Modelagem Geológica e Estimação de Recurso Do Depósito Secundário de Diamante Da Bacia Do Rio Tchicapa Na Região Do Lucapa (Lunda Norte)

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Universidade Agostinho Neto

Faculdade de Ciências
Departamento de Ensino e Investigação de Geologia

Trabalho de Fim de Curso de Licenciatura em Geologia

(Especialidade de Geologia Económica)

Modelagem Geológica e Estimação de Recurso do Depósito Secundário de


Diamante da Bacia do Rio Tchicapa na Região do Lucapa (Lunda Norte)

Elaborado por:

Afonso Macebo Kwanzambi (Nº 95685)

Telmo Roni Delgado da Costa (Nº60651)

Luanda, Setembro de 2020


Universidade Agostinho Neto
Faculdade de Ciências
Departamento de Ensino e Investigação de Geologia

Trabalho de Fim de Curso de Licenciatura em Geologia

(Especialidade de Geologia Económica)

Modelagem Geológica e Estimação de Recurso do Depósito Secundário de


Diamante da Bacia do Rio Tchicapa na Região do Lucapa (Lunda Norte)

Elaborado por:

Afonso Macebo Kwanzambi (Nº 95685)

Telmo Roni Delgado da Costa (Nº60651)

Orientado por:

Prof. Dr. Kelusodi Eduardo Filemom

Lic. António Pereira

Luanda, Setembro de 2020


Modelagem Geológica e Estimação de Recurso do Deposito Secundário de 2020
diamante na Bacia do Rio Tchicapa na Região do Lucapa ( Lunda Norte )

EPÍGRAFE

"Há dois tipos de pessoa que vão te dizer que você não pode fazer a diferença neste mundo: as
que têm medo de tentar e as que têm medo de que você se dê bem"

Ray Goforth

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiro à Deus por me ter dado vida, força e determinação para
concluir o meu percurso académico, aos meus pais Eduardo Matondo Kwanzambi e Isabel
Viana Francisco pela confiança e incentivo. e a minha querida esposa Conceição Rafael Wala
por me confortarem nos momentos menos alegres e por acreditarem sempre na minha
pessoa;Não esquecer meus irmãos e irmãs, aos meus familiares, aos colegas e amigos que
sempre me apoiaram e contribuíram de forma directa ou indirectamente na minha formação
académica.

__________ Afonso Macebo Kwanzambi______

Dedico este trabalho primeiro à Deus nosso senhor, aos meus pais José da Costa e Clarisse
Dias Delgado (país Biológicos) e pela Otilinda dos Anjos (Mãe de Criação) e ao Dr. João F.
De Sousa Gaspar da Silva (pai de Criação) e pela minha grande companheira e Esposa
Leonilda da Costa por terem sidos os meu maiores pilares durante a minha Formação. Não
esquecendo as minhas irmãs, tias, familiares, amigos e colegas.

______Telmo Roni Delgado da Costa______

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ÍNDICE

EPÍGRAFE ............................................................................................................................... III

DEDICATÓRIA ....................................................................................................................... IV

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................. X

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................... XII

LISTA DE SIMBOLOS E ABREVIATURAS ..................................................................... XIII

RESUMO .............................................................................................................................. XIV

ABSTRACT ........................................................................................................................... XV

Capítulo I .................................................................................................................................... 1

Introdução ................................................................................................................................... 1

1.2 Problema ........................................................................................................................... 2

1.3 Objecto ............................................................................................................................. 2

1.4 Objectivo Geral................................................................................................................. 3

1.6 Objectivos Específicos ..................................................................................................... 3

1.7 Hipótese ............................................................................................................................ 3

1.8 Resultados Esperados ....................................................................................................... 3

1.9 Antecedentes ..................................................................................................................... 4

1.2.1 Estrutura do Trabalho .................................................................................................... 5

2. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS DA ZONA DE ESTUDO ..................................... 7

2.1 Localização da zona de estudo ......................................................................................... 7

2.2 Clima e Vegetação ............................................................................................................ 7

2.3 Hidrografia da Zona de Estudo ......................................................................................... 8

2.4 Geomorfologia da Zona de Estudo ................................................................................... 9

3. GEOLOGIA REGIONAL DO NE DE ANGOLA ............................................................... 12

3.1 Geologia da Área de Estudo ........................................................................................... 13

3.2 Escudo de Cassai (NE) ................................................................................................... 15

3.3 Petrografia ...................................................................................................................... 15

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3.4 Tectónica ........................................................................................................................ 15

3.6 Actividade ígnea ............................................................................................................. 16

3.7 Sistema Superior (Complexo Gabro-Norítico e Charnoquítico) .................................... 17

3.8 Petrografia ...................................................................................................................... 17

3.9 Tectónica ........................................................................................................................ 17

3.2.1 Metamorfismo ............................................................................................................. 17

3.2.3 Actividade ígnea .......................................................................................................... 17

3.2.4 Complexo metassedimentar ......................................................................................... 18

3.2.5 Séries metamórficas do nordeste de Angola ............................................................... 18

3.2.6 Estratigrafia ................................................................................................................. 18

3.2.7 Série Inferior -Al 1- ..................................................................................................... 19

3.2.8 Andar -Al la-................................................................................................................ 19

3.2.9 Andar -Al lb- ............................................................................................................... 19

3.3.1 Andar -Al lc-................................................................................................................ 19

3.3.2 Série Superior -Al 2-.................................................................................................... 19

3.3.3 Andar -Al 2a- ............................................................................................................... 19

3.3.4 Andares Al 2b e Al 2c- ................................................................................................ 20

3.3.5 Tectónica ..................................................................................................................... 20

3.3.6 Metamorfismo ............................................................................................................. 20

3.3.7 Actividade ígnea .......................................................................................................... 20

3.3.8 Unidade das camadas inferiores .................................................................................. 20

3.4.1 Unidade das camadas médias ...................................................................................... 21

3.4.2 Unidade das camadas superiores ................................................................................. 21

3.4.3 Grupo Kwango – Formação Calonda .......................................................................... 21

3.4.4 Grupo Kalahari ............................................................................................................ 22

4.1 METODOLOGIA ............................................................................................................... 24

4.2 Recolha Bibliográfica ..................................................................................................... 25

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4.3 Elaboração da Base Dados do Depósito ......................................................................... 25

4.4 Modelagem Geométrica do Depósito ............................................................................. 33

4.5 Elaboração do Relatório Final ........................................................................................ 33

5. GENERALIDADE DOS KIMBERLITOS .......................................................................... 35

5.1 Grupos de Kimberlito ..................................................................................................... 36

5.2 Minerais Farejadores ...................................................................................................... 38

5.3 Génese do Diamante ....................................................................................................... 38

5.4 Características ................................................................................................................. 39

5.5 Aplicações ...................................................................................................................... 40

5.6 Evolução dos Depósitos Diamantíferos .......................................................................... 41

5.7 Jazigos Primários ............................................................................................................ 41

5.8 Depósitos Secundários.................................................................................................... 42

5.9 Jazigos Secundários Independentes da Rede Hidrográfica Actual ................................. 43

5.2.1 Cascalhos dos Interflúvios Menores ............................................................................ 44

5.2.2 Eluviões das Vertentes................................................................................................. 44

5.2.3 Jazigos Secundários Ligados ao Regime Hidrográfico Actual, na Sua Actividade


Antiga ou Recente. ............................................................................................................... 45

5.2.4 Actividade Antiga dos Cursos de Água ...................................................................... 45

5.2.5 Em relação com a Actividade Antiga dos Cursos de Água. ........................................ 45

5.2.6 Depósitos das Planícies Aluviais ................................................................................. 46

5.2.7 Em Relação Directa e Imediata com a Actividade Recente dos Cursos de Água ....... 46

5.2.8 Depósitos do Fundo dos Rios ...................................................................................... 46

5.2.9 Prospecção ................................................................................................................... 47

5.3.1 Fases de Prospecção .................................................................................................... 48

5.3.2 Reconhecimento .......................................................................................................... 49

5.3.3 Etapa de Prospecção ............................................................................................... 49

5.3.4 Pesquisa Geral ........................................................................................................ 49

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5.3.5 Pesquisa Detalhada ................................................................................................. 50

5.3.6 Métodos de Prospecção ............................................................................................... 50

5.3.7 Prospecção Estratégica ................................................................................................ 50

5.3.8 Vantagens do Método .................................................................................................. 51

5.3.9 Prospecção Sistemática................................................................................................ 51

5.4.1 Consideramos, na Prospecção Sistemática, três modalidades que se estabelecem em


função das condições dos depósitos e da precisão dos resultados a alcançar: ..................... 52

5.4.2 Aspectos Gerais da Modelação Geológica .................................................................. 54

5.4.3 Fontes e Tipos de Dados .............................................................................................. 56

5.4.4 Análise e Validação de Dados ..................................................................................... 57

5.4.5 Reformatação de Dados ............................................................................................... 57

5.4.6 Apresentação Interpretação Seccional dos Dados ....................................................... 57

5.4.7 Modelagem de Superfície ............................................................................................ 58

5.4.8 Modelagem Geométrica de Jazidas ............................................................................. 58

5.4.9 Modelagem de Blocos ................................................................................................. 58

5.5 Método de Estimação para Modelagem de Superfícies.................................................. 59

5.5.1 Método do Inverso Ponderado Da Distância.......................................................... 60

5.5.2 Mínima Curvatura .................................................................................................. 61

5.5.3 Superfície de Tendência ......................................................................................... 62

5.5.4 Krigagem ................................................................................................................ 62

5.5.5 Conceitos de Malhas .................................................................................................... 64

5.5.6 Malhas Regulares ................................................................................................... 64

5.5.7 Malhas Semi - Regulares........................................................................................ 65

6. APRESENTAÇÃO DOS DADOS ....................................................................................... 67

6.1 Interpretação Seccional dos Dados Do Rio Tchicapa .................................................... 69

6.2 Correlação das Secções Da Região de Lucapa (Tchicapa)............................................. 72

6.3 Modelos Digitais de Terrenos (DTMs) .......................................................................... 75

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6.4 Estatísticos Básicos ............................................................................................................ 76

6.5 Método Utilizado para Delimitação dos Blocos ................................................................. 80

6.6 Modelo 2D .......................................................................................................................... 82

6.7 Modelo morfológico ........................................................................................................... 82

6.8 Modelo de teores ................................................................................................................ 84

6.9 Cálculo de estimação de recurso do depósito da respectiva área de estudo ....................... 86

Capítulo VII .............................................................................................................................. 91

7.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 92

7.2 Conclusões .......................................................................................................................... 93

7.3 Recomendações .................................................................................................................. 94

7.4 Referências Bibliográficas .................................................................................................. 95

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa de Localização da Área de Estudo (Extracto da Folha nº 85/86 Escala


1:100000/ Lucapa) ...................................................................................................................... 7
Figura 2 - Vegetação Característica da Lunda Norte (angop) .................................................... 8
Figura 3 - Mapa ilustrando a rede hidrográfica da província da Lunda Norte. .......................... 9
Figura 4 - Hidrografia da Área de Estudo ................................................................................ 10
Figura 5 - Mapa tectónico de Angola ((Tack et al., 2001, Nsungani, 2012). ........................... 12
Figura 6 - Fluxograma ilustrando as principais etapas metodológicas de trabalho. ................. 24
Figura 7 - Ilustração da base de dados relacional das tabelas no software Access. ................. 26
Figura 8 - Mapa de Localização dos Poços da Área de Estudo ................................................ 30
Figura 9 - Localização Tridimensional dos Poços da Área de Estudo. .................................... 31
Figura 10 - Localização Tridimensional dos Poços da Área de Estudo ................................... 32
Figura 11 - Modelo morfológico de um Kimberlito. Adaptado de Mitchell, 1986. ................. 37
Figura 12 - Modelo da crosta para ambiente de formação de diamantes, modificada por
Mitchell (1995). Delimita a linha de estabilidade entre diamante e grafite. ............................ 39
Figura 13 - Formas de diamantes sendo o mais caro de cima para baixo ( Lucapa Diamond
2015) ......................................................................................................................................... 40
Figura 14 - Mapa mostrando as províncias kimberlíticas ( adaptado de Monforte 1985)........ 42
Figura 15 - Imagem retratando as diversas formações que correspondem aos depósitos
sedimentares diamantíferos da província da Lunda - Norte. (Adaptado de Moisés) ............... 47
Figura 16 - Fluxograma ilustrando as etapas de modelagem geológica de depósitos minerais.
.................................................................................................................................................. 56
Figura 17 - Tipos de malhas regulares. .................................................................................... 64
Figura 18 - Tipos de malhas semi - regulares. .......................................................................... 65
Figura 19 - Planta da área de estudo, seguindo uma imagem da original da DIAMANG.
Escala original: 1:2000. ............................................................................................................ 68
Figura 20 - Representação dos poços de sondagem enquadrados com as linhas de água
principais e o limite da malha de blocos. Cada poço está representado pelo número de
intercalações estéril / cascalho. ................................................................................................. 69
Figura 21 - Ilustrando modelo de litológico 2D da Sondagem L027. ...................................... 70
Figura 22 - Ilustrando modelo de litológico 2D da Sondagem 12E. ........................................ 71
Figura 23 - Ilustração dos perfis do Depósito do Tchicapa. ..................................................... 72

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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Unidades geológicas das Lundas Norte e Sul. ........................................................ 13
Tabela 2 - Tipos de Depósitos (adaptado de Monforte 1985) .................................................. 53
Tabela 3 - Conceitos teóricos do método de Interpolação Triangulação Linear. ..................... 59
Tabela 4 - Conceitos teóricos do método de Interpolação Inverso Ponderado da Distância.... 60
Tabela 5 - Conceitos teóricos do método de Interpolação Mínima Curvatura. ........................ 61
Tabela 6 - Conceitos teóricos do método de Interpolação Superfície de Tendência. ............... 62
Tabela 7 - Conceitos teóricos do método de Interpolação Krigagem....................................... 63

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AGRADECIMENTOS
Senhor nosso Deus, pai todo-poderoso criador do céu e da terra. Nós te agradecemos pelo
dom da vida e por essa bênção que nos destes de realização deste trabalho, é eterna e infinita a
nossa gratidão.

Aos nossos familiares, em especial aos nossos pais Eduardo Matondo Kwanzambi e Isabel
Viana Francisco; José da Costa e Clarisse Dias Delgado (país Biológicos) e pela Otilinda dos
Anjos (Mãe de Criação) e ao Dr. João F. De Sousa Gaspar da Silva (pai de Criação); aos
nossos irmãos, Esposas e famílias em geral pela motivação, apoio, força que nos forneceram
durante esse percurso académico. Porque os vossos conselhos e orientações guiaram dia a pós
dia os nossos passos, o nosso muito obrigado.
Aos nossos caríssimos orientadores Prof. Dr. Kelusodi Eduardo Filemom e Dr. Gomes
Mucanza, o nosso especial agradecimento pela sabedoria, disponibilidade, paciência,
acompanhamento, conselho, material disponibilizado e principalmente pela oportunidade de
discutir ideias, obtendo sugestões e esclarecimentos de grande valor demonstrado ao longo do
período de realização deste trabalho.
A empresa Somipa – SA pela atenção, confiança e fornecimento dos dados geológicos da
região de estudo para o desenvolvimento deste trabalho, especialmente a direcção
administrativa, isto é, na pessoa do Linc. António Pereira.
Ao Departamento de Geologia da Faculdade Ciências, Universidade Agostinho Neto, em
especial ao Prof. Dr. António Olímpio Gonçalves, chefe de Departamento de Geologia e ao
Prof. Dr. Pedro Claude Nsungani pela motivação e pelas contribuições com os seus saberes
que serviram para o engrandecimento deste trabalho.
Aos docentes do Departamento pelo grande incentivo. Aos colaboradores e funcionários em
geral do Departamento e da Faculdade que contribuíram muito para nossa formação
académica.
Aos nossos companheiros colegas, em especial a turma dos mineiros de 2019 (Seniores), a
turma de Geologia Aplicada 2019, a turma dos Recursos Energéticos 2019, aos nossos
colegas do Geoclube UAN, as turmas do 4º e 3º Ano de 2019, aos nossos irmãos de batalha
Augusto Inoc, Egídio Lopes, José Samalesso, Filipe Lima e a todos os nossos colegas de
trajectória, o nosso muito obrigado.

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LISTA DE SIMBOLOS E ABREVIATURAS

NE – Nordeste

MDE – Modelo digital de elevação

MG3D – Modelo geológico 3D

MDL – Modelo Litostratigráfico

SIG – Sistema de Informação Geográfica

DTMs – Modelos Digitais de Terreno

Km – Quilómetro

m/s – Metros por Segundo

cm – Centímetro

GPa – Giga Pascais

% - Percentagem

m- Metro

- Metros Cúbico
MG – Modelo Geológico

CAD – Computer Aided Design

ha- Hectare

Em- Espessura de Mineiro

EE- Espessura de Estéril

Tmp – Teor Médio Pondera

SRTM- Shuttle Radar Topography Mission


t- Tonelada
1D- Monodimensional
2D- Bidimensional
3D- Tridimensional
QGis- Quantum Gis

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RESUMO
A proximidade ao Cratão do Congo juntamente com diversos episódios tectónicos, alguns dos
quais associados à abertura do Atlântico Sul e às erupções kimberlíticas ocorridos no
Cretácico, conferiram a Angola, em especial ao Nordeste (NE) do seu território, um elevado
potencial diamantífero. O volume de pedras recuperado, e a sua qualidade, fazem de Angola
um país importante no mercado mundial de diamantes. Angola tem todas as condições para
manter esta posição de mercado devido à existência de áreas por explorar e outras que
carecem de estudos geológicos e geomorfológicos mais detalhados (Chambel, Reis, &
Caetano, 2013).O objectivo deste trabalho é construir o modelo geológico do depósito de
diamante secundário da bacia do rio Tchicapa para a interpretação geológica e estudos de
avaliação económica do depósito, tem como finalidade ilustrar na prática a aplicação dos
mesmos, mediante o uso de ferramenta informática (software Rockworks16) para elaboração
do modelo litostratigráfico 3D, de modo a definir a geometria do depósito de diamante da
região de Lucapa (Lunda Norte). Para a construção do modelo tridimensional do depósito
mineral passível de ser explorado a céu aberto foram analisados 130 testemunhos de
sondagens através dos softwares QGIS e Rockworks 16 e o Google Earth o que possibilitou
obter as espessuras de cascalho e de estéril, profundidade e a cota, com base as informações
recolhidas por meio de técnicas de prospecção geológica, das quais, as sondagens obtidas pela
Empresa Somipa – SA constituíram as fontes mais comuns de informação. O depósito de
diamante da região de Tchicapa foram lhe atribuídas duas unidades litostratigráficas Estéril e
Cascalho. Estas unidades foram definidas a partir do compósito que se fez das camadas
litológicas em função das espessuras obtidas por cada furo de sondagem. Segundo o modelo
litostratigráfico do depósito O Modelo Litostratigráfico da área de estudo é composto por duas
unidades litostratigráficas que, no total, compreendem um volume de 6 653 175 e uma
massa volumétrica de 229 534, 537 kg. Das unidades existentes as de maiores interesses são
as de Cascalho que representam uma espessura de 3,74 m e volume total de 538717,08 e
uma reserva de 123 904,9284t . De acordo com os dados estatísticos aqui obtidos, o teor
médio no conjunto das sondagens é cerca de 0,23%. O modelo tridimensional da distribuição
do teor na área de estudo, comparando os dados estatísticos dos originais (0,30) com a dos
blocos individualizados verificam – se, de facto, que não persistem grandes diferenças entre
os valores de uns e outros.

Palavras Chave: Modelo litostratigráfico 3D, Geometria, Teor.

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ABSTRACT

The proximity to Cratão do Congo together with several tectonic episodes, some of which are
associated with the opening of the South Atlantic and the Kimberlitic eruptions that occurred
in the Cretaceous, gave Angola, especially to the Northeast (NE) of its territory, a high
diamond potential. The volume of stones recovered, and their quality, make Angola an
important country in the world diamond market. Angola has all the conditions to maintain this
market position due to the existence of areas to be explored and others that lack more detailed
geological and geomorphological studies (Chambel, Reis, & Caetano, 2013). The objective of
this work is to build the geological model of the secondary diamond deposit of the Tchicapa
river basin for geological interpretation and economic evaluation studies of the deposit, its
purpose is to illustrate in practice their application, using a computer tool (Rockworks16
software) for the elaboration of the 3D lithostratigraphic model, in order to define the
geometry of the diamond deposit in the Lucapa region (Lunda Norte). For the construction of
the three-dimensional model of the deposit mineral that can be explored in the open, 130 drill
cores were analyzed using the QGIS and Rockworks 16 software and Google Earth, which
made it possible to obtain gravel and sterile thickness, depth and elevation, based on the
information collected through geological prospecting techniques, of which the surveys
obtained by compani Somipa - SA were the most common sources of information. The
diamond deposit in the Tchicapa region was assigned two sterile and gravel lithostratigraphic
units. These units were defined from the composite made of the lithological layers according
to the thicknesses obtained by each borehole. According to the litostratigraphic model of the
deposit The Litostratigraphic Model of the study area consists of two litostratigraphic units
that, in total, comprise a volume of 6 653 175 m³ and a volumetric mass of 229 534, 537 kg.
Of the existing units, the ones of greatest interest are those of Gravel, which represent a
thickness of 3.74 m and a total volume of 538717.08 m³ and a reserve of 123 904.9284t.
According to the statistical data obtained here, the average content in the set of polls is about
0.23%. The three - dimensional model of the distribution of the content in the study area,
comparing the statistical data of the originals (0.30) with that of the individualized blocks
shows, in fact, that there are no major differences between the values of each other.

Key words: 3D litostratigraphic model, Geometry, Content.

Afonso Macebo Kwanzambi & Telmo Roni Delgado da Costa Página XV


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Capítulo I
Introdução

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1. INTRODUÇÃO

A proximidade ao Cratão do Congo juntamente com diversos episódios tectónicos, alguns dos
quais associados à abertura do Atlântico Sul e às erupções kimberlíticas ocorridos no
Cretácico, conferiram a Angola, em especial ao Nordeste (NE) do seu território, um elevado
potencial diamantífero. O volume de pedras recuperado, e a sua qualidade, fazem de Angola
um país importante no mercado mundial de diamantes. Angola tem todas as condições para
manter esta posição de mercado devido à existência de áreas por explorar e outras que
carecem de estudos geológicos e geomorfológicos mais detalhados (Chambel, Reis, &
Caetano, 2013).

Em Angola, uma parte significativa dos diamantes explorados provêm de depósitos


aluvionares ou secundários. Estes depósitos concentram diamantes de pequena dimensão, mas
com elevada qualidade gemológica. Os diamantes estão contidos em camadas de cascalho que
ocorrem associados às redes hidrográficas antigas e atuais e encontram-se geralmente
cobertos por camadas detríticas aluvionares (areias e siltes).

O presente trabalho pretende apresentar a Modelagem Geológica e Estimação de Recurso do


Depósito Secundário de Diamante na Bacia do Rio Tchicapa, assim sendo, através de
testemunhos de sondagens permite a obtenção dos dados no entendimento da distribuição da
mineralização no depósito. Assim obedecendo uma linha base ao longo do rio Tchicapa de
forma longitudinal, para uma melhor compreensão da distribuição da mineralização ao longo
do rio Tchicapa e assim a construção de um modelo geológico confiável do Deposito.

1.2 Problema

A necessidade de se elaborar um modelo geológico do depósito secundário de diamante na


bacia do rio Tchicapa (Lunda Norte), como suporte de interpretação das suas complexidades
geológicas e estimar seus recursos.

1.3 Objecto

Depósito secundário de diamante da bacia do rio Tchicapa na região de Lucapa

(Lunda – Norte).

Afonso Macebo Kwanzambi & Telmo Roni Delgado da Costa Página 2


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1.4 Objectivo Geral

Este trabalho tem como objectivo geral construir o modelo geológico do depósito de diamante
secundário da bacia do rio Tchicapa para a interpretação geológica e estudos de avaliação
económica do depósito.

1.6 Objectivos Específicos

 Elaborar a base de dados do depósito secundário de diamante do rio Tchicapa


 Mapear as unidades geológicas e estruturas presentes no depósito secundário de
diamante do rio Tchicapa individualizando a camada de estéril e de cascalho;
 Determinar os parâmetros geológicos (área, espessura e teores) do depósito;
 Determinar o volume de estéril e de cascalho de diamante presente na bacia do
Tchicapa;

1.7 Hipótese

Se for construído o modelo geológico tridimensional do depósito secundário, melhor será a


compreensão das suas complexidades geológicas bem como estimar os recursos presente no
depósito;

1.8 Resultados Esperados

Com a realização deste trabalho procura – se alcançar os seguintes resultados:

 Melhorar e aprimorar o conhecimento sobre as técnicas de modelagem geológica;


 Obter uma base de dados geológicos que permite integrar todos os dados adquiridos
durante a prospecção e avaliação do depósito secundário de diamante na bacia do rio
Tchicapa e facilitar o processo de tomada de decisões;
 Apresentação do modelo geológico que representa as principais unidades geológicas
do depósito, sua distribuição e complexidades;
 Apresentar o volume em toneladas do minério passível de ser explorado em condições
económicas;

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1.9 Antecedentes

- Nsungani P. Claude (2012) – Introdução à Geologia Estrutural. Explica a estrutura tectónica


de Angola e as diferentes fases de cratonização que passou o continente Africano, e
consequente formação dos quatro (4) escudos de Angola, o conhecimento detalhado da
geologia dos mesmos permitiu – nos localizar – nos, em relação do tipo de rocha que se
encontrada em cada uma destas unidades geológicas.

- Chamber Luís (2000) - Evolução do peso dos diamantes ao longo do rio Chicapa (Lunda,
Angola). Explica a evolução do peso dos diamantes e a respectivas qualidades do diamante
em função do seu peso e percurso ao longo da sua trajectória. A mineralização em diamantes
dos jazigos aluvionares tem características específicas que implicam uma aproximação
cuidada quando se pretende avaliar os seus recursos e reservas A análise dos resultados
observados para a evolução da granulometria dos diamantes do vale principal do rio Chicapa
e a sua comparação com dados referentes ao litoral da Namíbia permitiram nos chegar às
seguintes conclusões:
A evolução do peso médio dos diamantes dos jazigos situados ao longo do vale principal do
rio Chicapa caracteriza-se, no troço estudado, por um decréscimo inicial rápido, a que se
segue um decréscimo sucessivamente menos acentuado, evolução semelhante à observada no
litoral da Namíbia.
- Reis E. Pereira, Rodrigues, J (2003). - Evolução da Bacia do Congo e as unidades
diamantíferas em Angola. Explica as diferentes unidades diamantíferas que podemos
encontrar nas Lundas A Bacia do Congo teve origem no interior do supercontinente
Gondwana, sendo enquadrada por varias faixas orogénicas dos ciclos Kibariano (1200 - 200
Ma) e Pan - Africano (850-540 Ma).
Após as ultimas fases de deformação deste ciclo, a bacia admite sedimentação siliciclastica
marinha do Paleozóico inferior e médio. A partir deste período, a evolução da Bacia do Congo
e inteiramente continental com drenagem endorreica que da lugar a uma sequencia terrígena
de espessura quilométrica. Relativamente a esta ultima sequencia e para o caso da província
da Lunda (NE de Angola), e possível distinguir o conjunto de unidades continentais anteriores
as intrusões kimberlíticas, de um outro, constituído pelas unidades que se depositaram
posteriormente a intrusão dessas fontes primarias de diamantes. Tendo em conta as
actividades de prospecção diamantífera resulta óbvio o interesse operacional desta separação.

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- Latas Duarte N. Silva, (2016) – Modelação e avaliação de recursos de depósitos aluvionares


diamantíferos: um caso de estudo em Angola. Esta dissertação de Mestrado foi de grande
importancia, pois nos permitiu ter mas conhecimento acerca de tecnicas e metodos de
modelaçao, conhecimentos esses que nos valeram para a construção de modelos.
1.2.1 Estrutura do Trabalho

O Presente trabalho está dividido em sete (7) capítulos descritos nos parágrafos seguintes:

1.2.2 Introdução – Desenho de pesquisa científica: Neste capítulo apresentar-se-á o esqueleto


ou guia utilizado para execução do trabalho; que é um conjunto de estratégias usadas para
obter respostas sobre a questão científica em causa.

1.2.3 Capítulo II – Características geográficas: neste capítulo far-se-á uma descrição da área
de estudo, no ponto de vista da sua localização geográfica, (coordenadas geográficas), limites
geográficos, geomorfologia.

1.2.4 Capítulo III - Características Geológicas: neste capitulo far-se-á uma apresentação do
ponto de vista geológico, da sua evolução geológica: formações, estruturas, cronologia e a sua
geodinâmica

1.2.5 Capítulo IV – Conceitos Gerais: Neste capítulo abordar-se-á aspectos que foram
relevantes apreender, compreender e considerar para elaboração deste trabalho.

1.2.6 Capítulo V – Metodologia de trabalho: Neste capítulo abordar-se-á os métodos e


técnicas utilizados para alcançar os objectivos traçados.

1.2.7 Capítulo VI – Discussão dos Resultados: far-se-á a apresentação e análise dados.

1.2.8 Capítulo VII – Conclusões: Neste capítulo, apresentar-se-á uma ideia geral dos
resultados obtidos na análise, bem como, sucesso, debilidades do trabalho e previsões para
futuros.

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Capítulo II
Características Geográficas da Zona
de Estudo

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2. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS DA ZONA DE ESTUDO


2.1 Localização da zona de estudo

A área de estudo localiza-se no município de Lucapa, Província da Lunda Norte, O município


tem cerca de 85 mil habitantes, e é limitado a norte pelo município de Chitato, a leste pelo
município de Cambulo, a sul pelo município de Saurimo, e a oeste pelos municípios
de Lubalo e Cuílo. O município do Lucapa situa-se na zona sudeste da província da Lunda
Norte entre as cidades do Dundo-Chitato e Saurimo.

Figura 1 - Mapa de Localização da Área de Estudo (Bairro Mandigo/ Lucapa)

2.2 Clima e Vegetação

A área de estudo encontra-se numa região de clima predominantemente tropical húmido com
duas estações: a primeira é a estação chuvosa que tem início no mês de Agosto até Maio e a
segunda estação seca (Cacimbo) começa no mês de Maio e termina no mês de Agosto
prolongando-se até ao início do mês de Setembro.

A precipitação média anual de 800 à 1000 mm, a temperatura média anual varia entre 22 à
24ºC, e a humidade relativa média anual 75 à 80% analisada a partir das 9h, hora em que

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acontece a transição da temperatura e transparência climática, a vegetação apresenta-se em


forma de Mosaico Floresta-savana, pertencente a floresta de Maiombe.

Figura 2 - Vegetação Característica da Lunda Norte (angop)

2.3 Hidrografia da Zona de Estudo

A área em estudo possui uma rede hidrográfica muito densa, em que se destacam os rios
Tchicapa, luele, sambo, lovua, todos estes afluentes do rio Cassai. São estas as principais
características morfológicas e evolutivas da rede hidrográfica regional:

Os rios principais orientam o curso de Sul para Norte, enquanto os ribeiros secundários
correm geralmente na direcção Este-Oeste. Alguns troços dos cursos de água parecem ter sido
orientados por disposições estruturais; outros correspondem a direcção das camadas.

O modelado fluvial apresenta um perfil longitudinal rebaixado já pela grande capacidade de


transporte provocada por chuvas abundantes, pela alteração das rochas que fornece produtos
finos.
Os rios encontram-se em nítido atraso de evolução, apresentando, todavia, vários estádios,
desde o juvenil ao de maturidade. O estádio juvenil é marcado pela predominância das acções
erosivas, geralmente segundo a vertical, sobre as de sedimentação. Daí resultam numerosas
quedas e rápidos, ao lado de pequenas ilhas. A fase de maturidade é assinalada pela formação
de planícies aluviais, por vezes de largura considerável e de fundo quase plano. Os rios não

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atingiram ainda o estádio de senilidade ou mesmo o de maturidade avançada que lhes impeça
transporte de muita carga sólida.

Figura 3 - Mapa ilustrando a rede hidrográfica da província da Lunda Norte.

2.4 Geomorfologia da Zona de Estudo

A região enquadra-se na orla meridional da Bacia do Congo, representando o seu


prolongamento geomorfológico natural, em território angolano.
1- Formas de relevo e níveis de aplanação
No relevo do Nordeste da Lunda, podem distinguir-se três grandes unidades:
 A primeira é composta de elevações importantes formadas por afloramentos de grés
polimorfos. Uma couraça siliciosa de vasta extensão, muito compacta e regular, impõe
uma morfologia de grandes planaltos, de aspecto mais ou menos horizontal.
Rochas antigas pertencentes ao Complexo de Base, às Séries Metamórficas do Nordeste de
Angola e ao Grupo Luana dão origem também a elevações que se podem enquadrar no
mesmo tipo de modelado.
 Outra unidade é representada por um conjunto de terras elevadas que constituem o
traço fisionómico mais saliente da região. A cobertura homogénea das areias do
Kalahari ou dos seus produtos de redistribuição confere á paisagem um aspecto de

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grande uniformidade e monotonia, só quebrada pela existência de "inselbergen".


 Dentro destas elevações, podem reconhecer-se vários segmentos separados entre si por
caudalosos rios que, com inúmeros tributários, formam uma ampla e densa rede
hidrográfica. Distinguem-se, localmente, dois grupos de aplanações:
 Grupo de superfícies formando a principal parte do planalto entre os grandes rios, a
que se dá o nome de interflúvios maiores.
 Entre o grupo anterior e o mais elevado dos terraços existe uma série de aplanações,
ainda mal definidas e estudadas. Estas aplanações formam alturas entre os afluentes
dos rios principais, dirigidos equatorialmente Este-Oeste ou em sentido contrário.

Figura 4 - Hidrografia da Área de Estudo

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Capítulo III
Características Geológicas da Zona
de Estudo

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3. GEOLOGIA REGIONAL DO NE DE ANGOLA

A região de estudo encontra-se no escudo de Kasai, e está estruturada por dois andares
estruturais; o inferior, que corresponde ao soco cristalino (complexos litológicos – estruturais
do Arcaico e do Proterozoico Recente) e o Superior que é a cobertura da plataforma,
constituída pelos complexos do Proterozoico Tardio, Paleozóico, Mesozóico e Cenozóico
(Tack et al., 2001, Nsungani, 2012).

No nosso território, foram definidos os seguintes grandes elementos tectónico-estruturais que


se apresentam na figura:

Figura 5 - Mapa tectónico de Angola ((Tack et al., 2001, Nsungani, 2012).

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3.1 Geologia da Área de Estudo

Geologicamente a região de estudo, esta enquadrada no escudo do Cassai, ela apresenta


rochas escalonadas desde o Arcaico até ao Carbonífero á Jurássico (Carvalho, et al 2000).

A sua espessura máxima é mais ou menos 200m. As rochas que afloram nesta região
constituem o seu substrato e podem agrupar-se do seguinte modo (Tabela):

Tabela 1 - Unidades geológicas das Lundas Norte e Sul ( Monforte , 1985).

Formações Superficiais Holocénico a Pliocénico Sup


Sistema Kalahari Pliocénico Inf. A Eocénico
Formação Calonda Cretácio Méd. a Sup
Erupção dos Kimberlitos Cretácio Méd
Terrenos de Cobertura Sistema Continental Jurássico Sup. A Cretácio Inf
Intercalar
Sistema Karro Série de Cassange Reciano a Carbonico Sup
Série Lutõe
Grupo Luana Formação Cartuchi-Camaungo Sup
Formação Luana
Série Metamórfica do NE de Série Superior 650
Angola (antigo Sistema Série Inferior +/-200 Ma
Kibaras) 1.100
+/-200 Ma.
Complexo Metassedimentar (?) Méd Pré-câmbrico 2000 +/- 200
Ma.
Terrenos de Substrato Complexo Base Sistema Superior Inf. 2700 +/-
Sistema Inferior 200Ma

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Figura 6 - Mapa Geológico da Província da Lunda Norte

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3.2 Escudo de Cassai (NE)


No escudo de kasai temos o Complexo de Base que esta subdivida em duas unidades
estruturais: Sistema Inferior e Sistema Superior.

Sistema inferior (complexo granítico e migmatítico)

As formações do Sistema Inferior do Complexo de Base ocupam áreas relativamente


consideráveis.

A maioria das rochas deste Sistema acha-se em estado de grande alteração que é atribuído,
por uns, à acção superficial das águas circulantes que penetram.

3.3 Petrografia ( Monforte, 1985).

No Sistema Inferior do Complexo de Base regista-se grande variedade petrográfica, embora


se possam distinguir quatro unidades principais: granitos, gnaisses, migmatitos e xistos
anfibólicos.

Os granitos são rochas normalmente leucocratas, de estrutura gnaissóide. A granularidade


varia de fina a média, dominando todavia, esta última.

Os gnaisses são muito abundantes, encontrando-se tipos biotítico-moscovíticos, ou


simplesmente biotíticos.

Em associação com estas rochas, há a notar a presença de migmatitos.

Várias estruturas migmáticas são conhecidas, correspondendo a espécies litológicas diversas,


se bem que as áreas por elas ocupadas não sejam de grande extensão.

Comparativamente às rochas anteriormente citadas, os xistos anfibólicos são menos raros e


exibem aspectos mais variados: granatíferos, zoizítico-granatíferos e clorito-zoizítico-
granatíferos.

A textura ora denuncia carácter gnáissico, dispondo-se os minerais constituintes em bandas


rectilíneas, ora se apresenta xistosa ou foliácea.

3.4 Tectónica

A tectónica do Pré-câmbrico Inferior pode considerar-se especial, já que o metamorfismo


regional está geneticamente ligado à actividade ígnea (A. Monforte, 1985).

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O conhecimento da tectónica deste período está pouco avançado, na Lunda. A indigência de


noções tectónicas procede da mesma incerteza que a origem e a cronologia das rochas e da
mesma carência de níveis de referência seguros.

O que se pode afirmar é que, no Pré-câmbrico Inferior, a região do Nordeste da Lunda foi
afectada por um importante ciclo orogénico que, em diferentes surtos, atingiu regiões
extensas, sem que haja possibilidades, no entanto, de reconstituir a ordem pela qual os
fenómenos aconteceram.

As estruturas apresentam rumos dum modo geral NE-SW e NNE-SSW correspondendo a um


antigo geossinclinal com a orientação primeiramente indicada.

Estas características traduzem-se também na gnaissosidade, foliação e zonação das diferentes


rochas.

3.5 Metamorfismo

O Sistema Inferior do Complexo de Base corresponde a uma zona de grande metamorfismo


que se processou em diversas fases.

3.6 Actividade ígnea

Sincronizada com a evolução do geossinclinal que anteriormente se referiu, houve intensa


actividade ígnea, sobretudo de carácter básico, nomeadamente gabros e doleritos, de que há,
na Lunda, inúmeros testemunhos. Estas rochas, com uma distribuição muito desigual,
apresentam-se, geralmente, em massas, diques ou filões.

Todas as espécies litológicas representativas deste Sistema são recortadas por granitos
intrusivos e por filões de quartzo. Os granitos parecem corresponder a duas épocas de
granitização. Como variante de composição destas rochas, assinale-se o predomínio da biotite
sobre a anfíbola.

Os filões de quartzo ora preenchem diáclases e fracturas, relacionando-se com intrusões


graníticas, ora parecem independentes destes processos intrusivos (A. Monforte, 1985).

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3.7 Sistema Superior (Complexo Gabro-Noritico e Charnoquitico)


3.8 Petrografia ( Monforte, 1985)

A estratigrafia do Sistema Superior do Complexo de Base é mais diversificada,


litologicamente, que a do escalão inferior.

Definem-se, neste conjunto geológico, duas fácies distintas de metamorfismo regional


caracterizadas pelas seguintes associações mineralógicas:

- Fácies granulítica

Andesina + hiperstena + quartzo


Labradorite + andesina + diópsido + hiperstena + hornblenda
- Fácies anfibolítica

Andesina + hornblenda + diópsido + granada + quartzo

Andesina + hornblenda + diópsido + quartzo + escapolite + biotite.

O Sistema Superior do Complexo de Base assemelha-se ao complexo gabro-norítico e


charnoquítico da região de Cassai da República da Democrática do Congo, situado entre os
paralelos 7 e 8 Sul.

Compreende, dum modo geral, granulitos, gnaisses anfibólicos e anfibolitos, assim como
quartzitos, xistos e arenitos.

3.9 Tectónica

As formações do Sistema Superior do Complexo de Base caracterizam-se pelas seguintes


orientações litológico-estruturais visíveis na gnaissosidade, foliação e zonação das diversas
rochas:

NW-SE e N.NW-S.SE

3.2.1 Metamorfismo

O metamorfismo atinge, em regra, a fácies granulítica, o que, em presença de baritos, explica


a ocorrência de charnoquitos.

3.2.3 Actividade ígnea

As rochas a que anteriormente se frisou são afectadas e recristalizadas por granitos intrusivos
e por filões de quartzo paralelos, por vezes, á foliação dos gnaisses (A. Monforte, 1985).

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O ciclo de granitização correspondente à intrusão no Sistema Superior do Complexo de Base


é caracterizado pelo predomínio da anfíbola sobre a biotite, aparecendo, além do quartzo
hialino intersticial, outro bem individualizado, de tonalidade azul.

Além dos granitos de quartzo azul, devem mencionar-se os pórfiros granitoídes como rochas
que recortam o Sistema Superior do Complexo de Base.

3.2.4 Complexo metassedimentar

Não está definida, no Nordeste da Lunda, a influência da orogenia eburneana na


remobilização e rejuvenescimento das rochas arcaicas do Escudo (cratão) Limpopo-liberiano
(Complexo de Base).

É possível, no entanto, que a acção deste evento tectogenético se haja feito sentir localmente,
quer na redução da extensão do complexo antigo, quer na génese de novas formações de
natureza metassedimentar.

3.2.5 Séries metamórficas do nordeste de angola

Em volta do núcleo arcaico e das rochas cuja formação se pode atribuir à orogenia eburneana,
instalaram-se cinturas dobradas.

Após o paroxismo eburneano sobreveio uma fase de rejuvenescimento, dando origem a um


conjunto de rochas que foi denominado, na Lunda, Sistema de Kibaras, por analogia litológica
com as que na R.D.C assim foram designadas.

Recentemente, porém, foi decidido substituir esta nomenclatura por outra de carácter regional,
ou seja, a de séries metamórficas do nordeste de Angola, por corresponder a uma série de
ambientes em estreita dependência e limitados dos pontos de vista geográfico e de tempo.

As formações destas Séries apresentam, nalguns pontos, nítida discordância sobre o


Complexo de Base. Todavia, só raramente se observa o conglomerado basal; quase sempre
não se verifica qualquer lacuna, o que dificulta sobremaneira a respectiva individualização.

3.2.6 Estratigrafia

Do ponto de vista estratigráfico, este agrupamento litológico compreende duas Séries, cada
uma das quais se subdivide, por sua vez, era três andares ( Monforte, 1985).

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3.2.7 Série Inferior -Al 1-

A Série Inferior -Al 1- exibe um elevado grau de metamorfismo tanto maior quanto mais
próximas estão as injecções graníticas que penetram as suas formações. Está representada por:

3.2.8 Andar -Al la-

Neste andar, são de distinguir, principalmente gnaisses, xistos, micaxistos, quartzitos,


anfibolitos e anfiboloxistos. Os gnaisses mostram-se, na generalidade, anfibólicos e cloríticos,
de grão fino e muito compactos.

3.2.9 Andar -Al lb-

O Andar Médio da Série Inferior é constituído por rochas quartzíticas.

Estas espécies litológicas evidenciam uma textura granular muito fina, grande dureza e, em
certos casos, fractura conchoidal.

3.3.1 Andar -Al lc-

Este andar é formado sobretudo por xistos e filádios. Os xistos argilosos, muito macios, têm
cor arroxeada, avermelhada e cinzenta.

3.3.2 Série Superior -Al 2-

As formações da Série Superior foram submetidas a dobramentos porém não tão intensos
como os que atingiram a Série Inferior. Podemos distinguir igualmente três andares:

3.3.3 Andar -Al 2a-

Este andar constitui um conjunto mais ou menos homogéneo, sendo formado por uma massa
de xistos levemente gresosos, com intercalações de conglomerados quase sempre de carácter
intraformacional.

Nota-se, por vezes, uma mudança gradual de fácies pelo aparecimento sucessivo de
conglomerados compactos, conglomerados xistosos, xistos conglomeráticos e xistos gresosos.
Os xistos e conglomerados são substituídos, em certos casos metassomaticamente, por
hematite (A. Monforte, 1985).

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3.3.4 Andares Al 2b e Al 2c-

A sucessão litológica e a subdivisão destes andares tornam-se difíceis de estabelecer, por


ausência de cortes de observação elucidativos.

Xistos, filádios e calcários silicificados parecem, no entanto, representar os andares Al 2b e Al


2c da Série Superior.

3.3.5 Tectónica

A tectónica que afecta as Séries Metamórficas do Nordeste de Angola é particularmente


complexa; que pode considerar-se, globalmente, como uma tectónica de dobramento.

Este é um ambiente de deposição típico - o estado geossinclinal. As mudanças rápidas de


fácies, a existência de conglomerados concordantes, a calibragem e a composição dos
sedimentos são argumentos que se aduzem a favor de tal hipótese. As direcções dominantes
da tectónica são NE-SW ou, mais especificadamente, N.NE-S.SW, em que se orientam os
eixos das plicaturas e afloramentos. Orientações N.NW-S.SE, W.NW-E.SE e E-W, mais
modernas, são também observáveis (A. Monforte, 1985).

3.3.6 Metamorfismo

O metamorfismo que afecta as rochas anteriormente designadas é intenso, sobretudo nos


andares inferiores, sendo devido, principalmente, a intrusões graníticas.

3.3.7 Actividade ígnea

Na actividade ígnea ocorrida durante este ciclo do Pré-câmbrico Superior são de mencionar
intrusões graníticas e injecção de rochas básicas e ultrabásicas (Monforte, 1985).

Grupo Luana: Na região do rio que deu o nome ao conjunto destas formações, podem
distinguir-se três unidades principais:

3.3.8 Unidade das camadas inferiores

- Conglomerados.

- Quartzitos cor de salmão, com fractura conchoidal e lentículas de conglomerado.

- Grés vermelhos, quartzíticos.

- Xistos vermelhos, com conglomerados interestratificados.

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3.4.1 Unidade das camadas médias

Compõem esta unidade camadas finamente estratificadas e xistosas, aflorando em bancos


compactos. Tratando-se de:

- Xistos negros, com o aspecto de ardósias.

- Xistos cinzentos, duros, bem estratificados.

- Filádios.

3.4.2 Unidade das camadas superiores esta composto por:

- Xistos caulinosos, muito finos e friáveis.

- Xistos argilosos, silicificados, bem estratificados, de cor escura e com veios de quartzo
(Monforte, 1985).

3.4.3 Grupo Kwango – Formação Calonda

Esta formação foi definida na região das Lundas (Andrade, 1953a, b; 1954) e mais tarde
incluída no grupo Kwango, Possui espessura média de 40-60 metros. É considerado o
primeiro colector de diamantes, dado que a sua formação coincide com os episódios de
diastrofismo continental anteriormente referidos e com a destruição supergénica dos
kimberlitos mineralizados. A Formação Calonda colectou os produtos da destruição de
kimberlitos e lamproítos. A formação terá tido a sua origem através do preenchimento de
depressões limitadas por falhas resultantes dos episódios tectónicos extensivos relacionados
com a abertura do Atlântico Sul (Reis et al, 2000).
É constituída, maioritariamente, por depósitos de ambientes torrenciais relacionados com as
elevações de terreno. Estas elevações contribuíram para um ambiente com elevada energia e
capacidade de transporte, num meio denso e viscoso, onde os clastos angulosos e finos são
transportados em suspensão por uma massa argilosa e densa. Intercalações conglomeráticas e
argilosas tornam-se recorrentes à medida que as diferenças no relevo se tornam menos
pronunciadas.
No topo da sequência da formação existem níveis limoníticos, siliciosos, e carbonatados, que
indicam uma maior frequência de estações de seca e a total ausência de águas superficiais. A
formação termina com um nível de sedimentos terrígenos siltosos correspondentes a um
transporte de baixa energia e de fluxo laminar juntamente com episódios de transporte eólico.
Segundo Monforte (1985), podem ocorrer três formas distintas, do menor para o maior valor

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económico:
 Aspecto conglomerático com blocos angulosos a sub-angulosos e com extensão
reduzida.
 Apresenta-se de forma mais fina que os anteriores, com dominância de quartzitos e
com elevada extensão.
 Com menor espessura, erodidos e constituídos por elementos de menor dimensão
dentro de uma matriz argilosa (Pereira et al, 2003).

3.4.4 Grupo Kalahari

A formação deste grupo coincide com os principais ciclos de erosão responsáveis pelo
desgaste da topografia regional e dos quais resultaram vastas planícies. Este grupo foi
inicialmente definido por Lepersonne (1945) e depois completado por Cahen et al (1946). O
grupo Kalahari foi dividido em três formações: Formação Kamina, Grés Polimorfos e as
Areias do Kalahari.
Referindo em concreto as províncias das Lundas Norte e Sul, este grupo ocorre sob a forma
de duas unidades litológicas:
 Formação das areias ocres, constituída por camadas de cascalho subjacentes a areias
de tonalidades ocre e amarelo,
 Grés Polimorfos, form ação composta essencialmente por conglomerados, arenitos,
calcedónia e arenitos quartzíticos siliciosos (De Ploey et al 1968).

3.4.5 Formações Superficiais

Sob os altos planaltos da região, cobertos por areias de cor amarela ou alaranjada,
distinguem-se dois grupos de aplanações importantes:

 Superfície ou grupo de superfícies que constituem a parte principal do planalto entre


os grandes rios e a que se dá o nome de interflúvios maiores.

 Entre a superfície pliocénica, cuja altitude máxima é a das divisorias dos cursos de
água principais dirigidos de Sul para Norte (interflúvios maiores) e o mais elevado dos
terraços conhecido e caracterizado (40 metros), existe, na Lunda, uma série de
aplanações ainda mal definidas e estudadas (Monforte, 1985).

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Capítulo IV
Metodologia de Trabalho

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4.1 METODOLOGIA

Para alcançar os objectivos preconizados utilizou-se a seguinte metodologia de trabalho:


 Recolha bibliográfica;
 Elaboração da Base de Dados;
 Modelagem geométrica do depósito (modelagem de superfície, modelagem geológica
e de teores);
 Cálculo de Estimação de Recurso;
 Elaboração do relatório Final.
As principais etapas desenvolvidas durante o trabalho se ilustra no fluxograma abaixo.

Figura 7 - Fluxograma ilustrando as principais etapas metodológicas de trabalho.

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4.2 Recolhas Bibliográficas

Nesta etapa fez-se a recolha e a compilação de toda informação relacionada com o tema a
investigar e também a digitalização de toda informação do depósito mineral de Diamante da
Bacia do Rio Chicapa. Para tal teve-se acesso às seguintes fontes de informação:
Carta Geológica de Angola a escala 1:1000000 e a respectiva Noticia Explicativa;
Relatórios de estudos obtidos durante a prospecção geológica do depósito de Diamante da
Bacia do Rio Chicapa, realizados pela empresa Diamang (logs de sondagens, e resultados da
petrografia), De modo a completar a informação acima descrita foram consultados livros
relacionados com o tema, imagens de satélites e modelos de elevação digital (SRTM) que
cobrem a área de estudo.

4.3 Elaboração da Base Dados do Depósito

Para melhor organização, atendendo o tipo de dados de entrada obtidos da etapa anterior,
dissidiu-se optar pela seguinte estrutura de dados: dados geológicos, topográficos e de
sondagens.
 Dados Geológicos e topográficos: foram atribuídas a esta categoria de dados os
mapas geológicos da área de estudo, o mapa do depósito mineral, as cotas de terreno,
os DTMs e as imagens satélites obtidos do Google Earth, que cobrem a área de estudo.
Toda esta informação depois de digitalizada foi importado para os softwares de
sistema de informação geográfica (QGis, Arcgis e Global Map), na qual foram
georreferenciados, vectorizados e analisados, de modo a obter uma base de dados
georreferenciado (Base de dados SIG), do depósito de Diamante na Bacia do Rio
Chicapa.
 Dados de Sondagens: foram atribuídas a esta categoria todos os dados documentados
dos poços (coordenadas, elevação (Cota), profundidade, Espessura do Estéril,
Espessura do Cascalho, tipo de litologia, e o Teor de cada amostra), obtidas de 130
poços perfurados na área do depósito. Para facilitar o processo de inserção dos dados
nos Software de modelagem, toda informação foi formatada e organizada em Excel,
em três subcategorias (tabelas), nomeadamente: localização, litologia e os teores.
A tabela referente a localização dos poços foram organizados em colunas contendo o nome do
poço, coordenadas X e Y, profundidade e elevação. As informações litológicas documentadas
dos poços, por reflectirem o intervalo de amostragem, foram formatadas em colunas contendo
a profundidade da amostra (De – Para) e descrição litológica do intervalo, de igual modo,

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Todas informações de sondagens no formato Excel foram posteriormente importados para o


projecto criado no software Rockworks 16, software usado na etapa de modelagem, de modo
a obter uma base de dados relacional, contendo toda informação geológica do depósito de
Diamante da Bacia do Rio Tchicapa.
A figura abaixo ilustra o modelo de organização de dados relacional, ela ajuda-nos a fazer
uma relação entre as tabelas que são visualizadas no Rockworks 16 e essa relação só é
possível ser ilustrada e bem distribuída a partir do Microsoft Access que possui uma
ferramenta de relações.

Figura 8 - Ilustração da base de dados relacional das tabelas no software Access.

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Figura 9 - Visão geral da estrutura de dado relacional no software RockWorks16, utilitário de poços (Borehole manager). 1- Painel de gestão de dados no projecto; 2- chave
primaria contendo o nome dos poços; 3- painel dos tipos de dados de sondagens (localização, trajectória, litologia, estratigrafia, dados intervalares, etc.); 4- painel de
visualização das tabelas e organização dos dados.

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Depois de criada a base de dados do projecto, a mesma foi validada de modo a corrigir
eventuais erros obtidos durante as etapas de digitalização, formatação e importação dos dados.
Para tal usou-se os algoritmos de visualização 2D e 3D dos dados fornecidos pelos Software
usados no desenvolvimento do trabalho em epígrafe. Baixo ilustra-se o conjunto de dados
utilizados no desenvolvimento do trabalho.

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Tabela 2 - Dados das sondagens da área de estudo

ID do Coordenad Coordenad Cota Profundidad Espessura do Espessura do


Poço as X as Y e Estéril Cascalho
12E 445687 9099484 741 3.8 3.45 0.35
6E 445615 9099511 738 2.55 2.45 0.1
O 445540 9099538 740 3.3 3.1 0.2
15 445743 9099538 743 2.8 2.6 0.2
9E 445669 9099566 740 4.85 2.5 2.35
3E 445596 9099594 739 6.25 5.8 0.45
17 445788 9099597 744 3 2.7 0.3
12E 445726 9099620 742 3.15 2.75 0.4
6E 445653 9099648 738 6.6 6.05 0.55
O 445579 9099677 742 3.7 3.25 0.45
18 445819 9099660 743 2.15 1.85 0.3
12 445746 9099688 742 4.35 2.8 1.55
6E 445672 9099717 742 6.35 5.75 0.6
O 445598 9099745 745 4.5 3.65 0.85
6W 445525 9099774 751 9.9 9 0.9
12 445451 9099802 758 11.7 10.1 1.6
18 445377 9099830 765 14.2 12.2 2
24 445902 9099702 743 3.15 2.85 0.3

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Figura 10 - Mapa de Localização dos Poços da Área de Estudo

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Figura 11 - Localização Tridimensional dos Poços da Área de Estudo.

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Figura 12 - Localização Tridimensional dos Poços da Área de Estudo.

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4.4 Modelagem Geométrica do Depósito

A etapa de modelagem do depósito consistiu na utilização do Software Rock Work para


interpretação dos dados de sondagem para a representação da geologia do depósito em 3D. A
estratégia de modelagem consistiu no seguinte:
 Composição das amostras nos furos de sondagem;
 Interpretação das secções ao longo dos perfis;
 Modelagem de teores e estimação dos volumes.
A estratégia e os resultados da modelagem do depósito de Diamante da Bacia do Rio
Tchicapa serão descrito e apresentados nos capítulos posteriores.
4.5 Elaboração do Relatório Final

Esta etapa consistiu na compilação de relatório final do estudo sobre a modelagem geológica
do depósito de Diamante da Bacia do Rio Tchicapa, que se apresentará como dissertação para
obtenção do grau de licenciatura dos autores do referido trabalho.

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Capítulo V
Generalidade dos Kimberlitos

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5. GENERALIDADE DOS KIMBERLITOS

O diamante foi descoberto pela primeira vez na índia, séculos antes conforme registos
encontrados nos textos Sânscritos “Arthasastra e Ratnapariska”, citados por Legran, 1984
(Janse, 1996). Até o século XVII, a Índia era praticamente o único país produtor mundial de
diamante, segundo relato do francês Tavernier, nas suas diversas viagens ao Oriente, sobre as
minas diamantíferas da Região de Kurnool, na Índia (Barbosa, 1991).
Em Angola a exploração começou em 1917, mas os primeiros registos de diamantes
remontam a 1912, como conta Luís Chambel, coordenador do estudo “Cem Anos de
Diamantes em Angola”, lançado pelas consultoras Sínese e Eaglestone.O ano de 1952
também é importante na história diamantífera de Angola, já que é a data em que foi
descoberto o primeiro Kimberlito no país. “Quarenta anos depois da descoberta dos primeiros
diamantes em Angola encontra-se uma das suas fontes primárias, e a partir daí, até 1975, são
descobertos cerca de 600 kimberlitos, aponta o consultor.
Os diamantes são predominantemente transportados para a superfície da Terra em três tipos
de magma:
Os kimberlitos, os lamproítos e os lamprófiros (Gurney, 1989). Destes, os kimberlitos são de
longe os mais importantes com vários milhares de ocorrências documentadas, dos quais 30%
são diamantíferos, em angola os diamantes se encontram nos kimberlitos.
Podemos definir o Kimberlito como um peridotito micáceo serpentinizado e carbonatado,
contendo nódulos de tipos de rochas ultrabásicas caracterizadas por minerais de alta pressão,
como o piropo e o diopsídio. Pode conter ou não diamantes".
Também podemos dizer que os Kimberlitos são rochas brechas peculiares constituídas por
detritos de rochas ultrabásicas e das rochas encaixantes. Os Kimberlitos são brechas formadas
devido a uma explosão (chaminés de explosão ou diatremas) do magma ultrabásico
(kimberlíticos) e a ruptura das rochas suprajacentes (com boca para cima).
Na crosta terrestre os kimberlitos com possibilidades de estarem mineralizados em diamantes
ocorrem associados às áreas cratônicas estabilizadas (e em três ambientes distintos):
 Situado nas proximidades das margens do cratão, kimberlitos praticamente estéreis.
 Nas partes centrais do cratão os mais mineralizados.
 Já os lamproítos estão restritos às faixas móveis que bordejam as zonas cratônicas.
A instalação de um Kimberlito procede-se pela propagação ascendente de magma ao fracturar
hidraulicamente a rocha sobrejacente. Estas intrusões movem-se rapidamente, na ordem dos

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20 m/s, e a pressão será progressivamente menor à medida que a profundidade diminui. Isto
permitirá o surgimento de uma fase de vapor que manterá os componentes do magma em fase
líquida e suportará a coluna de material arrastado pela intrusão. O magma dos kimberlitos
pode originar-se a profundidades desde os 200 a 300 km mas tem de ser gerado abaixo do
valor de profundidade a partir do qual os diamantes são estáveis (superiores a 140 km) de
modo a conseguirem captá-los da sua fonte na litosfera.

5.1 Grupos de Kimberlito

Os kimberlitos do grupo I, conhecidos também em outras províncias no mundo, apresentam


uma suíte mineralógica representada, segundo Mitchell (1991), por macrocristais e/ou
megacristais anédricos a arredondados de ilmenita magnesiana (entre 3 - 23% de MgO,
normalmente maior que 8%), granada piropo titanífera pobre em crómio (O- 3% de Crz03),
olivina forsterítica, enstatite, diópsido sub-cálcico e flogopite pobre em titânio (menor de 2%
de Ti02) até flogopite eastonítica (rica em alumínio).
Segundo Haggerty (1994), são conhecidas intrusões de kimberlitos do grupo I com idades que
variam desde o Proterozoico (África do Sul, Venezuela e Austrália), Ordoviciano (Canadá,
Sibéria, Zimbabwe e China) Devoniano (América do Norte e Sibéria), Carbonífero (Sibéria),
Jurássico (América do Norte e Sibéria), Cretáceo (África, América do Norte, Brasil e Sibéria)
até o Terciário (Namíbia). Porém, os principais pulsos intrusivos de kimberlitos do grupo I
estão concentrados no Cretáceo (Angola).
Os kimberlitos do grupo II foram reconhecidos somente no craton do Kaapvaal, África do Sul
e formaram-se em um evento com intervalo restrito de tempo (entre 110- 200 M.a., Skínner,
1989). Os kimberlitos do grupo II são geralmente mais velhos que os kimberlitos mesozóicos
do grupo I, que ocorrem geograficamente associados na mesma província (Mitchell, 1991).
A mineralogia dos kimber1itos do grupo II consiste principalmente de macrocristais
arredondados de olivina e macrocristais de flogopita. A matriz dessa rocha é composta por
microfenocristais de flogopite e diópsido, juntamente com espinélio (picrocrornite titanífera
até a solução sólida magnetite- ulvoespinélio ), perovskite e calcita. A presença de silicatos
ricos em zircónio (ex.: granada kimzeyítica) e titanatos de potássio, vanádio e bário, como
fases acessórias, são úteis também na diferenciação dessas rochas com relação aos
kimber1itos do grupo I.
Os Kimberlitos encontram-se na Lunda sob a forma de diatremas ("pipes"), diques e sills.

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 Os diatremas, também chamados "pipes" ou chaminés por tomarem o aspecto de um


cogumelo a extravasar as rochas encaixantes, constituem o tipo de ocorrência mais
generalizado dos kimberlitos. Manifestam-se topograficamente, à superfície, por
corpos circulares ou ovais, por vezes irregulares, com dimensões variáveis, quase
sempre pequena.
 Os diques mostram-se pobres em xenólitos, denunciando um enchimento
relativamente calmo. São vulgarmente estreitos, podendo prolongar-se, no entanto, a
grandes distâncias e sills.
 Sills são muito mais raros que os diatremas e diques, só se conhecendo, na Lunda, na
área de Lufulé (Cucumbi), concordantes com formações do Sistema Continental
Intercalar. Os sills são formados, quase sempre, por kimberlitos brechóides.

Figura 13 - Modelo morfológico de um Kimberlito. Adaptado de Mitchell, 1986.

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5.2 Minerais Farejadores

A descoberta de rochas Kimberlíticas é facilitada pela presença de minerais pesados como


significação genética, sobretudo elementos considerados específicos. Do ponto de vista
minero-genético, poderemos agrupar em três categorias principais os minerais diagnosticados
nas formações Kimberlíticas:
 Ilmenite magnesiana é geralmente muito abundante, em grãos de dimensões notáveis
que vão até 3 cm. Por vezes, exibe formas arredondadas, o que demonstra ter sofrido,
o próprio Kimberlito, uma usura mecânica ou uma dissolução periférica
 Piropo magnesiano e crómifero o piropo magnesiano e crómifero é como o diamante,
um mineral de alta pressão. A sua presença é necessária para que se possa falar de
Kimberlito. Trata-se de uma granada de cor vermelho-sanguínea, de fractura
conchoidal e transparente em esquírolas.
 Diópsído crómifero, de frequência mais reduzida que a dos outros elementos atrás
referidos, manifesta, geralmente, uma alteração verde-esbranquiçada.

5.3 Génese do Diamante

Os diamantes naturais cristalizaram num lar magmático, a grande profundidade, sob forte
pressão e temperatura (hipótese magmática integral). Subiram depois, com o Kimberlito, no
seio do magma fundido, num estado fisicamente instável que poderemos considerar de
preformação.
Os diamantes são formados há milhões de anos em ambientes de alta temperatura e de alta
pressão, situados a mais de 100 quilómetros abaixo da superfície da Terra, Para existir
potencial para a formação de diamantes é necessário que o carbono ocorra na forma livre. As
condições de estabilidade dos diamantes foram determinadas em laboratório e rodam os 4
GPa de pressão e temperaturas entre 950 e 1400 °C. Assim, os diamantes podem-se formar
em qualquer região da Terra onde a profundidade na crusta ou no manto permita valores de
pressão suficientemente elevados uma vez que nesses locais a temperatura será sempre
propícia.
A maior parte do manto está dentro do campo de estabilidade dos diamantes. A crusta, sendo
normalmente pouco espessa (menor do que 40 km), só entra dentro deste campo de
estabilidade quando a ela estão associados processos geológicos relacionados com as placas
tectónicas.

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Apesar das condições para a estabilidade e consequente cristalização serem muito propícias
no manto, a formação dos diamantes é muito rara devido à escassez de carbono livre.

Figura 14 - Modelo da crosta para ambiente de formação de diamantes, modificada por Mitchell (1995),
adaptado. Delimita a linha de estabilidade entre diamante e grafite.

5.4 Características

Os diamantes devido a sua génese adquirem propriedades com a forma de um cristal do


tipo alotrópica do carbono, de fórmula química CO₂ diamante cristaliza com estrutura cúbica
e pode ser sintetizado industrialmente. Outra forma de cristalização do diamante é a
hexagonal, menos comum na natureza e com dureza menor (9,5 na escala de Mohs).

A característica que difere os diamantes de outras formas alotrópicas, é o fato de cada átomo
de carbono estar hibridizado em sp³, e encontrar-se ligado a outros 4 átomos de carbono por
meio de ligações co-valentes em um arranjo tridimensional tetraédrico.

Cristaliza no sistema cúbico, geralmente em cristais com forma octaédrica (8 faces) ou


hexaquisoctaédrica (48 faces), frequentemente com superfícies curvas, arredondadas,
incolores ou coradas, formado essencialmente por carbono, o diamante possui elementos
traços como octaédrico, rombododecaédrico, octaédrico cortado, macla, e chapa.

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Figura 15 - Formas de diamantes ( Lucapa Diamond 2015).

O diamante é o mais duro material de ocorrência natural que se conhece Apresenta uma
dureza de 10 (valor máximo da escala de Mohs). Isto significa que não pode ser riscado por
nenhum outro mineral ou substância, excepto o próprio diamante, funcionando como um
importante material abrasivo. No entanto, é muito frágil, esse fato deve-se à clivagem
octaédrica perfeita segundo {111}. Estas duas características fizeram com que o diamante não
fosse talhado durante muitos anos.

A densidade é de 3,48. O brilho é adamantino, derivado do elevadíssimo índice


de refracção (2,42). Recorde-se que todos os minerais com índice de refracção maior ou igual
a 1,9 possuem este brilho. No entanto, os cristais não cortados podem apresentar um brilho
gorduroso. Pode apresentar fluorescência, ou seja, a incidência dos
raios ultravioleta produzem luminescência com cores variadas originando colorações azul,
rosa, amarela ou verde, transparente, translúcido, opaco e incolor.

5.5 Aplicações

Os diamantes aplicam-se em diversas áreas, oitenta por cento dos diamantes são usados na
indústria. O diamante é um material industrial fundamental, pois têm características únicas.

É usado para cortar, moer e lustrar, bem como para lentes, chips de computador e lâminas,
algumas usadas na cirurgia crítica. Mas suas aplicações crescem rapidamente.

O diamante industrial é principalmente usado na perfuração e corte na pesquisa mineral, na


engenharia civil e mecânica devido a sua grande dureza e resistência, é um abrasivo de alta

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qualidade e usado como ferramentas de talhas. Podem ser usados para cortar, tornear e furar
alumina, quartzo, vidro e artigos cerâmicos.

O pó de diamante é usado para polir aços e outras ligas. Apesar de ser um mineral de valor
elevado, sua grande durabilidade e acção rápida do corte, compensam seus custos, as suas
ferramentas podem ser Serras e brocas adiamantadas, Ferramentas de corte de precisão,
Abrasivos, Pó de polimento. Diamante gema provoca um enorme fascínio sobre as pessoas e é
a gema preferida pelo público. São montados em metais preciosos e/ou em associação com
outras gemas. Além de adquirir o diamante gema em datas importantes, eles são adquiridos
como investimento e também por exibição de posição social.

5.6 Evolução dos Depósitos Diamantíferos

Uma classificação dos jazigos diamantíferos considera, fundamentalmente, dois tipos


genéticos principais:
 Jazigos primários
 Jazigos secundários

5.7 Jazigos Primários

Depósitos Primários são apenas os que se associam a kimberlitos e lamproítos que são rochas
de origem magmática. Actualmente, considera-se que essas rochas sejam formadas pela
cristalização de magmas secundários (ou hídricos), que são em parte diferenciados dos
magmas primários, peridotítico ou eclogítico.
Em Angola os kimberlitos estão abundantemente representados no território angolano,
estando identificados para cima de sete centenas. Destes apenas alguns estão mineralizados e
menos ainda serão económicos. Dos kimberlitos mineralizados merecem destaque o Camútuè
e Caixepa, o Camafuca-Camazambo (um dos maiores, se não o Kimberlito com maior
extensão no mundo), o Catoca, o Camagico e o Camatchia - ver Chambel (1999).
Há a referir, ainda, na região ocidental da Lunda, o importante distrito kimberlíticos de
Cucumbi – Cacuilo – Cuango que se caracteriza por grande número de chaminés (mais de
quatrocentas).
Como particularidade da forma de ocorrência, nesta zona, há a juntar, modalidades
anteriormente indicadas, a presença de sills que, contudo, não são muito frequentes.

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Figura 16 - Mapa mostrando as províncias kimberlíticas ( Monforte, 1985)

5.8 Depósitos Secundários

A formação desses depósitos está ligada a fenómenos de concentração mecânica natural dos
resíduos provenientes das fontes diamantíferas. Os Depósitos Primários estão sujeitos a
processos intempéricos químicos, facilitando a erosão mecânica.
O material erodido passa por uma classificação natural quando transportados nos cursos de
água, devido a diferentes densidades, granulometria e dureza dos minerais existentes nos
kimberlitos e apenas os minerais mais densos ou duros têm maior transporte e posterior
concentração em áreas favoráveis como o diamante.
Por um lado, movimentos tectónicos, no final do Sistema Continental Intercalar, de
orientações E.NE-W.SW e N.NW-S.SE, provocaram levantamentos, até à superfície, de
vindas kimberlíticas pouco profundas, expondo-as à acção dos agentes erosivos.
Os depósitos aluvionares antigos formaram-se imediatamente após a principal fase de
erupções kimberlíticas no Cretácico. Os conglomerados situados na base da Formação
Calonda armazenaram os diamantes libertados a partir de erupções kimberlíticas, então

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recentes e a erosão da Formação Calonda pode originar outros depósitos detríticos mais
modernos, eluvionares ou aluvionares, também diamantíferos.
Há casos em que a passagem dos diamantes aos depósitos detríticos mais recentes se faz
directamente a partir das rochas kimberlíticas. Isto é, na erosão dos jazigos primários
podemos considerar duas etapas distintas: erosão antiga (Formação Calonda) e a erosão
recente (eluviões vertentes e depósitos relacionados com a actividade antiga ou moderna dos
cursos de água).

5.9 Jazigos Secundários Independentes da Rede Hidrográfica Actual

 Formação Calonda
A Formação Calonda é o mais interessante dos jazigos secundários de diamante por significar
o colector secundário principal, ou seja, a fonte de aprovisionamento mais comum dos
diamantes directamente libertados pelos kimberlitos.
A Formação Calonda tem, como característica marcante, uma extensão geográfica
considerável na sua fácies argilo - gresosa, transgressiva, quase sempre, sobre a fácies
conglomerática que é, comparativamente, de menor área de representação.
O problema que, através dos tempos, sempre se pôs em relação à Formação Calonda foi o de
saber qual a área de distribuição dos seus conglomerados basais. E, neste campo, três teorias
se de gladiam.
Das diversas hipóteses a mais plausível é que a formação Calonda possui uma extensão dos
conglomerados basais é muito reduzida, não se tendo depositado a mais que 5 km das fontes
primárias donde provieram os seus diamantes (TEORIA LUCAPA, Monforte 1985).
Os conglomerados basais da Formação Calonda constituem o horizonte diamantífero mais
consequente que se conhece, dando origem à maioria dos depósitos eluvionares e aluvionares
que se definiram na Lunda.
 Sistema de Kalahari

O Sistema de Kalahari nunca atraiu, na Lunda, as atenções gerais para localização de jazigos
secundários de diamante. Embora os conglomerados de base da Série Inferior possam ser
diamantíferos (e há provas que abonam este facto), a sua reduzida área de representação e o
elevado grau de compacidade são óbices que anulam ou diminuem muito o valor económico
que, em teoria, se lhes pudesse.

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5.2.1 Cascalhos dos Interflúvios Menores

Os cascalhos dos interflúvios menores, designados genericamente por cascalhos plio-


plistocénicos, que se encontram nos planaltos ou sobre os pendores das depressões, merecem
consideração especial, atendendo ao valor económico que, em certas zonas, os caracteriza.
As características principais destes cascalhos plio-plistocénicos são:
a) Grande extensibilidade geográfica, É a mais recente das formações geológicas de
extensão contínua e generalizada que se conhece na região da Lunda.
b) Quanto à posição dos depósitos cascalhentos plio-plistocénicos, três hipóteses são
admissíveis:
 Assentarem directamente sobre o substrato (velho soco ou outras formações pré-
Calonda).
 Situarem-se directamente sobre o conglomerado ou lentículas conglomeráticas do
nível de base da Formação Calonda. Neste caso, as lentículas conglomeráticas e o
próprio conglomerado poderão ser fortemente contaminados e, como tal, difíceis de
reconhecer.
 Serem separados das camadas basais da Formação Calonda por uma espessura maior
ou menor de grés que, remexidos por baixo do depósito cascalhento, será, em certos
casos, pouco característico.

5.2.2 Eluviões das Vertentes

Os eluviões das vertentes têm a sua origem no deslizamento, ao longo do flanco das
depressões, de formações diamantíferas que ocorrem a níveis mais elevados. Estes
movimentos podem afectar directamente as rochas Kimberlíticas, a Formação Calonda e os
mantos de Cascalhos plio-plistocénicos.
Do ponto de vista económico, os eluviões das vertentes, derivadas directamente de maciços
Kimberlíticos ou de conglomerados basais da Formação Calonda, podem caracterizar-se por
apreciável riqueza diamantífera.
No primeiro caso, registam-se boas concentrações de diamantes quando os produtos
Kimberlíticos acham depressões restritas e profundas, irregularmente dispersas sobre um bed-
rock duro.
Segundo o depósito de Camessessâmi, na margem direita do rio Luembe, em que um
importante quantitativo de diamantes foi extraído, localmente, das eluviões das vertentes
oriundas de conglomerados basais da Formação Calonda.

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5.2.3 Jazigos Secundários Ligados ao Regime Hidrográfico Actual, na Sua Actividade

Antiga ou Recente.

A rede hidrográfica actual é posterior à deposição da Série das Areias Ocres (Kalahari
Superior). Admitem-se, para os diferentes cursos de água, duas idades: os rios principais são
provavelmente plio-plistocénicos, enquanto os cursos de água secundários podem ser mais
recentes (quaternários).

5.2.4 Actividade Antiga dos Cursos de Água

A génese e o enriquecimento destes depósitos diamantíferos requerem o concurso de dois


factores:
 Uma fonte de mineralização (Kimb erlitos, conglomerados Calonda ou outras
formações mais modernas).
 Condições favoráveis à erosão, transporte e concentração dos diamantes. No conjunto
dos jazigos secundários ligados ao regime hidrográfico actual, consideramos dois
grupos distintos:
Nuns casos, regista-se uma filiação directa de rochas kimberlíticas; noutros, dá-se a destruição
dos conglomerados Calonda e, noutros ainda, ocorre a erosão de eluviões e aluviões mais
recentes.

5.2.5 Depósitos de terraços.

Aparecem nos flancos dos vales, a uma altitude que atinge 40 metros acima do nível médio
das águas dos grandes rios.
Constitui ainda hoje, tema de controvérsia a existência de terraços de 40 metros que alguns
autores atribuem a confusão com os mantos de cascalho plio-plistocénicos.
Os terraços distinguem-se pela grande possança das suas camadas de cascalho, que chega a 10
metros, e pela espessura rapidamente crescente das areias ferruginosas que os cobrem.
Do ponto de vista económico, é de realçar que, nos terraços, não raramente de boa extensão,
os teores em diamante são, de um modo geral, irregulares, com expressões numéricas saltando
bruscamente, por vezes, em distâncias muito curtas.
Nestes depósitos, não há grande constância e regularidade na distribuição das concentrações
diamantíferas, sendo, por isso, raros e difíceis de encontrar lugares de enriquecimento. O que
não invalida que possam ser exploráveis, como, aliás, na Lunda frequentemente acontece.

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5.2.6 Depósitos das Planícies Aluviais

Podemos considerar na história dos rios, três fases dinâmicas: afundamento, equilíbrio e
acumulação que se encontram no perfil longitudinal dos leitos e no perfil transversal dos
vales. Para a génese deste tipo de depósitos concorrem dois factores importantes, a saber: os
rios atingirem o seu perfil de equilíbrio e o regime divagante acentuar o processo de
evacuação dos produtos ligeiros. Requerem-se, para tal, uma conformidade entre os processos
de erosão e acumulação.
As melhores condições para a formação de jazigos nas planícies aluviais ocorrem nos troços
dos cursos de água que cortam as rochas Kimberlíticas ou os conglomerados basais na
Formação Calonda, se uns e outros forem originariamente ricos e se o pendor da corrente for
justamente o necessário para a evacuação dos produtos ligeiros.
Sob as planícies aluviais encontram-se, por vezes, depressões profundas que são escavações
fechadas ou antigos braços dos rios abertos, nas rochas do substrato. Correspondem a pontos
favoráveis a uma boa concentração de diamantes, que convêm, por isso, delimitar.

5.2.7 Depósitos das margens e das ilhas


Neste tipo de depósitos, há a considerar:
 Cascalhos acumulados pelos cursos de água, em certos locais das margens que
demarcam o leito ordinário.
 Cascalhos depositados nas ilhas.
 Cascalhos que, em consequência das migrações rápidas do leito ordinário sobre o leito
maior, em época de cheias, ocupam, embora parcialmente, o leito maior dos rios. A
partir das margens, o transbordamento vai depondo materiais cujo calibre,
primeiramente grosseiro, decresce à medida que se alonga a distância ao leito
ordinário.

5.2.8 Depósitos do Fundo dos Rios

Os depósitos do fundo dos rios podem ocupar todo o leito ordinário, ou seja, o espaço
compreendido entre as duas margens, ou então localizar-se, nesse leito, em zonas. Neste caso,
os elementos classificam-se regularmente por granulometria e densidade, dando ensejo a que
os depósitos passem por fases selectivas de enriquecimento. Podem originar-se, assim, mantos
aluviais com interesse económico.

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A exploração sistemática dos leitos dos grandes rios, a Lunda (Cuango e Luembe,
nomeadamente) tem sido feita com inegável sucesso Os êxitos obtidos são justificados porque
os cascalhos do fundo dos rios representam o produto do último estádio de concentração.

Figura 17 -Imagem retratando as diversas formações que correspondem aos depósitos sedimentares
diamantíferos da província da Lunda ¬ Norte. (Adaptado de Moisés)

5.2.9 Prospecção

A prospecção executada para a pesquisa de depósitos de diamantes requer uma preparação e


organização da missão de prospecção mineira, existe um conjunto de materiais, equipamentos
e transportes necessários para servir a prospecção.
A organização da equipa de trabalho com vários técnicos especialistas, e outros
colaboradores como assessores, consultores, administrativos, e desenhadores gráficos são
também indispensáveis.
Também, durante qualquer prospecção, não nos podemos esquecer que temos de ter equipas
com pessoal de manutenção de equipamentos, alimentação, cuidados de saúde/médicos,
vigilância e segurança, limpeza, de stocks, entre outros.
A prospecção deve se cingir aos objectivos mais directos possíveis, para melhor optimização
dos trabalhos que são os seguintes:
 Dominar os princípios gerais e os fundamentos geológicos da prospecção dos jazigos
minerais sólidos.
 Identificar o conjunto de métodos para a realização da prospecção de mineral.
 Conhecer a base para avaliação dos recursos e reservas presentes em depósitos ou
jazidas minerais.
 Elaborar projectos de prospecção geológica

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A prospecção aluvionar pode ser considerada tanto como um método directo, bem como um
método indirecto na descoberta de jazigos primários.
No primeiro caso, a pesquisa directa de diamantes nos aluviões tem como objectivo final
colocar em evidência o jazigo aluvionar. No segundo caso, a pesquisa insere-se num ou em
mais minerais que permitem chegar ao Kimberlito.
As prospecções de diamantes, são inseridas em quatro núcleos de acção organicamente
complementares e que dentro do nosso campo de estudo, iremos retratar.
- Dinâmicas de Prospecção
- Fases de Prospecção
- Grandes métodos de Prospecção
- Cálculo das Reservas
 Dinâmica essencialmente Centrífuga, esta dinâmica aplica-se à procura directa de
diamantes. Se os diamantes provêm de formações detríticas, importa distinguir, em
primeiro lugar, os vários tipos de jazigos, já em relação com o regime cursos de água,
na actividade antiga ou actual, já independentes da rede hidrográfica. Entre estes
últimos, destaca-se o colector secundário principal, pela sua importância geológica e
económica.
 Dinâmica essencialmente centrípeta, caso haja impossibilidade ou surjam dificuldades
na procura directa de diamantes, a prospecção toma uma feição marcadamente
centrípeta. Como suporte no contexto geológico favorável duma região,
representando, não raramente, milhares de km, é preciso, por uma redução gradativa,
escolher, dentro dela, as zonas de mais interesse para a localização dos jazigos
primários.
No plano técnico, a metodologia desta prospecção recorre a processos específicos, como
sejam a mineralometria, a geofísica e a geoquímica. Da interpretação correcta do significado
pratico dos vários tipos de anomalias Registadas, em conjunto ou separadamente, depende a
selecção de áreas promissoras da existência de corpos kimberlíticos.

5.3.1 Fases de Prospecção

O estabelecimento de planos de prospecção é, para as empresas mineiras, de importância


primordial não só para fixar as bases de gestão e controlo da sua actividade, mas também para
impulsionar o seu desenvolvimento. No caso especial dos diamantes, no conteúdo dos
programas de prospecção inscrevem-se, como imperativos a cumprir:

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 Aprofundamento dos conhecimentos geológico-estruturais, para induzir as leis de


formação e repartição dos jazigos de diamante;
 Determinação das características técnicas e geológicas dos diferentes tipos de jazigos
(primários e secundários);
 Cálculo, com a possível exactidão, do valor económico dos jazigos detectados;
 Baixo custo operacional, com emprego de métodos fáceis e simples.

5.3.2 Reconhecimento

Teve como objectivo identificar a escala regional as anomalias das áreas com potencial
minério, através de resultados dos estudos geológicos e mapas geológico regional, foram
feitas estudo preliminar no terreno com métodos aéreos e indirectos e extrapolação de dados
geológicos, as escalas dos estudos geológicos regional foram feitas a 1/1000000 a 1/500000
na área de interesse, Usando métodos geológicos, geofísicos e geoquímicas.

5.3.3 Etapa de Prospecção

Fase onde se pretendia fornecer dados sobre a existência ou não de diamantes em áreas
devidamente localizadas. Para cada curso de água eram definidos sectores de prospecção,
delimitados por dois tributários de um curso de água e, em cada sector, uma linha base,
estabelecida numa das margens do rio e geralmente paralela à direcção média do sector.
Seguidamente, definiam-se linhas distanciadas de 400 m para execução dos poços de
prospecção, e onde o espaçamento entre poços distava cerca de 100 m. Nestes poços
recolhiam-se as amostras das camadas de cascalho e fazia-se o tratamento posterior.
Descoberta de pontos mineralizados com teores significativos.
Amostragem de solos com colheita de amostras superficiais em malha de 200 a 50 m, no
sentido de delimitar as zonas onde seriam abertos os poços, realizando sondagens ou
utilizados métodos de prospecção como magnetometria, sísmica e resistividade, amostragem
de aluviões para identificação dos minerais satélites e por outro lado, localizar os diamantes.

5.3.4 Pesquisa Geral

Tem a finalidade de permitir a delimitação do corpo, estabelecendo as principais


características geológicas de um jazigo consistindo em uma avaliação preliminar da qualidade
e quantidade do minério, teores e o preço médio dos diamantes utilizando vários métodos

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como cartografia geológica da superfície, sondagens e métodos indirectos (geofísicos e


geoquímicas).
Nesta fase a malha usada é sistemática em uma escala de 1/10000 a 1/50000 cobrindo uma
área de 1 a 5 Km, com técnicas e métodos de estudo como sanjas, trincheiras, poços,
cartografia da superfície, geofísica, geoquímica e métodos mineralógicos (bateia). Com os
dados do tratamento das amostras, tanto a nível físico como químico vai permitir a descrição
pormenorizada das características do jazigo, elaborando-se, assim, estudos posteriores a
viabilidade económica e uma pesquisa detalhada.

5.3.5 Pesquisa Detalhada

Nesta fase, os trabalhos consistem na delimitação do jazigo conhecido de forma detalhada nas
três dimensões a partir das informações das sondagens. A malha deve ser densa para
podermos obter o maior grau de informação possível no que concerne as características
geológicas do jazigo.
Nesta etapa permitem o desenvolvimento de estudos de pré-viabilidade técnica-económica,
integrando os diversos aspectos geológicos, tecnológicos e económicos.

5.3.6 Métodos de Prospecção

A prospecção de diamantes baseia-se na busca de indicadores de ocorrência. Como foi


referido anteriormente, todos os jazigos diamantíferos formam-se com uma relação mais ou
menos directo com erupções kimberlíticas, com uma ou mais etapas intermédias de formações
detríticas, originadas a partir de outras por sucessivos ciclos erosivos.
Na nossa prospecção usamos os métodos que procuram directamente os diamantes prospecção
aluvionar. Estes métodos compreendem a chamada prospecção aluvionar que, de acordo com
os fins a atingir, dividiremos em:
1. Prospecção estratégica, feita em malha errática.
2. Prospecção sistemática, feita em malha regular.

5.3.7 Prospecção Estratégica

A finalidade principal da prospecção estratégica é a recolha de diamantes, em ensaios pouco


numerosos mas criteriosamente seleccionados. Consiste em pôr em evidência pontos
mineralizados da rede hidrográfica actual que, agrupados em zonas de potencialidades
hipotéticas, serão, em fase ulterior, devidamente controlados (prospecção sistemática).

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A densidade das amostragens deve ser tão regular quanto possível, seguindo, para isso,
normas bem definidas. Os ensaios são praticados, de preferência, no leito vivo ao longo da
rede de drenagem delineada pelos grandes rios e compreendendo, em etapa mais
desenvolvida, os afluentes e subafluentes.
A equidistância das amostragens é, num caso e noutro, quilométrica. Na prospecção volante, a
equidistância adoptada é de 3 km. O objectivo principal é descobrir uma zona diamantífera.
Na prospecção táctica, a equidistância das amostragens é de 1 km. O objectivo principal é
encontrar uma fonte diamantífera.

5.3.8 Vantagens do Método

Três vantagens principais são de atribuir à prospecção estratégica:

É um método eficaz, numa etapa inicial de prospecção (prospecção volante ou prospecção


táctica), a título de desengrossamento, desde que as condições de terreno a tal se prestem e se
houver disponibilidades de pessoal qualificado e experiente neste género de trabalhos.
É um método rápido e, por isso, pouco oneroso, requerendo, no entanto, mão - de obra mais
abundante e maior peso e volume de material em relação aos métodos que procuram
directamente os kimberlitos.
É um método praticável, em zonas de acesso difícil.

5.3.9 Prospecção Sistemática

Após a fase da prospecção estratégica, impõe-se a necessidade de controlar os índices de


mineralização diamantífera encontrados, para o que se realiza uma segunda fase chamada
prospecção sistemática, já em malha regular.
 Observação da rede hidrográfica: debito dos cursos de água; fase dos rios (juventude,
maturidade ou senilidade); comprimento e largura das planícies aluviais e dos terraços;
acidentes morfológicos do leito (rápidos, canhões, quedas, marmitas, etc.); condições
de aluvionamento.
 Observações morfológicas e geológicas da área de ocorrência dos jazigos, isto e,
modelação morfológica condicionada por fenómenos erosivos ou pela tectónica
regional, compreendendo, em particular: morfologia e natureza litológica do bed-rock;
existência de acidentes tectónicos; exame dos concentrados de lavagem com os
respectivos índices de concentração.

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 Determinação das características gerais dos depósitos: espessura do estéril e do


cascalho; constância e regularidade na deposição de cascalhos; grandeza dos teores e
sua distribuição; granulometria dos diamantes.
Na Lunda, a mineralização diamantífera está ligada, principalmente, a formações detríticas
horizontais, com uma extensão considerável. Tais características revelam-se sobretudo na
Formação Calonda e, em menor escala, nos cascalhos plio-plistocénicos e nas planícies
aluviais. Há praticamente diamantes em todos os cursos de água, mas as concentrações têm,
quase sempre, um carácter limitado. A prospecção, nestas circunstâncias, aproxima-se de uma
amostragem. A morfologia do substrato, sobre que repousam as camadas de cascalho,
espessura de estéril são duas condicionantes dos processos de amostragem;
 Um dos dois sistemas de linhas é paralelo ao eixo geral de vale. Esta linha chama-se
linha-base, podendo ser necessárias duas linhas-base, uma em cada margem, no caso
de rios largos que não permitem a sua passagem a vau.
 A outra linha é a linha de poços, sobre a qual se marcam e abrem poços para colheita
de amostras. A abertura de um poço de prospecção deve ser precedida de uma
sondagem com barramina ou sonda (manual ou mecânica), para avaliar a espessura
dos terrenos a atravessar até as camadas de cascalho e permitir, consequentemente, a
escolha do método de amostragem apropriado.
5.4.1 Consideramos, na Prospecção Sistemática, três modalidades que se estabelecem em

função das condições dos depósitos e da precisão dos resultados a alcançar:

 Prospecção geral, tentando conhecer pontos mineralizados que sejam iguais ou


superiores ao teor-limite de explorabilidade e que possam definir sectores de interesse
económico.
 Prospecção de desenvolvimento inicial: Os sectores definidos pelos pontos
mineralizados descobertos na fase anterior devem ser estudados em pormenor, com
uma malha mais estreita que a da fase precedente, para determinar,
aproximativamente, a constância, regularidade e extensão das zonas mineralizadas,
assim como a forma de distribuição dos teores. Nesta fase, poderá fazer-se já uma
estimativa das reservas prováveis. Nota: Na Lunda, dava-se, a esta modalidade,
genérica de prospecção sistemática.
 Prospecção de desenvolvimento final, tendo, por finalidade, a delimitação correcta
dos jazigos, com o cálculo definitivo das suas reservas (reservas provadas), avaliando,

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com exactidão, a extensão dos depósitos, o quantitativo em diamantes, a constância e


regularidade na deposição dos cascalhos e a forma de distribuição dos teores.
Equidistância das amostragens A equidistância das amostragens difere nas três
modalidades de prospecção anteriormente discriminadas:
Tabela 3 - Tipos de Depósitos (adaptado de Monforte 1985)

Depósitos secundários Técnica Objectivo


Prospecção aluvionar – Malha Achado directo de
errática diamantes
Estratégica Fase I
Prospecção geral Prospecção aluvionar: Malha Descoberta de pontos
regular mineralizados com
Sistemática Fase II - 400mx60m-grandes rios 400m teores significativos
x30m – afluentes

Prospecção de Prospecção aluvionar: Controlo de sectores


Sistemática desenvolvimento inicial 200mx60m-grandes rios 200m mineralizados com
x30m -afluentes determinação dos teores
e avaliação preliminar
da constância,
regularidade e extensão
dos depósitos

Prospecção de Aluvionar: 50mx60m-grandes Delimitação dos jazigos


desenvolvimento final rios 100mx30m-afluentesfinal com determinação dos
Sistemática teores e avaliação final
da constância,
regularidade e extensão
dos depósitos.

Não é necessário passar da fase de prospecção geral à fase de desenvolvimento final, por
intermédio da prospecção de desenvolvimento inicial. Há casos em que se passa directamente
da prospecção geral a fase de desenvolvimento final, procedendo-se imediatamente ao
rodeamento dos poços, com teor igual ou superior ao teor-1imite, por outros poços e linhas,
em malha apertada (50 m x 60 m ou 100 m x 30 m).

Por vezes também se adopta a fase de prospecção de desenvolvimento inicial, Sem passar pela
de prospecção geral, em áreas de condições geológicas e estruturais particularmente
favoráveis. À conveniência de demarcar rapidamente uma área para exploração, sem
necessidade de definir as potencialidades totais do jazigo, justifica esta decisão.

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Com a definição de alvos e a prospecção preliminar seguimos para a etapa da confirmação


realçando os diversos horizontes das diversas litologias e determinação dos parâmetros
geológicos do potencial do depósito.

5.4.2 Aspectos Gerais da Modelação Geológica

Todas as variáveis que se encontram em um determinados volume ou espaço permitindo-nos


correlacionar quantitativamente, excluindo toda a informação não essencial designa-se
modelar.
O modelo geológico (MG) é a representação tridimensional dos objectos geológicos
observados e/ou inferidos num determinado volume, Desde então teve enorme expansão e,
actualmente, é aplicado aos mais variados domínios das Ciências da Terra e do ambiente para
a modelização de fenómenos espaciais a eles ligados (Soares, 2006) como, por exemplo,
depósitos minerais, reservatórios de hidrocarbonetos e sistemas aquíferos.
A caracterização e avaliação de reservas geológicas é normalmente baseada em sondagens,
desde a superfície até atravessarem o depósito. Nestas sondagens, são reconhecidas as
litologias e/ou mineralizações interessadas e as respectivas profundidades e possanças
Idealmente a avaliação de reservas compreende o cálculo das tonelagens de minério, estéril e
teores da variável de interesse económico. Por exemplo, antes da fase de exploração é
imprescindível possuir uma estimativa local (num suporte designado por bloco selecção) e
global dos respectivos comportamentos da tonelagem e valor médio de uma ou mais
características, às quais seja possível associar um benefício resultante da sua exploração.
Para o estudo de modelagem geológica, em função das dimensões também podem ser:
 1D: Poços, sondagens…
 2D: Mapas geológicos, secções geológicas, … formação geológica (polígonos) e
falhas (linhas).
 Mas uma formação geológica real é delimitada por uma (ou mais) superfície
3D… Isto pode-se representar nos MG3D.
Devido ao desenvolvimento tecnológico e computacional verificado nas últimas décadas já é
possível visualizar MG digitais 3D representado. Alguns softwares de modelação geológica
tridimensional permitem integrar de uma forma coerente diferentes tipos de dados, sejam:
 Modelos digitais de terrenos (DTMs)
 Dados de cartografia geológica (e geoquímica) de superfície
 Imagem de satélite/ fotografia aérea

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 Mapas, perfis de geofísica (sísmica, gravimetria, magnética...)


 Logs de sondagens
 Cortes geológicos, dados de ocorrência de sismos, geocronologia e litoestratigrafias,
etc…
A modelagem geológica é a parte preliminar e fundamental para o planeamento de Lavra.
Toda a parte que demanda investimentos toma por base o modelo geológico, seja para
melhorar o recurso geológico ou para se tomar uma decisão relativo aos investimentos em
infra-estrutura da mina.
O modelo deve reflectir à realidade de forma que seja possível prever a continuidade e teor
das camadas mineralizadas para que o planeamento consiga trabalhar com informações
sólidas. Os corpos mineralizados e muitas vezes também os estéreis, são modelados a partir
de um conjunto combinado de informações como mapeamentos geológicos e estruturais,
informações geofísicas de detalhe, poços, trincheiras e sondagens.
Em nível estratégico, quanto mais confiança se tiver nos resultados da modelagem geológica,
mais confiança se terá nas estimativas dos recursos geológicos, podendo-se obter recursos
indicados e medidos que permitiriam a obtenção das reservas minerais, aplicando-se os
devidos factores modificadores.
Em nível táctico e operacional, quanto maior o conhecimento geológico, mais segurança se
obterá na lavra e no controle do material produzido ou alimentado na planta de
beneficiamento, o que resultará em maior controle da qualidade dos produtos e da estabilidade
da produção, afectando positivamente os resultados económicos e financeiros dos
empreendimentos minerais.

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Figura 18 - Fluxograma ilustrando as etapas de modelagem geológica de depósitos minerais.

5.4.3 Fontes e Tipos de Dados

Existem diversas fontes de dados para modelagem geológica e planeamento de mina. Entre
estas se incluem dados de topografia, análises geoquímicas, litologia, além de informações de
mineralogia e de metalurgia. Esses dados são normalmente analisados usando-se métodos
padronizados, tais como:
 Relatório e listagens impressas
 Plotagem em plano e secção
 Análises estatísticas e geoestatística
 Apresentação gráfica interactiva.

Uma vez em formato digital, os dados são organizados em um sistema de planilha electrónica,
ou banco de dados comercial, ou ainda segundo um critério próprio do usuário.

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5.4.4 Análise e Validação de Dados

Qualquer uma das diferentes etapas sequenciais de modelagem geológica e planeamento de


minas pode utilizar dados originais do campo ou dados transformados e processados em
alguma outra etapa do processo sequencial. Isto significa que um sistema sofisticado de
gerenciamento de banco de dados, capaz de acessar dinamicamente o banco de dados em
diferentes situações, é uma exigência fundamental do Software de mineração.

5.4.5 Reformatação de Dados

Até há alguns anos, todos os principais sistemas de Software de mineração disponíveis no


mercado ainda possuíam formatos próprios de armazenamento de dados. Isso significava que,
mesmo que os dados estivessem estruturados e armazenados em formato digital, era
necessário transformá-los no formato de cada sistema em particular. Isso incluía processos
como a união de análises de laboratório com as descrições litológicas e conversão de todos os
dados a um formato tridimensional. No entanto, sistemas de nova geração já fornecem
ferramentas para o acesso dinâmico à base de dados externas, dispensando a necessidade de
armazenamento redundante de dados sob formato próprio.

5.4.6 Apresentação Interpretação Seccional dos Dados

A maior parte dos estudos de modelagem de jazidas é baseada na apresentação e interpretação


seccional de dados. Seguramente, diferentes depósitos geológicos têm métodos específicos
para sua interpretação inicial; no entanto, como é o caso da maior parte de depósitos a serem
lavrados por métodos de lavra a céu aberto, o principal método de interpretação geológica
inicial é o de secções verticais ou horizontais através dos dados de sondagens.

Uma vez que os dados foram correctamente projectados e apresentados graficamente, o


geólogo pode interpretar a geologia do corpo mineral em cada plano em particular. O
processo é repetido para todas as secções, sendo que cada uma delas irá conter uma ou mais
poligonais definindo a geologia de cada secção particular. Essa sequência de poligonais de
interpretação geológica será utilizada posteriormente para a modelagem geométrica da jazida.

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5.4.7 Modelagem de Superfície

A modelagem de superfície é feita normalmente através de Modelos Digitais de Terrenos. As


superfícies podem ser modeladas como DTMs por uma malha de triângulos, criada a partir de
pontos tridimensionais colectados através da superfície. Este é um método geralmente aceite
para representar superfícies e é extensamente utilizado pela indústria de Software tipo CAD
(Computer Aided Design). Em modelagem geológica, os DTMs são utilizados principalmente
na modelagem de superfícies topográficas e feições geológicas tipo fracturas, juntas e falhas.

A principal vantagem de se utilizar a representação de superfícies DTMs é o pequeno espaço


de armazenamento exigido por esse tipo de modelo, que possibilita também sua representação
gráfica de modo rápido e eficiente. Nem todos os tipos de superfícies são bem modelados
através de DTMs. Para modelagem correta de camadas e veios altamente fracturados,
normalmente é necessária uma frequência maior de pontos representativos das diferentes
superfícies a serem modeladas.

5.4.8 Modelagem Geométrica de Jazidas

A superfície envolvente de um corpo mineral pode ser modelada como uma malha triangulada
de pontos similar àquela utilizada para modelar superfícies por modelos tipo DTMs. O termo
técnico em inglês para definir este tipo de modelo é wireframe.

5.4.9 Modelagem de Blocos

Antes da informatização da modelagem de jazidas e de minas, era comum o emprego de


modelo em escala, muitas vezes feitos em madeira, para representar a geologia e os trabalhos
de lavra de uma mineração. O método mais popular e intuitivo de representar as variações nas
propriedades de uma jazida era o de dividir a região em blocos ou células tridimensionais e
alocar uma determinada propriedade (por exemplo, a litologia ou tipologia da rocha) a cada
bloco. Tradicionalmente, esse tipo, de modelo desempenhou o importante papel de auxiliar
geólogos e engenheiros de minas a visualizar a jazida e sua lavra.

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5.5 Método de Estimação para Modelagem de Superfícies

 Triangulação Linear
 Pares de dados são unidos por linhas rectas para formação de uma rede triangular
(triangular network);
 Uma equação matemática (algoritmo) é utilizada para ajustar uma superfície
através dos pontos de dados; vários algoritmos encontram-se disponíveis, mas os
mais utilizados são a triangulação linear e a de Delaunay.
 Pontos estimados de igual valor (isovalores) entre os dados medidos e
posicionados nos vértices dos triângulos são conectados para os intervalos
especificados.
Tabela 4 - Conceitos teóricos do método de Interpolação Triangulação Linear .

Vantagens Desvantagens

 Fácil de ser entendido  Valores acima ou abaixo dos valores reais


 Rápido não podem ser extrapolados.
 Fiel aos dados originais  Valores além da área de distribuição dos
 Bom para uma visualização rápida pontos amostrados não podem ser
 Superfície pode ser interpolada entre os extrapolados.
pontos amostrados.  Contornos podem ser 'angulares' nas bordas
dos triângulos.
 Gera superfícies angulares.
 Rede triangular não é única e isso pode
distorcer resultados.
Quando usar Quando não usar

 Distribuição de dados bem regular.  Ao se desejar um mapa com contornos


 Valores estimados necessários apenas dentro suaves
da área amostrada.  Alguns dados colectados em linhas e outros
 Presença de grandes diferenças entre os dados com distribuição irregular.
(encostas íngremes, dados de contaminação  Com grande volume de dados computação
com grande variabilidade) pode tornar-se lenta
 Dados topográficos

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5.5.1 Método do Inverso Ponderado Da Distância

 Mais utilizado dentre os métodos de distância ponderada;


 Método utilizado para interpolação e geração de MDTs (modelos digitais de
terreno);
 O peso dado durante a interpolação é tal que a influência de um ponto amostrado
em relação a outro diminui conforme aumenta a distância ao nó da grade a ser
estimado;
 Pontos amostrados de localização próxima ao nó a ser estimado recebem peso
maior que os pontos amostrados de localização mais distante.

Tabela 5 - Conceitos teóricos do método de Interpolação Inverso Ponderado da Distância.


Vantagens Desvantagens
· Fácil de entender matematicamente. · Muito difícil obter a localização precisa de uma
· Algoritmo bem conhecido e discutido determinada isolinha se os valores amostrados não
· Disponível em muitos softwares. contiverem este valor; é difícil projectar a curva de
· Utiliza pouco tempo de computação. altitude zero se os dados não contiverem zero ou
· É razoavelmente fiel aos valores amostrados valores negativos.
originais. · Influência de valores locais anómalos é
· Não estima valores de Zi maiores ou menores dificilmente removida; dados em clusters podem
que os valores máximos e mínimos dos dados; influenciar as estimativas de modo bastante
bom para estimativas de espessura, concentração tendencioso.
química e propriedades físicas. · Cria muitos artefactos, o que pode ser reduzido ou
· Muito bom para analisar variações de pequena eliminado se o raio de busca for reduzido, se a
amplitude (anomalias) entre os dados tendência for removida previamente e se ocorrer
irregularmente distribuídos. mudanças no expoente utilizado, no tamanho da
· Bom estimador para propósitos gerais. grade, no número de pontos utilizados e ponderação
direccional.
Quando usar Quando não usar
· Estimativas de propósito geral. · Dados agrupados
· Distribuição uniforme de dados. · Tendência pronunciada presente.
· Boa densidade de dados. · Dados com falhas e distribuídos de forma esparsa.
· Para destacar anomalias locais. · Não quiser artefactos.
· Para calcular volume em operações entre grids.

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5.5.2 Mínima Curvatura

 Contínua aos pontos de dados irregularmente distribuídos método segundo o qual


equações diferenciais ajustam uma superfície.
 São efetuados cálculos de derivação repetidamente até que seja alcançada uma
diferença (convergência ou tolerância) entre os valores amostrados e os
estimados, especificada pelo usuário, ou até que um número máximo de
interacções seja alcançado.
 Mapas gerados apresentam contornos muito suaves.
 Pelo menos um ponto amostrado em cada célula da malha tem seu valor
respeitado de forma fiel (honored).
Tabela 6 - Conceitos teóricos do método de Interpolação Mínima Curvatura.
Vantagens Desvantagens
· Superfície estimada é independente da distribuição · Superfície suave é gerada, quer realmente exista
dos dados e da presença de ruído ou não.
(noise). · Havendo dados próximos às bordas pode haver
· Superfície estimada é a mais suave entre as geradas geração de depressões ou picos nas bordas do
pelos outros algoritmos que ajustam superfícies aos mapa.
dados amostrados. · Formas estranhas (artefactos) podem surgir no
· Superfície é absolutamente fiel aos dados originais se centro das células que não contém pontos
houver apenas um valor amostrado por célula. amostrados e se um número insuficiente de
· Menor número de artefactos, com excepção das interacções for especificado.
bordas e interior de células sem amostragem.
· Capaz de estimar além dos valores máximos e
mínimo dos dados amostrados.
Quando usar Quando não usar
· Para suavizar dados altamente anómalos. · Quando a superfície a ser modelada possuir
· Para obter uma solução única. quebras bruscas, como por exemplo planaltos e
· Contornos fiéis aos dados originais. escarpas ou montanhas e pedimentos/leques
aluviais.
· Descontinuidades como falhas ou
inconformidades estiverem presentes.
· Estas formas podem ser modeladas por mínima
curvatura desde que sejam estabelecidos os
controlos adequados: muitas interacções e
pequena convergência; estas especificações
resultam em um tempo muito longo de
computação.

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5.5.3 Superfície de Tendência

 Podem ser obtidos contornos muito suaves. As isolinhas podem não ser fiéis aos
dados originais;
 A técnica é adequada para "remoção" de tendências e destaque de resíduos;
 Alguns artefactos indesejados podem ser gerados nas bordas e no interior do mapa
quando houver áreas sem dados amostrados e com a utilização de ordens
polinomiais elevadas.
Tabela 7 - Conceitos teóricos do método de Interpolação Superfície de Tendência.
Vantagens Desvantagens
· Uma única superfície é gerada. · Extrapola valores de Z para além dos limites da
· Fácil definição de parâmetros. área amostrada.
· A mesma superfície é gerada mesmo com · Anomalias locais não são vistas em mapas de
mudança na orientação da grade. superfícies de baixa ordem, porém podem ser
· Tempo para cálculo de superfícies de baixa destacadas em mapas para os resíduos.
ordem é baixo. · Utilização torna-se facilmente abusiva: a
· Contempla tanto as tendências regionais quanto tentação de especificar um ajuste de uma
anomalias locais. superfície de alta ordem pode ser maior do que o
· Estima valores acima e abaixo dos amostrados. bom senso quanto ao resultado.

Quando usar Quando não usar


· Número adequado de pontos amostrados estiver · Poucos dados, com distribuição irregular ou
disponível, sempre maior que o número de para uma superfície real com alta variabilidade
coeficientes da equação: local
· Ordem=1, coeficientes =2, pontos ≥ 3 · Pontos amostrados em clusters e valores de Z
· Ordem=2, coeficientes =5, pontos ≥ 5 altamente variáveis.
· Dados forem regularmente distribuídos. · Superfície for descontínua por falhas ou
· Como um "pré-processamento", para remover a inconformidades.
tendência regional antes de “krigar” ou estimar · Amplitude da superfície variar drasticamente ou
por IQD. erraticamente: anomalias locais de grande
· "Gerar" novos dados em áreas com dados variação.
esparsos.

5.5.4 Krigagem

 Método geoestatístico que leva em consideração as características espaciais de


autocorrelação de variáveis regionalizadas;
 Nas variáveis regionalizadas deve existir uma certa continuidade espacial, o que
permite que os dados obtidos por amostragem de certos pontos possam ser usados
para parametrizar a estimação de pontos onde o valor da variável seja
desconhecido;
 Ao ser constatado que a variável não possui continuidade espacial na área
estudada, não há sentido lógico em estimar/interpolar usando-se a krigagem;

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 Único meio disponível para se verificar a existência ou não de continuidade


espacial e, se houver, quais os parâmetros que caracterizam este comportamento
regionalizado, é a análise variográfica;
 É necessário um sistema de equações em matrizes, no qual são usados os
parâmetros variográficos, para a obtenção dos pesos a serem usados para o cálculo
do valor do ponto a ser estimado/interpolado;
 Quando um variograma é adequadamente elaborado, a estimativa por krigagem
resultante é reconhecida como sendo a estimativa linear melhor e não tendenciosa
(BLUE = best, linear, unbiased estimate).

Tabela 8 - Conceitos teóricos do método de Interpolação Krigagem.

Vantagens Desvantagens
· Parâmetros adequados de amostragem: número de · O usuário pode não compreender o uso dos
amostras, distribuição e densidade; controles matemáticos e apesar disto resultados
· Parâmetros adequados de busca: tamanho da área de são sempre obtidos.
busca, forma (circular ou elipsóide) e, se elipsóide, · É necessário tempo para preparo do variograma
orientação do eixo principal; e entendimento da geoestatística.
· Parâmetros adequados da grade: tamanho das células, · Pode não ser possível a construção de um
forma e orientação; variograma adequado devido à natureza da
· Natureza da distribuição espacial da variável variação espacial da variável analisada. Isto pode
investigada: uniformidade da distribuição, importância ocorrer devido à magnitude da amostragem e por
relativa da influência espacial x casual; erros analíticos.
· Se o variograma for apropriado controla a krigagem, · Requer longo tempo de computação para
com as seguintes vantagens: grupos de dados grandes ou complexos.
· Evita ponderação arbitrária dos pontos amostrados; · Necessidade de software capacitado.
· Precisão, contornos suaves, artefactos indesejáveis
raros a não ser nas bordas do mapa.
· Interpolador exacto: os valores estimados para os nós
das células é exactamente igual ao valor amostrado
naquela posição.
· Modela tanto tendências regionais quanto anomalias
locais.

Quando usar Quando não usar


· Estiverem presentes tanto tendências regionais · Menos de 30 pontos amostrados: número
quanto anomalias locais. insuficiente de pares para modelar o variograma.
· Anomalia local não presente em toda a área, por ex. · Erro grande e inexplicado (efeito pepita
em ambiente fluvial. pronunciado.
· Quiser estimar com base em uma média global.

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5.5.5 Conceitos de Malhas

Malha é um espaço aberto entre nós de rede. No caso dos nós estarem situados num plano,
como os nós se interligam por segmentos de recta, os espaços abertos entre eles tomam a
forma de polígonos planos, cujos vértices são os próprios nós da malha.
5.5.6 Malhas Regulares

São formadas por apenas um tipo de polígono regular, que podem ser o quadrado, o triângulo
regular e o hexágono regular.

Figura 19 - Tipos de malhas regulares.

1. A malha triangular é a mais densa de todas (maior número de vértices em uma mesma
área), o que pode ser avaliado considerando-se o somatório das áreas das figuras em torno de
um nó.
2. A malha quadrada é a que o homem mais utiliza em suas construções. O quadrado não é
muito estável, facilmente se deforma em um paralelogramo. Seu uso é tão antigo que uma
medida de área refere-se a "quadrados".
3. A malha hexagonal, utilizada pelas abelhas na construção das colméias, é a que mais
facilmente se adapta as formas curvas; sejam curvas planas ou espaciais. Um só hexágono é
menos estável que o quadrado, mas a malha hexagonal é quase tão rígida quanto a de
triângulos, com a vantagem de ser menos densa.

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5.5.7 Malhas Semi - Regulares

As malhas semi - regulares são formadas por combinações de polígonos regulares em torno de
um ponto (nó).

Figura 20 - Tipos de malhas semi - regulares.

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Capítulo VI
Apresentação e Análise de Dados

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6. APRESENTAÇÃO DOS DADOS

O estudo levado a cabo incide sobre o cálculo de recursos de diamantes de um depósito


aluvial localizado na região da Lunda Norte, Angola. A área de estudo tem a dimensão
aproximada de 40 ha e é envolvente o rio Tchicapa, Este local terá sido Prospectado durante
as décadas de 60 e 70 pela empresa DIAMANG.
Para efectuar a campanha de prospecção foram projectadas linhas, designadas de linhas de
base, ao longo das quais foram realizados poços e delimitados sectores de exploração. Estas
linhas de base são tendencialmente paralelas à direcção do rio Tchicapa (S-N) (Figura 20), e
justificam-se com o conhecimento de que os depósitos aluviais diamantíferos ocorrem
relacionados com a rede hidrográfica, tanto a antiga como a actual. Tal pode justificar-se com
uma possível concentração de pedras em redor destes tributários, descoberta durante uma fase
de prospecção anterior. Algumas linhas de base estenderam-se para além da área amostrada,
possivelmente para conhecer-se a extensão da Formação Calonda.
Os dados utilizados foram recolhidos durante campanhas de prospecção efetuadas nas décadas
de 60 e 70 do século passado. Foram efetuados 130 poços de prospecção de secção circular e
interpretados/representados os logs de sondagem. Para cada poço foram disponibilizados, uma
folha Excel com os seguintes itens: código do poço; código da linha de base; coordenadas X e
Y num referencial local; diâmetro e área do poço; espessuras de material atravessado, fazendo
distinção entre estéril e cascalho; rocha constituinte da camada de base; A localização dos
poços pode ser vista numa planta em papel à escala 1:2000 com a localização das linhas de
base, poços e principais linhas de água (Figura 21).
Dos 130 poços de sondagem, cinco foram interrompidos e não contribuem com informação.
Os restantes 125 poços perfuraram espessuras variáveis de estéril e cascalho até atingirem o
nível freático ou o substrato.

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Figura 21 - Planta da área de estudo, seguindo uma imagem da original da DIAMANG. Escala original: 1:2000.

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Figura 22 - Representação dos poços de sondagem enquadrados com as linhas de água principais e o limite da
malha de blocos. Cada poço está representado pelo número de intercalações estéril / cascalho .

O estéril é muito possivelmente proveniente de terrenos de cobertura e areias do Grupo


Kalahari e Grés Polimórfo. Os diamantes que nas camadas de cascalho resultaram de diversos
ciclos de remobilização sofridos pela Formação Calonda.
A actividade do rio Tchicapa e dos seus tributários terá libertado os diamantes da Formação
Calonda que viriam depois a ser concentrados e depositados no cascalho sobrejacente. O
substrato rochoso da camada base possui, em termos gerais, natureza cristalina sendo
composto essencialmente por rochas do tipo gnaisse (Valente et al, 1999).
6.1 Interpretação Seccional dos Dados Do Rio Tchicapa

A maior parte dos estudos de modelagem de jazidas é baseada na apresentação e interpretação


seccional de dados. Seguramente, cada depósito geológico tem método específico para sua
interpretação inicial.

Uma vez que os dados foram correctamente projectados e graficamente foi possível
interpretar a geologia do corpo mineral em cada furo de sondagem, isto é, da base ao topo.
Como por exemplo, as figuras abaixo mostram as descrições concernente a litologia de cada
furo de sondagem.
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Os logs das sondagens feitas na região de Tchicapa podem ser consultados no anexo nº1.
Neles estão contidas as informações respeitantes a litoestratigrafias atravessadas por
diferentes profundidades.

Descrição
Segundo a figura 22, demonstra a aquisição de uma sondagem
vertical designada por L027 compreendida desde a superfície até a
4 m de profundidade e caracterizou-se as respectivas unidades
litológicas:
 Na base é composta por gnaisses com uma profundidade de
4 á 4,2m.

 Posteriormente observamos uma camada de cascalho com


uma profundidade de 2,8 á 4m.

 No topo é composta por uma camada de estéril , desde a


superfície até uma profundidade de 2,8m.

Figura 23 - Ilustrando modelo de litológico 2D da Sondagem L027.

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Segundo a figura 23, demonstra a aquisição de uma sondagem


vertical designada por L040 compreendida desde a superfície
até a 3,8 m de profundidade e caracterizou-se as respectivas
unidades litológicas:
 Na base é composta por gnaisses com uma
profundidade de 8,8 á 9m.

 Posteriormente observamos uma camada de cascalho


com uma profundidade de 7,3 á 8,8m.

 No topo é composta por uma camada de estéril, desde


a superfície até uma profundidade de 7,3m.

Figura 24 - Ilustrando modelo de litológico 2D da Sondagem L040.

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6.2 Correlação das Secções Da Região de Lucapa (Tchicapa)

Em cada afloramento encontra-se apenas uma parte da história geológica de uma região.
Portanto, Correlacionar no sentido estratigráfico da palavra é reconhecer igualdade entre
pacotes de rochas separados no espaço, tanto quanto ao aspecto litológico e temporal. O
objectivo da correlação é reconhecer pacotes de rochas, pertencentes a um só corpo e
desenvolvidas em um mesmo intervalo de tempo, em condições similares, e que partilharam
de uma história comum.
Em função das secções apresentadas do depósito da região de Tchicapa, a nossa primeira
abordagem relativamente à disposição entre as diferentes entidades geológicas no subsolo foi
feita mediante a correlação lateral entre as sondagens, de modo a estabelecer-se um conjunto
de perfis litostratigráficos para entendermos a disposição dos matérias geológicos, bem como
compreender a extensão e verificar o potencial em mineralização do depósito da respectiva
área de estudo. Como ilustra as figuras abaixo, e outros resultados destas correlações
encontram-se no anexo nº2.

Figura 25 - Ilustração dos perfis do Deposito do Tchicapa

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Figura 26 - Perfil SW-NE das unidades litostratigráficas dos poços

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Figura 27 - Correlação litostratigráficas entre os poços do perfil SW - NE

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6.3 Modelos Digitais de Terrenos (DTMs)

Um DTMs representa o comportamento de um fenómeno que ocorre em uma região da


superfície terrestre (X,Y,Z). Esses modelos são obtidos a partir de uma amostragem do
fenómeno dentro da região de interesse. As amostras são processadas de forma a criar
modelos digitais que vão representar a variabilidade do fenómeno nessa região
(FELGUEIRAS,2002).
Os corpos mineralizados da região de Tchicapa foram prospectados através de sondagens
geológicas verticais. Para gerar o DTMs utilizado para análise da geomorfologia e declividade
neste presente trabalho, o primeiro passo foi a utilização das cotas para gerar as curvas de
níveis, seguidamente no Software Surfer 10 foi criado um arquivo Grid com base nos valores
das cotas da área de estudo. Utilizando-se do arquivo Grid obteve-se o MDT, superfícies em
3D a partir da interpolação dos pontos cotados, usando o método de interpolação Kringing.

Figura 28 - Modelo Tridimensional concernente a superfície da área de estudo

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6.4 Estatísticos Básicos


No desenvolvimento dos modelos morfológicos e de teores a 2D trabalharam-se três variáveis
distintas, duas morfológicas e uma de quantidade. Para o modelo morfológico foram definidas
duas variáveis: a espessura total de estéril e a Espessura total de cascalho. Estas variáveis
morfológicas foram calculadas somando as espessuras parciais, quer de estéril quer de
cascalho, identificadas em cada poço.
Para o desenvolvimento dos modelos de teores definiram-se, também, uma variável: Para
definir estas variáveis foi necessário calcular, previamente, o volume de material extraído de
cada poço de sondagem (área do furo multiplicada pela espessura de cascalho). Na tabela 8
mostram-se os estatísticos básicos destas variáveis e os respectivos histogramas.
Tabela 9 - Estatísticos Gerais dos parâmetros geológicos.
Espessura de Espessura de Teor %
Estatísticos de (m)….. estéril (m) cascalho (m)
Amostras Nº poços 130 130 130
Posição central Media 5,70 0,90 0,17
Mediana 4,87 0,75 0,05
Mínimo 0 0 0
Máximo 18,2 4,1 1,75
Dispersão Desvio Padrão 4,07 0,66 0,45
Coeficiente
Variação 0,54 0,43 0,20
Q3 – Q1 0,31 4,63 70,53
Assimetria Coeficiente 0,92 1,79 7,60
assimetria

Os estatísticos básicos mostram que:


- As espessuras de estéril são superiores às espessuras de cascalho, da ordem das 6 vezes,
sendo a espessura de estéril mais elevada de 18,2 metros e a espessura de cascalho de 4,1
metros;
- Os coeficientes de variação (medida da dispersão) são praticamente iguais para a espessura
de estéril e espessura de cascalho, Estes valores são indicativos da qualidade da estimação que
é esperada para estas variáveis;
- As leis de distribuição destas variáveis são todas assimétricas positivas, sendo a variável
espessura de cascalho mais assimétrica.

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Figura 29 - Histograma simples, referente às variáveis do modelo 2D ¬ Espessura de Estéril

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Figura 30 - Histograma simples, referente às variáveis do modelo 2D: Espessura de Cascalho.

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Figura 31 - Histograma simples, referente às variáveis do modelo 2D: Teor.

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6.5 Método Utilizado para Delimitação dos Blocos

O método utilizado para delimitação dos blocos foi o da área de influência, pois este é
aplicado em depósitos irregulares, com um coeficiente de variação alto. O método permite
fazer amostragem nos canais e não só.
•Empregado em depósitos onde fica fácil a abertura de poços em malha regular.
•Cada amostra tem uma área de influência no interior da qual, o minério permanece com as
mesmas características da amostra.
Concluída esta fase fez – se a divisão em blocos para maior rentabilização do depósito e
também a comparação da delimitação feita pela empresa Diamang com um cut off de 0,30 na
época considerado rentável, pois nesta época também é rentável cut off de até 0,20.

Figura 32 - Mapa dos Blocos da Área de Estudos

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Os resultados aqui apresentados foram obtidos aplicando as seguintes equações:

6.1

Com esta equação foi possível calcular as espessuras totais de estéril dos blocos
índidualizados para uma melhor visualização.

6.2

Esta equação permitiu nos calcular as espessuras médias totais dos cascalhos para melhor
compreensão da espessura em subsuperficie.

6.3

Expressão usada para o cálculo dos teores médios ponderados.


Tabela 10 – Apresentação dos parâmetros geológicos dos blocos delimitado da área de estudo

Espessura Espessura de Teor médio do Área do


Bloco de estéril cascalho (m) bloco % bloco
(m) m
Bloco da Diamang 72,15 19,15 0,3 104 056
Bloco A 4,24 0,98 0,18 71 948
Bloco B 5,7 0,56 0,22 21 277
Bloco C 4,8 1,3 0,23 27 663
Bloco D 5,8 0,9 0,23 23 157
Total 0,21 144 042

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6.6 Modelo 2D

O modelo 3D é o objectivo principal deste estudo, no entanto, o caso de estudo inicia-se pela
realização de um modelo a 2D por IDW que tem como objectivo fornecer valores globais que
serão utilizados como referência e comparação dos resultados a obter pelo modelo 3D.
Compreende dois submodelos, um para a morfologia e outro para os teores.

6.7 Modelo morfológico

O modelo morfológico a 2D do depósito foi construído por estimação das variáveis espessura

total de estéril e espessura total de cascalho. Na figura 32 mostram-se em planta estes valores

na localização dos poços. Parece existir uma tendência para que as espessuras de estéril e as

espessuras de cascalho sejam mais baixas na proximidade das linhas de água, e cresçam com

o aumento da distância em particular para oeste. Esta tendência não é todavia consistente.

Figura 33 - Distribuição espacial dos poços legendados em função da espessura total de estéril (esquerda) e
possança total de cascalho (direita).

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Figura 34 - Imagens estimadas pelo método de interpolação Inverso do Quadrado da Distância (IDW) das
variáveis espessura de estéril e Espessura de cascalho.

Estes mapas mostram que os valores de espessura mais baixos ocorrem na proximidade das
linhas de água, em particular o Rio Tchicapa. Relativamente à espessura de estéril, os valores
mais elevados ocorrem em pelo menos quatro localizações pontuais; já relativamente à
espessuras de cascalho, os maiores valores ocorrem nas regiões mais a sul.

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6.8 Modelo de teores

A fase seguinte do modelo a 2D passa por estimar a variável teor do poço. Tal como descrito
no capítulo da metodologia, como esta variável é quantificada para espessura de cascalho
diferente em cada poço, a estimação deve ser feita para a variável auxiliar acumulação; após a
estimação, os mapas estimados desta variável acumulação são divididos pelo mapa estimado
da espessura de cascalho, tendo como resultado o mapa de teores na localização dos poços
depois da interpolação.

Figura 35 - Mapa 2D mostrando os teores ao longo do Deposito

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Figura 36 - Modelo 3D de Teores da Área de Estudo

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6.9 Cálculo de estimação de recurso do depósito da respectiva área de estudo

O cálculo do recurso foi feito levando em consideração que os valores estimados poderão
apresentar variações em relação aos valores reais, devido a solução adoptada para pesquisa do
depósito mineral. Assim, permitindo estimar o volume das unidades litostratigráficas e a
respectiva massa do depósito. Os valores foram calculados directamente pelo Software
utilizado para desenvolvimento do trabalho, tendo para isso bastando dar-lhe como input a
densidade dos matérias, que foram retiradas do relatório geológico disponibilizado pela
Empresa Somipa – SA e que se mostram nas seguintes tabelas:
Unidades Espessura Volume Massa Volumétrica
Litostratigráficas (m) (kg)
Estéril 18,2 5 810 800 200 472, 6
Cascalho 4,1 842 375 29 061, 9

Posteriormente elaborou-se modelos para cada unidade litostratigráfica, de modo que reflicta
as mesmas camadas no bloco. Esses resultados podem ser vistos nas posteriores figuras.

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Figura 37 - Modelo litostratigráfico do estéril da área de estudo

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Figura 38 - Modelo litostratigráfico do cascalho da área de estudo

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Figura 39 - Modelo Litostratigráfico de estéril e cascalho 3D da Área de Estudo

Assim, conhecendo os respectivos dados agrupados na tabela 9 e aplicar as respectivas


formulas, obtiveram as reservas das camadas mineralizadas.

Volume Teor médio Reserva da mineralização (t)

(g/ t) (

538717,08 0,21 117 170,96

Tabela 11. Diferentes parâmetros para cálculo de Reserva

Segundo a tabela acima, indica que o depósito de diamante da região de Tchicapa contém um
recurso estimado de 117 170,96t para camada mineralizada.

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Tabela 12 - Comparação das Abordagens

Abordagem Volume Recurso


Bloco Diamang 1 992 672,4 597 801,72 t

Métodos Computacionais 6 653 175 1 131 039,75 t

Métodos Convencionais 538717,08 117 170,96t

A estimativa de recursos feita pela Diamang obteve um volume de 1992672,4 e uma


reserva estimada de 597801,72t, com um teor médio ponderado de 0,30 pois nos anos 50 e 60,
os custos de produção eram muito altos.
A estimativa de recursos por métodos computacionais foi feita com um teor de 0,17 pois se
fez com todos os poços, e obtivemos um volume de 6 653 175 e uma reserva estimada de
1 131 039,75 t. O método computacional fornece informação fiáveis, podendo a mesma ser a
2D ou 3D.
A estimativa de recursos por métodos convencionais obteve – se um volume de 538717,08
e um recurso estimado de 117 170,96t, pois este método não apresenta grandes diferenças
com o método computacional se não só na sobrestimava dos recursos e ser mas demorado.

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Capítulo VII
Conclusões e Recomendações

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7.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os volumes obtidos nos modelos a 2D e a 3D representados nas figuras 36 e 37 estão em


linha com o que é razoável neste tipo de depósitos aluvionares, onde um mineral muito
valioso está fortemente disseminado. O fato de a proporção entre o estéril e o cascalho rondar
as 6x não torna, de forma alguma, o depósito desinteressante do ponto de vista económico,
visto que se trata de um depósito diamantífero Neste capítulo, apresenta-se e discutem-se os
principais resultados obtidos durante a modelagem geológica do respectivo depósito de
Diamante da área em estudo.
O depósito de diamante da região de Tchicapa foram lhe atribuídas duas unidades
litostratigráficas, como Estéril, e Mineralização (cascalho). Estas unidades foram definidas a
partir do compósito que se fez das camadas litológicas em função da espessura muito ínfima
obtidas por cada furo de sondagem. Segundo o modelo litostratigráfico do depósito, a
primeira unidade litostratigráfica estéril, aflora a superfície do depósito ocupando uma
espessura máxima de 18,2 m, Quanto a camada de mineralização apresenta uma espessura de
máxima 4,1 m contendo camadas de cascalho.
Em relação aos teores médios obtidos, os gráficos de correlação por cada furo de sondagem
mostram que existe uma dispersão entre o teor e a mineralização, porque quanto maior for o
teor numa amostra menor é a sua espessura em cascalho.
O método interpolativo usado para estimar os teores de diamante em cada bloco dos modelos
de teores foi igualmente o Inverso do Quadrado da Distância.

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7.2 Conclusões

A realização do presente trabalho permitiu chegar as seguintes conclusões:


 Para viabilizar a elaboração do ML3D do depósito de diamante da região de Tchicapa,
foi necessário obter um número de dados de sondagens suficiente que caracterize a
área, cedidos pela empresa Somipa - SA.

 O Modelo Litostratigráfico da área de estudo é composto por duas unidades


litostratigráficas que, no total, compreendem um volume de 6 653 175 e uma
massa volumétrica de 229 534, 53 kg. Das unidades existentes as de maiores
interesses são as mineralizações (cascalho) que representam uma espessura de 3,74 m
e volume total de 538717,08 e um recurso de 117 170,96t.

 De acordo com os dados estatísticos aqui obtidos, o teor no conjunto das sondagens é
cerca de 0,21 ct/m. Os modelos tridimensionais que reflectem as distribuições dos
teores na área de estudo, comparando os estatísticos dos dados originais (0,30) com a
dos blocos individualizados verificam – se, de facto, que não persistem grandes
diferenças entre os valores de uns e outros.

 Os volumes totais de estéril são cerca de 6x superiores aos volumes totais de cascalho,
concretamente no caso dos valores estimados as proporções de estéril e cascalho são
77,85% e 22,15%, respectivamente;

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7.3 Recomendações
Após a elaboração do trabalho, face as dificuldades encontradas recomendam-se:

 Que os modelos tridimensionais sejam aplicados em diferentes ramos dos estudos da


terra, de um modo especial na fase de prospecção dos recursos com certo interesse
económico.

 Que se façam o modelo geológico com outro Software profissional, por exemplo S-
GEMS, RECMINE ou DATAMINE de modo que seja mais detalhado o modelo
tridimensional da área de estudo devido algumas limitações do Software Rockworks16
na interpolação dos dados de sondagens.

 Que se façam estudo de viabilidade económica dos recursos geológicos da área de


estudo, com objectivo de conhecer se o jazigo é economicamente rentável ou não.

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7.4 Referências Bibliográficas


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Anexos

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Anexo 1. Descrição litológica e as respectivas profundidades.

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Anexos 2. Correlação entre as sondagens do depósito do Tchicapa.

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