Moçambique tem muitas línguas nativas faladas. O português foi escolhido como língua oficial para promover a unidade nacional, embora para muitos seja uma segunda língua aprendida na escola. O documento explica os conceitos de língua materna, segunda língua, oficial, veicular e dialeto.
Moçambique tem muitas línguas nativas faladas. O português foi escolhido como língua oficial para promover a unidade nacional, embora para muitos seja uma segunda língua aprendida na escola. O documento explica os conceitos de língua materna, segunda língua, oficial, veicular e dialeto.
Moçambique tem muitas línguas nativas faladas. O português foi escolhido como língua oficial para promover a unidade nacional, embora para muitos seja uma segunda língua aprendida na escola. O documento explica os conceitos de língua materna, segunda língua, oficial, veicular e dialeto.
Moçambique tem muitas línguas nativas faladas. O português foi escolhido como língua oficial para promover a unidade nacional, embora para muitos seja uma segunda língua aprendida na escola. O documento explica os conceitos de língua materna, segunda língua, oficial, veicular e dialeto.
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Ficha Informativa 1: Os conceitos de L1, LM, LEstrangeira, L2, LO, LPadrão
Para o aprimoramento do seu conhecimento, leia a informação abaixo:
Moçambique é um país linguisticamente heterogéneo, onde coexistem diversas línguas nativas de origem Bantu, faladas pela maioria da população, as Português e diversas línguas estrangeiras. Dada a diversidade linguística, após a independência nacional, foi muito difícil escolher uma das línguas nativas como língua nacional. Assim, Moçambique conferiu à língua portuguesa o estatuto de língua oficial, por ser a única que poderia reduzir as desigualdades entre as línguas nativas, desempenhando o papel de língua de unidade nacional, pois permite a intercomunicação entre moçambicanos oriundos de diferentes locais, ou seja, falantes de diferentes línguas nativas. Não obstante o estatuto privilegiado da língua portuguesa em Moçambique, esta é falada por 57% da população, de acordo com os dados do Censo de 2017 (ine.gov.mz). Na realidade, para muitos moçambicanos, em particular nas zonas rurais e suburbanas, o Português é uma língua segunda (língua não materna), geralmente aprendida na escola, por ter o papel de língua veicular do conhecimento científico e técnico em Moçambique. Por esta razão, cabe ao Professor, à escola e à comunidade encontrar estratégias que possam conduzir à motivação para a aprendizagem da língua portuguesa, mostrando as vantagens da sua aprendizagem. A língua portuguesa é usada frequentemente nas instituições públicas e privadas e na interacção com outros povos, promovendo, assim, a integração de Moçambique no contexto internacional. O historial da língua portuguesa é aqui trazido porque este capítulo aborda aspectos relativos às estratégias de ensino-aprendizagem da língua portuguesa como L2. Para melhor compreensão deste tema, atente aos conceitos seguintes: Língua é um instrumento de comunicação. Ela é composta por regras gramaticais que possibilitam que determinado grupo de falantes se comunique perfeitamente. São exemplos de línguas Kimwani, Emakhuwa, Cisena, Cindau, Xichangana, Inglês, Português, Russo, Chinês, etc. Língua materna é uma língua aprendida como primeiro instrumento de comunicação desde a tenra idade. A aprendizagem desta língua ocorre naturalmente, bastando que o falante esteja inserido no meio onde é usada como instrumento de comunicação. Nos casos em que uma criança está inserida num ambiente em que se usam duas línguas, ela pode adquirir e dominar ambas as línguas em simultâneo. Estas serão designadas línguas maternas, sendo o indivíduo um falante bilingue. Língua segunda é entendida como qualquer língua aprendida depois da língua materna, sob a necessidade de comunicação dentro de um processo de socialização. Por uma questão metodológica, a língua segunda abarca toda a língua aprendida em segundo, terceiro, quarto planos. Para uma aprendizagem efectiva da língua segunda, é importante incentivar a interacção, bem como o contacto com falantes nativos e/ou competentes da L2, de forma a proporcionar uma melhor apreensão de uma nova cultura, novos hábitos, usos e costumes, fora da sala de aulas. Ademais, é imprescindível a prática da realização dos sons, uso dos vocábulos, das expressões e da gramática da língua. Língua nacional é uma língua nativa seleccionada para o uso ao longo de um país, após um processo de estudo aprofundado de todos os usos e funções dessa língua na sociedade. Esta pode ter ou não um estatuto oficial ao nível do Estado, mas é utilizada por uma parte significativa da população do país. Língua oficial é aquela que é definida como a língua a usar em funções oficiais de um dado Estado como, por exemplo, a administração pública, a justiça, entre outras, a que todos os habitantes de um país precisam de saber e usar em todas as suas relações com as instituições. Esta caracteriza-se por representar a identidade de uma nação. Num país, podem existir várias línguas oficiais e, nesse caso, é a língua veicular do Estado, quer na comunicação oral quer na escrita. Todos os actos orais e escritos da Administração são expressos nessas línguas. Língua veicular é uma língua utilizada para a comunicação entre falantes de línguas diferentes. Variante linguística, comummente conhecida por dialecto, é a forma regional de falar uma certa língua. Diferem entre si no que diz respeito à pronúncia de certas palavras ou expressões Diferentes para se referir ao mesmo elemento de uma dada categoria gramatical. Muitas vezes o termo „dialecto‟ é usado pejorativamente para se referir a variantes linguísticas e/ou línguas de menor prestígio num determinado meio. A língua é, de facto, o conjunto de todos os seus dialectos e, portanto, mesmo a língua ou variante de prestígio é, também e, de facto, um dialecto (i.e., uma forma de uma dada língua) que somente ascendeu à posição de prestígio devido a algum factor social, económico, político ou qualquer outro „acidente histórico‟. Os dialectos têm, normalmente, uma delimitação regional ou geográfica. No entanto, as diferenças existentes entre a língua e o dialecto não impedem, em regra, a compreensão entre os falantes de uma (língua) e de outro (dialecto). Qual é a diferença entre aquisição e aprendizagem? A 'Aquisição de Linguagem' (Language Acquisition) ocorre em situações comunicativas no mundo real, por meio da assimilação natural de vocabulário e estruturas linguísticas pelo aprendiz. Já a 'Aprendizagem' (Learning) ocorre por meio do estudo formal, normalmente em sala de aula. A aquisição da língua ocorre de forma orgânica e inconsciente, e não há instrução formal da língua – há umaassimilação natural da mesma. Esse processo ocorre de forma espontânea e não requer esforço por parte da criança. Além disso, o foco da comunicação está na mensagem sendo transmitida e não na forma gramatical e precisão linguística. Assim, o resultado da aquisição é o desenvolvimento de habilidades linguísticas. Por outro lado, o processo de aprendizagem de uma língua acontece quando um segundo idioma é introduzido depois que o primeiro já foi parcialmente ou totalmente adquirido. Adolescentes e adultos, por exemplo, aprendem uma segunda língua, e não a adquirem, já que nessa fase é necessário que haja instrução formal e explícita da língua. Isso geralmente significa que mais foco é dado à forma e gramática e menos ao conteúdo das mensagens em si. A aprendizagem de um idioma é um processo consciente e usa a primeira língua como base para a construção do conhecimento a respeito da segunda. Assim, o aprendiz conta com o que já sabe em sua língua materna enquanto aprende a outra língua, muitas vezes utilizando a tradução como recurso. O resultado, nesse caso, é o desenvolvimento de conhecimento sobre a segunda língua e não o desenvolvimento de habilidades cognitivas na mesma. Teorias explicativas sobre o processo de aquisição de línguas Existem várias teorias e perspectivas acerca da aquisição da linguagem, as teorias que embasam a aquisição da linguagem são: a empirista, behaviorista, inatista (gerativa), Piagetiana, construtiva. Cognitivista interacionista Quando falamos na teoria behaviorista ou comportamental nos referimos à Skinner. O comportamentalismo refere-se à influência do meio ou à observação de associações estímulo- resposta. - O desenvolvimento da linguagem ocorre através da imitação que as crianças fazem do que observam à sua volta, na sua interação com o ambiente e, particularmente, com os pais; - A apropriação da linguagem só ocorre se a criança apresentar capacidade para imitar e generalizar comportamentos e, assim, alargar o seu reportório linguístico; - O comportamento verbal tem que fazer parte do meio envolvente da criança, tendo esta que possuir impulsos que a façam emitir sons vocálicos para, posteriormente, conseguir associar as vocalizações a recompensas; - O comportamento verbal das crianças é formatado por associações estímulo-resposta ou por reforços positivos, de forma a encorajar a imitação e a produção do comportamento ouvido; - É considerada a base da grande maioria das teorias sociolinguísticas/interacionistas. - Ignora a contribuição da compreensão e da cognição para a aquisição da linguagem; - Não tem em consideração a natureza generativa da linguagem e a criatividade linguística. Assim a perspectiva mais fundamentada é a inatista sustentada por Noam Chomsky. No que concerne ao inatismo linguístico a predisposição inata (programação genética) para adquirir a linguagem, materializada na capacidade para extrair regras gramaticais do que ouve. A esta capacidade, Chomsky chamou dispositivo para aquisição da linguagem (DALL), “O qual contempla quer um conjunto de componentes básicas ou princípios gerais geneticamente inscritos nos seres humanos, quer por sedimentos que permitem descobrir como os princípios gerais se aplicam á língua especifica da comunidade onde a criança esta inserida. O inatismo centra-se no facto das crianças apresentarem um conhecimento linguístico inato. O desenvolvimento da linguagem é universal e ocorre devido à maturação biológica; - Ao nascerem, todas as crianças apresentam um dispositivo inato de aquisição da linguagem que contempla um conjunto de componentes básicas ou princípios gerais herdados e inscritos geneticamente nos seres humanos e procedimentos que permitem descobrir como os princípios gerais se aplicam à língua materna da criança; - As crianças nascem com uma predisposição genética para adquirir linguagem, sendo esta materializada na capacidade que possuem para extrair as regras gramaticais do que ouvem; - As crianças têm uma sensibilidade inata para os sons da língua, na medida em que estão aptas e conseguem distinguir a forma como o significado é representado no discurso que ouvem, permitindo que alcancem competências gramaticais básicas a partir das quais as palavras podem ser classificadas e combinadas para criar significado. - O desenvolvimento da linguagem é realizado num curto espaço de tempo, ocorre de modo idêntico em todas as crianças e não está dependente do nível de inteligência. - Não reconhece a contribuição da cognição e do ambiente social para o desenvolvimento da linguagem, ficando muitas áreas ou ignoradas ou pouco explicadas. Quanto a perspectiva Behaviorista, esta diz-nos que o desenvolvimento da linguagem é o resultado de um conjunto sistematizado de aprendizagens Neste caso a aprendizagem corresponde á modificação de um comportamento sendo aqui a linguagem designada como comportamento verbal. Tal como outras aprendizagens naturais do ser humano esta não tem qualquer especificidade sendo que os mecanismos ou processos serão os mesmos que para outros comportamentos. O primado da cognição: Esta última perspectiva é sustentada por Piaget. Este considera que a criança desenvolve o conhecimento do mundo em geral, e, a partir daí informa-o em categorias e relações linguísticas. Só através de uma evolução cognitiva se desenvolve a linguagem da criança. A teoria de Piaget se remete a construtivismo cognitivismo em que a criança aprende entre a troca de conhecimento entre o ambiente e o organismo através da assimilação e acomodações, que correspondem ao desenvolvimento da inteligência humana. Existem quatro estágios para que isso ocorra: sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório-formal. O desenvolvimento da linguagem se dá de forma sistemático-representativa em que primeiro vem à aquisição da inteligência para depois vir a linguagem em si. O cognitivismo evidencia o papel da cognição e dos processos de pensamento na interação das crianças com o seu meio envolvente. O principal interesse dos teóricos cognitivistas sobre a explicação para a aquisição da linguagem é que esta se centra na relação entre cognição e linguagem. Do mesmo modo que os inatistas, o ponto de vista cognitivista também acredita que o conhecimento linguístico vai ficando gradualmente disponível através da hereditariedade . O desenvolvimento da linguagem ocorre devido à maturação cognitiva; - O desenvolvimento da linguagem segue o desenvolvimento das estruturas cognitivas e ocorre por etapas sequencialmente fixas. - Com o aumento da capacidade de operatividade e de espaço de armazenamento, as estruturas linguísticas modificam-se (SIM-SIM, 2008). - A partir da informação linguística fornecida pelo meio, dá-se a assimilação da informação pelo cérebro às estruturas já existentes e, posteriormente, a acomodação das estruturas, de forma a integrar a nova informação linguística. - Não atribui a devida importância ao contributo dos aspetos sociais das experiências das crianças para o desenvolvimento da linguagem; O interacionismo foca-se no local onde ocorrem as interações sociais que permitem que as crianças adquiram as competências linguísticas. O desenvolvimento da linguagem dá-se na interação com o meio e tem o fim da comunicação; - A linguagem e o pensamento têm origens diferentes. O pensamento surge da necessidade de (re) estruturar qualquer situação apresentada, enquanto a linguagem nasce das produções expressivas com a finalidade última de comunicar. - O pensamento verbal surge na interseção do pensamento com a linguagem, permitindo à criança desenvolver conceitos; - O desenvolvimento da linguagem passa por três etapas: (1) discurso social que tem a função de comunicação e visa a expressão de sentimentos e necessidades; (2) discurso egocêntrico no qual a criança apresenta dificuldade em separar a função de comunicação da função de monitorização e orientação do pensamento; (3) discurso interior onde ocorre a materialização do pensamento através da linguagem. - A perspetiva interacionista não é ainda consensual. Sozinha, esta teoria não consegue explicar como é que um símbolo (palavra) é associado a um referente (conceito) e, por isso, não oferece uma explicação clara sobre como ocorre a aquisição da estrutura linguística. O desenvolvimento linguagem ocorre porque o ser humano está motivado para comunicar socialmente; é caracterizado por produções verbais intencionais e simbólicas; a aquisição da linguagem requer dinâmica e interações didáticas que permitam a sua aprendizagem pela criança; os pais e os cuidadores ajustam o seu discurso para que a criança o compreenda e integre As línguas mudam todos os dias, evoluem, mas a essa mudança diacrônica se acrescenta uma outra, sincrônica: pode-se perceber numa língua, continuamente, a coexistência de formas diferentes de um mesmo significado. Essas variáveis podem ser geográficas: a mesma língua pode ser pronunciada diferentemente, ou ter um léxico diferente em diferente pontos do território. Desse modo, um réptil comum em todo o Brasil é chamado de “osga” na região Norte, “briba” ou “víbora” no Nordeste, e “lagartixa” no Centro-Sul. Um atlas linguístico como o de Gilliéron e Edmont nos dá milhares de exemplos dessa variação regional”. (CALVET, 2007, p.89). A língua se diferencia devido a seu universalismo na sua teoria ente o sintático e gramatical, a criatividade proporciona um número infinito de sentença, sendo natural e que Vygotsky discordou por não achar a linguagem inata vindo das emoções, dos desejos, das motivações, e sim da interação entre as pessoas e o meio ambiente. Vygotsky e Piaget estudaram as teorias da aprendizagem e da inteligência humana. Pavlov estudou o condicionamento clássico, que foi anterior às ideias de Skinner, do condicionamento operante, que partiu da experiência com ratos da caixa de Skinner, da teoria estímulo-resposta, dizendo que a linguagem é adquirida de forma mecânica, repetitiva e memorizável, contrariando as ideias de Chomsky da linguagem inativa e instintiva. Essas toeiras de Skinner são mentalista e racionalista da linguagem. A teoria Brunner do input e output diz respeito à capacidade motora, ampliação dos sentidos e raciocínio da criança são representadas pelo pensamento. O processo de aprendizagem da aquisição da linguagem para Vigotsky se dá pela aplicação da zona do desenvolvimento proximal (o real e o potencial), ou seja, numa comunicação, a criança num meio social de interatividade com o adulto, em que facilita o aprendizado e absorção de novas palavras numa troca linguística e comunicativa. Métodos de ensino de línguas Método tradução de gramática (a partir de 1450) Extensão da abordagem utilizada para ensinar línguas clássicas (grego e latim). Seus princípios básicos são: o pouco uso da língua alvo; o foco na análise gramatical da língua; o professor utiliza a língua materna para as instruções e não é necessário que seja um falante da língua alvo; as atividades típicas são a tradução de frases da língua alvo para a língua materna. Método directo (a partir de 1890). Reação ao Método tradução de gramática e suas falha para produzir estudantes que pudessem utilizar a língua estrangeira que estavam estudando. Os princípios básicos deste método são: a não utilização da língua materna na sala de aula; a cultura e a gramática são aprendidas de forma indutiva; as lições começam com a conversação sobre o assunto, utilizando-se de mímicas e figuras para o entendimento do assunto; o professor deve ser nativo na língua ou proficiente. Abordagem de leitura (a partir de 1930) Reação ao Método direto por ser impraticável dentro da sala de aula e por haver poucos professore que usassem bem o suficiente a língua estrangeira. Seus princípios são: a leitura é a única habilidade enfatizada na aula; a tradução pode ser utilizada; apenas a gramática utilizada para compreender a leitura é ensinada; o vocabulário é controlado no início e depois expandido; o professor não precisa ter boa proficiência oral na língua alvo. Método áudio-lingual (EUA – 1940) Reação à Abordagem de leitura e sua falta de ênfase à habilidade áudio-oral. Possui características do Método direto, acrescentando pontos da psicologia comportamental e de estruturas linguísticas. As aulas começam com diálogos; são usadas mímicas e memorizações para induzir suposições sobre o assunto; as regras e as estruturas gramaticais são apresentadas indutivamente; as habilidades aparecem sempre na ordem: listening, speaking, reading, writing (primeiro ouvir para depois falar, primeiro ler para depois escrever); é feito um grande esforço para prevenir os erros dos alunos; a aquisição da língua é vista como uma formação de hábito; os professores devem ter pleno conhecimento da estrutura da língua. Método situacional (Inglaterra – 1940) Também uma reação contra a Abordagem de leitura e possui características do Método direto, acrescentando pontos de linguística geral e da pedagogia. O alvo é sempre listening e speaking, todo o material é apresentado primeiro na forma oral, para depois passar à forma escrita; as estruturas gramaticais são apresentadas da forma mais simples à complexa; os assuntos são introduzidos e praticados situacionalmente (no banco, no supermercado, no restaurante, etc). O Método áudio-lingual: Desenvolvido nos Estados Unidos, é parecido com o Método situacional, desenvolvido na Inglaterra na mesma época, diferenciando apenas nos princípios teóricos que embasam cada um deles. O primeiro foi baseado nas estruturas linguísticas e na psicologia comportamental e o segundo na linguística em geral e na pedagogia do ensino de línguas. Abordagem cognitiva (1960) Reação às características do Método áudio-lingual. A aquisição da língua é vista como aquisição de regras, não como formação de hábito; os alunos são responsáveis por seu aprendizado; a perfeição na pronúncia é vista como irreal; a linguagem escrita (reading/writing) é tão importante quando a oral (listening/speaking); os professores devem ter boa proficiência geral na língua. Abordagem da compreensão (1960) Ideia desenvolvida por pesquisadores da língua após pesquisas de que o processo de aquisição da segunda língua ou da língua estrangeira é parecido com o processo de aquisição da primeira língua. A compreensão oral (listening) é muito importante e vista como a habilidade principal; os alunos devem ouvir um discurso significativo e responder significativamente de forma não verbal; os alunos não devem falar até que se sintam prontos; a correção dos erros é vista como desnecessária e improdutiva. Abordagem comunicativa (1970) Cresceu com o trabalho de pesquisadores que perceberam a linguagem como um sistema de comunicação. O objetivo principal é trabalhar a habilidade de comunicação do aluno na língua estudada; o conteúdo inclui noções de semântica e função social, não apenas estruturas linguísticas; os alunos trabalham em grupos e geralmente apresentam dramatizações e jogos; o material e as atividades refletem situações de comunicação real; as habilidades são integradas desde o início; o professor deve saber usar a língua fluentemente. Abordagem humanista (1980) Reação à falta de afetividade do Método áudio-lingual e da Abordagem cognitiva. O respeito ao indivíduo é enfatizado; a comunicação significativa para o aluno é enfatizada; as aulas envolvem trabalho em grupo; a atmosfera da aula é mais importante do que materiais ou métodos; o professor é visto como facilitador e deve ser proficiente na língua alvo e na língua nativa do aluno, para criar maior proximidade. Abordagem lexical (1997) Desenvolve muito dos princípios fundamentais propostos pela Abordagem comunicativa. A diferença mais importante é o maior entendimento de que a língua consiste em léxicos gramaticais (Ex: I have five books. He books a ticket). A evidência da linguagem do computador e da análise do discurso influenciam o planejamento do conteúdo do curso; é reconhecida a supremacia da oralidade à escrita; os erros são reconhecidos como processo da aprendizagem; a tarefa e o processo são mais importantes do que o exercício e o produto da língua. Método psicolinguístico (1998) Neste método o professor precisa tentar construir um relacionamento pessoal com o aluno. Este envolvimento depende muito da personalidade do aluno; o professor deve estar sempre alerta às oportunidades de comunicação e conseguir explorá-las; os interesses e ideias do aluno são usados como materiais de ensino; os pensamentos do aluno são discutidos; a correção do erro não é enfatizada; ênfase na habilidade comunicativa. A única solução para o professor de língua inglesa tomar a decisão certa é conhecer mais sobre os métodos e abordagens disponíveis e que estejam de acordo com a realidade da qual faça parte. Deve-se fazer algumas considerações para escolher o método que melhor identifique sua classe: 1) Avalie as necessidades dos alunos: Para que eles estão aprendendo inglês? Qual é o propósito? 2) Examine as restrições institucionais: tempo de aula, tipo de classe, tipo de materiais que podem ser utilizados, disponibilidade de salas ambiente (vídeo, informática, biblioteca, etc). 3) Determine as necessidades, atitudes e aptidões dos alunos. 4) Identifique os gêneros discursivos, as atividades e os tipos de textos que os alunos precisam ter contato. Tendo feito isto, o professor terá em mente seu objetivo com determinada classe e poderá identificar qual o método ou abordagem que melhor se enquadre ao que se apresente. No entanto, existe um conselho que também ajuda na hora da escolha, que diz o seguinte: “ADAPTE; NÃO ADOTE”. O professor somente conseguirá adaptar um método ou abordagem com seus alunos, se tiver conhecimento sobre eles. Aprimoramento do seu conhecimento, leia a informação abaixo: Contexto histórico, político e social do ensino de língua portuguesa: Politico Tendo em conta o seu conhecimento sobre a situação linguística de Moçambique, discuta com o colega mais próximo e, depois, partilhem as vossas ideias com a turma, sobre os tópicos abaixo: As línguas faladas pela maioria das pessoas na sua comunidade; A língua usada para a comunicação com pessoas oriundas de outros locais de Moçambique; A língua mais usada nas instituições públicas; Os conceitos de língua materna/primeira, língua segunda, língua oficial e língua veicular. Para o aprimoramento do seu conhecimento, leia a informação abaixo: Moçambique é um país linguisticamente heterogéneo, onde coexistem diversas línguas nativas de origem Bantu, faladas pela maioria da população, as Português e diversas línguas estrangeiras. Dada a diversidade linguística, após a independência nacional, foi muito difícil escolher uma das línguas nativas como língua nacional. Assim, Moçambique conferiu à língua portuguesa o estatuto de língua oficial, por ser a única que poderia reduzir as desigualdades entre as línguas nativas, desempenhando o papel de língua de unidade nacional, pois permite a intercomunicação entre moçambicanos oriundos de diferentes locais, ou seja, falantes de diferentes línguas nativas. Não obstante o estatuto privilegiado da língua portuguesa em Moçambique, esta é falada por 57% da população, de acordo com os dados do Censo de 2017 (ine.gov.mz). Na realidade, para muitos moçambicanos, em particular nas zonas rurais e suburbanas, o Português é uma língua segunda (língua não materna), geralmente aprendida na escola, por ter o papel de língua veicular do conhecimento científico e técnico em Moçambique. Por esta razão, cabe ao professor, à escola e à comunidade encontrar estratégias que possam conduzir à motivação para a aprendizagem da língua portuguesa, mostrando as vantagens da sua aprendizagem. A língua portuguesa é usada frequentemente nas instituições públicas e privadas e na interacção com outros povos, promovendo, assim, a integração de Moçambique no contexto internacional. O historial da língua portuguesa é aqui trazido porque este módulo aborda aspectos relativos às estratégias de ensino-aprendizagem da língua portuguesa como L2. Para melhor compreensão deste tema, atente aos conceitos seguintes: Língua É um instrumento de comunicação. Ela é composta por regras gramaticais que possibilitam que determinado grupo de falantes se comunique perfeitamente. São exemplos de línguas Kimwani, Emakhuwa, Cisena, Cindau, Xichangana, Inglês, Português, Russo, Chinês, etc. Língua materna É uma língua aprendida como primeiro instrumento de comunicação desde a tenra idade. A aprendizagem desta língua ocorre naturalmente, bastando que o falante esteja inserido no meio onde é usada como instrumento de comunicação. Nos casos em que uma criança está inserida num ambiente em que se usam duas línguas, ela pode adquirir e dominar ambas as línguas em simultâneo. Estas serão designadas línguas maternas, sendo o indivíduo um falante bilingue. Língua segunda É entendida como qualquer língua aprendida depois da língua materna, sob a necessidade de comunicação dentro de um processo de socialização. Por uma questão metodológica, a língua segunda abarca toda a língua aprendida em segundo, terceiro, quarto planos. Para uma aprendizagem efectiva da língua segunda, é importante incentivar a interacção, bem como o contacto com falantes nativos e/ou competentes da L2, de forma a proporcionar uma melhor apreensão de uma nova cultura, novos hábitos, usos e costumes, fora da sala de aulas. Ademais, é imprescindível a prática da realização dos sons, uso dos vocábulos, das expressões e da gramática da língua. Língua nacional É uma língua nativa seleccionada para o uso ao longo de um país, após um processo de estudo aprofundado de todos os usos e funções dessa língua na sociedade. Esta pode ter ou não um estatuto oficial ao nível do Estado, mas é utilizada por uma parte significativa da população do país. Língua oficial É aquela que é definida como a língua a usar em funções oficiais de um dado Estado como, por exemplo, a administração pública, a justiça, entre outras, a que todos os habitantes de um país precisam de saber e usar em todas as suas relações com as instituições. Esta caracteriza-se por representar a identidade de uma nação. Num país, podem existir várias línguas oficiais e, nesse caso, é a língua veicular do Estado, quer na comunicação oral quer na escrita. Todos os actos orais e escritos da Administração são expressos nessas línguas. Língua veicular É uma língua utilizada para a comunicação entre falantes de línguas diferentes. Variante linguística, comummente conhecida por dialecto É a forma regional de falar uma certa língua. Os dialectos (que incluem a variante dominante) diferem entre si no que diz respeito à pronúncia de certas palavras ou expressões diferentes para se referir ao mesmo elemento de uma dada categoria gramatical. São exemplos de dialectos de línguas os seguintes: Muitas vezes o termo „dialecto‟ é usado pejorativamente para se referir a variantes linguísticas e/ou línguas de menor prestígio num determinado meio. A língua é, de facto, o conjunto de todos os seus dialectos e, portanto, mesmo a língua ou variante de prestígio é, também e, de facto, um dialecto (i.e., uma forma de uma dada língua) que somente ascendeu à posição de prestígio devido a algum factor social, económico, político ou qualquer outro „acidente histórico‟. Os dialectos têm, normalmente, uma delimitação regional ou geográfica. No entanto, as diferenças existentes entre a língua e o dialecto não impedem, em regra, a compreensão entre os falantes de uma (língua) e de outro (dialecto).