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Vol. 1, n. 2. Mai./Ago.

2018

Pressão de vapor e evaporação

Vapor Pressure and Evaporation

Luciana Dornelles Venquiaruto ([email protected])


Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) - Campus Erechim

Marcos Rogério Dallago ([email protected])


Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) - Campus Erechim

Lucas Oliveira Schnorrenberger ([email protected])


Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) - Campus Santo Ângelo,
PPG Ensino Científico e Tecnológico

Resumo: Com o intuito de viabilizar ações que contribuam com um ensino de ciências
mais contextualizado, foi desenvolvido o presente trabalho de pesquisa, o qual buscou
correlacionar, por intermédio da experimentação, os conceitos de pressão de vapor e
evaporação, com situações do cotidiano de alunos e professores, tornando desta forma o
ensino de química mais significativo. A pesquisa se caracteriza por ser experimental.
Foram desenvolvidos experimentos, a temperatura ambiente, com diversos solventes,
armazenados em placas petry de tamanhos diferentes e submetidas a distintas ações
externas (sem e com fluxo forçado de ar). O tempo de evaporação total dos solventes
apresentou tendência inversa com a pressão de vapor dos mesmos para todas as
situações avaliadas. Pode-se observar também que, independente do solvente, os ensaios
conduzidos com a placa petry com maior área superficial e submetidos a um fluxo
forçado de ar apresentaram menores tempos para a completa evaporação dos solventes,
explicando assim questões do nosso cotidiano, como o porquê de a roupa secar mais
rápido em dias ventosos.
Palavras-chave: Evaporação; Pressão de Vapor; Química.

Abstract: The present research work was developed to the aim to enable actions that
contribute to a more contextualized science teaching, which correlates, through
experimentation, the concepts of vapor pressure and evaporation, with everyday
situations of students and teachers, thus making the chemistry teaching more
meaningful. The research was carried out experimentally. Also, the experiments were
performed at environment temperature, using several solvents, stored in Petri Dishes of
different sizes and submitted to different external actions (without and with forced air
flow). The total evaporation time of the solvents presented an inverse tendency with the
vapor pressure for all evaluated situations. We can also observed that independent of the
solvent, the tests conducted with the Petri Dish of the larger surface area and exposed to
a forced airflow exhibited shorter times for the complete evaporation of the solvents,
thus explaining our daily questions, such as why clothes dry faster on windy days.
Key words: Evaporation; Vapor Pressure; Chemistry.

1. INTRODUÇÃO

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Você já se perguntou por que a água de uma poça d’água evapora? Porque
alimentos desidratados ao sol secam mais rapidamente em dias ensolarados e com
vento? Porque os cabelos secam mais rápido com o auxílio de um secador? Porque a
acetona evapora se o frasco ficar aberto?

A resposta a estas perguntas estão relacionadas a dois conceitos: evaporação e


pressão de vapor. O conceito de evaporação é, normalmente, conhecido pelos alunos
pelo fato de ser facilmente exemplificado, como uma das etapas do ciclo da água na
natureza, sendo entendido como um processo físico, caracterizado pela passagem de
moléculas da fase líquida para a fase gasosa. Após passarem de fase, algumas moléculas
da fase vapor se chocam com as moléculas do ar e/ou do próprio vapor, retornando a
fase líquida (condensação). Quando as moléculas condensam na mesma proporção que
evaporam, o sistema encontra-se em equilíbrio dinâmico e, neste instante, a pressão
exercida pela fase vapor sobre sua fase líquida representa a pressão de vapor deste
líquido. Quanto maior for à fase vapor de um líquido no equilíbrio dinâmico, maior será
a pressão de vapor deste líquido.

Conceitualmente a pressão de vapor de um líquido pode ser entendida como uma


propriedade coligativa vinculada a suas propriedades moleculares e à temperatura.
Quanto maiores forem às forças de atração entre as moléculas na fase líquida, maior a
dificuldade para que as mesmas escapem para a fase vapor e, consequentemente, menor
será a pressão de vapor deste líquido e sua volatilidade (ATKINS e JONES, 2013). Em
relação a temperatura, sua elevação proporciona um aumento na energia cinética das
moléculas, facilitando sua passagem, através da camada superficial, para a fase vapor,
conduzindo a um aumento na pressão de vapor do líquido (RUSSELL, 2013).

Para líquidos sempre iremos observar pressões de vapor inferiores a pressão


atmosférica, que atua como uma barreira a ser superada, forçando as moléculas da fase
gasosa a retornarem para a fase líquida. Quando a pressão de vapor de um líquido atinge
a pressão atmosférica, mediante o fornecimento de energia (aquecimento), esta barreira
imposta pela pressão atmosférica deixa de existir e as moléculas da fase líquida
automaticamente passam para a fase vapor. A temperatura na qual a pressão de vapor de
um líquido se iguala à pressão atmosférica (1 atm ao nível do mar) é denominada de
temperatura de ebulição. Por exemplo, a 100 °C (temperatura de ebulição da água) a

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água tem pressão de vapor igual a 1 atm. Quanto maior a pressão de vapor de um
líquido, mais facilmente ele evaporará e, consequentemente, menor será sua temperatura
de ebulição (ATKINS e PAULA, 2013).

Apesar de importante para entender alguns processos evaporativos, como os


destacados no início deste texto, o tema pressão de vapor ainda é pouco discutido, hoje,
nas escolas brasileiras de Ensino Médio, por exigir conhecimentos mais aprofundados
de química, o que torna mais difícil sua compreensão.

Contribui para isso a carência de textos e experimentos adequados às necessidades


de tais escolas. Para minimizar a complexidade deste assunto apresentamos uma
atividade experimental que visa desencadear discussões importantes com os alunos
sobre o conceito de pressão de vapor e evaporação bem como a aplicação desses
conceitos em nosso dia a dia.

2. MATERIAIS e REAGENTES
Os materiais e reagentes utilizados para o desenvolvimento da atividade
experimental estão descritos na Tabela 1. Para as Escolas que não dispõem de reagentes
e vidrarias específicos para laboratórios, sugerimos para alguns reagentes substituintes
que poderão ser adquiridos no comércio local.

Tabela 1. Materiais e reagentes usados em laboratório e seus possíveis substituintes

Materiais e reagentes de laboratório Materiais convencionais


Placas petry de 38,5 cm2 e 78,5 cm2 Pires de xícaras de cafezinho e pires de
xícaras de chás
Pipeta volumétrica de 10 mL Seringa descartável
Capela -----
Ventilador Ventilador
Acetona P.A. (propanona) Acetona vendida em farmácias
Álcool etílico 99,3 % Álcool etílico 92,8 % e/ou Álcool
combustível
Diclorometano Cloreto de metileno
Clorofórmio -----
Fonte: autoria própria

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Vale ressaltar que a acetona comercial vendida em farmácias apresenta


geralmente apenas 50% de propanona. Devido ao fato desse solvente ser utilizado para
o refino de drogas ilícitas, as autoridades competentes proibiu a venda a pessoas físicas
do produto puro. Já o cloreto de metileno utilizado em indústrias que fazem espumas é
vendido somente com licença da polícia federal, pois pode ser também empregado na
síntese de entorpecentes. Esse ponto pode conduzir discussões acerca de temas diversos,
tais como droga lícita e ilícita, a relação toxicidade e concentração de solventes,
diferenças entre reagentes de laboratório e produtos comerciais, entre outros.

Salienta-se que o uso do produto comercial não gera problemas para o resultado
do experimento em sala de aula.

2.1 Procedimento
A correlação existente entre a pressão de vapor e a evaporação foi avaliada
experimentalmente mediante o acompanhamento do tempo despendido para a
evaporação total de seis solventes: água, etanol, acetona P.A., acetona comercial,
clorofórmio e diclorometano. Os solventes utilizados no experimento se caracterizam
por apresentarem pressões de vapor diferentes (Tabela 2).

Considerando que diferentes fatores possam afetar a evaporação, foram


conduzidos ensaios variando a área superficial da fase líquida, na ausência e na presença
de fluxo forçado de ar, avaliando o tempo necessário para a evaporação total. Estes
ensaios foram conduzidos empregando placas petry com áreas superficiais de 38,5 cm2
(pequena) e 78,5 cm2 (grande). Cada um dos seis solventes foi avaliado em três
condições distintas (repouso na bancada, em frente a um ventilador e em uma capela de
exaustão), nos dois tamanhos diferentes de placas petry, totalizando 36 ensaios.

A cada placa petry foram adicionados 10 mL de solvente com o auxílio de uma


pipeta volumétrica. Posteriormente, um conjunto de cada solvente, à temperatura
ambiente, foi submetido a uma ação externa distinta em relação ao fluxo de ar. Dos três
conjuntos referentes a cada solvente, um não foi exposto a um fluxo forçado de ar,
permanecendo apenas em repouso sobre uma bancada no laboratório (Figura 1a). Os
dois conjuntos restantes foram expostos à presença de distintos fluxos forçados de ar,

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gerados mediante o uso de uma capela (Figura 1b) e de um ventilador (Figura 1c).
Todos os ensaios tiveram seu tempo cronometrado em relação à evaporação total.

(a) (b) (c)


Figura 1- Condições ambientais a que foram expostas as placas petry contendo os diferentes solventes:
a) bancada sem fluxo forçado de ar, b) capela e c) ventilador.

Reforça-se que o experimento poderá ser ajustado as condições de cada Escola.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Tabela 2 apresenta alguns parâmetros de cada solvente utilizado, bem como os
tempos necessários para a completa evaporação dos 10 mL dos solventes nas placas
petry submetidas às 3 condições experimentais avaliadas neste estudo.

Tabela 2- Tempos de evaporação total e pressão de vapor

Tempo para evaporação total a 20 oC (minutos)


Solvente Ponto de Pressão de Em capela Com Ventilador Condições
Ebulição Vapor ambientes
(K) Petry Petry Petry Petry Petry Petry
(p) (G) (p) (G) (p) (G)
Água 373,1 23 hPa 289 275 407 315 4422 4047
H2O 20ºC
Álcool etílico 92,8% 351,4 50 hPa* 147 105 175 169 398 346
C2H6O 20ºC
Diclorometano P.A. 312,9 470 hPa** 3,57 2,42 8 6 51 41
CH2Cl2 20ºC
Clorofórmio P.A. 334,0 213 hPa ** 15,9 13,15 28 13 103 71
CHCl3 20ºC
Acetona P.A. 329,3 246 hPa** 13 11 36 12 105 89
C3H6O 20ºC
Acetona comercial - - 30 19 28 18 256 157
hPa: hectopascal (100 Pa); P.A.: Para análise
*Fonte: CRUZ et al., 2003.

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Pode-se observar que, independente do solvente, os ensaios conduzidos com a


placa petry com área superficial maior (G) e submetidos a um fluxo forçado de ar,
apresentaram menores tempos para a completa evaporação dos solventes.

Outra tendência observada foi à relação inversa entre o tempo de evaporação com
a pressão de vapor dos solventes, com os solventes com maior pressão de vapor
(diclorometano, acetona e clorofórmio), apresentando os menores tempos de
evaporação.

A pressão de vapor de um líquido é uma propriedade coligativa vinculada a suas


propriedades moleculares e à temperatura (ATKINS e PAULA, 2013). Sendo assim, e
considerando que não houve variação de temperatura entre os ensaios, a tendência
observada para o tempo de evaporação (água > etanol > acetona comercial >
clorofórmio > acetona > diclorometano) demonstra nitidamente a influência das
propriedades moleculares sobre a pressão de vapor e a volatilidade dos líquidos.

A água e o etanol, cujas estruturas moleculares estão representadas na Figura 2a e


2b, caracterizam-se por serem moléculas capazes de formar ligações intermoleculares
fortes, mediante ligações de hidrogênio (Figura 3), dificultando assim o escape das
moléculas da fase líquida para a fase vapor. Coerente com esta propriedade, foram os
solventes que apresentaram os maiores tempos para a evaporação total. Cabe ressaltar
que os mesmos apresentam as menores pressões de vapor dentre os solventes estudados
(Tabela 2).

H H O
O HO CH2 CH3
H H C H C Cl C
Cl Cl H3C CH3
Cl Cl
(a) (b) (c ) (d) (e)
Água Álcool etílico Diclorometano Clorofórmio Acetona

Figura 2- Fórmulas estruturais de alguns dos solventes avaliados neste estudo

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(a) (b)
Interações intermoleculares entre moléculas de Interações intermoleculares entre moléculas
água de água e etanol

Figura 3 - Representação de ligações intermoleculares mediante ligações de hidrogênio ocorrendo entre


(a) moléculas de água e (b) molécula de água e etanol.

A ligação de hidrogênio, também chamada de ponte de hidrogênio (Figura 3)


consiste em uma interação intermolecular forte entre moléculas que contêm átomos de
hidrogênio ligados a átomos de elevada eletronegatividade. Nestas moléculas o átomo
de hidrogênio forma uma “ligação intermolecular em ponte” entre átomos de elevada
eletronegatividade de moléculas adjacentes (RUSSELL, 2013).

Neste contexto, os maiores tempos de evaporação observados para água, em


relação ao etanol, foram vinculados a maior habilidade desta molécula em formar
ligações de hidrogênio. A molécula de água apresenta dois (2) hidrogênios ligados a um
átomo de oxigênio (altamente eletronegativo) capazes de formar ligações de hidrogênio
(Figura 3a). O etanol por sua vez, apresenta somente um (1) hidrogênio (referente ao
grupo OH) capaz de formar este tipo de ligação intermolecular (Figura 3b). Os demais
hidrogênios do etanol, por estarem ligados a átomos de carbono encontram-se
impossibilitados de formar ligações de hidrogênio.

Para o diclorometano, clorofórmio e acetona, cujas fórmulas estruturais estão


representadas nas Figuras 2c, 2d e 2e, respectivamente, foram observados tempos de
evaporação total próximos entre si (por exemplo, para placa petry G submetida à capela,
o tempo variou entre 2 e 13 minutos), porém distintos aos observados para o álcool
etílico e a água, cujos tempos foram de 105 e 275 min, respectivamente.

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Os menores tempos de evaporação total observados para o diclorometano,


clorofórmio e acetona, em relação a água e ao etanol, estão vinculados as diferentes
ligações intermoleculares observadas entre estes dois grupos de moléculas. Ao contrário
da água e do etanol, que apresentam interações intermoleculares fortes, devido à
presença de ligações de hidrogênio, o diclorometano, clorofórmio e acetona, apresentam
interações intermoleculares fracas do tipo dipolo-dipolo e atrações de London
(RUSSELL, 2013).

A influência dos tipos de ligações intermoleculares sobre a volatilidade e a


pressão de vapor podem ser melhor visualizadas quando comparamos, teoricamente, o
dimetil éter (Figura 4) e o etanol (Figura 2b), ambos com fórmula molecular C 2H6O.

O
H3C CH3

Figura 4- Fórmula estrutural do dimetil éter

A presença do mesmo número de elétrons nos dois compostos sugere interações


de London semelhantes, e então pressões de vapor semelhantes. No entanto, não é isto
que se observa. A molécula de etanol, diferentemente do éter que apresenta todos os
seus átomos de hidrogênio ligados a átomos de carbono, apresenta um grupo –OH que
lhe permite formar ligações de hidrogênio intermolecular, as quais não estão presentes
no dimetil éter. Como resultado desta diferença, o etanol é um líquido a temperatura
ambiente, enquanto o dimetil éter é um gás (ATKINS e JONES, 2013).

A diferença observada entre a acetona P.A. e a comercial foi vinculada ao teor de


água na amostra comercial. A presença de água, cuja pressão de vapor é superior à da
acetona P.A., na formulação da acetona comercial, proporciona um aumento no tempo
de evaporação desta amostra em relação a acetona P.A., a qual não apresenta água em
sua composição.

Outros fatores que poderão contribuir para a evaporação são as ações externas que
favoreçam o escape de moléculas da fase líquida para a fase vapor. Neste sentido foram
conduzidos experimentos, empregando diferentes áreas superficiais de líquido, na

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ausência e na presença de fluxo forçado de ar, os quais possam auxiliar na compreensão


de situações comumente observadas em nosso cotidiano as quais vem acompanhadas de
questionamentos como: Como as poças de água, resultante das chuvas, mesmo
encontrando-se em leitos impermeáveis e não atingindo a temperatura de ebulição (100
°C) secam? Porque uma roupa em um varal seca mais rápido em dias de vento forte?

Os resultados referentes a este experimento (Tabela 2) demonstram que,


independente do líquido (solvente) avaliado, temos uma mesma tendência em relação
aos tempos de evaporação total, os quais estão coerentes com suas pressões de vapor.
Os ensaios conduzidos com as placas petry com menor área superficial (p) apresentaram
tempos de evaporação total maiores que os observados para os ensaios conduzidos
empregando as placas petry maiores (G). Para os ensaios conduzidos na ausência e na
presença de fluxo forçado de ar, os menores tempos de evaporação total foram
observados para os ensaios conduzidos na presença de um fluxo de ar (ventilador ou
capela).

Considerando que a evaporação é um processo físico caracterizado pela


transferência de moléculas de uma fase líquida para uma fase vapor e, que a mesma
acontece, prioritariamente, a partir da superfície onde as moléculas estão ligadas menos
fortemente e podem escapar mais facilmente para a fase vapor, o aumento da área
superficial de um líquido amplia a região disponível para a transferência de fases,
favorecendo a evaporação (RUSSEL, 2013).

Cabe salientar que a evaporação é um processo reversível (como todo processo


físico), que ocorre concomitantemente com a condensação (passagem de moléculas da
fase vapor para a fase líquida), apresentando uma relação moléculas evaporadas:
moléculas condensadas, inicialmente favorável para a fase vapor (mais moléculas
evaporam em relação as que se condensam), que com o passar do tempo tende à
estequiometria (1:1), ou seja, ao equilíbrio dinâmico (Figura 5). Nesta condição, a
pressão que a fase vapor exerce sobre sua fase líquida corresponde à pressão de vapor
deste líquido, a qual se mantém constante, a uma determinada temperatura,
independente da quantidade de fase líquida presente. Sendo assim, até existir uma fase
líquida, a concentração molecular da fase vapor manter-se-á inalterada (ATKINS,
JONES, 2013).

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Figura 5- Sistema ilustrativo representando o conceito de pressão de vapor e sua relação com a
evaporação.

Neste sentido, o fluxo de ar (vento) ao passar sobre o líquido desloca a fase vapor
que estava em equilíbrio com a fase líquida. O sistema, a fim de reestabelecer o
equilíbrio líquido-vapor, proporciona a transferência de moléculas da fase líquida para a
fase vapor (Figura 5), as quais não retornam mais para a fase líquida, conduzindo assim
a evaporação dos solventes, mesmo estes não tendo atingido suas temperaturas de
ebulição, justificando assim os questionamentos inicias que nos levaram a investigar a
temática que envolve evaporação e pressão de vapor.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo visou o desenvolvimento de atividades experimentais referentes ao tema
pressão de vapor e evaporação. O quadro teórico e os resultados do experimento
permitiram a elaboração das seguintes considerações.

Uma conclusão teórica diz respeito ao conceito de pressão de vapor de uma


substância, a qual resumidamente corresponde a pressão exercida pela fase vapor em
equilíbrio com a fase líquido. Salienta-se que a pressão de vapor de um líquido aumenta
com a temperatura, sendo ainda a mesma influenciada pelas forças intermoleculares.

Em relação aos resultados do experimento, os mesmos demonstram que a


evaporação de líquido pode ocorrer mesmo em condições de temperatura inferiores à
de ebulição, e que esta é diretamente influenciada pela área superficial do líquido e às
condições externas a que o mesmo é submetido no processo de evaporação.

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O estudo demonstra que é possível, através da experimentação, correlacionar


situações cotidianas de alunos e professores com conceitos químicos, tornando assim a
educação por intermédio da química mais significativa.

5. REFERÊNCIAS
ATKINS, P. W; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o
meio ambiente. Porto Alegre: Bookman, 2013.

ATKINS, P. W; PAULA, J. Físico-química. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

CRUZ, M. J. F.; CARVALHO, F. R.; STRAGEVITCH, L. Efeito de Aditivos


Oxigenados na Pressão de Vapor de Gasolinas. In: 2 Congresso Brasileiro de
Pesquisa & Desenvolvimento em PETRÓLEO & GÁS, 2003, Rio de Janeiro. 2
Congresso Brasileiro de Pesquisa & Desenvolvimento em PETRÓLEO & GÁS, v.
único. p. 384, 2003.

PERUZZO, T. M.; CANTO, E. L. Química: na abordagem do cotidiano. 4. ed. São


Paulo: Moderna, 2006.

RUSSEL, J. B. Química Geral. São Paulo: Makron Books, v.1. 2013.

SANTOS, W.L.P.; MÓL, G.S.; MATSUNAGA, R.T.; DIB, S.M.F.; CASTRO, E.N.F.;
SILVA, G.S.; SANTOS, S.M.O.; FARIAS, S.B. Química e Sociedade. São Paulo:
Editora Nova Geração, 2005.

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