Levantamento de Carga Térmica Das Salas Do Anexo 2 - TCC
Levantamento de Carga Térmica Das Salas Do Anexo 2 - TCC
Levantamento de Carga Térmica Das Salas Do Anexo 2 - TCC
SÃO MATEUS-ES
2018
FABRÍCIO MAIA SILVA
SÃO MATEUS-ES
2018
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)
75 f. : il. ; 30 cm.
CDD 22 – 621.56
Thermal comfort is the state of mind that expresses man's satisfaction with the
surrounding thermal environment and it is important to avoid unpleasant symptoms in
the occupants. One way to guarantee thermal comfort in the environment is to use an
air conditioner. The efficiency of air conditioning allows occupants satisfaction, a best
human performance in their activities and the energy saving. The aim of this work is to
carry out a survey about the thermal load of Anexo 2 of Ifes - São Mateus Campus,
which already has an air conditioning system installed since the implementation, but
since there were changes in the building plan, a new analysis of the thermal load to
check if the air conditioning system installed is the most suitable In order to perform
the calculation. It was previously necessary to obtain the site plan and essential
information that influences the thermal load as occupancy rate, equipment, internal
area, ceiling height, etc, besides defining the external and internal conditions of the
place. With the information collected it was possible calculate the thermal load survey
according to the bibliographies consulted. After calculations, it was possible to notice
that the installed capacity is appropriated to the demand in almost all the rooms, with
the thermal load due to the renovation of the air having greater participation in the total
thermal load, which can be explained by the exhaust fans present in the rooms having
a flow rate higher than that required.
1 INTRODUÇÃO 13
1.1 OBJETIVOS 16
1.1.1 Objetivo Geral 16
1.1.2 Objetivos Específicos 16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 17
2.1 PRINCÍPIOS DE REFRIGERAÇÃO 17
2.2 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO 18
2.3 CONFORTO TERMICO 23
2.4 PSICROMETRIA 27
2.5 CARGA TÉRMICA 27
3 ESTUDO DE CASO 36
4 METODOLOGIA 38
4.1 CÁLCULO DA CARGA TÉRMICA 39
4.1.1 Carga térmica de insolação em janelas 39
4.1.2 Carga térmica de condução em paredes 41
4.1.3 Carga termica no telhado 43
4.1.4 Calor por ocupação 44
4.1.5 Calor por iluminação 45
4.1.6 Calor por equipamentos elétricos 46
4.1.7 Calor por renovação de ar 48
4.1.7.1 Calor por infiltração 48
4.1.7.2 Calor por ventilação 49
4.1.7.2.1 Calor por ventilação com vazão mínima de ar exterior aceitável 49
4.1.7.2.2 Calor por ventilação com a vazão dos exaustores instalados no Anexo 2 50
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 53
5.1 CARGA TÉRMICA TOTAL 53
5.2 COMPARATIVO ENTRE CAPACIDADE INSTALADA E REQUERIDA 57
5.3 COMPARATIVO ENTRE CARGA TÉRMICA COM VAZÃO MÍNIMA DE
RENOVAÇÃO E VAZÃO DOS EXAUSTORES 58
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 62
REFERÊNCIAS 64
APÊNDICE A – CÁLCULO DA RESISTÊNCIA TÉRMICA DA PAREDE 68
APÊNDICE B – CÁLCULO DA RESISTÊNCIA TÉRMICA DO TELHADO 69
ANEXO A – TABELAS USADAS PARA O CÁLCULO DE CARGA TÉRMICA 70
ANEXO B – PLANTA BAIXA DO ANEXO 2 75
ANEXO C – PLANTA BAIXA ATUAL DO ANEXO 2 76
13
1 INTRODUÇÃO
De acordo com ASHRAE (2017), conforto térmico é o estado da mente que expressa
satisfação do homem com o ambiente térmico que o circunda, avaliado
subjetivamente. Não está relacionado apenas com a temperatura do ar, leva também
em conta vários outros fatores, como a temperatura ambiente, velocidade do ar,
umidade, isolamento do vestuário e calor metabólico.
No que se refere ao terceiro fator, pela questão de economia de energia deve-se evitar
refrigeração acima da necessária. De acordo com Lamberts, Dutra e Pereira (2014),
o ar condicionado é responsável por boa parte dos gastos de energia elétrica de um
ambiente, com tendências a crescer devido ao aumento da popularização dos
aparelhos de ar condicionado. Enquanto que em residências o ar condicionado
representa cerca de 20% dos gastos com energia, esse valor atinge cerca de 48% do
15
De acordo com ABNT(2008), na primeira parte da NBR 16401, a carga térmica deve
ser calculada ainda na fase de projeto do local, entretanto, se houver alterações na
planta do projeto, é necessário que haja um novo cálculo de carga térmica a fim de
verificar se o sistema projetado continua atendendo às necessidades do ambiente,
sem superdimensionamentos nem subdimensionamento, permitindo após a análise
dos cálculos indicar quais as características apropriadas para cada equipamento e
permita os ajustes necessários.
Essa particularidade pode ser observada no Anexo 2 do Ifes – Campus São Mateus,
que já possui um sistema de ar condicionado implantado, porém houve alterações na
planta do prédio de caráter estrutural e ocupacional, demandando uma nova análise
térmica para verificar se o sistema de ar condicionado presente é o mais adequado,
garantindo que mesmo sob novas condições, o modelo implantado continua
atendendo.
16
1.1 OBJETIVOS
Calcular a carga térmica das salas do Anexo 2 do Ifes – Campus São Mateus.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Pelo que Moran e Shapiro (2009) dizem a respeito da Primeira Lei da Termodinâmica,
sobre conservação de energia em um sistema térmico em equilíbrio, o somatório de
energia na entrada, é igual ao somatório de energia que sai, sendo calor e trabalho
equivalentes. Ou seja, entra uma certa quantidade de calor num sistema, saindo
trabalho e outra quantidade de calor, que somados são iguais ao calor de entrada.
eficiência que podem ter. O Ciclo de Carnot é o ciclo reversível mais conhecido em
máquinas térmicas. Por ser reversível, pode ser usado para sistemas de refrigeração,
se invertido o sentido. O ciclo de Carnot de refrigeração, mostrado na Figura 3, é
composto por quatro processos:
De acordo com Miller e Miller (2008), ciclo de refrigeração por absorção possui a
particularidade de utilizar o calor como fonte de energia e necessitar de dois fluidos,
um refrigerante para remover calor do ambiente através da evaporação, e o
absorvente, que vai absorver vapor do refrigerante. Possui a vantagem de ser
silencioso e poder usar energia térmica residual de processos, porém possui um
elevado consumo energético.
Creder (2004) ainda indica que o sistema de refrigeração termoelétrico utiliza dois
materiais diferentes em contato, partindo da propriedade de que circulando uma
corrente elétrica entre eles, haverá uma diferença de temperatura. É silencioso, leve
e compacto, comparado aos outros sistemas de refrigeração, porém, possui um baixo
rendimento.
Para se avaliar o conforto térmico, Frota e Schiffer (2001) estima que existem três
dezenas de índices de conforto térmico, com a escolha do índice a se usar estando
relacionada com as condições ambientais e atividade desenvolvida pelo indivíduo.
De acordo com Pirani [20--], os primeiros a estudar a noção de conforto térmico foram
os irmãos Olgyay, estabelecendo relação entre conforto fisiológico, clima e
arquitetura. Suas pesquisas geraram o diagrama bioclimático de Olgyay, mostrado na
Figura 09, que relaciona temperatura do ar e umidade relativa, criando uma zona de
conforto entre eles.
Pode-se usar como referência também para aferir o conforto térmico o Voto Estimado
Médio (Predicted Mean Vote), formulado por Fanger prevendo o voto médio de um
grupo de pessoas presentes no ambiente, numa escala de sete pontos para avaliar a
25
Outro método que pode ser usado são as zonas de conforto de Givoni, mostradas na
Figura 10, em função de temperatura de bulbo úmido, temperatura de bulbo seco,
pressão de vapor e umidade relativa. Este método é baseado na carta psicrométrica,
possuindo cinco zonas, sendo a zona A representando conforto térmico e as outras
quatro em que o conforto pode ser atingido com retirada ou adição de calor ou
umidade.
2.4 PSICROMETRIA
Segundo Creder (2004), a carga térmica representa a quantidade de calor que deve
ser retirado ou colocado no recinto, por unidade de tempo, para que haja conforto
térmico aos ocupantes e é fator determinante no projeto, visto que é base no
dimensionamento e escolha dos equipamentos que realizarão a refrigeração do
sistema.
Carrier Air Conditioning Company (1980) ainda menciona que para que a estimativa
de carga térmica seja o mais preciso e completo, é necessário conhecer uma série de
aspectos físicos como:
● Orientação do edifício;
● Destino do local;
● Dimensões do local;
● Altura do teto;
● Materiais de construção;
● Condições externas do ambiente;
● Janelas e portas;
● Ocupantes;
● Iluminação;
● Motores;
29
● Equipamentos eletrônicos;
● Ventilação;
● Etc.
Dossat (2004) informa que raramente a carga térmica é resultante de alguma fonte de
calor particular, sendo a soma de várias fontes de calor como:
Carrier Air Conditioning Company (1980) apresenta tabelas para cada latitude, em
função da orientação do sol e do horário, com fatores que ao se multiplicar pela área
da superfície, representam a carga térmica de insolação para uma determinada
superfície de vidro. Uma tabela para a latitude 20º Sul pode ser vista na Tabela A3 do
Anexo A.
para janelas com esquadrias de metal, o valor encontrado na tabela deve ser
multiplicado por 1,17.
Já para calcular a taxa de fluxo de calor transferido por condução através das paredes,
se usa a equação geral de transmissão por condução descrita na Equação 1, em que
de acordo com Incropera et al. (2008). Para cálculos de carga térmica em paredes
compostas por diferentes materiais, utiliza-se um coeficiente global de transmissão de
calor U, correspondente à condutividade térmica, decorrente das resistências que
cada material faz ao fluxo, levando à Equação 2. As resistências usadas nos cálculos
são os inversos das condutividades dos materiais, encontradas em na Tabela A1 e
Tabela A2 presentes no Anexo A. O calor gerado através condução em pisos, segundo
Creder (2004), deve ser desconsiderado dos cálculos quando o piso estiver no térreo,
não apresentando diferença de temperatura.
Quanto ao calor transferido por superfícies opacas voltadas para o sol, Creder (2004)
mostra a Tabela A5 presente no Anexo A, com um acréscimo ao diferencial de
temperatura baseado na cor da superfície e orientação em relação ao sol, para ser
usado na equação de transferência de calor por condução, resultando na Equação 3
para superfícies com apenas um material e a Equação 4 para materiais diferentes,
que resulta no calor transferido por condução e irradiação.
𝐴𝑘(𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 )
𝑞= (1)
𝑥
𝑞 = 𝐴𝑈(𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 ) (2)
𝐴𝑘(𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 + ∆𝑇)
𝑞= (3)
𝑥
Todo ser humano gera calor sensível e calor latente, através do mecanismo
termostático que atua sobre o metabolismo, mantendo a temperatura do corpo
constante. A carga devido à ocupação das pessoas, pode ser estipulada conhecendo-
se o número estimado de pessoas no ambiente, através de uma tabela encontrada na
NBR 16401-1 (2008) em função da atividade desempenhada por essas pessoas. Pode
ser observada na Tabela A6 no Anexo A.
Creder (2004) diz que a carga térmica gerada por iluminação, corresponde à potência
da lâmpada, para o caso de lâmpadas incandescentes. Para lâmpadas fluorescentes,
equivale à potência da lâmpada acrescida de 20 %, correspondente à carga devido
ao reator.
Quando não é possível conhecer a potência das lâmpadas, deve-se consultar a NBR
16401-1, que apresenta uma estimativa de potência dissipada por metro quadrado em
função do tipo de local que é avaliado (ABNT, 2008).
Já a carga térmica gerada por equipamentos elétricos, quando não estipulada por
informação do fabricante, deve ser adotada pelos valores encontrados nas tabelas da
NBR 16401-1, mostradas na Tabela A7 e Tabela A8 no Anexo A.
O fluxo de ar externo que entra para o edifício através de frestas nas portas, janelas
e outras aberturas é chamado de infiltração, que adiciona carga térmica ao ambiente
na forma de calor sensível e calor latente. Apesar de não poder ser calculado com
exatidão, pode ser estimado pelo método das frestas, com o calor sensível expresso
na Equação 5, o calor latente na Equação 6, e o fluxo de ar mostrado na Tabela A9
no Anexo A.
𝑞𝑠 = 0,29𝑄(𝑇𝑒 − 𝑇𝑖 ) (5)
Em que:
𝑉𝑒𝑓 = 𝑃𝑧 𝐹𝑝 + 𝐴𝑧 𝐹𝑎 (7)
𝑉𝑒𝑓
𝑉𝑧 = (8)
𝐸𝑧
Em que:
ar por ventilação, sendo responsável por 76,62% da carga térmica total da sala, com
a eficiência da distribuição do ar tendo grande eficiência sobre a carga térmica.
Bedin, Nogueira e Jesus (2012), propõem em sua pesquisa realizar uma análise da
potência necessária dos equipamentos de condicionamento de ar, através do cálculo
de carga térmica, para os ambientes de um apartamento residencial na cidade de
Cascavel, comparando-os posteriormente com a potência dos equipamentos
sugeridos pela construtora. Os resultados da pesquisa indicam que os equipamentos
sugeridos pela construtora possuem potência acima da proposta pela pesquisa, que
também constata que os maiores responsáveis pela carga térmica são as janelas do
apartamento.
3 ESTUDO DE CASO
O Instituto Federal do Espírito Santo – Campus São Mateus fica localizado as margens
do km 58 da BR 101, no bairro Litorâneo, como mostrado na Figura 12, servindo como
escola de ensino médio, além de cursos técnicos e graduação de engenharia
mecânica. É composto por um prédio principal ainda em construção, pelo Galpão, pelo
Anexo 1 e Anexo 2.
A Figura 13, mostra em destaque o Anexo 2, que será objeto deste trabalho, um prédio
de um pavimento localizado atrás do Anexo 1, inaugurado em 2016 e passando por
pequenas alterações em seu projeto inicial desde então. Possui 1156m², contendo:
● 5 salas de aula;
● 5 salas de coordenação;
● 7 laboratórios;
● 4 banheiros.
4 METODOLOGIA
Como primeira etapa para o cálculo de carga térmica do recinto, foi necessário obter
a planta do local e colher informações vitais para o cálculo como taxa de ocupação,
iluminação, fontes de calor e outras já citadas anteriormente. A planta foi obtida
através da Coordenadoria de Engenharia e Manutenção da instituição e se encontra
no Anexo B, sendo que a mesma se encontrava desatualizada. Foi preciso ao autor
fazer pesquisa de campo para conferir a situação do Anexo 2 e fazer as alterações
necessárias. A planta atualizada se encontra no Anexo C. Com a planta atualizada foi
possível obter informações referentes à tipo e área de janelas, pé direito, área de cada
sala, materiais usados na construção do prédio, dimensão e materiais de telhado, tipo
e dimensões de portas e demais parâmetros necessários ao cálculo.
Para as condições externas foi usado como referência os dados encontrados pela
Estação Meteorológica de Observação de Superfície Automática localizada em São
Mateus - ES e fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia – INMET. Foi
observado o período de um ano, em que a temperatura máxima encontrada foi em
06/03/2018, de 34,8ºC, com umidade relativa de 72%. Foi usada a temperatura
máxima encontrada, atendendo a pior solicitação de temperatura para garantir que o
sistema de ar-condicionado atenda à todas as temperaturas e por ser esse um período
letivo.
Como o Anexo 2 do Ifes é composto por vários ambientes, cada um com uma
finalidade diferente e consequentemente com uma demanda diferente por
refrigeração, realizou-se o cálculo de cada sala separadamente.
39
Após colher as informações do local, foi calculada a carga térmica de cada sala e
laboratório do Anexo 2, conforme a bibliografia consultada e apresentada neste
trabalho, sendo o cálculo dividido em:
Para garantir que a pior situação para insolação será retratada no cálculo, deve-se
utilizar os maiores valores encontrados na tabela para cada orientação. Como o Anexo
2 possui paredes voltadas para o norte, sul, leste e oeste, os valores tomados para
cálculo serão:
40
Como as janelas do Anexo 2 são todas de vidro com esquadrias de alumínio, deve-se
multiplicar por 1,17, então os valores usados serão:
Todas as salas do Anexo 2 possuem pé direito de 3,6 metros, com uma ou duas
paredes voltadas para o sol e as demais voltadas para outras salas ou corredor. Já as
portas são de madeira com espessura de 3 cm e k: 0,15 W/m ºC, voltadas para o
corredor e transmitindo calor por condução, assim como as paredes não expostas ao
42
sol. A Tabela 4 apresenta a área da porta e das paredes de cada sala, conforme a
sua orientação.
𝑈 = 2,3017 𝑊/(𝑚2 ℃)
Antes do calor recebido pelo telhado chegar ao ambiente refrigerado, passa por uma
camada de ar e por um forro removível AMF em fibra mineral de 62,5x62,5x5 cm,
totalizando um coeficiente global de transmissão de calor de 0,1956 W/m² ºC. Os
44
Também foi preciso definir o nível de atividade segundo a NBR 16401-1, sendo
escolhido como o nível sentado em trabalho leve e parado em pé em trabalho
moderado, que resultam respectivamente em valores ajustados de calor de 115 W e
130 W por pessoa. Assim, a Tabela 7, mostra a estimativa de pessoas por ambiente
e o calor gerado no mesmo.
45
Já para a carga térmica gerada por equipamentos elétricos foi necessária análise
minuciosa em cada ambiente sobre os principais equipamentos usados
frequentemente e significativos no cálculo de carga térmica, sendo os principais os
equipamentos de escritório como projetores, computadores e monitores.
Foi observado que dois laboratórios e todas as salas de aula possuem um projetor de
200 W de potência, assim como quase todas as salas dispõem de computadores e
monitores, ambos com dissipação de calor de 55 W de acordo com a NBR 16401-1.
Para o calor por infiltração, foi acertado que as portas apresentavam frestas na parte
inferior, superior, dos lados e na junção das duas partes, no caso das portas de 1,60
metros. As janelas não apresentam frestas, já que apresentavam vedação, impedindo
a passagem de ar.
Usando uma carta psicrométrica, foi possível encontrar a umidade especifica dos
ambientes internos e externo para calcular o ganho de calor devido à infiltração por
frestas. Para o ambiente interno em conforto térmico com temperatura de 24ºC e
umidade relativa de 60%, foi encontrado 0,015 kg/kg de ar seco e 0,024 kg/kg de ar
seco para o ambiente externo com temperatura de 34,8ºC e umidade relativa de 72%.
Para calcular o calor por ventilação com a vazão mínima de ar aceitável, com a área
interna de cada ambiente e taxa de ocupação já conhecidas, primeiro foi preciso
definir, pela Tabela A10 encontrada na NBR 16401-3, os valores de vazão por pessoa
e de vazão por área, de acordo com o tipo de ambiente. Foram escolhidos os valores
de vazão de nível 1, para garantir o nível mínimo da vazão, com valores para salas de
aula e laboratórios de informática já informados. Para as coordenações foram
considerados os valores para escritório com media densidade e para demais
laboratórios foi tomado os valores de laboratório de ciência.
Para a carga devido à renovação de ar, deve-se tomar o maior valor dentre o calor
vindo por infiltração e ventilação. Com exceção à sala da CAM, em todas as salas o
calor vindo por renovação de ar será o calor devido à ventilação. A Tabela 12 mostra
a carga térmica devido à renovação de ar.
4.1.7.2.2 Calor por ventilação com a vazão dos exaustores instalados no Anexo 2
de bocais em cada sala, com a vazão de exaustão em cada uma, assim como o calor
sensível e latente, calculados pela Equação 5 e Equação 6, e o calor total recebido
através da ventilação com a vazão dos exaustores.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como pode ser observado, a renovação do ar é responsável pela maior parte da carga
térmica nas salas que possuem exaustores, como já observado nas pesquisas de
Rocha e Almeida (2010) e Leiros (2018), chegando à 66,30% no Laboratório de
Metrologia. Isso pode ser explicado pela excessiva vazão dos exaustores, acima da
necessária, provocando um maior consumo energético para refrigerar o ambiente, já
que a carga térmica é maior.
O segundo fator mais relevante na carga térmica total, na maioria das salas, é a
ocupação, ficando entre 20% e 30% em todas as salas de aula e em alguns
laboratórios. O alto valor tem origem no fato de que as salas de aula e laboratórios
possuem as maiores taxas de ocupação, diferente das coordenações.
56
A carga térmica de insolação em janelas, diferente do que diz Creder (2004), Bedin,
Nogueira e Jesus (2012) e Li (2011), apresenta baixa contribuição na carga térmica
total, menos de 10%, com exceção às salas que possuem mais janelas, com janelas
voltadas para leste e oeste, orientações com maior incidência solar, cenário visto na
57
A baixa carga térmica transferida por insolação pode ser justificada devido às cortinas
de cor clara instaladas, servindo como barreira à irradiação. É relevante destacar
também a influência da orientação das janelas, observando que salas voltadas para o
lado sul apresentam carga térmica de insolação menor que as voltadas para o lado
norte, exemplo da S3 e S7, com cargas térmicas iguais de outras fontes porém a S7
recebe cerca de 3000 BTU/h a mais de insolação por ter as janelas voltadas para o
norte, enquanto a S3 possui janelas para o sul.
A contribuição de cada fonte na carga térmica das salas pode ser observada
graficamente, de maneira simplificada na Figura 14.
58
Fonte: Autor
É importante lembrar que a carga térmica foi calculada considerando uma temperatura
externa de 34,8 ºC, maior temperatura encontrada no período de um ano, sendo que
na maioria do tempo a temperatura externa é menor que isso, então a carga térmica
em alguns momentos é menor que a calculada.
Isso se deve ao fato de que a vazão dos exaustores instalados nas salas do Anexo 2
são superiores à vazão mínima recomendada, pelo que sugere a NBR 16401-3 para
renovação de ar, fazendo aumentar substancialmente a carga térmica dos ambientes.
Caso a renovação de ar seja realizada com a ação de exaustores com uma vazão
mais adequada à necessária em cada sala, a carga térmica diminuiria, sendo
necessário aparelhos com potencias menores e consequentemente com um menor
custo energético e de investimento inicial. A Tabela 19 aponta um comparativo entre
as cargas térmicas das salas com a renovação de ar atual e com a renovação com a
vazão mínima calculada. A carga térmica seria maior apenas na Coordenadoria de
Gestão de Pessoas, que atualmente dispõe de uma renovação de ar menor que a
mínima necessária, por não possuir nenhum bocal de exaustão, tendo a renovação
de ar feita apenas pela infiltração de ar exterior pelas frestas das portas.
77003,24
70000
72862,37
72750,89
72400
72400
72400
72400
72400
72400
72400
72400
72400
72400
72202,05
71921,81
69403,04
69055,58
60000
65824,01
64019,05
63528,56
60949,01
50000
BTU/h
50931,24
40000
46388,01
45877,49
45158,87
44215,19
43099,55
42926,67
42522,70
41643,02
41156,85
38048,42
30000
36200
36200
36200
36200
36200
36200
36200
35051,04
31387,63
30330,00
14438,87
28669,33
26189,76
28383,32
28508,80
23245,34
10732,79
10533,69
14209,49
20000
10000
0
Figura 16 - Contribuição de cada fonte de calor na carga térmica com vazão mínima
de renovação
CGP
CAM
Lab Fluidos
Lab Quimica
Lab Ensaios
Lab Termo
Lab Hidr
Lab Metro
Lab Info
CCTE
CCEM
CFG
S8
S6
S4
S7
S3
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Fonte: Autor
Tabela 20 – Contribuição de cada fonte de calor na carga térmica total com vazão
mínima de renovação
Renovação
Sala Janelas Paredes Telhado Ocupação Iluminação Equipamentos
de ar
S3 2,69% 21,08% 1,75% 34,66% 3,66% 3,75% 32,42%
S7 9,04% 20,42% 1,62% 32,07% 3,39% 3,47% 30,00%
S4 2,72% 20,51% 1,71% 34,99% 3,70% 3,79% 32,59%
S6 9,28% 19,12% 1,43% 32,94% 3,48% 3,57% 30,18%
S8 9,48% 17,88% 1,33% 33,65% 3,56% 3,64% 30,46%
CFG 20,23% 31,04% 2,73% 18,75% 5,48% 10,47% 11,30%
CCEM 25,22% 27,43% 2,23% 15,33% 4,49% 16,06% 9,24%
CCTE 16,01% 31,86% 2,48% 20,52% 6,00% 11,47% 11,67%
Lab Info 6,91% 18,79% 1,11% 23,63% 5,18% 22,28% 22,11%
Lab Metro 4,07% 27,70% 2,26% 27,17% 5,54% 5,67% 27,59%
Lab Hidr 2,03% 20,83% 1,26% 40,21% 2,76% 6,45% 26,46%
Lab Termo 3,68% 23,51% 1,87% 36,53% 5,01% 2,39% 27,01%
Lab
Ensaios 19,27% 23,81% 1,70% 24,99% 5,14% 4,91% 20,19%
Lab
Química 21,90% 20,73% 1,88% 27,53% 5,66% 0,00% 22,29%
Lab
Fluidos 9,02% 31,22% 2,11% 22,39% 6,76% 5,31% 23,19%
CAM 5,48% 51,66% 2,60% 10,20% 7,46% 10,69% 11,91%
CGP 4,00% 41,39% 2,41% 19,85% 5,44% 15,60% 11,31%
Fonte: Autor
63
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O principal objetivo deste trabalho foi levantar a carga térmica das salas do Anexo 2
de acordo com a planta atualizada do prédio, apresentando todas as etapas do cálculo
e comparando com a capacidade instalada dos aparelhos de ar condicionado para
verificar se é capaz de suprir as condições de conforto térmico.
São pouco significativas para a maioria das salas as cargas térmicas devido à
iluminação por possuírem lâmpadas de baixa potência, carga térmica pelo telhado por
possuir telhas e forro isolantes, e a carga por equipamentos, exceto pelo Laboratório
de Informática, que possui grande quantidade de computadores e monitores. Quanto
à carga térmica recebida pelas paredes, se mantém em um percentual uniforme na
maioria das salas, por serem constituídas pelo mesmo material, variando apenas com
a área das paredes e orientação das paredes voltadas para o sol.
Pôde-se constatar também que diferente do que propõe Creder (2004), Bedin,
Nogueira e Jesus (2012) e Li (2011), a carga térmica referente a janelas não foi a mais
significativa, atingindo baixos valores por possuírem dispositivos de sombra e poucas
janelas no ambiente. Exceção feita às Coordenadorias do Curso de Engenharia
Mecânica, Coordenadoria de Formação Geral, Laboratório de Ensaios dos Materiais
e Laboratório de Química/Metalografia, que apesar da insolação não ser o principal
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fator de carga térmica ainda é significativa, por além de apresentarem mais janelas,
possuir janelas voltadas para o leste e oeste, orientações com maior incidência solar.
O indicado para que a carga térmica e consequentemente o consumo energético
diminuíssem, é que os exaustores possuíssem menores vazões e/ou a regulagem
para modular a potência de operação. Na realidade esse dispositivo existe, porém
está sobre o forro, inacessível a operação rotineira. Sugere-se desvincular o
funcionamento do exaustor do interruptor das lâmpadas e instalar seu dispositivo de
controle em local acessível à operação dos usuários das salas.
Outra sugestão a ser aplicada a fim de diminuir a carga térmica é estudar a viabilidade
de aplicar isolamento térmico nas paredes das salas, servindo de barreira contra o
fluxo de calor, ou ainda, assim como Inácio (2014) em sua pesquisa, procurar
redistribuir as salas de acordo com taxa de ocupação, frequência de uso e a
capacidade térmica instalada, como por exemplo uma troca entre a sala 8 e o
Laboratório de Metrologia, já que a sala 8 é usada em sua capacidade máxima com
maior frequência que o Laboratório de Metrologia.
Como sugestão de futuros trabalhos fica realizar um estudo sobre qual a melhor
maneira de se retirar calor dos ambientes, dentre os sistemas de ar condicionado
disponíveis no mercado, além do dimensionamento dos equipamentos envolvidos no
ciclo de refrigeração. Outra sugestão é realizar uma análise financeira sobre a
economia energética adquirida ao se realizar a substituição dos exaustores atuais por
exaustores com uma vazão adequada à necessidade das salas do Anexo 2.
65
REFERÊNCIAS
BEDIN, Janaina; NOGUEIRA, Carlos Eduardo Camargo; JESUS, Janaína Alves de.
Levantamento de carga térmica em apartamento residencial, na cidade de Cascavel,
Paraná, para a implantação de sistema de condicionamento de ar. Acta Iguazu,
Cascavel, v. 1, n. 4, p.36-46, 2012.
ÇENGEL, Yunus A.; BOLES, Michael A. Termodinâmica. 5. ed. São Paulo: McGraw-
Hill, 2006. xxiv, 740 p.
GENIÊR, Francielli Silva; COSTA, Andréa Oliveira Souza da; COSTA JUNIOR, Esly
Ferreira da. Ciclos de Refrigeração: Conceitos e estudos de
eficiência. EnciclopÉdia Biosfera, Goiania, v. 9, p.2878-2893, 01 jul. 2013.
GOOGLE MAPS. [Vista aérea do Ifes – Campus São Mateus]. [2018]. Disponível
em: < https://www.google.com.br/maps/@-18.6787466,-
39.861582,946m/data=!3m1!1e3 >. Acesso em 02 out. 2018.
INSTITUTO FEDERAL DO ESPIRITO SANTO. Ifes Planta Baixa. São Mateus, 2018.
Planta baixa.
Fonte: Autor
1 1 1
𝑅𝑡 = + + + 𝑅ℎ2
𝑅ℎ1 𝑅 1 1 1 𝑅𝑎2
𝑏1 + + + + 𝑅𝑏1
𝑅𝑎1 𝑅𝑎𝑟 𝑅𝑏2
1 1 1
𝑅𝑡 = + + + 𝑅ℎ2
𝑅ℎ1 𝑙𝑏1 1 1 1 𝑙𝑏1 𝑙𝑎2
+ + + +
𝐴𝑏1 × 𝑘𝑏 𝑙𝑎1 𝑅𝑎𝑟 𝑙𝑏2 𝐴𝑏1 × 𝑘𝑏 𝐴𝑎2 × 𝑘𝑎
𝐴𝑎1 × 𝑘𝑎 𝐴𝑏2 × 𝑘𝑏
1 1 1
𝑅𝑡 = + + + 0,13
0,04 0,05 1 1 1 0,14
+ 0,14 + + 0,09 0,039 × 1,15
0,0741 × 1,75 0,34
0,0019 × 1,15 0,02955 × 1,75
𝑚2 × °𝐶
𝑅𝑡 = 0,4573366
𝑊
70
1 𝑙𝑓
𝑅𝑡 = 𝑅ℎ1 + + 𝑅𝑎𝑟 + + 𝑅ℎ2
𝑈𝑡𝑒 𝐴𝑓 × 𝑘𝑓
1 0,05
𝑅𝑡 = 0,04 + + 0,61 + + 0,17
0,48846 0,3906 × 0,057
𝑚² × º𝐶
𝑅𝑡 = 5,1129
𝑊
71