Ética Pastoral
Ética Pastoral
Ética Pastoral
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Definições e Sistemas éticos
1. Definição
2. Por que o homem é um ser ético?
3. Só existe uma Ética válida: A cristã
ALTERNATIVAS ÉTICAS
1. Éticas Humanistas
1 Hedonismo
2 Utilitarismo
3 Existencialismo
2. Ética Naturalística
3. Éticas Religiosas
4. Éticas Religiosas Não Cristas
1. O monoteísmo ético
2. A vontade divina
3. O pecado humano
4. A redenção divina
O DECÁLOGO
1. Caráter religioso do Decágolo
2. Sua ordem
3. Sua primeira tábua
4. Sua segunda tábua
5. Evolução do Decálogo
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ÉTICA DO NOVO TESTAMENTO
OS ENSINAMENTOS ÉTICOS DO SENHOR JESUS CRISTO (I)
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O FRUTO DO ESPÍRITO E AS OBRAS DA CARNE
ÉTICA PASTORAL
1. Condições Morais da Autoridade Pastoral
2. Respeito, Sigilo, Acompanhamento.
3. Responsabilidade em dar o melhor de si.
4. Atualização do Líder.
5. Moral Pessoal.
6. O Pastor e a Familia
7. Visão Ministerial X Empresarial.
8. Liderança Natural X Liderança Espiritual.
9. Pastor e seus Colegas de Ministerio
10. O Pastor e a Igreja
11. O Pastor e seu Rebanho
12. Solicitações, Pedidos de intercessão, Conselhos e Cartas
13. Obedecer a Regulamentos, Organizações, Coerência
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A necessidade e a importância do estudo desse tema se deve aos grandes problemas: o
relativismo moral que imperam em nossa sociedade. Hoje encontramos em algumas
congregações, pastores e líderes que tem perdido o temor de Deus e vivem em um
cristianismo mundano e pecaminoso. A igreja contemporânea e a sociedade estão
destruindo muitos pecados morais. Alguns deles são: orgulho e ostentação; abuso de
poder; mentira; pecados sexuais; mau uso do dinheiro; exitismo, ativismo e
sincretismo
1. DEFINIÇÕES
Ética: “Parte da filosofia que trata da moral e das obrigações do homem. Implica no
conhecimento do bem e do mal e na conduta humana”.
Conjunto de normas que regem o comportamento do ponto de vista do bem”. “De
modo que a função da ética consiste em julgar nossos atos de conduta e apontarmos o
que devemos fazer, nesse sentido afeta nossos atos e costumes cotidianos, o que
fazemos ou deixamos de fazer” (Nonine, 1997, p. 1). Conhece como ética cristã ou
ministerial, o conjunto de normas das Escrituras que regem toda conduta do cristão e
do pastor. As cartas pastorais são uma fonte para instruir-nos para esta ética
ministerial.
Moral: “Ciência que ensina as regras que devem seguir o bem e evitar o mal” (Ibib).
Tem a ver com os costumes morais que se definem em uma sociedade específica para
o desenvolvimento social. A ética é relacionada com o que fazemos. Uma é expressão
da outra. Sem a ética, é impossível exercer a moral, já que esta última se submete a
investigação da sociedade ou da cultura.
Valores: O que vale uma pessoa ou coisa. É dizer, o valor moral o ético de uma ação
ou comportamento. Quando falamos de valores, referimos a bens morais que se
aplicam ao modo de vida em sociedade. São normas ou princípios que em cada
cultura ou sociedade se privilegiam como principal valor. Ao ter valores definidos, é
possível identificar com clareza, as contradições ao realizar as obras. Os valores
empenham na conduta externa e visível dos princípios morais identificados no
interior. Em razão, de que os valores morais são o guia para determinar a conduta.
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ALGUMAS FONTES GENUÍNAS DE ÉTICA CRISTÃ:
A Criação: Com respeito à criação de Deus, como expressão ética e moral pode dizer
o seguinte: Deus estabelece em sua criação, seu caráter e essência apresentando-se
como Todo Poderoso, arquiteto e entre outras perfeições. Ele tem o direito e a
capacidade de estabelecer normas de procedimento, conduta e relação entre os seres
criados por Ele, sendo Ele o sustentador de tudo o quanto existe. Na segunda
afirmação Ele é perfeito, sábio, justo, misericordioso e fiel. É por esta razão ao olhar
para a criação, vemos aspectos da natureza de Deus na humanidade. Por isso, o
salmista afirma: “os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as
obras de suas mãos” (Sl. 19: 1-6). Por meio da revelação de Deus é possível
reconhecer a presença de um ser sobrenatural digno de adoração e reverência. Quem
abre os seus olhos e contempla o vasto horizonte não lhes resta aceitar a ação de um
Deus cheio de majestade, generoso e criativo. Nesse sentido, a criação, é transmissora
da ética enquanto anuncia a mão de um excelente desenhista.
A Bíblia: O Deus Todo poderoso, cheio de graça e sabedoria comunica com a criação
de diversas formas (Hb. 1: 1-2) Uma delas é através da Escritura, nela temos a Palavra
de Deus (II Tm. 3. 14-17). E o conhecimento da revelação especial de Deus: Jesus
Cristo, Deus o Homem (Jo. 1:1-5, 14; Col. 1:15-19; 2:9). Jesus nos revela sua pessoa
e sua obra redentora. Também determina com seu exemplo o estilo de vida que devem
ter seus filhos. Como devem ser o caráter, conduta e serviço, segundo o modelo -
Jesus (Mt. 3:17).
Jesus Cristo: é a nossa norma ética em todas as coisas. Ele obedecia toda à vontade
do Pai e dependia dele (Mc. 1:35; Lc. 6:12). Seu genuíno amor às pessoas era
manifestado na compaixão por suas necessidades (Mt. 9:36). Isto lhe impulsionava a
servir com amor e restaurar suas dores e necessidades (Mt. 8:16-17) afastando
qualquer vergonha conseqüente dos erros do passado em relaçõao aos seus discípulos
(Mt. 9: 9-13). Também demonstrou seu valor e fidelidade apesar das pressões e
circunstâncias. Enfrentou a Satanás (Mt. 4:1-11); foi perseguido pelos religiosos (Mt.
22:15-22); sofreu a morte de cruz (Mt. 16:21). Estas são algumas manifestações éticas
de Jesus, descritas nas escrituras. Por isso, dizemos que a Bíblia é uma fonte da
verdadeira ética. Claro que este não é o seu principal objetivo. Sua finalidade
principal é fazer-se conhecida à vontade de Deus, o fracasso da humanidade e a graça
redentora de esperança e vida para os seus escolhidos.
Espírito Santo: é outra fonte de ética do cristianismo. É a obra em nosso meio (Jo.
14:26; 16:12-15). Nos ajuda a discernir o que é à vontade de Deus ou não; a
experimentar o arrependimento quando pecamos e a optar por Deus frente a
possibilidades. Por meio dele, compreendemos o valor do sangue de Cristo derramado
em favor de nosso perdão e santidade (I Jô. 1:7-9); guia-nos na oração, por meio da
qual nos comunicamos com o Senhor mostramos nossas necessidades e motivos de
gratidão (Fil. 4-6; I Tes. 5:17); leva- nos a ler a Escritura para chegar a toda verdade
(II Tm. 3. 14-17); nos dá força e valor em meio a provas as quais Deus usa para polir
nossa vida e evitar que caímos no orgulho (I Pe 1:6-9). Dessa forma, o Espírito Santo
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nos permite conhecer e compreender a obra purificadora para seus filhos, para
transformar seu caráter e vida de acordo com o Evangelho (II Cor. 12:7-10). O Santo
Espírito nos capacita a viver como Jesus uma vida ética ou santa. Recordamos que a
santidade não é opcional para o cristão, é um resultado normal de uma vida redimida
por Cristo. Ao ser liberto da escravidão do pecado passa da morte para a vida,
chamado a viver uma vida santa em todo o seu ser. Porque Deus é santo e lhe chamou
a viver como ele andava (1 Pe. 1:13-16; Ef. 417-32; 1 Cor. 6:19-20). A finalidade é
ser santo como ele é.
A igreja: A igreja cristã assegura, que nenhum homem pelo seu pecado, tem o poder
de estabelecer normas morais de sua própria conduta. Em razão de estar morto
espiritualmente e, portanto incapaz de determinar o bem e o mal. Nesse sentido, a
exigência moral humana é cada vez mais baixa, em razão de sua incapacidade de
cumprir as ordens de Deus ditadas por sua consciência e estabelecidas socialmente. A
igreja provê um marco de referência, para que tomamos como parte do corpo de
Cristo (Ef. 4: 11-16). Nela nascemos, crescemos nos formamos e exercemos o
ministério. Consideramos a Igreja como o meio da graça, de onde se vive e afirmam
os valores morais do evangelho. Por ser um organismo vivo, este chamado a viver os
princípios do cristianismo para a glória de Deus. A quem temos sido chamados para
fazer parte da Igreja de Cristo, somos convocados a interiorizar os valores bíblicos
para nossa bênção e como exemplo do caráter dos filhos de Deus. São várias as
formas como a Igreja cumpre a sua missão moral, uma delas, é o amor fraternal, o
pastorado, o acompanhamento a quem está em uma situação específica.
Outras formas estabelecidas para o desenvolvimento moral e ético das famílias cristãs
é a disciplina eclesiástica. Mediante a disciplina, corrige o pecado, protege a
congregação e manifesta o amor e o apoio recíproco para restaurar e reconciliar o que
está fracassado. Portanto, a disciplina é o meio da graça para ser exercido em amor e
fidelidade ao Senhor e abençoar a igreja. Os pastores devem perder o medo de exercê-
la pelo fato de serem responsáveis deste princípio moral e normativo. Uma igreja que
disciplina biblicamente é forte, responsável e obediente ao Senhor. Aquela que não
faz, está prejudicando o corpo de Cristo, ao permitir condutas e disciplinas sem tratá-
las com o devido processo.
VARIÁVEIS INTERNAS
Consciência: Sentimento interior pela qual aprecia o homem e suas ações. Se lhe
chama o juiz pessoal nos retifica as boas ações e nos censura pelas más. A consciência
é uma das providências de Deus para o homem em especial para que a crente viva em
sua vontade (Lv. 11: 44; Dt. 26:18-19) É a capacidade que nos permite organizar um
código moral e conseqüente saber discernir entre o bem e o mal. Ela nos impulsiona a
escolher o melhor, ela adverte quando estamos cruzando o limite do código, nos julga
por fazê-lo, trazendo dor e culpa. Nos deixa em paz até consertar o erro. (Douglas,
1997).
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Para poder amar a Deus e aos outros com coração limpo, de boa consciência e fé (I
Tm. 1:4). Para crescer na fé ao invés de retroceder (I Tm. 1:19). Para participar da
ressurreição para a vida (At. 24. 15-16) (Ibid).
Porém, como ter uma consciência limpa? Somente pela obra perfeita e eficaz de
Cristo (Hb. 9:9; 12, 14). Crendo em seu sacrifício, desfrutando suas bênçãos.
Confessando os meus pecados diariamente a Ele (I Jo. 1:9; Lc. 3:8; Is. 55:6-7).
Reconciliando-me com meus irmãos (Mt. 5: 23-24). Restituindo os danos causados
(Lc. 19:8). Andando em obediência a sua vontade (Ef. 4:28). Como resultado, minha
consciência estará em paz com Deus, alegria e amor em meu coração, liberdade para
chegar em Sua presença e autoridade para servi-lo.
Motivações: É o que nos faz atuar. O que dá a origem ou razão de ser a uma ação. É a
causa que origina as coisas. A ética ministerial ou cristã não tem relação com o que
somos ou com o que fazemos, se não também com as motivações que nos
impulsionam a estas ações. Antes disso, deve perguntar: Por que estou no pastorado?
Uso o ministério para benefício próprio ou para servir a Deus e aos demais? Estou
exercendo por acaso ou pela convicção do chamado? Consideremos algumas
motivações corretas e incorretas.
Amor, gratidão a Deus, serviço, obediência são motivações corretas para o ministério.
O amor deve ser o motivador mais importante das nossas vidas como foi na vida de
Jesus. Esse amor é a Deus, a família, a igreja e as pessoas em geral. A gratidão a Deus
é pelo seu amor, salvação em Cristo, perdão dos nossos pecados e adoção como
filhos. A gratidão deve levar-nos a obedecer-lhe e a viver para a sua glória. Paulo nos
dá exemplo ao ser chamado para seguir e servir a Jesus (I Tm. 1: 12-17). O verdadeiro
amor e gratidão nos levam a fazer aquilo que é agradável ao Senhor. Essas virtudes
são colocadas por Deus em cada cristão, para cumprirmos com sua vontade e motivar-
nos a obedecer- lhe. Jesus nos deu exemplo a respeito disso (Jo. 8: 28-29). Igualmente
essa deve ser uma motivação para servir. O cristão é chamado a servir com alegria.
Deve ser reconhecido como autêntico servo de Cristo (I Cor. 4:1-2). O serviço
enobrece a vida. Paulo apresentava-se como servo. Os pastores e os líderes devem
anelar a ser úteis, servir, ajudar e ser canal de bênção para outros. Enfim, devem
servir, impulsionados pelo desejo de obedecer ao Senhor, quem lhes recomendou o
ministério da reconciliação (II Cor. 5: 18- 20). Obedeceremos à medida que amamos e
reverenciamos o seu nome. Também, ao compreender sua grandeza e propósito
redentor para as pessoas no mundo (Mt. 28:19-20).
E quanto ao dinheiro, mesmo que o trabalhador seja digno de seu salário, não se deve
buscar no ministério a solução para os seus problemas financeiros (I Pe. 5: 1-5). Não
deve empenhar a enriquecer-se, se não se contentar com o que o Senhor lhe dá, e
compreender sua fidelidade para sustentar-lhe. Existe uma vontade desmedida para
alcançar o êxito. Deus não nos chamou para sermos cheios de êxito, segundo os
valores sociais e sim, a sermos fiéis. O amor ao “êxito” traz pecado como ativismo,
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sincretismo e autopromoção. Seu resultado é a mudança de mensagem. As exigências
do Evangelho, em especial, as éticas, mudam-se por dimensões humanas.
Nesse sentido, as motivações que estão por traz de cada uma das nossas atitudes são
muitos sutis e necessitamos da sua graça para descobrir quando nossas motivações
estão erradas e ofensivas a Deus. As motivações junto ao caráter determinam nossa
conduta. O desafio é servir ao Senhor com motivações certas e com o caráter santo.
Caráter: Modo de ser de uma pessoa ou o povo. Índole, condição de uma pessoa ou
coisa. É a forma particular de uma pessoa. Nosso caráter deve refletir o caráter de
Jesus Cristo. Ele é o exemplo de um caráter que agrada a Deus. Um bom caráter
cristão reflete uma pessoa sã, emocionalmente e espiritualmente. (Giles, 1998, p. 68).
O fruto do Espírito Santo determina os aspectos do caráter dos filhos de Deus. (1 Tm.
3:1-7; Tt. 1:5-9). Por sua parte, o mau caráter desqualifica os filhos de Deus, em
especial, os pastores e os líderes. Porém, não devemos ser egoístas, cruéis, insensíveis
ou ímpios (II Tm. 3: 1-9). O pastor deve ter um caráter amável, puro, alegre, flexível,
carinhoso, justo, honesto e fiel. Deve refletir bondade, compreensão, humildade,
firmeza diante do pecado, injustiça e maldade.
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Por que o homem é um ser ético?
A diferença dos animais, o homem está dotado por Deus de uma mente capaz de
raciocinar e de um arbítrio responsável. O animal já nasce feito, segue em sua conduta
das leis e herança e se adapta por instinto as situações, enquanto que o homem vai
evoluindo progressivamente, escolhendo seu futuro dentre um leque de
possibilidades, a golpes de deliberação sobre os valores dos bens a conseguir, que lhe
servem de motivação para atuar e lhe empurram a uma decisão em cada momento da
Ética Cristā pode ser entendida como um conjunto de regras de conduta, aceitas
pelos cristãos, tendo por fundamento a Palavra de Deus.
A luz do Novo Testamento, Cristo está no centro da História da Salvação para toda a
humanidade, partindo em dois a (Antes e depois de Cristo) de tal forma que o destino
definitivo de todo ser humano (sua eterna salvação ou perdição) depende somente da
seguinte alternativa: CRER OU NÃO CRER, receber ou rejeitar a Cristo, como único
Salvador necessário e suficiente. Toda a conduta, todo o comportamento ético do ser
humano está tipificada como fruto de uma dessas raízes: fé ou incredulidade.
Daí que a única normativa válida para o ser humano caído não é a que emerge de sua
própria condição natural (o que está de acordo com a natureza humana), senão o que
vem de fora (nesse sentido é sobrenatural). A genuína ética humana, a única regra
capaz de levar a um porto seguro, vem da ação do Espírito Santo de Deus; é o fruto do
“novo nascimento” da regeneração espiritual realizada pelo Espírito Santo (de
ordinário, mediante ao ouvir a Palavra de Deus) e da constante obediência aos
impulsos do mesmo Espírito (cf. Jo. 3:3,5; Rm. 8:14; 12:1-2; Gál. 5:22-23; 1 Pd.
1:22-23).
A ética cristã está vinculada a vida eterna, a vida divina; tanto que a vida do cristão é
a participação da vida de Deus (II Pd. 1:4) a conduta moral de Deus. Deste conceito
ético que comporta a participação da natureza divina, arranca toda a temática moral da
Bíblia “sede santos porque eu sou santo” de Lv. 11:44 diz: “todo aquele que tem esta
esperança nele (Jesus Cristo) purifique-se a si mesmo, assim como ele é puro”.
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QUESTIONÁRIO
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ALTERNATIVAS ETICAS
Cada um de nós tem uma ética. Cada um de nós, por mais influenciado que seja pelo
relativismo e pelo pluralismo de nossos dias, tem um sistema de valores interno que
consulta (nem sempre, a julgar pela incoerência de nossas decisões...!) no processo de
fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes dos valores que compõem esse
sistema, mas eles estão lá, influenciando decisivamente nossas opções.
Relativismo: é uma doutrina que prega algo que é relativo, contrario de uma idéia
absoluta – atitude ou doutrina que afirma que as verdades morais, religiosas, políticas,
cientificas, etc, variam conforme a época, o lugar, o grupo social e os indivíduos de
cada lugar;
As chamadas éticas humanísticas são aquelas que tomam o ser humano como a
medida de todas as coisas, seguindo o conhecido axioma do antigo pensador sofista
Protágoras (485-410 AC). Ou seja, são aquelas éticas que favorecem escolhas e
decisões voltadas para o homem como seu valor maior.
1 - Hedonismo
Uma forma de ética humanística é o hedonismo. Esse sistema ensina que o certo é
aquilo que é agradável. A palavra "hedonismo" vem do grego |hdonh, "prazer". Como
movimento filosófico, teve sua origem nos ensinos de Epicuro e de seus discípulos,
cuja máxima famosa era "comamos e bebamos porque amanhã morreremos". O
epicurismo era um sistema de ética que ensinava, em linhas gerais, que para ter uma
vida cheia de sentido e significado, cada indivíduo deveria buscar acima de tudo
aquilo que lhe desse prazer ou felicidade. Os hedonistas mais radicais chegavam a
ponto de dizer que era inútil tentar adivinhar o que dá prazer ao próximo.
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Como movimento filosófico, o hedonismo passou, mas certamente a sua doutrina
central permanece em nossos dias. Somos todos hedonistas por natureza.
Freqüentemente somos motivados em nossas decisões pela busca secreta do prazer. A
ética natural do homem é o hedonismo. Instintivamente, ele toma decisões e faz
escolhas tendo como princípio controlador buscar aquilo que lhe dará maior prazer e
felicidade. O individualismo exacerbado e o materialismo moderno são formas atuais
de hedonismo.
Muito embora o cristianismo reconheça a legitimidade da busca do prazer e da
felicidade individuais, considera a ética hedonista essencialmente egoísta, pois coloca
tais coisas como o princípio maior e fundamental da existência humana.
2 Utilitarismo
Outro exemplo de ética humanística é o utilitarismo, sistema ético que tem como
valor máximo o que considera o bem maior para o maior número de pessoas. Em
outras palavras, "o certo é o que for útil". As decisões são julgadas, não em termos
das motivações ou princípios morais envolvidos, mas dos resultados que produzem.
Se uma escolha produz felicidade para as pessoas, então é correta. Os principais
proponentes da ética utilitarista foram os filósofos ingleses Jeremy Bentham e John
Stuart Mill.
A ética utilitarista pode parecer estar alinhada com o ensino cristão de buscarmos o
bem das pessoas. Ela chega até a ensinar que cada indivíduo deve sacrificar seu prazer
pelo da coletividade (ao contrário do hedonismo). Entretanto, é perigosamente
relativista: quem vai determinar o que é o bem da maioria? Os nazistas dizimaram
milhões de judeus em nome do bem da humanidade. Antes deles, já era popular o
adágio "o fim justifica os meios". O perigo do utilitarismo é que ele transforma a ética
simplesmente num pragmatismo frio e impessoal: decisões certas são aquelas que
produzem soluções, resultados e números.
Pessoas influenciadas pelo utilitarismo escolherão soluções simplesmente porque elas
funcionam, sem indagar se são corretas ou não. Utilitaristas enfatizam o método em
detrimento do conteúdo. Eles querem saber “como” e não “por quê?”.
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3 Existencialismo
Sartre, um dos mais famosos existencialistas, disse: "O mundo é absurdo e ridículo.
Tentamos nos autenticar por um ato da vontade em qualquer direção". Pessoas
influenciadas pelo existencialismo tentarão viver a vida com toda intensidade, e
tomarão decisões que levem a esse desiderato. Aldous Huxley, por exemplo, defendeu
o uso de drogas, já que as mesmas produziam experiências acima da percepção
normal. Da mesma forma, pode-se defender o homossexualismo e o adultério.
Esse nome é geralmente dado ao sistema ético que toma como base o processo e as
leis da natureza. O certo é o natural — a natureza nos dá o padrão a ser seguido. A
natureza, numa primeira observação, ensina que somente os mais aptos sobrevivem e
que os fracos, doentes, velhos e debilitados tendem a cair e a desaparecer à medida
que a natureza evolui. Logo, tudo que contribuir para a seleção do mais forte e a
sobrevivência do mais apto, é certo e bom; e tudo o que dificultar é errado e mau.
Por incrível que possa parecer, essa ética teve defensores como Trasímaco (sofista,
contemporâneo de Sócrates), Maquiavel, e o Marquês de Sade. Modernamente,
Nietzsche e alguns deterministas biológicos, como Herbert Spencer e Julian Huxley.
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por neo-nazistas nos muros de São Paulo contra negros, nordestinos e pobres.
Conscientemente ou não, pessoas assim seguem a ética naturalística da sobrevivência
dos mais aptos e da destruição dos mais fracos.
Os cristãos entendem que uma ética baseada na natureza jamais poderá ser legítima,
visto que a natureza e o homem se encontram hoje radicalmente desvirtuados como
resultado do afastamento da humanidade do seu Criador. A natureza como a temos
hoje se afasta do estado original em que foi criada. Não pode servir como um sistema
de valores para a conduta dos homens.
O conceito hindú de não matar as vacas vem de uma crença do período védico que
associa as mesmas a algumas divindades do hinduísmo, especialmente Krishna. O
culto a esse deus tem elementos pastoris e rurais.
O que pensamos acerca de Deus irá certamente influenciar nosso sistema interno de
valores bem como o processo decisório que enfrentamos todos os dias. Isso vale
também para ateus e agnósticos. O seu sistema de valores já parte do pressuposto de
que Deus não existe. E esse pressuposto inevitavelmente irá influenciar suas decisões
e seu sistema de valores.
É muito comum na sociedade moderna o conceito de que Deus (ou deuses?) seja uma
espécie de divindade benevolente que contempla com paciência e tolerância os
afazeres humanos sem muita interferência, a não ser para ajudar os necessitados,
especialmente seus protegidos e devotos. Essa concepção de Deus não exige mais do
que simplesmente um vago código de ética, geralmente baseado no que cada um acha
que é certo ou errado diante desse Deus.
PESQUISA - O estudante deve: 1) conhecer o pensamento ético: Soren Kierkegaard;
Friedrich Nietsche; Jean Paul Sartre; Platao, Socrates.
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QUESTIONARIO - ALTERNATIVAS ETICAS
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CARATER DA ÉTICA DO VELHO TESTAMENTO
1. O monoteísmo ético
O alto nível do Pentateuco tem sido uma das evidencias que tem pretendido alegar em
favor da origem post-mosaico da lei. Todavia, não há dificuldade alguma em admitir a
origem mosaica da lei (Jo. 1:17; 5:46) se é aceitável que desde os princípios do povo
de Israel, Yahveh se revelou como único e verdadeiro Deus. Nesse caso o conceito de
Deus para o contexto hebraico não evoluiu desde um politeísmo primitivo, e a ética
expressada na lei de Moisés tampouco foi produto de éticas anteriores, foi diretamente
revelada e tem suas bases no caráter, no caráter revelado de Deus. O povo de Deus
não tinha nenhum conceito de ética como uma disciplina independente; para ele, a
ética não pode separar-se da Teologia. Deus é justo, santo, o homem deve ser
também, tanto individual como coletivamente. Precisando da mesma meneira que o
Deus de Israel se distinguia de outros deuses por seu caráter moral, assim também
teria que distinguir seu povo dos demais povos como “povo santo” (Lev. 19:2; 20:26).
Nos profetas introduz com mais força e ênfase a idéia de que a conduta justa se
identifica com o conhecimento de Deus (Jr. 9:24; Is. 5:15). Mesmo assim conhecer a
Deus em resposta de haver conhecido por Deus (I Cor. 8:3) adquire ao longo de toda a
Bíblia uma matriz de conhecimento experimental que equivale a uma compenetração
íntima. Assim se compreende a estreita relação desse conhecimento com a conduta.
Em João 7:17, Jesus disse: “Aquele que quer fazer a vontade de Deus conhecerá a
respeito da doutrina.” E apesar da onisciência divina nesse sentido experimental,
afetivo pode dizer o Senhor as virgens insensatas: “Em verdade vos digo que não vos
conheço.” (Mt 25:12).
2. A vontade divina
3. O pecado do homem
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castigar as violações da ordem moral e divino. A revelação aumenta a
responsabilidade moral do povo de Deus (Am. 3:2).
4. A redenção divina
A) A antiga aliança é o meio destinado a cumprir o propósito divino. Deus faz aliança
com Abraão (Gn. 12; 15:19; 22:15-18) e renova com seus descendentes no Sinai (Ex.
19). Nesse momento quando a lei é revelada a Moisés, o sentido ético da aliança se
nota na figura do matrimônio, no qual mostram muitos livros do Velho Testamento
(Oséias). Israel é a esposa de Jeová e deve ser fiel a Ele. Os profetas afirmam que
Israel tem sido infiel correndo atrás de deuses falsos, com as conseqüências morais
proporcionais a tal infidelidade. (Jr. 2 e 3). A aliança tinha implicações sociais, e
individuais. O amor ao próximo (Lev. 19:18) se expressa em muitas leis, como por
exemplo, as precauções de segurança na construção (Dt. 22:4-8); no que se trata dos
servos (Dt. 15:12-18), aos estrangeiros (Lev. 19:33) e aos pobres (Ex. 22:26), etc.
B) A nova aliança. A Jeremias lhes é revelado que o antigo pacto é uma antecipação
da nova aliança (Jr. 31:31-34), por meio do qual os propósitos divinos se cumpriram
em sua plenitude. De novo tem uma implicação social: a santidade do povo de Deus
como tal “povo” conceito que no Novo Testamento falaria de desenvolver na doutrina
do Corpo de Cristo.
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QUESTIONÁRIO
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A LEI DO POVO DE ISRAEL
Os principais usos do termo lei foram definidos por Tomás de Aquino em sua Suma
Teológica e ainda nos é válida, com a adição da lei científica.
1. A) A Lei eterna. “Não é outra coisa que Deus mesmo... não é outra coisa que
o plano da sabedoria divina, considerado como diretor de todos os atos e
movimentos (das criaturas)”. Os princípios eternos da natureza de Deus são as
normas absolutas para a conduta do homem.
2. B) A lei natural. “Não é outra coisa que uma participação da lei eterna em
uma criatura racional”. Podemos examinar o conceito pagão dessa lei e o
conceito bíblico.
1. (a) O conceito pagão segundo Aristóteles, “é natural a regra de justiça
que tem a mesma validade em todas as partes e que não depende da
aceitação da mesma”.Ciceron expressa assim o conceito estóico “A lei
verdadeira é a justa em concordância com a natureza...É de aplicação
universal, é imutável e eterna...; quem desobedece está fugindo de si
mesmo e está negando a sua natureza humana.” Está aqui implicado o
conceito de que existem princípios de conduta independente do tempo,
do lugar e da opinião, gravados no coração humano.
2. (b) O conceito das Sagradas Escrituras. A existência da lei natural é
afirmada em Romanos 2:14-15 e implicada em Romanos 12:17 e I Cor.
11:13-16 e em todos os textos que ensinam a responsabilidade moral
do homem fora do povo de Deus (Am. 1, Rm. 1:18-22). Trata-se de um
conhecimento natural do bem e do mal. É de tratar que não se trata de
uma lei descritiva senão normativa. O homem sabe por sua consciência
da queda. “A percepção da lei natural por parte do homem caído está
universalmente distorcida em maior e menor grau”. Este ato tem
induzido alguns a abandonar o conceito da lei natural, crendo que
damos este nome a normas que temos recebido em nossa própria
formação moral. Apesar o homem leve dentro de si o conhecimento
moral como aspecto de ter sido criado a imagem de Deus. S.T.
Colediridje comparou a lei natural a qual apesar de suas irregularidades
e imperfeições ainda assim nos guia em nosso caminho, refletindo a
luz do sol com a esperança de que este se levantará pronto.
(c) A lei científica. A importância desta aceitação do termo “lei” aqui irradia na
confusão que tem surgido, desde o século XVIII, entre a lei natural e as leis da
natureza. Através da observação científica se formularam leis naturais. O método foi
aplicado ao homem e sua conduta, formulando umas novas leis naturais, que era uma
espécie da lei científica da natureza humana, em forma puramente descritiva. “O que
era natural no Éden, foi substituído pelo que era natural na Europa”.
(d) A lei positiva. “Uma ordem da razão diz para o bem comum e promulgada pelo
que tem a seu cargo na comunidade”.São desse gênero as leis humanas promulgada
pelas autoridades. O jurista Blackstone sustentava que nenhuma lei humana tem
20
validade se é contrária à lei natural. Sua relação com a autoridade divina e, portanto,
com a lei eterna, está exposta por Paulo em Romanos 13:1-6. Quando a lei humana é
considerada como contrária a lei natural, um setor da comunidade pode ver-se
obrigado a opor resistência. Quando uma lei humana está humana está em conflito
com a lei divina, um filho de Deus mais remédio que transgredi-la (At. 4.19).
(e) A lei divina. “É segundo São Tomás de Aquino – aquela revelação da lei eterna
que está contida nas Sagradas Escrituras”.
2. O caráter de Torah
A palavra no Hebraico “Torah” que se traduz por lei significa uma direção. Em sua
aplicação específica “significa a direção autoritária dada em nome de Jeová sobre
pontos do dever moral, religioso ou cerimonial. (Ibid). Aplica-se no Velho
Testamento aos pronunciamentos de sacerdotes, juízes ou profetas (por ex. Sl. 78:1)
no nome de Yahveh (ou Jeová) com autoridade divina. De maneira especial se refere
a lei mosaica (I Cr. 16:40).
A) A torah inclui toda a vida humana, enquanto que a lei positiva só pode tocar os
aspectos sociais da conduta.
B) Enquanto a sua promulgação, Torah não encontra em estatutos como a lei positiva,
senão que o que é ouvido pela boca dos servos de Yahveh (Jeová) os quais
proclamam Sua palavra ao homem.
C) A diferença da lei positiva, a Torah não se pode reformar, Cristo mesmo declara
seu caráter imutável (Mt. 5:17-(18). Tampouco existe a possibilidade de apelação
contra ela por ser o reflexo da natureza eterna de Deus.
21
4. O propósito de Torah
A. Era uma maneira de viver para um povo escolhido e resgatado. Torah não é
simplemente um código de conduta, senão a maneira de viver conveniente para o
povo escolhido por Deus e com quem tem feito uma aliança de favor (Ex. 19:4; 20:2).
A promessa “faça isso e viverá” não indica um sistema de salvação pelas obras (todos
os fiéis do Velho Testamento se salvaram pela fé! – Hb.11), porque os israelitas que
olhavam a lei dessa maneira, ocupando-se em obediência a letra como um meio para
alcançar a salvação, foram condenados tanto pelos profetas do Antigo Testamento
como por Jesus Cristo. A lei era um favor de Deus ao povo como guia de sua conduta
“fazia Cristo” (Gl. 3:24). Na frase de Estevão, a lei continha “palavras de vida”. (At.
7:38)
B. Estava destinado a refrear o pecado. Esta função está relacionada com a primeira.
Mesmo quando Israel havia se distanciado de Deus, sua conduta era muito melhor que
os povos pagãos ainda que estava distante do Espírito da Lei. “A lei não foi dada para
o justo, senão para os transgressores e desobedientes”.(I Tm. 1:9).
D. Demonstra a natureza do pecado, só através da lei que o homem reconhece o que é
pecado (Rm. 4:15; 7:13).
F. É uma preparação para Cristo. Segundo Gálatas 3:24 tem sido nosso pedagogo (o
servo que leva os filhos à escola), levando-nos até Cristo. “Mas tendo vindo a fé, já
não permanecemos subordinados ao aio.” (Gálatas 3:25) a lei preparava para Cristo
em todos os aspectos mencionados e no aspecto cerimonial (Hebreus cap. 7 ao 10).
Jesus disse que tinha vindo a cumprir a lei. (Mt 5:17), e com o seu cumprimento pôs o
fim à lei (Rm. 10:4), de modo que o cristão está livre do jugo da lei (Rm. 6:14; 7:4;
10:4; Gl. 2:19; 4:5; 5:18). O que significa estar debaixo da lei de Cristo (“énnomos
Christú – I Cor. 9:21), veremos na 4a parte deste livro”.
G. Revela a natureza de Deus, tanto a sua santidade como o seu amor pelo seu povo
(Ex. 20:5-6).
22
QUESTIONÁRIO
23
O DECÁLOGO
Esta íntima relação entre a religião e a vida, distingue ao Decágolo de outros códigos,
por exemplo, o de Hamurabi, os quais se preocupam da lei civil e criminal,
especialmente da defesa da propriedade.
2. Sua ordem
Ainda que sabemos que estava escrito em duas tábuas, o texto não indica como foi
dividida entre as duas. Pelo conteúdo, se pode fazer a divisão depois do 4o ou do 5o.
Os autores evangélicos optam em geral, pela última divisão, por exemplo, W. S.
Bruce, quem vê os primeiros cinco mandamentos o dever do homem para com Deus,
expressando em uma progressão que começa a adoração no coração, passando pelas
palavras e ações. Deus deve ser honrado em sua pessoa (1o mandamento), em seu
culto (2o mandamento), em seu nome (3o), em seu dia (4o) e em seus representantes
(5o), mandamento que serve anel com a 2a tábua, já que também tem uma relevância
social. A segunda tábua trata da relação do homem com seu próximo, procedendo em
ordem inversa de ações, palavras e pensamentos. O próximo deve ser respeitado em
sua vida (6o), em relação a sua esposa (7o), em seus bens (8o) e sua reputação (9o), e
tudo isso dentro do coração, por meio de ações externas (10o).
24
se aplica a qualquer coisa que poderia usurpar o lugar de Deus como objeto único do
culto e do serviço do homem (ex. as riquezas – Mt. 6:24; Col. 3:5).
IV. Trata-se observar o dia do Senhor. Comparando com Dt. 5:12-15, podemos
destacar três propósitos: 1. religioso: a comemoração do descanso divino após a
criação e a redenção do Egito (Dt. 5:15); 2. social: uma oportunidade para fazer o bem
ao próximo e dar liberdade aos escravos (Dt. 15:12-15; 16:12; 24:17-22; Mt. 12:12);
3) pessoal: descanso do trabalho da semana (Gn. 2:3; Ex. 23:12; Dt. 5:14).
A segunda tábua
25
Avaliação do Decálogo
26
QUESTIONÁRIO
27
ENSINAMENTOS ÉTICOS DOS PROFETAS DO VELHO TESTAMENTO
Os profetas faziam algo mais do que profetizar o futuro, na realidade, o seu papel
principal está de acordo com a etimologia do termo, “é falar no nome de outro”, nesse
caso, de Deus. Assim que o propósito imediato dos profetas do Velho Testamento era
admoestar e aconselhar as pessoas. Também as profecias tinham a finalidade de
mostrar o povo o seu estado de falsa satisfação de convencer de pecado e de fazer-
lhes voltar a Deus e a sua Lei. Como disse A.F. Kirkpatrick, “lutavam para voltar o
povo a sua lealdade fazia Jeová, e para elevar as práticas ao nível da fé”. Deus falou
por intermédio deles (Mq. 3:8) e nesse sentido sua mensagem era nova, porém longe
de ser inovadores, recordam ao povo o passado, a aliança (Os. 6:7; 8:1), a lei (Os. 4:6;
Am. 2:4) e os atos libertadores que Deus usou em favor de seu povo (Os. 11:1; Am.
2:10; 3:1). Oséias identifica a figura de Israel como a esposa infiel de Jeová que deve
retornar ao primeiro amor.
Amós fala da justiça e do juízo, Deus é justo juiz das nações (5:24), que exija uma
conduta justa da parte de seu povo.
Isaías e Miquéias falam do caráter santo de Jeová, “O Santo de Israel” quem exige a
santidade de seu povo. (Is. 33:13-17; Mq. 1:2-5).
Jeremias como Ezequiel enfatiza que cada um morrerá pelo seu próprio pecado
(31:29-30). Oséias fala do amor de Deus como esposo de Israel. Seu termo favorito é
o vocábulo hebraico “hesed” = lealdade misericordiosa, fidelidade à aliança e o amor
ao seu povo (14:1). Deus chama seu povo a voltar a Ele, expressa seu desejo de
perdoar e fala das bênçãos que deseja derramar sobre eles. Deseja que seu povo
também apresente essa qualidade para com Ele (6:4), e para com o próximo (4:1; 6:6;
12:6).
28
Apesar dessas qualidades diferentes, a mensagem dos profetas basicamente é a
mesma. Se o povo se arrepende, Deus perdoará (Am. 5:4-6,14-15; Is. 1:18; Miq. 7:18-
20) “Miquéias – ressalta H.L. Ellison – resume os requisitos da religião autêntica em
um versículo famoso (6:8), o qual combina o ensino em seus insignes precedentes:
fazer juízo (Amós); amar a misericórdia o “hesed” (Oséias); e humilhar-te para andar
com teu Deus, como convém ao seu caráter santo (Isaías)”.
A) A religiosidade e seu aspecto geral (Isaías 59:13), já que os sacrifícios a deuses
estranhos (Os. (2:13; 4:10; 11:2), no culto a ídolos e imagens de idolatria (Is. 2:8; Os.
13:2), no seguimento de costumes estrangeiros (Is. 2:6; Mq. 5:12-14). Em Jeremias e
Ezequiel denuncia a apostasia é mais contundente que a dos profetas anteriores, a
causa do paganismo do reinado de Manasses, o culto idólatra mesmo que pretendia
ser dirigido a Jeová, porém agora tem introduzido deuses estranhos (7:17-18, comp.
com Sf. 1:5-6) e até sacrifícios humanos (7:31) Nos primeiros capítulos, Jeremias
amplia um estilo que recorda Oséias , comparando a relação entre Israel e o seu Deus
e a dos cônjuges, pais e filhos (2:9; 3:1,20; 31:9); e em Jerusalém (8:6-16) como que
ainda persiste entre os exilados (14:1-8). É uma afronta a Jeová e ao seu nome (20:9,
14, 22), e a conseqüência será a condenação da justiça de Deus (6:7; 7:4). Em 7:4
parece que o juízo consistirá nos pecados que abrange a idolatria.
29
D) a injuria o latrocínio e a exploração. Os profetas acusam os ricos de oprimirem
aos pobres (Am. 2:6-8; 8:4-6), de perverter a justiça (Am. 5: 11-12), de serem
credores cruéis (Mq. 2:8-9), e de praticar negócios fraudulentos (Mq. 6: 10-11). Os
governantes são maus (Mq. 3:1-3) e a injustiça contamina toda a sociedade (Is. 5:7-
23; 33:15; 58:6-7,9-10; 59:1-7). No período posterior a justiça generaliza (Jer. 5:1;
7:5-6). Abundam a cobiça (Jr. 3:13) a fraude (22:13), a traição (9:8), o roubo, o
adultério, a mentira e o homicídio (7:9). A profecia sobre o juízo divino vem sendo
uma ameaça constante (Jr. 5:29). Em Ezequiel 22: 6-12, vemos como o povo está
cheio da violência, de desprezo aos pais e ao estrangeiro, a viúva e os órfãos; a
profanação do santuário e do sábado; a imoralidade de toda classe de usura e fraude.
Em Amós e Oséias vemos que o Senhor condena igualmente o roubo, o homicídio e a
mentira (Os. 4:2; 6:8; 10:4; 11:12; 12:1), e assim como os adultérios e os pecados
relacionados a ele. (Am. 2:7; Os. 4:2).
30
QUESTIONÁRIO
31
ÉTICA DO NOVO TESTAMENTO O ENSINO ÉTICO DE JESUS (I)
A) Sua relação com a lei. Jesus disse que veio para cumprir a lei e não revogá-la (Mt.
5:17; Le. 16:17). “Cumprir – disse J. F. A Hort – significa completar sua plenitude,
implicando um progresso; não significa guardar uma coisa no mesmo estado que
antes”. Jesus cumpriu a lei em sua vida; em sua morte, cumprindo uma vez para
sempre seus aspectos cerimoniais e cravando na cruz, enquanto que a Lei era
instrumento de condenação para nós (Col. 2:14) e o muro da separação entre judeus e
gentios (Ef. 2:14-15); e, em seu ensinamento ético que reafirmava o espírito da lei,
ressaltando as suas profundas implicações (Mt. 7:12). “Longe de revogar a lei – disse
E. F. Scott – O Senhor exigia de seus discípulos obediência que ultrapassava os
escribas e fariseus (Mt. 5: 19-20)” Comparando ao caso do jovem rico (Mt. 19:19)
que havia na realidade rejeitado a cumprir o primeiro mandamento, ao fazer de suas
posses de ídolo, posto que isso impediu de seguir o Enviado de Deus. Jesus restaurou
a lei moral a seu justo lugar, corrigiu ao que homens acrescentaram e que muitas
vezes destruía o efeito da Lei e obscurecia suas autênticas ordens, como no caso de
Corbán (Mt. 15:1-9; Mc. 7:8-13). Do ponto de vista da mesma Lei, restaurou onde era
devido, nos pontos mais importantes, os quais passavam desapercebida a causa do
desmedido interesse que os escribas mostravam pelos mínimos detalhes. No caso do
Sábado, o Senhor mostrava a relevância da salvação e a maior importância dos
deveres morais em comparação com os cerimoniais (Mt. 12:1-12). Num dos grandes
mandamentos, destacam-se os princípios fundamentais da Lei (Mt. 22: 37-40). No
Sermão da Montanha ensina a profundidade da lei moral, o qual tem a ver com as
ações, com os pensamentos e desejos, de forma que a ira e lascívia equivalem ao
homicídio e ao adultério respectivamente. Como já temos dito, ataca as raízes do
pecado e não somente os frutos. “O Sermão do Monte – disse C. F. H. Henry – é a
última exposição e mais profunda da Lei”.
B) Sua relação com os profetas. Jesus vincula a Lei com os profetas em pontos de
ética (Mt. 5:17; 22:40). É evidente que os profetas confirmaram o ensinamento da lei
e que Ele mesmo realiza o ministério profético, chamando o povo de Deus a voltar
aos princípios morais da Lei (Mt. 23:23 que recorda o espírito de Os. 12:6 e Mq 6:8)
32
observância mecânica como meio para adquirir mérito: c) sua atitude em relação às
mulheres. Respeita a personalidade da mulher e sua posição na sociedade. Menção
especial merece seu comportamento com a mulher samaritana (Jo. 4:4-27) conversar
em público com uma mulher samaritana, quando os judeus era proibidos de conversar
com mulheres em via pública nem sequer sua esposa.
Mesmo que os escribas queiram muitas vezes tirar dele um pronunciamento de índole
jurídica, Ele nunca o dá porque como disse T. W. Manson “preocupa-se mais das
fontes de conduta que os atos externos”. Ele exige a renovação interior. “O que sai do
coração é que contamina o homem” (Mt. 15: 18-20), e, portanto é o coração que deve
ser renovado. Os que em sua conduta segue o exemplo do Pai, e com seus filhos (Mt.
5: 44- 48), o qual implica a necessidade de uma mudança radical no homem, que
Jesus descreve como um “nascer de novo”, sem o qual nada é possível no reino do
Espírito (comp. con Jo. 15:5; 1.a Cor. 2:14; Ef. 2). “O que está formulando Jesus, não
é um ideal abstrato de justiça por si só, senão a vida a qual estão sendo chamados em
resposta ao amor redentor de Deus, como filhos de Deus e participantes de seu
Espírito”.(T.W. Manson).
Ao tratar desse ponto, devemos expor as distintas teorias que tem formulado:
A) “Teoria da Ética de ínterin”. Segundo essta teoria, crendo Cristo que vinha do
Reino era iminente, ensinava uma ética de caráter ideal para um curto intervalo que
mediava entre seu ministério e a vinda do Reino de Deus. Dá a ênfase a necessidade
do arrependimento e a renuncia as coisas deste mundo. Dessa meneira, segundo a
opinião de J. Weiss, não se trata de uma ética como de uma disciplina penitencial.
Segundo A Schweitzer, “toda a ética se apresenta debaixo do conceito do
arrependimento a penitência pelo passado e a determinação de viver daí em diante
livre das coisas que são deste mundo, apoiados na esperança do Reino Messiânico”.
Em vista da eminência do Reino, considera-se que Jesus ensinava uma atitude
negativa deste mundo, a família, as propriedades, as riquezas, etc, com uma ausência
total de interesse pelo futuro e pelo comportamento social. Weiss crê que a motivação
da obediência é assegurar um lugar no reino de Deus para beneficiar os demais. A
teoria pretende explicar a altura e a perfeição “impossível” do ensino ético de Cristo,
já que era formulada para um curto período. Observou C. W Emmett; que “de onde se
apresenta um motivo escatológico e sua ênfase na falta de tempo, o conteúdo do
ensino carece de um caráter extraordinário; por outro lado de onde o conteúdo de
33
ensino poderia considerar como determinado por uma mentalidade escatológica que
brilha por sua existência”. Por exemplo, o Sermão da Montanha, que seria a “ética de
ínterin” por excelência, não menciona para nada a iminência do Reino. A teoria não
leva em conta a continuidade da ética de Cristo com a do Velho Testamento, donde a
possibilidade de juízo era sempre iminente, e o propósito divino do estabelecimento
do Reino entre o povo de Deus era igualmente presente. Um exame dos Evangelhos
desmente a teoria. Em Lucas 14:26, Jesus exorta a renúncia da família, em Mateus
15:1-9 condena aos que buscam modos de esquivar suas responsabilidades familiares;
em Mateus 6: 16-17 disse como seus discípulos devem jejuar, em Mateus 9:15 explica
que o tempo de seu ministério na terra não é o momento propício para jejuar. Sua
própria participação em festa e convites (Mt. 9:10; Mc. 14:3; Lc. 7:36) causou a
acusação por parte dos fariseus de que era glutão e beberrão (Mt. 11:17-19), já que os
seus discípulos não jejuavam. Ensina a renúncia por amor ao Reino dos Céus (Mt.
19:21; Lc. 14:26,33), e a possível renúncia das ocasiões de cair (Mt 18: 7-9), não se
trata de uma renúncia geral de toda a responsabilidade humana. Enquanto a
pretendida falta de interesse na ética social, Jesus se abstém de formular regras
concretas sobre as relações humanas, ensina princípios espirituais capazes de aplicar-
se a diversas estruturas sociais, notavelmente o serviço aos demais (Mc. 10: 42-45). O
problema do elevado caráter do seu ensino se baseia em seu critério subjetivo.
Observa A. R. Osborn que “uma lei que não é observada, nem por isso é não
praticada”. O Senhor é consciente a altura de seu ensino (Mateus 5:20, 48), porém
espera que seus discípulos as pratiquem (Mt. 28:19-20). Não é para todos; somente a
boa árvore pode dar bons frutos (Mt. 5:17; 12:33); somente os campos que formam
parte da vida podem dar frutos (Jo. 15: 4-5). Considera-se que Mt. 5:39- 44; Lc. 6:35
exortam um altruísmo exagerado, porém deve-se levar em conta outro lado de seus
ensinamentos: o discípulo deva dar porque é filho do Pai que dá (Mt. 5:44-45),, e
porque não tem necessidade de preocupar com as coisas materiais, como fazem os que
não pertencem ao povo de Deus (Mt. 6:31-33). Acusa também de uma mansidão
extrema (Mt. 5:39; 18:21-22), enquanto proíbe a vingança pessoal, o mesmo dá o
exemplo enquanto a oposição ao mal (por ex. Mt. 23; Mc. 3:5; 10:14; 11:15-17). O
procedimento que propõe para a disciplina de um irmão ofensor é de todo equilibrado
(Mt. 18:15-17). Segundo a “ética do ínterin” o que movimenta a conduta é
basicamente egoísta (a própria salvação), porém a mesma teoria admite que o ensino
de Cristo é uma realidade, todo o contrário, ao acusá-la de extremo altruísmo.
B) A Ética do Reino futuro. Esta teoria afirma que o ensino de Cristo se aplica ao
reino de Deus, o qual não havia vindo. Vai associando ao nome de M. Debilius, quem
declara: “O ensino de Cristo é pura vontade de Deus sem nenhuma referência e a
possibilidade de seu cumprimento na era presente”. É muito semelhante a
interpretação dispensacionalista do Sermão da Montanha: “Não temos que cair no
erro de procurar um cumprimento literal do Sermão da Montanha hoje em dia. Serpa
cumprido de maneira literal, ao chegar o fim da época em que vivemos, e quando o
Senhor Jesus se ocupe do povo de Israel.” Esta interpretação apoiada por C. I.
Scofield e L. S. Chafer, que considera que o Sermão da Montanha é uma lei que não
pode ser aplicada na era da graça. Essas interpretações passam por alto e o fato de que
Cristo se dirigia aos seus discípulos (Mt. 5: 1-2) e se refere ao miúdo a situações que
podem ser deste mundo, do milênio de qualquer reino Divino; exemplo: a repercussão
por causa da justiça, os que querem levar a carga.
34
C) A ética do Reino do futuro com validade atual, é uma modificação das teorias
anteriores, segundo a qual se procura salvar o valor da ética de Cristo, apesar de que
ele formulou sob uma ótica escatológica iminente. Seu autor é Paul Ransey quem a
expõe em Basic Christian Ethics (1953): Uma parte do ensino ético de Cristo é
inseparável de sua esperança vinda do Reino durante a geração posterior a sua, porém
o resto se pode aceitar como válido, porque “a gênisis (de um ensino) não tem nada a
ver com sua validade” mesmo que com modificações do próprio contexto. O
pressuposto básico da teoria tem sido rejeitado. O procedimento de adaptação que
resulta necessariamente ai aceitar tal pressuposto, tem de cair ferozmente na
subjetividade e o produto é uma Ética algo menos cristã.
D) A ética do Reino de Deus como realidade presente. T.W. Manson expõe três
aspectos do conceito do Reino no ensinamento de Cristo a saber: a) a soberania eterna
de Deus; b) o Reino como manifestação presente na vida dos homens; c) a
consumação final do Reino.Os últimos se podem considerar como manifestações do
primeiro, a qual presta os ensinamentos éticos de Cristo um caráter absoluto. Por meio
de uma cuidadosa combinação de versículos, destaca Manson que na primeira parte
do ministério, enquanto que na segunda falava de pessoas que entravam no Reino. O
ponto crítico de distinção entre as duas partes, o encontra Manson na confissão de
Pedro reconhecendo o Senhor como Messias e Filho de Deus. Esta confecção foi ‘um
efeito do reconhecimento do Reino e a pessoa de Jesus como Rei e o seu reinado sem
fim”. Isto significa que o Reino consiste uma relação pessoal entre o Rei e o súdito, e
também aqui resulta também que o Reino é uma sociedade de um certo número de
pessoas que se relacionam com o Rei (O reino de Deus entre vós – Lv. 17:21). A esse
conceito é chamado de “escatologia realizada”. Enquanto nesse sentido o Reino de
Deus é o presente em outro sentido (e todavia não, disse O. Cullmann) é futuro,
porque terá sua consumação na Parusía . Em seu aspecto presente se pode dizer que a
Ética de Cristo é a ética do Reino, já que as normas aplicam unicamente aos seus
membros, ou seja, aos que tem uma relação pessoal com Ele e onde habita o seu
Espírito. “Seu ensinamento moral, é o caminho do Reino, a maneira em que a vontade
de Deus pode ser feita na terra como nos céus, a maneira em que seus súditos podem
demonstrar lealdade a Ele em obediência a sua vontade.”(Manson).
Além das promessas das bem aventuranças (Mt 5: 3-11) disse que seriam
recompensados: o serviço por ele (Mc. 10:29-30), caridade (Lc. 14: 13-14), a
humildade (Lc. 14:10-11), o amor aos inimigos, o perdão (Mt 6:14) a devoção secreta
(Mt 6:18). A crítica pretende que sempre a esperança de uma recompensa não é boa,
porém seguramente depende da classe de recompensa. Nesse caso, todas as
recompensas citadas no Novo Testamento, se trata de uma recompensa celestial,
espiritual, que não tem atrativos para o espírito egoísta. Além disso, é oferecida a
todos sem rivalidade e competência, não recebemos porque merecemos, mas sim, por
causa de sua graça (Lc. 17:10), e dada pelo amor (Jo. 14:21). O propósito de Cristo
não é atrair homens com promessas de galardão, porque também promete
sofrimentos, animando seus seguidores.
35
QUESTIONÁRIO
36
O ENSINO ÉTICO DE JESUS (II)
Mesmo o ensinamento ético dos Evangelhos se encontra às vezes em forma colhida,
como uma coleção de diversos ensinos (Ex: Mateus caps 5 ao 7), não apresenta nunca
um manual de ética, e seria equivocado qualquer intento de formulação de um
sistema. Os ensinos éticos de Cristo são dadas, em sua maior parte, em respostas à
perguntas ou situações (Quem é o meu próximo? Qual é o maior mandamento da Lei).
Daí que geralmente apresentam um só aspecto da verdade, adequado para uma
determinada situação. Além disso, Jesus se deleitava em expressar seu pensamento de
uma maneira mais intensa e geralmente acompanhado de um pouquinho de um
paradoxo exagerado”. O miúdo usa uma linguagem simbólica tal qual o gosto oriental
“Cristo falava de a públicos semitas – Disse Dewar – e a mente semita era coisa
desconhecida o literalismo, tal como entendemos no Ocidente. Se não queria ser
entendido pelos seus ouvintes se veja obrigado a ampliar formas de linguagens
simbólicas... Ao menos em um caso, repreendeu de um modo explícito a seus
discípulos por haverem interpretado de maneira literal. (Mt. 16:6- 12).
Mandamentos:
a) “Amarás o Senhor teu Deus...” “Amarás o teu próximo...” (Mt. 22:37-40). Scott
não encontra outro mandamento absoluto que este, o qual é a base e o resumo do
ensino ético de Cristo em seus dois aspectos: amor a Deus e ao próximo. O mesmo
Cristo disse que depende toda a lei e dos profetas. O amor está em primeiro lugar, o
reconhecimento dos direitos do amado. Em segundo lugar, leva em conta o bem do
amado. Nesse sentido a ágape cristã a diferencia do Eros sensual e da filia amistosa. O
amor ágape pode mandar-se como obrigatório, incluindo os seus inimigos, já que não
depende primordialmente do sentimento e nem da emoção. As duas partes do
mandamento se encontram na lei mosaica (Dt. 6:5; Lv. 19:18), porém o Senhor
demonstra pela primeira vez a conexão entre as duas. L. H. Marshall considera que se
deve incluir também nesse grupo os mandamentos seguintes:
2. b) “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei vós
também a eles, porque esta é a Lei e os profetas” (Mt. 7:12). Trata-se de uma
ampliação do “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Teremos que por no
lugar do próximo para compreender seus pensamentos e sentimentos. A
chamada “regra de ouro” havia sido ensinada da forma negativa pelo rabino
Hilel, como aparece em Confúcio e em Didaché ou “Ensino dos Doze
Apóstolos” documento eclesiástico do princípio do século II. Ao converter em
preceito positivo, o Senhor estende a todos os aspectos da vida.
3. c) Arrependimento (Mc 1:15). A metanóia (que é o termo grego que traduz
em arrependimento) é uma mudança de mentalidade: implica a renúncia ao
amor a si mesmo – e da conduta egoísta do homem caído pelo amor de Deus.
37
4. d) “Não jureis em nenhuma maneira... porém seja o vosso falar sim, sim ou
não, não, o que disso passar, vem do maligno” (Mt. 5:34-37). Trata-se do
juramento como instrumento da falta de sinceridade, para fazer crer falsas
afirmações. O Senhor está ensinando aqui a importância da sinceridade no
falar, que não deve necessitar de nenhum juramento para que se dê crédito.
Não se trata de uma denúncia literal de toda a declaração solene.
5. e) “Não resistais ao perverso” (Mt. 5:39). É uma revisão que o Senhor faz da
Lei do Talião. O grego tanto pode ser masculino ou neutro, de modo que pode
traduzir-se de três maneiras, o mal, o Maligno. Pode destacar-se o último por
sua evidência, já que o Maligno, ou seja, o diabo deve ser resistido (Tg. 4:7; I
Pe 5:9); o mais compreensível de acordo com o contexto, que trata de pessoas.
Teremos que uma interpretação literal, já que Cristo resistiu mal, como no
caso da purificação do Templo. O contexto da lei do Talião indica que está
ensinado que os discípulos renunciem a todo desejo de vingança, como por
exemplo: o que demonstraram em incendiar a aldeia samaritana, não o que
lhes recebeu, o qual o Senhor não lhes permitiu (Rm. 12: 17-21). Outra
indicação de que o Senhor está ensinando a passividade absoluta, é o conselho
que se dá em Lc. 22:36.
6. f) “Amai os vossos inimigos” (Mt. 5:44). O grego echthroi significa inimigos
pessoais. O mandamento, juntamente com o resto do discurso se aplica as
relações pessoais, mas que a política nacional ou internacional. É uma
ampliação do “amarás o teu próximo” e o mesmo espírito que o “não resistais
o mal”.
7. g) “Não ajuntais tesouros na terra...” senão ajuntai tesouros no céu” (Mt.
6:19-21; Lc. 12:33.). Comparando-se com a parábola do rico néscio: “Assim é
o que faz tesouro para si, e não é rico para com Deus” (Lv 12:21). A
explicação segue em Mt 6:24.
8. h) Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça”.
C. Conselhos.
1. (a) “Mas a qualquer que te bater na face direita, volta-lhe também a outra”
(Mt. 5:39) Quer dizer não repliqueis com insulto, baixando o mesmo nível do
adversário (I Pd. 2: 23).
2. (b) “e ao que quer demandar contigo e tirar-te túnica, deixa-lhe também a
capa.” (v. 40). O desejo de vingança há de suprir até o ponto de estar disposto
a perder o que é nosso, mas também dar mais.
3. (c) “Se alguém te obrigar andar uma milha, ande com ele até duas”.(v.41)
Refere-se ao desejo dos seres humanos de obrigar a qualquer pessoa civil a
acompanhar-lhes, aqui a idéia é fazer mais que o puro dever.
4. (d) Dá a quem te pede, não volte às costas ao que deseja que lhes emprestes.”
(v. 42). Recordando o contexto que tem sugerido que o motivo para negar o
empréstimo poderia ser um motivo de vingança por qualquer outra situação.
Dt. 15:7-11 já recomendava o espírito generoso.
38
“Vá, vende tudo o que tens e distribua aos pobres” (Mc. 10:21). Isso não é um
mandamento geral, e sim um conselho para aquele que é escravo de suas posses
materiais. Para ele era impossível ser discípulo de Jesus, sem desvincular ao apego
aos bens materiais, desfazendo-se das riquezas. “Quando deres esmola ignore a tua
mão esquerda o que faz a tua mão direita.” (Mt. 6:3) É um conselho para uma situação
determinada.
“Não julgueis para não ser julgados” (Mt. 7:1). Não ensina a tolerância do mal, pelo
contrário, admoesta contra a atitude crítica para com os demais, por parte de quem
deveria primeiro julgar-se a si mesmo.
implica que certo amor a si mesmo não é mal, já que Deus criou nos homens
um instinto de autoconservação. O pecado consiste em amar-se a si mesmo,
mais que Deus e mais que o próximo. Então, assim como o amor a Deus é a
raiz da boa conduta, assim também o desordenado amor a si mesmo, é a raiz
da má conduta, como é o caso do néscio. Ao contrário, o discípulo deve negar-
se a si mesmo (Mt. 16:24), o qual significa “tomar a sua cruz” “perder a vida
por amor de mim” a mesma metáfora, como temos dito, implica na radical
mudança de mentalidade que submete o interesse próprio ao amor para com
Deus e aos demais. (Lc. 14:11; 17:33).
39
- hoi dialogismoí hoi kakoí (maus pensamentos). Trata-se das más intenções
deliberadas.
-pleonexia (avareza) a valorização excessiva das posses materiais, foi o que
impediu o jovem rico seguir a Jesus.
- poneríai (maldades); o ódio no coração.
- dolos (engano)
40
QUESTIONÁRIO
41
PRINCÍPIOS DE ÉTICA PAULINA (I) 1. Características da ética paulina
Não era a intenção de Paulo, como tampouco havia sido a de Cristo, expor um sistema
de ética, senão que se aplicava aos princípios do Evangelho, problemas e situações
concretas (I Cor. 5, sobre o caso da imoralidade e II Tes. 3:8, sobre os que
abandonaram o trabalho por um mal entendido acerca da Parusía). Em ocasiões deve
contestar a perguntas sobre questões de ética (I Cor. 7 e 8). Assim as vezes repete
coisas óbvias (Ef. 4:28), as vezes de assunto de menor relevância (II Cor. 8:9), em
geral, seu ensino ético é bem mais detalhado e concreto que a de Cristo. Não é
inovador, pois aplica os ensinamentos do Mestre do Velho Testamento e as crentes
desse tempo. Em algumas passagens seu estilo recorda o da Lei e de Provérbios na
lista de suas exortações (Rm. 12; 1 Tes. 5:12-22). Poderíamos resumir os aspectos
masis destacados de seu ensino, dizendo que sua Ética é:
42
b) Mais espiritual que legalista. Como já vimos no estudo 8. Paulo enfatiza as
limitações da Lei (Rm. 7:7; II Cor. 3:6; Gl. 2:16; 3:19,24; Fl. 3:4-6). Só o Espírito de
Deus pode viver com retidão moral (Rm. 7:6; II Cor. 3:6; Gl. 3:2-5; Fl. 3:9). O cristão
tem que andar no Espírito (Gl. 5:25), sr guiado por Ele. (Rm. 8:14), deixar encher do
Espírito (Ef. 5:18).As boas obras são frutos do Espírito (Gl. 5:22-23), o ministério do
Espírito é de justiça ou de retidão moral (II Cor. 3:9 "dikaiosyne” não justificação,
como equivocadamente traduz a versão R.VS. de 1960), e contraste com o ministério
de morte da lei (v. 7).
Como disse L. H. Marshall, “Antes, Paulo havia suposto que devia ser bom para gozar
da comunhão com Deus. Depois descobriu que só pela comunhão com Deus podia
chegar a perfeição... Todo seu ensino ético surgiu diretamente dessa experiência de
renovação moral e espiritual” ( sua conversão). Por isso estava convencido de que “os
que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus” (Rom. 8:8). Os principais
pontos doutrinários que servem de base para a ética de Paulo são os seguintes|:
A) O reino de Deus: Das doze vezes que menciona Paulo, sobre o Reino de Deus,
somente quatro se referem ao presente (Rm. 14:17; I Cor. 4:20; Col. 1:13; 4:11). Das
referências escatológicas do Reino, quetro tem um sentido ético (I Cor. 6:9-10; Gal.
5:21; Ef. 5:5). A escassez do termo em Paulo em comparação com a abundância do
ensinamento de Cristo é mais uma diferença de terminologia do que conteúdo. As
constantes referências ao Espírito de Deus que habita no crente ao estar em Cristo e
ser a nova criatura demonstram que a idéia do Reino de Deus em um cristão é tão
básica para o Apóstolo como para o Mestre.
43
- A redenção comporta no resgate da escravidão do pecado (Rm. 6:12-14), para servir
a justiça (Rm 6:16) e Deus quem pagou o preço (I Cor. 6:20);
- A reconciliação implica em uma amizade anterior (Col. 1:21 comp. com Rom. 5:1)
que se torna em afeição pela obra de Cristo segundo o aforismo antigo (encontra
iguais aos que fazem”; daí que o novo estado de reconciliação com Deus caracteriza o
homem com um segmento de justiça (II Cor. 5: 19-21).
- a justificação exige que o homem “declarado legalmente justo” está destinado a uma
vida justa (2 Cor. 5:21, comp. com I Cor. 1:30);
- a adoção como filhos (Rm. 8:15-17; Gl. 3:26; Ef. 1:5) requer a afinidade moral, a
“graça da família”. Por isso, tanto para Paulo, como para Cristo (Mt. 5:44) ser filho de
Deus implica uma vida de justiça conforme o Espírito de Deus (Rm. 8: 12-16);
- A fé – O conceito Paulino de fé como em todo o Novo Testamento, expressa uma
atitude que abrange toda a personalidade. Implica uma entrega completa a vontade de
Deus, e não simplesmente um sentimento intelectual e uma emoção religiosa; daí
muitas de suas implicações éticas. Nos primeiros capítulos de Romanos, Paulo refuta
a objeção judia de que a imoralidade da lei tem sido substituída por mera fé “de modo
algum – replica ele – se não confirmarmos a lei” (Rm. 3:31) porque a vida de fé
implica por si em viver segundo a lei, e de uma maneira muito mais segura que pelo
esforço humano.Em Romanos 14: 23 vemos que o que está em desacordo com a
relação de fé entre o cristão e o seu Senhor é o pecado. Também a “fé se realiza pelo
amor” (Gl. 5:6), o qual é “o cumprimento da Lei” (Rm. 13:8-10; Gal. 5:5).
44
QUESTIONÁRIO
45
PRINCÍPIOS DA ÉTICA PAULINA (II)
a) O desejo de agradar a Deus é proposto como motivo da boa conduta Rm. 8:8; II
Cor. 5:10; Ef. 5:8-10; Col. 3:20; I Tes. 2:4; 4:1.
b) O testemunho do evangelho. No ensino de Paulo é muito importante o conceito de
que a vida do cristão seja um testemunho fidedigno de sua experiência espiritual,
demonstrando assim uma conduta conseqüente com a profissão de fé (Gal. 5:25; Ef.
5:8-9; Fil. 1:27; Col. 3:1-3-5-8; I Tes. 4:12).
C) O cuidado pelo bem da igreja é o motivo para falar a verdade, falar aquilo que é
bom, exercer um trabalho honestamente (Ef. 4. 25-29). Pode incluir-se aqui a
consideração ao irmão fraco (Rom. 14; I Cor. 8:7-13).
d) O motivo escatológico é muito freqüente, porém aparece em Rm. 2:5; 13:11-14; I
Cor. 7:28-29; I Tes. 5:4-7.
1. a) A Lei. Mesmo que a Lei não pode ser um meio de salvação. O espírito da
Lei se resume no amor, é a norma de conduta para o cristão (Rm. 8:4; 13:8; I
Cor. 7:19; Ef. 6:2).
2. b) O exemplo de Cristo.Paulo põe a Cristo como exemplo de vida cristã em
muitas ocasiões, e põe a si mesmo como imitador de Cristo (I Cor. 11:1; Fil.
2:5; 3:17; I Tes. 1:6). Exorta a todos a serem imitadores de Cristo em certos
aspectos concretos (Rm. 15:1-3-7; Ef. 5:2-25-29). O exemplo de Deus é
apresentado por Paulo em Efésios 4: 32, como apresentou Jesus em Mateus
5:4.
3. c) A consciência instruída serve também como norma de conduta (Rm. 14:23;
1 Cor. 6:12; 10:23; Ef. 4:17-21).
Paulo distingue entre o homem natural (I Cor. 2:14), o carnal (I Cor. 3: 1-3) e o
espiritual (I Cor. 2: 12-16).
46
imagem de Deus, essa natureza reflete de algum modo a lei de Deus escrita no
coração (Rm. 2: 14-15).
2. b) O homem carnal não é sinônimo de não convertido, se não que indica uma
pessoa que, mesmo que seja crente, se deseja às vezes ser guiado pelos
impulsos da carne, em vez de seguir a direção do Espírito. A carne representa
para Paulo, os impulsos mais baixos do homem (Rm. 8: 12-13). Não deve
confundir-se com o corpo, o qual é bom em si, como sendo criado por Deus, e
moralmente neutro, podendo ser oferecido a Deus (Rm. 12: 1-2) e ser templo
do Espírito Santo (I Cor. 6: 19) ou, por outro lado pode ser dominado pelo
pecado e pela morte (Rm. 7: 24; 8: 13;o original não diz “as obras da carne” –
como na R. VS de 1960 – “as obras do corpo” porque o corpo é o elemento
que a carne exercita sua prática) por isso o corpo tem que ser disciplinado (I
Cor. 9:27) para que seja um instrumento de justiça (Rm. 6:13) e de fortaleza
(Hb. 12:12), em contraste com a carne que como disse J. S Stewart, “significa
a natureza humana em sua fraqueza e a necessidade de ajuda”.
3. c) O homem espiritual é nascido do Espírito que se deixa guia pelo Espírito,
tem recebido o Espírito de Deus e anda nele e tem a mente de Cristo (I Cor. 2:
12-16). A palavra espírito mesmo que usada às vezes por Paulo para designar
o espírito humano (I Cor. 2: 11), refere-se normalmente ao Espírito de Deus. A
vida conforme o Espírito é o contrário da vida conforme a carne (Rm. 8:4-7-9;
Gal. 5:17). O homem espiritual está dominado pelo poder do Espírito e rejeita
tudo que é o contrário ao Espírito e produz fruto do Espírito (Gal. 5: 22-23)
6. O conceito do mal
Para Paulo, o mal tem sua origem fora deste mundo, nas potências espirituais
malignas (Ef. 2:2; 6:12). Tem entrado nesse mundo por meio da queda do homem
(Rm. 5:12). Na experiência individual, a carne é o instrumento do pecado (Rm. 7: 25;
8: 3). Nas cartas paulinas são mostradas sete listas de vícios concretos: Rm. 1:29-31; I
Cor. 5:11; 6:9; II Cor. 12:20; Gal. 5:19-20; Ef. 4:31; 5:3; Col. 3:5-8. Nelas
encontramos as seguintes classes de pecado:
- Pecados sexuais. Paulo menciona com freqüência, o que havia escrito aos gentios,
entre os quais eram correntes, condena de maneira especial a fornicação o adultério,
sodomitas e toda espécie de corrupção moral (Ef. 5: 3) (lascívia, exibicionismo
insolente). Dewar nota que a fornicação se menciona em primeiro lugar nas 5 das 7
listas. Esses pecados são condenados por Paulo por três motivos: a) teológico: o
crente está unido com Cristo, o qual exclui a possibilidade de toda a união que não
seja compatível com essa relação espiritual (I Cor. 6: 15-19); b) moral: O matrimônio
é uma união estabelecida por Deus, o qual previne contra a imoralidade (I Cor. 7:2-
5:9); c) social: Em I Tes. 4: 6 é não ofender o irmão apresentado para evitar esses
pecados, esta é a vontade de Deus (vers. 3). O verso 2 sugere que tais ensinamentos
eram temas freqüentes na pregação do Apóstolo.
- Os excessos. Condena não só a bebedeira senão também toda a classe de excessos
(Rm. 13:13; 1 Cor. 5:11; 6:10; Gal. 5:21).
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- Os pecados da língua. Paulo condena a aischrologia (“palavras indecentes” Col.
3:8), a eutrapelia (em seu sentido pejorativo de “truhanerías” Ef. 5:4, que podem
englobar o que hoje diríamos chistes verdes e bromas pesadas); a morologia
(“necedades” Ef. 5: 4), as maledicências (II Cor. 12:20) englobando calúnias, injúrias
e difamações, as murmurações (II Cor. 5:20) sussurro em voz baixa; a blasfêmia
(Col. 3:8 “insulto”); a loidoria (I Cor. 5:11, no sentido de vitupério, ultraje ou
censura).
- O egoísmo. Paulo condena o egoísmo em suas diversas manifestações, desprezo aos
desejos dos demais (Rm. 1:30), soberba (II Cor. 12:20) divisões ou contestações da
raiz egoísta (II Cor. 12:20; Fl. 1:16; 2:3); desejo egoísta, cobiça, concupiscência dos
olhos (“pleonexia” Ef. 4:19, 5:5; Col. 3:5. comparar com I Tm. 6:10).
7. O conceito do bem
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distributivo universal e os últimos, a expressão ei tis – algo ou algum como se
dissesse: se porventura, todavia algo bom já não houvesse mencionado... A lista de
conceitos é a seguinte:
- verdadeiro. Não indica somente o que é exato, senão tudo o que leva a marca da
sinceridade, retidão, honra e integridade.
- setnná (de semnyo= celebrar, honrar, glorificar; e este, = venerar, adorar) indica tudo
o que é digno de reverência e honra.
- Arete (virtude). É um termo da ética grega, que denota toda classe de excelência;
aqui excelência moral.
- epáinos (adoração), indica tudo o que é digno de adoração.
49
QUESTIONÁRIO
50
PRIMÍCIA DO AMOR NA ÉTICA CRISTÃ (I)
1. Quatro categorias de amor para quatro classes de vida
Ainda que pareça que a palavra amor tem deteriorado pela maldade do homem, a
origem do verdadeiro amor é divina, até tal ponto que os cristãos em frase de Bossuet
“somos os únicos que podemos dizer que o nosso amor é um deus” porque Deus é
amor.Temos visto que aquele que ama, cumpre a lei, porém este amor é a Ágape. Em
efeito, no ser humano pode falar-se de quatro classes de amor para quatro áreas do
viver, encabeçamos com vocábulo grego do Novo Testamento.
“Eros” = amor de possessão sexual. É bom e ordenado por Deus, mas dentro do
casamento, tanto que a LXX, emprega para expressar a relação conjugal de Yahveh
com seu povo de Israel. Seu abuso compreende a uma variada gama de pecados que
aparecem com profusão em nas 7 listas mencionadas na lição 14. Está fixado, em sua
execução, na área da vida somática e essa ENCARNACIONALIDAD provém a sua
tremenda periculosidade, que destaca Paulo: “Qualquer outro pecado que o homem
cometa, está fora do corpo; mas o que pratica a imoralidade, peca contra o seu próprio
corpo.” II Cor. 6: 18.
- ÁGAPE = Amor de pura benevolência que não olha ao seu próprio interesse, que
muitas vezes ama, e não busca ser correspondido (Jo. 3:16; Rm. 5:8-10; II Cor. 12:15
— I Jo. 3:1, o original diz “Vede como é grande amor concedido a nós pelo Pai...”
como se dissesse: só do Céu pode vir tal amor – 4: 10-19). Este amor procede de
Deus, como dEle procede a vida, a verdadeira vida) que nos deu por intermédio do
seu Filho (Jo. 10:10) porque nele estava (Jo. 1: 4) ligada com o Pai (Jo. 5:26). Este foi
o objetivo da encarnação: para que tivéssemos vida eterna pelo imenso ágape do Pai
(Jo. 3: 16)
Assim como os animais são guiados pelo instinto, o homem se orienta pelo amor (Jo.
7: 27). É certo que a mente recebe a luz, mas é o amor que abre as janelas. Daí que a
fé é fortalecida pelo amor (Gal. 5:6; nota-se que o verbo está em voz média, é
portanto incorreta a versão “que faz” de R. VS, e outras), como a incredulidade é
fortalecida pela auto-suficiência egoísta (Jo. 5: 24). Por isso disse Agustín de
Hispona: “Dois amores fizeram duas cidades, a terrena fez o amor e o desprezo de
Deus, a celeste, a celeste, o amor de Deus e o desprezo de si mesmo”. Encontramos
aqui duas bússolas, duas orientações opostas, uma implica a aversão a Deus pelo
pecado; a outra a conversão a Deus pela fé. Com a bússola correta, guiados pelo
Espírito de Deus (Rm. 8;14), não pela carne (Rm. 8: 14-15), se vai pelo caminho da
salvação e da felicidade de vida plena.
51
QUESTIONÁRIO
52
A PRIMÍCIA DO AMOR
NA ÉTICA CRISTÃ (II)
A primícia do amor, como o melhor dos dons divinos e o caminho mais excelente
para o caminhar cristão (I Cor. 12: 31), Paulo mostra de maneira sublime nesse grande
hino ao amor, no cap. 13 de sua primeira carta aos fiéis da Igreja em Corinto. E o
mostra de três maneiras:
- Porque sem o amor de nada vale (v. 1-3).O apóstolo acumula uma lista
impressionante tudo o que o homem pode saber: línguas, profecias, ciência; todas as
coisas que pode fazer: mover montanhas através de sua fé; todas as coisas que pode
dar: seus bens aos pobres e oferecer seu corpo ao martírio. Tudo isso de nada vale
sem o amor: “vem a ser como metal... nada é... de nada me serve”.
- Com o amor toda a conduta anda em direção a perfeição, porque é capaz de fazer e
pelo que não está disposto a fazer; o amor é:
- benigno: reage com amabilidade, não somente com mansidão para o bem de todos,
mesmo quando é maltratado.
- não tem inveja. Não tem ciúmes dos êxitos de outros, algo que deve ser a prova de
fogo para o cristão, em especial para os ministros do Senhor (pastores pregadores e
mestres). Com razão disse Dr. Lloyd-Jones quando um pregador ouve com gosto a
outro pregador, isso não pode vir senão do Espírito de Deus.
- não se esvanece. Não se envaidece, não é orgulhoso, não busca impor-se por
soberba, está disposto a admitir seus defeitos e escutar razões, conselhos e censuras.
- não faz nada indevido. Não faz nada indecente, nada fora de lugar, não é descortês.
A genuína cortesia é a flor do respeito e do amor.
Schwartz em seu livro: The Magic of Psychic Power conta a interessante história de
um fabricante de ladrilhos que estava sendo arruinado pelo concorrente mediante
53
calúnias acerca da qualidade de seus materiais. Ele planejava uma forma de vingar-se
dele, quando em um certo culto dominical ouviu o pregador falar sobre o ensino de
Jesus acerca do modo de fazer-se amigo dos inimigos. Aprendeu bem a lição, e o
primeiro cliente que veio pedir o material, enviou-o ao seu concorrente, dizendo que
em seu estabelecimento havia um material de melhor qualidade que ele desejava.
Quando o concorrente invejoso recebeu o cliente enviado por seu odiado inimigo,
ficou sobremaneira estarrecido. Moralmente derrubado, pegou o telefone, ligou para
ele dizendo: Peço-te perdão pelo mal que fiz a você, agora te proponho para unirmos
as nossas firmas para fazer prosperar conjuntamente nosso negócio. A Palavra do
Senhor havia produzido a paz de espírito levando a prosperidade material.
- não se irrita: não é propensa a suscetibilidade nem a se ofender por qualquer tipo de
injúria, não se opõe.
- não guarda rancor. Literalmente não calcula ou imputa o mal, tende a pensar o bem
aos demais, não é desconfiado, não busca maus motivos nas ações alheias, não
alimenta ressentimentos nem guarda mágoas de ofensas alheias.
- não se alegra com a injustiça. Nunca experimenta o prazer que sente o homem ao
olhar revistas que só trazem em suas matérias sensacionalistas contendo rivalidades
políticas, guerra, adultério, divórcio, roubo, seqüestro, acidentes. “Mal de muitos,
consolo de bobos” disse nosso provérbio. O amor se afasta de todo mal, de toda a
desgraça, de toda injustiça.
- tudo sofre: tudo se desculpa, cobre com os seus bons pensamentos, tudo agüenta,
suporta e resiste.
- tudo crê. O amor se inclina a ver e crer, a ter fé em uma bondade alheia não
desmentida notoriamente por fatos evidentes e malignos, a não dar fácil crédito a
cochichos de comadres e murmurações mal-intencionadas, isso não significa que o
amor crê em todas as coisas que dizem.
- tudo espera. Não se trata de um enfadado otimismo utópico e idealista, mas de uma
espécie de crédito concedido pelo poder da graça de Deus as pontos que o homem
ainda conserva para a ação do Espírito, para que o fracasso moral de nossos
semelhantes não nos desanime como uma batalha perdida. A participação dessa
esperança que Deus tem colocado em cada um de nós (na realidade do poder de sua
própria graça e misericórdia), quando nos mantêm nesse mundo, apesar de nossas
fraquezas, um grande consolo para os que se sentem fracassados, enquanto Deus nos
conserva em vida, ele espera algo melhor de nós, PORQUE DEUS NÃO FAZ NADA
QUE SEJA INÚTIL.
54
sem desânimo, quanto à defesa da verdade ou da salvação de um semelhante parece
para os demais, uma causa perdida.
Que vida cristã quando há uma verdadeira participação da natureza divina! Todos os
crentes poderiam meditar de dia e de noite esses quatro versículos (I Cor. 13: 4-7),
fazer um sincero exame de consciência, para ver até que grau chega o termômetro de
nossa vida de fé que fortalece a si mesma pelo amor (Gal. 5: 6). Não duvidemos que
aos olhos de Deus, fazer o bem é muito mais importante do que fazer o mal; tanto é
assim que o exame final que Jesus o Rei fará as nações, para eterna salvação ou eterna
condenação, será sobre as CINCO AÇÕES DO AMOR e sobre CINCO PECADOS
DE OMISSÃO (Mt. 25: 31- 46). Como dizia João da Cruz: “A tarde seremos
examinados sobre o amor”.
- O amor perdura por toda eternidade. Nos seis versículos restantes de I Cor. 13 Paulo
enfatiza a importância do amor por duas razões:
- por sua perenidade. “O amor nunca deixa de ser” (verso 8): é eterno. Isso significa
que o amor permanece durante essa vida e no porvir:
- com a fé e a esperança (vers. 12-13), as quais, apesar de permanecer aflora, também
ao final: a fé, para dar passo a visão; a esperança, para dar passo a posse (Rom. 8:24-
25; Heb. 11:1); porém o amor perdurará reavivado por sua própria chama.
- por sua excelência. Depois de todo o grande que Paulo que tem dito sobre o amor,
termina com a frase: “o maior deles é o amor”.
55
5. Regra de Ouro
Com o nome de “Regra de Ouro”, designa a Mateus 7: 12 que disse assim “todas as
coisas que os homens façam convosco, assim também devem fareis com eles, porque
isso é Lei e dos profetas”. Nesse versículo mostra uma vez mais o pragmatismo do
amor se mostra a dois níveis: individual e social.
- A nível individual, por ser conseqüência direta do 2o grande preceito da Lei (Lev.
19: 18) “amarás o teu próximo como a ti mesmo” no qual se resume toda a lei,
segundo os ensinamentos constantes do Novo Testamento, que já temos declarado
anteriormente. Duas coisas são de notar a propósito dessa “Regra de Ouro”.
- que o egoísmo humano tem falsificado essa máxima, como muitas outras do
Evangelho, apresentando de forma negativa. “Não faças a outro que não querem que
te façam a ti”. Assim aparece em Confucio e em Didaché, documento que pretende
ser os Ensino dos Doze Apóstolos e data do primeiro século II. A diferença entre a
forma positiva evangélica e negativa é evidente e importante: não é o mesmo que
desejar a todos o bem que desejamos para nós mesmos, que não desejar o mal aos
outros que não desejamos o mal para nós. Esse último é compatível com o nosso
egoísmo e nos permite desentender- nos dos demais segundo o provérbio anticristão,
já secular e freqüente em nossa terra: “Cada um por si e Deus por todos” Não recorda
a frase de Caim? “Acaso sou eu o guarda do meu irmão” (Gn. 4: 9).
- que o novo mandamento de Cristo que constitui a sua lei amplia o campo de Lev.
19: 18; Mateus 7: 12. Primeiro, quanto à extensão, porque não só abrange o
“próximo” ao amigo, senão também aos inimigos (Mt. 5: 43-48; Rm. 12:20).
Segundo, quanto a intensidade, porque não somente pede que amemos o próximo
como a nós mesmos, senão como Cristo nos amou até a morte (Jo. 13:34; 15:12-13; I
Jo. 3:16-18). VS. Rouet de Journel, o. c., n.° 1 (Para que se veja que a antigüidade de
um documento eclesiástico não inspirado não constitui garantia certa de ortodoxa)
- A nível social, porque o crente é salvo para unir-se a uma congregação, para entrar
em uma comunidade, que é a Igreja, o Corpo de Cristo. Unir com outros cristãos,
formando um só corpo em Cristo (Rm. 12: 5), exige o amor:
56
respeitoso, inteligente, faz tudo que é possível para chegar pela empatia, a simpatia e
a sintonia.
6. O amor e a koinonia
Empregamos a palavra grega Koinonia para expressar a comunhão fraternal que todos
os crentes compartilham pelo amor do Pai, a graça do Filho e o poder do Espírito. O
amor cristão “ágape” está na raiz desta comunhão que constitui na raiz desta
comunhão que constitui a unidade da igreja, pela obra redentora do corpo e do sangue
de Cristo (1 Cor. 10:16-17). Por isso, desta raiz comunitária da Igreja se deriva toda a
ética cristã:
- Enquanto ao dar-se (At. 2:42-44-46; 4:32-34-35; II Cor. 8:1-9; 12:15; I Jo. 4:16-
18);
57
QUESTIONÁRIO
58
O FRUTO DO ESPÍRITO E AS OBRAS DA CARNE 1. Relação entre a fé, o
amor e as boas obras.
Para que a Ética do Evangelho não seja uma Ética de obras, não quer dizer que não
devemos levar em conta as boas obras, posto que a Ética é uma ciência da conduta
que é determinada por uma linha de ação. É certo que a salvação (tanto a justificação
legal como a santificação moral) é de graça mediante a fé, portanto não é pelas obras
(Ef. 2: 8-9), mas sim é para as boas obras, pelo fato dessas obras serem frutos do
Espírito de Deus (Rm. 8:14; Gal. 5:22), preparadas desde a eternidade a fim que
possamos andar nelas, posto que no plano espiritual, somos criados de novo em Cristo
(Ef. 2: 10) somos feitura total de Deus, desde a nossa incapacidade e a nossa
inutilidade, desde a nossa miséria e o nosso pecado.(Rm. 5: 5).
Em Gálatas 5: 5 vemos que a nossa fé não se realiza por si só, mas aguarda pela fé a
justiça esperada. É Deus quem opera em nós o querer e o efetuar (Fil. 1: 6: 2: 13),
através do seu Espírito. Analisaremos com mais detalhes esta obra do amor de Deus
em nós;
- Por ser o aor pessoal de Deus, o Espírito Santo é incumbido de derramar o amor de
Deus nos corações dos cristãos (Rm. 5: 5), posto que a tarefa da salvação do homem é
uma obra de misericórdia, e, portanto do infinito amor de Deus. Sendo amor, o
Espírito nos transmite graça como um favor imerecido que nos confere a justiça pela
fé, mesmo sendo miseráveis pecadores (Ef. 2: 8) e nos confere essa mesma graça
como poder para suprir nossa debilidade (II Cor. 12: 9) na tarefa do nosso progresso
espiritual ou santificação moral Gal. 5: 5-6 o original nos diz: “aguardamos com anelo
a futura salvaçãoque a nossa justificaçã comporta, vivendo da fé por meio do
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Espírito”. Por meio do Espírito “a fé fortalece a si mesma, ou seja, toma força, opera
através do amor”.
- Sendo o Espírito o Amor pessoal de Deus, o primeiro fruto de sua obra no coração
do homem é também o amor. Como todos os dons vem do Pai (Tg. 1: 17) por meio
dele (I Cor. 12: 4); seu primeiro dom é o amor. Não pode ser de outra forma, porque
como adverte Tomás de Aquino, o primeiro dom sincero deve ser sincero, pois
quando não vai adiante da entrega do coração se adivinham no presente TURBIAS
intenções e então se despreza o presente como também quem deu. Como o amor de
Deus é um amor sincero (I Jo. 4: 16), seu primeiro dom, e por sua vez é primeiro fruto
do seu Espírito, é o amor. Só o amor pode fazer a verdadeira entrega e autêntica
consagração ao amado (Jo. 3:16; 13:1; Rm. 5:8; 13:8; Gal. 2:20; Ef. 5:25, etc.; sempre
precede o amor e a entrega).
- Por isso, a liberdade do amor, que é a do Espírito (II Cor. 3:17; Gal. 5:13) sempre
produz bons frutos dessa raiz do amor, como diz Agustín de Hispona. Gal. 5: 13-15
nos adverte a verdadeira liberdade expressa em um amor que leva a servir
mutuamente. O amor nos dá liberdade, não para o pecado, porque servir o pecado é a
escravidão do homem (Jo. 8: 34); o verdadeiro cristão só é servo do Onipotente; por
isso possui a suprema liberdade com tudo o que pode. Nossa liberdade é suprema,
porém está condicionada por nossa carnalidade, por isso não se deve falar na carne,
sim sua base de operações militares (Gal. 5: 13) contra o espírito (15-17).
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porém o homem é a causa principal (mesmo que secundária) e, portanto, o único
responsável pela qualificação moral de seus atos.
Sinergismo: Este termo procede do grego “syn” = com e “ergon” = obra e oferece a
seguinte solução: Deus e o homem (a ação do Espírito e ação do livre arbítrio do
homem) cooperamde forma paralela. Deus coloca sua graça que salva, o homem pode
tanto aceitar como recusar usando de sua liberdade. Assim opina o arminianismo
radical (parecido ao moliniosmo católico com seu “concurso simultâneo”) Este
sistema está fundamentado no Novo Testamento, a onde sempre vemos que tudo é
pela graça e tudo procede da iniciativa de Deus (II Cor. 3: 5).
- Amor a Deus, alegria em Deus, Paz com Deus. A primeira tríada nos oferece um
conjunto de valores inalienáveis (que nada pode arrancar) e inalienantes (que nos
proporcionam a verdadeira prudência).
Podemos notar três coisas nesta lista: a primeira, sua ordem (comp. con Ef. 5:9; Col
3:12-15; Tito 2:12; 2 Ped. 1:4-7. Nessa última, aparece em ordem inversa, desde a
temperança ao amor porque tira também do ponto contrário ao Espírito que é a
“corrupção qua há no mundo” verso 4) Passaremos a analisar cada um em paricular:
- Amor (“ágape”) O amor do cristão deve ser o mesmo do amor de Deus (Ef. 4: 32).
Paulo dá exemplo desse amor no caso dos transgressores de Corinto (II Cor. 2: 6) e de
Onésimo (Epístola a Filemon). Também exorta a todos amar os pecadores (Gal. 6: 1)
Sua fonte é sempre o amor a Deus (I Jo. 5:2).
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- Alegria. É definida como gozo no Espírito Santo (Rm 14:7) e no Senhor (Fil. 4:4).
Dos versos seguintes se deduz que implica a confiança em Deus e a ausência de
preocupação carnal.
- Paz. É a conseqüência do perdão dos pecados e de uma consciência limpa (Rm. 5:1)
é produto da confiança em Deus (Fil. 4:7) e também norma das relações sociais (Rm.
12: 18).
- Bondade Somente Paulo usa esse termo no Novo Testamento. Contém a idéia de
nobreza (Rm. 5:7) e é combinação de justiça e amor.
Vemos como a lista tira do mais íntimo (o amor) e termina com o externo (controle de
si mesmo em cada situação).
A segunda observação que queremos fazer sobre essa lista é que o fruto do Espírito
Santo tras como conseqüência de deixar-se encher dele (Efésios 5: 18) é equivalente a
encher-se cada vez mais de Cristo (nossa posição em Cristo e a posição de Cristo em
nós) segundo a expressão de Paulo em Fil. 3:12. O fruto que comporta nossa
santificação (Rm 6: 22), é por fé como a justificação.Por isso, o verso 25 de Gálatas 5
nos diz: “vivemos pelo Espírito, andemos também no Espírito” comparado com
Colossenses 2: 6.
A terceira, importantíssima observação sobre essa lista é que Paulo mesmo faz ao
concluir: “contra essas coisas não há lei” Como se dissesse: Quem tem esse fruto do
Espírito, tem a verdadeira liberdade, não necessita de nenhuma lei, posto que a função
da lei é restringir, enquanto que esse fruto surge da mesma ação do Espírito e
transborda desse amor, cumprindo todas as obrigações que a Lei impõe.
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5 As obras da carne
Já temos dito que as obras da carne (Gal. 5: 19-21) aparecem no plural, porque são
muitas, tanto por sua dispersão como pela sua obra destruidora. Trata-se do
cumprimento dos desejos da carne, encontramos nos versos 16-17 e que se opõe ao
desejo do Espírito (Rm. 8: 4-15). A lista compreende especificamente quinze pecados
distribuidos em quatro áreas.
- Área da religião. Idolatria que implica a adoração de vaidades (de “eidos” = figura e
“hólos” = inteiro, ou seja, meras figuras) e “pharmakeia”= feitiçaria ou bruxaria, uso
de artes mágicas.
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QUESTIONÁRIO
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UNIDADE 4 - ÉTICA PASTORAL
INTRODUCAO
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4.1 CONDIÇÕES MORAIS DA AUTORIDADE PASTORAL
1 - Consagração
O pastor deve entender o ministério como vocação divina e a mais
excelente das atividades humanas (1Tm 3:1, At 13:2)
O pastor bíblico tem uma vida totalmente consagrada ao Senhor. Tudo deve girar em
torno do seu ministério. Consagrar significa: empregar, destinar, entregar. Dentro
deste conceito, vale dizer que o pastor deve ter sua vida voltada completamente para
as coisas o Mestre. Não deve ter uma vida voltada para os valores materiais, e sim
espirituais. O mundanismo nem se nomeie em seu coração.
2 - Oração
A consagração do pastor deve levá-lo a uma vida de oração. A oração
deve ser a expressão máxima da comunhão do pastor com Deus, para receber forças e
ânimo para usar no gabinete, no púlpito, nas visitas, na família e na sociedade.
3- Estudo Bíblico
O pastor deve considerar a Bíblia como única regra de fé e pratica, e usá-
la como diretriz de seu ministério. Deve ser estudioso, mantendo-se em dia com o
pensamento teológico, a literatura bíblica e a cultura em geral (2 Tm 3:15-16; 1 Tm
3:2)
A consagração que leva a uma vida de oração leva também, ao estudo
honesto e constante da Palavra de Deus. Pois é na Palavra de Deus que o pastor vai
encontrar a sabedoria e as mensagens que usará no gabinete, no púlpito, nas visitas, na
família e na sociedade. A oração e a Bíblia, pela atuação do Espírito Santo, se
traduzem na fonte de todo o poder e autoridade do pastor.
1 - Respeito.
Cabe ao líder respeitar todas as pessoas, independente de quem seja, de quais
opiniões tenham (favoráveis ou contra as idéias do líder), da idade, sexo, posição ou
partido. Todo ser humano deve ser respeitado. Mesmo quem não se dá ao respeito. O
líder deve manter sua sobriedade e atenção para com todos.
O direito ao respeito se refere à dignidade mais básica. Esse direito é tão básico ao ser
humano que consta no 1o Artigo da Declaração de Direitos Humanos que “Todos os
homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e
consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.
É importante que o líder saiba que o respeito é algo tão estrutural à pessoa que até a
legislação humana considera isso ponto passivo, quanto mais deve o líder cristão
respeitar a todos. A criança e o adolescente devem receber igual atenção. O Estatuto
da Criança e do Adolescente diz em seu 3o Artigo: “A criança e o adolescente gozam
de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
proteção integral de que trata esta lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios,
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todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”.
Cabe ao líder cristão ter altos padrões morais. Jesus disse que “se a vossa justiça não
exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mt
5.20) e ainda “sede vós, pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”
(Mt 5.48).
2 Sigilo.
Muito conhecido é o sigilo profissional, o dever ético que impede a divulgação de
assuntos confidenciais ligados à profissão. Porém existe também o sigilo
confessional: o dever a que está sujeita a autoridade religiosa de não revelar aquilo
que ouve em confissão.
Pelo exercício natural do ministério o líder evangélico entra constantemente em
contato com informações confidenciais, íntimas, particulares que não devem ser
divulgadas. O caráter do aconselhado para com o conselheiro é essencialmente de
confiança, e essa relação não deve ser quebrada, sob pena de o conselheiro deixar de
estar apto como líder.
Toda informação advinda de confissão, orientação para decisão, pedido de oração,
súplica por consolo, ensino ou admoestação não deve ser divulgada, ou mencionada
fora da díade conselheiro-aconselhado. Só utilize experiência de gabinete como
ilustração em público se o dono da experiência concordar, se estiver fora do contexto
em que se possa fazer ligação entre a experiência e o sujeito.
Nada é mais triste para uma pessoa do que sentir-se usada, traída, ou envergonhada.
Perde-se a confiança no líder e a pessoa se sente insegura e frágil.
A Bíblia diz: “Como dente quebrado, e pé deslocado, é a confiança no desleal, no
tempo da angústia ” (Pv.25.19).
3 Acompanhamento.
É importante que o líder entenda que as pessoas o procuram para serem ajudadas. Ora,
essa ajuda muitas vezes ultrapassa apenas um único atendimento. Normalmente se faz
necessário acompanhar o progresso espiritual da pessoa. E o líder tem obrigação
ministerial de acompanhar seus liderados. Procure saber se os problemas estão se
resolvendo, se há necessidade de alguma ajuda ou apoio. Não abandone um
aconselhado.
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4.1 - RESPONSABILIDADE EM DAR O MELHOR DE SI
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4.2 ATUALIZACAO DO LIDER
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modéstia;
o Não neófito, para que ensoberbecendo-se, o em Cristo Jesus.
o não caia na condenação do diabo; o As mulheres sejam honestas,
o Que tenha bom testemunho dos que estão o não maldizentes, sóbrias e
de fora,
o para que não caia em afronta, e no laço do o Fiéis em tudo.
diabo.
O pastor muitas vezes tem tempo para a igreja, mas para sua família somente se sobrar
(Ct.1.6). Contudo, mais importante que o ministério é a família:
E preferível manter a família unida e bem servida, que servir ao Senhor com uma família
fragmentada, desunida e carente de equilíbrio relacional e espiritual.
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O dever do líder é espelhar em sua própria comunidade cristã os conceitos
doutrinários que estão expostos nas páginas da Bíblia. Qualquer outra fórmula de
sucesso deve ser submissa a tal princípio.
Contudo, existem ministérios cristãos que nos assustam com a eficiência febril do
mundo dos negócios. Gráficos de produtividade, controle rigoroso de pessoal,
pirâmides de crescimento, marketing agressivo, hierarquia de rede, etc.
O utilizar-se de recursos modernos em prol do Evangelho é uma coisa, porém mutilar
a Igreja de sua vocação espiritual é outra! Muito cuidado devemos ter para que a
Igreja represente a Cristo na terra. Nosso afã pela melhoria do trabalho não deve
ofuscar a simplicidade do evangelho.
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O pastor deve revelar espírito cristão quanto aos predecessores aposentados
que permaneçam em suas antigas igrejas;
Ao ser procurado por um membro de outra igreja para celebrar um casamento,
para pregar em cerimônia fúnebre ou ainda para realizar alguma ministrarão
deste gênero em sua igreja, o pastor deve apenas aceitar tal ministério apõe
esclarecer devidamente a questão com o pastor da igreja em que estas pessoas
são membros; isto so não seria feito em caso de alguma emergência;
O pastor deve cultivar, com seus colegas, o habito de franqueza, boa vontade,
lealdade e cooperação, dispondo-se a ajudá-los em suas necessidades (Jo
15:17; Rm 12:9; Pv 9:8-9;
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Um grande erro, principalmente para o líder evangélico, é deixar de responder a
solicitações das pessoas que confiam em nós. Quando nos pedem para orarmos por
alguma causa especial e dizemos que vamos interceder, mas não o fazemos
estamos na realidade mentindo. Outros nos pedem para procurarmos oportunidades
de emprego, casas para alugarem, parentes que estão doentes e tantas outras coisas.
Deixar de responder essas coisas é faltarmos com a confiança depositada. O
mesmo acontece com relação às cartas ou e-mails que recebemos...
Uma solução prática é realizarmos o que nos foi pedido imediatamente. Se for um
pedido de oração, diga "vamos fazer isso agora?" e procede já a oração. Se você
lembrar de interceder depois, melhor. Se não, já atendeu ao pedido. Esta regra pode
e deve ser usada para não sermos lideres faltosos com a confiança a nós
depositada.
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QUESTIONARIO UNIDADE 4 – ÉTICA PASTORAL
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