCE fornece clock e o DTE recebe esse sinal e
utiliza como velocidade de transmissão. Na Figura 3 temos a pinagem dos
conectores DCE e DTE respectivamente.

Figura 3 – Pinagem

Fonte: Strangio (1997).

Para saber o que cada pino faz é só consultar a RFC 1659, que fala sobre
o padrão RS232.
Quando vamos usar o padrão RS232, temos que saber alguns
parâmetros, como sua taxa de comunicação, que também é chamado de baud
rate, que é a taxa de transmissão de bits por segundo. Taxas comuns são 2400,
4800 e 9600bps (bits por segundo). E outro parâmetro que devemos saber o que
é bit 0 e o que é bit 1. No RS232 o bit 0 é uma tensão entre +5V e +15V para a
saída e +3V e -15V para entrada, entretanto o bit 1 é uma tensão negativa entre

7
-5V e -15 para a saída e -3V e -15V para a entrada. O último parâmetro é alcance,
normalmente tem o alcance de 15m, porém a distância verdadeira é interligada
à taxa de transmissão ao cabo utilizado e aos ruídos provocados pelo ambiente
e outros cabos, ou seja, essa distância pode diminuir. Esse valor de distância é
um limitador para poder usar esse padrão de forma industrial

2.2 RS485

Como vimos, apesar de o RS-232 ser uma interface muito utilizada para
fazer a comunicação serial entre equipamentos industriais, esse padrão tem
suas limitações. O RS-485 opera com velocidades de 10Mbps e foi criado nos
anos 80.
Conforme o RS-485.txt fornecido no sistema operacional Linux padrão, o
RS-485 é administrado pela Telecommunication Industry Association (TIA), que
é responsável pelo setor de comunicação da Electronic Industries Alliance (EIA),
e este último é credenciado pelo American National Standards Institute (ANSI).
O padrão RS-485 trabalha de modo multiponto e foi implementado para
conectar até 32 dispositivos, ou se quiser estender esse número podem-se
comunicar 255 equipamentos usando repetidores apropriados.
Se lembramos do RS-232, os sinais são referenciados pelo terra. Este tipo
de transmissão é usual em pequenas distâncias, mas tem a existência de
problemas de interferência, pelo ruído da indústria e a resistência do cabo. No
padrão RS-485 não é dessa forma. Nesse caso, são usados dois fios que
normalmente são chamados de uma nomenclatura específica para a qual
usaremos fio A e fio B daqui para frente. O valor do nível lógico é constituído pela
diferença de d.d.p (diferença de potencial) entre esses dois fios, portanto pode
ser chamado de modo de operação diferencial.
Os equipamentos que transmitem fornecem tensões diferenciais entre -
1,5 e -6 Volts no fio A comparado com o fio B para construir o nível lógico 1
(MARK).
Os equipamentos que transmitem fornecem tensões diferenciais entre
+1,5 e +6 Volts no fio A comparado com o fio B para construir o nível lógico 0
(SPACE).
Os receptores analisam a ddp entre os fios A e B e interpretam tensões
acima de 0,2 volts como nível lógico 0. Tensões abaixo de -0,2 volts são

8
interpretados como nível lógico 1. As ddp entre os fios A e o terra ou B e o terra
(modo comum) devem estar entre -7 e +12volts.
Um transmissor RS-485 tem um terceiro estado que é chamado de Tri-
state. Tal estado é chamado de estado desabilitado e pode ser iniciado por um
pino de controle no CI. Este estado (alta-impedância) permite que um dispositivo
seja habilitado por vez em uma rede. Na Figura 4 temos um exemplo desse sinal
medido por um osciloscópio.

Figura 4 – Forma de onda dos sinais A e B em relação a terra, demonstrando o


sinal A oposto ao sinal B, gerando assim o sinal diferencial.

Fonte: Freitas (2017.).

O padrão RS-485 é do tipo Half-duplex e não define e também não


recomenda nenhum protocolo de comunicação. Exemplos de protocolos que
usam o padrão RS-485 como meio físico para transmissão de dados são o
Modbus e Profibus PA.

2.3 RS422

Esse padrão possui as mesmas características eletrônicas que o RS-485,


porém o RS-422 utiliza quatro fios, dois para transmitir dados e outros dois para
receber dados. Assim, o RS-422 pode transmitir e receber dados ao mesmo
tempo, sendo então Full-duplex.
Nesse contexto, temos que o RS-422 tem os seguintes terminais: TX+,
RX+, TX-, RX- e GND. Dois a mais que o RS-485.

9
A grande desvantagem desse padrão é a quantidade de fios aumentar o
custo e a quantidade de dispositivos plugados serem menor.

TEMA 3 – ASi

No início dos anos 90, foi elaborado um sistema de barramento para redes
de sensores e atuadores por um grupo de empresas que o chamaram de
Actuador Sensor Interface (AS-i).
Esse tipo de rede proporciona a interconexão de atuadores e sensores,
através de um tipo de rede de custo baixo, e que pode trabalhar no chão de
fábrica poluído eletromagneticamente. Na Figura 5 temos uma comparação
entre a rede ASI e uma arquitetura simples com CLP (Controlador Lógico
Programável)

Figura 5 – Comparação de uma rede ASI

Fonte: Filho (2001).

O processo produtivo se caracteriza por conter em seu nível atuadores e


sensores controlados por dois fios entre dispositivos mestre e escravos.
A rede ASI usa o princípio mestre/escravo. O mestre tem a autonomia de
usar o canal de transmissão quando for necessário, já o escravo só transmite no
canal quando for autorizado por um mestre. Essa rede suporta até 62 escravos
em uma linha com 4 estradas digitais e 4 saídas digitais cada.
No máximo pode ter 434 entradas e saídas digitais, sendo possível
também saídas e entradas analógicas. Esse tipo de rede dispõe de numeração
automática de endereços através de conexão ao barramento ASI usando um
cabo não blindado com 2 fios que passam informações e alimentação no mesmo
cabo.

10
Com comprimentos máximos de cabos de até 100m (se tiverem
repetidores pode chegar a 300m), não requer terminadores em sua topologia.
Normalmente tem classe de proteção IP67 e tempo de ciclo menor que 5m. A
rede ASI pode reduzir o custo de cabos por volta de cinquenta por cento se for
comparada com outras redes clássicas, conforme demonstrado na Figura 6. Um
exemplo de rede convencional está demonstrado no item a da Figura 6 e uma
rede ASI está demonstrado no item b da mesma figura.

Figura 6 – a. Sistemas convencionais b. Rede ASI

Fonte: Tutorial... (2018).

3.1 Topologia

A rede ASI pode ser montada em várias topologias, aliás, essa é uma das
grandes vantagens da rede ASI, inclusive podendo adicionar módulos novos
(atuadores e sensores) a qualquer momento mesmo que a rede esteja
energizada. Na Figura 7 temos alguns exemplos de topologias usadas na rede
ASI.

11
Figura 7 – exemplos de topologias ASI

Fonte: Tutorial... (2018).

3.2 Conectividade

Esse tipo de rede tem dois tipos de conexão com a sua unidade de
controle principal. A primeira maneira é ligarmos o mestre da rede diretamente a
um CLP (controlador lógico programável) ou um computador, lembrando que a
rede ASI é um padrão aberto, ou seja, pode ser desenvolvido por qualquer
fabricante. Essa conexão está exemplificada na Figura 8 do lado esquerdo.

Figura 8 – Interligação da rede ASI

Fonte: Tutorial... (2018).

12
E no lado direito temos um jeito de interligar gateways da família ASI com outras
tecnologias diferentes no mercado.

TEMA 4 – FOUNDATION FIELDBUS

Conforme descreve a fabricante de equipamentos de rede e automação


SMAR S/A o Foundation Fieldbus (FF)

é um sistema da comunicação totalmente digital, em série e


bidirecional que conecta equipamentos “Fieldbus” tais como sensores,
atuadores e controladores. O Fieldbus é uma rede local (LAN) para
automação e instrumentação de controle de processos, com
capacidade de distribuir o controle no campo. Ao contrário dos
protocolos de rede proprietários, o Fieldbus não pertence à nenhuma
empresa, ou é regulado por um único organismo ou nação.
A tecnologia é controlada pela Fieldbus Foundation uma organização
não lucrativa que consiste em mais de 100 dos principais fornecedores
e usuários de controle e instrumentação do mundo. O Foundation
Fieldbus mantém muitas das características operacionais do sistema
analógico 4-20 mA, tais como uma interface física padronizada da
fiação, os dispositivos alimentados por um único par de fios e as
opções de segurança intrínseca,mas oferece uma série de benefícios
adicionais aos usuários... (Ramos, 2013).

Normalmente a literatura técnica utiliza o termo Fieldbus para a rede


Foundation Fieldbus, entretanto esse termo é utilizado também quando se quer
relacionar com qualquer rede de campo, como: HART, ASI, DeviceNet, entre
outras.
A rede FF é uma rede cuja padronização demorou além de dez anos para
ser terminada. Podemos dividir a rede FF em duas: a primeira de baixa
velocidade criada para a interconexão de instrumentos (H1 – 31,25 Kbps) e a
outra de alta velocidade usada para a interconexão das demais redes e para a
conexão de equipamentos de alta velocidade como CLPs (HSE – 100Mbps). A
Figura 9 mostra um exemplo desses dois tipos, que serão tratados com maior
profundidade no momento da rede FF no nível H1.

13
Figura 9 – Exemplo de um sistema FF

Fonte: Cassiolato; Andrade [s.d.].

4.1 Características do Foundation Fieldbus

Uma das principais características desse tipo de rede é a


interoperabilidade, ou seja, a rede Foundation Fieldbus (FF) possibilita a
interconexão de diversos dispositivos de fabricantes aleatórios em um mesmo
sistema, não precisando de equipamentos de conversão.
Outra característica é a quantidade de variáveis que podem ser
disponibilizadas pela rede FF, tais como: dados analíticos, análise de
tendências, estudos de otimização de processos. Essa característica ajuda a
melhorar o desempenho e aumentar os lucros da planta automatizada.
O aumento de segurança da planta automatizada também pode ser citado
como uma característica da rede FF, pois fornece avisos e alertas antecipados
de situações que podem gerar transtorno ou erros no processo produtivo.
E finalmente a redução de custos com a fiação e manutenção que são
características de toda rede industrial, pois um dos principais motivos de se
implantar rede é a otimização de equipamentos e aumento do controle dos
dispositivos.

14
4.2 Níveis de protocolo

O protocolo da rede FF foi desenvolvido levando em conta o modelo OSI,


entretanto não tem todos os níveis do modelo OSI implementados. Na rede FF
temos o nível físico, que é responsável pelas técnicas de interconexão dos
equipamentos e o nível de software (stack de comunicação), que é responsável
pela comunicação digital entre os dispositivos, conforme demonstrado na Figura
10.

Figura 10 – Níveis de protocolo

Fonte: Jhonath et al. (2011).

4.2.1 Nível físico

Essa camada foi definida pelo padrão aprovado pela Comissão


Eletrotécnica Internacional (IEC) e pela ISA (Sociedade Internacional de
Medição e Controle). Esse nível recebe mensagens da pilha de comunicação e
converte as mensagens dos sinais físicos em transmissões médias do Fieldbus
e vice-versa. As tarefas consistem em adicionar e remover preâmbulos, iniciar e
terminar delimitadores. Quando usamos o FF H1, a norma (que pode ser vista
no fielbus.org) determina regras:

Um instrumento Fieldbus deve ser capaz de se comunicar com o


número seguinte de instrumentos:
• Entre 2 e 32 instrumentos numa ligação sem segurança intrínseca e
com alimentação separada da fiação de comunicação;

15
• Entre 2 e 6 instrumentos alimentados pela mesma fiação de
comunicação, numa ligação com segurança intrínseca;
• Entre 1 e 16 instrumentos alimentados pela mesma fiação de
comunicação, numa ligação sem segurança intrínseca (Herminji, [s.d.])

4.2.2 Topologia

O FF pode usar as seguintes topologias, algumas estão descritas na


Figura 11:

 Bus with spurs (barramentos com barramentos secundários)


 Point-to-point (Ponto a ponto)
 Tree (Árvore)
 End-to-end
 Mista

Figura 11 – Exemplos de topologia FF

Fonte: Fieldbus... [s.d.].

A rede FF não permite o uso da topologia em Anel.


Acesso ao meio – Na rede FF existem três maneiras de acessar a rede.
A primeira é chamada de passagem do bastão (token pass), que é um modo
direto de se inicializar o barramento. A partir do momento em que o dispositivo
termina de enviar mensagens, o bastão retorna para o LAS (link active
scheduler). O bastão pode ser passado de forma pré-configurada ou por
escalonamento. A segunda é através de uma chance que o mestre dá ao
equipamento escravo de responder com uma mensagem. A última maneira é
através da requisição de um token. Essa requisição é feita por um dispositivo
que usa parâmetros enviados para a rede.

16
4.2.3 Camada do usuário

Nessa camada é executada a definição do modo de acessar as


informações dentro dos equipamentos FF, e de que modo essa informação pode
ser irradiada para os demais equipamentos ou nós da rede FF. Essa
característica é de extrema importância para aplicações em controle e
automação.
Os blocos de função são a base da arquitetura dos equipamentos FF, que
são responsáveis pela execução das tarefas necessárias às aplicações
existentes, tais como aquisição de dados, controle de malhas em cascata,
feedback, cálculo e atuação, por exemplo, nesse caso, um bloco de PID
(Controle Proporcional, Integral e Derivativo).

TEMA 5 – PROFIBUS

A rede Profibus contribuiu consideravelmente para o desenvolvimento da


tecnologia de campo. Ela liga controladores e sistemas de controle com sensores
e atuadores no nível de campo (dispositivos de campo) e também permite uma
troca de dados consistente e simultânea com sistemas de demais fabricantes.
Profibus é o padrão de automação baseado em Fieldbus do Profibus e Profinet
Internacional(PI). PI também desenvolveu o Padrão de automação baseado em
Ethernet Profinet e lançou-o com sucesso no mercado. Profibus e Profinet usam
dispositivos idênticos, criando segurança e investimento para usuários e
fabricantes dessas tecnologias. Ambos os sistemas cobrem os campos de
automação de produção e processo e, portanto, também permitem aplicativos
mistos (híbridos), que são muitas vezes visto na indústria farmacêutica,
alimentos e de bebidas.
Conforme o fabricante SMAR de equipamentos

a rede Profibus é um padrão aberto de rede, garantido segundo as


normas EN50170 e EN50254. A partir dos anos 2000 foi estabelecido
com a IEC61158, ao lado de outras sete rede de campo. Na figura 12
temos um demonstrativo da comunicação industrial Profibus.
(Profibus... [s.d.].

17
Figura 12 – Comunicação Industrial Profibus

Fonte: O que... [s.d.].

A arquitetura Profibus é dividida em três variantes:

 Profibus DP
 Profibus FMS
 Profibus PA

Conforme a fabricante de equipamentos de redes e automação Smar,

no nível de campo, a periferia distribuída, como por exemplo: módulos


de entrada e saída, acionamentos, transdutores, válvulas e painéis de
operação, podem usar o profibus DP ou PA. A transmissão de dados
do processo é efetuada ciclicamente. No nível de célula, os
controladores programáveis, como os CLPs e os PCs, comunicam-se
entre si, requerendo, dessa maneira, que grandes pacotes de dados
sejam transferidas em inúmeras e poderosas funções de comunicação.
Além disso, a integração eficiente aos sistemas de comunicação
corporativos existentes, tais como: Intranet, Internet e Ethernet, são
requisito absolutamente obrigatório. Essa necessidade é suprida pelos
protocolos PROFIBUS FMS e PROFINet. (O que... [s.d.].

FINALIZANDO

O papel das redes industriais sempre esteve relacionado com a


supervisão e o controle de um determinado processo, englobando equipamentos
industriais como sensores, atuadores, CLPs, entre outros. Porém, apesar de
esse tipo de redes estar estabilizado no mercado, não são tecnologias estáticas,
pois são atualizadas periodicamente.

18
Nesse sentido, devemos nos atualizar constantemente e sempre
acompanhar os novos rumos das redes industriais. O primeiro passo para isso é
conhecer os tipos de redes que dominam o mercado mundial.
Assim, vimos na aula de hoje os seguintes assuntos: o modelo OSI,
padrões de interface, redes industriais como: ASInterface, Foundation Fieldbus
e Profibus.

19
REFERÊNCIAS

BRANCO, C. Seu resultado é nosso negócio. V Document, [s.d.]. Disponível


em: <https://vdocuments.site/aselco-ff-isa-es-2006.html>. Acesso em: 9 mar.
2018.

CASSIOLATO, C.; ANDRADE, D. T. Emulador de campo H1. Smar [s.d.].


Disponível em: <http://www.smar.com/brasil/noticias/conteudo/emulador-de-
equipamentos-de-campo-h1>. Acesso em; 9 mar. 2018.

FIELDBUS Foundation. Ebah, [s.d.]. Disponível em:


<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgR1EAC/fieldbus-foundation>. Acesso
em: 9 mar. 2018.

FILHO, C. Arquiteturas de Redes de Comunicação. Interface ASI INTERFACE


ASI. Ebah, 2001. Disponível em:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAABTHQAL/redes-industriais-
parte2?part=4>. Acesso em: 9 mar. 2018.

FOROUZAN, B.A. Comunicação de dados e redes de computadores. 4. ed.


Porto Alegre: Bookman, 2006.

FREITAS, C. M. Redes de comunicação em RS-485. Embarcados, 21 jun. 2017.


Disponível em: <https://www.embarcados.com.br/redes-de-comunicacao-em-rs-
485/>. Acesso em: 9 mar. 2018.

HERMINI, H. A. Aula 14 – Rede de comunicações Fieldbus – parte 2. Ebah,


[s.d.]. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe48gAF/aula-14-
rede-comunicacao-fieldbus-parte-ii> Acesso em: 9 mar. 2018.

JHONATH, D. et al. Foundation Fieldbus e Industrial Ethernet. TCC


(Engenharia de Produção Mecânica, da unidade Acadêmica de Ensino de
Ciências Gerenciais, disciplina de Controle Lógico de Processo) – Centro
Universitário de Sete Lagoas- UNIFEMM, Sete Lagoas, 2011.

LAMB, F. Automação Industrial na prática - Série Tekne. São Paulo: AMGH,


2015.

LUGLI, A.; SANTOS, M. M .D. Sistemas Fieldbus para automação Industrial:


deficiente, CANopen, SDS e Ethernet. São Paulo: Érica, 2009.

MORAES, A. de. Redes de computadores. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014.

20
MORAES, R. EEL7030 – Microprocessadores. GpqCOM – UFSC, [s.d.].
Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/362107/> Acesso em: 9 mar.
2018.

MORAES, C. de; CASTRUCCI, P. L. Engenharia de automação industrial, 2.


ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

O QUE é Profibus. Smar [s.d.]. Disponível em:


<http://www.smar.com/brasil/profibus>. Acesso em: 9 mar. 2018.

PINTO, P. Redes – Sabe o que é o modelo OSI? PPLware, 15 set. 2010.


Disponível em: < https://pplware.sapo.pt/tutoriais/networking/redes-sabe-o-que-
e-o-modelo-osi/>. Acesso em: 9 mar. 2018.

PROFIBUS – Instalação avançada – parte 1. Smar, [s.d.]. Disponível em:


<http://www.smar.com/brasil/artigo-tecnico/profibus-instalacao-avancada-parte-
1>. Acesso em: 9 mar. 2018.

PRUDENTE, F. Automação industrial – PLC: programação e instalação. Rio


de Janeiro: LTC, 2010.

_____. Automação industrial PLC - teoria e aplicações: curso básico, 2. ed.


Rio de Janeiro: LTC, 2011.

RAMOS, M. B. A. Proposta de planta didática multiprocesso e multitarefa.


TCC (Escola De Engenharia De São Carlos) – Universidade de São Paulo. São
Paulo, 2013.

STRANGIO, C. E. The RS232 standard. UFL, 1997. Disponível em:


<https://mil.ufl.edu/3744/docs/RS232_standard_files/RS232_standard.html#anc
hor341671>. Acesso em: 9 mar. 2018.

TANENBAUM, A. S. Organização estruturada de computadores. 3. ed. Rio de


Janeiro: LTC, 2000.

TUTORIAL sobre a tecnologia AS-i. Smar, 2018. Disponível em:


<http://www.smar.com/brasil/asi>. Acesso em: 9 mar. 2018.

21

Você também pode gostar