Apostila Do Curso de Gestão e Fiscalização de Contratos Administrativos Final

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Sumário

APRESENTAÇÃO ...........................................................................................................................4
MÓDULO I ....................................................................................................................................5
DLP - PREVISÃO NORMATIVA .......................................................................................................5
ORGANOGRAMA DLP ...................................................................................................................5
QUAIS AS ETAPAS DO PROCESSO LICITATÓRIO ORDINÁRIO NA SEPM? .......................................6
GESTÃO E FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS: PREVISÃO LEGAL .......................................................6
GESTOR DE CONTRATOS ..............................................................................................................9
FISCAL DE CONTRATOS.................................................................................................................9
TERMO DE REFERÊNCIA E PROJETO BÁSICO ................................................................................9
DECRETO Nº 45.600/2016 ..........................................................................................................14
DISPENSA DE CONTRATO - HIPÓTESES .......................................................................................14
AGENTE PÚBLICO .......................................................................................................................16
SEGREGAÇÃO DAS FUNÇÕES ......................................................................................................20
INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO DE RESULTADO - IMR ..................................................................23
FORMALIZAÇÃO DA GESTÃO E DA FISCALIZAÇÃO – IN 05/17 MPOG .........................................25
DAS HIPÓTESES DE RETENÇÃO DA GARANTIA E DE CRÉDITOS DA CONTRATADA – IN 05/2017 26
ANEXO VII-F MODELO DE MINUTA DE CONTRATO – IN 05/2017 ...............................................26
VEDAÇÃO À COMPENSAÇÃO ENTRE ACRÉSCIMOS E SUPRESSÕES ............................................31
ALTERAÇÃO QUALITATIVA – QUAL O LIMITE? ............................................................................32
MANUAL DE APLICAÇÃO DE SANÇÃO DA PGE-RJ .......................................................................35
DOCUMENTOS PARA O PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO: ...............................................................41
PROCEDIMENTOS – PUBLICAÇÕES EM BOLETIM OSTENSIVO - DETERMINAÇÃO .......................62
EQUILÍBRIO ECONÔMICO FINANCEIRO DO CONTRATO .............................................................65
REAJUSTE LATO SENSU ...............................................................................................................65
REPACTUAÇÃO ...........................................................................................................................65
REAJUSTE ...................................................................................................................................67
REVISÃO OU RECOMPOSIÇÃO ....................................................................................................67
REVISÃO DE PREÇO REGISTRADO EM ATA DE REGISTRO DE PREÇO - CONTROVÉRSIA ..............72
ARGUMENTOS A FAVOR DA REVISÃO DOS PREÇOS REGISTRADOS ............................................78
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 5, DE 25 DE MAIO DE 2017 - MPOG .............................................80
ENUNCIADOS DA PGE - RJ ..........................................................................................................83
LEI Nº 14.133/2021 - LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS..............................89
MÓDULO II .................................................................................................................................93

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PLANEJAMENTO .........................................................................................................................93
INSTRUMENTOS DE GESTÃO ......................................................................................................93
FORMALIZAÇÃO DA DEMANDA ..................................................................................................93
ESTUDOS TÉCNICOS PRELIMINARES – ETP .................................................................................93
MAPA DE RISCO..........................................................................................................................94
TERMO DE REFERÊNCIA .............................................................................................................94
PLANILHA DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS .......................................................................94
ANTECIPAÇÃO E CRONOGRAMA ................................................................................................94
NEGOCIAÇÃO .............................................................................................................................94
CONHECIMENTO PRÉVIO ...........................................................................................................95
LEGISLAÇÕES QUE REGEM O MERCADO: ...................................................................................95
NIVEL DE CONCORRÊNCIA ..........................................................................................................95
MERCADO OU PRODUTO CONTROLADO....................................................................................95
IMPACTO DA DEMANDA ............................................................................................................95
AMBIENTE DO FORNECEDOR .....................................................................................................96
CONTROLE ..................................................................................................................................96
PAGAMENTOS ............................................................................................................................97
RESPEITO ....................................................................................................................................97
DOCUMENTOS ...........................................................................................................................97
PENALIDADE ...............................................................................................................................98
CULPA IN ELIGENDO E IN VIGILANDO.........................................................................................99
PROCESSO DE PENALIZAÇÃO......................................................................................................99
FASES DA SANÇÃO......................................................................................................................99
MÓDULO III ..............................................................................................................................100
FAMÍLIAS DE LOGÍSTICA ...........................................................................................................101
AUDITORIAS EM CONTRATOS PELO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO-RJ.............................102
JURISPRUDÊNCIA BÁSICA ..........................................................................................................103
RESPONSABILIZAÇÃO ...............................................................................................................105
TOMADA DE CONTAS ...............................................................................................................105
FUNDAMENTO DA MULTA DO TCE-RJ – Lei Complementar Nº 63 de 1º de agosto de 1990 ...110
INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA DISCIPLINAR X DIREITO PENAL ...................................................112
PRINCÍPIOS A SEREM OBSERVADOS NO PROCESSO DE APLICAÇÃO DE SANÇÕES ....................124
TIPICIDADE MATERIAL ..............................................................................................................144

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APRESENTAÇÃO

O Curso de Gestão e Fiscalização de Contratos Administrativos foi


idealizado e elaborado pela Diretoria de Licitações e Projetos com o
objetivo de apresentar as boas práticas e os conceitos necessários à
gestão/fiscalização dos contratos administrativos, seja através de
conteúdos que englobam os elementos essenciais às contratações
realizadas pela Administração Pública, seja pela observação às
regulamentações específicas.

O conteúdo, apresentado em três módulos, tem o propósito de


oferecer aos participantes todas as questões de relevo correlatas à
gestão/fiscalização de contratos administrativos, e abordam temas que
incluem o Decreto Estadual nº 45.600/2016, a Instrução Normativa nº
05/2017 do MPOG, Julgados do TCU e TCE/RJ, dentre outros.

O presente material foi organizado com intuito de estruturar os


assuntos que integram as matérias desta formação, devendo ser utilizado
em conjunto com as aulas online. Tudo foi pensado e preparado para que
cada participante tivesse a melhor e mais completa experiência, com
acesso a um conteúdo de alta qualidade.

Portanto, o convite está feito. Use esse material, assista aos vídeos
e passe ao próximo nível.

Bons estudos!

EDUARDO A. G. ANJO- TEN CEL PM


DIRETOR DA DLP

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MÓDULO I
INSTRUTOR: TEN CEL EDUARDO A. G. ANJO

DLP - PREVISÃO NORMATIVA


Decreto n° 45, de 20 de dezembro de 2018
Art. 7º - Criar, sem aumento de despesas e efetivo, a Diretoria de Licitações e Projetos (DLP),
órgão de direção setorial subordinado à DGAL, que tem como missão realizar certames
licitatórios, contratações diretas e gestão de contratos estratégicos e elaborar e avaliar
projetos na área de Logística da Corporação. Parágrafo Único - consideram-se contratos
estratégicos àqueles que atendam Organizações Policiais Militares distintas e que estas
estejam subordinadas a Diretorias Gerais ou Comandos de Área diferentes, inclusive à
Diretoria Geral de Saúde (DGS).

ORGANOGRAMA DLP

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QUAIS AS ETAPAS DO PROCESSO LICITATÓRIO ORDINÁRIO NA
SEPM?

GESTÃO E FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS: PREVISÃO LEGAL


→ LEI Nº 8.666/1993;

→DECRETO ESTADUAL Nº 45.600/2016;

→ INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 05/2017 DO MPOG;

→ JULGADOS DO TCU E TCE/RJ.

Por que essa matéria é importante?


DECRETO Nº 45.600/2016

Art. 14 - O agente público responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular
das atribuições que lhe são confiadas, estando sujeito às penalidades previstas nas normas em
vigor.

Jurisprudência constante no Processo do Tribunal de Contas do Estado - RJ nº 115.755-6/13,


na seguinte tese:

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“... Sendo detectado dano ao Erário, deverão ser responsabilizados, solidariamente, o agente
público e o particular contratado, que tenham contribuído para a ocorrência do dano...”.

LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 – Improbidade Administrativa

Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação
ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta
lei, e notadamente:

LEI COMPLEMENTAR Nº 63/1990 - LEI ORGÂNICA DO TCE/RJ – DAS MULTAS

Art. 62 - Quando o responsável for julgado em débito, poderá ainda o Tribunal de Contas
aplicar-lhe multa de até 100% (cem por cento) do dano causado ao erário.

Art. 63. O Tribunal de Contas poderá aplicar multa de até cem vezes o maior piso salarial
estadual aos responsáveis por: III - ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico, inclusive editais de
licitação, de que resulte, ou possa resultar dano, ao erário.

Art. 66 - O Tribunal de Contas, por maioria absoluta dos seus membros, poderá,
cumulativamente, ou não, com as sanções previstas na Seção anterior, aplicar ao responsável,
por prática de atos irregulares, a pena de inabilitação para o exercício de cargo em comissão
ou função de confiança na Administração estadual, por prazo não superior a 5 (cinco) anos,
bem como propor a pena de demissão, na forma da lei, no caso de servidor.

Jurisprudência do TCU

(Acórdão 859/2006 – Plenário) Fiscal do contrato. Omissão ou negligência. Responsabilidade


pessoal pelo dano ao Erário. [...] 3. A negligência do fiscal da Administração na fiscalização de
obra ou acompanhamento de contrato atrai para si a responsabilidade por eventuais danos
que poderiam ter sido evitados, bem como às penas previstas nos arts. 57 e 58 da Lei n°
8.443/1992.

Acórdão 2296/2019 Plenário (Auditoria, Relator Ministro- Substituto André de Carvalho).


Responsabilidade. Contrato administrativo. Fiscal. Conduta omissiva. Obra atrasada. O fiscal de
contrato, especialmente designado para o acompanhamento da obra, pode ser
responsabilizado quando se omite na adoção de medidas necessárias à manutenção do ritmo
de execução normal do empreendimento.

LEI Nº 8.666/1993

Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à
Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: (...) III - fiscalizar-lhes a execução;

Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante
da Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-
lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.

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§ 1º O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências
relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à regularização
das faltas ou defeitos observados.

LEI Nº 14.133/2021

Art. 104. O regime jurídico dos contratos instituído por esta Lei confere à Administração, em
relação a eles, as prerrogativas de:

[...]

III - fiscalizar sua execução;

Art. 117. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por 1 (um) ou mais
fiscais do contrato, representantes da Administração especialmente designados conforme
requisitos estabelecidos no art. 7º desta Lei, ou pelos respectivos substitutos, permitida a
contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los com informações pertinentes a essa
atribuição.

§ 1º O fiscal do contrato anotará em registro próprio todas as ocorrências relacionadas à


execução do contrato, determinando o que for necessário para a regularização das faltas ou
dos defeitos observados.

§ 2º O fiscal do contrato informará a seus superiores, em tempo hábil para a adoção das
medidas convenientes, a situação que demandar decisão ou providência que ultrapasse sua
competência.

§ 3º O fiscal do contrato será auxiliado pelos órgãos de assessoramento jurídico e de controle


interno da Administração, que deverão dirimir dúvidas e subsidiá-lo com informações
relevantes para prevenir riscos na execução contratual.

§ 4º Na hipótese da contratação de terceiros, prevista no caput deste artigo, deverão ser


observadas as seguintes regras:

I– a empresa ou o profissional contratado assumirá responsabilidade civil objetiva pela


veracidade e pela precisão das informações prestadas, firmará termo de compromisso de
confidencialidade e não poderá exercer atribuição própria e exclusiva de fiscal de contrato;

II– a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade o fiscal do contrato, nos limites
das informações recebidas do terceiro contratado.

Jurisprudência do TCU

(Acórdão 3378/2012 – Plenário) Fiscalização. Poder-dever. [...] 32. Não se pode ignorar que a
prerrogativa conferida à Administração de fiscalizar a implementação da avença deve ser
interpretada também como uma obrigação. Por isso, fala-se em um poder-dever, porquanto,
em homenagem ao princípio do interesse público, não pode a Administração aguardar o
término do contrato para verificar se o objeto fora de fato concluído conforme o programado,

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uma vez que, no momento do seu recebimento, muitos vícios podem já se encontrar
encobertos.

GESTOR DE CONTRATOS
Agente público responsável pelo preparo, coordenação, acompanhamento, conclusão e
demais fatos gerenciais dos atos dos contratos, no todo ou por tarefas especificamente
designadas, devendo zelar pelo cumprimento das cláusulas contratuais, inclusive pela proposta
de aplicação de penalidades, no sentido de garantir a adequada execução dos contratos
celebrados. (Art. 4º, inciso IX do Decreto nº 42.301/2010)

→ Art. 12, incisos I a XXIII do Decreto nº 45.600/2016

FISCAL DE CONTRATOS
Agente público ou comissão constituída por, no mínimo, 3 (três) agentes públicos, designados
para o acompanhamento da execução do objeto do contrato. (Art. 4º, inciso XIV do Decreto nº
42.301/2010)

→ Art. 13, incisos I a XLI do Decreto nº 45.600/2016

TERMO DE REFERÊNCIA E PROJETO BÁSICO


Decreto nº 45.600/2016

Art. 11 – São instrumentos da Gestão e da Fiscalização das contratações, quando couber:

I - o Projeto Básico ou Termo de Referência;

II - o Acordo de Níveis de Serviço - ANS; III - o Registro de Ocorrência;

IV - a Capacitação dos Gestores e dos Fiscais do contrato.

O Projeto Básico e o Termo de Referência são documentos que especificam os procedimentos


administrativos do processo de compras e contratação de serviço. O Projeto Básico é exigido
pela Lei nº 8.666/93, já o Termo de Referência pelos Decretos nº 3.555/2000, nº 10.024/2019
e também pelo Decreto Estadual nº 46.642/2019.

Projeto Básico
Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão
adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da
licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que
assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do

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empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e
do prazo de execução [...]. (inc. IX, art. 6º, Lei nº 8.666/1993)

Termo de Referência
Vejamos a definição de Termo de Referência de acordo com o inc. II, art. 8º do Decreto nº
3.555/2000:

[...] II - o termo de referência é o documento que deverá conter elementos capazes de


propiciar a avaliação do custo pela Administração, diante de orçamento detalhado,
considerando os preços praticados no mercado, a definição dos métodos, a estratégia de
suprimento e o prazo de execução do contrato.

Decreto nº 10.024/2019 – art. 3º, XI:

XI - termo de referência - documento elaborado com base nos estudos técnicos preliminares,
que deverá conter:

a) os elementos que embasam a avaliação do custo pela administração pública, a partir dos
padrões de desempenho e qualidade estabelecidos e das condições de entrega do objeto, com
as seguintes informações:

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DECRETO Nº 45.600/2016
Art. 1º - Este Decreto regulamenta a gestão e a fiscalização das contratações no âmbito do
Poder Executivo do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Art. 2º - Aplicam-se as disposições deste Decreto a qualquer contratação pública, ainda que
esta não seja formalizada pelo instrumento de contrato, na forma autorizada pelo art. 62 da
Lei nº 8.666/1993.

Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de


preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos
limites destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em que a
Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato,
nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.

Obras e serv. Eng. Compras e serv.


Convite – até 330 mil Convite – até 176 mil
Tomada de preços – até 3.3 Tomada de preços – até 1.430
milhões milhão
Concorrência – acima de 3.3 Concorrência – acima de 1.430
milhões milhão

§ 4º É dispensável o "termo de contrato" e facultada a substituição prevista neste artigo, a


critério da Administração e independentemente de seu valor, nos casos de compra com
entrega imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais não resultem obrigações futuras,
inclusive assistência técnica.

DISPENSA DE CONTRATO - HIPÓTESES


1 - CONTRATAÇÕES DE BAIXO VALOR

Obras e serviços de engenharia: abaixo de 330 mil Compras e serviços: abaixo de 176 mil

2 - COMPRAS COM ENTREGA IMEDIATA E INTEGRAL DA QUAL NÃO RESULTEM OBRIGAÇÕES


FUTURAS, INDEPENDENTEMENTE DO VALOR

→ O que é considerado entrega imediata (art. 40, § 4º - até trinta dias da data prevista para
apresentação da proposta)? Acórdão nº 1.234/2018, Plenário do TCU – 30 dias a contar do
pedido da Adm.

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Lei nº 14.133/2021

Art. 95. O instrumento de contrato é obrigatório, salvo nas seguintes hipóteses, em que a
Administração poderá substituí-lo por outro instrumento hábil, como carta- contrato, nota
de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço:

I – dispensa de licitação em razão de valor;

II – compras com entrega imediata e integral dos bens adquiridos e dos quais não resultem
obrigações futuras, inclusive quanto a assistência técnica, independentemente de seu valor.

Art. 75. É dispensável a licitação:

I - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais), no caso
de obras e serviços de engenharia ou de serviços de manutenção de veículos automotores;

II - para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), no
caso de outros serviços e compras;

Art. 3º - A gestão das contratações consiste em atividades coordenadas que visam a


administrar os contratos com ações proativas e preventivas, de modo a propiciar o
cumprimento das regras previstas no Edital, no Termo de Referência ou no Projeto Básico e no
instrumento contratual, para o atingimento dos resultados esperados.

Art. 4º - A gestão e a fiscalização da execução da contratação serão realizadas por agentes


públicos especialmente designados pela autoridade competente, respectivamente
denominados gestores e fiscais da contratação.

Parágrafo Único - Em se tratando de obras e serviços ou, no caso de compras, se o valor for
superior ao limite estabelecido no art. 23 da Lei nº 8.666/93, o objeto da contratação será
recebido por comissão de fiscalização de contrato composta por 3 (três) membros.

Art. 15, § 8º da Lei nº 8.666/1993 - O recebimento de material de valor superior ao limite


estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade de convite, deverá ser confiado a uma
comissão de, no mínimo, 3 (três) membros.

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Art. 5º - É vedada a designação de funcionário contratado por prestador de serviço,
usualmente denominado terceirizado, ou de estagiário para a função de gestor e de fiscal da
contratação.

Agente Público: “Conjunto de pessoas que, a qualquer título, exercem uma função pública,
como prepostos do Estado. Essa função, é mister que se diga, pode ser remunerada ou
gratuita, definitiva ou transitória, política ou jurídica. [...] Como se sabe, o Estado só se faz
presente através das pessoas físicas que, em seu nome, manifestam determinada vontade, e é
por isso que essa manifestação volitiva acaba por ser imputada ao próprio Estado. São todas
essas pessoas físicas que constituem os agentes públicos.” José dos Santos Carvalho Filho

AGENTE PÚBLICO
Art. 2º da Lei nº 8.429/1992: Reputa-se agente público, para efeitos desta Lei, todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função
nas entidades mencionadas no artigo anterior.

Art. 84 da Lei nº 8.666/1993 - Considera-se servidor público, para os fins desta Lei, aquele que
exerce, mesmo que transitoriamente ou sem remuneração, cargo, função ou emprego público.

DECRETO Nº 9.507, DE 21 DE SETEMBRO DE 2018


Dispõe sobre a execução indireta, mediante contratação, de serviços da administração pública
federal direta, autárquica e fundacional e das empresas públicas e das sociedades de
economia mista controladas pela União.

Art. 3º Não serão objeto de execução indireta na administração pública federal direta,
autárquica e fundacional, os serviços:

I - que envolvam a tomada de decisão ou posicionamento institucional nas áreas de


planejamento, coordenação, supervisão e controle;

II - que sejam considerados estratégicos para o órgão ou a entidade, cuja terceirização possa
colocar em risco o controle de processos e de conhecimentos e tecnologias;

III - que estejam relacionados ao poder de polícia, de regulação, de outorga de serviços


públicos e de aplicação de sanção; e

IV - que sejam inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou
da entidade, exceto disposição legal em contrário ou quando se tratar de cargo extinto, total
ou parcialmente, no âmbito do quadro geral de pessoal.

§ 1º Os serviços auxiliares, instrumentais ou acessórios de que tratam os incisos do caput


poderão ser executados de forma indireta, vedada a transferência de responsabilidade para a

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realização de atos administrativos ou a tomada de decisão para o contratado. Ex: parecer
jurídico de advogado notório.

§ 2º Os serviços auxiliares, instrumentais ou acessórios de fiscalização e consentimento


relacionados ao exercício do poder de polícia não serão objeto de execução indireta. Ex:
vigilância sanitária

“[...] Soma-se que também não podem ser terceirizadas as atividades atribuídas a cargo ou
emprego público, que é a hipótese do inc. IV do art. 3º do decreto. Se o legislador criou cargo
ou emprego público, atribuindo-lhe determinada atividade, essa atividade deve ser
desempenhada pelo ocupante do tal cargo ou emprego público e não pode ser transferida a
terceiros. O inc. IV autoriza a terceirização, nesse contexto, apenas para cargos extintos,
total ou parcialmente, e para as situações em que a terceirização é autorizada por lei.

Sob esse horizonte, no quadro geral do Decreto nº 9.507/2018 para a Administração Pública
direta, autárquica e fundacional, diante do conjunto dos quatro incisos do caput do seu art.
3º, a terceirização deve ser restrita à atividade não coincidente com as atribuições de cargos
e empregos públicos e que não diga respeito às questões maiores institucionais e
estratégicas ou ao exercício de poderes extroversos. Sobra pouco, a terceirização ficou bem
confinada às atividades secundárias, de suporte ou apoio e desde que não abrangidas nas
atribuições de cargos e empregos públicos, em respeito à regra constitucional do concurso
público.” (Joel de Menezes Niebuhr)

Disponível em: https://www.zenite.blog.br/a-terceirizacao-no-novo-decreto-no-9-5072018-


entre-a- restricao-para-a-administracao-direta-autarquica-e-fundacional-e-a-flexibilidade-para-
as-estatais/

Art. 6º - A designação dos gestores e dos fiscais será realizada por ato administrativo de
nomeação a ser publicada no Diário Oficial do Estado.

§ 1º - São elementos do referido ato:

I - a identificação do(s) contrato(s) objeto da gestão e da fiscalização;


II - o nome e o cargo do agente público designado, com a identificação do presidente da
comissão de fiscalização de contrato, quando for o caso;
III - as obrigações específicas dos gestores e dos fiscais que não estejam relacionadas neste
Decreto;
IV - a indicação dos substitutos em caso de férias, licenças e outros eventuais afastamentos.
§ 2º - Poderá a identificação a que se refere o inciso I do parágrafo anterior abranger, em um
único ato, mais de um contrato quando se tratar de objetos de natureza semelhante.
§ 3º - Quando a gestão ou a fiscalização da contratação requerer atividades e diligências
diárias, o ato de designação poderá estabelecer que estes agentes terão dedicação exclusiva.

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Art. 7º - É vedado aos gestores e aos fiscais transferir as atribuições que lhes forem conferidas
pela autoridade competente.

Parágrafo Único - A autoridade competente designará outro agente público, se houver


necessidade de substituição do gestor ou do fiscal, juntando-se o respectivo ato no processo
administrativo.

Art. 8º - É facultada à Administração a contratação de terceiros para assistir e subsidiar o fiscal


do contrato das informações necessárias ao cumprimento de suas atribuições.

§ 1º - A contratação de terceiros não exime as atribuições dos gestores e dos fiscais, cabendo-
lhes adotar as providências necessárias visando à fiel execução do contrato.

§ 2º - Em observância ao princípio da economicidade, a contratação de terceiros somente


poderá ser realizada se o objeto contratado exigir informações especializadas, insupríveis por
pessoal pertencente aos quadros de servidores.

Art. 67. Lei nº 8.666/1993 - A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada
por um representante da Administração especialmente designado, permitida a contratação
de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.

A contratação de um terceiro não é obrigatória, cabendo à Administração avaliar se a


complexidade do objeto contratado exige um auxiliar ou assistente para subsidiar o fiscal. Os

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trabalhos desenvolvidos pelo terceiro são acessórios e complementares, não afastando a
responsabilidade pela fiscalização do fiscal designado. (TCE-MT)

[...] mantenha representante, pertencente a seus quadros próprios de pessoal,


especialmente designado para acompanhar e fiscalizar a execução dos contratos que
celebrar, permitida a contratação de agentes terceirizados apenas para assisti-lo e subsidiá-
lo de informações pertinentes a essa atribuição, a teor do art. 67 da Lei 8.666/93. Acórdão
690/2005 – TCU – Plenário.

Art. 9º - A escolha dos gestores e dos fiscais do contrato deverá recair sobre agente público
com boa reputação ético-profissional e atribuição ou especialização técnica compatível com o
objeto do contrato.

Art. 10 - É vedada a designação de agente público para gestor ou fiscal de contrato que:

I - tenha sido apenado em processo administrativo e a sanção não tenha sido cumprida;

II - tenham, em seus registros funcionais, punições decorrentes da prática de atos lesivos ao


patrimônio público;

III - tenha sido condenado por crimes contra a Administração Pública ou por ato de
improbidade administrativa;

IV – possua os seguintes vínculos familiares com os administradores da empresa contratada:

V - possuir interesse pessoal direto ou indireto no resultado do contrato;

VI - estiver litigando judicial ou administrativamente com preposto, gerente, diretor,


proprietário ou sócio da contratada ou respectivos cônjuges ou companheiros;

VII - tenha amizade íntima ou inimizade notória com alguma das pessoas indicadas no item
anterior;

VIII - tenha relação de crédito ou débito com a contratada ou com as pessoas indicadas no
inciso VI deste artigo;

IX - tenha, por qualquer condição, aconselhado a parte contratada ou que dela tenha recebido,
a qualquer título, honorários, créditos, presentes ou favores;

X - exerça função incompatível com as designadas, tendo em vista o princípio da segregação


das funções.

Parágrafo Único - O agente público em situação de impedimento fica obrigado a comunicá-lo


aos seus superiores imediatamente, a fim de que seja providenciada a designação de outro
agente público.

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SEGREGAÇÃO DAS FUNÇÕES
Licitação. Pregão. Princípio da segregação de funções. Princípio da moralidade. Pregoeiro.
Equipe de apoio.

A participação de servidor na fase interna do pregão eletrônico (como integrante da equipe


de planejamento) e na condução da licitação (como pregoeiro ou membro da equipe de
apoio) viola os princípios da moralidade e da segregação de funções. Acórdão 1.278/2020
Primeira Câmara (Representação, Relator Ministro Walton Alencar Rodrigues)

Art. 11 - São instrumentos da gestão e da fiscalização das contratações, quando couber:

I - o Projeto Básico ou Termo de Referência;

II - o Acordo de Níveis de Serviço - ANS;

III - o Registro de Ocorrência;

IV – a Capacitação dos gestores e dos fiscais do contrato.

[...] § 5º - O Registro de Ocorrência é o documento no qual são anotados periodicamente


todos os eventos relacionados à execução do contrato, podendo constituir-se em livro ou
caderno, físico ou eletrônico, que será arquivado juntamente com o processo administrativo
da contratação.

Art. 67, § 1º da Lei nº 8.666/1993

O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências


relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à
regularização das faltas ou defeitos observados.

20
21
22
INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO DE RESULTADO - IMR
Quantidade de Itens vistoriados = X

A nota N será obtida mediante o resultado da somatória total dos pontos obtidos (Y) dividido
pelo número de itens vistoriados (X).

23
IMR

Art. 12 - Cabem ao gestor do contrato as atividades gerenciais, técnicas e operacionais que


compõem o processo de contratação, em especial as seguintes: I a XXIII

Art. 4º, IX do Decreto nº 42.301/2010

Gestor de Contratos: agente público responsável pelo preparo, coordenação,


acompanhamento, conclusão e demais fatos gerenciais dos atos dos contratos, no todo ou
por tarefas especificamente designadas, devendo zelar pelo cumprimento das cláusulas
contratuais, inclusive pela proposta de aplicação de penalidades, no sentido de garantir a
adequada execução dos contratos celebrados.

24
FORMALIZAÇÃO DA GESTÃO E DA FISCALIZAÇÃO – IN 05/2017
MPOG
Gestão da execução do contrato: é a coordenação das atividades relacionadas às fiscalizações
técnica, administrativa e setorial, bem como dos atos preparatórios à instrução processual e
ao encaminhamento da documentação pertinente ao setor de contratos para a formalização
dos procedimentos quanto aos aspectos que envolvam prorrogação, alteração, reequilíbrio,
pagamento, sanções, extinção dos contratos e etc.

IN 05/2017
Art. 39. As atividades de gestão e fiscalização da execução contratual são o conjunto de ações
que tem por objetivo aferir o cumprimento dos resultados previstos pela Administração para
os serviços contratados, verificar a regularidade das obrigações previdenciárias, fiscais e
trabalhistas, bem como prestar apoio à instrução processual e o encaminhamento da
documentação pertinente ao setor de contratos para a formalização dos procedimentos
relativos a repactuação, alteração, reequilíbrio, prorrogação, pagamento, eventual aplicação
de sanções, extinção dos contratos, dentre outras, com vista a assegurar o cumprimento das
cláusulas avençadas e a solução de problemas relativos ao objeto.

Art. 12 - Cabem ao gestor do contrato:

I - acompanhar a celebração dos contratos e termos aditivos, com a coleta das assinaturas,
providenciando, posteriormente, a juntada dos comprovantes de publicação do extrato e
encaminhamento da via ao Tribunal de Contas do Estado, quando for o caso;

II - manter controle individualizado de cada contrato;

III - instruir o processo com os documentos necessários às alterações contratuais e encaminhá-


lo à autoridade superior para decisão;

IV - deflagrar os procedimentos de fiscalização ao adimplemento do objeto contratado, a


serem executados pelo fiscal do contrato;

V - prover o fiscal do contrato das informações e dos meios necessários ao exercício das
atividades de fiscalização e supervisionar as atividades relacionadas ao adimplemento do
objeto contratado;

VI - promover o controle das garantias contratuais, inclusive no que se refere à juntada de


comprovante de recolhimento e adequação da sua vigência e do seu valor;

VII - propor, formalmente, à autoridade competente, a liberação da garantia contratual em


favor da contratada nos prazos regulamentares;

25
DAS HIPÓTESES DE RETENÇÃO DA GARANTIA E DE CRÉDITOS DA
CONTRATADA – IN 05/2017
Art. 64. Quando da rescisão dos contratos de serviços com regime de dedicação exclusiva de
mão de obra, o fiscal administrativo deve verificar o pagamento pela contratada das verbas
rescisórias ou dos documentos que comprovem que os empregados serão realocados em
outra atividade de prestação de serviços, sem que ocorra a interrupção do contrato de
trabalho.

Art. 65. Até que a contratada comprove o disposto no artigo anterior, o órgão ou entidade
contratante deverá reter:

I - a garantia contratual, conforme art. 56 da Lei nº 8.666, de 1993, prestada com cobertura
para os casos de descumprimento das obrigações de natureza trabalhista e previdenciária pela
contratada, que será executada para reembolso dos prejuízos sofridos pela Administração, nos
termos da legislação que rege a matéria;

Art. 66. O órgão ou entidade poderá ainda:

I - nos casos de obrigação de pagamento de multa pela contratada, reter a garantia prestada a
ser executada conforme legislação que rege a matéria;

[...]

Parágrafo único. Se a multa for de valor superior ao valor da garantia prestada, além da perda
desta, responderá a contratada pela sua diferença, a qual será descontada dos pagamentos
eventualmente devidos pela Administração ou ainda, quando for o caso, cobrada
judicialmente;

ANEXO VII-F MODELO DE MINUTA DE CONTRATO – IN 05/2017


3.1. Exigência de garantia de execução do contrato, nos moldes do art. 56 da Lei nº 8.666, de
1993, com validade durante a execução do contrato e 90 (noventa) dias após término da
vigência contratual, devendo ser renovados a cada prorrogação, observados ainda os seguintes
requisitos:

[...]

h) A garantia será considerada extinta:

h.1 com a devolução da apólice, carta-fiança ou autorização para o levantamento de


importâncias depositadas em dinheiro a título de garantia, acompanhada de declaração da
Administração, mediante termo circunstanciado, de que a contratada cumpriu todas as
cláusulas do contrato; e

26
h.2 com o término da vigência do contrato, observado o prazo previsto no subitem 3.1. acima,
que poderá, independentemente da sua natureza, ser estendido em caso de ocorrência de
sinistro.

[...]

j) Deverá haver previsão expressa no contrato e seus aditivos de que a garantia prevista no
subitem 3.1 acima somente será liberada mediante a comprovação de que a empresa pagou
todas as verbas rescisórias trabalhistas decorrentes da contratação, e que, caso esse
pagamento não ocorra até o fim do segundo mês após o encerramento da vigência contratual,
a garantia será utilizada para o pagamento dessas verbas trabalhistas, conforme estabelecido
na alínea “c” do subitem 1.2 do Anexo VII-B, observada a legislação que rege a matéria;

Art. 12 - Cabem ao gestor do contrato as atividades gerenciais, técnicas e operacionais que


compõem o processo de contratação, em especial as seguintes:

[...]

VIII – documentar nos autos todos os fatos dignos de interesse administrativo;

IX - registrar as informações necessárias nos sistemas informatizados utilizados pelo Poder


Executivo do Estado do Rio de Janeiro e mantê-los atualizados;

27
X - instruir o processo com informações, dados e requerimento/manifestação da contratada,
pertinentes à alteração de valores do contrato, em razão de reajuste de preços, revisão ou
alteração do objeto, para acréscimo ou supressão, e encaminhá-lo à autoridade superior para
decisão;

Art. 67, § 1º da Lei nº 8.666/1993


O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências
relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à
regularização das faltas ou defeitos observados.

XI - controlar o prazo de vigência do contrato e de execução do objeto, assim como de suas


etapas e demais prazos contratuais, recomendando, com antecedência razoável, à autoridade
competente, quando for o caso, a deflagração de novo procedimento licitatório ou a
prorrogação do prazo, quando admitida;

XII - comunicar, com antecedência razoável, à autoridade competente, a proximidade do


término do prazo do contrato, instruindo o processo, quando admitida a prorrogação, com os
seguintes documentos:

a) manifestação de interesse da Administração quanto à prorrogação do prazo, devidamente


justificada;

b) consulta à contratada, solicitando manifestação de interesse na referida prorrogação;

c) resposta da contratada quanto ao interesse na prorrogação contratual;

d) pesquisa de mercado, quando for o caso, para analisar a vantajosidade da prorrogação,


tendo por base o Projeto Básico ou o Termo de Referência relativo ao contrato em vigor;

e) existência de disponibilidade orçamentária; e

f) a documentação de comprovação de manutenção do preenchimento dos requisitos de


habilitação jurídica, regularidade fiscal e trabalhista, qualificação técnica e qualificação
econômico-financeira. (Art. 27 a 33 da Lei nº 8.666/1993).

XIII - comunicar à autoridade competente e aos setores de interesse os eventuais atrasos e os


pedidos de prorrogação dos prazos de entrega e de execução do objeto;

28
Art. 67, § 1º da Lei nº 8.666/1993

O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências


relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à
regularização das faltas ou defeitos observados.

XIV - receber as notas fiscais atestadas pelo (s) fiscal (is) do contrato e encaminhá-las para o
setor responsável pelo pagamento, após conferência dos respectivos documentos;

Art 40, § 2º, IN 05/2017 - O recebimento provisório dos serviços ficará a cargo do fiscal
técnico, administrativo ou setorial, quando houver, e o recebimento definitivo, a cargo do
gestor do contrato.

XIV - elaborar ou solicitar justificativa técnica, quando couber, com vistas à alteração unilateral
do contrato pela Administração;

Lei nº 8.666/1993 - Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:

I - unilateralmente pela Administração:

a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação


técnica aos seus objetivos;

b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou


diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei; Até 25% do valor
inicial atualizado e até 50% de acréscimo nos casos de reforma de edifício ou de equipamento

XV - encaminhar o requerimento da contratada de prorrogação do prazo de execução do


objeto ou da vigência do contrato à autoridade competente, instruindo o processo com
manifestação conclusiva e dados que comprovem o impedimento do cumprimento do prazo
pela contratada;

Art. 57, § 1º da Lei nº 8.666/1993 - Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e


de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a
manutenção de seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes
motivos, devidamente autuados em processo:

I - alteração do projeto ou especificações, pela Administração;

II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que


altere fundamentalmente as condições de execução do contrato;

III - interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no


interesse da Administração;

IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permitidos por
esta Lei;

29
V - impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro reconhecido pela
administração em documento contemporâneo à sua ocorrência;

VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, inclusive quanto aos


pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na
execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis.

XVI – analisar os casos de necessidade de acréscimos ou supressões do objeto, controlando os


respectivos limites e encaminhar à autoridade competente para decisão;

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas,
nos seguintes casos:

[...]

§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou


supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento)
do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de
equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus acréscimos.

Exemplo do Prof. Marçal Justen Filho1: Suponha um contrato no valor de 100,00. Antes da
revisão, a Administração promove a alteração quantitativa e agrega mais 10,00.
Posteriormente, verifica-se a necessidade de revisão de preços para elevar os preços em 30%.
Isso significa que o contrato passará a ter o valor de 143 (110 acrescido de 30%). Será possível
produzir outras alterações quantitativas?

R: Sim. Houve alterações restritivas à 10% do valor inicial atualizado. A alteração de 30% não é
computável para as modificações quantitativas. Para determinar o limite dessas alterações,
basta calcular o VIA. Esse valor, no exemplo, é de 130 (100-VIA, acrescido do 30% da revisão).
Poderão ser promovidas outras alterações quantitativas até 15% desse valor (25% - 10%), o
que equivale a 19,50 (15% de 130). Portanto, o contrato comportará modificações de 29,50.

Síntese: A revisão do preço será sempre em cima do valor global do contrato, considerando
todos os seus acréscimos, supressões e revisões anteriores. Já os acréscimos e supressões
(25%), esse deverá ser calculado apenas em cima do valor inicial atualizado e revisto do
contrato, ou seja, deve-se desconsiderar os acréscimos e as supressões porventura já
realizados e considerar somente as revisões de preços outrora concedidas.

Ex: o contrato era de 100. 25% levaria ele a 125. Aplicamos 10%, ele foi a 110. Se aplicarmos
os outros 15% em cima de 110, teremos 16,5. Ao somarmos 110 com 16,5, teremos 126,5.
Observa-se que passou o limite de 25% em 1,5.

1
FILHO, Marçal Justen. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 18ª ed. rev., atual. e
ampl. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019.
30
VEDAÇÃO À COMPENSAÇÃO ENTRE ACRÉSCIMOS E
SUPRESSÕES
Ex. trazido pelo Prof. Marçal: Suponha um contrato destinado a construção de um edifício com
valor de 100,00. Imagine que a Administração identifica a necessidade de alterar o projeto, o
que elevaria o valor do contrato para 150. Essa solução violaria o § 1º do art. 65. A solução
seria promover reduções no objeto contratual. Se fossem suprimidos certos elementos,
poderia ser eliminada despesa no montante de 25. Então, considerando em conjunto as
reduções e os aumentos, o valor do contrato passaria a ser de 125, respeitando o limite. Na
verdade, o contrato teria sofrido uma elevação de 50, o que seria mascarado pela redução de
seu objeto em 25.

Orientação Normativa nº 50/2014 da AGU: Os acréscimos e as supressões do objeto


contratual devem ser sempre calculado sobre o valor inicial do contrato atualizado,
aplicando- se a estas alterações os limites percentuais previstos no art. 65, § 1º da Lei nº
8.666/93, sem qualquer compensação entre si.

Acórdão nº 2.554/2017, Plenário: Como regra geral, para atendimento dos limites definidos
no art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/1993, os acréscimos ou supressões nos montantes dos
contratos firmados pelos órgãos e entidades da Administração Pública devem ser
considerados de forma isolada, sendo calculados sobre o valor original do contrato, vedada a
compensação entre acréscimos e supressões.

Acórdão nº 66/2021, Plenário: O restabelecimento total ou parcial de quantitativo de item


anteriormente suprimido por aditivo contratual amparado no art. 65, §§ 1º e 2º, da Lei
8.666/1993, em razão de restrições orçamentárias, desde que observadas as mesmas
condições e preços iniciais pactuados, não configura a compensação vedada pela
jurisprudência do TCU, consubstanciada nos acórdãos 1.536/2016-Plenário e 2.554/2017-
Plenário, visto que o objeto licitado fica inalterado, sendo possível, portanto, além do
restabelecimento, novos acréscimos sobre o valor original do contrato, observados os limites
estabelecidos no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993.

Art. 57, II e o limite de 25%


Marçal Justen Filho

1ª) O valor do contrato coincide com a soma dos diversos períodos previstos no ato
convocatório. Ex: o edital prevê a contratação por um período de 12 meses, prorrogáveis
sucessivamente até 60 meses. O valor do contrato será de cinco vezes o montante previsto
para cada período de 12 meses. Sendo obrigatório o somatório dos valores correspondente ao
total dos períodos previstos para a vigência do contrato, o limite de 25% será calculado sobre o
valor global devidamente atualizado.

2ª) Cada período constituirá uma contratação autônoma. Encerrado o período, o contrato será
renovado e se reiniciará sua vigência. As obrigações executadas pelas partes ao longo do
contrato serão reputadas como executadas e exauridas. Ou seja, o valor inicial será o valor de

31
cada exercício em que se produzir a renovação. Existirão cinco contratos diversos, cabendo
aplicar o limite de 25% em relação a cada qual.

Joel de Menezes Niebuhr

A base de cálculo do limite das alterações contratuais, referentes aos contratos de serviços
contínuos, deve ser o valor da prestação mensal devida por conta da execução do serviço.

Para explicar sua opinião, o autor exemplifica com a seguinte situação: “Retomando o exemplo
carreado acima, o prazo de execução do contrato de prestação de serviço de vigilância
estende-se de 1° de Janeiro a 31 de dezembro. Como dito, o valor total anual é de R$
1.200.000,00, em 12 parcelas mensais de R$ 100.000,00. Se a porcentagem que serve de limite
for calculada sobre o valor mensal, nenhuma parcela poderá exceder à soma de R$ 125.000,00,
que corresponde a R$ 100.000,00 acrescido de 25%, limite preconizado no §1º do Art. 65 da Lei
nº 8.666/1993. Se a porcentagem que serve de limite for calculada sobre o valor total, algumas
parcelas podem mais do que dobrar de valor. (…) É evidente que aditivo contratual que dobre
ou triplique a efetiva parcela do contrato é excessiva, vulnerando o princípio da
proporcionalidade. É contrário ao aludido princípio, continuando no exemplo, que parcela
mensal de serviço prestado por R$ 100.000,00 transforme-se, de cambulhada, em R$
200.000,00 ou mais. Insista-se que isso seria excessivo, feriria de morte o princípio da
proporcionalidade e revelaria, ao fim e ao cabo, que a Administração não planejou
adequadamente suas demandas.”

Disponível em: <https://www.zenite.blog.br/base-de-calculo-para-os-limites-percentuais-de-


alteracoes-contratuais-dos-contratos-de-prestacao-de-servicos-continuos/>

TCU

“20. No caso sob exame, os acréscimos de valor se deveram a alterações quantitativas de


objeto e não simplesmente a sucessivas prorrogações de serviços contínuos. Assim, nos
termos do art. 65 da Lei de Licitações, o cálculo do limite previsto nos §§ 1º e 2º do dispositivo,
deve tomar como base o valor inicial atualizado do contrato, sem os acréscimos advindos das
prorrogações.” (TCU, Acórdão nº 1.550/2009-Plenário. Rel. Min. Raimundo Carreiro. DJ
15.07.2009)

ALTERAÇÃO QUALITATIVA – QUAL O LIMITE?


Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas,
nos seguintes casos:

I – unilateralmente pela Administração:

a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação


técnica aos seus objetivos; (ALTERAÇÃO QUALITATIVA)

b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou


diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;

32
(…)

§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou


supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento)
do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de
equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus acréscimos.

§ 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites estabelecidos no parágrafo


anterior, salvo: Se aplica a alínea “a”?

I – (VETADO)

II – as supressões resultantes de acordo celebrado entre os contratantes.

“A alteração qualitativa normalmente se faz necessária em contratações cuja execução do


objeto demanda longo prazo para sua integral execução ou naqueles objetos de elevada
especialização técnica, tendo em vista que alterações, progressos verificados nas tecnologias
disponíveis no mercado, fazem com que o objeto ao ser concluído na forma originariamente
licitada, acabe por ser entregue à Administração Pública já obsoleto, impondo-se a prudente
atualização do projeto que originariamente fora licitado, ainda no curso de sua execução.

Outra hipótese de contratação na qual pode se dar a necessidade de se alterar


qualitativamente o objeto licitado, decorre de situações pré-existentes, todavia, desconhecidas
por parte da Administração Pública quando da licitação do objeto contratado e que ao se dar o
início de sua execução, passasse a conhecer determinadas questões que inviabilizam a
conclusão dos serviços contratados na forma originariamente regulada.

A título de exemplo, cite-se a contratação da construção do túnel existente na Cidade de


Florianópolis, que ao terem inícios os serviços de escavação, descobriu-se que as características
do material rochoso imporia a utilização de um sistema de sustentação não previsto quando da
elaboração do projeto originário, tratando-se a alteração em questão de natureza
exclusivamente qualitativa, posto que a técnica construtiva fora alterada com o fim de atender
à necessidade técnica para a execução do objeto pretendido, não se restringindo à alterações
de natureza quantitativa dos itens já contemplados na planilha orçamentária originariamente
definida.”

Disponível em: <http://licitantevencedor.com.br/alteracao-contratual-qualitativa-e-as-


dificuldades-de-sua-adocao/>

“Essas modificações contratuais demandam:

(a) justificativa da existência de um fato posterior à licitação ou conhecido posteriormente a


ela, que tenha mudado as condições contratuais;

(b) respeito aos direitos do contratado, sintetizados na manutenção da equação econômico-


financeira;

(c) formalização por termo aditivo;

33
(d) não desnaturação do objeto por meio da mera inserção no contexto da contratação de
objetos novos, omitidos por conta de falhas ou defeitos de planejamento; e

(e) respeito aos limites estabelecidos no art. 65, § 1º.

Além desses requisitos, a Administração deve avaliar a capacidade do particular em executar o


objeto mediante as novas especificações. Por essa razão, ainda que a alteração possa ocorrer
de forma unilateral, a depender das modificações pretendidas, torna-se indispensável consultar
o particular para confirmar a sua qualificação técnica para executar a parcela decorrente da
modificação.”

Disponível em: <https://www.zenite.blog.br/falhas-nos-projetos-basico-ou-executivo-e-


alteracoes-contratuais-unilaterais/#:~:text=Apenas%20para%20antecipar%20um
a%20conclus%C3%A3o,n%C3%A3o%20desnatura%C3%A
7%C3%A3o%20do%20objeto%20fixado.>

Portanto, segundo o Prof. Marçal, a situação que se apresenta é a


seguinte:
1) Não promover a modificação e manter a execução do projeto original, mesmo tomando
ciência de que o projeto original é incompatível com o interesse público?;

2) Promover a modificação nos limites do § 1º, adotando-se uma solução formalista?;

3) Rescindir o contrato e promover nova licitação, considerando que é possível que essa
medida conduza a um desembolso muito maior aos cofres públicos, uma vez que o particular
deverá ser indenizado, gerando duplicidade de encargos para a Administração?

TCU
Excepcionalmente, o dever de se ajustar aos limites legais poderá ser afastado caso também
reste demonstrado o atendimento cumulativo dos requisitos delineados na Decisão nº
215/1999 – Plenário do TCU:

8.1. com fundamento no art. 1º, inciso XVII, § 2º da Lei nº 8.443/92, e no art. 216, inciso II, do
Regimento Interno deste Tribunal, responder à Consulta formulada pelo (…), nos seguintes
termos:

(…)

b) nas hipóteses de alterações contratuais consensuais, qualitativas e excepcionalíssimas de


contratos de obras e serviços, é facultado à Administração ultrapassar os limites aludidos no
item anterior, observados os princípios da finalidade, da razoabilidade e da proporcionalidade,
além dos direitos patrimoniais do contratante privado, desde que satisfeitos cumulativamente
os seguintes pressupostos:

I – não acarretar para a Administração encargos contratuais superiores aos oriundos de uma
eventual rescisão contratual por razões de interesse público, acrescidos aos custos da
elaboração de um novo procedimento licitatório;
34
II – não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de capacidade técnica e
econômico-financeira do contratado;

III – decorrer de fatos supervenientes que impliquem em dificuldades não previstas ou


imprevisíveis por ocasião da contratação inicial;

IV – não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente contratado em outro de


natureza e propósito diversos;

V – ser necessárias à completa execução do objeto original do contrato, à otimização do


cronograma de execução e à antecipação dos benefícios sociais e econômicos decorrentes;

VI – demonstrar-se – na motivação do ato que autorizar o aditamento contratual que


extrapole os limites legais mencionados na alínea ‘a’, supra – que as consequências da outra
alternativa (a rescisão contratual, seguida de nova licitação e contratação) importam
sacrifício insuportável ao interesse público primário (interesse coletivo) a ser atendido pela
obra ou serviço, ou seja gravíssimas a esse interesse; inclusive quanto à sua urgência e
emergência.

Art. 12 - Cabem ao gestor do contrato as atividades gerenciais, técnicas e operacionais que


compõem o processo de contratação, em especial as seguintes:

[...]

XVII- manter controle atualizado dos pagamentos efetuados, em ordem cronológica;

XVIII- comunicar à autoridade competente as irregularidades cometidas pela contratada,


sugerindo, quando for o caso, a imposição de sanções contratuais e/ou administrativas,
conforme previsão contida no Edital e/ou instrumento contratual ou na legislação de regência;

XIX- adotar as medidas preparatórias para a aplicação de sanções e de rescisão contratual,


conforme previsão contida no Edital e/ou instrumento contratual ou na legislação de regência,
cabendo à autoridade competente a deflagração do respectivo procedimento, a notificação da
contratada para a apresentação de defesa e a decisão final;

MANUAL DE APLICAÇÃO DE SANÇÃO DA PGE-RJ


[...] 6.1 Dos atos que precedem o processo de aplicação de sanção administrativa ao
contratado

“O processo de aplicação de sanção ao contratado deve ser precedido da comunicação, em


regra, pelo Fiscal de Contratos ao Gestor de Contratos, que deve conter:

a. relato pormenorizado, por escrito, da conduta faltosa imputada ao contratado, com a


sugestão de aplicação de sanção, na forma do art. 13, inciso XXXV do Decreto 45.600/2016;

b. dossiê das providências adotadas para fins de comprovação dos fatos narrados pelo Fiscal
de Contratos, como por exemplo, os Registros de Ocorrências, mensagens eletrônicas, ofícios

35
encaminhados ao contratado, informando sobre o descumprimento de obrigação contratual e
fixando prazo para regularização da execução do ajuste.

Art. 13, XXXV - propor ao gestor de contratos a aplicação de penalidades nos casos de
inadimplemento parcial ou total do contrato.

A demonstração de que a Administração Pública atuou na fiscalização do contrato e solicitou


ao contratado a adoção de providências, com vistas à regularização de sua conduta e a correta
execução das obrigações assumidas, é importante para a gradação da sanção a ser aplicada,
especialmente, nas hipóteses de reincidência e de rescisão do contrato.

De posse dos documentos enviados pelo Fiscal de Contratos, o Gestor de Contratos deverá:

a. acolher a sugestão acerca da sanção a ser aplicada ou propor a aplicação de outra espécie,
devendo, nesse caso, justificar a sua opção;

b. adotar as medidas preparatórias para a aplicação das sanções administrativas, tais como,
relato pormenorizado da falta imputada ao contratado, as providências até então efetivadas
para corrigir a conduta faltosa, os dispositivos legais, editalícios e/ou contratuais infringidos;

c. comunicar à Autoridade Competente as irregularidades cometidas pelo contratado, na forma


do art. 12, XVIII do Decreto nº 45.600/2016.

O referido expediente deverá ser encaminhado à Autoridade Competente, que poderá:

a. deixar de dar prosseguimento ao processo, mediante decisão motivada, se entender que não
é hipótese de infração contratual;

b. deflagrar o processo sancionatório, com a notificação do contratado para a apresentação de


defesa, nos moldes propostos pelo Gestor de Contratos ou para a aplicação da sanção que
entender cabível, mediante decisão motivada, conforme art. 12, inciso XIX do Decreto n°
45.600/2016.”

36
Art. 12 - Cabem ao gestor do contrato as atividades gerenciais, técnicas e operacionais que
compõem o processo de contratação, em especial as seguintes:
[...]
XX - realizar o acompanhamento e a guarda do Registro de Ocorrências elaborado pelo(s) fiscal
(is) do contrato;

Art. 67, § 1º da Lei nº 8.666/93


O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências
relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à
regularização das faltas ou defeitos observados.

XXI - cuidar para que qualquer alteração contratual seja promovida por Termo Aditivo ou por
Termo de Apostilamento, quando cabível;

Art. 65, § 8º da Lei nº 8.666/93 - A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de
preços previsto no próprio contrato, as atualizações, compensações ou penalizações
financeiras decorrentes das condições de pagamento nele previstas, bem como o empenho
de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não
caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados por simples apostila,
dispensando a celebração de aditamento.

XXII - apresentar à autoridade competente, quando solicitado, relatório circunstanciado de


gestão do contrato;

XXIII - sem prejuízo das atribuições do(s) fiscal(is) do contrato, notificar à contratada
estabelecendo prazo para o fiel cumprimento das obrigações contratuais ou para que dê início
à correção dos defeitos ou desconformidades com o objeto da contratação, constatados
durante a sua execução ou após o recebimento provisório, bem como informar à autoridade
competente as ocorrências que possam gerar dificuldades à conclusão do objeto.

Art. 13 - Cabem aos fiscais do contrato as atividades relacionadas ao acompanhamento da


execução do objeto do contrato, em especial as seguintes: Incisos I ao XLI

I - conhecer o termo de contrato e todos os seus Anexos, especialmente o Projeto Básico ou o


Termo de Referência;

II - criar o Registro de Ocorrências, em meio físico ou informatizado, para lançar as ocorrências


relacionadas à execução do contrato;

Art. 67, § 1º da Lei nº 8.666/93


O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências
relacionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à
regularização das faltas ou defeitos observados.

37
III - registrar as inspeções periódicas efetuadas, as faltas verificadas na execução do contrato,
as providências exigidas e as recomendações efetuadas, bem como as soluções adotadas pela
contratada;

IV - abrir processo administrativo para acompanhamento e fiscalização da execução do objeto


do contrato, especialmente quando se tratar de fiscalização de contratos de
instrumentalização obrigatória na forma do artigo 62 da Lei nº 8.666/93;

V - cobrar da contratada, quando se tratar de obras, o Diário de Obra, devidamente


preenchido com as anotações diárias sobre o andamento dos trabalhos, que não substitui o
Registro de Ocorrências mencionado no inciso II deste artigo;

VI - certificar-se de que o preposto da empresa contratada está ciente das obrigações


assumidas pela contratada;

VII - esclarecer as dúvidas do preposto da contratada que estiverem sob sua alçada,
encaminhando, às áreas competentes, os fatos que extrapolem sua competência;

VIII - fazer-se presente no local da execução do contrato;

IX - antecipar-se a solucionar problemas que possam afetar a relação contratual;

X - apresentar, em tempo hábil, as situações que requeiram decisões e providências que


extrapolem sua competência ao gestor para a adoção das medidas convenientes;

XI - procurar auxílio junto às áreas competentes no caso de dúvidas técnicas ou


administrativas;

XII - verificar se a contratada está cumprindo todas as obrigações previstas no Edital de


licitação e no instrumento de contrato e seus Anexos;

XIII - verificar se estão sendo atendidas as especificações contidas nos planos, projetos,
planilhas, memoriais descritivos, especificações técnicas, projeto básico, termo de referência,
assim como os prazos de execução e de conclusão, devendo solicitar ao preposto da
contratada a correção de imperfeições detectadas;

XIV - verificar se o material fornecido ou utilizado guarda consonância com o oferecido na


proposta e especificado pela Administração e se foram cumpridos os prazos de entrega;

XV - verificar a execução do objeto contratual, proceder a sua medição e recebê-lo, pela


formalização da atestação;

XVI - recusar serviço ou fornecimento irregular ou em desacordo com as condições previstas


no Edital de licitação, na proposta da contratada e no instrumento de contrato e seus Anexos;

XVII - constatar se a execução do objeto contratado está sendo prestada no local estipulado no
contrato, com a correta utilização dos materiais e equipamentos;

XVIII - averiguar se é a contratada quem executa o contrato e certificar-se de que não existe
cessão ou subcontratação fora das hipóteses legais e previstas no contrato;
38
XIX - receber reclamações relacionadas à qualidade do material entregue ou de serviços
prestados;

XX - assegurar-se de que o número de empregados alocados pela contratada é suficiente para


o bom desempenho dos serviços;

XXI - comunicar por escrito ao gestor qualquer falta cometida pela contratada, formando
dossiê das providências adotadas para fins de materialização dos fatos que poderão levar à
aplicação de sanção ou à rescisão contratual, a ser juntado no processo administrativo;

XXII - dar ciência ao gestor, com antecedência razoável, da possibilidade de não conclusão do
objeto na data aprazada, com as justificativas apresentadas pela contratada;

XXIII - certificar-se de que a contratada mantém, durante toda execução do contrato, as


condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação e/ou na contratação, solicitando os
documentos necessários a esta constatação;

Lei nº 8.666/93
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos interessados, exclusivamente,
documentação relativa a:
I - habilitação jurídica;
II - qualificação técnica;
III - qualificação econômico-financeira;
IV – regularidade fiscal e trabalhista;
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º da Constituição Federal.
Art. 55, XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em
compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e
qualificação exigidas na licitação.

TCU
Acórdão nº 837/2008, Plenário: item 9.3, “*...+ aplicável a todos os órgãos/entidades da
Administração Pública Federal, no sentido da inclusão, em editais e contratos de execução
continuada ou parcelada, de cláusula que estabeleça a possibilidade de subordinação do
pagamento à comprovação, por parte da contratada, da manutenção de todas as condições de
habilitação, aí incluídas a regularidade fiscal para com o FGTS e a Fazenda Federal, com o
objetivo de assegurar o cumprimento do art. 2º da Lei nº 9.012/95 e arts. 29, incisos III e IV, e
55, inciso XIII, da Lei nº 8.666/93”.
Acórdão nº 119/2011: Secretaria municipal de saúde: a cada pagamento referente a contrato
de execução continuada ou parcelada, exija do contratado a comprovação da regularidade
fiscal para com a Seguridade Social, o FGTS, as Fazendas Federal, Estadual e Municipal, em
observância ao § 3º do art. 195 da Constituição Federal e aos arts. 29, incisos III e IV, e 55, inc.
XIII, da Lei nº 8.666/1993.

39
Enunciado n.º 29 – PGE: Habilitação do contratado quando da celebração
de termo aditivo
Nas celebrações de termo aditivo de contrato, de qualquer natureza, deverá ser exigida a
comprovação da manutenção das condições de habilitação do contratado, na forma do art. 55,
inciso XIII, da Lei nº 8.666/93.

XXVI- verificar o cumprimento das normas trabalhistas por parte da contratada, inclusive no
que se refere à utilização pelos empregados da empresa dos equipamentos de proteção
individual exigidos pela legislação pertinente, a fim de evitar acidentes com agentes
administrativos, terceiros e empregados da contratada, e, na hipótese de descumprimento,
comunicar ao gestor para impulsionar o procedimento tendente à notificação da contratada
para o cumprimento das normas trabalhistas e instauração de processo administrativo para
aplicação de sanção administrativa;

EPI – ANEXO I DA NORMA REGULAMENTADORA 6 – NR6


XXVII - assegurar-se de que a contratada mantém um responsável técnico acompanhando as
obras e serviços, quando assim determinar o contrato;

XXVIII - exigir, por intermédio do preposto da contratada, a utilização de crachá e de uniforme


pelos empregados da contratada e conduta compatível com o serviço público, pautado pela
ética e urbanidade no atendimento;

XXIX - comunicar, por escrito, à contratada os danos porventura causados por seus
empregados, requerendo as providências reparadoras;
XXX - solicitar ao preposto da contratada a imediata retirada do local, bem como a substituição
de empregado da contratada que embaraçar ou dificultar a sua fiscalização, ou cuja
permanência na área da instituição reputar, justificadamente, inconveniente;
XXXI - receber e conferir a nota fiscal emitida pela contratada, atestar a efetiva realização do
objeto contratado, na quantidade e qualidade contratada, para fins de pagamento das faturas
correspondentes;

XXXII - confrontar os preços e quantidades constantes da nota fiscal com os estabelecidos no


contrato;

XXXIII - receber todos os documentos necessários, contratualmente estabelecidos, para a


liquidação da despesa e encaminhá-los, juntamente com a nota fiscal, para o gestor do
contrato que, após conferência, remeterá a documentação para o setor responsável pelo
pagamento, em tempo hábil, de modo que o pagamento seja efetuado no prazo adequado;

XXXIV - certificar-se do correto cálculo e recolhimento das obrigações trabalhistas,


previdenciárias e tributárias decorrentes do contrato e, caso necessário, buscar auxílio junto os
setores de contabilidade da Administração para a verificação dos cálculos apresentados;

40
DOCUMENTOS PARA O PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO

41
1 - NOTA FISCAL

42
2 – TERMO DE ACEITAÇÃO PROVISÓRIA

43
3 – RELATÓRIO MENSAL DE ACOMPANHAMENTO

44
45
4 – ACORDO DE NÍVEL DE SERVIÇO

46
5 – PLANILHA COM FATURAMENTO MENSAL

6 – FOLHA DE PONTO DOS FUNCIONÁRIOS

47
7 – CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS RELATIVA A TRIBUTOS FEDERAIS E A
DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO

48
8 – CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS PERANTE AS FAZENDAS ESTADUAL E
MUNICIPAL DO DOMICÍLIO OU SEDE DO CONTRATADO

49
9 – CERTIDÃO DE REGULARIDADE DO FGTS

50
10 – EXTRATO DA CONTA DO INSS E DO FGTS DOS EMPREGADOS E GUIAS
DE COMPROVANTES DE RECOLHIMENTO DO FGTS – GFIP - SEFIP

51
52
11 – CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS TRABALHISTAS

53
12 – FOLHA DE PAGAMENTO ANALÍTICA OU CÓPIA DOS CONTRACHEQUES
DOS EMPREGADOS

FGTS: 8% Prazo: até


o dia 7 do mês
subsequente ao da
competência

54
INSS

7,5% - até 1 salário mínimo


9% - 1.100,01 a 2.203,48
12% - 2.203,49 a 3.305,22
14% - 3.305,23 a 6.433,57

Prazo: até o dia 20 do mêssubsequente ao da competência

Cálculo progressivo

Disponível em:https://www.contabilizei.com.br/contabilidade- online/tabela-inss/

55
13 – CÓPIAS DE RECIBOS DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE TODOS OS
EMPREGADOS REFERENTES AO MÊS DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

56
14 – COMPROVANTES DE PAGAMENTO DE VALE TRANSPORTE E VALE
ALIMENTAÇÃO COM OS SEUS RESPECTIVOS RELATÓRIOS

57
58
Art. 13 - Cabem aos fiscais do contrato as atividades relacionadas ao acompanhamento da
execução do objeto do contrato, em especial as seguintes:

[...]

XXXV - propor ao gestor de contratos a aplicação de penalidades nos casos de inadimplemento


parcial ou total do contrato;

XXXVI - comunicar imediatamente à contratada, quando o fornecimento seja de sua obrigação,


a escassez de material cuja falta esteja dificultando a execução dos serviços;

XXXVII - comunicar ao gestor de contratos, mediante provocação do requisitante, a


necessidade de se realizar acréscimos ou supressões no objeto contratado, com vistas à
economicidade e à eficiência na execução contratual;

XXXVIII - receber provisoriamente o objeto do contrato, quando for o caso, no prazo


estabelecido, mediante termo circunstanciado assinado pelas partes contratantes;

XXXIX - comunicar ao gestor do contrato, formalmente e com antecedência, o seu afastamento


das atividades de fiscalização para que, caso julgado necessário, seja designado um substituto;

59
XL - apresentar ao gestor de contratos, ao término do contrato ou quando solicitado, relatório,
pronunciando-se pela regular execução do objeto do contrato.

XLI - no caso específico de obras e prestação de serviços de engenharia, cumpre ainda ao


fiscal:

a) fazer constar todas as ocorrências no Diário de Obras, com vistas a compor o processo
documental, de modo a contribuir para dirimir dúvidas e embasar informações acerca de
eventuais reivindicações futuras, tomando as providências que estejam sob sua alçada e dando
ciência ao gestor quando excederem as suas competências;

b) zelar pela fiel execução da obra, sobretudo no que concerne à qualidade dos materiais
utilizados e dos serviços prestados;

c) testar o funcionamento de equipamentos e registrar a conformidade em documento;

d) acompanhar e analisar os testes, ensaios, exames e provas necessários ao controle de


qualidade dos materiais, serviços e equipamentos a serem aplicados na execução do objeto
contratado, quando houver; e

e) informar ao gestor ocorrências que possam gerar dificuldades à conclusão da obra ou em


relação a terceiros.

Art. 14 - O agente público responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular
das atribuições que lhe são confiadas, estando sujeito às penalidades previstas nas normas em
vigor.

Jurisprudência constante no Processo do Tribunal de Contas do Estado - RJ nº 115.755-6/13,


na seguinte tese:

“[...] Sendo detectado dano ao Erário, deverão ser responsabilizados, solidariamente, o


agente público e o particular contratado, que tenham contribuído para a ocorrência do dano
... ”.

LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992 – Improbidade Administrativa


Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário:

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação
ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta
lei, e notadamente:

LEI COMPLEMENTAR Nº 63/90 - LEI ORGÂNICA DO TCE/RJ – DAS MULTAS


Art. 62 - Quando o responsável for julgado em débito, poderá ainda o Tribunal de Contas
aplicar-lhe multa de até 100% (cem por cento) do dano causado ao erário.

60
Art. 63. O Tribunal de Contas poderá aplicar multa de até cem vezes o maior piso salarial
estadual aos responsáveis por: III - ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico, inclusive editais de
licitação, de que resulte, ou possa resultar, dano, ao erário.

Art. 66 - O Tribunal de Contas, por maioria absoluta dos seus membros, poderá,
cumulativamente, ou não, com as sanções previstas na Seção anterior, aplicar ao responsável,
por prática de atos irregulares, a pena de inabilitação para o exercício de cargo em comissão
ou função de confiança na Administração estadual, por prazo não superior a 5 (cinco) anos,
bem como propor a pena de demissão, na forma da lei, no caso de servidor.

Jurisprudência do TCU
Acórdão 2296/2019 Plenário (Auditoria, Relator Ministro- Substituto André de Carvalho)

Responsabilidade. Contrato administrativo. Fiscal. Conduta omissiva. Obra atrasada.

O fiscal de contrato, especialmente designado para o acompanhamento da obra, pode ser


responsabilizado quando se omite na adoção de medidas necessárias à manutenção do ritmo
de execução normal do empreendimento.

61
PROCEDIMENTOS – PUBLICAÇÕES EM BOLETIM OSTENSIVO -
DETERMINAÇÕES

62
63
64
IN 05/2017 - Art. 15. Os serviços prestados de forma contínua são aqueles que, pela sua
essencialidade, visam atender à necessidade pública de forma permanente e contínua, por
mais de um exercício financeiro, assegurando a integridade do patrimônio público ou o
funcionamento das atividades finalísticas do órgão ou entidade, de modo que sua
interrupção possa comprometer a prestação de um serviço público ou o cumprimento da
missão institucional.

Parágrafo único. A contratação de serviços prestados de forma contínua deverá observar


os prazos previstos no art. 57 da Lei nº 8.666, de 1993.

Art. 16. Os serviços considerados não continuados ou contratados por escopo são aqueles
que impõem aos contratados o dever de realizar a prestação de um serviço específico em
um período predeterminado, podendo ser prorrogado, desde que justificadamente, pelo
prazo necessário à conclusão do objeto, observadas as hipóteses previstas no § 1º do art.
57 da Lei nº 8.666, de 1993.

EQUILÍBRIO ECONÔMICO FINANCEIRO DO CONTRATO


Art. 37, XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade
de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente
permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.

ENCARGOS X VANTAGENS

REAJUSTE LATO SENSU

REPACTUAÇÃO
IN 05/2017 - Art. 54. A repactuação de preços, como espécie de reajuste contratual, deverá ser
utilizada nas contratações de serviços continuados com regime de dedicação exclusiva de mão
de obra, desde que seja observado o interregno mínimo de um ano das datas dos orçamentos
aos quais a proposta se referir.

65
IN 05/2017 - Art. 55. O interregno mínimo de um ano para a primeira repactuação será
contado a partir:

I - da data limite para apresentação das propostas constante do ato convocatório, em relação
aos custos com a execução do serviço decorrentes do mercado, tais como o custo dos
materiais e equipamentos necessários à execução do serviço; ou

II - da data do Acordo, Convenção, Dissídio Coletivo de Trabalho ou equivalente vigente à


época da apresentação da proposta, quando a variação dos custos for decorrente da mão de
obra e estiver vinculada às datas-bases destes instrumentos.

Acordo Coletivo: envolve uma ou mais empresas e o sindicato dos trabalhadores;

Convenção Coletiva: abrange toda uma categoria trabalhista, envolvendo o sindicato


dos trabalhadores e o sindicato patronal;

Dissídio Coletivo: também diz respeito a toda uma categoria trabalhista, porém, o
documento é elaborado pela Justiça do Trabalho, observando termos negociados
entre os sindicatos patronal e dos trabalhadores.

IN 05/2017 - Art. 57. As repactuações serão precedidas de solicitação da contratada,


acompanhada de demonstração analítica da alteração dos custos, por meio de apresentação
da planilha de custos e formação de preços ou do novo Acordo, Convenção ou Dissídio
Coletivo de Trabalho que fundamenta a repactuação, conforme for a variação de custos objeto
da repactuação.

66
IN 05/2017 - Art. 57.

[...]

§ 4º As repactuações, como espécie de reajuste, serão formalizadas por meio de


apostilamento, exceto quando coincidirem com a prorrogação contratual, em que deverão ser
formalizadas por aditamento.

§ 7º As repactuações a que o contratado fizer jus e que não forem solicitadas durante a
vigência do contrato serão objeto de preclusão com a assinatura da prorrogação contratual ou
com o encerramento do contrato.

Art. 65, § 8º da Lei nº 8.666/93 - Apostilamento

REAJUSTE
IN 05/2017 - Art. 61.

O reajuste em sentido estrito, como espécie de reajuste contratual, consiste na aplicação de


índice de correção monetária previsto no contrato, que deverá retratar a variação efetiva do
custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais.

REMEDIAR OS EFEITOS DA DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA

Art. 40 da Lei nº 8.666/93 - O edital conterá... e indicará, obrigatoriamente, o seguinte:

XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida
a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da
proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimplemento de
cada parcela;

REVISÃO OU RECOMPOSIÇÃO
Art. 65 da Lei nº 8.666/93. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:

(...)

II - por acordo das partes:

(...)

d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do


contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço ou
fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do
contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de
consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda,

67
em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica
extraordinária e extracontratual.

Lei nº 14.133/21
Modificação ou pagamento irregular em contrato administrativo

Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive
prorrogação contratual, em favor do contratado, durante a execução dos contratos
celebrados com a Administração Pública, sem autorização em lei, no edital da licitação ou
nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem
cronológica de sua exigibilidade:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

Acórdão 3229/2020, Plenário TCU

[...] Uma vez alocados contratualmente os riscos, a assunção das repercussões financeiras pela
ETE S.A. estaria condicionada não apenas à caracterização de sua imprevisibilidade, mas
também à demonstração de desequilíbrio econômico-financeiro insustentável, que tornasse
excessivamente onerosa a execução do contrato por uma das partes, caracterizando álea
extraordinária, o que não restou comprovado nos autos.

ETE - Estação Transmissora de Energia S.A.

Acórdão 1604/2015, Plenário TCU

Não há óbice à concessão de reequilíbrio econômico-financeiro visando à revisão (ou


recomposição) de preços de itens isolados, com fundamento no art. 65, inciso II, alínea "d", da
Lei 8.666/1993, desde que estejam presentes a imprevisibilidade ou a previsibilidade de
efeitos incalculáveis e o impacto acentuado na relação contratual (teoria da imprevisão); e que
haja análise demonstrativa acerca do comportamento dos demais insumos relevantes que
possam impactar o valor do contrato.

Acórdão 1604/2015, Plenário TCU

*...+ Sobre o caso em exame, explicou o relator que o instituto jurídico aplicável seria “o da
revisão (ou recomposição) de preços e funda-se no art. 65, inciso II, alínea "d", da Lei
8.666/1993 e na teoria da imprevisão, que requer o atendimento dos seguintes requisitos: i.
fato imprevisível ou previsível, mas de consequências incalculáveis, alheio à vontade das
partes; e ii. desequilíbrio econômico ou financeiro elevado no contrato, impondo onerosidade
excessiva a uma das partes ou a ambas, eventualmente”.

Acórdão 1884/2017, Plenário TCU

[...] 14. O relator original, Ministro José Jorge, consignou em seu Voto condutor do Acórdão
ora recorrido:

68
[...] 25. Nesse ponto, gostaria de abrir um parêntesis para assinalar, como já fiz em outras
oportunidades, que a ocorrência de algum fato imprevisível que tenha provocado o
desequilíbrio na equação econômico-financeira do contrato deve ser levada em conta, não
podendo, por outro lado, uma das partes auferir qualquer ganho adicional em circunstâncias
dessa natureza. É que o próprio arcabouço legal assegura, nesses casos, o retorno à relação
original entre encargos e vantagens. Tal desequilíbrio, então, deve estar devidamente
comprovado e fundamentado, para que o ônus não seja transferido para a administração
pública. A simples apresentação de um parecer oriundo de uma instituição de renome não
pode ser suficiente para que a revisão dos preços seja efetivada, sem que se promova uma
análise crítica do conteúdo dos trabalhos, o que absolutamente não ocorreu.

Acórdão 1884/2017, Plenário TCU

[...] 15. O Tribunal já enfrentou mais de uma vez situações como essa tratada nestes autos e
tem entendimento firmado de que a mera variação de preços de mercado não é suficiente
para determinar a realização de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, sendo
essencial a presença de uma das hipóteses previstas no art. 65, inciso II, alínea “d” da Lei nº
8.666/93, a saber: fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis,
retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força maior, caso
fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual.

[...] 17. O relator à época, Ministro Benjamin Zymler, destacou que a ocorrência de variações
entre os preços contratuais reajustados e os preços de mercado é situação previsível, já que
dificilmente os índices contratuais refletem perfeitamente a variação de preços de mercado.
Ressaltou, ainda, que caso a metodologia adotada pela Companhia fosse considerada
adequada (de realizar estudo e substituir os índices contatuais pactuados) , o art. 40, inciso XI,
da Lei nº 8.666/93 restaria inócuo, já que qualquer variação de preço seria capaz de ensejar a
obrigatoriedade da realização de reequilíbrio econômico-financeiro, o que substituiria o
reajustamento dos contratos.

[...] 19. Colhe-se na jurisprudência do Tribunal diversos outros julgados na mesma linha, entre
eles o Acórdão 4365/2014-Primeira Câmara, Rel. Min. Benjamin Zymler, e o Acórdão
1604/2015-TCU-Plenário, de minha relatoria. Neste último julgado, proferido por ocasião do
exame do processo TC-Processo 007.615/2015-9, o Plenário, acompanhando voto de minha
lavra, concluiu que não há óbice à concessão de reequilíbrio econômico-financeiro de contrato
visando à revisão ou recomposição de preços, ainda que de insumos isolados, desde que
estejam presentes requisitos enunciados pela teoria da imprevisão, elencados na alínea “d” do
inciso II do art. 65 da Lei nº 8.666/93, quais sejam, a imprevisibilidade (ou previsibilidade de
efeitos incalculáveis) , e o impacto acentuado na relação contratual.

REQUISITOS
1) IMPREVISIBILIDADE;
2) PREVISIBILIDADE, MAS QUE OS EFEITOS SEJAM INCALCULÁVEIS;
3) QUE ESSES FATOS RETARDEM OU IMPEÇAM A EXECUÇÃO DO OBJETO;

69
4) CASO FORTUITO;
5) FORÇA MAIOR;
6) FATO DO PRINCÍPE;
7) IMPACTO ACENTUADO NA RELAÇÃO CONTRATUAL. ONEROSIDADE EXCESSIVA;
8) A MERA VARIAÇÃO DE PREÇOS DE MERCADO NÃO É SUFICIENTE PARA DETERMINAR A
REALIZAÇÃO DE REEQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO DO CONTRATO.

Marçal: Caso fortuito: decorre de eventos da natureza, como catástrofes, ciclones e etc. Já a
força maior, resulta de um fato causado pela vontade ou ação humana, como por exemplo
uma greve.

OBSERVAÇÕES (Prof. Ricardo Ribas)

1) Custo x lucro do contratado. A imprevisibilidade vai incidir sobre os custos do contratado. O


lucro inicialmente previsto na proposta deve ser mantido durante a vigência contratual;
Encargos x vantagens

2) Para fazer jus a revisão, o contratado deverá comprovar que já adquiriu o produto com o
preço atual, comprovando o prejuízo. Isso é para evitar que aquele que tenha o produto
estocado se beneficie com a revisão do preço, alegando um prejuízo que não ocorreu;

3) Para comprovar o desequilíbrio, o contratado deverá apresentar notas fiscais que


comprovem a aquisição do produto no momento da apresentação da proposta e também no
momento posterior, quando da entrega do pedido feito pela Adm., de modo que possa ser
possível comprovar quanto o produto custava para ele à época e quanto passou a custar no
momento do pedido;

4) O acréscimo deverá ser feito em moeda corrente e não em porcentagem. Ex: se o preço do
arroz no momento da proposta custava para o contratado 10,00 e agora ele está pagando
15,00, esses 5,00 devem ser acrescidos ao valor unitário da proposta apresentada. Digamos
que o contratado tivesse ganhado a licitação com o preço de 12,00. O preço agora para a Adm.
será de 17,00;

5) O contratado deverá comprovar através de jornais, notícias oficiais, matérias publicitárias, a


onerosidade excessiva do preço;

6) O acréscimo poderá ser feito por apostilamento (há quem entenda que deva ser por Termo
Aditivo);

7) A boa prática diz que a análise da revisão do preço deverá ser feita a cada fornecimento, de
maneira pontual;

8) A revisão serve também para reduzir os custos para a Adm. Ex: reduziu-se a alíquota de um
imposto e o produto ficou mais barato para o contratado.

Prof. Ricardo Ribas: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hjX8kBCzQ5k>

70
71
REVISÃO DE PREÇO REGISTRADO EM ATA DE REGISTRO DE
PREÇO - CONTROVÉRSIA

72
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75
76
TCE - SP
“TC-11987.989.16-7, Relator Conselheiro RENATO MARTINS COSTA: Na mesma linha, reputo
improcedente a crítica que recaiu sobre a vedação de reestabelecimento do equilíbrio
financeiro prevista no item 3.1.2.1 do instrumento, uma vez que o entendimento
jurisprudencial sobre o assunto caminha no sentido de que “cláusulas de reequilíbrio da
equação econômica inicial do contrato não são admissíveis no sistema de registro de preços,
por não haver como se aplicar a teoria da imprevisão quando estamos a tratar de Ata de
Registro de Preços, e tampouco cabe à Administração o dever de tutelar a manutenção do
exato patamar de lucratividade relacionado a preços registrados em Ata” (conf. TC-
2541/003/11, relatado pelo eminente Substituto de Conselheiro Sammy Wurman; e TCs
282.989.13-6 e 414.989.13).”

“TC-034537/026/06. Conselheiro RENATO MARTINS COSTA. Além disso, muito mais


comprometedor é notar que se trata de registro de preços, sistema pelo qual, conforme prevê
o texto legal, o compromissado tem seu preço registrado para fornecer os materiais se e
quando seus preços se mantiverem em condições favoráveis à Administração Municipal. Do
contrário, ela não está obrigada a contratar, ficando-lhe facultada buscar, mediante os meios
legais, outro fornecedor que ofereça condições mais atraentes. Ao promover o realinhamento
dos preços, a Administração Municipal privilegiou seu registrado, em clara ofensa ao texto
legal, quer quanto à demonstração da quebra da equação econômico-financeira inicial, quer
quanto à sistemática que deve ser respeitada no sistema de registro de preços.”

“Conselheiro RENATO MARTINS COSTA. TC-000041/014/10. Também não se pode aceitar que,
passados apenas 45 (quarenta e cinco) dias da assinatura da Ata de Registro de Preços, a
origem conceda reequilíbrio econômico financeiro em favor de sua detentora. Ademais, o
reequilíbrio econômico financeiro pressupõe a existência de contrato, no qual as partes
estabelecem obrigações recíprocas, cujo cumprimento acaba se tornando inviável, na hipótese
de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis,
retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso
fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual,
nos termos do artigo 65, inciso “d”, da Lei 8.666/93. Em se tratando de Registro de Preços, no
entanto, como o próprio legislador cuidou de prever expressamente no artigo 15, §4º, da Lei
nº 8.666/93: “§4º – A existência de preços registrados não obriga a Administração a firmar as
contratações que deles poderão advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios,
respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegurado ao beneficiário do registro
preferência em igualdade de condições.” Neste caso concreto, restou evidente que a
detentora da Ata de Registro de Preços reduziu o valor de sua proposta com a intenção de
vencer o certame, sem o cuidado de observar os valores correntes de mercado, de forma a
garantir o cumprimento da obrigação assumida...”.

77
TCM - GOIÁS
CONSULTA. REVISÃO AUTOMÁTICA DE VALORES. ATA DE REGISTRO DE PREÇOS. REFERENCIAL
DE PREÇOS CONTIDOS EM TABELA DA AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. IMPOSSIBILIDADE.
PERIODICIADADE MÍNIMA INFERIOR A UM ANO. IMPOSSIBILIDADE. [...] Quando o preço
registrado se tornar superior ao preço praticado no mercado por motivo superveniente, o
órgão gerenciador convocará o fornecedor para negociar a redução dos preços aos valores
praticados pelo mercado. Caso não aceite, o ente municipal deverá tentar negociação com os
demais participantes da licitação que deu origem à ata de registro de preços, observada a
ordem de classificação. Quando o preço de mercado se tornar superior aos preços registrados,
excepcionalmente, para os produtos asfálticos derivados do petróleo, admite-se a sua revisão,
desde que estejam presentes todos os pressupostos a seguir: (i) Ocorrência de eventos
imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis, posteriores à assinatura
da ata de registro de preços; (ii) Elevação dos encargos ao particular; (iii) Vínculo de
causalidade entre o evento ocorrido e a elevação dos encargos da empresa; (iv) Inexistência de
participante da licitação, a qual deu origem à ata de registro de preços, que assuma o preço
originalmente registrado. ACÓRDÃO - CONSULTA Nº 00009/2020. PROCESSO: 08403/19.

ARGUMENTOS A FAVOR DA REVISÃO DOS PREÇOS


REGISTRADOS
1 - A dita “possibilidade de negociação” prevista nos Decretos está fundamentada na mesma
alínea “d”, inciso II, Art. 65 da Lei de Licitações em que se fundamenta o reequilíbrio, tendo
exatamente o mesmo efeito prático;

2 - Marçal Justen Filho entende que o Registro de Preços em si é um contrato normativo:

“O registro de preços é um contrato normativo, constituído como um cadastro de produtos e


fornecedores, selecionados mediante licitação, para contratações sucessivas de bens e serviços,
respeitados lotes mínimos e outras condições previstas no edital.

(…)

Em primeiro lugar, é relevante afastar um preconceito, no sentido de que o registro de preços


não se constituiria em uma relação jurídica entre a Administração Pública e um particular.
Alguns reputam que o registro de preços é um “entendimento” ou uma “avença”, tal como se
não apresentasse natureza jurídico-contratual. Outros afirmam que o registro de preços é uma
“ata” – confundindo a relação jurídica com o instrumento de sua formalização. Outros, enfim,
definem o registro de preços como um “sistema”, o que não fornece a determinação da
natureza jurídica do instituto.

O registro de preços é um contrato normativo, expressão que indica uma relação jurídica de
cunho preliminar e abrangente.”

78
“Insista-se que a denominação adotada é irrelevante. Chamar-se um documento de
“documento”, “contrato” ou “ata” é algo juridicamente secundário. O fundamental é o
conteúdo jurídico do documento e dos efeitos produzidos.

A “ata de registro de preços” está para o SRP assim como o instrumento de contrato está para
os contratos administrativos específicos.

(…)

A “ata de registro de preços” não produz diretamente um contrato de fornecimento ou de


serviço. Ela formaliza um contrato preliminar, que envolve a disciplina de futuras contratações
entre as partes.”;

3 - O inciso XXI do Art. 37 da CF garante o direito de serem mantidas as condições efetivas da


proposta. Neste viés, para o Sistema de Registro de Preços, a proposta é realizada no seu
processamento e formalizada/registrada em Ata. No SRP a proposta consta da Ata;

4 – Eficiência: Quando um setor de mercado é atingido por uma situação imprevisível,


normalmente todos os fornecedores daquele nicho são igualmente atingidos. Assim, ainda que
se realize uma nova licitação ou que se busque uma contratação direta, os preços estariam
elevados no mercado. Portanto, não há falar em privilegiar àqueles cujos preços foram
registrados, eis que o reequilíbrio, em situações como esta, vai ao encontro do princípio da
eficiência administrativa.

Compartilha dessa visão, Iúlian Miranda:

“... o Registro de Preços em ata gera para o Poder Púbico o dever de, sempre que possível,
manter os preços atualizados, garantindo o equilíbrio existente entre os encargos assumidos
pelo fornecedor e a remuneração prometida pela Administração Pública, segundo as condições
existentes no momento da efetivação da proposta. A revisão é um meio de garantia o equilíbrio
econômico-financeiro que, para os contratos administrativos, trata-se de direito constitucional
expresso no art. 37, XXI, da CR/88. Os termos e condições estabelecidos na Ata de Registro de
Preços (ARP) obrigam as partes envolvidas. Logo, os direitos e deveres estabelecidos no edital
de licitação para formação de uma ARP devem manter-se equilibrados, segundo as condições
efetivas existentes à época da proposta. Ou seja, assim como ocorre nos contratos
administrativos, também na formação das ARP deve-se garantir a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro.”

Na mesma linha, assevera Joel de Menezes Niebhur:

“O inciso II do § 3º do artigo 15 da Lei nº 8.666/93 prescreve que o decreto regulamentar sobre


o registro de preços deve observar, obrigatoriamente, estipulação prévia do sistema de
controle e atualização dos preços registrados. Portanto, a todas as luzes, os preços registrados
em ata não devem ser sempre os mesmos; eles podem e devem ser revistos, desde que
ocorram fatos geradores de desequilíbrio econômico-financeiro. E não poderia ser diferente,
haja vista que a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro é direito de alçada
constitucional, previsto no inciso XXI do artigo 37 da Constituição Federal - em conformidade
com a passagem que prescreve que devem ser mantidas as condições efetivas da proposta (...)
79
Ou seja, o preço pode ser revisto tanto para cima quanto para baixo. Se os preços praticados
no mercado forem reduzidos, deve-se reduzir o preço consignado na ata de registro de preços.
Se os insumos e custos forem majorados, deve-se majorar o preço registrado. (...). De acordo
com o supracitado artigo 17, a Administração deve manter equilibrada a ata de registro de
preços do mesmo modo como mantém equilibrado o contrato administrativo. Os pressupostos
materiais, formais e processuais são os mesmos. (...).”

Outro exemplo no mesmo sentido é o entendimento da Procuradoria-Geral do Estado do Rio


Grande do Sul:

“REGISTRO DE PREÇOS. REEQUILÍBRIO ECONÔMICOFINANCEIRO. POSSIBILIDADE. ATUAL


JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. REVISÃO DA INFORMAÇÃO N°
163/08/PDPE.

(...) a compreensão da matéria evoluiu, e hoje tanto a doutrina quanto a jurisprudência estão
admitindo que se proceda à revisão dos preços registrados, aplicando-se a norma do art. 65, II,
‘d’, da Lei n° 8666/93, bem como os artigos 17 a 19 do Decreto n° 7.892/13 (o qual revogou o
anterior Decreto n° 3931/2001).

(...)

Nessa senda, consoante entendimento atual da doutrina e da jurisprudência, a revisão dos


preços registrados em Ata é possível, procedendo-se ao reequilíbrio econômico-financeiro da
avença, desde que presentes os pressupostos do art. 65, II, ‘d’ da Lei n° 8.666/93. Outrossim, o
Decreto n° 7.892/13 oferece, em seu artigo 19, o procedimento a ser seguido pela
Administração Pública Federal, o qual pode ser também utilizado pela Administração Pública
Estadual.” PGE/RS. Informação nº 032/2015/PDPE.

Conteúdo Disponível em:


<https://www.blogjml.com.br/?cod=02957737ab2d7897e51df350f89e1b8b>.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 5, DE 25 DE MAIO DE 2017 - MPOG


Dispõe sobre as regras e diretrizes do procedimento de contratação de serviços sob o regime
de execução indireta no âmbito da Administração Pública federal direta, autárquica e
fundacional.

CAPÍTULO V DA GESTÃO DO CONTRATO

Seção I Das Atividades de Gestão e Fiscalização da Execução dos Contratos

Art. 39. As atividades de gestão e fiscalização da execução contratual são o conjunto de ações
que tem por objetivo aferir o cumprimento dos resultados previstos pela Administração para
os serviços contratados, verificar a regularidade das obrigações previdenciárias, fiscais e
trabalhistas, bem como prestar apoio à instrução processual e o encaminhamento da
documentação pertinente ao setor de contratos para a formalização dos procedimentos
relativos a repactuação, alteração, reequilíbrio, prorrogação, pagamento, eventual aplicação

80
de sanções, extinção dos contratos, dentre outras, com vista a assegurar o cumprimento das
cláusulas avençadas e a solução de problemas relativos ao objeto.

Art. 40. O conjunto de atividades de que trata o artigo anterior compete ao gestor da execução
dos contratos, auxiliado pela fiscalização técnica, administrativa, setorial e pelo público
usuário, conforme o caso, de acordo com as seguintes disposições:

I - Gestão da Execução do Contrato: é a coordenação das atividades relacionadas à fiscalização


técnica, administrativa, setorial e pelo público usuário, bem como dos atos preparatórios à
instrução processual e ao encaminhamento da documentação pertinente ao setor de
contratos para formalização dos procedimentos quanto aos aspectos que envolvam a
prorrogação, alteração, reequilíbrio, pagamento, eventual aplicação de sanções, extinção dos
contratos, dentre outros;

II - Fiscalização Técnica: é o acompanhamento com o objetivo de avaliar a execução do objeto


nos moldes contratados e, se for o caso, aferir se a quantidade, qualidade, tempo e modo da
prestação dos serviços estão compatíveis com os indicadores de níveis mínimos de
desempenho estipulados no ato convocatório, para efeito de pagamento conforme o
resultado, podendo ser auxiliado pela fiscalização de que trata o inciso V deste artigo;

III - Fiscalização Administrativa: é o acompanhamento dos aspectos administrativos da


execução dos serviços nos contratos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra
quanto às obrigações previdenciárias, fiscais e trabalhistas, bem como quanto às providências
tempestivas nos casos de inadimplemento;

IV - Fiscalização Setorial: é o acompanhamento da execução do contrato nos aspectos técnicos


ou administrativos, quando a prestação dos serviços ocorrer concomitantemente em setores
distintos ou em unidades desconcentradas de um mesmo órgão ou entidade; e

V - Fiscalização pelo Público Usuário: é o acompanhamento da execução contratual por


pesquisa de satisfação junto ao usuário, com o objetivo de aferir os resultados da prestação
dos serviços, os recursos materiais e os procedimentos utilizados pela contratada, quando for
o caso, ou outro fator determinante para a avaliação dos aspectos qualitativos do objeto.

Art. 43. O encargo de gestor ou fiscal não pode ser recusado pelo servidor, por não se tratar de
ordem ilegal, devendo expor ao superior hierárquico as deficiências e limitações técnicas que
possam impedir o diligente cumprimento do exercício de suas atribuições, se for o caso.

“O fiscal de contrato designado, caso entenda não possuir conhecimento técnico para
exercer suas competências, deve alegar o fato ao seu superior em tempo hábil, para adoção
das medidas pertinentes, sob risco de vir a responder por eventual prejuízo causado ao
erário (art. 67, § 2:, da Lei 8.666/1993).” Acórdão 10868/2018-Segunda Câmara | Relator:
ANA ARRAES.

“A falta de capacitação do agente público para a realização de tarefa específica a ele atribuída
não impede sua responsabilização por eventual prejuízo causado ao erário. Ciente de sua falta
de habilitação para o exercício da tarefa, deve o servidor negar-se a realizá-la, uma vez que, ao

81
executá-la, assume os riscos inerentes aos resultados produzidos.” Acórdão 1174/2016.
Plenário.

“O fiscal do contrato não pode ser responsabilizado caso não lhe sejam oferecidas condições
apropriadas para o desempenho de suas atribuições. Na interpretação das normas de gestão
pública, deverão ser considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as
exigências das políticas públicas a seu cargo (art. 22, caput, do Decreto-lei 4.657/1942 - Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro).” Acórdão 2973/2019-Segunda Câmara | Relator:
ANA ARRAES.

“O fiscal do contrato não pode ser responsabilizado, caso não possua condições apropriadas
para o desempenho de suas atribuições.” Acórdão 839/2011- Plenário | Relator: RAIMUNDO
CARREIRO.

Art. 45. Após a assinatura do contrato, sempre que a natureza da prestação dos serviços exigir,
o órgão ou entidade deverá promover reunião inicial para apresentação do plano de
fiscalização, que conterá informações acerca das obrigações contratuais, dos mecanismos de
fiscalização, das estratégias para execução do objeto, do plano complementar de execução da
contratada, quando houver, do método de aferição dos resultados e das sanções aplicáveis,
dentre outros.

§ 1º Os assuntos tratados na reunião inicial devem ser registrados em ata e,


preferencialmente, estarem presentes o gestor, o fiscal ou equipe responsável pela fiscalização
do contrato, o preposto da empresa, e, se for o caso, o servidor ou a equipe de Planejamento
da Contratação.

Art. 46. As ocorrências acerca da execução contratual deverão ser registradas durante toda a
vigência da prestação dos serviços, cabendo ao gestor e fiscais, observadas suas atribuições, a
adoção das providências necessárias ao fiel cumprimento das cláusulas contratuais, conforme
o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 67 da Lei nº 8.666, de 1993.

§ 1º O registro das ocorrências, as comunicações entre as partes e demais documentos


relacionados à execução do objeto poderão ser organizados em processo de fiscalização,
instruído com os documentos de que trata o § 4º do art. 42.

§ 2º As situações que exigirem decisões e providências que ultrapassem a competência do


fiscal deverão ser registradas e encaminhadas ao gestor do contrato que as enviará ao superior
em tempo hábil para a adoção de medidas saneadoras.

Art. 50. I - o recebimento provisório será realizado pelo fiscal técnico, fiscal administrativo,
fiscal setorial ou equipe de fiscalização, nos seguintes termos:

a) elaborar relatório circunstanciado, em consonância com as suas atribuições, contendo o


registro, a análise e a conclusão acerca das ocorrências na execução do contrato e demais
documentos que julgarem necessários, devendo encaminhá-los ao gestor do contrato para
recebimento definitivo; e

82
b) quando a fiscalização for exercida por um único servidor, o relatório circunstanciado deverá
conter o registro, a análise e a conclusão acerca das ocorrências na execução do contrato, em
relação à fiscalização técnica e administrativa e demais documentos que julgar necessários,
devendo encaminhá-los ao gestor do contrato para recebimento definitivo;

II - o recebimento definitivo pelo gestor do contrato, ato que concretiza o ateste da execução
dos serviços, obedecerá às seguintes diretrizes:

a) realizar a análise dos relatórios e de toda a documentação apresentada pela fiscalização


técnica e administrativa e, caso haja irregularidades que impeçam a liquidação e o pagamento
da despesa, indicar as cláusulas contratuais pertinentes, solicitando à contratada, por escrito,
as respectivas correções;

b) emitir termo circunstanciado para efeito de recebimento definitivo dos serviços prestados,
com base nos relatórios e documentação apresentados; e

c) comunicar a empresa para que emita a Nota Fiscal ou Fatura com o valor exato
dimensionado pela fiscalização com base no Instrumento de Medição de Resultado (IMR),
observado o Anexo VIII-A ou instrumento substituto, se for o caso.

Art. 70. Os fiscais deverão elaborar relatório final acerca das ocorrências da fase de execução
do contrato, após a conclusão da prestação do serviço, para ser utilizado como fonte de
informações para as futuras contratações.

ENUNCIADOS DA PGE - RJ

Enunciado nº 09 – PGE: Prestação de serviços contínuos: requisitos para


prorrogação do contrato
1. Os contratos administrativos de prestação de serviços de natureza contínua podem ser
prorrogados, com fundamento no art. 57, inciso II, da Lei nº 8.666/93, desde que:

(i) estejam em vigor;

(ii) haja previsão para a prorrogação no edital e no contrato;

(iii) seja justificada, em qualquer caso, a vantagem para a Administração Pública;

(iv) o prazo da prorrogação seja igual ou inferior aquele fixado no contrato de origem;

(v) seja respeitado o limite máximo de 60 (sessenta) meses para o prazo total do contrato;

(vi) haja autorização da autoridade competente;

(vii) esteja comprovada a manutenção das condições de habilitação do contratado; e

(viii) haja disponibilidade orçamentária, de acordo com a legislação orçamentária.

83
2. No momento da prorrogação do prazo contratual deve ser verificada a proximidade do
período da concessão do reajuste, hipótese em que o contratado deverá ser consultado, caso
antes não tenha se manifestado, a respeito da sua intenção em pleiteá-lo ou renunciá-lo,
expressamente.

3. Havendo renúncia ao reajuste, a mesma deverá ser registrada no termo aditivo.

4. Não havendo renúncia expressa do contratado, para o atendimento à condição do item 1, iii,
deverá ser contemplado, no exame da vantajosidade, o cálculo do reajuste ou a projeção do
seu impacto, caso o índice aplicável não tenha sido, ainda, divulgado.

Enunciado nº 14 - PGE: Reajuste de preços nos contratos


1. O reajustamento de preços - seja no sentido genérico ou no restrito, denominado no âmbito
federal de repactuação — tem por objetivo recompor o valor da proposta do contratado, em
razão do impacto da inflação nos preços dos custos que a integra.

2. A partir do exame do objeto da licitação poderá ser avaliado qual será o critério de reajuste:
(i) aplicação de um indicador inflacionário (por exemplo, o IPCA do IBGE) ou (ii) variação dos
custos verificados a partir de um acordo, convenção ou dissídio coletivo de trabalho.

3. Quando se tratar de reajuste em sentido genérico, o índice previsto no edital e no contrato


administrativo deve ser setorial, refletindo a variação dos custos e insumos daquele segmento
específico.

3.1 Somente é admissível a adoção de um índice geral quando inexistir índice setorial.

4. O prazo de 12 (doze) meses para início do cômputo do reajuste começa a contar da data da
apresentação da proposta ou do orçamento a que esta se referir, consoante expressamente
previsto no art. 40, XI da Lei n° 8.666, de 21.06.93 e na Lei n° 10.192, de 14.02.2001.

4.1 A anualidade do reajuste se conta a partir desses marcos temporais e não da assinatura do
contrato ou do requerimento do contratado.

4.2 Tendo sido fixado o termo inicial da contagem do reajuste, conforme previsão no edital e
no contrato, 12 (doze) meses depois, o contratado tem direito a sua concessão, passando, a
partir de então, a ser fixada a data do seu aniversário.

5. Nos contratos de prestação de serviços onde haja alocação de mão de obra com
exclusividade para determinado contrato, ou seja, quando se tratar de mão de obra residente,
o termo inicial da contagem do reajuste deve corresponder à data do acordo, convenção ou
dissídio coletivo de trabalho, vigente à época da apresentação da proposta de licitação.

5.1 Nestes contratos, os preços dos demais insumos que não se relacionam com a mão de obra
devem ser reajustados segundo o índice inflacionário previsto no contrato, tendo como termo
a quo a data da apresentação da proposta ou do orçamento a que esta se refira.

5.2 Nas contratações que envolvam mão de obra é possível considerar dois marcos iniciais
para reajuste, cuja explicitação deve estar expressa no edital e no contrato: (i) a data da

84
celebração do acordo ou convenção coletiva ou da prolação da decisão no dissídio para o
reajuste das despesas relativas à mão de obra e (ii) a data da apresentação da proposta ou do
orçamento a que esta se refira para o reajuste, no caso dos demais insumos.

6. Não é cabível o reajuste se não há previsão expressa no edital e no contrato administrativo.

6.1 A ausência de previsão em edital e contrato de cláusula de reajuste em razão de acordo,


convenção ou dissídio coletivo de trabalho nos contratos de prestação de serviço com mão de
obra residente impede a sua aplicação.

7. Qualquer retroatividade dos efeitos ao reajuste é descabida se não for observada


estritamente a definição pelo edital e contrato.

Enunciado nº 20 - PGE: Contratação emergencial e dispensa de licitação


1. A emergência, a ensejar dispensa de licitação, é um conceito jurídico indeterminado a ser
valorado pelo administrador diante das especificidades do caso concreto, observados, em
especial, os princípios da razoabilidade, moralidade e eficiência.

2. A emergência decorrente da falta de planejamento, incúria ou desídia do agente público não


exclui a incidência do art. 24, inciso IV, da Lei n.° 8.666/93, mas deve ser objeto de rigorosa
apuração com vistas à identificação dos responsáveis e aplicação das sanções cabíveis.

3. A contratação direta (art. 24, inciso IV, da Lei n .° 8.666/93) deve ser efetivada somente para
a aquisição de bens e serviços estritamente necessários ao saneamento da situação
emergencial, cabendo à autoridade administrativa iniciar imediatamente o procedimento
licitatório, adotando as providências necessárias à regularização da contratação.

4. O prazo do contrato emergencial deve ser dimensionado considerando apenas o tempo


necessário para sanar a situação de urgência, limitado este a 180 (cento e oitenta) dias.

5. Se a situação emergencial persistir ao final do contrato e ante a vedação da prorrogação, a


solução é a formalização de nova contratação com base no art. 24, inciso IV, da Lei n.°
8.666/93, desde que, justificadamente, não seja possível realizar uma licitação durante o
período ou adotar as providências necessárias à regularização da contratação.

Art. 12, Decreto n° 45.600/2016 - Cabem ao gestor do contrato...:

XI-controlar o prazo de vigência do contrato e de execução do objeto, assim como de suas


etapas e demais prazos contratuais, recomendando, com antecedência razoável, à
autoridade competente, quando for o caso, a deflagração de novo procedimento licitatório
ou a prorrogação do prazo, quando admitida;

XII-comunicar, com antecedência razoável, à autoridade competente, a proximidade do


término do prazo do contrato, instruindo o processo, quando admitida a prorrogação, com
os seguintes documentos:

85
Enunciado nº 29 – PGE: Habilitação do contratado quando da celebração
de termo aditivo
Nas celebrações de termo aditivo de contrato, de qualquer natureza, deverá ser exigida a
comprovação da manutenção das condições de habilitação do contratado, na forma do art. 55,
inciso XIII, da Lei nº 8.666/93.

Enunciado nº 30 – PGE: Contratos com prestadoras de serviços públicos


1- As minutas de contrato elaboradas por empresas prestadoras de serviço, cuja natureza se
assemelha aos contratos de adesão, a exemplo da Empresa de Correios e Telégrafos – ECT,
podem ser adotadas pelo Estado ou suas Entidades quando usuárias desses serviços, ainda que
tais minutas não estejam em estrita conformidade com as minutas-padrão aprovadas pela
Procuradoria Geral do Estado. A eventual aplicação de cláusula abusiva poderá ser
judicialmente contestada, a posteriori.

2 – É dispensável a celebração de termo de contrato para formalização da contratação de


empresas prestadoras de serviços públicos monopolizados, em conformidade com as
condições estabelecidas pelas respectivas agências reguladoras, que resultam em contratos de
adesão, sendo facultada a sua substituição por um dos instrumentos previstos no caput do art.
62 da Lei nº 8.666/93, se esta for a prática da empresa, devendo o órgão jurídico
simplesmente atestar a sua natureza de contrato de adesão e o órgão administrativo cuidar
para que as condições de prestação do serviço mantenham-se conformes ao padrão
estabelecido pela agência reguladora.

3 – As empresas concessionárias de serviços públicos monopolizadas podem ser contratadas


pela Administração Pública estadual sem a exigência das certidões de habilitação previstas no
artigo 29 da Lei nº 8.666/93. Nos demais contratos celebrados com essas empresas, não
relacionados à prestação de serviços públicos, aplica-se a regra geral de exigência das
certidões de habilitação.

Enunciado nº 32 - PGE: Prorrogação excepcional prevista no art. 57, § 4º,


da Lei nº 8.666/93
1 - A prorrogação excepcional de que trata o art. 57, § 4º, da Lei nº 8.666/93 somente se aplica
aos contratos que tenham por objeto a prestação de serviços contínuos.

2 - A prorrogação com fundamento no § 4º do art. 57 da Lei nº 8.666/93 deve ser autorizada


pela maior autoridade do órgão.

3 - O limite máximo de prorrogação autorizada pela Lei nº 8.666/93 é de até 12 (doze) meses,
podendo ser efetivada por prazo menor em razão das especificidades do caso concreto.

4 - Esta espécie de prorrogação só poderá ser efetivada se constatada a excepcionalidade da


situação e a imprescindibilidade da manutenção do serviço contínuo, cuja avaliação é matéria
de índole discricionária do administrador.

86
5 - O administrador deve apresentar a devida justificativa.

6 - Dada a imprevisibilidade da situação que enseja a prorrogação do prazo nestas


circunstâncias, é dispensável que o edital e/ou o contrato tenham previsto tal hipótese.

7 - A justificativa da prorrogação deve abranger a análise da adequação do preço a ser pago


pela Administração, devendo este ser vantajoso, diante da aplicação analógica do art. 57,
inciso II, da Lei nº 8.666/93.

Enunciado nº 34 - PGE: Acordo de Níveis de Serviço


1 – O Acordo de Níveis de Serviço – ANS é o instrumento de verificação dos padrões mínimos
de qualidade e eficiência dos serviços prestados pelo Contratado, de forma a permitir à
Administração Pública a fiscalização e a supervisão dos serviços na execução dos contratos.

2 – O ANS integra o instrumento convocatório e o contrato, podendo ser previsto no Termo de


Referência.

3 – O ANS deve prever metas e critérios objetivos de aferição e mensuração dos resultados,
quantidade e qualidade da prestação dos serviços, de forma clara e concreta, contendo,
especialmente, os indicadores e os instrumentos de medição que serão adotados.

4- Em razão do não atendimento às metas e critérios definidos no ANS, o valor da


remuneração do Contratado poderá sofrer deduções, devendo ser proporcional à aferição
realizada, independentemente da aplicação das penalidades administrativas, decorrentes da
inexecução parcial ou total dos serviços contratados.

Enunciado nº 40 - PGE: Alteração Contratual: Acréscimo


1. É condição para a alteração do objeto do contrato, com fundamento no art. 65, da Lei n°
8.666/93. a ocorrência de motivos supervenientes à celebração do contrato, que devem ser
apresentados mediante justificativa técnica fundamentada.

1.1. Motivos supervenientes são os fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de


consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou
decorrentes de hipótese de força maior, caso fortuito e fato do príncipe.

2. Na forma do caput, do art. 65, § 2°, da Lei n° 8.666/93, os acréscimos ou as supressões,


sejam quantitativas ou qualitativas, devem observância ao limite de 25% ou 50% do valor
inicial atualizado do contrato, conforme a natureza do objeto, ou seja, obras, serviços ou
compras e reforma de edifício ou de equipamento, respectivamente, conforme disposto pelo
art. 65, § 1°, da Lei antes referida.

3. A base de cálculo dos limites máximos de alteração contratual, na forma do § 1°, do art. 65,
da Lei n° 8.666/93 (25% ou 50%, conforme o caso) deve ser computada em relação ao valor
inicial atualizado do contrato, considerando o seu valor global, e não cada item isoladamente.

4. Para efeito de observância dos limites de alteração contratual previstos no art. 65 da Lei n°
8.666/93, a Administração Pública deve considerar o conjunto de reduções ou supressões e o
87
conjunto de acréscimos de forma isolada, sem qualquer compensação dos acréscimos e das
supressões entre si, com vistas a não transfigurar o objeto e preservar o princípio da licitação.

5. A não observância dos limites percentuais expressos na Lei n° 8.666/93 nas alterações
qualitativas envolve situação de absoluta excepcionalidade, exigindo a demonstração da
efetiva ocorrência de todos os requisitos mencionados na Decisão n° 215, de 1999, do Tribunal
de Contas da União, quais sejam:

I - não acarretar para a Administração encargos contratuais superiores aos oriundos de uma
eventual rescisão contratual por razões de interesse público, acrescidos aos custos da
elaboração de um novo procedimento licitatório;

II - não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de capacidade técnica e


econômico-financeira do contratado;

III - decorrer de fatos supervenientes que impliquem em dificuldades não previstas ou


imprevisíveis por ocasião da contratação inicial;

IV - não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente contratado em outro de natureza


e propósito diversos;

V - ser necessárias à completa execução do objeto original do contrato, à otimização do


cronograma de execução e à antecipação dos benefícios sociais e econômicos decorrentes;

VI - demonstrar-se - na motivação do ato que autorizar o aditamento contratual que extrapole


os limites legais mencionados nos §§ 1° e 2° do art. 65 da Lei n° 8.666/93 - que as
consequências da outra alternativa (a rescisão contratual, seguida de nova licitação e
contratação) importam sacrifício insuportável ao interesse público primário (interesse coletivo)
a ser atendido pela obra ou serviço, ou seja, gravíssimas a esse interesse; inclusive quanto à
sua urgência e emergência.

6. Eventual alteração qualitativa acima dos limites fixados pelo § 1°, do art. 65, da Lei n°
8666/93, depende de expressa concordância do contratado.

7. A impossibilidade de realização de nova licitação, a justificar alteração do contrato acima


dos limites legais, é matéria que exige motivação técnica, ratificada pela autoridade
administrativa competente.

Enunciado nº 41 - PGE: Alteração Contratual: Supressão

A supressão do objeto contratual que ultrapasse o limite previsto no art. 65, § 1°, da Lei n°
8.666/93, depende de prévia manifestação do contratado concordando com a alteração
bilateral do contrato, para fins de conferir maior segurança jurídica ao procedimento.

Enunciado nº 42 - PGE: Alteração Contratual: Custos Unitários


1 – O valor unitário dos itens relativos às alterações qualitativas nas obras e nos serviços de
engenharia devem ter por base as composições de custos dos catálogos da EMOP. No caso de
ausência dos valores unitários nos catálogos da EMOP, é possível a adoção de outros sistemas
88
de custos (como Sistemas de Custos de Obras – SCO ou PINI) e, na ausência de valores
unitários em catálogos, os preços podem ser apurados por meio de pesquisa de mercado,
mediante justificativa do órgão técnico.

2 – Na hipótese de obras e serviços que utilizem recursos federais, os órgãos e entidades da


Administração Pública estadual deverão confeccionar as respectivas planilhas de custos com
base nos sistemas de custos unitários mantidos pela Caixa Econômica Federal (SINAPI) ou pelo
DNIT (SICRO).

2.1 – Somente quando o item não encontre correspondente nos sistemas de custos unitários
da União (SICRO/SINAPI), ou então, quando o valor unitário previsto no catálogo EMOP seja
mais econômico (menor valor) é possível o uso da parametrização prevista nos sistemas de
custo estaduais.

2.2 – As duas exceções acima deverão ser objeto de ampla e robusta fundamentação por parte
do gestor, a quem compete registrar no processo administrativo respectivo as razões pelas
quais será adotado o sistema de referência estadual em detrimento dos parâmetros federais.

3 – Os itens 2, 2.1 e 2.2 aplicam-se às fases interna e externa das licitações no tema de
composição de custos, bem como nas alterações dos contratos de obras e serviços de
engenharia que utilizem recursos federais.

LEI Nº 14.133/2021 - LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS


ADMINISTRATIVOS.

CAPÍTULO VI - DA EXECUÇÃO DOS CONTRATOS


Art. 117. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por 1 (um) ou mais
fiscais do contrato, representantes da Administração especialmente designados conforme

89
requisitos estabelecidos no art. 7º desta Lei, ou pelos respectivos substitutos, permitida a
contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los com informações pertinentes a essa
atribuição.

§ 1º O fiscal do contrato anotará em registro próprio todas as ocorrências relacionadas à


execução do contrato, determinando o que for necessário para a regularização das faltas ou
dos defeitos observados.

§ 2º O fiscal do contrato informará a seus superiores, em tempo hábil para a adoção das
medidas convenientes, a situação que demandar decisão ou providência que ultrapasse sua
competência.

§ 3º O fiscal do contrato será auxiliado pelos órgãos de assessoramento jurídico e de controle


interno da Administração, que deverão dirimir dúvidas e subsidiá-lo com informações
relevantes para prevenir riscos na execução contratual.

Art. 121. Somente o contratado será responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários,
fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.

§ 1º A inadimplência do contratado em relação aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais


não transferirá à Administração a responsabilidade pelo seu pagamento e não poderá onerar o
objeto do contrato nem restringir a regularização e o uso das obras e das edificações, inclusive
perante o registro de imóveis, ressalvada a hipótese prevista no § 2º deste artigo.

§ 2º Exclusivamente nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação


exclusiva de mão de obra, a Administração responderá solidariamente pelos encargos
previdenciários e subsidiariamente pelos encargos trabalhistas se comprovada falha na
fiscalização do cumprimento das obrigações do contratado.

§ 3º Nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de


obra, para assegurar o cumprimento de obrigações trabalhistas pelo contratado, a
Administração, mediante disposição em edital ou em contrato, poderá, entre outras medidas:

I - exigir caução, fiança bancária ou contratação de seguro-garantia com cobertura para verbas
rescisórias inadimplidas;

II - condicionar o pagamento à comprovação de quitação das obrigações trabalhistas vencidas


relativas ao contrato;

III - efetuar o depósito de valores em conta vinculada;

IV - em caso de inadimplemento, efetuar diretamente o pagamento das verbas trabalhistas,


que serão deduzidas do pagamento devido ao contratado;

V - estabelecer que os valores destinados a férias, a décimo terceiro salário, a ausências legais
e a verbas rescisórias dos empregados do contratado que participarem da execução dos
serviços contratados serão pagos pelo contratante ao contratado somente na ocorrência do
fato gerador.

90
CAPÍTULO VII - DA ALTERAÇÃO DOS CONTRATOS E DOS PREÇOS
Art. 124. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas,
nos seguintes casos:

I - unilateralmente pela Administração:

a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação


técnica a seus objetivos;

b) quando for necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou


diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;

II - por acordo entre as partes:

[...]

d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em caso de força


maior, caso fortuito ou fato do príncipe ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis
de consequências incalculáveis, que inviabilizem a execução do contrato tal como pactuado,
respeitada, em qualquer caso, a repartição objetiva de risco estabelecida no contrato.

Art. 125. Nas alterações unilaterais a que se refere o inciso I do caput do art. 124 desta Lei, o
contratado será obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, acréscimos ou
supressões de até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato que se
fizerem nas obras, nos serviços ou nas compras, e, no caso de reforma de edifício ou de
equipamento, o limite para os acréscimos será de 50% (cinquenta por cento).

Art. 131. A extinção do contrato não configurará óbice para o reconhecimento do


desequilíbrio econômico-financeiro, hipótese em que será concedida indenização por meio de
termo indenizatório.

Parágrafo único. O pedido de restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro deverá ser


formulado durante a vigência do contrato e antes de eventual prorrogação nos termos do art.
107 desta Lei.

Art. 135. Os preços dos contratos para serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva
de mão de obra ou com predominância de mão de obra serão repactuados para manutenção
do equilíbrio econômico-financeiro, mediante demonstração analítica da variação dos custos
contratuais, com data vinculada:

I - à da apresentação da proposta, para custos decorrentes do mercado;

II - ao acordo, à convenção coletiva ou ao dissídio coletivo ao qual a proposta esteja vinculada,


para os custos de mão de obra.

91
[...]

§ 3º A repactuação deverá observar o interregno mínimo de 1 (um) ano, contado da data da


apresentação da proposta ou da data da última repactuação.

§ 4º A repactuação poderá ser dividida em tantas parcelas quantas forem necessárias,


observado o princípio da anualidade do reajuste de preços da contratação, podendo ser
realizada em momentos distintos para discutir a variação de custos que tenham sua
anualidade resultante em datas diferenciadas, como os decorrentes de mão de obra e os
decorrentes dos insumos necessários à execução dos serviços.

§ 5º Quando a contratação envolver mais de uma categoria profissional, a repactuação a que


se refere o inciso II do caput deste artigo poderá ser dividida em tantos quantos forem os
acordos, convenções ou dissídios coletivos de trabalho das categorias envolvidas na
contratação.

§ 6º A repactuação será precedida de solicitação do contratado, acompanhada de


demonstração analítica da variação dos custos, por meio de apresentação da planilha de
custos e formação de preços, ou do novo acordo, convenção ou sentença normativa que
fundamenta a repactuação.

92
MÓDULO II
INSTRUTOR: DOUGLAS LIMA

Objetivo dos Encontros:

DESTACAR ALGUNS PONTOS SOBRE GESTAO E FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS, VISANDO


APROFUNDAR OS TEMAS VISTOS AO LONGO DO CURSO.

PLANEJAMENTO
O QUE É? SERVIÇO DE PREPARAÇÃO DE UM TRABALHO, DE UMA TAREFA, COM O
ESTABELECIMENTO DE MÉTODOS CONVENIENTES; PLANIFICAÇÃO.
PRA QUE SERVE?
- REVEILLON;
- VEÍCULOS;
- IMPRESSORAS;
- MUNIÇÃO.

DEVEMOS SEMPRE NOS PREOCUPAR COM:


O objetivo do contrato;
O objetivo do projeto;
Estrutura institucional;
Instalações;
Recursos: Humanos, Materiais.

INSTRUMENTOS DE GESTÃO
PODE SER QUALQUER DOCUMENTO, FERRAMENTA, TECNOLOGIA, ETC., QUE PERMITA À
COMISSÃO DE GESTÃO E FISCALIZAÇÃO EXERCER SEU TRABALHO COM MAIOR EFICIÊNCIA.

FORMALIZAÇÃO DA DEMANDA

APRESENTA A REAL NECESSIDADE DO ÓRGÃO A SER SUPRIDA COM A CONTRATAÇÃO;


PERMITE AO GESTOR SABER O QUE PRECISA SER RESOLVIDO (O PROBLEMA);

ESTUDOS TÉCNICOS PRELIMINARES – ETP


APRESENTA AS FORMAS DE SUPRIMENTO ANALISADAS, SUAS COMPARAÇÕES E INTEGRAÇÃO
COM A REALIDADE DO ÓRGÃO;
PERMITE AO GESTOR ENXERGAR A SOLUÇÃO COMO UM TODO E SABER O QUE PRECISA
ENTREGAR.

93
MAPA DE RISCO

APRESENTA O QUE FOI IDENTIFICADO QUE PODERIA PREJUDICAR O OBJETIVO DA


CONTRATAÇÃO E AS AÇÕES PARA SANAR OU CONTROLAR;
PERMITE AO GESTOR IDENTIFICAR A IMPORTANCIA DE CADA UM DOS ELEMENTOS DO
CONTRATO.

TERMO DE REFERÊNCIA
APRESENTA O QUE FOI COBRADO PELAS PARTES E ACORDADO PREVIAMENTE;
PERMITE AO GESTOR, DE FORMA OBJETIVA, IDENTIFICAR E PONTUAR O QUE SERÁ REALIZADO
E O OBJETIVO DA CONTRATAÇÃO.

PLANILHA DE CUSTOS E FORMAÇÃO DE PREÇOS

TALVEZ O MAIS EFICIENTE, POR SER A TRANSFORMAÇÃO MATEMÁTICA DOS DOCUMENTOS


ANTERIORES.
BASE PARA: REEQUILIBRIO; ANALISE DE CUSTOS; ECONOMICIDADE.
CUIDADO: CUSTOS ≠ VALOR/PREÇO

ANTECIPAÇÃO E CRONOGRAMA
Planejar não é algo trivial e o bom planejamento está associado ao conhecimento do objetivo;
das alternativas; e recursos disponíveis.
A ferramenta de gestão essencial ao planejamento é o CRONOGRAMA, que pode ser criado
através da ANTECIPAÇÃO das etapas precedentes.
Projetar os RISCOS identificados nessa criação dentro de cada etapa é fundamental para a
elaboração dos planos de contingência ou ações programadas.
O plano será ajustado ao longo da execução, se não for é quase certo que algum risco não foi
identificado e já aconteceu.

EXEMPLO: REVEILLON; BALSAS COM FOGOS; PERMISSÃO BALSAS; AUTORIZAÇÃO FOGOS;


DESEMBARAÇO FOGOS; IMPORTAÇÃO FOGOS; TESTES FOGOS E EQUIPE.

NEGOCIAÇÃO
O QUE É?
CONVERSA QUE OCORRE ENTRE DUAS OI MAIS PESSOAS, COM O FIM DE SE CHEGAR A UM
ACORDO EM UM ASSUNTO QUALQUER; AJUSTE.

PARA QUE SERVE?


CUIDADO: A NEGOCIAÇÃO NO AMBIENTE PÚBLICO É DIFERENTE E LIMITADA!!!

COMO NEGOCIAR COM TANTAS TRAVAS COMO:


94
EDITAL;
TERMO DE REFERÊNCIA;
CONTATO;
LEI;
NORMAIS;
JURISPRUDÊNCIA;
DOUTRINA.

CONHECIMENTO PRÉVIO
EM REGRA, NÃO ADIANTA PEDIR DESCONTO AO MELHOR COLOCADO EM UMA LICITAÇÃO;
PRECISAMOS ENTENDER COMO O MERCADO FUNCIONA E TRABALHAR E O IMPACTOR DA
NOSSA DEMANDA;
PRECISAMOS BUSCAR ALTERNATIVAS!
PRECISAMOS SER BOM PARA AMBAS AS PARTES!

LEGISLAÇÕES QUE REGEM O MERCADO:


LEIS; DECRETOS; NORMAS; INSTRUÇÕES E ETC.

NIVEL DE CONCORRÊNCIA
Monopólio;
Mercado Restrito;
Barreiras;
De entrada;
De Saída;
Prazos.

MERCADO OU PRODUTO CONTROLADO


Agencias reguladoras;
Órgãos Oficiais;
Ambiente internacional.

IMPACTO DA DEMANDA
Volume;
Especificação;
Localização;
Dispersão.

PLANILHA DE CUSTO
95
Será a base de muitas negociações principalmente se o tema envolver o preço;
Atentar para:
Despesas com pessoal;
Tributos;
Impostos;
Classificação ME/EPP (simples).

AMBIENTE DO FORNECEDOR

Por que poucas empresas contratam com o estado?

Penalidades;
Desorganização;
Ameaças;
Pagamentos;
Consequências:
Mercado cada vez mais restrito;
Baixo desenvolvimento do mercado;
Desencontro entre serviço público e sociedade.

CONTROLE
O QUE É?

Exercer o controle de ou sobre algo, alguém ou sobre si próprio;


Ter sob o seu domínio, sob a sua vigilância.

CONTROLAR

OBSERVAR

O controle demanda ação que para ser efetiva deve ser:

Planejada;
Ter um objetivo;
Prazos ou gatilhos;
Registros;
Ferramentas ou Métodos;
Gerar consequências.

96
PAGAMENTOS
É o reconhecimento do serviço prestado, a contraprestação (troca) combinada e acima de tudo
a maior ferramenta da gestão para o sucesso ou fracasso de seu objetivo.

Maior fonte de atração do mercado.

Apresente seu índice de assiduidade do pagamento.


Saiba o quanto deve.

Ampliação do mercado.

Novas formas de suprimento.


Alinhamento entre demandas da sociedade e serviços públicos.

RESPEITO
Avisar sobre o processo de pagamento;
Cobrar documentos de forma antecipada;
Explicar dúvidas, principalmente se tiver ANS.

DOCUMENTOS
Para quem vive no mundo das leis, ter registros e comprovações é muito básico para se abrir
mão desses controles.
Não é restrito a certidões e notas fiscais;
Contudo sem controle se perdem e atrapalham a gestão;

EXEMPLOS

Relatórios diários;
E-mail;
Sistema SEI;
Whatsapp;
Jornal;
Vídeos;
Tabelas.

Comunicação Diária - Recorrente

Necessária ao ajuste fino das rotinas e pequenas ocorrências.

Permite o diálogo no ambiente da razão;


Facilita a empatia (projeção), para ambos os lados.

Gestão x Fiscalização
Divisão de competências onde um verifica a execução e o outro verifica a empresa, mas que
comumente são confundidas.
97
Gestor
Responsável pela manutenção administrativa do contrato;
Regula documentos, prazos e obrigações.

Fiscal
Responsável pelo acompanhamento da execução;
Regula metas e atividades.

PENALIDADE
O que é?

Sanção imposta legalmente; a natureza dessa sanção; pena. Qualquer pena ou castigo que
resulta de um crime; pena, punição.

Para que serve?

Previsão Legal
Lei Federal n.º 8.666/93 - Art. 86 e 87
Lei Federal n.º 10.520/02 - Art. 7º
Lei Federal n.º 12.462/11 (RDC) - Art. 47
Lei Federal n.º 13.303/16 - Art. 82 a 84
Lei Estadual n.º 287/79 - Art. 226
> Decreto n.º 31.863/02 - Art. 14
Decreto n.º 31.864/02 - Art. 10, XXV
Lei Federal 14.133/21 - Art. 155 a 163

Para Refletir!!!!!!

Contratamos para penalizar?

Uso Indevido.
A sanção não é uma finalidade!!!

Deve ser utilizada com precaução, e deve ser uma ou consequência.


O objetivo do contrato é o objeto e não a penalização.
Também não deve ser usada para tentar desviar a culpa pelo não controle.

O atrasado.
O novato.
O intimidador.
Dependência do controle.

A penalização deve ser demostrada que a gestão foi vigilante em sua tarefa mas que mesmo
assim houve algo superior ou a culpabilidade do fornecedor.
Assim, os atos e registros de controle são fundamentais na penalização.

Registros
Utilize os registros para justificar o ato da sanção.
98
Divisão de competências.

Forte aliada à eficácia da gestão pública, contudo traz consigo a responsabilização e a


obrigação de fazer ao agente delegado (comissão) que terá que mostrar que fez o possível com
os recursos que tinha, podendo essa responsabilidade ser dividida ou assumida pela
autoridade delegante.

CULPA IN ELIGENDO E IN VIGILANDO


In Eligendo
Falta de cautela na escolha de preposto ou pessoa a quem se confia a execução de serviço.

In Vigilando
Quando se dá por falta de cuidado, diligência, vigilância, atenção, fiscalização ou atos
necessários de segurança de agente, no cumprimento de seu dever.

PROCESSO DE PENALIZAÇÃO
O processo deve prever principalmente a ampla defesa como a vinculação ao fato gerador,
mantendo-se sempre a razoabilidade das ações.

FASES DA SANÇÃO
Identificação da ocorrência;
Responsabilidade da Abertura do Processo;
Recurso e Ampla defesa;
Prazos;
Análise;
Decisão;
Publicidade;
SIGA e CEIS;
Consequências;

Limites e Balizadores

Competência;
Prazo;
Valor;
Proporcionalidade.

Não é fácil conviver com a ignorância.


O conhecimento é um ato de respeito.
Obrigado!

99
MÓDULO III

Instrutor: TEN PM Conrado

100
FAMÍLIAS DE LOGÍSTICA

101
TÓPICOS DA AULA

AUDITORIAS EM CONTRATOS PELO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO-RJ

TOMADA DE CONTAS (TC) MULTA ADMINISTRATIVA DO TCE

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LIA)

PROCESSO ADMINISTRATIVO SANCIONATÓRIO (PAS) OU PROCESSO DE RESPONSABILIZAÇÃO

PROCESSO ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO (PAR)

RESPONSABILIDADE PENAL (CP)

AUDITORIAS EM CONTRATOS PELO TRIBUNAL DE CONTAS DO


ESTADO-RJ

CONTRATO DE COMBUSTÍVEL DA SEPM (ESTUDO DE CASO)

PERÍODO: 2015-2018.

CONTRATAÇÃO DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS DA SEPM (ESTUDO DE CASO)

PERÍODO: 2018-2019

ACHADO 01; ACHADO 02; ACHADO 03 e ACHADO 04.

CONTRATAÇÃO DE CREDENCIAMENTO DA FROTA (ESTUDO DE CASO)

PERÍODO: 2018.

102
JURISPRUDÊNCIA BÁSICA

GESTÃO E FISCALIZAÇÃO DE
CONTRATOS

Designe, em atenção à disposição legal contida no art. 67 da Lei nº 8.666/1993, representantes


da administração para acompanhar e fiscalizar a execução dos serviços e mantenha essa
designação atualizada. Aperfeiçoe os mecanismos existentes tornando-os transparentes,
seguros e rastreáveis de modo a permitir verificar quantidade e qualidade dos serviços
prestados e somente pague os serviços prestados na totalidade, mediante evidência
documental da realização dos serviços contratados, de acordo com a qualidade prevista no
edital da licitação e após o efetivo controle dos fiscais do contrato, conforme disposto nos arts.
66 e 67 da Lei nº 8.666/1993. Exija formalmente das empresas contratadas a designação de
preposto a ser mantido no local dos serviços, para representá-las durante a execução do
contrato de prestação de serviços, em atenção à disposição contida no art. 68 da Lei nº
8.666/1993 e ao disposto no Decreto nº 2.271/1997, art. 4º, inciso IV.

Instrua os fiscais de contrato quanto à forma de verificar e medir a execução de serviços e o


recebimento de bens, observando os preceitos dos arts. 73 e 76 da Lei nº 8.666/1993,
alertando-os para a responsabilidade pessoal pelos “atestos” emitidos. (Acórdão 1488/2009
Plenário- T.C.U.)

A negligência no exercício da fiscalização de contrato atrai responsabilidade por danos

Acórdão TCU nº 859/2006 – Plenário Trecho da Ementa:

A negligência de fiscal da Administração na fiscalização de obra ou acompanhamento de


contrato atrai para si a responsabilidade por eventuais danos que poderiam ter sido evitados,
bem como às penas previstas nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.443/1992.

103
Multa por omissão no dever de informar subcontratação irregular.

Acórdão nº 2644/2009 – Plenário (Recurso pendente de apreciação) Trecho do parecer do MP:

Nesse contexto, impunha-se aos fiscais do contrato informar à autoridade competente a


respeito da subcontratação irregular a teor do que dispõe o art. 67 da Lei n.º 8.666/93, mesmo
diante da inexistência de cláusula contratual vedando a malsinada subcontratação, pois que a
proibição de transferir para terceiros o objeto do contrato, exceto quando admitido
expressamente pela Administração, decorre diretamente da legislação, constituindo, inclusive,
motivo para rescisão do ajuste (art. 78, VI, da Lei das Licitações).

Trecho do Voto:

Acórdão nº 2644/2009 – Plenário

Com respeito aos fiscais do contrato, Sr. ... e Sra. ..., entendo que as suas razões de
justificativas foram insuficientes para afastar a irregularidade de não informar sobre a
subcontratação, mesmo que informal, das empresas ..., visto que, como bem colocou o Sr.
Procurador-Geral, “a proibição de transferir para terceiros o objeto do contrato, exceto
quando admitido expressamente pela Administração, decorre diretamente da legislação,
constituindo inclusive, motivo para rescisão do ajuste (art. 78, VI, da Lei de Licitações).

104
RESPONSABILIZAÇÃO

TOMADA DE CONTAS
Noções Básicas

Deliberação TCE-RJ nº 279, de


24 de agosto de 2017.
TOMADA DE CONTAS
Tomada de contas - TC é um processo administrativo devidamente formalizado, com rito
próprio, para apurar responsabilidade por ocorrência de dano à administração pública
estadual visando obter o respectivo ressarcimento do dano causado por pessoas físicas ou
jurídicas às quais possa ser imputada a obrigação de ressarcir o erário.

Desse modo, o instituto da tomada de contas é um meio de recuperação dos recursos públicos
mal geridos decorrentes de ações ou omissões ímprobas, negligentes ou desconformes com os
princípios da Administração Pública.

BASE LEGAL:

LEI COMPLEMENTAR nº 63, de 1º de agosto de 1990. Dispõe sobre a lei orgânica do Tribunal
de Contas do Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências.

LEI nº 287, de 04 de dezembro de 1979, Aprova o Código de Administração Financeira e


Contabilidade Pública do Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências.

DELIBERAÇÃO nº 279, de 24 de agosto de 2017. Dispõe sobre a instauração e a organização de


procedimentos de tomadas de contas no âmbito da administração pública, direta e indireta,
estadual e municipal, e disciplina seu encaminhamento ao Tribunal de Contas.

INSTRUÇÃO NORMATIVA AGE n.º 22, de 4 de julho de 2013. Estabelece normas de instauração,
organização e certificação de tomadas de contas.

Para o TCE-RJ (Lei Complementar nº 63/1990):

Tomada de Contas (1) é a ação desempenhada pelo órgão competente para apurar a
responsabilidade de pessoa física, órgão ou entidade que deixarem de prestar contas e das
que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte, ou possa resultar,
dano, ao erário, devidamente quantificado.

105
Por meio do procedimento tomada de contas, objetiva-se adotar as providências para
apuração dos fatos, identificação dos responsáveis, quantificação do dano ao erário.

(1) Antes da Deliberação TCE-RJ nº 279/2017, era utilizado, também, o termo “tomada de
contas especial” como sendo a ação determinada pelo Tribunal ou autoridade competente
ao órgão central do controle interno, ou equivalente, para adotar providências, em caráter
de urgência, nos casos previstos na legislação em vigor, para apuração dos fatos,
identificação dos responsáveis e quantificação pecuniária do dano. Após a publicação da
mencionada deliberação, a Tomada de Contas pode ser instaurada pelo órgão/entidade ou
determinada pelo TCE-RJ ao órgão/entidade.

DELIBERAÇÃO Nº 279, DE 24 DE AGOSTO DE 2017 ARTIGO 2º - RAZÕES PARA INSTAURAÇÃO

DELIBERAÇÃO Nº 279, DE 24 DE AGOSTO DE 2017, ARTIGO 3º, AUTORIDADE COMPETENTE

106
DELIBERAÇÃO Nº 279, DE 24 DE AGOSTO DE 2017, ARTIGO 6º - CONDUÇÃO DOS TRABALHOS

107
DELIBERAÇÃO Nº 279, DE 24 DE AGOSTO DE 2017, ARTIGO 8º - DO PROCEDIMENTO - FASE
INTERNA

DELIBERAÇÃO Nº 279, DE 24 DE AGOSTO DE 2017, ARTIGO 12 - DO PROCEDIMENTO – FASE


EXTERNA

108
VALORES x MEDIDAS

Resolução PGE Nª 2436, de 14 de janeiro de 2008 – Não ajuizamento de execução fiscal se o


valor for inferior a 2.136,03 UFIRs

LEI Nº 6357, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2012 - Art. 20. Fica vedado:

I - a inscrição na dívida ativa de débitos inferiores ao equivalente em reais a 450 UFIRs-RJ.

Exceto quando relativo à Taxa de Prevenção e Extinção de Incêndio.

*Nova redação dada pela Lei n 6933/2014

RESPONSABILIZAÇÃO

Aplicação de MULTA pelo TCE-RJ


Noções Básicas
Art. 62 e 63 da Lei Complementar Nº 63 de 1º de agosto de
1990

NATUREZA JURÍDICA da MULTA TCU / TCE


ADMINISTRATIVO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. DECISÃO DO TCU. PRESUNÇÃO IURIS
TANTUM DE VERACIDADE. VÍCIOS DA DECISÃO NÃO-CONFIGURADOS. DESCUMPRIMENTO DE
CONVÊNIO. NÃO-DEMONSTRAÇÃO DE IRREGULARIDADES. MÉRITO DA DECISÃO DO TCU.
IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE POR PARTE DO PODER JUDICIÁRIO. PRECEDENTES. NÃO-
DEMONSTRAÇÃO DE CONCLUSÃO INTEGRAL DO CONVÊNIO FIRMADO.

(TRF-5 AC: 00016429820134058302 AL, Relator: Desembargador Federal Marcelo Navarro, Data de
Julgamento: 04/12/2014, Terceira Turma, Data de Publicação: 09/12/2014)

1. A sentença julgou improcedentes embargos à execução fiscal.

2. Cerne da lide que se limita em aferir se houve o cumprimento integral da obrigação do


Convênio, ratificando ou invalidando a multa aplicada pelo Tribunal de Contas da União - TCU.

3. A multa aplicada pelo TCU possui natureza jurídica de ato administrativo e tem força de
título executivo (art. 71, parágrafo 3º, da CF/88).

109
4. Constituindo-se a multa de um ato administrativo, há presunção de legitimidade e
veracidade inerente ao instituto, presunção essa "juris tantum", ou seja, relativa, onde gera a
inversão do ônus da prova, cabendo ao particular, portanto, provar e indicar que na
constituição da multa ocorreu algum vício insanável gerador de invalidade no ato.

5. Não é possível a manifestação do Poder Judiciário sobre o mérito administrativo, id est,


sobre a conveniência, oportunidade, eficiência ou justiça do ato, in casu, decisão do Tribunal
de Contas da União que, a teor do art. 71, II, parágrafo 3º da Constituição Federal, constitui
título executivo, cabendo-lhe, tão-somente, manifestar-se sobre vícios na formação do próprio
título, não verificados no caso em tela. Precedentes

NATUREZA JURÍDICA da MULTA TCU / TCE


PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. ADMINISTRADOR PÚBLICO. PRESTAÇÃO DE CONTAS.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU). VERIFICAÇÃO DE IRREGULARIDADES. APLICAÇÃO DE
MULTA. ASSEGURADOS O CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE
NO ACÓRDÃO. AÇÃO ANULATÓRIA. IMPROCEDÊNCIA. SENTENÇA CONFIRMADA.

(TRF-1 - AC: 00058783020124013100, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO, Data
de Julgamento: 12/12/2014, SEXTA TURMA, Data de Publicação: 13/01/2015)

1. “As decisões do Tribunal de Contas da União têm natureza jurídica de decisão técnico-
administrativa, não susceptíveis de modificação irrestrita pelo Poder Judiciário, cuja
competência limita-se aos aspectos formais ou às ilegalidades manifestas dessas decisões,
notadamente a inobservância do contraditório e da ampla defesa, sendo vedado ao Judiciário
substituir os critérios adotados por aquele Tribunal, salvo na hipótese de presença de nulidade
por irregularidade formal ou de manifesta ilegalidade, sob o risco de inocuidade das decisões
das Cortes de Contas." (AC 0004170-29.2010.4.01.4000/PI).

2. No caso, não demonstrada qualquer ilegalidade no procedimento adotado pelo TCU, não há
razão para a desconstituição do acórdão, que considerou irregulares as contas apresentadas
pelo autor.

3. Sentença confirmada.

4. Apelação desprovida.

FUNDAMENTO DA MULTA DO TCE-RJ – Lei Complementar Nº 63


de 1º de agosto de 1990
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09
Das Multas

Art. 62 - Quando o responsável for julgado em débito, poderá ainda o Tribunal de Contas
aplicar-lhe multa de até 100% (cem por cento) vezes do dano causado ao erário.

110
Art. 63. O Tribunal de Contas poderá aplicar multa de até cem vezes o maior piso salarial
estadual aos responsáveis por:

I- contas julgadas irregulares de que não resulte débito, nos termos do art. 23, parágrafo único
desta lei:

II- ato praticado com grave infração à norma legal ou regulamentar de natureza contábil,
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;

III- ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico, inclusive editais de licitação, de que resulte, ou
possa resultar, dano, ao erário;

IV- não atendimento, no prazo fixado, sem causa justificada, a diligência ou a

decisão do Tribunal;

V- obstrução ao livre exercício das inspeções ou auditorias determinadas;

VI- sonegação de processo, documento ou informação, em inspeções ou auditorias realizadas


pelo Tribunal;

VII- reincidência no descumprimento da decisão do Tribunal.

§ 1º - Ficará sujeito à multa prevista no caput deste artigo aquele que deixará de cumprir a
decisão do Tribunal, salvo, motivo justificado, a critério do Plenário.

Art. 65. O Tribunal de Contas levará em conta, na fixação de multas, entre outras condições, as
de exercício da função, a relevância da falta, o grau de instrução do servidor e sua qualificação
funcional, bem assim se agiu com dolo ou culpa.

RESPONSABILIZAÇÃO. DOLO e CULPA nas infrações


Administrativas. E da CULPA GRAVE
A voluntariedade como elemento da infração administrativa:

A ocorrência da infração administrativa exige, além da tipicidade e da culpabilidade, a


voluntariedade da conduta.

O princípio da voluntariedade, destacado por Celso Antônio Bandeira de Mello, não exige a
existência de culpa ou dolo para a configuração da infração administrativa, condição
necessária para a aplicação da sanção, mas apenas a constatação do animus em praticar a
conduta repelida pelo Direito.

A voluntariedade revela a vontade do sujeito de se comportar se modo contrário à prescrição


legal que disciplina o fato por ele praticado.

Para a caracterização da infração basta que a conduta externa, comissiva ou omissiva, seja
resultado de uma decisão do sujeito.

111
O elemento subjetivo – dolo ou culpa – será útil para aquilatar a extensão da decisão a ser
aplicada. (BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo, p. 871)

INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA DISCIPLINAR X DIREITO PENAL


Em razão da proximidade de objetos, a análise dos elementos da infração disciplinar busca
subsídios no Direito Penal.

Tendo em vista o grande desenvolvimento que aquele ramo jurídico já alcançou na avaliação
da conduta dos responsáveis pela prática de ilícitos, é oportuno recorrer à chamada Teoria do
Crime, utilizada pela doutrina e jurisprudência como metodologia comparativa para esta
finalidade.

Em virtude dessa correlação, são em regra aceitos como parâmetros para a verificação dos
elementos da infração disciplinar aqueles mesmos apontados para o crime.
(CGU -Coordenação-Geral de Uniformização de Entendimentos, pág. 212, _Set/2020)

Tipicidade da Conduta na Infração Administrativa.

A Administração Pública está adstrita aos estritos limites da legalidade, e assim o é porque
exerce função, ou seja, competência em nome de outrem, e como tal os interesses que tutela
são indisponíveis, devendo ter prévia autorização legal para agir.
É nesse contexto que exsurge a tipicidade como condição de validade da infração
administrativa e, por conseguinte, da sanção que representará a consequência negativa pela
prática do ilícito.

112
Se a Administração só pode atuar em conformidade com a prescrição legal, a caracterização de
um fato como ilícito, deve ser feito previamente pela lei, sob pena de nulidade.
No entanto, há que se considerar que no âmbito das relações jurídico-administrativas há
algumas travadas sob regime de sujeição geral e outras sob o regime de sujeição especial.1
Das lições de doutrinadores que já se dedicaram ao tema, como Renato Alessi, e Guido
Zanobini, citados na obra de Daniel Ferreira2 se vê que a diferença decorre de um regime de
dever geral (sujeição geral) que atinge a todos, e de um regime decorrente de uma relação
jurídica especial, que atinge somente as partes (sujeição especial).
Para Renato Alessi, o regime de sujeição geral decorreria do poder de polícia e o regime de
sujeição especial competiria ao poder disciplina.
(1- BANDEIRA DE MELLO, Oswaldo Aranha. Princípios gerais de direito administrativo, p.
561). (2-FERREIRA, Daniel. Sanções administrativas, pp. 36-38)

DOLO
Teorias sobre o Dolo: O Brasil adota a teoria da vontade no dolo direto e a teoria do
assentimento no dolo eventual.

- Teoria da Vontade - Determina que age dolosamente quem pratica a ação consciente e
voluntariamente. É necessária a existência, portanto, a consciência da conduta e do
resultado e que o agente a pratique voluntariamente.

- Teoria do Assentimento (Consentimento) - Para essa teoria existe dolo simplesmente quando
o agente consente em causar o resultado ao praticar a conduta. Assim, há dolo mesmo que o
agente não queira o resultado, desde que assuma o risco (não se importe) desta acontecer.

CULPA - conceito
De modo diverso do dolo, no tipo culposo, pune-se a conduta mal dirigida, geralmente
destinada a atender a um fim lícito, consistindo na divergência entre a ação efetivamente
realizada e a que deveria ter sido praticada, em virtude da inobservância do dever objetivo de
cuidado.

A culpa externa-se por meio de três modalidades, nas quais, embora o resultado da conduta
fosse previsível, o acusado simplesmente não previu seu potencial ofensivo (culpa
inconsciente) ou o previu – consciente da lesão ao dever de cuidado –, mas nunca quis o
resultado alcançado ou assumiu o risco pela sua ocorrência (culpa consciente). Senão vejamos
as três modalidades de culpa:

Culpabilidade da Conduta na Infração Administrativa


A culpabilidade, também denominada de reprovabilidade, é o juízo de reprovação que
ordenamento jurídico confere a determinado fato por ele tipificado como ilícito.

A culpabilidade é, para nós, um elemento da infração administrativa e não da sanção, uma vez
que, para que reste configurado o ato ilícito é necessário que o comportamento praticado seja
reprovado pelo ordenamento jurídico.

113
O juízo de reprovabilidade se dá sobre a conduta do agente, ou seja, sobre o fato por ele
praticado e não sobre a consequência negativa que lhe será imposta.

É preciso destacar, no entanto, que este posicionamento está longe de ser pacífico, como
demonstra com propriedade Daniel Ferreira.

No Direito Penal, ramo da Ciência do qual nos socorremos para melhor compreender as
peculiaridades das sanções administrativas, as causas de exclusão da antijuridicidade
consagram a licitude do fato, excluindo o próprio crime, porque o fato não é contrário ao
Direito, ou seja, não há reprovabilidade. Aplicando o conceito às infrações administrativas, se
pode afirmar que, só haverá infração administrativa diante da reprovabilidade da conduta.

Presentes circunstâncias que retiram do ato típico a reprovabilidade, não haverá a imposição
da sanção porque inexiste a premissa que a sustenta: a infração administrativa.

(FERREIRA, Daniel. Teoria geral da infração administrativa a partir da Constituição Federal de


1988).

CULPA – Negligência
Negligência: é a displicência no agir, a falta de precaução do agente, que podendo adotar as
cautelas necessárias, não o faz.

Implica em uma omissão, um não-agir por descuido, indiferença ou desatenção ocorrida em


momento anterior à ação. Por isso, se diz que o autor do ato cometido por negligência não
teria pensado na possibilidade do resultado, razão pela qual configuraria a culpa inconsciente;

CULPA – Imprudência
 Imprudência: é a prática de uma conduta arriscada ou perigosa e com caráter
comissivo. É caracterizada pela intempestividade, precipitação, insensatez ou
moderação do agente. Neste caso, o agir descuidado não observa o cuidado objetivo
que as circunstâncias fáticas exigem, resultando, portanto, na concomitância entre
ação e culpa.
 Conclui-se que o agente tem consciência de sua ação imprudente, mas, ao acreditar
que não produzirá o resultado, avalia mal e age, momento em que o resultado não
desejado ocorre.

CULPA – Imperícia
Imperícia: é a falta de capacidade, de aptidão, despreparo ou insuficiência de conhecimentos
técnicos para o exercício da arte, profissão ou ofício.

Diferencia-se do erro profissional, pois este consiste em acidente escusável, justificável e,


geralmente, imprevisível; ligando-se primariamente à imperfeição dos conhecimentos
humanos.

114
CULPA GRAVE

Acórdão 1264/19- Plenário do TCU “E” ART. 28 da LINDB

Especificamente, a sanção decorreu da conduta do administrador que firmou contrato em


nome da entidade sem avaliar as falhas presentes no processo de contratação e sem observar
“os pressupostos necessários, ignorando, inclusive, os alertas da Consultoria Jurídica,
afrontando, assim, os princípios da isonomia e da seleção da proposta mais vantajosa,
consignados no art. 3º, caput, e no art. 7º, § 5º, da Lei 8.666/1993, além de caracterizar erro
grosseiro, conforme o art. 28 da LINDB”.

O destaque do acórdão dá-se em razão do uso do conceito de “erro grosseiro” no âmbito da


responsabilização dos agentes públicos. Essa foi uma importante mudança ocorrida no caput
do art. 28 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB):

Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em
caso de dolo ou erro grosseiro. Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018).

115
DECRETO Nº 9.830, DE 10 DE JUNHO DE 2019.

RESPONSABILIZAÇÃO. Improbidade Administrativa. Lei federal


nº 8.429/92

Noções Básicas
O caput e o § 4º do art. 37 da Constituição Federal de 1988 estabelecem os princípios da
moralidade e da probidade administrativa, nos termos abaixo:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a


perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
116
Natureza da ação de Improbidade:

O foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal em relação às


infrações penais comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa, de natureza
civil.

(STF, Pet 3240 AgR/DF, DJe 22/08/2018)

A lei de improbidade administrativa prevê, nos seus arts. 9º, 10 e 11, três espécies de atos de
improbidade.

(a) Os que importam enriquecimento ilícito (art. 9º);


(b) Os que causam prejuízo ao erário (art. 10); e
(c) Os que atentam contra os princípios da Administração Pública (art. 11).

Registre-se que o rol delineado em cada uma delas é meramente enunciativo, pois outras
situações não previstas na norma poderão enquadrar-se no conceito geral dos caputs de
referidos artigos.

Conforme o art. 9º da Lei nº 8.429/92, constituirá ato de improbidade importando


enriquecimento ilícito -“auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do
exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art.
1° desta lei, e notadamente.

I- receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra
vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou
presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por
ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;

II-perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou


locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no
art. 1º por preço superior ao valor de mercado;

III-perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou


locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
valor de mercado;

IV-utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de


qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no
art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros
contratados por essas entidades;

V-receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a


exploração ou prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de
usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;

VI-receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta para fazer declaração
falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre

117
quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta Lei;

VII-adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função


pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio
ou à renda do agente público;

VIII-aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para


pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação
ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;

IX-perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública


de qualquer natureza;

X-receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato
de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;

XI-incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta Lei;

XII-usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo


patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta Lei.

De acordo com o art. 10 da lei, constituirá ato de improbidade administrativa que causa lesão
ao erário - “qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,
desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente”:

I-facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de


pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial
das entidades mencionadas no art. 1º desta Lei;

II-permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas
ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta Lei,
sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

III-doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins
educativos ou assistenciais, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das
entidades mencionadas no art.1º desta Lei, sem a observância das formalidades legais e
regulamentares aplicáveis à espécie;

IV-permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de


qualquer das entidades referidas no art. 1º desta Lei, ou ainda a prestação de serviço por parte
delas, por preço inferior ao de mercado;

V-permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior
ao de mercado;

118
VI-realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar
garantia insuficiente ou inidônea;

VII- conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;

VIII-frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;

IX-ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;

X-agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à
conservação do patrimônio público;

XI-liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de
qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XII- permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;

XIII- permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos
ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou
terceiros contratados por essas entidades.

XIV-celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços
públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei; (Inciso
incluído pela Lei nº 11.107, de 06/04/05)

XV-celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação


orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei.

São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso


tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.

STF, RE 852.475/SP, DJe 25/03/2019 (Tema 897)

Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na Lei de Improbidade


Administrativa para o agente público.

(Súmula 634 - STJ , DJe 17/06/2019).

Por fim, o art. 11 do mesmo diploma prescreve as hipóteses de ato de improbidade


administrativa por atentado aos princípios vertentes da Administração Pública, que consiste
em “qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade,
legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente”:

I-praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento diverso daquele previsto, na regra de
competência;

II-retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

119
III-revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva
permanecer em segredo;

IV-negar publicidade aos atos oficiais;

V-frustrar a licitude de concurso público;

VI-deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

VII-revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva


divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço.

OBS 1: Para aplicação deste dispositivo (art.11), basta a infringência a qualquer dos princípios
que regem a Administração Pública insculpidos na norma, prescindindo do (i) enriquecimento
ilícito do agente público e do (ii) prejuízo ao erário.

OBS 2: Todavia, na hipótese de configuração de qualquer destas duas últimas hipóteses, resta
afastada a tipificação do ato no art. 11 da lei, por servir apenas de caráter residual, quando
não incorrer nas hipóteses do arts. 9º e 10.

OBS 3: Com efeito, a lei prevê que as modalidades de ato de improbidade administrativa
previstas nos arts. 9º e 11 (enriquecimento ilícito e atentar contra os princípios da
Administração Pública) serão sempre na forma dolosa, no entanto, quanto à modalidade
disposta no art. 10 (prejuízo ao erário), permite-se tanto a forma dolosa quanto a culposa.

Ementa: ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. USO DE


INFORMAÇÃO PRIVILEGIADA EM RAZÃO DO CARGO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO
CARACTERIZADA. ART. 11 DA LEI 8.429/1992. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA MORALIDADE E
IMPESSOALIDADE. CONFIGURAÇÃO DE CULPA E DOLO GENÉRICO. ELEMENTO SUBJETIVO.
DESNECESSIDADE DE DANO MATERIAL AO ERÁRIO. COMINAÇÃO DAS SANÇÕES.
DOSIMETRIA. ART. 12 DA LIA. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE.
SÚMULA 7/STJ. ART. 18 DA LEI 7.347/1985. INAPLICABILIDADE.

1. Não ocorre ofensa ao art. 535 do CPC, se o Tribunal de origem decide,


fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da lide.
2. O posicionamento firmado pela Primeira Seção é que se exige dolo, ainda que
genérico, nas imputações fundadas nos arts. 9º e 11 da Lei 8.429/1992
(enriquecimento ilícito e violação a princípio), e ao menos culpa, nas hipóteses do art.
10 da mesma norma (lesão ao erário).
3. A jurisprudência do STJ, quanto ao resultado do ato, firmou-se no sentido de que se
configura ato de improbidade a lesão a princípios administrativos, o que, em princípio,
independe da ocorrência de dano ou lesão ao erário público.
(BRASIL, Superior Tribunal de Justiça. REsp nº 1320315/DF. Relatora: Ministra Eliana Calmon,
publicado em 20/11/2013).

I - na hipótese do art. 9°
ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos

120
direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do
acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
II - na hipóte
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até
duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
III -
pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até
cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
prazo de três anos.
O ato havido por ímprobo deve ser administrativamente relevante, sendo de se aplicar, na sua
compreensão, o conhecido princípio da insignificância, de notável préstimo no Direito Penal
moderno, a indicar a inaplicação de sanção criminal punitiva ao agente, quando o efeito do ato
agressor é de importância mínima ou irrelevante, constituindo a chamada bagatela penal: de
minimis non curat Praetor.
(Ag Rg no RESP 968447/PR, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado
em 16/04/2015)
A distinção entre conduta ilegal e conduta ímproba imputada a agente público ou privado é
muito antiga. A ilegalidade e a improbidade não são situações ou conceitos intercambiáveis,
cada uma delas tendo a sua peculiar conformação estrita: a improbidade é uma ilegalidade
qualificada pelo intuito malsão do agente, atuando com desonestidade, malícia, dolo ou culpa
grave. (...) nem toda ilegalidade é ímproba. (...) Quando não se faz distinção conceitual entre
ilegalidade e improbidade, ocorre a aproximação da responsabilidade objetiva por infrações.”

(RESP 1.193.248-MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 24/4/2014)

RESPONSABILIZAÇÃO

Processo Administrativo Sancionatório (PAS) Processo de Responsabilização (Lei 14.133/ 2021)

APLICAÇÃO DE SANÇÕES NOS CASOS DE INEXECUÇÃO PARCIAL OU TOTAL DOS CONTRATOS


ADMINISTRATIVOS

A ATUAÇÃO DA COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO DE CONTRATOS

121
*fonte: Manual –PGE-RJ e profº Herbert Almeida

A eficiente e contemporânea fiscalização da execução do objeto do contrato pela Comissão de


Fiscalização de Contratos, na forma do artigo 13, II a IV, XII a XIV e XVII do Decreto n°
45.600/2016.

Tende a garantir o efetivo cumprimento do que foi pactuado, que, cabe lembrar, é o objetivo
primordial da contratação.

Art. 13 – Cabem aos fiscais do contrato as atividades relacionadas ao acompanhamento da


execução do objeto do contrato, em especial as seguintes: (...)

II– criar o Registro de Ocorrências, em meio físico ou informatizado, para lançar as ocorrências
relacionadas à execução do contrato;

III– registrar as inspeções periódicas efetuadas, as faltas verificadas na execução do contrato,


as providências exigidas e as recomendações efetuadas, bem como as soluções adotadas pela
contratada;

IV– abrir processo administrativo para acompanhamento e fiscalização da execução do objeto


do contrato, especialmente quando se tratar de fiscalização de contratos de
instrumentalização obrigatória na forma do artigo 62 da Lei nº 8.666/93; (...)

XII– verificar se a contratada está cumprindo todas as obrigações previstas no Edital de


licitação e no instrumento de contrato e seus Anexos;

XIII– verificar se estão sendo atendidas as especificações contidas nos planos, projetos,
planilhas, memoriais descritivos, especificações técnicas, projeto básico, termo de referência,
assim como os prazos de execução e de conclusão, devendo solicitar ao preposto da
contratada a correção de imperfeições detectadas;

XIV– verificar se o material fornecido ou utilizado guarda consonância com o oferecido na


proposta e especificado pela Administração

e se foram cumpridos os prazos de entrega; (...)

XVII – constatar se a execução do objeto contratado está sendo prestada no local estipulado
no contrato, com a correta utilização dos materiais e equipamentos;

Acordo de Nível de Serviço e os Registros de Ocorrência


RELATAR, de forma pormenorizada, os fatos incompatíveis com a correta execução do objeto,
verificados durante a fiscalização, bem como as comunicações dirigidas ao contratado, para
que adeque sua conduta ao que foi estabelecido no contrato, conforme art. 13, XXI e XXXV do
Decreto n° 45.600/20163:

122
XXI – comunicar por escrito ao gestor qualquer falta cometida pela contratada, formando
dossiê das providências adotadas para fins de materialização dos fatos que poderão levar à
aplicação de sanção ou à rescisão contratual, a ser juntado no processo administrativo; (...)

XXI – comunicar por escrito ao gestor qualquer falta cometida pela contratada, formando
dossiê das providências adotadas para fins de materialização dos fatos que poderão levar à
aplicação de sanção ou à rescisão contratual, a ser juntado no processo administrativo; (...)

Parecer n° 03/HGA/2009-PG-15:

A importância da fiscalização da execução do contrato foi destacada pelo Procurador-Chefe da


Coordenadoria Geral do Sistema Jurídico, quando aprovou o Parecer n° 03/HGA/2009-PG- 15,
de que:

“A fiscalização contratual deve ser concomitante a execução do objeto. No caso em tela, foram
celebrados termos aditivos já conhecendo a situação de inadimplência do contratado, o que
configura deficiência no exercício dessa prerrogativa por parte da Administração contratante”.

Dos atos que precedem o processo de aplicação de sanção administrativa ao


contratado

a. Relato pormenorizado, por escrito, da conduta faltosa imputada ao contratado, com a


sugestão de aplicação de sanção, na forma do art. 13, inciso XXXV do Decreto
45.600/2016;
b. Dossiê das providências adotadas para fins de comprovação dos fatos narrados pelo
Fiscal de Contratos, como por exemplo, os Registros de Ocorrências, mensagens
eletrônicas, ofícios encaminhados ao contratado, informando sobre o
descumprimento de obrigação contratual e fixando prazo para regularização da
execução do ajuste.

FUNÇÕES DO GESTOR ART. 12, IV, V, XIII e XXIII

Art. 12 – Cabem ao gestor do contrato as atividades gerenciais, técnicas e operacionais que


compõem o processo de contratação, em especial as seguintes: (...)

IV– deflagrar os procedimentos de fiscalização ao adimplemento do objeto contratado, a


serem executados pelo fiscal do contrato;

V– prover o fiscal do contrato das informações e dos meios necessários ao exercício das
atividades de fiscalização e supervisionar as atividades relacionadas ao adimplemento do
objeto contratado; (...)

XIII – comunicar à autoridade competente e aos setores de interesse os eventuais atrasos e os


pedidos de prorrogação dos prazos de entrega e de execução do objeto; (...)

XXIII – sem prejuízo das atribuições do(s) fiscal (is) do contrato, notificar à contratada,
estabelecendo prazo para o fiel cumprimento das obrigações contratuais ou para que dê início
à correção dos defeitos ou desconformidades com o objeto da contratação, constatados

123
durante a sua execução ou após o recebimento provisório, bem como informar à autoridade
competente as ocorrências que possam gerar dificuldades à conclusão do objeto.

DE POSSE DOS DOCUMENTOS ENVIADOS PELO FISCAL DE CONTRATOS, O GESTOR DE


CONTRATOS DEVERÁ:

a. Acolher a sugestão acerca da sanção a ser aplicada ou propor a aplicação de outra


espécie, devendo, nesse caso, justificar a sua opção;
b. Adotar as medidas preparatórias para a aplicação das sanções administrativas, tais
como, relato pormenorizado da falta imputada ao contratado, as providências até
então efetivadas para corrigir a conduta faltosa, os dispositivos legais, editalícios e/ou
contratuais infringidos;
c. Comunicar à Autoridade Competente as irregularidades cometidas pelo contratado, na
forma do art. 12, XVIII do Decreto nº 45.600/201614.

XVIII - comunicar à autoridade competente as irregularidades cometidas pela contratada,


sugerindo, quando for o caso, a imposição de sanções contratuais e/ou administrativas,
conforme previsão contida no Edital e/ou instrumento contratual ou na legislação de regência;

não sendo obrigatório que ele aguarde a iniciativa do Fiscal de Contratos.

Autoridade Competente
a. Deixar de dar prosseguimento ao processo, mediante decisão motivada, se entender
que não é hipótese de infração contratual;
b. Deflagrar o processo sancionatório, com a notificação do contratado para a
apresentação de defesa, nos moldes propostos pelo Gestor de Contratos ou para a
aplicação da sanção que entender cabível, mediante decisão motivada, conforme art.
12, inciso XIX do Decreto n° 45.600/201615.

XIX - adotar as medidas preparatórias para a aplicação de sanções e de rescisão contratual,


conforme previsão contida no edital e/ou instrumento contratual ou na legislação de regência,
cabendo à autoridade competente a deflagração do respectivo procedimento, a notificação da
contratada para a apresentação de defesa e a decisão final;

PRINCÍPIOS A SEREM OBSERVADOS NO PROCESSO DE


APLICAÇÃO DE SANÇÕES
• Legalidade: art. 5º, II da CRFB/88

• Devido processo legal: art. 5°, LIV da CRFB/88

• Proporcionalidade e razoabilidade: art. 2º , § 1º, VIII da Lei nº 5.427/2009.

• Contraditório e da ampla defesa: art. 5°, LV da CRFB/88

124
• Motivação: art. 20 da LINDB

Parecer nº 16/2004-MJVS: “Isto posto, deve ser apontado o dispositivo contratual violado,
relativo aos fatos descritos nos autos, para que seja submetido à autoridade competente para
fins de autorizar a instauração de processo administrativo sancionatório no âmbito da
Secretaria de Estado responsável pela execução do contrato descumprido. Após a portaria de
instauração, deve ser notificado, o contratado, para, querendo, exercer o direito de defesa”.

INFRAÇÕES ART. 155 da Lei nº 14.133/2021


I- dar causa à inexecução parcial do contrato;

II- dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave dano à Administração, ao
funcionamento dos serviços públicos ou ao interesse coletivo;

III- dar causa à inexecução total do contrato;

IV- deixar de entregar a documentação exigida para o certame;

V- não manter a proposta, salvo em decorrência de fato superveniente devidamente


justificado;

VI- não celebrar o contrato ou não entregar a documentação exigida para a contratação,
quando convocado dentro do prazo de validade de sua proposta;

VII- ensejar o retardamento da execução ou da entrega do objeto da licitação sem motivo


justificado;

VIII - apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou prestar


declaração falsa durante a licitação ou a execução do contrato;

IX - fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução do contrato; X - comportar-se


de modo inidôneo ou cometer fraude de qualquer natureza; XI - praticar atos ilícitos com
vistas a frustrar os objetivos da licitação;

XII - praticar ato lesivo previsto no art. 5º da Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013.

SANÇÕES: ART. 156 da Lei nº 14.133/2021


I - advertência;

II - multa;

III - impedimento de licitar e contratar;

IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.

§ 1º Na aplicação das sanções serão considerados:

I - a natureza e a gravidade da infração cometida; II - as peculiaridades do caso concreto;

125
III - as circunstâncias agravantes ou atenuantes;

IV - os danos que dela provierem para a Administração Pública;

V - a implantação ou o aperfeiçoamento de programa de integridade, conforme normas e


orientações dos órgãos de controle.

§ 2º A sanção prevista no inciso I do caput deste artigo será aplicada exclusivamente pela
infração administrativa prevista no inciso I do caput do art. 155 desta Lei, quando não se
justificar a imposição de penalidade mais grave.

§ 3º A sanção prevista no inciso II do caput deste artigo, calculada na forma do edital ou do


contrato, não poderá ser inferior a 0,5% (cinco décimos por cento) nem superior a 30% (trinta
por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com contratação direta e será aplicada
ao responsável por qualquer das infrações administrativas previstas no art. 155 desta Lei.

§ 4º A sanção prevista no inciso III do caput deste artigo será aplicada ao responsável pelas
infrações administrativas previstas nos incisos II, III, IV, V, VI e VII do caput do art. 155 desta
Lei, quando não se justificar a imposição de penalidade mais grave, e impedirá o responsável
de licitar ou contratar no âmbito da Administração Pública direta e indireta do ente federativo
que tiver aplicado a sanção, pelo prazo máximo de 3 (três) anos

§ 5º A sanção prevista no inciso IV do caput deste artigo será aplicada ao responsável pelas
infrações administrativas previstas nos incisos VIII, IX, X, XI e XII do caput do art. 155 desta Lei,
bem como pelas infrações administrativas previstas nos incisos II, III, IV, V, VI e VII do caput do
referido artigo que justifiquem a imposição de penalidade mais grave que a sanção referida no
§ 4º deste artigo, e impedirá o responsável de licitar ou contratar no âmbito da Administração
Pública direta e indireta de todos os entes federativos, pelo prazo mínimo de 3 (três) anos e
máximo de 6 (seis) anos.

§ 6º A sanção estabelecida no inciso IV do caput deste artigo será precedida de análise jurídica
e observará as seguintes regras:

I - quando aplicada por órgão do Poder Executivo, será de competência exclusiva de ministro
de Estado, de secretário estadual ou de secretário municipal e, quando aplicada por autarquia
ou fundação, será de competência exclusiva da autoridade máxima da entidade;

126
127
128
129
Recursos:

RESPONSABILIZAÇÃO
Processo Administrativo de Responsabilização (PAR)

APLICAÇÃO DA LEI Federal nº 12.846/2013

Decreto Estadual nº 46.366/2018, alterado pelo Decreto


Estadual nº 46.788/2019

130
*fonte: Apostila CGE-RJ (FEV-2021) e CGU 2020

Princípios: slide 108

131
132
133
134
LICITAÇÕES E CONTRATOS (art. 5º, IV)

LICITAÇÕES E CONTRATOS (art. 5º, IV)

DECRETO Nº 46.788 DE 14 DE OUTUBRO DE 2019 ALTERA O


DECRETO Nº 46.366, DE 19 DE JULHO DE 2018

CAPÍTULO II - DA COMPETÊNCIA PARA A INSTAURAÇÃO E JULGAMENTO DO PROCESSO


ADMINISTRATIVO DE RESPONSABILIZAÇÃO – PAR

135
Art. 3º - A competência para a instauração do Processo Administrativo de Responsabilização -
PAR e de eventual investigação preliminar, bem como para o seu julgamento, no âmbito da
Administração Pública do Poder Executivo estadual é concorrente entre o Controlador Geral
do Estado e a autoridade máxima do órgão ou entidade em face da qual foi praticado o ato
lesivo, ressalvada a hipótese tratada no parágrafo 1º deste artigo.

As fases do PAR se dividem em:

1- Juízo de admissibilidade;

2- Instauração de Investigação Preliminar

3- Instauração de Processo Administrativo de Responsabilização;

4 - Oitivas de testemunhas, Diligências e Especificação de Provas;

5 - Indiciação;

6 - Defesa Escrita;

7 - Relatório Final;

8 - Julgamento.

Juízo de Admissibilidade
A- Pelo arquivamento da matéria – Quando a autoridade se depara com o juízo de
admissibilidade sem indicações mínimas de autoria e materialidade e sequer eventual
possibilidade e plausibilidade de futura obtenção.

B– Pela abertura de investigação preliminar – Quando a autoridade identificar que tal juízo de
admissibilidade não pode ser descartável de plano, mas, de outra forma, não se encontra
satisfatoriamente instruída para fins de imediata instauração do PAR.

C– Pela instauração do PAR – Quando a autoridade competente receber material que lhe
proporcione ciência precisa sobre a cabal existência de indícios de autoria e materialidade,
revelando condições apropriadas para determinar a imediata instauração do processo
sancionador.

Art. 6º - A investigação preliminar terá caráter sigiloso e não punitivo e será conduzida por
comissão composta por 2 (dois) ou mais servidores estáveis ou empregados públicos
investidos há mais de 5 (cinco) anos, que não respondam e não tenham condenação em
processo ético ou administrativo disciplinar, em ação de improbidade ou em processo penal
por crime contra a Administração Pública.

§ 1º - Os integrantes da comissão responsável pela condução da investigação preliminar


deverão observar as hipóteses de impedimento e suspeição previstas nos artigos 16 e 17 da Lei
Estadual nº 5.427/2009.

136
Art. 8º A investigação preliminar deverá ser concluída no prazo de 90 (noventa) dias, podendo
ser prorrogado por igual período pela autoridade instauradora.

Art. 9º Esgotadas as diligências ou vencido o prazo constante do artigo anterior, a comissão


responsável pela condução da investigação elaborará relatório conclusivo, o qual deverá
conter:

I- o(s) fato(s) apurado(s);

II- o(s) seu(s) autor(es);

III- o(s) enquadramento(s) legal(is) nos termos da Lei nº 12.846/2013 ;

IV- a sugestão de arquivamento ou de instauração de PAR para apuração da responsabilidade


da pessoa jurídica, bem como o encaminhamento para outras autoridades competentes,
conforme o caso.

Art. 10. Recebidos os autos na forma prevista no artigo anterior, a autoridade instauradora da
investigação no prazo de 20 (vinte) dias, poderá determinar a realização de novas diligências, a
instauração do PAR, ou o arquivamento da matéria.

Art. 12 - O PAR será conduzido por comissão processante, composta por 2 (dois) ou mais
servidores estáveis ou empregados públicos investidos há mais de 5 (cinco) anos, que não
respondam e não tenham condenação em processo ético ou administrativo disciplinar, em
ação de improbidade ou em processo penal por crime contra a Administração Pública, e não
tenham participado da comissão responsável pela condução da investidura preliminar.

§ 1º - Os membros da comissão processante deverão observar as hipóteses de impedimento e


suspeição previstas nos artigos 16 e 17 da Lei Estadual nº 5.427/2009.

Art. 14. O prazo para conclusão do PAR não excederá 180 (cento e oitenta) dias, admitida
prorrogação por igual período, pela autoridade instauradora, por solicitação, em despacho
fundamentado, do presidente da comissão processante.

137
Seção I - Do Cálculo da Multa Art. 35 até 42

CAPÍTULO VI - DO ACORDO DE LENIÊNCIA

Art. 45. O acordo de leniência será celebrado com as pessoas jurídicas responsáveis pela
prática dos atos lesivos previstos na Lei nº 12.846/2013 , e dos ilícitos administrativos previstos
na Lei nº 8.429/1992 , na Lei nº 8.666/1993 , e em outras normas de licitações e contratos,
com vistas à isenção ou à atenuação das respectivas sanções, desde que colaborem
efetivamente com as investigações e o processo administrativo, devendo resultar dessa
colaboração:

I- a identificação dos demais envolvidos na infração administrativa, quando couber; e

II- a obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração.

Art. 46. Compete ao Controlador Geral do Estado celebrar acordos de leniência no âmbito do
Poder Executivo Estadual, nos termos do Capítulo V da Lei Federal nº 12.846/2013, sendo
vedada a sua delegação.

138
139
140
RESPONSABILIZAÇÃO

141
CÓDIGO PENAL TÍTULO XI. DOS CRIMES
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
CAPÍTULO II-B. DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E
CONTRATOS
*fonte: Código Penal para Concursos- Rogério Sanches - 2021 e
Direção Concursos - Profº Leonardo Arpini – 2020

142
143
TIPICIDADE MATERIAL
Nesse sentido, devemos observar os seguintes princípios hábeis a afastar a tipicidade material,
tornando a conduta atípica aos olhos do direito penal:

1) Princípio da Alteridade: a conduta será materialmente atípica sempre que a ação ou


omissão do agente não lesar bens jurídicos de terceiros. Justifica-se, pois, a impossibilidade de
punir a autolesão.

2) Princípio da Adequação Social: de igual modo, a conduta será considerada


materialmente atípica sempre que embora descrita na lei penal, seja socialmente adequada.

3) Princípio da Lesividade: por tal princípio, temos que toda conduta que não tiver
aptidão de provocar a mínima ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela lei penal será
considerada materialmente atípica.

4) Princípio da Insignificância: será materialmente atípica a conduta que embora gere


lesão a bem jurídico de terceiro, o resultado mostra-se irrelevante ao direito penal, não se
justificando a utilização do Direito Penal

(MARI ou PROL)

144
145
RESPONSABILIZAÇÃO

CAPÍTULO II-B DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS

Tipos penais: ARTS. 337-E até 337-O do C.P


Todas as citações a seguir foram retiradas, ipsis litteris, da obra Código Penal
para Concursos, do Professor Rogério Sanches, Editora Juspodivm, ano 2021, a qual,
desde já, recomendamos a leitura.

146
CONTRATAÇÃO DIRETA ILEGAL

Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à contratação direta fora das hipóteses previstas
em lei:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

“1. BREVES COMENTÁRIOS

Objetividade jurídica: o tipo penal tutela os interesses da Administração Pública na


contratação de terceiros para realizar obras, serviços e fornecer bens ao setor público,
especificamente no que concerne ao contrato celebrado sem o prévio processo licitatório,
situação excepcional que deve ser cercada de todos os cuidados para evitar prejuízos ao erário.
Além do patrimônio público, a proteção penal recai em princípios como a legalidade, a
moralidade e a impessoalidade.

Na Lei 8.666/93, o correspondente deste tipo penal era o art. 89.

Houve novatio legis in pejus, irretroativa.

Sujeito ativo: o crime é próprio, pois somente os funcionários públicos (art. 327 do CP) que
intervêm no processo de contratação direta podem cometê-lo.

O revogado art. 89 da Lei 8.666/93 continha um parágrafo no qual se imputava a mesma


responsabilidade ao particular que tivesse concorrido para a consumação da ilegalidade,
beneficiando-se da dispensa ou da inexigibilidade ilegal para celebrar contrato com o poder
público. O art. 337-E não contém disposição semelhante, de resto dispensável, porque o
indivíduo que concorre para a contratação direta ilegal no intuito de se beneficiar do contrato
espúrio deve responder na forma do art. 29 do Código Penal.

Também pode ser autor do crime o prefeito municipal, pois, segundo o STJ, o crime de
responsabilidade tipificado no art. 1º, inc. XI, do Decreto-lei 201/67 havia sido tacitamente
revogado pelo art. 89 da Lei 8.666/93 (EDd no AgRg no REsp 1.745.232/CE, Rel. Min.Reynaldo
Soares da Fonseca, j. 09/10/2018).

Sujeito passivo: o sujeito passivo do crime é o Estado, frustrado na intenção de garantir a


lisura em seus contratos.

Conduta: pune-se quem admite (reconhece, aceita), possibilita (torna possível, proporciona) ou
dá causa (origina, provoca, motiva) a contratação direta fora das hipóteses previstas em lei.

O tipo veicula uma norma penal em branco, pois o conceito de contratação direta deve ser
extraído da lei que regulamenta a licitação. Segundo o art. 71 da nova Lei, contratação direta é
o gênero do qual são espécies a dispensa e a inexigibilidade de licitação.

[...]

A redação do art. 89 da Lei 8.666/93 restringia às condutas de dispensar ou inexigir licitação


fora dos casos legalmente admitidos. O tipo do art. 337- E, no entanto, é mais abrangente ao

147
tipificar as condutas de admitir, possibilitar e dar causa a contratação direta sem vínculo com
as permissões legais.

[...]

Tipo subjetivo: o crime é doloso, constituído pela vontade consciente de admitir, possibilitar ou
dar causa a dispensa ou inexigibilidade de licitação fora dos permissivos legais.

O STJ firmou a orientação de que a punição por dispensar ou inexigir licitação pressupõe tanto
a finalidade específica de causar prejuízo ao erário quanto à provocação efetiva do prejuízo:

“1. Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal de Justiça firmada a partir


do julgamento da APn n. 480/MG, a consumação do crime do art. 89 da Lei n.
8.666/1993 exige a demonstração do dolo específico, ou seja, a intenção de
causar dano ao Erário e a efetiva ocorrência de prejuízo aos cofres públicos. 2.
Hipótese em que o paciente, prefeito do município, foi condenado como incurso no
art. 89 da Lei n. 8.666/1993, por ter, juntamente com os membros da comissão de
licitação, fracionado o serviço de transporte escolar em vários roteiros para,
considerando o valor isolado de cada uma das linhas, dispensar o processo
licitatório, em desacordo com o que determina o art. 23, § 2° e 5° e art. 24, II, da
Lei n. 8.666/1993. 3.Observa-se, contudo, a existência de condenação baseada no
dolo genérico (dispensa ou inexigibilidade de licitação, fora das hipóteses legais,
com o objetivo de direcionamento da contratação), o que, segundo a
jurisprudência desta Corte, não é o suficiente para sustentar o decreto
condenatório. 4. A sentença não fez qualquer referência à existência de deliberada
intenção de causar prejuízo à Administração Pública ou à efetiva ocorrência do
dano. Ao contrário o magistrado de primeiro grau reconhece que os serviços
foram prestados e, ao afastar a conduta prevista no art. 1°, inciso I, do Decreto-
Lei n. 201/67, afirma, categoricamente, inexistir nos autos provas suficientes para
comprovar o dolo do denunciado de efetuar pagamentos aos contratados
superiores aos ajustados, sem qualquer justificativa para tantos. 5. Ordem
concedida para absolver o paciente Cesar Augusto de Freitas, com fundamento no
art. 386, III, do Código de Processo Penal, da imputação da prática do crime
previsto no art. 89 da Lei n. 8.666/1993, com extensão dos efeitos aos corréus
Ronildo Vieira Maciel, Tereza Maria Lopes de Brito e Amarildo Bezerra Leite (art.
580 do CPP). Pedido de reconsideração da decisão que apreciou o pleito liminar
prejudicado. Comunique-se, com urgência, ao Juízo da 37ª Vara Federal da
Subseção Judiciária de Caruaru/PE e à Primeira Turma do Tribunal de Justiça de
Pernambuco (HC 588.359/PE, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 08/09/2020).

Parece-nos inadequada a atribuição de finalidade específica diante da ausência de elementos


característicos no tipo penal, que não contém expressões como “com o fim de”, “com o intuito
de”, “a fim de", como há, por exemplo, no art. 337-F. Para o legislador, os motivos que levaram
o agente a promover a contratação direta fora das hipóteses previstas em lei não interferem
na tipicidade, embora possam ser reconhecidos na fixação da pena-base (art. 59 do CP). O dolo
está na dispensa ou na inexigibilidade que não se adéqua às permissões legais, tendo o agente
consciência dessa circunstância. Ademais,
148
"Mesmo nos casos em que o administrador não pretenda prejudicar o erário ou
beneficiar favorito seu, mas se nega a cumprir a legislação por capricho,
conveniência, comodidade pessoal ou até aversão pela burocracia, optando por
contratar seus serviços e fornecedores diretamente, sem prévia licitação, a
atuação persiste manifestamente reprovável, pois, consciente de que está
descumprindo a lei, prefere administrar a coisa pública como se sua fosse,
elegendo seus contratados sem qualquer critério objetivo e sem a mínima
formalidade para a dispensa/inexigibilidade de licitação" (MENDES JÚNIOR, José
Francisco Seabra. Desnecessidade de efetivo prejuízo ao erário e dolo específico
para configuração do crime do art. 89, caput da Lei 8.666/93. 2014. Disponível
em: <http://www.mprs.mp.br/areas/criminal/arquivos/seabralicit.pdf>. Acesso
em: 12/12/2020).

Não se admite a forma culposa. Logo, o desleixo do funcionário em relação ao cumprimento


das regras para contratação direta deve ser punido apenas na esfera administrativa.

Consumação e tentativa: o momento consumativo do crime consistente em dispensar ou


inexigir licitação sempre foi controverso. Embora as condutas típicas atuais não sejam as
mesmas - pois consistem em admitir, possibilitar ou dar causa a contratação direta ilegal-
acreditamos que a controvérsia permanece, porque o debate que consiste em saber o exato
momento em que os atos de dispensar ou inexigir têm relevância jurídico-penal não perde o
sentido com a alteração do tipo.

Sob a vigência do art. 89 da Lei 8.666/93 havia quem sustentasse a consumação no momento
em que formalizado o ato de dispensa ou inexigibilidade, independentemente da celebração do
contrato administrativo e da ocorrência de prejuízo ao erário.

Cezar Roberto Bitencourt sempre defendeu que o crime se consuma apenas na celebração do
contrato. Antes disso, não há qualquer ofensa a princípios administrativos, pois o
administrador público pode a qualquer momento retificar os atos que levariam à contratação
direta ilegal, seja para impedi-la, seja para adequá-la aos fundamentos legais:

"As hipóteses - dispensar ou inexigir ilegalmente licitação - somente se consumam


com a efetiva celebração do contrato licitatório, mesmo antes de efetivada sua
execução. Com efeito, a dispensa ou não exigência de licitação fora das hipóteses
previstas em lei, em si mesma, não diz nada, não significa nada, nem no mundo
jurídico nem no mundo fático. É um nada enquanto valor ético-jurídico, como
também enquanto norma proibitiva ou imperativa de conduta penal, não
passando de mera abstração, enquanto não houver contratação pública de algo
(de obra, serviço ou aquisição de material). Antes desse momento fica inclusive
praticamente impossível comprovar a existência ou não de vontade consciente
(dolo) de descumprir o comando legal; é possível, inclusive, cancelar os trâmites
administrativos, que fazem parte de uma atividade complexa (criação, redação,
revisão, aprovação, assinatura, publicação etc.), sem que tais atos tenham
invadido a seara da proibição penal; aliás, nem no plano administrativo gera
efeito algum, não se podendo, nessa fase, sequer falar em infração administrativa.
Aliás, enquanto não houver infração administrativa é impossível admitir-se a
149
configuração de infração penal, pois esta pressupõe aquela: a ausência de ilicitude
administrativa, por sua vez, impede a caracterização de ilicitude penal (lembrar da
figura dos dois círculos concêntricos). Com efeito, a dispensa ou inexigência
somente se materializa com o ato de contratar, instante em que se poderá ter por
consumado o crime nessas duas modalidades de condutas, independentemente da
execução do contrato.

[...]

Nessa linha, é inconcebível pretender sustentar que o crime consuma-se – nas


modalidades de dispensa ou inexigência de licitação - com a simples edição de um
ato administrativo dispensando a realização do procedimento licitatório, como
pretendem alguns doutrinadores. Qual seria a lesão, dano ou ofensa ao bem
jurídico tutelado se a Administração Pública não prosseguir com a efetivação da
contratação, seja por constatar que se equivocou sobre a exigência legal, seja por
receber orientação de sua assessoria especializada, isto é, simplesmente, por
desinteressar-se espontaneamente pela opção que fizera? A resposta
inevitavelmente será que não houve nenhum prejuízo, dano ou ofensa ao interesse
ou patrimônio público protegido! Não há e nem pode haver nenhuma sanção nem
mesmo no âmbito administrativo" (Direito penal das licitações. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 174-176).

E, como já mencionamos anteriormente, o STJ exige ainda mais: o efetivo prejuízo ao erário em
decorrência da contratação direta indevida.

[...]

Ação penal: é pública incondicionada”

FRUSTRAÇÃO DO CARÁTER COMPETITIVO DE LICITAÇÃO

Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter para si ou para outrem vantagem
decorrente da adjudicação do objeto da licitação, o caráter competitivo do processo licitatório:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

“1. BREVES COMENTÁRIOS

Objetividade jurídica: tutelam-se os interesses da Administração Pública no processo


licitatório, especialmente o caráter competitivo que o deve caracterizar para que se garanta a
contratação mais vantajosa para o poder público.

Na Lei 8.666/93, o correspondente deste tipo penal era o art. 90.

Houve novatio legis in pejus, irretroativa.

Sujeito ativo: o crime é comum, pois o caráter competitivo da licitação pode ser frustrado
tanto pelo servidor público que integra o processo como pelo particular interessado de alguma
forma no deslinde do certame.

150
Sujeito passivo: o sujeito passivo do crime é o Estado, frustrado na intenção de garantir a
lisura e a maior vantagem possível em seus contratos. Também podem sofrer as consequências
da infração penal os demais participantes do processo licitatório alheios à fraude.

Conduta: são punidas as condutas de frustrar (provocar a falha, prejudicar, impedir) ou fraudar
(burlar, manipular) o caráter competitivo do processo licitatório, com o intuito de obter para si
ou para outrem vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação.

O tipo é misto alternativo. Se, no mesmo contexto fático, o agente pratica um ato para
prejudicar o certame e outro para fraudá-lo (retirando uma das propostas e ardilosamente
direcionando a licitação, por exemplo), responde por apenas um crime.

Os atos voltados à frustração do caráter competitivo da licitação são os mais variados: a)


prática de preços superiores à média do mercado; b) direcionamento da licitação por meio de
exigências técnicas desnecessárias para a contratação de um serviço ou para a aquisição de
um bem; c) rodízio entre competidores, que podem combinar entre si o valor das propostas ou
a retirada de algumas delas em momento crucial do certame; d) participação de várias
empresas ligadas ao mesmo grupo ou pertencentes a pessoas com alguma ligação entre si; e)
participação de pessoas jurídicas constituídas apenas formalmente, sem instalações físicas.

[...]

Tipo subjetivo: o crime deve ser cometido a título de dolo, consistente na vontade consciente
de frustrar ou fraudar o caráter competitivo do processo licitatório.

Há também um elemento subjetivo específico, pois a conduta deve ter o propósito de obter,
para si ou para terceiro, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação.

Não se admite a modalidade culposa.

Consumação e tentativa: consuma-se o delito com a prática de qualquer ato voltado à


frustração ou à fraude do caráter competitivo de uma licitação.

Não se exige a efetiva obtenção da vantagem decorrente da adjudicação, nem tampouco que
se demonstre o prejuízo ao erário. É a orientação do STJ a respeito da conduta antes tipificada
no art. 90 da Lei 8.666/93:

"Nos termos da jurisprudência deste Superior Tribunal, diversamente do que


ocorre com o delito previsto no art. 89 da Lei n. 8.666/1993, o art. 90 desta lei não
demanda a ocorrência de prejuízo econômico para o poder público, haja vista que
o dano se revela pela simples quebra do caráter competitivo entre os licitantes
interessados em contratar, ocasionada com a frustração ou com a fraude no
procedimento licitatório. De fato, a ideia de vinculação de prejuízo à
Administração Pública é irrelevante, na medida em que o crime pode se
perfectibilizar mesmo que haja beneficio financeiro da Administração Pública.
(REsp n. 1.484.415/DF, Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe
22/2/2016), não havendo falar em necessidade de comprovação de prejuízo à

151
Administração ou mesmo em obtenção de lucro pelos agentes" (AgRg no REsp
1.824.310/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 09/06/2020).

A tentativa é possível nas situações em que, não obstante empregados os meios para
prejudicar a competição, o agente não alcança o propósito por circunstâncias alheias à sua
vontade.

Ação penal: é pública incondicionada.”

PATROCÍNIO DE CONTRATAÇÃO INDEVIDA

Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração


Pública, dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato cuja invalidação
vier a ser decretada pelo Poder Judiciário:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

“1. BREVES COMENTÁRIOS

Objetividade jurídica: o tipo penal tutela a moralidade administrativa, impedindo que


funcionários públicos patrocinem, valendo-se do cargo, interesse privado em detrimento da
Administração Pública e, com isso, provoquem a instauração de processos licitatórios ou a
celebração de contratos espúrios.

Na Lei 8.666/93, o correspondente deste tipo penal era o art. 91.

Houve novatio legis in pejus, irretroativa.

Sujeito ativo: o crime é próprio, pois pode ser cometido somente pelo servidor público (art. 327
do CP), não necessariamente vinculado ao órgão responsável por processos licitatórios.

É possível a participação de particular, desde que conhecedor das qualidades do autor (art. 30
do CP).

Mesmo os servidores públicos autorizados a exercer a advocacia podem ser autores do crime,
pois são proibidos de patrocinar interesses privados perante o órgão que os remunera ou com o
qual estão vinculados (art. 30, inc. I, da Lei 8.906/94).

Sujeito passivo: é o Estado.

Conduta: a conduta típica é patrocinar (amparar, favorecer), direta ou indiretamente, interesse


privado perante a Administração Pública, dando causa à instauração de licitação ou à
celebração de contrato cuja invalidação venha a ser decretada pelo Poder Judiciário.

Patrocinar corresponde a defender, pleitear, advogar junto a companheiros ou superiores


hierárquicos o interesse particular. O ato criminoso pressupõe mais do que um mero
encaminhamento ou protocolo de papéis; é imprescindível que se verifique o efetivo patrocínio
de uma causa, complexa ou não, perante a Administração Pública. Mas, ao contrário da
advocacia administrativa (art. 321 do CP), o art. 337-G não exige que o agente se beneficie da
qualidade de funcionário público para praticar o crime.
152
[...]

Há controvérsia a respeito da natureza da decisão que invalida a licitação ou o contrato


celebrado.

A decisão é comumente tratada como condição objetiva de punibilidade, pois é um ato externo
- que independe do agente – pressuposto para a punição:

"A invalidação, por óbvio, depende de terceiro, fora da alçada do agente e,


justamente por tal razão, é uma condição objetiva de punibilidade. O mesmo se
dá, por comparação no contexto dos crimes falimentares, em que a sentença,
decretando a falência, é condição para a punição do agente, embora não dependa
deste, mas de terceira parte, no caso, o Judiciário" (Nucci, Guilherme de Souza.
Ob. cit. p. 647).

Mas há doutrinadores que criticam essa atribuição, porque a necessidade de invalidação do


processo licitatório ou do contrato, ao contrário do que acontece na falência, é um elemento
inerente ao próprio tipo penal e, portanto, a existência de sentença decretando a invalidação
diz respeito diretamente à tipicidade. Nesse sentido, Bitencourt:

“A interpretação de que se trata de condição objetiva de punibilidade, venia


concessa, não se sustenta, pois ignora fundamentos básicos da teoria geral do
delito, especialmente a estrutura do tipo penal e seus elementos constitutivos, os
quais devem ser completamente abrangidos pelo dolo do agente. Com efeito, as
condições objetivas de punibilidade são alheias à estrutura do crime, isto é, não
integram e, por conseguinte, não são objetos do dolo ou da culpa. Elementares
constitutivas da descrição típica - como a que estamos examinando - não são
condições objetivas de punibilidade, e tampouco podem ser como tais
consideradas, pois, como elementares típicas, devem ser, necessariamente,
abrangidas pelo dolo ou pela culpa, sob pena de autêntica responsabilidade penal
objetiva. As condições objetivas de punibilidade, por sua vez, são exteriores à
ação, isto é, não integram a descrição da conduta típica, mas delas depende a
punibilidade do crime, por razões de política criminal (oportunidade,
conveniência). Aliás, exemplo disso é exatamente a sentença declaratória da
falência, que é absolutamente diferente da elementar que ora se examina, pois é
exterior a descrição do tipo penal, localizando-se, em apartado, no art. 180 da Lei
de Falências” (Ob. cit. p. 221-222).

Tipo subjetivo: a conduta é punida somente a título de dolo, que consiste na vontade
consciente de patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Administração
Pública.

A doutrina diverge a respeito da existência de elemento subjetivo específico.

Há quem sustente que dar causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato é a


finalidade especial que deve mover o agente público (Nucci, ob. cit. p. 647). Mas há, por outro
lado, quem rejeite a existência do fim especial, tratando a instauração da licitação ou a

153
celebração do contrato como um elemento objetivo do tipo penal. Fosse de fato uma finalidade
especial, sua concretização seria dispensável (Bitencourt, ob. cit. p. 224-225).

Não se pune a modalidade culposa.

Consumação e tentativa: a consumação do crime está vinculada à instauração do


procedimento licitatório ou à celebração do contrato e sua posterior invalidação pelo Poder
Judiciário.

Segundo a orientação dominante, considerando que a consumação é condicionada à


ocorrência das circunstâncias descritas no parágrafo anterior, não se admite a tentativa.

Ação penal: é pública incondicionada.”

MODIFICAÇÃO OU PAGAMENTO IRREGULAR EM CONTRATO ADMINISTRATIVO

Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive
prorrogação contratual, em favor do contratado, durante a execução dos contratos celebrados
com a Administração Pública, sem autorização em lei, no edital da licitação ou nos respectivos
instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua
exigibilidade:

Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

“1. BREVES COMENTÁRIOS

Objetividade jurídica: o tipo penal tutela a moralidade administrativa, a boa-fé, a lisura do


contrato administrativo e o princípio da igualdade entre os credores da Administração Pública.
Secundariamente, é também tutelado o patrimônio público.

Na Lei 8.666/93, o correspondente deste tipo penal era o art. 92.

Houve novatio legis in pejus, irretroativa.

Sujeito ativo: trata-se de crime próprio, pois sujeito ativo é apenas o servidor público (art. 327
do CP) competente para de alguma forma provocar modificações, vantagens ou prorrogação
contratual sem autorização legal. Da mesma forma, somente o servidor competente para
ordenar o pagamento das faturas emitidas pelo órgão contratante pode fazê-lo com preterição
da ordem cronológica de exigibilidade.

[...]

Sujeito passivo: é o Estado. No caso da infração tipificada na segunda parte do dispositivo


(pagamento com violação da ordem cronológica), os credores preteridos também são sujeitos
passivos.

Conduta: na primeira parte do art. 337-H pune-se quem admite (reconhece, aceita), possibilita
(torna possível, proporciona) ou dá causa (origina, provoca, motiva), ilegalmente, à
modificação ou à prorrogação do contrato, ou a alguma vantagem ao contratado. Nesse

154
ponto, o tipo é misto alternativo, razão por que a prática de mais de uma conduta no mesmo
contexto fático caracteriza apenas um crime.

Após a adjudicação, a regra é a de que o contrato celebrado pela Administração Pública seja
cumprido tal como negociado (art. 114 da nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos).
Qualquer alteração contratual é medida excepcional que deve ser justificada em alguma das
situações previstas em lei. O art. 106 da nova Lei trata de circunstância que autoriza a
prorrogação, ao passo que o art. 123 elenca situações que permitem a alteração, assim como o
artigo 81 da Lei 13.303/16, que disciplina casos específicos referentes às licitações promovidas
por empresas públicas, sociedades de economia mista e de suas subsidiárias no âmbito da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Observe-se que este crime pode ser cometido mediante modificação ou prorrogação contratual
sem autorização não apenas em lei, mas também no edital da licitação ou no instrumento
contratual. Isso significa que, além das hipóteses legais acima mencionadas, são admitidas
modificações e prorrogações especificadas no edital ou no próprio contrato para a manutenção
do equilíbrio econômico-financeiro, isto é, desde que sejam previstas como meio de assegurar a
equação financeira inicial do ajuste, estabelecida a partir da proposta vencedora na licitação, a
qual deve ser preservada durante toda a vigência do contrato.

[...]

Não se admite, obviamente, que na modificação seja inserido objeto novo no contrato
anteriormente pactuado. Isso equivale a uma contratação sem licitação.

[...]

A segunda parte do art. 337-H tipifica uma conduta sem relação direta com a anterior: Pagar
fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade. Nesse caso, em relação às
condutas já estudadas o tipo penal é misto cumulativo: se, beneficiando o mesmo contratado,
o agente público altera um contrato e efetua o pagamento sem observar a ordem Cronológica,
comete dois crimes em concurso material.

[...]

A palavra “fatura” deve ser compreendida como o documento que expressa uma dívida e
atesta um crédito com a Administração Pública. O legislador das licitações foi movido pela
mesma ideia geral contida no art. 100 da Constituição Federal, que institui a ordem
cronológica de pagamento dos precatórios. Parte-se do pressuposto de que, em respeito aos
princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e da transparência, o pagamento
dos credores do Poder público deve ser feito em ordem (sequência) de exigibilidade. Obedecer
a uma ordem cronológica de pagamento é prática que se insere na condução impessoal da
Administração Pública, que deve se guiar sem preferências de ordem subjetiva.

Note-se que o § 1º do art. 140 da nova Lei elenca razões de interesse público e impõe a prévia
justificativa da autoridade competente para que se excepcione a cronologia dos pagamentos.
Dessa forma, se, em uma situação como a calamidade pública, o administrador decide, em

155
detrimento da ordem cronológica, efetuar primeiro o pagamento ao prestador de serviços
relativos à situação emergencial que deve ser contida, não há o crime.

Tipo subjetivo: o elemento subjetivo reside no dolo, que consiste na vontade consciente de
praticar uma das condutas típicas.

O tipo penal não contém nenhuma referência à finalidade específica. Os motivos que levam o
agente a admitir, possibilitar ou dar causa a modificação ou prorrogação ilegal do contrato são
indiferentes para a tipicidade, pois o que a lei pretende punir é a inobservância das regras que
determinam as possibilidades de alteração ou prorrogação. No entanto, em julgamentos
relativos ao art. 92 da Lei 8.666/93 (que também não exigia fim especial de agir), o STJ firmou
a orientação de que o agente público deve ser movido pelo propósito de causar prejuízo ao
erário:

"1. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é no sentido de que, para a


configuração do delito tipificado no art. 92 da Lei n. 8.666/1993, deve-se
demonstrar, ao menos em tese, o dolo específico de causar dano ao erário, bem
como o efetivo prejuízo causado a Administração Pública (AgRg no AREsp n.
1.265.657/MT, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNICK, Quinta Turma, julgado em
14/05/2019, DJe 20/05/2019.). Precedentes" (AgRg no REsp 1.883.931/RS, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 22/09/2020).

Do mesmo modo, os motivos que levam o administrador a pagar a fatura com preterição da
ordem cronológica são indiferentes para aferição do dolo em sua conduta.

Não se pune a forma culposa.

Consumação e tentativa: o momento consumativo pode variar conforme a orientação seguida


a respeito da vantagem resultante da modificação ou da prorrogação contratual. Se
considerarmos o simples ato de modificar ou de prorrogar o contrato sem fundamentação
legal, o crime se consuma com a prática da conduta típica, independentemente das
consequências que possam advir. Mas, se adotada a tese de que deve haver efetiva vantagem
indevida ao contrato - e o consequente prejuízo ao erário - o crime se consuma apenas com o
resultado material.

O crime tipificado na segunda parte do dispositivo se consuma com o pagamento que não
respeita a ordem cronológica das faturas.

Em tese, as condutas são passíveis de fracionamento, mas, como destacamos nos comentários
ao art. 337-E (cujas ações nucleares são idênticas), parece-nos improvável a caracterização da
tentativa em relação à primeira parte do dispositivo, pois é difícil imaginar como ato executório
do crime a situação em que alguém tenta admitir, possibilitar ou dar causa a uma modificação
ou a uma prorrogação contratual ilegal. No geral, essas condutas são antecedidas de uma série
de atos preparatórios, que, por si, não costumam ter relevância penal.

Já na conduta de pagar fatura com preterição da ordem cronológica, a tentativa nos parece
plenamente viável na situação em que, formalmente autorizado, o pagamento não se efetua
por circunstâncias alheias à vontade do agente público.
156
Ação penal: é pública incondicionada.”

PERTURBAÇÃO DE PROCESSO LICITATÓRIO

Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de processo licitatório:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

“1. BREVES COMENTÁRIOS

Objetividade jurídica: o tipo penal tutela a moralidade administrativa, a boa-fé e a lisura da


licitação, que tem suas finalidades afetadas por atos tendentes a desordenar o andamento do
processo.

Na Lei 8.666/93, o correspondente deste tipo penal era o art. 93.

Houve novatio legis in pejus, irretroativa.

ATENÇÃO: o art. 93 da Lei 8.666/93 havia revogado tacitamente conduta semelhante tipificada
no art. 335 do CP. A situação permanece inalterada.

Sujeito ativo: o sujeito ativo do delito pode ser qualquer pessoa – inclusive o servidor público-,
independentemente de interesse ou de participação no processo licitatório.

Sujeito passivo: sujeito passivo primário é o Estado. Secundariamente, o crime vitima o


licitante prejudicado pelo ato impertinente ou fraudulento.

Conduta: pratica o crime quem impedir (obstruir), perturbar (embaraçar) ou fraudar (empregar
meio enganoso) a realização de qualquer ato inerente ao procedimento licitatório.

Punem-se, em geral, ações que prejudicam as etapas componentes do procedimento licitatório,


que, segundo o art. 17 da nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos, são as seguintes: I
– preparatória; II – de divulgação do edital de licitação; III – de apresentação de propostas e
lances, quando for o caso; IV - de julgamento; V – de habilitação; VI - recursal; VII – de
homologação.

É no espaço entre a fase preparatória e a homologação do objeto licitado que o crime em


estudo pode ser cometido. São abrangidos todos os atos parcelares do procedimento, desde os
iniciais internos - como a estimativa de preços – e externos - como a abertura do edital - até os
atos finais - como o julgamento e a adjudicação.

Na vigência do art. 93 da Lei 8.666/93, ensinava Diógenes Gasparini:

"Os atos anteriores, a exemplo da aprovação da minuta e do edital pela assessoria


jurídica, e os posteriores, a exemplo da publicação do resumo do contrato, não
integram o procedimento licitatório propriamente dito. Assim, ainda que alguém
possa impedir, perturbar e fraudar a realização desses atos, tais comportamentos
não podem configurar o crime previsto na hipótese sob comentário" (GASPARINI,
Diógenes. Crimes na licitação. 2a ed., São Paulo: NDJ, 2001. p. 124).

157
É o que tem decidido o STJ:

"De fato, o delito previsto no art. 93 da Lei Federal n. 8.666/93 somente se


configura se as condutas nele previstas forem praticadas no curso do
procedimento licitatório, hipótese não ocorrida nos autos. Nesse sentido: HABEAS
CORPUS. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. IMPROPRIEDADE DA VIA
ELEITA. ART. 93 DA LEI DE LICITAÇÕES. CONDUTAS PRATICADAS APÓS O TÉRMINO
DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DO TIPO. POSSÍVEL
PRÁTICA DE FALSIDADE DOCUMENTAL (CP, ART. 297). ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE DOLO. INVIABILIDADE. WRIT NÃO CONHECIDO. (...) 2. O delito tipificado no art.
93 da Lei nº 8.666/93 somente se tipifica se as condutas nele previstas forem
praticadas no curso do procedimento licitatório. Falsidades de documentos
públicos perpetradas posteriormente à contratação administrativa preenchem, na
ausência de outros elementos específicos, o tipo penal do artigo 297 do Código
Penal. (...) 5. Habeas corpus não conhecido (HC 348.414/RN, Rel. Ministra MARIA
THEREA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgada em 07/04/2016, DJe 19/4/2016
- Grifo Nosso). In casu, a falsidade documental se deu antes do procedimento
licitatório, o que inviabiliza a desclassificação da conduta” (AgRg no AREsp
1.675.120/PR, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 15/09/2020).

[...]

As impugnações administrativas e judiciais não caracterizam, por si, atos atentatórios ao


procedimento de licitação, pois são mecanismos estruturados pelo próprio ordenamento
jurídico para garantir interesses legítimos, cuja preservação é necessária para o atendimento
das finalidades do próprio certame. Há, de certa forma, um elemento normativo implícito
consistente na existência de justa causa para que alguém busque entravar o procedimento
licitatório.

[...]

Trata-se de crime eminentemente subsidiário, afastado sempre que o ato praticado para
prejudicar o desenvolvimento da licitação se subsume a outro tipo penal mais específico, como
os dos artigos 337-J e 337-K do CP. Além disso, se a fraude consiste na concessão de vantagem
ao contratado após a conclusão da licitação, pode ocorrer o crime do art. 337-H.

Tipo subjetivo: o elemento subjetivo é o dolo, que consiste na vontade consciente de praticar
um dos núcleos típicos.

Não se exige nenhuma finalidade específica, nem se pune a modalidade culposa.

Consumação e tentativa: na conduta de impedir, é necessário que o ato do procedimento


licitatório efetivamente deixe de ser praticado para que o crime se consume. No emprego de
fraude, a consumação só ocorre se o ato for praticado em decorrência da ação ardilosa.

Já no que concerne à perturbação, é dispensável que o ato do procedimento deixe de ocorrer.


Se de alguma forma o agente importuna, desordena ou dificulta um ato do processo licitatório
que, não obstante, é praticado, ainda assim se consuma o crime.
158
Em tese, as três condutas são fracionáveis, mas, na prática, a tentativa nos parece viável
apenas nas modalidades de impedir e fraudar. É, com efeito, improvável que alguém pratique
um ato executório de perturbação sem que o crime se consume imediatamente.

Ação penal: é pública incondicionada.”

VIOLAÇÃO DE SIGILO EM LICITAÇÃO

Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta apresentada em processo licitatório ou proporcionar a


terceiro o ensejo de devassá-lo:

Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e multa.

“1. BREVES COMENTÁRIOS

Objetividade jurídica: o tipo penal tutela mais uma vez a lisura da licitação, agora no que
concerne a um de seus aspectos mais importantes: o sigilo das propostas quando aplicável o
modo de disputa fechado (art. 55, inc. II, da nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos).
A quebra precoce do sigilo prejudica o caráter competitivo do certame.

Na Lei 8.666/93, o correspondente deste tipo penal era o art. 94.

ATENÇÃO: o art. 94 da Lei 8.666/93 havia revogado tacitamente o art. 326 do CP, que punia
condutas semelhantes. A situação permanece inalterada. A pena de 2 a 3 anos merece críticas,
aproximando-se do sistema de penas fixas, que inviabiliza a concretização do princípio da
individualização da pena. Uma baliza maior entre a pena mínima e máxima dialoga melhor
com o referido princípio.

Sujeito ativo: tratando-se de crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa que de
alguma forma tenha acesso à proposta sigilosa. O mais comum é que o sujeito ativo seja o
servidor público responsável pelo processo licitatório, mas nada impede que terceiro alheio a
Administração Pública consiga obter a proposta e devasse seu sigilo.

Sujeito passivo: o sujeito passivo é o Estado. Secundariamente, são vítimas os licitantes


eventualmente prejudicados pelo ato.

Conduta: são punidas as condutas de devassar (invadir, violar) o sigilo de proposta


apresentada em processo licitatório ou proporcionar (promover, facilitar, tornar possível) a
terceiro a oportunidade de devassá-lo.

No primeiro caso (devassar), o próprio agente viola o conteúdo da proposta apresentada para
tomar conhecimento de seus termos, ao passo que, no segundo (proporcionar a oportunidade
a terceiro), o agente atua para que outra pessoa consiga praticar a violação.

As condutas típicas recaem no sigilo da proposta apresentada em procedimento licitatório.


Qualquer ato que implique o conhecimento da proposta sigilosa antes do momento oportuno –
normalmente, a fase de abertura -, caracteriza o crime, desde que o documento já esteja sob
guarda e responsabilidade da Administração Pública. Ainda que a violação atinja apenas uma
das diversas propostas apresentadas, há o crime.
159
[...]

Tipo subjetivo: o elemento subjetivo é o dolo, que consiste na vontade consciente de praticar
uma das condutas nucleares típicas.

Não há finalidade específica, nem se pune a modalidade culposa.

Consumação e tentativa: quanto à primeira parte, o crime se consuma com a efetiva devassa
do sigilo, independentemente de qualquer prejuízo à Administração Pública e da divulgação do
conteúdo a terceiros, algo que se considera um simples exaurimento do delito.

O crime, aqui, é material.

A segunda modalidade se consuma com o ato de proporcionar a terceiro a oportunidade para a


violação do sigilo, ainda que isso não ocorra. Trata-se, portanto, de crime formal.

A tentativa é admissível nas situações em que alguém atua para tomar conhecimento do
conteúdo da proposta sigilosa ou tenta possibilitar que terceiro o faça, mas, por circunstâncias
alheias à sua vontade, não tem êxito.

Ação penal: é pública incondicionada.”

AFASTAMENTO DE LICITANTE

Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
oferecimento de vantagem de qualquer tipo:

Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e multa, além da pena correspondente à
violência.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém ou desiste de licitar em razão de
vantagem oferecida.

“1. BREVES COMENTÁRIOS

Objetividade jurídica: o tipo penal tutela novamente a regularidade do processo licitatório,


especificamente em seu caráter competitivo, afetado pelo afastamento irregular de licitantes.

Na Lei 8.666/93, o correspondente deste tipo penal era o art. 95.

Houve novatio legis in pejus, irretroativa.

ATENÇÃO: o art. 95 havia revogado tacitamente conduta semelhante tipificada no art. 335 do
CP. A situação permanece inalterada.

Sujeito ativo: o crime é comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer pessoa, ainda que
não tenha interesse direto no processo licitatório. Também pode cometer o crime o servidor
público (art. 327 do CP).

Sujeito passivo: o sujeito passivo primário é o Estado. Secundariamente, pode ser vítima o
licitante afastado por meio de violência, grave ameaça ou fraude.
160
Conduta: são tipificadas as condutas de afastar ou tentar afastar licitante por meio de
violência (efetivo emprego de força física contra pessoa), grave ameaça (promessa de mal
injusto), fraude (emprego de ardil) ou oferecimento de vantagem (de qualquer natureza).

ATENÇÃO: a violência e a grave ameaça podem atingir o próprio licitante ou terceira pessoa,
como um familiar, por exemplo, a ponto de fazê-lo temer da mesma forma e, em razão disso,
se abster de permanecer no processo.

[...]

Tipo subjetivo: o elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade consciente de praticar


um dos núcleos do tipo.

Não há elemento subjetivo específico, nem se pune a modalidade culposa.

Consumação e tentativa: a figura do caput é o que a doutrina denomina “crime de atentado”,


no qual a pena da tentativa é a mesma da figura consumada. Assim, pune-se da mesma forma
quem consegue afastar o licitante e quem, embora empregue os meios necessários para isso,
não alcança seu intento por circunstâncias alheias à sua vontade.

A conduta do parágrafo único se consuma quando o licitante se abstém ou desiste de licitar.


Tendo em vista o disposto na parte final do dispositivo, é desnecessário que o licitante de fato
receba a vantagem. Se isso ocorre, há simples exaurimento.

O ato de abstenção não admite a tentativa, pois a conduta é omissiva própria e não pode ser
fracionada. No caso da desistência, a tentativa pode ocorrer se consistir em uma ação (ex.:
retirada expressa da proposta apresentada). Tratando-se de omissão, como a não
apresentação da proposta no processo já iniciado, também não se admite a tentativa.

Ação penal: é pública incondicionada.”

FRAUDE EM LICITAÇÃO OU CONTRATO

Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração Pública, licitação ou contrato dela


decorrente, mediante:
I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços com qualidade ou em quantidade diversas
das previstas no edital ou nos instrumentos contratuais;
II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de mercadoria falsificada, deteriorada,
inservível para consumo ou com prazo de validade vencido;
III - entrega de uma mercadoria por outra;
IV - alteração da substância, qualidade ou quantidade da mercadoria ou do serviço fornecido;
V - qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais onerosa para a Administração
Pública a proposta ou a execução do contrato.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa.

161
“1. BREVES COMENTÁRIOS

Objetividade jurídica: o tipo penal tutela a regularidade não apenas do processo licitatório,
mas também do contrato administrativo dele decorrente, punindo condutas que afetam o
patrimônio público.

Na Lei 8.666/93, o correspondente deste tipo penal era o art. 96.

Houve novatio legis in pejus, irretroativa.

A supressão da elevação arbitrária de preços do inciso I não significa abolitio criminis, pois, se
praticada fraude para elevar injustificadamente o preço de algum produto ou serviço em
prejuízo da Administração Pública, a conduta pode se subsumir ao disposto no inciso V.

Sujeito ativo: a doutrina diverge sobre a qualidade do sujeito ativo. Nucci sustenta que apenas
o licitante ou o contratado pode praticar o crime (ob. cit. p. 655). Já para Bitencourt, embora
no geral seja cometido pelo licitante ou pelo contratado, o crime é comum:

"Aparentemente pode dar impressão que se trata de crime próprio e que só


poderia ser praticado pelo licitante ou "contratado", mas não é o caso, embora
essa seja a regra. Trata-se, na realidade, de crime comum, podendo, como já
afirmamos, ser praticado por qualquer indivíduo, licitante ou não, inclusive
funcionário público. O tipo penal identifica somente o objeto contra o qual se
destina a conduta fraudulenta, qual seja, licitação instaurada ou contrato dela
decorrente, mas não limitou sua autoria a licitante ou contratado. No mesmo
sentido, é a orientação de Tavares de Freitas, in verbis: "Diante disso, entendemos
versar a hipótese sobre crime comum que poderá, por conseguinte, ser praticado
por qualquer pessoa que consiga utilizar-se das vias de execução prevista neste
art. 96 para o fim de fraudar o contrato ou a licitação (...). Evidente que este
crime é praticado mais comumente pelos contratados ou licitantes, o que não
impede, contudo, a possibilidade de também ser praticado por outras pessoas que
não tenham esta qualidade"" (ob. cit. p. 318).

Sujeito passivo: é o Estado.

Conduta: o núcleo do tipo é fraudar (enganar, iludir, burlar, manipular), razão pela qual o
crime é denominado “estelionato licitatório”.

A fraude pode recair tanto na licitação quanto na execução do contrato já formalizado, com
prejuízo patrimonial à Administração Pública.

[...]

O caput do artigo 337-L está ligado às circunstâncias descritas nos cinco incisos seguintes, que
estabelecem a forma pela qual a fraude pode ser cometida:

(I) No inciso I, pune-se o ato fraudulento consistente em entregar mercadoria ou prestação de


serviços com qualidade ou em quantidade diversas das previstas no edital ou nos instrumentos
contratuais. Ex.: a Administração Pública promove licitação para adquirir alimentos em caixas
162
de 10kg. O contratado fornece a mercadoria em embalagens com indicação correta do peso,
mas com 1kg a menos em cada uma delas.

(II) O inciso II tipifica o fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de mercadoria falsificada,


deteriorada, inservível para consumo ou com prazo de validade vencido. A mercadoria
falsificada contém elementos que a fazem se assemelhar à original, mas é produzida
ilegalmente, no geral com materiais de qualidade inferior. A mercadoria deteriorada é
autêntica, mas se danifica ou estraga devido a algum acidente, a armazenamento indevido etc.
A inservível para o consumo é também, de alguma forma, deteriorada a ponto de se tornar
sem utilidade. E a mercadoria com prazo de validade vencido é presumivelmente prejudicial à
saúde ou imprestável para o fim a que se destina.

(III) O inciso III cuida da entrega de uma mercadoria por outra. Considerando que o caput é
expresso a respeito do prejuízo à Administração Pública, a conduta só será considerada
criminosa se a mercadoria entregue for de qualidade inferior à que deveria ter sido fornecida. É
o natural, aliás, pois ninguém se preocuparia em executar uma fraude para entregar à
Administração um produto melhor do que o combinado.

(IV) O inciso IV pune a alteração da substância, qualidade ou quantidade da mercadoria ou do


serviço fornecido.

O inciso I já pune o ato de entregar mercadoria ou prestação de serviços com qualidade ou em


quantidade diversa da prevista no edital ou nos instrumentos contratuais. Aparentemente, o
legislador pretendeu inserir no inciso IV a situação que o próprio contratado pratica a
alteração, ao passo que no primeiro inciso basta que ele entregue a mercadoria, que pode ter
qualidade ou quantidade diversa por obra de outra pessoa. A rigor, isso é indiferente. A
conduta tipificada no inciso I nos parece suficiente para abranger qualquer situação em que o
contratado pratica fraude para fornecer a mercadoria com quantidade ou qualidade diversa da
constante no edital ou no contrato formalizado, tenha sido ele ou não o responsável pela
alteração.

(V) O inciso V tipifica a prática de qualquer meio fraudulento que torne injustamente mais
onerosa para a Administração Pública a proposta ou a execução do contrato.

A figura típica comporta interpretação extensiva para abranger outras situações de fraude não
especificadas nos incisos anteriores.

[...]

É importante destacar que, embora o caput do art. 337-L traga a expressão “licitação ou
contrato dela decorrente", o único meio executório que realmente pode ser cometido durante a
licitação é o do inciso V, pois a entrega de mercadorias e a prestação de serviços só podem ser
cumpridas na execução do contrato.

É também imprescindível insistirmos que nenhuma das figuras elencadas nos incisos I a V é
autossuficiente, ou seja, nenhuma delas é criminosa em si mesma. Os atos mencionados nos
incisos se subordinam ao caput e, portanto, devem ser cometidos por meio de fraude, que
necessariamente implica na indução de alguém em erro para encobrir um aspecto da realidade
163
e impedir que se perceba o que está acontecendo. Se, por exemplo, o contratado simplesmente
fornece um produto com o prazo de validade vencido, e isso é constatável pela simples
conferência dos dados inscritos na embalagem, não há o crime do art. 337-L. Da mesma forma,
se a Administração Pública adquire cem unidades de um produto, e, embora forneça apenas
noventa, o contratado insere a quantidade real na nota fiscal, não há fraude que caracterize o
crime. Para que essas condutas sejam típicas, o fornecedor deve praticar algum ato que
dissimule sua ação, como apagar o prazo de validade para inserir um novo ou inserir na nota
fiscal quantidade diversa daquela realmente entregue.

Em todas as situações, o ato fraudulento deve acarretar prejuízo para a Administração Pública.
É indispensável, portanto, que se apure o dano efetivamente provocado pela conduta.

Não há, por outro lado, exigência expressa de que o agente obtenha vantagem indevida com o
emprego da fraude. Não obstante, a vantagem é uma consequência natural das condutas
tipificadas. É improvável - para não dizer impossível - que alguém forneça mercadorias
falsificadas, deterioradas, em quantidade inferior, ou preste serviços de baixa qualidade sem
obter algum proveito econômico.

Tipo subjetivo: a tipicidade subjetiva é o dolo, consistente da vontade consciente de fraudar a


licitação instaurada, mediante algumas das condutas descritas nos incisos.

Há quem vislumbre um elemento subjetivo especial na expressão “em prejuízo da


Administração Pública”. Mas isso é, na verdade, um elemento normativo do tipo, não uma
finalidade específica. Seria no mínimo inusitado que alguém cometesse uma fraude com o
propósito especial de causar um prejuízo à Administração Pública. A prática das condutas
punidas é sempre direcionada à obtenção de uma vantagem, que necessariamente se dá em
prejuízo do ente público. Na visão de Guilherme de Souza Nucci, o tipo penal contém um
elemento subjetivo específico implícito:

"Parece-nos existente o [elemento] subjetivo do tipo específico implícito,


consistente no intuito de obter lucro abusivo. Extrai-se essa conclusão do disposto
no tipo penal, analisando-se a expressão em prejuízo da Fazenda Pública. Logo, a
contrário senso, sofrendo o erário público lesão, é natural que o fito do agente é a
obtenção de vantagem excessiva" (ob. cit. p. 655).

Não se admite a forma culposa.

Consumação e tentativa: o crime é material, consumando-se com o prejuízo causado à


Administração Pública em virtude da fraude empregada.

Tratando-se de conduta fracionável, é admissível a tentativa.

Ação penal: é pública incondicionada.”

164
CONTRATAÇÃO INIDÔNEAS

Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou profissional declarado inidôneo:

Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e multa.

§ 1º - Celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo:

Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e multa.

§ 2 º - Incide na mesma pena do caput deste artigo aquele que, declarado inidôneo, venha a
participar de licitação e, na mesma pena do § 1º deste artigo, aquele que, declarado inidôneo,
venha a contratar com a Administração Pública.

“ 1. BREVES COMENTÁRIOS

Objetividade jurídica: o tipo penal tutela a tanto a regularidade do processo licitatório quanto
a do contrato administrativo dele decorrente, assegurando que os participantes da licitação e
possíveis contratados sejam idôneos.

Na Lei 8.666/93, o correspondente deste tipo penal era o art. 97.

Houve novatio legis in pejus, irretroativa.

Sujeito ativo: o crime tipificado no caput é próprio, pois só pode ser cometido pelo servidor
público competente para admitir o licitante. O crime do § 1º também é próprio, pois somente o
servidor público competente para celebrar o contrato pode praticá-lo.

Já o crime do § 2º é comum, tendo em vista que qualquer pessoa declarada inidônea pode
participar da licitação ou celebrar o contrato.

Sujeito passivo: é o Estado. Secundariamente, podem ser vítimas os licitantes preteridos ou


prejudicados pelo ato.

Conduta: o tipo penal contempla quatro condutas: a) admitir à licitação profissional ou


empresa declarada inidônea; b) celebrar contrato com profissional ou empresa declarada
inidônea; c) participar da licitação na qualidade de profissional ou empresa inidônea; d)
contratar com a Administração Pública na qualidade de profissional ou empresa inidônea.

ATENÇÃO: comete apenas um crime o servidor público que admite o inidôneo à licitação e, em
seguida, celebra o contrato com ele, assim como só deve ser punido por um delito o particular
inidôneo que participa da licitação e contrata com a Administração Pública.

A estrutura típica permite que sejam abrangidas condutas praticadas em diversas


circunstâncias. É possível que, no início do certame, já exista a declaração de inidoneidade. Se o
licitante é admitido, incidem as figuras do caput e da primeira parte do § 2º. Também é
possível que o licitante ingresse no certame de forma regular, mas, no momento da celebração
do contrato, pese contra ele uma declaração de inidoneidade, situação em que incidem as
figuras do§1° e da segunda parte do § 2º. Além disso, como o tipo penal não menciona a

165
Palavra “licitante” ao tratar da celebração do contrato, o crime pode ser cometido também nas
situações em que admitidas a dispensa e a inexigibilidade de licitação.

O tipo traz uma norma penal em branco. A declaração de inidoneidade é sanção administrativa
inserida em diversos dispositivos legais, como o art. 155, inc. IV, da nova Lei de Licitações e
Contratos Administrativos, o art. 33, inc. V, da Lei 12.527/11, o art. 73, inc. III, da Lei 13.019/14
e o art. 84, inc. III, da Lei 13.303/16. Há declaração homônima prevista no art. 46 da Lei
Orgânica do Tribunal de Contas da União (Lei nº 8.443/92), o qual dispõe que "verificada a
ocorrência de fraude comprovada à licitação, o Tribunal declarará a inidoneidade do licitante
fraudador para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal”. A
sanção, de competência exclusiva do TCU, visa a penalizar o particular que, comprovadamente,
tenha fraudado uma licitação de que tenha participado.

[...]

Há divergência a respeito da amplitude da sanção de inidoneidade, que pode ser aplicada nas
diferentes esferas da Administração Pública. Segundo já decidiu o STJ:

"Infere-se da leitura dos dispositivos que o legislador conferiu maior abrangência à


declaração de inidoneidade ao utilizar a expressão Administração Pública, definida
no art. 6° da Lei 8.666/1993. (...) A norma geral da Lei 8.666/1993, ao se referir à
inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública, aponta para o
caráter genérico da referida sanção, cujos efeitos irradiam por todas as esferas de
governo. A sanção de declaração de inidoneidade é aplicada em razão de fatos
graves, que demonstram a falta de idoneidade da empresa para licitar ou
contratar com o Poder Público em geral, em razão dos princípios da moralidade e
da razoabilidade. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento de que o termo
utilizado pelo legislador - Administração Pública, no dispositivo concernente à
aplicação de sanções pelo ente contratante, deve se estender a todas as esferas
da Administração, e não ficar restrito àquela que efetuou a punição” (Resp.
550.5531 de RJ, Rel. Min. Hermann Benjamin, DJ 03.11.2009).

[...]

Tipo subjetivo: o elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade consciente de praticar


uma das condutas típicas.

Tanto o servidor público quanto o particular devem ter conhecimento da inidoneidade. Se, por
alguma falha, o agente responsável pelo procedimento licitatório não souber da declaração de
inidoneidade, ou se, pelo mesmo motivo, o particular não tiver sido cientificado de que recebeu
a sanção, o fato será atípico por ausência de dolo. Note-se, contudo, que um crime não é
dependente do outro. Se o servidor público não tem conhecimento da sanção, mas o particular,
sabendo que não pode participar da licitação, ainda assim o faz, comete o crime mesmo diante
da atipicidade da conduta do servidor. E o inverso, obviamente, também é verdadeiro.

O tipo não contém nenhum elemento subjetivo específico, nem pune a modalidade culposa.

Consumação e tentativa: o momento consumativo depende da modalidade do crime.


166
A conduta do caput se consuma com a admissão formal do inidôneo no processo licitatório,
independentemente de ele se sagrar vencedor. Já a conduta do § 1º se consuma com a
celebração do contrato.

Em relação ao particular inidôneo, a consumação ocorre no momento do ingresso formal no


certame, ou no momento da celebração do contrato, conforme as circunstâncias.

As condutas são passíveis de fracionamento, razão pela qual a tentativa é admissível. Nada
impede que o servidor tente admitir o inidôneo no certame, mas, antes de formalizada a
admissão, outro licitante conteste a conduta e impeça que o crime se consume. O mesmo pode
ocorrer se o inidôneo tentar participar da licitação.

[...]

Ação penal: é pública incondicionada.”

IMPEDIMENTO INDEVIDO

Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente a inscrição de qualquer interessado nos
registros cadastrais ou promover indevidamente a alteração, a suspensão ou o cancelamento
de registro do inscrito:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

“1. BREVES COMENTÁRIOS

Objetividade jurídica: o tipo penal tutela a regularidade do processo licitatório, com ênfase na
igualdade entre os licitantes e no caráter competitivo do certame.

Na Lei 8.666/93, o correspondente deste tipo penal era o art. 98.

Houve novatio legis in pejus em relação à espécie da pena, que passou de detenção a reclusão.

Sujeito ativo: o crime é próprio, porque somente o servidor público pode impor óbices,
embaraços ou tornar dificultosa a inscrição de interessado nos registros cadastrais ou, ainda,
promover alteração, suspensão ou cancelamento do registro.

[...]

Sujeito passivo: sujeitos passivos são o Estado e o interessado cuja inscrição tenha sido
prejudicada.

Conduta: O tipo penal é dividido em duas partes.

Na primeira parte são punidas as condutas de obstar (inibir, atrapalhar, embaraçar), impedir
(impossibilitar, frustrar, interditar) ou dificultar (complicar, estorvar) a inscrição de qualquer
interessado nos registros cadastrais. |

167
O tipo é misto alternativo e, de certa forma, composto por condutas redundantes, pois obstar e
impedir significam, na prática, o mesmo. Bastaria que fossem tipificados os atos de impedir ou
dificultar de qualquer modo a inscrição de interessado nos registros cadastrais.

A segunda parte do tipo pune o ato de promover (propiciar, possibilitar, viabilizar) a alteração,
a suspensão ou o cancelamento de registro do inscrito. Esta ação é realizada depois de
efetivado o registro cadastral do interessado.

Em ambas as figuras há elementos normativos. A primeira parte do caput impõe que qualquer
das condutas seja cometida injustamente, ao passo que a segunda pressupõe que a ação seja
indevida. Dessa forma, se o servidor público impede ou cancela a inscrição de um licitante
declarado inidôneo, por exemplo, não há o crime. O art. 87 da nova Lei de Licitações e
Contratos Administrativos é, aliás, expresso no sentido de que, para a inscrição, o interessado
deve apresentar os dados necessários à satisfação das exigências da própria lei. E o §5º do art.
87 dispõe que o registro poderá ser alterado, suspenso ou cancelado a qualquer tempo se o
inscrito deixar de satisfazer exigências determinadas pela lei ou por regulamento.

[...]

Tipo subjetivo: o elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade consciente de praticar


uma das condutas típicas.

Não há finalidade específica, nem se pune a modalidade culposa.

Consumação e tentativa: na primeira parte do caput, o crime se consuma no momento em que


o agente impede ou obsta (v.g., descarta documentos entregues pelo interessado) ou dificulta
(v.g., tenta dissuadir, inventa procedimentos inexistentes) a inscrição do interessado no
registro cadastral.

Na segunda parte, a consumação se dá com a alteração, a suspensão ou o cancelamento do


registro do inscrito.

A nosso ver, a forma como a primeira parte do tipo é composta impede a tentativa daquelas
condutas. Embora as ações de impedir e obstar sejam compatíveis com o fracionamento, a
ação de dificultar faz com que o crime se consume por meio de qualquer ato tendente a
impedir que o interessado complete sua inscrição. Em outras palavras, um ato executório de
impedir a inscrição já constitui a criação de uma dificuldade.

No que concerne às condutas da segunda parte, a tentativa é possível.

Ação penal: é pública incondicionada.”

OMISSÃO GRAVE DE DADO OU DE INFORMAÇÃO POR PROJETISTA

Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à Administração Pública levantamento cadastral ou


condição de contorno em relevante dissonância com a realidade, em frustração ao caráter
competitivo da licitação ou em detrimento da seleção da proposta mais vantajosa para a

168
Administração Pública, em contratação para a elaboração de projeto básico, projeto executivo
ou anteprojeto, em diálogo competitivo ou em procedimento de manifestação de interesse.

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.

§ 1° Consideram-se condição de contorno as informações e os levantamentos suficientes e


necessários para a definição da solução de projeto e dos respectivos preços pelo licitante,
incluídos sondagens, topografia, estudos de demanda, condições ambientais e demais
elementos ambientais impactantes, considerados requisitos mínimos ou obrigatórios em
normas técnicas que orientam a elaboração de projetos.

§ 2° Se o crime é praticado com o fim de obter benefício, direto ou indireto, próprio ou de


outrem, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.

“1. BREVES COMENTÁRIOS

Objetividade jurídica: o tipo penal tutela a integridade do processo licitatório, com ênfase no
planejamento e na seleção de propostas mais vantajosas para a Administração Pública, um dos
objetivos mais relevantes do certame.

O art. 337-O não tem tipo correspondente na Lei 8.666/93.

Sujeito ativo: figura como sujeito ativo o potencial licitante, sendo perfeitamente possível o
concurso de pessoas nas duas modalidades (coautoria e participação).

Sujeito passivo: é o Estado.

Conduta: o tipo em estudo, mesmo construindo uma redação deveras confusa, busca punir as
condutas de omitir (esconder, ocultar) ou modificar (alterar, transformar) levantamento
cadastral ou condição de contorno, ou entregar (oferecer, confiar) à Administração Pública
levantamento cadastral ou condição de contorno em relevante dissonância com a realidade no
decorrer de contratação para a elaboração de projeto básico, projeto executivo ou anteprojeto,
em diálogo competitivo ou em procedimento de manifestação de interesse, frustrando o
caráter competitivo da licitação ou prejudicando a seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração Pública.

[...]

Tipo subjetivo: é o dolo, consistente na vontade consciente de praticar uma das condutas
típicas.

O tipo não contém elemento subjetivo especial. As expressões em frustração ao caráter


competitivo da licitação" e "em detrimento da seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração Pública” não se referem a finalidades específicas, mas a condições objetivas que
podem decorrer das condutas típicas.

Não se pune a modalidade culposa.

Consumação e tentativa: o crime se consuma com a prática de alguma das ações nucleares
típicas.
169
A conduta de omitir o levantamento cadastral ou a condição de contorno se perfaz no
momento em que é formalizada a documentação que compõe o anteprojeto e o projeto básico
de obras ou serviços (art. 6º, incisos XXIV, h e XXV, a, da nova Lei de Licitações e Contratos
Administrativos). A modificação se consuma no instante em que algum elemento do
levantamento cadastral ou da condição de contorno é alterado pelo agente. E o ato de
entregar tais documentos em dissonância com a realidade se consuma quando a
Administração Pública os recebe formalmente.

A tentativa é inadmissível na omissão, mas pode ocorrer na modificação e na entrega, que são
condutas fracionáveis.

Ação penal: é pública incondicionada.”

Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes previstos neste Capítulo seguirá a
metodologia de cálculo prevista neste Código e não poderá ser inferior a 2% (dois por cento)
do valor do contrato licitado ou celebrado com contratação direta.

O Código Penal adota o sistema de dias-multa, baseado tanto nas circunstâncias do crime
quanto na capacidade econômica do sentenciado. Esse sistema é vantajoso porque considera a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as
circunstâncias, as consequências do crime e o comportamento da vítima, além de outras
circunstâncias que agravem, atenuem, aumentem ou diminuam a pena, em conjunto com a
fortuna do condenado.

170
Caros alunos,

É com imensa alegria que finalizamos o 1º Curso de Gestão e


Fiscalização de Contratos Administrativos. Com toda certeza, foram
envidados valiosos esforços a fim de conciliar os estudos com a rotina de
trabalho, o que exigiu flexibilidade, compreensão e muito empenho de
todos os participantes.

Esperamos que vocês tenham aproveitado cada etapa deste curso,


pois o aprendizado é construído em conjunto, envolvendo instrutores e
alunos, cabendo a estes apropriarem-se dos conhecimentos transmitidos,
tornando-se capazes de ir além do que foi ensinado, aplicando os novos
conceitos em busca de uma prática cada vez melhor.

A Diretoria de Licitações e Projetos agradece por sua valorosa


participação, pois sem a sua dedicação o nosso intento não teria sido
alcançado.

Até breve!

“PLANEJAMENTO, CONTROLE E EXECUÇÃO.

NÃO SE GERENCIA O QUE NÃO SE MEDE”

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