Autoestima - Escala de Autoestima de Rosenberg
Autoestima - Escala de Autoestima de Rosenberg
Autoestima - Escala de Autoestima de Rosenberg
Mestrado
Designação do mestrado:
__________________________________________________
Título da dissertação
Orientador (es):
1. Tipo de Divulgação:
□ Total.
□ Parcial.
2. Âmbito de Divulgação:
Assinatura: ________________________________________________
Porto, ____/____/____
O presente projecto de investigação intitulado “A contribuição do
Programa Novas Oportunidades para o desenvolvimento da motivação e auto-
estima dos formandos que o frequentam – Estudo de Caso” insere-se na linha
de investigação em Desenvolvimento Humano do Centro de Investigação em
Educação da Universidade Portucalense.
Este projecto, orientado pela Profª. Doutora Manuela d’Oliveira tem
como principais objectivos comparar a Motivação e Auto- estima entre os
formandos na fase inicial do processo de RVCC escolar, fase intermédia e
formandos que o finalizaram.
Os dados recolhidos foram registados e organizados no Centro de
Investigação em Educação e analisados no âmbito da dissertação em
Psicologia – especialização em Psicologia Clínica e da Saúde.
O Centro de Investigação em Educação está integrado no Departamento
de Ciências da Educação e do Património da Universidade Portucalense e
envolve os estudantes de 1º, 2º e 3º ciclo que desenvolvem projectos,
dissertações e teses em temas de especialidade dos quais se salientam: a
avaliação e a gestão das organizações educativas, educação especial,
educação social, a supervisão, as metodologias de ensino, as TIC e questões
relativas ao desenvolvimento humano.
Mestrando:
The present study sought to determine the impact of the existence of the
New Opportunities Initiative Program for the development of motivation and
self-esteem in students who attend under government order No. 17658/2010.
In order to determine results, we used a sample of 105 subjects
comprised elements of females (n = 43) and male (n = 62), aged over 18 years,
actively attending RVCC process basic and secondary, unemployed and
summoned by IEFP to attend the program RVCC
The results show that for motivation variable, the comparison of groups,
the results indicate a strong positive impact at both intrinsic and extrinsic, giving
the indication that the students finish their formative path more motivated. As
regards the comparison between the male and female gender, our hypothesis
was not verified and it was found differences pointing in the opposite direction to
postulate the extent that women have a higher mean of motivation. Regarding
variables level attending and age no differences were found, with the exception
of the youngest group differ for external motives.
Regarding variable self-esteem was confirmed that this goes increasing
as the formation proceeds in three stages. The values obtained, when
comparing the groups, show a clear positive impact on their self-esteem by the
RVCC process, being higher at the end. Also analyzed the variables age, level
to attend and gender, regarding self-esteem, for which no overall differences
were found statistically significant.
Introdução ...................................................................................................................11
PARTE 1 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ...............................................................14
Capítulo 1 – Contexto de uma nova oportunidade para aprender ao longo da vida? ...14
1.1. Iniciativa Novas Oportunidades .....................................................................14
1.2. Aprendizagem ao Longo da Vida ..................................................................18
Capítulo 2 – Abordagem psicológica ...........................................................................27
2.1. Motivação......................................................................................................27
2.2. Auto-estima ...................................................................................................32
Capítulo 3 – Conclusão ...............................................................................................35
PARTE 2 – Estudo empírico........................................................................................36
Introdução ...................................................................................................................36
Método ........................................................................................................................38
1. Caracterização da Amostra ...........................................................................38
2. Instrumentos .................................................................................................40
2.1. Questionário Sociodemográfico ....................................................................40
2.2. Escala de Motivação Académica de Vallerand ..........................................40
2.3. Escala de Auto-estima de Rosenberg ...........................................................41
3. Procedimento ......................................................................................................43
4. Apresentação dos resultados..............................................................................44
5. Discussão dos resultados ...................................................................................49
Conclusão ...................................................................................................................57
Bibliografia ..................................................................................................................60
ANEXOS .....................................................................................................................66
ÍNDICE DE TABELAS
11
IEFP e encaminhados por este instituto para a Iniciativa Novas Oportunidades,
ao abrigo do despacho governamental n.º 17658/2010.
Nesse sentido, este trabalho aborda uma temática que orienta a
realização desta investigação em torno da seguinte questão:
De que modo a Iniciativa Novas Oportunidades contribui para o
desenvolvimento da motivação e auto-estima dos formandos que o
frequentam?
Orientamo-nos, para isso, pelos seguintes objectivos específicos: a)
Analisar a motivação e auto- estima dos formandos na fase inicial, intermédia e
final do processo de RVCC escolar; e b) Analisar diferenças de género, idade e
nível a frequentar (básico e secundário) na motivação e auto-estima.
A apresentação deste trabalho divide-se em duas partes.
A primeira tem dois capítulos, um refere a mudança de paradigma na
educação, formação e certificação de competências de adultos abordando o
contexto das Novas Oportunidades e o conceito da Aprendizagem ao Longo da
Vida; o outro expõe a fundamentação teórica para explicar os factores
psicológicos da nossa amostra, cingindo-se às dimensões directamente
relacionadas com os instrumentos de avaliação deste estudo, nas áreas da
motivação e auto-estima.
A segunda é constituída pelo estudo empírico que engloba: a referência
ao processamento de dados onde foram utilizados os testes ANOVA-oneway e
t de Student através do programa SPSS; a caracterização da amostra que é
composta por participantes que frequentavam o processo de RVCC escolar em
centros de novas oportunidades do IEFP; uma secção onde são apresentados
três instrumentos: primeiro o questionário sociodemográfico, em segundo a
Escala de Motivação Académica (Vallerand, et al., 1992, 1993) que mede as
dimensões intrínseca, extrínseca e amotivação, em terceiro a Escala de Auto-
Estima de Rosenberg (Rosenberg, 1989) onde metade das questões é
referente a uma visão positiva de si e a outra metade diz respeito a uma visão
auto depreciativa; a secção com os procedimentos; seguindo-se as secções de
apresentação e discussão dos resultados; finalizando com a conclusão onde
12
apresentamos uma reflexão sobre os resultados gerados pelas análises,
relacionando-os com os testes das hipóteses e objectivos já referidos.
Procuramos com este estudo contribuir para uma melhor compreensão
do contributo das Novas Oportunidades para a motivação e auto-estima na
população constituída por formandos desempregados que frequentam o
processo de RVCC escolar e encaminhados pelo despacho governamental n.º
17658/2010.
13
PARTE 1 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO
14
No sentido de implementar esta política, em 2007 é criada a ANQ. Sob a
tutela dos Ministérios do Trabalho e da Segurança Social e da Educação, a
ANQ, tem por missão coordenar a execução das políticas de educação e
formação profissional de jovens e adultos; a gestão do sistema de
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC); a criação
de instrumentos de apoio, como instrumentos pedagógicos, estudos,
orientações e relatórios; a fim de coadjuvar o cumprimento das metas traçadas
pela Iniciativa Novas Oportunidades (ANQ, n/d).
Foram criados Centros Novas Oportunidades (CNOs), onde se
desenvolve o processo da Iniciativa Novas Oportunidades. Estes centros
podem ser promovidos por entidades públicas e privadas, desde centros de
formação profissional, empresas, associações, autarquias e estabelecimentos
de ensino. As quais se candidatavam de forma a desenvolverem quaisquer
umas das modalidades de qualificação previstas na Iniciativa. É da
responsabilidade da ANQ autorizar a criação destes organismos. Aos CNOs
compete o encaminhamento para ofertas de educação-formação, estas devem
estar adaptadas às necessidades, motivações e expectativas de cada adulto e
o reconhecimento, validação e certificação de competências adquiridas ao
longo da vida, serve de base para a oferta de educação-formação quer para
posicionar os formandos num percurso de qualificação, quer para a obtenção
de um nível de escolaridade e de qualificação. Os CNOs têm os seus recursos
humanos estruturados da seguinte forma, variando o seu número de acordo
com a quantidade de inscritos:
a) Director, representa o centro e procede à homologação dos júris de
certificação e diplomas emitidos;
b) Coordenador, tem a responsabilidade da gestão pedagógica,
organizacional e financeira;
c) Técnico de Acolhimento, Diagnóstico e Encaminhamento, é
responsável pelo acolhimento e encaminhamento dos adultos para o processo
de RVCC ou modalidades de formação;
d) Profissional de RVCC, acompanha o adulto na construção do seu
Portefólio Reflexivo de Aprendizagem (PRA) e participa nos júris de validação
15
do adulto que acompanhou; Formador, orienta o adulto na construção do seu
PRA no âmbito da sua área de competências, desenvolve acções de formação
complementar e participa nos júris de validação do adulto que acompanhou;
e) Técnico Administrativo, acolhe os adultos, apoia no plano
administrativo e financeiro (Portaria nº 370/2008).
No sentido de atingir estes objectivos foi criado o instrumento: Catálogo
Nacional de Qualificações. Este instrumento integra referenciais para cada
qualificação aqui considerada, como um referencial de competências que
permite avaliar o grau de competência dos adultos; um referencial de
qualificação com unidades de formação que constitui a resposta formativa para
a obtenção de cada qualificação; e um perfil profissional que esclarece as
actividades, saberes-fazer e saberes-ser a ter em conta para a execução das
tarefas de cada actividade profissional (ANQ, 2008).
Para acompanhamento da Iniciativa Novas Oportunidades, foi criada
uma comissão com a portaria nº 73/2010 de 4 de Fevereiro que tem por função
garantir a articulação entre todos os envolvidos na Iniciativa; fazer a gestão do
Sistema de Informação e Gestão da Oferta Educativa e Formativa (SIGO);
diagnosticar necessidades de formação para desempregados; supervisionar as
formações; promover as boas práticas; regimentar no acesso de pessoas com
deficiência ou incapacidade a modalidades de formação e ao sistema de RVCC
(Portaria nº 73/2010).
Relativamente às modalidades de formação há uma vertente para os
jovens e outra para adultos:
a) No eixo dos jovens, as ofertas formativas são de nível secundário de
natureza qualificante. No final dos percursos formativos os jovens obtêm uma
certificação escolar e profissional, permitindo continuar os estudos e a inserção
na vida activa. Estas modalidades formativas compõem cursos de educação e
formação, do sistema de aprendizagem, profissionais e do ensino artístico
especializado.
b) No eixo dos adultos, é dirigido a indivíduos com idade superior a 18
anos que pretendam obter uma qualificação e/ou reorientar o percurso
profissional. Estas modalidades formativas compõem o Sistema de
16
Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências; o Ensino
Recorrente de Nível Básico e Secundário; os Cursos de Educação e Formação
de Adultos de Nível Básico e Secundário; as Formações Modulares e as Vias
de Conclusão do Nível Secundário de Educação (ANQ, n/d).
Ao nível metodológico os processos de RVCC constroem-se através de
uma explanação autobiográfica, de um balanço de competências e de um
portefólio reflexivo de aprendizagem. A explanação autobiográfica é um meio
de recolha de informação que permite esclarecer competências e a formação
de um pensamento reflexivo sobre as experiências relevantes do indivíduo. O
balanço de competências é um meio de diagnóstico e avaliação das
competências adquiridas. Permite conhecer as reais motivações e
competências, assim como possibilitar ao indivíduo obter uma representação
de si, tanto a nível pessoal como social e profissional. O PRA é uma
compilação de vários documentos demonstrativos das competências
aprendidas e percurso de aprendizagem, o que proporciona uma reflexão sobre
o seu processo de aprendizagem através da evocação dos contextos reais
(DGFV, 2006).
O método narrativo da história de vida, utilizado no processo de RVCC,
permite ao indivíduo expressar a sua individualidade, a sua experiência de
vida, o seu saber subjectivo. A construção da narrativa é mais do que um
balanço de capacidades e competências é também um processo formativo,
considerando que o indivíduo tende a questionar-se numa perspectiva
individual e colectiva. As recordações e referências do indivíduo são símbolos
que o próprio compreende como constitutivos da sua formação; evocam as
suas percepções sociais, emoções, sentimentos e valores; podem ter uma
acção formativa no sentido de que o que foi aprendido, o saber-fazer, funciona
como referência para situações futuras similares. É através da narrativa das
experiências que o indivíduo se apresenta ao outro nas suas diferentes formas
e subjectividades. A construção da narrativa leva o indivíduo a uma reflexão de
si. Através da história de vida o indivíduo compreende a forma como se
transforma através das experiências passadas, e permite-lhe projectar o futuro
17
articulando as suas experiências formadoras, a sua cultura e os seus princípios
(Josso, 2002).
Ao tomar consciência do seu sistema formativo, o indivíduo torna-se
responsável pelas suas escolhas existenciais. Através deste autoconhecimento
e auto-interpretação de si e dos referenciais interiorizados, o indivíduo origina
em si uma “emergência do eu mais consciente e perspicaz para orientar o
futuro da sua realização e reexaminar, na sua caminhada, os pressupostos das
suas opções” (Josso, 2002, p. 44).
Em suma, a Iniciativa Novas Oportunidades tem como objectivo central
implementar uma estratégia de aprendizagem ao longo da vida, tendo como
patamar mínimo de qualificação o nível de ensino secundário Veja-se aqui,
numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida a educação e formação
de adultos. Os CNOs no desempenho do seu papel respondem à ideia de
reintegração do adulto no sistema formativo contribuindo para uma formação
ao longo da vida (DGFV, 2006).
18
adaptação aos vários interesses e a adaptação às novas necessidades e
tendências.
Silvestre (2003), defende que a sociedade portuguesa deve adoptar um
conceito de educação/formação profundo e abrangente. No que respeita a essa
designação – educação/formação, Canário (1999) vem dizer que deriva da
existência de duas linhas de actuação nesse campo: do meio escolar, a
alfabetização; do mundo do trabalho, a da formação. Silvestre (2003),
acrescenta ainda que este conceito deve ser alargado e aprofundado, quer nas
várias dimensões comunitárias, quer nas vertentes tecnológicas, digitais e
científicas que acompanham a evolução da sociedade, não deixando de ter
presente uma perspectiva de educação/formação permanente e comunitária de
forma abrangente e aberta quer a novos públicos-alvo, quer a novos contextos
e instituições de educação/formação.
Como afirma Canário (2006), a “identificação errónea, entre universo
educativo e universo escolar apenas nos permite aceder a uma visão truncada,
incompleta e redutora de um processo educativo definido a partir de
organizações especializadas e balizada por sessões formais, programadas,
avaliações e certificados” (p.160), pelo que a educação e formação de adultos
não pode ser igual à educação de jovens ou apenas formação no local de
trabalho.
Desta forma, para melhor se compreender o conceito, a relação que tem
com a aprendizagem e compreender a aprendizagem na vida adulta, podemos
referir Legendre (2001) que explica no seu trabalho a existência de uma
adaptação através de dois movimentos: assimilação e acomodação. Estes dois
processos são necessários em quantidades relativas para proporcionarem um
equilíbrio. O qual, como mecanismo auto-regulador, é essencial para garantir a
adaptação do indivíduo ao meio. Portanto, o conhecimento organiza-se a partir
de estruturas prévias, são integrados dados novos pelo indivíduo, havendo um
processo de adaptabilidade crescente das estruturas prévias. Neste sentido, o
adulto aprendiz será caracterizado por possuir um dispositivo cognitivo amplo,
o qual lhe permitirá abordar conteúdos diversos em graus de abstracção ou de
formalização variados.
19
Solar e Denis (2001), fazem a análise da relação bidireccional entre o
desenvolvimento e a aprendizagem. Consideram que o desenvolvimento deriva
de uma transformação do pensamento, pelo que novas aquisições e a
experiência levam a uma constante reorganização cognitiva.
Horn e Cattell (1967), com as suas investigações longitudinais também
contribuíram para a compreensão desse conceito, bem como as
transformações das capacidades cognitivas ao longo de toda a vida, e como o
adulto ao nível da aprendizagem tenderá a resolver de forma mais facilitada
tarefas abstractas, quando relacionadas com experiências concretas. Estes
autores, revelaram através do seu trabalho aquilo a que consideraram a
existência de uma estrutura hierárquica da inteligência com dois factores
superordenados – a inteligência fluida e a inteligência cristalizada.
A inteligência fluida diz respeito à capacidade de perceber relações, de
formar conceitos, de raciocinar e de proceder a abstracções. Está relacionada
com componentes não-verbais, com a solução de problemas, pouco
dependente de experiência prévia e conhecimentos adquiridos, mais
determinada por aspectos biológicos e pouco por aspectos culturais (Horn,
1967).
A inteligência fluida será adquirida através de aprendizagens não
sistemáticas e reflectirá a acção conjunta da maturação e das deteriorações do
sistema nervoso central. Como estas deteriorações aumentam a partir da idade
adulta, a inteligência fluida sofre um decréscimo. A inteligência cristalizada,
será desenvolvida a partir de experiências culturais e educacionais, estando
presente na maioria das actividades escolares e estará associada a
capacidades necessárias na solução de problemas complexos do quotidiano.
Trata-se de um conjunto de saberes e saberes-fazer adquiridos, será o
resultado acumulativo da aprendizagem sistemática, realizada essencialmente
no meio escolar mas também no meio familiar e profissional. Ao contrário da
inteligência fluida, a inteligência cristalizada está associada a um processo de
aculturação, dependerá de outras estruturas do sistema nervoso central e as
habilidades cristalizadas continuam a melhorar com a idade (Horn, 1967).
20
A educação de adultos é um conjunto de situações de formação de
carácter formal e informal patente no trabalho e no quotidiano do indivíduo.
Esta forma de educação projecta-se na própria realização de cada pessoa indo
assim para lá dos sistemas de ensino e de formação profissional tradicionais
(Quintas, 2008).
Neste contexto o indivíduo passa a ter um papel central no processo de
aprendizagem, o qual é entendido como um continuum que integra e articula
diferentes graus de formalização da acção educativa (Canário, 2006).
Segundo Kallen (1996), este conceito de aprendizagem não é novo. No
século XIX, surge uma ideia de aprendizagem com os primeiros movimentos
que defendem e promovem a educação de adultos em ambientes não
escolares. A intenção destas iniciativas não era a preparação dos adultos para
as tarefas do trabalho. Os seus entendimentos eram de âmbito cultural, social e
até político, permitindo o acesso à cultura e conhecimento aos novos
trabalhadores. Também não ocupava um lugar primordial a ligação à educação
formal, nessas primeiras abordagens de aprendizagem. Algumas actividades
de âmbito educacional para adultos podiam ser consideradas educativas, já
que por vezes se faziam tentativas de forma a melhorar a prática dos
participantes relativamente às competências básicas, como ler, escrever e
contar. Todavia, a maioria das vezes, não havia a intenção tácita de
complementar a educação e formação inicial, nem havia um conceito
abrangente de educação.
“O desenvolvimento da educação de adultos tem sido, no decurso da
história, fortemente determinado por factores socioeconómicos específicos”
(Kallen, 1996, p.17). O regresso da guerra de milhões de jovens
desmobilizados permitiu o retorno de um grande número deles à educação
formal. Pela primeira vez as universidades foram confrontadas com estudantes
possuidores de experiência, diferentes dos habituais. Este regresso obrigava a
uma familiarização com as novas técnicas e competências devido ao avanço
no período da guerra. Desta forma, adquiriu-se a primeira experiência com uma
educação de “segunda oportunidade” e o primeiro reconhecimento da
21
necessidade de uma reciclagem organizada para os trabalhadores (Kallen,
1996).
No pós-guerra, nas décadas de 60/70 a Aprendizagem ao Longo da Vida
era designada como Educação ao Longo da Vida e entendida sob uma
perspectiva conceptual humanista. Este contexto conduziu a muitos debates e
reflexões sobre a educação de adultos, levando a Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) e o Conselho da
Europa, ao desenvolvimento dos três principais paradigmas de Aprendizagem
ao Longo da Vida. Os três documentos sobre esta temática, apesar de
redigidos de forma independente são convergentes nos conteúdos, abordado
este conceito de aprendizagem com objectivos globais comuns (Kallen, 1996).
A UNESCO, deu um grande contributo para actividades no domínio da
Educação ao Longo da Vida com a apresentação do relatório de Edgar Faure
(1972) titulado Learning to Be da Comissão Internacional para o
Desenvolvimento da Educação. Procurou conjugar a apetência inata do homem
em aprender com a construção de uma sociedade humanista, marcada pela
paz, compreensão entre os povos e pelo desenvolvimento cultural e científico
para o benefício da humanidade (Faure, 1972).
A OCDE, apresentou um conceito de educação contínua como
estratégia para a aprendizagem ao longo da vida, no sentido de aumentar
oportunidades educativas no percurso de vida do indivíduo para que este,
quando necessário, pudesse dispor delas, quer para si quer perante o mercado
de trabalho. Em termos gerais, a educação contínua tinha grande conotação
económica, assentava numa interacção entre educação formal, educação de
adultos e formação profissional num único enquadramento onde se relacionam
objectivos educacionais, económicos e sociais comuns (Kallen, 1996).
O Conselho da Europa, na década de 60 apresentou o tema da
educação permanente, como um novo conceito abrangente de um padrão de
educação global capaz de responder às necessidades educativas crescentes e
cada vez mais diversificadas de jovens e adultos (Titz, 1996).
22
Hoje, a Aprendizagem ao Longo da Vida, assume um papel importante
para o desenvolvimento do emprego, da cidadania, da coesão social e da
realização pessoal. Este novo conceito tem como desígnios tornar a sociedade
mais inclusiva, a monotorização da educação e formação, tendo em
consideração a mudança nos sectores empresariais e a participação activa dos
cidadãos na vida pública (European Comission, 2002).
Neste sentido, o conceito de aprendizagem sugere um entendimento
amplo e multiforme de socialização. A educação pode englobar três
modalidades: educação formal, educação não formal e educação informal; já
que cada uma individualmente não consegue responder às necessidades
formativas dos indivíduos (Cavaco, 2002).
A aprendizagem formal decorre em instituições de ensino e formação
para obtenção de diplomas e qualificações. A aprendizagem não formal é
aquela que decorre através de acções fora dos sistemas formais de educação.
A aprendizagem informal é a que resulta da própria vivência do indivíduo
(Pires, 2007).
No sentido do que já foi referido atrás, na sociedade contemporânea, do
pós-guerra, a riqueza das nações – que até aí era considerada predeterminada
pelo capital financeiro, pela dimensão geográfica, pela existência ou não de
matérias-primas ou pelo parque industrial – começa a ser directamente
relacionada com o seu “capital humano”, isto é, educação, formação ou
qualificação das pessoas, como factor competitivo, estratégico e determinante.
As pessoas, formam-se e actualizam-se através dos sistemas educativo e
formativo iniciais, pela acumulação de experiência e aquisição de
competências adquiridas ao longo da vida activa (Trigo, 2002).
Consideramos assim que nas aprendizagens informais, frequentemente
não existe a intenção de aprendizagem. Estas aprendizagens são entendidas
dentro de um conceito de aprendizagem experiencial (Pires, 2007).
“A aprendizagem experiencial diz respeito a um processo dinâmico de
aquisição de saberes e de competências (…), que não obedece a uma lógica
cumulativa e aditiva, mas sim de recomposição — os novos saberes são
construídos integrando os já detidos pela pessoa” (Pires, 2007, p.10).
23
Assim, como nos refere Pires (2007), a aprendizagem experiencial é
mais um conceito que surge, desenvolve-se ao longo da vida, e está envolvida
no desenvolvimento global do indivíduo.
Cavaco (2002) aborda ideias transversais a diferentes definições de
formação experiencial: o papel activo que o sujeito assume, a sua capacidade
de experimentar e de reflectir sobre situações e acontecimentos que ocorrem
no seu dia-a-dia. Segundo a autora, a aprendizagem experiencial tem origem
na educação informal, isto é, numa modalidade educativa não organizada, que
pode ser deliberada ou não, que é apelidada de educativa pelos seus efeitos
na alteração das atitudes, comportamentos e conhecimentos dos indivíduos. A
importância do património experiencial como um meio para a realização de
novas aprendizagens assenta em três pressupostos fundamentais: a) a
revalorização epistemológica da experiência; b) a definição das situações
educativas pelos seus efeitos e não pela sua intencionalidade; e c) uma
concepção de aprendizagem larga, multiforme e permanente de socialização.
Nesse sentido, Canário (2006) refere a experiência como sendo a
primeira condição necessária para a aprendizagem.
Na década de 70, num ambiente de propostas de reforma educativa,
uma das principais críticas era dirigida à escola enquanto instituição. Esta, era
um instrumento de doutrinação e de opressão da espontaneidade, sob o poder
de Estados focados na necessidade de ensinar às crianças o respeito pela lei,
o comportamento disciplinado e outras virtudes que os ditos “bons” cidadãos
deveriam possuir, destruindo assim a sua curiosidade inata (Kallen, 1996).
Também em 1972, a UNESCO, através do relatório Learning to be
defende a integração dos contextos de aprendizagem formais e não formais,
assim como a democratização da educação promovendo condições para os
mais desfavorecidos acederem à educação. Esta é vista como um processo
educativo global e a Educação Permanente como a expressão de uma relação
envolvente entre todas as formas e momentos do acto educativo (Faure, 1972).
Em súmula, na década de 70, a Educação Permanente expõe uma nova
visão da educação por questionar as próprias origens do sistema educativo;
por ter em conta e reconhecer todas as formas de educação: formal, não formal
24
e informal; por procurar incluir e conjugar todas as estruturas da educação; por
considerar uma educação contínua ao longo de toda a vida conforme as
necessidades de cada etapa e idade; por não contemplar a separação entre
educação escolar, não escolar e extra-escolar e por promover quer a
adaptação do indivíduo à sociedade quer a capacidade de transformá-la
(Ribas, 2004).
O Centro Europeu para o Desenvolvimento e Formação Profissional,
realizou a nível europeu, um estudo sobre as perspectivas dos cidadãos
relativamente à aprendizagem ao longo da vida, onde é referido que nove em
cada dez europeus reconhecem a importância da aprendizagem quer a nível
económico quer a nível social. Relativamente aos portugueses é referido que
50% dos inquiridos afirmaram não ter interesse em formação, objectando o
retorno a um sistema semelhante à escola, não reconhecerem benefícios e
utilidade na formação, não se sentirem capazes ou serem demasiado velhos
para aprender. Isto mostra que apesar de genericamente os cidadãos europeus
reconhecerem os benefícios da formação tais como, satisfação pessoal,
aumento de conhecimentos gerais, obtenção de um melhor emprego ou uma
qualificação, nem sempre estão motivados para a aprendizagem (CEDEFOP,
2003).
O euro barómetro de 2003 sobre a Aprendizagem ao Longo da Vida
demonstrou que os cidadãos europeus tinham consciência das suas limitações,
tanto ao nível das tecnologias como ao nível científico, apesar disso não
tomavam atitudes para remediar a situação. Desta forma, é urgente actuar de
maneira a que a Aprendizagem ao Longo da Vida se transforme em realidade.
Entretanto, a Aprendizagem ao Longo da Vida enquanto ideia prevalente, ainda
é visionária (CEDEFOP, 2003).
Assim, tendo em consideração tudo quanto foi referido até agora e
como afirma Ribas (2004), podemos dizer que o conceito de Educação ao
Longo da Vida começou por ser um ideal universal e humanista do relatório
Learning to be e passou a integrar políticas das nações, tendo como grande
desígnio ensinar melhor a mais pessoas e em contextos mais diversificados
25
através de uma nova organização de serviços educativos segundo os ditames
do mercado.
Parece, como diz Ribas (2004), que o debate em volta do conceito
Aprendizagem ao Longo da Vida, urge na Europa por ser preciso reforçar a
competitividade, a empregabilidade e adaptabilidade da força de trabalho, o
que suscita ideais economicistas e uma empresarialização quer da vida social
quer da educação.
E tal como faz referência Griffin (1999), a reforçar esta tónica estão: a
globalização, a emergência da sociedade do conhecimento ou informação, a
fragmentação da sociedade, o aumento da diferença nos níveis
socioeconómicos com fortes influências de noções de inclusão e exclusão,
assim como o elevado nível de desemprego.
26
Capítulo 2 – Abordagem psicológica
2.1. Motivação
27
comportamento das pessoas é afectado conjuntamente por diferentes motivos
e necessidades que experimentamos (Feldman, 2001).
A motivação diz respeito àquilo que leva as pessoas a moverem-se,
agirem, pensar e desenvolver-se. A investigação da motivação tem incidido nas
condições e processos que facilitam a persistência, desempenho,
desenvolvimento saudável e na vitalidade dos nossos empreendimentos
humanos. A motivação humana pode ser estudada através dos mecanismos
cerebrais e fisiológicos, no entanto, uma vasta parte é função de condições
proximais socioculturais em que os indivíduos se encontram. Tais condições
influenciam não só o que as pessoas fazem, mas também como se sentem ao
agir, assim como as consequências das acções (Deci & Ryan, 2008).
Para Vallerand e Thill (1993), a motivação é um construto hipotético que
se utiliza para descrever forças internas e/ou externas que produzem iniciação,
direcção, intensidade e persistência do comportamento (Vallerand & Thill, 1993
cit in Vallerand, 2012).
Há uma variedade de abordagens conceptuais que se desenvolveram
para procurar compreender a complexidade da motivação e explicar a energia
que orienta o comportamento em determinadas direcções, independentemente
da incidência nos factores biológicos, cognitivos ou sociais (Feldman, 2001).
Segundo a teoria do instinto, os seres humanos e os animais nascem
com padrões de comportamento pré-programados que são fundamentais na
sua manutenção de vida. É uma teoria baseada nos instintos como padrões de
comportamento inatos biologicamente determinados e não aprendidos, como
por exemplo impulsos instintivos do sexo e da agressão que motivam o
comportamento. Os instintos ou drives correspondem às necessidades do
corpo e são mentalmente representadas como desejos, levando o indivíduo a
acções para satisfação dessas necessidades. Com o desejo satisfeito, uma
tensão associada a essas necessidades desaparece, ficando o indivíduo bem
do ponto de vista hedonístico e homeostático (e.g. Freud, 1962/1923).
Segundo Clark Hull (1943) que propõe a teoria da redução do impulso,
os seres humanos têm necessidades internas biológicas que criam um estado
de tensão somática, activando um drive, ou impulso, que leva a um
28
comportamento aleatório. Entende-se por impulso uma activação ou tensão
motivacional que proporciona energia ao comportamento no sentido de
satisfazer uma necessidade. Para reduzir esse estado de tensão desagradável
e manter-se num estado homeostático, o organismo acidentalmente produz a
resposta. Este comportamento que leva à redução do drive passa, assim, a ser
reforçado e com a repetição forma-se um hábito, pelo que os drives passam a
activar hábitos.
A teoria das necessidades considera que os seres humanos são levados
a progredir até ao seu máximo através de uma hierarquia de necessidades,
onde, antes da realização das necessidades de ordem superior é necessário
satisfazer as necessidades de ordem inferior (Chambel, 1995). Segundo o
modelo de Maslow (1998) as necessidades de ordem inferior dizem respeito as
necessidades fisiológicas e de segurança; as necessidades de ordem superior
incluem necessidades de amor, sentido de pertença, estima e realização
pessoal. O comportamento humano é orientado por necessidades organizadas
em pirâmide, sendo a base formada pelas necessidades inferiores (fisiológicas)
e o topo pela necessidade de ordem superior (auto-realização). O
comportamento é determinado por uma necessidade não satisfeita, pois todas
as energias vão no sentido de a satisfazer, minimizando outras necessidades e
logo que uma é satisfeita emerge a do nível seguinte.
A teoria cognitiva da motivação enfatiza o papel dos pensamentos, das
expectativas e da compreensão do mundo. Sustenta o conceito de que as
representações mentais têm um papel central na direcção do comportamento.
Esta teoria faz a distinção entre motivação intrínseca e extrínseca. A motivação
intrínseca move-nos a participar em actividades pelo próprio prazer que a
tarefa oferece e não por uma recompensa tangível que possamos obter. A
motivação extrínseca, em contrapartida, leva-nos a participar numa actividade
por uma recompensa tangível (Feldman, 2001).
É com suporte nestes conceitos da abordagem cognitiva que se baseiam
o presente estudo e o instrumento de medição da motivação utilizado. No
sentido destes conceitos Vallerand (2012) afirma que ao longo dos anos a
29
investigação tem vindo a identificar duas grandes classes de motivação do
comportamento.
A primeira tem-se vindo a chamar motivação intrínseca, envolve ter um
comportamento para si mesmo a fim de experimentar prazer e satisfação
inerente à actividade, se as pessoas estiverem intrinsecamente motivadas
realizam actividades pelos sentimentos positivos resultantes das suas próprias
acções, ficam interessadas no que estão a fazer, mostram curiosidade,
exploram novos estímulos e trabalham para enfrentar desafios (Deci & Ryan,
1985; White, 1959).
A segunda, a que se tem vindo a chamar motivação extrínseca, envolve
a execução de uma actividade porque isto leva a alguma consequência, tal
como obter uma recompensa tangível ou evitar uma punição (Deci & Ryan,
2008). Esta dicotomia do comportamento motivado define bem a motivação, na
medida em que demonstra a possibilidade da motivação da pessoa ser
afectada pelos factores internos e externos (Vallerand, 2012).
Deci e Ryan (1985) propõem ainda um terceiro tipo de construto
motivacional: amotivação. A amotivação explica a manifestação de relativa
ausência de motivação (Vallerand, 2012).
Primeiramente os teóricos consideravam que a motivação intrínseca e
extrínseca tinha uma relação aditiva (Deci & Ryan, 2008). Por outras palavras,
os dois tipos de motivação combinados é que levavam ao mais alto nível de
motivação (Vallerand, 2012). No entanto, vários estudos laboratoriais com
seres humanos (Deci, 1971) demonstraram que levar indivíduos a
comprometerem-se com uma actividade nova e interessante com o objectivo
de receberem uma recompensa monetária (portanto, fora da motivação
extrínseca) produz diminuição subsequente da motivação intrínseca na
actividade. Em conformidade com o estudo, verificou-se que a natureza
controladora da recompensa influencia de forma lesiva a motivação intrínseca
(Vallerand, 2012). Edward Deci e Richard Ryan (2008) argumentam que a ideia
era saber se o nível da motivação intrínseca aumentava ou diminuía pela
adição de recompensas extrínsecas e apurar se os dois tipos de motivação não
seriam aditivos. Então, tendo a motivação intrínseca diminuído, seria um
30
indicador de que os dois tipos de motivação tendem a trabalham em oposição
no lugar de serem aditivos ou sinergicamente positivos.
Uma grande quantidade de artigos publicados, sobre esta temática, e os
resultados de uma meta-análise confirmaram que recompensas extrínsecas
diminuem a motivação intrínseca (Deci & Ryan, 2008).
Em contrapartida na descoberta da disposição para o aumento da
motivação intrínseca, Deci e Ryan (2000) argumentam que as pessoas que
estão intrinsecamente motivadas experimentam uma sensação de autonomia à
medida que a sua necessidade básica de autonomia é satisfeita e quando são
recompensados, ameaçados, vigiados ou avaliados, tendem a sentir-se
pressionados e controlados, isto diminui a satisfação relativamente à sua
necessidade de autonomia, enquanto quando têm oportunidade de escolha
tendem a experimentar uma grande satisfação autónoma.
Mas Edward Deci e Richard Ryan (1985) sentiram necessidade de ir
mais além do que a explicação corrente entre intrínseco e extrínseco para
explicar as diferentes motivações que actuam na vida das pessoas e
propuseram uma tipologia mais complexa sobre a motivação extrínseca. Para
além da distinção entre interno e externo, consideram que o que é interno à
pessoa também varia qualitativamente dependendo da forma como vai sendo
interiorizado. Estes autores identificaram quatro tipos de motivação extrínseca:
a) regulação externa (agir para obter recompensas ou evitar a punição); b)
regulação interna (agir para evitar sentimentos de culpa e pressão interna); c)
regulação para identificação (agir por opção e por vontade); d) regulação para
integração (comportando-se coerentemente por opção, com outros elementos
de si).
Vallerand, Blais, Brière e Pelletier (1989); Vallerand e Bissonnette (1992)
também propuseram a existência de outros tipos de motivação intrínseca: a)
motivação intrínseca para aprender; b) motivação intrínseca para alcançar
metas; c) motivação intrínseca para se sentir estimulado (Vallerand, Blais,
Brière, & Pelletier, 1989; Vallerand & Bissonnette, 1992 cit in Vallerand, 2012).
31
O nosso estudo, no que respeita ao tema da motivação, tem por modelo
esta taxonomia dicotómica da motivação intrínseca-extrínseca, mais a
amotivação.
2.2. Auto-estima
32
Na perspectiva de Brown e Marshall (2006), a auto-estima tem vindo a
ser utilizada de três formas distintas.
Primeira, auto-estima global: os pesquisadores apelidam desta forma a
auto-estima na medida em que ela é relativamente persistente em situações e
ao longo do tempo. Alguns investigadores fazem uma abordagem cognitiva,
presumindo que a auto-estima global é uma decisão que as pessoas tomam
acerca do seu valor como pessoa (Crocker & Park, 2004). Outros fazem uma
abordagem através dos processos emocionais e presumem que se trata de um
sentimento por si mesmo e que não deriva do racional nem de processos de
julgamento (Brown & Marshall, 2001). No entanto, a auto-estima global tem
vindo a ser demonstrada como estável durante a vida adulta com uma provável
componente genética relacionada com o temperamento e o neuroticíssimo
(Neiss, Sedikides, & Stevenson, 2002).
A segunda, sentimentos de valor próprio: a auto-estima também é
utilizada para fazer referência a reacções emocionais de auto-avaliação em
eventos importantes. Por exemplo, uma pessoa pode dizer que está com uma
auto-estima elevadíssima se tiver experimentado algo prazeroso ou pode dizer
que a sua auto-estima baixou totalmente se experienciou um evento
desagradável. Isto implica uma diferença essencial entre dois construtos, a
auto-estima global persiste, enquanto os sentimentos de auto valorização são
temporários (Brown & Marshall, 2006).
A terceira, auto-avaliações: a auto-estima é utilizada para se referir à
forma como as pessoas avaliam as suas capacidades e atributos. A pessoa
que duvida de alguma capacidade própria pode referir ter baixa auto-estima e
uma pessoa que pensa ser boa em algo pode referir uma elevada auto-estima.
Também a autoconfiança e auto-eficácia têm sido utilizadas para fazer
referência a essas crenças e muitas pessoas relacionam autoconfiança com
auto-estima (Brown & Marshall, 2006). Muitas escalas que avaliam a auto-
estima incluem subescalas que medem as auto-avaliações em vários domínios
(Harter, 1986; Marsh, 1993; Shavelson, Hubner, & Stanton, 1976, cit in Brown
& Marshall, 2006). Desta forma, podem-se identificar níveis diferentes de auto-
estima em áreas distintas. A mesma pessoa pode ter uma elevada auto-estima
33
atlética mas uma baixa auto-estima artística, enquanto outro indivíduo pode ter
uma baixa auto-estima em matemática mas uma elevada auto-estima social
(Brown & Marshall, 2006).
34
Capítulo 3 – Conclusão
3.1. Conclusão
35
PARTE 2 – ESTUDO EMPÍRICO
Introdução
36
grupo corresponde aos formandos que estão a meio do programa; o terceiro
grupo corresponde aos formandos que se encontram a finalizar.
Tivemos como critérios de inclusão neste estudo: Sujeitos a frequentar o
processo RVCC escolar; sujeitos que estivessem no início e meio do processo
de RVCC; sujeitos propostos para sessão de júri; frequência activa no processo
de RVCC básico e secundário; maiores de 18 anos (critério do próprio
processo de RVCC); estarem inscritos no IEFP; terem sido chamados pelo
IEFP para integrar o PNO (Despacho n.º 17658/2010, de 25 de Novembro).
A recolha da amostra decorreu em vários locais do IEFP, na área do
grande Porto, onde se realizava o processo de RVCC. Foi necessário
identificar entre os locais, aqueles que teriam formandos em sala nas fases
inicial, a meio e final, no período em que ocorreu a recolha da amostra. Por
constrangimentos de tempo os grupos foram submetidos à recolha de dados
num único momento em cada uma das fases. Além das questões de tempo
também as razões logísticas, que se prendem com o facto de ser um trabalho
individual no âmbito do mestrado, levaram a restringir a recolha nos respectivos
locais do IEFP na área geográfica do grande Porto.
A recolha dos dados distribuiu-se por três locais do IEFP da área de
intervenção da Direcção Regional do Norte, respectivamente o Centro de
Formação Profissional de Gestão Directa do Cerco do Porto, dois locais
pertencentes ao centro de emprego de Matosinhos e as instalações do centro
de emprego de Gondomar.
O Centro de Formação Profissional do Cerco do Porto insere-se na área
de administração da Delegação Regional do Norte do Instituto do Emprego e
Formação Profissional. Localizado na cidade do Porto, tem diversas valências
formativas, tais como Construção Civil; Electricidade e Electrónica; Madeiras;
Metalomecânica; Reparação e Manutenção de Veículos. De igual modo
procura dar resposta a diferentes modalidades de formação inicial e continua,
de formadores e de gestores e quadros. Deste modo tem vindo a assegurar as
necessidades de formação e a satisfação das solicitações do mercado de
emprego na sua área de actuação.
37
O centro de emprego de Matosinhos, sob orientação da Delegação
Regional do Norte, tem como área de acção o concelho de Matosinhos.
Pertencendo à área metropolitana do Porto, este concelho cobre uma área
geográfica de 62,30 km² com uma densidade populacional de 2816,66 hab./
km² . Esta população de tradições piscatórias ainda mantem a actividade da
pesca, por possuir o maior porto artificial de Portugal, beneficia também dessa
actividade económica e do tecido industrial que se mantem depois de ter
perdido uma posição fortemente industrializada e se voltar mais para o sector
terciário.
O centro de emprego de Gondomar também pertence à área
metropolitana do Porto e está sob a administração da Delegação Regional do
Norte do Instituto do Emprego e Formação Profissional. A sua área geográfica
tem 133,26 km² e uma densidade populacional de 1260,9 hab./ km² sendo o
sector terciário que apresenta maior numero de trabalhadores.
Método
1. Caracterização da Amostra
38
Tabela 1
Caracterização da Amostra
_______Fases Do Processo_______
Início Meio Fim Total
n=29 n=50 n=26 n=105
Variáveis Categorias n % n % n % n %
F 12 11 18 17 13 12 43 41
Género
M 17 16 32 30 13 12 62 59
18 - 48 11 10 26 25 14 13 51 49
Idade
≥ 49 18 17 24 23 12 11 54 51
Nível a Básico 18 17 32 30 17 16 67 64
Frequentar
Secundário 11 10 18 17 9 8,5 38 36
Ocupação
Desempregado 29 28 50 48 26 25 105 100
Profissional
39
2. Instrumentos
40
próprio a fazê-lo. A motivação extrínseca para regulação externa corresponde a
fazer algo porque o indivíduo se sente pressionado por outros a fazê-lo.
Por último, a ausência de motivação tem que ver com a falta de
percepção da relatividade entre as acções e suas consequências,
correspondendo, assim, à falta de motivos intrínsecos ou extrínsecos.
As respostas são indicadas numa escala de Likert de sete pontos com
extremos formados pelas asserções: Nenhuma correspondência e total
correspondência. Esta escala está organizada em sete factores: (a) motivação
intrínseca para aprender que é constituída pelas questões 2,9,16 e 23; (b)
motivação intrínseca para alcançar metas que é constituída pelas questões 6,
13, 20 e 27; (c) motivação intrínseca para se sentir estimulado que é
constituída pelas questões 4,11, 18 e 25; (d) motivação extrínseca para
identificação que é constituída pelas questões 3, 10, 17 e 24; (e) motivação
extrínseca para regulação interna que é constituída pelas questões 7, 14, 21 e
28; (f) motivação extrínseca para regulação externa que é constituída pelas
questões 1, 8, 15 e 22; (g) ausência de motivação ou amotivação constituída
pelas questões 5, 12, 19 e 26 (Vallerand et al., 1992,1993). Ao nível da
consistência interna desta escala obtivemos um valor de alpha de Cronbach de
0.95 (Anexo 8).
41
preenchimento padronizado, permitindo desta forma ao tratar os dados,
detectar os questionários que não tenham sido preenchidos de forma honesta.
Segundo o autor este instrumento tem quatro vantagens: 1) É de fácil
administração, de forma que se podem utilizar amostras suficientes para
análises de multivariância; 2) Efectua‐se rapidamente, o que é uma vantagem
quando se pretende a cooperação das autoridades escolares; 3) Permite
classificar numa escala linear, desde os que revelam níveis muito baixos de
auto‐estima, aos que revelam níveis muito altos de auto‐estima; 4) Todos os
itens estão directamente relacionados com a dimensão do fenómeno que se
pretende estudar (Rosenberg, 1989).
Entre os estudos de avaliação psicométrica da versão portuguesa deste
questionário, encontra-se o estudo de Romano (2007) que refere valores de
alpha de Cronbach de 0.74 para os itens positivos e de 0.63 para os itens
negativos (Romano, Negreiros & Martins, 2007).
Na amostra do nosso estudo, a consistência interna revelou valores de
alpha de Cronbach 0.75 para os itens que avaliam a auto-estima positiva
(Factor 1) e 0.73 para os itens que avaliam a auto-estima negativa (Factor 2).
Quando analisamos os dez itens em conjunto obtivemos um valor de alpha de
Cronbach de 0.66. Segundo Hair et al. (1998, cit in Romano, 2007) são
aceitáveis valores superiores ou iguais a 0.60 como indicativos de consistência
interna. Assim, podemos verificar, na Tabela 2, que na nossa amostra a
avaliação da consistência interna de todos os itens revelou fidelidade, em que
os alphas de Cronbach dos dois factores variaram entre 0.63 e 0.75 (Anexo 9).
42
Tabela 2
Consistência interna dos dois factores e respectivos totais da escala de auto-
estima
0.704 0.709
Item 1 Item 3
Item 2 0.657 Item 5 0.664
3. Procedimento
43
encontravam a iniciar e a meio. Aos que finalizavam o processo, a recolha dos
dados foi efectuada no final da sessão de júri.
O preenchimento dos três questionários efectuou-se sempre na mesma
sequência em todos os casos, num só momento que decorreu em ambiente de
sala de aula durante cerca de 15 a 20 minutos.
44
resultados que a minúcia do teste de Turkey permite (Anexo 1), podemos
verificar que entre os indivíduos do início da formação e os indivíduos do final
os valores confirmam o aumento da motivação no final da formação, pois é
entre estes dois grupos que as diferenças globais apresentam maior grau
estatisticamente significativo, especificamente: motivação intrínseca para
aprender, motivação intrínseca para alcançar metas e motivação extrínseca
para a identificação apresentando todas o mesmo valor de p=.000; motivação
intrínseca para se sentir estimulado apresenta um valor de p=.003; motivação
extrínseca para regulação interna um valor de p=.001; e por último a motivação
extrínseca para regulação externa um valor de p=.004.
Entre o grupo do meio e fim da formação, apesar de apresentarem
diferenças significativas, verifica-se uma ligeira diminuição dos valores de
significância que variam entre p=.015 e p=.033.
Descrevendo os resultados do teste de Tukey, representados na tabela
do Anexo 1, verificamos a existência das seguintes diferenças significativas
globais entre os grupos:
Grupo inicial vs grupo do meio – motivação intrínseca para aprender e
motivação intrínseca para alcançar metas o mesmo valor de p=.009; motivação
extrínseca para a identificação o valor de p=.027.
Grupo inicial vs grupo final – motivação intrínseca para aprender,
motivação intrínseca para alcançar metas e motivação extrínseca para a
identificação o mesmo valor de p=.000; motivação intrínseca para se sentir
estimulado o valor de p=.003; motivação extrínseca para regulação interna o
valor de p=.001; motivação extrínseca para regulação externa o valor de
p=.004.
Grupo final vs grupo do meio – motivação intrínseca para aprender o
valor de p=.021; motivação intrínseca para alcançar metas o valor de p=.033;
motivação intrínseca para se sentir estimulado e motivação extrínseca para a
identificação o mesmo valor de p=.015; motivação extrínseca para regulação
interna o valor de p=.025; motivação extrínseca para regulação externa o valor
de p=.020.
45
Deste modo, constatamos que este teste demonstra que há diferenças
estatisticamente significativas no cruzamento do grupo inicial e o grupo final.
No entanto, o mesmo teste indica-nos que não se verificaram diferenças
significativas globais entre o grupo inicial e o grupo do meio nos factores da
motivação: intrínseca para se sentir estimulado (p=.593), extrínseca para
regulação interna (p=.252) e extrínseca para regulação externa (p=.618).
No factor amotivação, não se verificou nenhuma diferença
estatisticamente significativa no cruzamento entre os três grupos, com valores
a variarem entre p=.265 e p=.760. Este resultado na amotivação demonstra
coerência nas respostas dos formandos.
Fomos analisar as médias para sabermos se a nossa hipótese se
verifica. Ao observarmos as médias na tabela descritiva do Anexo 1 verificamos
a confirmação da evolução motivacional dos formandos ao longo do percurso
formativo. A escala aplicada para esta variável é formada por sete pontos que
vão desde nenhuma correspondência, pouca correspondência, moderada
correspondência, muita correspondência, total correspondência, ao que foi
atribuída 1 para nenhuma, 2 e 3 para pouca, 4 para moderada, 5 e 6 para
muita e 7 para total. Assim, por verificamos que o grupo inicial apresenta uma
média que se situa entre pouca correspondência e moderada correspondência
motivacional, enquanto a média do grupo final apresenta uma diferença
significativamente maior, situando-se na escala em – muita correspondência
motivacional, podemos concluir que se confirma a nossa hipótese.
A nossa outra hipótese refere que os formandos do género masculino
demonstram maior motivação comparativamente aos formandos do género
feminino. De forma a podermos testar esta hipótese utilizamos o teste t de
Student para amostras independentes para sabermos se havia diferenças
significativas entre cada um dos géneros que apontassem no sentido do nosso
pressuposto.
Os valores que encontramos (Anexo 2) permitem-nos verificar níveis de
significância inferiores a p < .05 para dois factores respeitantes à motivação
intrínseca e a um factor da motivação extrínseca. Sendo respectivamente valor
estatisticamente significativo na motivação intrínseca para aprender t(103)=
46
2.262, p = .026, valor muito significante na motivação intrínseca para se sentir
estimulado t(103)= 2.858, p = .005 e valor significante na motivação extrínseca
para regulação interna t(103)= 2.559, p = .012. O que significa haver
efectivamente diferenças significativas entre mulheres e homens apenas em
três dos seis factores testados, sendo essa incidência, maior no que diz
respeito à motivação intrínseca.
Para verificarmos se as análises comparativas entre géneros
confirmavam em termos médios o que postulávamos, testamos as médias
(Anexo 2) e constatamos que nos factores motivação intrínseca para aprender
tem uma média de M= 5.41 para as mulheres e M= 4.77 para os homens,
motivação intrínseca para se sentir estimulado tem uma média de M= 4.65 para
as mulheres e M= 3.83 para os homens e motivação extrínseca para regulação
interna M= 5.27 para as mulheres e M= 4.47 para os homens.
Deste modo, apesar de globalmente tanto homens quanto mulheres
apresentarem motivação superior no final da formação, podemos afirmar que
nos factores onde se verificam diferenças significativas, as mulheres,
apresentam uma média de motivação mais elevada em cada um desses
factores. Assim, podemos afirmar que a nossa hipótese não se confirmou.
Tivemos, também, como objectivos analisar diferenças no nível a
frequentar e idade dos formandos, para tal, também utilizamos o teste t de
Student.
Quanto ao nível a frequentar, não encontramos diferenças significativas
entre os níveis básico e secundário em nenhum dos factores da motivação,
nomeadamente: na motivação intrínseca para aprender t(103)= -.148, p= .883,
na motivação intrínseca para alcançar metas t(103)= .436, p= .664, na
motivação intrínseca para se sentir estimulado t(103)= .927, p= .356, na
motivação extrínseca para a identificação t(103)= -.168, p=.867, na motivação
extrínseca para regulação interna t(103)= 1.120, p= .265, motivação extrínseca
para regulação externa t(103)= .701, p= .485 (Anexo 2). Isto leva-nos a concluir
que o nível de formação que os formandos frequentam não tem impacto
significativo na sua motivação.
47
A única diferença significativa encontrada no nível a frequentar foi no
factor amotivação t (103)= 3.738, p= .000, onde o nível básico tem uma média
de M= 3.28 e o secundário tem uma média de M= 2.15, o que nos indica que
apesar de globalmente, ambos os níveis, apresentarem motivação, o nível
básico tem mais falta de motivação que o secundário.
Quanto à idade, só identificamos diferenças significativas em dois
factores: Motivação extrínseca para a identificação t(103)= 3.96, p= .000 e
motivação extrínseca para regulação externa t(103)= 3.71, p= .000 (Anexo 2).
Ao testarmos as médias verificamos que no primeiro factor o grupo com mais
de 49 anos apresenta menor motivação (M= 3.97; SD= 1.77)
comparativamente ao grupo mais jovem (M= 5.22; SD= 1.40) e no segundo
factor as médias vão no mesmo sentido, o grupo mais velho a manifestar
menor motivação (M= 3.80; SD= 1.62) em comparação ao grupo mais jovem
(M= 4.91; SD= 1.43). Isto significa que embora globalmente todos apresentem
muita motivação, de acordo com a escala, o grupo mais jovem é
significativamente mais motivado naqueles dois factores.
Terminada a apresentação de resultados da variável motivação,
passaremos agora ao detalhe da auto-estima.
A nossa principal hipótese testada refere que no que diz respeito à auto-
estima dos formandos esta irá sendo progressivamente superior à medida que
a formação avança. Portanto, levamos a cabo uma ANOVA – oneway para
sabermos se os três grupos de formandos (fase inicial, fase intermédia e final)
apresentavam diferenças significativas na direcção postulada.
O valor de F encontrado (Anexo 3) foi de (F(2,104) = 7.002, p=.001), o
que globalmente indica que há de facto diferenças significativas entre os três
grupos. Para sabermos se as diferenças globais encontradas se reportam a
cada um dos três pares, isto é, ao grupo da fase inicial quando comparado ao
grupo da fase intermédia, ao grupo da fase intermédia quando comparado ao
grupo da fase final, e, ao grupo da fase final quando comparado ao grupo da
fase inicial, levamos a cabo um teste de Tukey. De facto este teste indica que
há diferenças significativas entre o grupo da fase inicial e da fase intermédia
48
(p= .019) e da fase final (p= .001) mas não há diferenças significativas entre o
grupo da fase intermédia e o grupo da fase final (p= .353), ver Anexo 3.
Para saber se a nossa hipótese se verifica temos que examinar as
médias correspondentes a cada par. Deste modo, como está indicado na
análise do Anexo 3, o grupo na fase inicial tem uma média de M= 2.11, o da
fase intermédia tem uma média de M= 1.89 e o da fase final uma média de M=
1.78. Uma vez que a escala utilizada tem quatro pontos do concordo bastante,
concordo, discordo e discordo bastante, aos quais foram atribuídos 1,2,3,4
respectivamente, poderemos concluir que apesar de a média do grupo inicial
revelar auto-estima positiva é significativamente inferior à dos outros dois
grupos.
Portanto, concluímos que a nossa hipótese se confirma.
Quando testamos, através do teste t de Student, a outra hipótese que
refere a auto-estima mais elevada nos homens comparativamente às mulheres,
não encontramos diferenças estatisticamente significativas t(105)= .837, p
=.404 (Anexo 4). De facto, ao observarmos os valores das médias obtidas para
o género feminino (M= 1.96; SD=.389) e para o género masculino (M= 1.90;
SD= .344), verificamos que ambos apresentam elevada auto-estima. Isto indica
que não se confirma a nossa hipótese.
Para ir ao encontro de um dos nossos objectivos, também quisemos
saber se havia diferenças significativas da auto-estima no nível a frequentar e
na idade. Para a primeira variável independente o valor da auto-estima total
encontrado foi t(103)= 1.599, p = .113 e para a segunda foi de t(105)= 1.883,
p= .062. O que nos permite concluir que a auto-estima não tem diferenças
significativas tanto ao nível a frequentar como na idade.
49
A nossa amostra é constituída por 105 participantes que frequentavam a
Iniciativa Novas Oportunidades no processo de RVCC escolar. Destes 41% são
mulheres; 59% são homens; frequentavam o nível básico 64% e o nível
secundário 36%; todos desempregados. Os participantes foram divididos em
três grupos de análise: grupo de início (n=29); grupo do meio (n=50); grupo do
fim (n=26). Para a recolha dos dados utilizamos três instrumentos
anteriormente explanados: um questionário sociodemográfico; uma escala de
motivação e uma escala de auto-estima.
Para garantir a fiabilidade da relação dos efeitos das nossas variáveis
independentes sobre as variáveis dependentes em análise procedemos de
forma a obter dados de uma amostra estável. Para tal, a nossa recolha teve em
conta: participantes que tinham o mesmo nível de frequência presencial na
formação; ambos os grupos – início e meio – preencheram as escalas no início
das sessões de acompanhamento, sem pressão de tempo ou de outra ordem,
sempre na presença do investigador; o mesmo procedimento teve o grupo do
fim, com a diferença das escalas serem passadas no final da sessão de júri; os
respondentes fizeram o preenchimento de forma individual, voluntária e com
grande disponibilidade colaborativa.
Começamos por testar a primeira hipótese que refere essencialmente
um impacto positivo nos formandos do processo RVCC, a qual se pôde
confirmar em ambas as variáveis. No que respeita à motivação concluímos que
os formandos que terminam o processo formativo estão globalmente mais
motivados comparativamente aos formandos que iniciam. Os resultados
gerados pela análise das diferenças motivacionais entre os grupos demonstram
que entre o grupo inicial e o grupo final é onde se verificam valores
representativos de maiores diferenças do que entre estes dois grupos
comparativamente ao grupo do meio, corroborando assim a nossa hipótese.
Esta hipótese está confirmada por diversos artigos que sustentam a ideia de
que o processo de RVCC tem um impacto positivo nos formandos, levando-os
inclusivamente, em muitos casos, a continuar os estudos (Almeida, 2003;
CIDEC, 2006; Quintas, 2008;)
50
Poderemos explicar este facto na medida em que os adultos, perante
contextos de aprendizagem, se sentem mais motivados ao compreenderem
vantagens e benefícios de determinado conhecimento, assim como das
consequências do seu desconhecimento (Quintas 2008). Esta ideia pode
sustentar as conclusões de Almeida (2003) que refere haver duas razões que
motivam as pessoas a realizarem o processo de RVCC: progressão na carreira
e realização pessoal.
Os resultados apresentados na secção anterior, ao nível da motivação
intrínseca, permitem-nos inferir que a realização do processo de RVCC tem um
efeito positivo nos formandos para as questões internas dos próprios
indivíduos. Corroborando a motivação como um dos indicadores de
diferenciação das aprendizagens nos adultos, os quais detêm uma motivação
intrínseca alimentada pela definição de objectivos individuais, tornando este
processo formativo mais consequente e com mais sentido para os formandos
(Quintas, 2008).
A circunstância de no nosso estudo os factores analisados, da
motivação intrínseca e extrínseca, aumentarem em valor de significância à
medida que se desenvolve o processo formativo, pode encontrar justificação na
possibilidade do adulto ter atingido maturidade e experiência vivenciada que
pode utilizar como recurso para a aprendizagem, o que o capacita para auto
direccionar a sua aprendizagem e aprendendo no sentido da resolução de
problemas concretos, sendo uma atitude voluntária a sua participação
(Knowles, 1980).
O relatório final do CIDEC (2006) refere a importância da promoção da
motivação destes formandos para a aprendizagem e que, para adultos
certificados e inquiridos em 2003, “o RVCC tem um impacto positivo na
motivação dos adultos para investirem em aprendizagens formais ao longo da
vida” (CIDEC, 2006, p.126), daí que 39% de ex-formandos tenham prosseguido
os estudos. Isto pode explicar o facto de verificarmos, no presente estudo, a
diferença significativa da motivação entre o grupo do início comparativamente
ao grupo do final. Os formandos poderiam ter desenvolvido, de acordo com
estas afirmações, um interesse para o prosseguimento dos estudos e esse
51
interesse funcionar como factor motivacional. Não consideramos este factor no
nosso estudo, mas parece-nos importante analisa-lo em futuros estudos.
Observando os testes que realizamos e de acordo com Deci e Ryan
(2008), referidos no enquadramento teórico, podemos considerar que os
formandos se sentem motivados pelas condições proximais socioculturais em
que se encontram com esta nova etapa da vida, influenciando o seu
desempenho formativo e a forma como encaram as consequências das suas
actuais acções como uma progressão na vida e na carreira profissional.
Podemos também considerar, de acordo com Feldman (2001), que os
formandos, movidos por uma motivação intrínseca, à medida que o processo
RVCC vai decorrendo, desenvolvem interesse pelas actividades da formação
pelo próprio prazer que as tarefas lhes oferecem. Em contrapartida, são
motivados extrinsecamente a participar nas mesmas actividades, por
percepcionarem como recompensa tangível um futuro, pessoal ou profissional,
melhor no final da formação.
Deste modo, essa ambivalência constatada no nosso estudo é
consistente com os estudos de Vallerand (2012), quando refere os factores
internos e externos como influenciadores da motivação dos indivíduos.
Na dimensão género, da nossa segunda hipótese, apesar de no
presente estudo não podermos afirmar taxativamente que, contrariamente ao
que postulamos, as mulheres se sentem globalmente mais motivadas em
relação aos homens, são elas que neste estudo apresentam uma
predisposição motivacional maior para questões internas (Anexo 2). Para
explicar este resultado temos que ter em conta que apesar de socialmente as
mulheres serem consideradas mais orientadas para a comunidade, na medida
em que esperam delas atitudes mais calorosas e carinhosas, sensibilidade às
necessidades dos outros e mais focadas no grupo, enquanto dos homens se
espera uma orientação para o agenciamento, portanto, mais assertivo e
confiante, mais focado individualmente e dominante sobre os outros (Prentice &
Carranza, 2002), há estudos a demonstrar uma tendência crescente para as
mulheres comprovarem a sua capacidade de agência numa forma masculino-
estereotipada de características ao longo do tempo (Twenge, 2001).
52
Os resultados apurados demonstram que os níveis de escolaridade não
apresentam diferenças motivacionais, o que pode ser indicativo de um grande
desejo de aprender e ser reconhecido nas suas competências daqueles que
têm baixos níveis académicos, de modo que tanto os que pretendem o nível
básico como os que pretendem o nível secundário sentem motivação para o
conseguirem. No entanto, ao nível da idade, no grupo mais jovem,
encontramos diferenças que se prendem com motivos externos, o que nos leva
a crer que poderá relacionar-se com alguma inconformidade própria do estádio
em que se encontram e uma maior importância a estímulos externos, enquanto
os mais velhos apesar de motivados estarão mais conformados com a sua
condição.
No que respeita à variável auto-estima também pudemos confirmar a
nossa primeira hipótese, isto é, ao compararmos os grupos entre si verificamos
que estes apresentavam uma auto-estima mais elevada no final da formação,
esta confirmação é consistente com outros estudos que abordam o binómio
RVCC/ auto-estima (Almeida, 2003; Carneiro et al., 2010; CIDEC, 2004, 2006;
Quintas, 2008) onde se considera um efeito positivo da auto-estima nos
formandos que realizam o processo RVCC.
Podemos deduzir do resultado apurado que a nossa hipótese teve
confirmação do impacto da auto-estima, na medida em que se trata de uma
aprendizagem com significado para o formando, o que o leva a relacionar o seu
envolvimento com o que aprende e o seu mundo, valorizando assim outros
saberes, seus, úteis no espaço de formação, além de reforçar a auto-estima
(Quintas, 2008).
O estudo do CIDEC (2004), refere efeitos principalmente de ordem
pessoal no âmbito do autoconhecimento, auto valorização e auto-estima.
Inclusive, acrescenta ainda que no período de 2001-2003 o processo de RVCC
contribuiu para o aumento da empregabilidade, importa referir que uma parte
dos elementos que participaram nesse estudo estava desempregada, portanto,
uma amostra homóloga à nossa. Tal como hoje, essa, foi uma época
desfavorável ao mercado de trabalho e pelo que parece a perspectiva de
emprego através de uma certificação terá tido impacto positivo na auto-estima.
53
Este mesmo estudo, alude à influência do certificado para uma transição de
desempregado para empregado, embora os resultados não sustentam
claramente esta relação, somos levados a pensar que os nossos resultados
também podem ser justificados por influência da certificação, percepcionada
pelos formandos como factor capaz de alterar o seu estado actual.
É possível que o nosso resultado, de auto-estima, tenha uma relação
directa com o facto de a nossa amostra ser constituída apenas por elementos
que frequentam o programa ao abrigo do Despacho n.º 17658/2010, portanto,
pessoas desempregadas, inscritas no IEFP e que são convocadas por este
instituto para frequentar o PNO. Não encontramos estudos que avaliem as
dimensões da auto-estima da população que se viu envolvida pelo referido
despacho governamental. Mas poderão ter depositado nesta formação uma
esperança para se valorizarem e, ao mesmo tempo, saírem da situação de
desemprego.
No entanto, há estudos que indicam o desemprego como factor
perturbador do indivíduo, principalmente na diminuição do bem-estar
psicológico e numa baixa de Auto-estima (Kaufman, 1982; Frost & Clayson,
1991).
Se determinadas sensações intrínsecas ao indivíduo afectam a sua
auto-estima, então podemos perceber a existência de semelhanças entre os
sentimentos de auto-estima e os sentimentos de prazer em experienciar
sensações estimulantes, como no processo RVCC, as quais são avaliadas pelo
factor motivação intrínseca para se sentir estimulado, suportadas pela premissa
de que a motivação intrínseca implica um comportamento que resulta de uma
actividade que por si só é interessante e satisfaz espontaneamente (Deci &
Ryan, 2008).
Os resultados que encontramos podem ser a expressão de reacções
emocionais de auto-avaliação pela importância que a formação tem nas suas
vidas. Os formandos poderão ter experimentado uma sensação prazerosa ao
sentirem-se valorizados, reconhecidos e por aprenderem novos conteúdos que
os leva a expressar uma elevada auto-estima (Brown & Marshall, 2006).
54
No entanto, não podemos deixar de considerar outro aspecto também
referido no enquadramento teórico por Brown e Marshall (2006), os formandos
podem ter ganho mais autoconfiança ao frequentarem a formação e ao serem
avaliados neste estudo para a auto-estima, terem respondido em relação à sua
autoconfiança.
A segunda hipótese refere que o género masculino demonstra mais
auto-estima comparativamente ao género feminino, mas não foi confirmada na
medida que em termos de auto-estima total não foram encontradas diferenças
significativas entre os dois géneros, no entanto, as mulheres apresentam
ligeiramente tendência para mais auto-estima. Sendo a nossa amostra formada
por desempregados, podemos dizer que os resultados obtidos quanto ao
género, são explicados pelo CIDEC (2006) indicando que parece haver um
efeito benéfico do RVCC na inserção profissional dos desempregados, em
especial pelas mulheres.
Para responder a um dos nossos objectivos também analisamos as
diferenças das variáveis dependentes quanto à idade e ao nível a frequentar. O
que encontramos foi a inexistência de diferenças em ambas as variáveis.
Como o presente estudo é de carácter exploratório e quantitativo e
considerando os estudos anteriormente referidos, sobre a relação RVCC/Auto-
estima, terem usado uma metodologia qualitativa, parece-nos que para obter
resultados mais precisos será necessário, em futuros trabalhos, fazer o estudo
desta temática de forma longitudinal e quantitativa. Parece-nos importante
analisar mais variáveis que influenciam o indivíduo no que respeita às variáveis
dependentes aqui estudadas, de forma a ser mais conclusivo.
Parece-nos pertinente aludir ao que consideramos limitativo na
realização deste estudo até ao momento da recolha de dados circunscrevendo-
se, principalmente, à sua tipologia de carácter transversal e exploratória e pelo
número limitado de sujeitos em estudo, o que se prende com constrangimentos
temporais e de recursos relacionados com a razão de ser um estudo no âmbito
do mestrado. Daí que o nosso propósito consista em realizar um estudo
preliminar sobre esta temática, permitindo uma visão do impacto das variáveis
55
psicológicas dependentes, nos sujeitos compelidos a integrar a Iniciativa Novas
Oportunidades, sem generalizar os dados.
Por último, cabe-nos reflectir sobre a actual conjuntura com tendência ao
aumento do desemprego e, consequentemente, maior número de afluência
para o processo de RVCC por força do despacho do Governo n.º 17658/2010.
Como reagirão os que ficarão abrangidos por esta normativa e que
impacto terá na auto-estima e motivação desses formandos ao se depararem
com uma incerteza de futuro pessoal e profissional? Que motivação terão e
como estará a auto-estima destes adultos que tendo sido renegados ao
trabalho, desejam agora através de um reconhecimento de competências e
uma certificação obter uma melhoria, mas que irão encontrar um mercado de
trabalho mais exigente, pois o aumento de mão-de-obra permite um maior
leque de escolha da parte do empregador.
Perante este cenário, haverá diferenças de motivação e auto-estima nos
participantes deste estudo quando estiverem perante a procura de trabalho e
encontrarem um mercado saturado de ofertas e selectivo para com os adultos
como eles?
Vamos acreditar que a sua auto-estima aumentou porque se valorizaram
e viram no mercado esse reconhecimento e acolhimento de progressão
profissional, e a motivação também porque se sentem agora com bagagem
para prosseguir os estudos e motivados para ingressar no ensino superior.
56
Conclusão
57
formandos a prosseguirem os estudos – assim eles sejam apoiados com alto
nível e exigência, também.
No tocante à auto-estima, os estudos referidos nesta investigação fazem
menção a um impacto positivo por força dos benefícios do processo de RVCC,
facto abundante na literatura sobre esta temática. A nossa análise da mesma
variável, leva-nos a concluir que a auto-estima se manifesta positivamente. Na
conclusão do percurso formativo é, também, maior comparativamente ao início.
Concluímos que globalmente os formandos do processo de RVCC se sentem
valorizados durante o percurso formativo, terminando com elevados níveis de
auto-estima.
Identificamos na nossa amostra um factor diferenciador dos outros
estudos – os participantes do nosso estudo estavam todos a frequentar o
processo de forma compelida, por consequência do despacho governamental.
No entanto os resultados deste estudo indicam a mesma direcção dos vários
estudos referidos as secções anteriores (Almeida, 2003; Brown & Marshall,
2006; Carneiro et al., 2010; CIDEC, 2004, 2006; Quintas, 2008).
Também testámos as dimensões idade e nível a frequentar a fim de
verificar possíveis diferenças significativas, mas não obtivemos resultados
suficientes que nos indicassem efeitos relevantes para o objectivo do nosso
estudo (Anexo 2; Anexo 4), com excepção dos mais jovens relativamente a
motivos externos (Anexo 2). Esses motivos podem estar relacionados com a
ideia de ainda terem tempo para recuperar tempo perdido e prosseguir os
estudos a nível superior ou outra recompensa pessoal tangível.
Assim, concluímos que nestas duas dimensões os formandos
demonstram níveis de motivação e auto-estima com uma certa
homogeneidade.
Por contingências de tempo, para a realização deste estudo, tivemos
que avaliar três grupos em fases diferentes – inicio, meio e fim – idealmente
seria estudar um grupo longitudinalmente usando de forma combinada os
métodos qualitativos e quantitativos e assim sermos mais categóricos no efeito
sobre as variáveis, na medida em que isto nos permitiria esclarecer melhor o
58
modo como o processo de RVCC influencia os formandos nas dimensões da
motivação e auto-estima.
Seria também de interesse verificar de que modo os formadores têm um
papel determinante, junto dos formandos, na promoção das variáveis que
estudamos e fazer uma distinção entre efeitos respeitantes ao próprio processo
e efeitos mistos, isto é, distinguir entre a disposição natural do formado para
aprender e essa disposição conjuntamente com a influência dos formadores.
59
Bibliografia
60
Cavaco, C. (2002). Aprender fora da escola. Percursos de formação
experiencial. Lisboa, Portugal: Educa.
Deci, E., e Ryan, R. (2000). The “what” and “why” of goal pursuits: Human
needs and the self-determination of behavior. Psychological Inquiry, 11,
227–268.
61
DGVF (2006). Referencial de Competências-Chave para a Educação e
Formação de Adultos - Nível Secundário: Guia de Operacionalização.
Lisboa, Portugal: DGFV
Freud, S. (1962). The ego and the id. New York, NY, USA: Norton (publicado
originalmente em 1923).
62
Legendre, M. (2001). Contribuição do modelo da equilibração para o estudo da
aprendizagem do adulto. In C. Solar, & C. Denis (Orgs), Aprendizagem e
desenvolvimento de adultos (pp.155-216). Lisboa, Portugal: Instituto
Piaget.
Lima, L., Pacheco, J., Esteves, M., e Canário, R. (2006). A Educação em
Portugal (1986-2006). Alguns contributos de investigação. Lisboa,
Portugal: Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação.
Maroco, J. (2007). Análise estatística com utilização do SPSS (3ª ed.). Lisboa,
Portugal: Edições Sílabo.
Maslow, A. (1998). Toward A Psychology Of Being (3ª ed.). New York, NY,
USA: John Wiley and Sons.
Prentice, D. e Carranza, E. (2002). What women and men should be, shouldn’t
be, are allowed to be, and don’t have to be: The contents of prescriptive
gender stereotypes. Psychology of Women Quarterly, 26, 269–281.
63
Quintas, H. (2008). Educação de Adultos: vida no currículo e currículo na vida.
Lisboa, Portugal: Agência Nacional para a Qualificação.
64
Twenge, J. (2001). Changes in women’s assertiveness in response to status
and roles: A cross-temporal meta-analysis, 1931-1993. Journal of
Personality and Social Psychology, 81, 133–145.
Vallerand, R., Pelletier, L., Blais, M., Brière, N., Senécal, C. e Vallières, E.
(1992). The Academic Motivation Scale: a measure of intrinsic, extrinsic,
and amotivation in education. Educational and Psychological
Measurement 52, 1003-1017.
Vallerand, R., Pelletier, L., Blais, M., Brière, N., Senécal, C. e Vallières, E.
(1993). On the assessment of intrinsic, extrinsic and amotivation in
education: evidence on the concurrent and construct validity of the
Academic Motivation Scale. Educational and Psychological
Measurement 53, 160-172.
LEGISLAÇÃO
Despacho n.º 17658/2010, de 25 de Novembro.
Portaria nº 370/2008, DR 98, Série I, de 2008-05-21.
Portaria nº 73/2010, DR 24, Série I, de 2010-02-04.
Links
http://www.iefp.pt/Paginas/Home.aspx
65
ANEXOS
66
Anexo 1
Análise da motivação entre grupos
67
Descriptives
N Mean Std. Deviation Std. Error Lower Bound Upper Bound Minimum Maximum
68
ANOVA
69
Tukey HSD Multiple Comparisons
(I) (J) 95% Confidence Interval
Dependent Identifição Identifiçã Mean Difference
Variable sujeito o sujeito (I-J) Std. Error Sig. Lower Bound Upper Bound
*
1 2 -,91621 ,30402 ,009 -1,6393 -,1931
Motv. Intrínseca
*
3 -1,76890 ,35177 ,000 -2,6056 -,9322
para *
aprender 2 1 ,91621 ,30402 ,009 ,1931 1,6393
*
3 -,85269 ,31492 ,021 -1,6017 -,1037
*
3 1 1,76890 ,35177 ,000 ,9322 2,6056
*
2 ,85269 ,31492 ,021 ,1037 1,6017
*
1 2 -,98397 ,32703 ,009 -1,7618 -,2061
Motv. Intrínseca *
3 -1,84781 ,37841 ,000 -2,7478 -,9478
para alcançar *
metas 2 1 ,98397 ,32703 ,009 ,2061 1,7618
*
3 -,86385 ,33877 ,033 -1,6696 -,0581
*
3 1 1,84781 ,37841 ,000 ,9478 2,7478
*
2 ,86385 ,33877 ,033 ,0581 1,6696
1 2 -,32534 ,33277 ,593 -1,1168 ,4661
Motv. intrínseca *
Para se sentir 3 -1,30073 ,38505 ,003 -2,2165 -,3849
estimulado 2 1 ,32534 ,33277 ,593 -,4661 1,1168
*
3 -,97538 ,34471 ,015 -1,7952 -,1555
*
3 1 1,30073 ,38505 ,003 ,3849 2,2165
*
2 ,97538 ,34471 ,015 ,1555 1,7952
*
Motiv. extrínseca 1 2 -,95931 ,36516 ,027 -1,8278 -,0908
para a 3 -2,03316
*
,42253 ,000 -3,0381 -1,0282
identificação *
2 1 ,95931 ,36516 ,027 ,0908 1,8278
*
3 -1,07385 ,37826 ,015 -1,9735 -,1742
*
3 1 2,03316 ,42253 ,000 1,0282 3,0381
*
2 1,07385 ,37826 ,015 ,1742 1,9735
1 2 -,56483 ,35376 ,252 -1,4062 ,2766
Motiv. extrínseca *
3 -1,53714 ,40933 ,001 -2,5107 -,5636
para a regulação
interna 2 1 ,56483 ,35376 ,252 -,2766 1,4062
*
3 -,97231 ,36645 ,025 -1,8439 -,1007
*
3 1 1,53714 ,40933 ,001 ,5636 2,5107
*
2 ,97231 ,36645 ,025 ,1007 1,8439
1 2 -,34017 ,36276 ,618 -1,2030 ,5226
Motiv. extrínseca *
3 -1,36671 ,41974 ,004 -2,3650 -,3684
para a regulação
externa 2 1 ,34017 ,36276 ,618 -,5226 1,2030
*
3 -1,02654 ,37577 ,020 -1,9203 -,1328
*
3 1 1,36671 ,41974 ,004 ,3684 2,3650
*
2 1,02654 ,37577 ,020 ,1328 1,9203
amotivação 1 2 ,25879 ,36626 ,760 -,6123 1,1299
3 ,66379 ,42380 ,265 -,3442 1,6718
2 1 -,25879 ,36626 ,760 -1,1299 ,6123
3 ,40500 ,37940 ,536 -,4974 1,3074
3 1 -,66379 ,42380 ,265 -1,6718 ,3442
2 -,40500 ,37940 ,536 -1,3074 ,4974
70
Anexo 2
Análise da motivação quanto a:
género, nível a frequentar e idade
71
Group Statistics Género
sexo N Mean Std. Deviation Std. Error Mean
72
Independent Samples Test Género
Levene's Test for
Equality of
Variances t-test for Equality of Means
95% Confidence
Interval of the
Difference
Mean Std. Error
Sig. (2- Differenc Differenc
F Sig. t df tailed) e e Lower Upper
Equal ,658 ,419 2,262 103 ,026 ,63456 ,28057 ,07811 1,19102
Motv.
variances
Intrínseca assumed
para Equal 2,274 92,134 ,025 ,63456 ,27911 ,08025 1,18888
aprender variances not
assumed
Equal ,803 ,372 1,908 103 ,059 ,57671 ,30225 -,02273 1,17615
Motv.
variances
Intrínseca assumed
para alcançar Equal 1,951 96,968 ,054 ,57671 ,29561 -,00999 1,16341
metas variances not
assumed
Equal ,099 ,754 2,858 103 ,005 ,82052 ,28713 ,25106 1,38998
Motv.
variances
intrínseca assumed
Para se Equal 2,879 92,843 ,005 ,82052 ,28497 ,25461 1,38643
sentir variances not
estimulado assumed
Motiv. Equal ,052 ,820 1,754 103 ,082 ,59152 ,33724 -,07731 1,26036
extrínseca variances
para a assumed
identificação Equal 1,749 89,521 ,084 ,59152 ,33826 -,08054 1,26358
variances not
assumed
Equal ,230 ,633 2,559 103 ,012 ,79342 ,31004 ,17852 1,40831
Motiv.
variances
extrínseca assumed
para a Equal 2,539 87,964 ,013 ,79342 ,31247 ,17245 1,41438
variances not
regulação assumed
interna
Equal ,011 ,915 1,842 103 ,068 ,58702 ,31873 -,04510 1,21914
Motiv.
variances
extrínseca assumed
para a Equal 1,845 91,046 ,068 ,58702 ,31817 -,04498 1,21902
variances not
regulação assumed
externa
amotivação Equal ,138 ,711 ,955 103 ,342 ,29829 ,31226 -,32101 ,91759
variances
assumed
Equal ,962 92,662 ,339 ,29829 ,31010 -,31753 ,91411
variances not
assumed
73
Group Statistics Nível a Frequentar
nivel a
frequentar N Mean Std. Deviation Std. Error Mean
74
Independent Samples Test Nível a Frequentar
Levene's Test for
Equality of Variances t-test for Equality of Means
95% Confidence
Interval of the
Difference
75
Group Statistics Idade
Idade N Mean Std. Deviation Std. Error Mean
76
Independent Samples Test Idade
Levene's Test for
Equality of
Variances t-test for Equality of Means
95% Confidence
Interval of the
Difference
Sig. (2- Mean Std. Error
F Sig. t df tailed) Difference Difference Lower Upper
Equal 3,003 ,086 1,507 103 ,135 ,42157 ,27976 -,13327 ,97640
Motv.
variances
Intrínseca assumed
para Equal 1,515 101,237 ,133 ,42157 ,27824 -,13037 ,97351
aprender variances not
assumed
Equal 2,324 ,130 ,572 103 ,568 ,17293 ,30211 -,42624 ,77210
Motv.
variances
Intrínseca assumed
para alcançar Equal ,575 101,337 ,566 ,17293 ,30050 -,42316 ,76902
metas variances not
assumed
Equal 2,335 ,130 ,618 103 ,538 ,18110 ,29295 -,39990 ,76210
Motv.
variances
intrínseca assumed
Para se Equal ,622 100,761 ,535 ,18110 ,29122 -,39662 ,75882
sentir variances not
estimulado assumed
Motiv. Equal 2,367 ,127 3,966 103 ,000 1,24374 ,31363 ,62172 1,86575
extrínseca variances
para a assumed
identificação Equal 3,992 99,894 ,000 1,24374 ,31154 ,62565 1,86182
variances not
assumed
Equal ,570 ,452 1,747 103 ,084 ,54167 ,31004 -,07321 1,15655
Motiv.
variances
extrínseca assumed
para a Equal 1,753 102,661 ,083 ,54167 ,30901 -,07121 1,15454
variances not
regulação assumed
interna
Equal ,848 ,359 3,712 103 ,000 1,11111 ,29932 ,51748 1,70475
Motiv.
variances
extrínseca assumed
para a Equal 3,726 102,518 ,000 1,11111 ,29824 ,51959 1,70263
variances not
regulação assumed
externa
amotivação Equal ,695 ,407 -1,427 103 ,157 -,43600 ,30559 -1,04206 ,17006
variances
assumed
Equal -1,429 102,994 ,156 -,43600 ,30501 -1,04092 ,16892
variances not
assumed
77
Anexo 3
Análise da auto-estima entre grupos
78
Auto-estima Total
N Mean Std. Deviation Std. Error Lower Bound Upper Bound Minimum Maximum
ANOVA
Auto-estima Total
Multiple Comparisons
Auto-estima Total
Tukey HSD
79
Anexo 4
Análise da auto-estima quanto a:
género, nível a frequentar e idade
80
Group Statistics
95% Confidence
Interval of the
Difference
Equal variances ,595 ,442 ,837 103 ,404 ,06047 ,07223 -,08278 ,20371
Auto-estima assumed
Total Equal variances ,819 83,130 ,415 ,06047 ,07385 -,08642 ,20735
not assumed
81
Group Statistics
nivel a
frequentar N Mean Std. Deviation Std. Error Mean
95% Confidence
Interval of the
Difference
Equal variances 2,541 ,114 1,599 103 ,113 ,11716 ,07326 -,02812 ,26245
Auto-estima assumed
Total Equal variances 1,539 68,577 ,128 ,11716 ,07612 -,03470 ,26903
not assumed
82
Group Statistics
95% Confidence
Interval of the
Difference
Equal variances ,016 ,899 -1,883 103 ,062 -,13203 ,07011 -,27107 ,00702
Auto-estima assumed
Total Equal variances -1,885 102,939 ,062 -,13203 ,07004 -,27094 ,00688
not assumed
83
Anexo 5
Alpha de Cronbach
84
Factor 1:
Reliability Statistics
Cronbach's
Alpha N of Items
,749 5
Item-Total Statistics
Cronbach's
Scale Mean if Scale Variance if Corrected Item- Alpha if Item
Item Deleted Item Deleted Total Correlation Deleted
Factor 2:
Reliability Statistics
Cronbach's
Alpha N of Items
,730 5
Item-Total Statistics
Cronbach's
Scale Mean if Scale Variance if Corrected Item- Alpha if Item
Item Deleted Item Deleted Total Correlation Deleted
85
Anexo 6
Consentimento informado
86
CONSENTIMENTO INFORMADO
O trabalho de investigação, intitulado “CONTRIBUIÇÃO DO PROGRAMA
NOVAS OPORTUNIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DA MOTIVAÇÃO
E AUTO-ESTIMA DOS FORMANDOS QUE O FREQUENTAM – Estudo de
Caso”, insere-se num estudo que decorre no âmbito do Mestrado em
Psicologia da Educação e Orientação e tem como principal objectivo analisar a
Motivação e Auto- estima entre os formandos na fase inicial do processo de
RVCC escolar e formandos que o finalizaram.
Assinatura: _____________________________________________
Data: ___________
87
Anexo 7
Pedido de autorização
88
Pedido de Autorização
Atenciosamente,
O Aluno, A Orientadora,
______________________ ______________________
89
Anexo 8
Questionário sociodemográfico
90
Este questionário e escalas que se seguem destinam-se a um estudo de
investigação científica, no âmbito de uma Tese de Mestrado em
Psicologia da Educação e Orientação.
QUESTIONÁRIO
91
Anexo 9
Escala de motivação académica de Vallerand
92
ESCALA DE MOTIVAÇÃO ACADÉMICA (AMS-HS 28)
Usando a escala abaixo, indique em que extensão cada um dos itens corresponde,
actualmente, a uma das razões porque vem para o programa “Novas Oportunidades”.
93
11. Porque para mim as Novas Oportunidades são divertidas. 1 2 3 4 5 6 7
21. Para mostrar a mim mesmo/a que sou uma pessoa inteligente. 1 2 3 4 5 6 7
94
Anexo 10
Escala de auto-estima de Rosenberg
95
ESCALA DE AUTO-ESTIMA
1. 2. 3. 4.
CONCORDO DISCORDO
BASTANTE CONCORDO DISCORDO BASTANTE
1 Sinto que
sou uma
pessoa de
valor, pelo CB C D DB
menos
num plano
de
igualdade
com os
outros.
2 Eu sinto
que tenho
uma série CB C D DB
de boas
qualidades
3 De tudo
em tudo,
estou
inclinado/a CB C D DB
a sentir
que sou
um
fracasso.
4 Sou capaz
de fazer
coisas tão
bem CB C D DB
quanto a
maioria
das
pessoas.
96
5 Sinto que
não tenho
muito do CB C D DB
que me
orgulhar.
6 Eu tomo
uma
atitude CB C D DB
positiva
para mim
mesmo/a.
7 No geral,
estou CB C D DB
satisfeito/a
comigo.
8 Eu
gostaria de
ter mais
respeito CB C D DB
por mim
mesmo/a.
9 Eu
certamente
sinto-me CB C D DB
inútil às
vezes.
10 Às vezes
penso que
não sou CB C D DB
bom/boa
em tudo.
97