Perícia Contábil Judicial e Extrajudicial Prof. Ril Moura

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PERÍCIA CONTÁBIL JUDICIAL E EXTRAJUDICIAL

Prof. RIL MOURA

EMENTA

Perícia Contábil
Normas Disciplinadoras
Normas Técnicas
Normas Profissionais
Desenvolvimento da Perícia Judicial
Desenvolvimento da Perícia Extrajudicial
Gratuidade da Justiça
Cadastro Nacional de Peritos Contábeis
Modelo de Laudo Pericial
________________________________________________

Perícia. Significa o conhecimento adquirido pela experiência, saber,


habilidade.

Perito. O procedimento do perito está ligado à colheita dos fatos (peritus


percipiente) ou à interpretação deles (peritus deducendi ou judicante).
(Reinaldo Pinto Alberto Filho. Da perícia ao perito – 2ª edição – 2010 –
Editora Impetus.).

A nossa matéria está amparado nas Normas Brasileiras de Contabilidade –


NBC TP 01 – Perícia Contábil, NBC PP 01 – Perito Contábil e na Resolução
CFC n° 803 – Código de Ética Profissional do Contador – CEPC,
instrumentos emanados do Conselho Federal de Contabilidade; no Código
Civil, de 2002, e no Novo Código de Processo Civil – NCPC, que passou a
vigorar a partir de 18 de março de 2016.

INICIAÇÃO

Perícia – expressão advinda do latim peritia – é um tipo de prova, e significa


ciência, conhecimento, experiência, habilidade, saber. Prova é expressão
também advinda do latim proba, de probare, e significa comprovar,
evidenciar, demonstrar, formar juízo de, reconhecer, confirmar, autenticidade
de alguma coisa, demonstração pela qual se verifica a exatidão de um
cálculo.

A perícia, sendo um tipo de prova, constitui o conjunto de procedimentos


técnicos e científicos destinados a levar à instância decisória elementos de
prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio – questão judicial;
pleito, demanda, pendência – mediante laudo pericial, e ou parecer pericial,
em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação
específica no que for pertinente.

A perícia há que ser útil e eficaz, não pode pautar-se em inconsistências que
comprometem a eficiência e o seu resultado, sob pena de tornar-se inútil
para o convencimento do julgador e, portanto, inútil, imprestável para a
solução da controvérsia.

No Brasil, a partir de 27 de maio de 1946, com o advento do Decreto-Lei de


n° 9.295, através do qual foram criados o Conselho Federal de Contabilidade
e os Conselhos Regionais (entidades de fiscalização do exercício
profissional), a Perícia Contábil ficou institucionalizada, hoje fazendo parte
das disciplinas ministradas nas Universidades.
Em conformidade com o Código Civil (Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002),
art. 212, salvo negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode
ser provado mediante: confissão; documento; testemunha; presunção;
perícia.

Segundo o princípio da lei processual, a perícia é a medida que vem mostrar


o fato, quando não haja meio de prova documental para revelá-lo, ou quando
se quer esclarecer circunstâncias a respeito dele e que não se achem
perfeitamente definidos.

O laudo pericial é meio de prova que desfruta de acentuado grau de


credibilidade, gerando presunção de procedência e veracidade, quanto aos
fatos que descreve e as conclusões que emite. Essa presunção somente se
desfaz em caso de convincente prova em contrário ou manifesta
incongruência interna nos seus elementos de convicção. (Acórdão da 2ª
Câmara do Tribunal de Justiça de Minas Gerais).

Perícia Contábil é a apuração, através de procedimentos técnicos diversos,


visando a esclarecer dúvidas, efetuar cálculos de partilhas entre sócios,
reavaliações patrimoniais, cálculo de ágio ou deságio de ações, revisão de
cláusulas contratuais, apurações do valor do patrimônio líquido, apurações
de fundo de comércio, além de outros, e o oferecimento de elementos
elucidativos para o deslinde de controvérsias.

Perito contábil é o Contador regularmente registrado em Conselho Regional


de Contabilidade da sua jurisdição, que exerce a atividade pericial de forma
pessoal, devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e
experiências, da matéria periciada.

As Normas Brasileiras de Contabilidade que tratam da Perícia Contábil,


emanadas do Conselho Federal de Contabilidade - CFC, atribuem ao
profissional a qualidade de Perito do Juízo e Perito-Assistente, já o Código
de Processo Civil – CPC dá o tratamento de Perito ao profissional nomeado
pelo juiz, e o tratamento de Assistente Técnico ao profissional indicado pelas
partes.

A legislação fixou as espécies de perícias em três provas: exame, vistoria e


avaliação.

Em conformidade com o Novo Código de Processo Civil – NCPC, a perícia


judicial é realizada por peritos nomeados pelo juiz, algumas vezes nomeados
por desembargadores, entre os profissionais legalmente habilitados e os
órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido
pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. O perito emite um Laudo Pericial
ao final de seu trabalho, documento encaminhado ao juiz ou desembargador
que despacha às partes para se manifestarem.
Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos
valer-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo
informações, solicitando documentos que estejam em poder da parte, de
terceiros ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com
planilhas, mapas, plantas, desenhos, fotografias ou outros elementos
necessários ao esclarecimento do objeto da perícia.

Os profissionais da perícia devem exercer o seu múnus com zelo, diligência,


honestidade e capacidade técnica, e manter conduta em relação aos colegas
pautada nos princípios da consideração, respeito, apreço e solidariedade, em
consonância com os postulados de harmonia da classe previstos no Código
de Ética Profissional do Contador.

Com o advento da Resolução CFC n° 1.502, de 19 de fevereiro de 2016,


alterada pela Resolução CFC n° 1.513, de 21 de outubro de 2016, foi criado
o Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC), estabelecendo, além de outros, que os Contadores que
exercem atividades de perícia contábil tiveram até 31 de dezembro de 2017
para se cadastrarem no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis do CFC, por
meio dos portais dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) e no
portal do CFC, inserindo todas as informações requeridas.

A partir de 1º de janeiro de 2018, o ingresso no Cadastro Nacional de Peritos


Contábeis – CNPC – ficou condicionado à aprovação em exame específico,
regulamentado pelo CFC; e a permanência do profissional no CNPC
condicionada à obrigatoriedade do cumprimento do Programa de Educação
Profissional Continuada, regulamentado pelo CFC.

De acordo com a Norma Brasileira de Contabilidade, NBC PP 02, de 21 de


outubro de 2016 (produzindo efeitos a partir de 1° de janeiro de 2017),
referida NBC dispõe sobre o Exame de Qualificação Técnica para Perito
Contábil – EQT, que tem por objetivo aferir o nível de conhecimento e a
competência técnico contábil necessários ao contador que pretende atuar na
atividade de perícia contábil.

PERÍCIA

1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

De modo amplo, entende-se por perícia um meio de prova, vez que através
dessa prova se examinam e se verificam fatos da causa.

Perícia, segundo o princípio da lei processual, é a medida que vem mostrar o


fato, quando não haja meio de prova documental para revelá-lo, ou quando
se quer esclarecer circunstâncias a respeito dele e que não se achem
perfeitamente definidos.
A Perícia designa a diligência realizada ou executada por peritos, a fim de
que se apurem, esclareçam ou se evidenciem certos fatos. Significa,
portanto, a pesquisa, o exame, a verificação acerca da verdade ou da
realidade de certos fatos, por pessoas que tenham reconhecida habilidade
ou experiência na matéria de que se trata. A Perícia importa sempre em
exame que tem de ser feito por técnicos, isto é, por peritos ou pessoas
hábeis e conhecedoras da matéria a que se refere.

Através da prova pericial colhem-se percepções e fazem-se apreciações,


"não só para a direta demonstração ou constatação dos fatos que interessam
à lide, das causas ou consequências desses fatos, como também para o
esclarecimento dos mesmos. O verbo verificar abrange as funções do perito:
verificar é provar a verdade de alguma coisa; é examinar a verdade da
coisa; é investigar a verdade; é averiguar; é achar o que é exato.", é o que
nos ensina Moacyr Amaral Santos.

2. TIPOS DE PROVA

Prova é a forma aplicada, empregada, tendo por fim demonstrar a existência


do ato; aquilo que atesta a veracidade de alguma coisa; demonstração
evidente; ato que atesta ou garante uma intenção, um sentimento;
testemunho.

São características da prova: que esteja de acordo com a lei


(admissibilidade); que seja aplicável ao fato que se quer provar (pertinência);
e que esteja em consonância com as alegações feitas e relativas ao ponto
questionado (concludência).

Prova-se o fato e não o direito porque este, de regra, é conhecido pelo juiz –
jura novit curia ou da mihi factum, dabo tibi jus – dê-me o fato, dar-te-ei o
direito. O objetivo da prova, portanto, é o fato constitutivo do direito em razão
do qual a pretensão é formulada.

Conquanto, não exista prevalência de um meio de prova sobre outro, a prova


pericial assume papel relevante nas ações cuja solução exige conhecimento
técnico/científico. Seu objetivo é suprir conhecimentos técnicos que o juiz,
pela natureza deles, não tem ou, pelo menos, presume-se não tê-los. A
perícia é a prova especializada por excelência.

Em consistência com o art. 405 do NCPC, o documento público faz prova


não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o chefe de
secretaria, o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença.

3. PROCEDIMENTOS DE PERÍCIA
Os procedimentos de perícia visam fundamentar o laudo e o parecer técnico
e abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e a complexidade da
matéria, exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração,
avaliação e certificação.

Mencionados procedimentos são efetuados por intermédio de peritos, quer


dizer: pessoas entendidas, de conhecimentos especiais sobre a questão de
fato que é objeto da perícia. Não se trata, entretanto, de uma verificação
qualquer e sim de verificação judicial, isto é, relativa a fatos da causa e que
se realiza no processo.

A perícia geralmente é necessária quando da apuração de fatos que


precisam ser esclarecidos antes de se chegar a uma conclusão e em
circunstâncias em que se recomenda uma estreita visão dos fatos.

Nos casos de inventários, por exemplo, a avaliação dos bens a serem


partilhados são objeto de perícia. Da mesma maneira o patrimônio das
sociedades anônimas em processo de incorporação devem ser avaliados por
peritos, assim como a apuração de exatidão de livros contábeis para efeito
de fiscalização.

4. REALIZAÇÃO DA PROVA PERICIAL

No momento da realização da prova pericial contábil, verifica-se a eficácia de


uma contabilidade com registros atualizados e se os mesmos encontram-se
em conformidade com as Resoluções e Normas Brasileiras de Contabilidade
do Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

Os livros comerciais e fiscais que preencham os requisitos exigidos por lei


são prova, contra ou a favor, do seu autor, vez que, como prevê a legislação
vigente, a escrituração será mantida em registros permanentes, com
obediência aos preceitos da legislação comercial e fiscal e aos Princípios
Fundamentais de Contabilidade, devendo observar métodos ou critérios
contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo
o regime de competência.

5. COMPETÊNCIA PROFISSIONAL

A perícia, por outro lado, deve ser sempre executada por uma pessoa que
entenda do assunto a ser examinado, analisado com atenção e minúcia,
estudado.

Uma perícia contábil, por exemplo, não pode ser levada a cabo por um
engenheiro, assim como um contador não pode, por exemplo, executar uma
perícia para explicar as razões pelas quais um edifício possa ter desabado.
Por outro lado, o perito não precisa ser necessariamente uma pessoa douta
e portadora de títulos extraordinários. Mas, seja como for, sempre deverá ter
domínio pleno sobre o campo do qual deverá emitir opinião, essa aliás, que
servirá como um dos elementos auxiliares de ajuizamento da questão em
pendência ou andamento.

Os peritos não têm poder de decidir o caso, a contenda, a lide, a questão


judicial, mas eles não podem ter medo de chegar a uma conclusão técnica,
lembrando que a atuação dos peritos é no sentido de suprir, completar o
conhecimento técnico do Juiz, embora este não esteja adstrito, circunscrito,
cingido ao laudo pericial. O Juiz tem sua livre convicção, certeza.

Os peritos não podem inovar, renovar, consertar, eles apenas diligenciam,


obtêm informações, solicitam documentos, apuram, ouvem pessoas,
analisam documentos acostados aos autos e/ou fornecidos pelas partes, por
terceiros, e oferecem resposta a quesitação formulada pelas partes, às
vezes, pelo juiz, pelo desembargador, juntada aos autos.

A atividade do perito se exerce no sentido de satisfazer à finalidade da


perícia. É encarregado de verificar fatos relativos à matéria em que é
versado, bom conhecedor, experimentado ou prático, quer apenas
certificando-os quer apreciando-os ou interpretando-os, num e noutro caso
transmitindo ao juiz um relato ou um laudo.

Consiste essa verificação no exame de pessoas, coisas ou lugares, para a


simples percepção de fatos, a fim de fornecer ao juízo elementos de prova
quanto à existência ou inexistência destes. Sua função é, então, a de pôr à
vista, apresentar em exposição, mostrar, expor ao juiz as percepções e
observações dos seus sentidos. No exercício dessa função, o perito se
aproxima do testemunho - perito perficiente. Vê e sente os fatos para relatá-
los ao juiz segundo o que viu e sentiu.

6. MISSÃO DO PERITO

Certos que sejam os fatos, a missão do perito pode consistir na apuração de


suas causas ou consequências. Ou, ainda, sua função será a de,
conhecidos os fatos, compreendê-los, distingui-los, caracterizá-los,
fornecendo ao juiz máximas ou regras técnicas, científicas, ou mesmo de
experiência não ordinária, capazes de servir para a interpretação dos
mesmos fatos.

Nesses casos, o perito, além de relatar os fatos, formula, justificadamente,


conclusões, pareceres, mesmo conselhos e advertências. Sua figura, no
exercício dessa função, por isso que emite juízos, opiniões acerca dos fatos,
se aproxima à do juiz, razão pela qual se o denomina perito judicante.
Apreciando ou interpretando os fatos, todavia, não formula o perito senão um
laudo, um parecer, uma opinião, que servirá de auxílio ao juiz na apreciação
dos mesmos. Sob esse aspecto, e considerando mesmo a função específica
do perito, autores ensinam que a este é atribuída a missão de ministrar ao
juiz os princípios segundo os quais possa apreciar os fatos.

Quando a natureza do fato o permitir, isto é, quando o ponto controvertido for


de menor complexidade, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento das
partes, determinar, em substituição à perícia, a produção de prova técnica
simplificada.

A prova técnica simplificada consistirá apenas na inquirição de especialista,


pelo juiz, sobre ponto controvertido da causa que demande especial
conhecimento científico ou técnico, § 3odo art. 464 do NCPC.

Durante a arguição, o especialista, que deverá ter formação acadêmica


específica na área objeto de seu depoimento, poderá valer-se de qualquer
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim de
esclarecer os pontos controvertidos da causa, § 4odo art. 464 do NCPC.

7. DISPENSA DA PROVA PERICIAL

Em conformidade com a legislação, a prova pericial consiste em


exame, vistoria ou avaliação.

O juiz indeferirá a perícia quando: a prova do fato não depender de


conhecimento especial de técnico; for desnecessária em vista de outras
provas produzidas; a verificação for impraticável.

De ofício ou a requerimento das partes, o juiz poderá, em substituição


à perícia, determinar a produção de prova técnica simplificada, quando o
ponto controvertido for de menor complexidade.

O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e


na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos
ou documentos elucidativos que considerar suficientes.

A Perícia estabelece a diligência (execução de certos serviços


judiciais fora dos respectivos tribunais ou cartórios) a ser realizada, a fim de
que se apurem, esclareçam ou se evidenciem certos fatos obscuros.
Significa, portanto, basicamente, a pesquisa, o exame, a verificação acerca
da verdade ou da realidade.

NORMAS DA PERÍCIA

1. PRELIMINARES
A realização de Perícia Contábil constitui atribuição privativa de Contador
inscrito no Conselho Regional de Contabilidade da sua jurisdição. Em outras
palavras, se a perícia versar sobre matéria contábil, só o CONTADOR em
situação regular perante o Conselho regional de Contabilidade de sua
jurisdição pode realizá-la.

2. REALIZAÇÃO DA PROVA PERICIAL

Cumpre ao perito elaborar seu trabalho sobre fatos concretos analisando-os


criteriosamente em face de provas idôneas que cabe aos litigantes
produzirem, e não mediante simples presunção - opinião ou juízo baseado
nas aparências - formada com base em informações questionáveis, e até
suspeitas, ofertadas pela parte interessada.

Por outras palavras, é necessário que o perito realize um trabalho


qualificado, seguro, consistente e idôneo.

Para a realização da prova pericial, perícia judicial, o Código de Processo


Civil – CPC estabelece através dos artigos 464 a 480, todas as normas e
procedimentos concernentes, os quais são tratados com clareza, incluindo
vários exemplos, nos capítulos desta obra.

NORMAS PROFISSIONAIS

As normas originadas da NBC PP 01 – Perito Contábil tratam do conceito,


alcance, habilitação profissional impedimento e suspeição, responsabilidade,
zelo profissional, utilização de trabalhos de especialistas, honorários,
esclarecimentos e modelos exemplificativos.

Nessas normas, constam explicitados os conflitos de interesse motivadores


dos impedimentos e das suspeições a que está sujeito o perito nos termos
da legislação vigente e do Código de Ética Profissional do Contador.

CONCEITUAÇÃO E OBJETIVOS

A perícia constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinado


a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a
justa solução do litígio ou constatação de fato, mediante laudo pericial
contábil e/ou parecer técnico, em conformidade com as normas jurídicas e
profissionais e com a legislação específica no que for pertinente.

O laudo pericial e ou parecer técnico têm por limite os próprios objetivos da


perícia deferida ou contratada.
Entendem-se como objetivos da perícia os fatos da causa que escapam ao
conhecimento comum, ordinário, porque dependem de conhecimento
técnico, de uma determinada profissão, ou científico, que tem o rigor da
ciência, podendo materialmente recair sobre pessoas, circunstâncias, coisas
ou documentos e que não possam ser provados, comprovados, por meios
comuns, por meios ordinários.

A perícia contábil tanto a judicial, como a extrajudicial, a arbitral, a oficial


e estatal, bem como a voluntária são, todas elas, de competência
exclusiva de Contador em situação regular perante o Conselho Regional de
Contabilidade de sua jurisdição.

Perícia judicial é a que tem origem em ação ajuizada, a que se faz nos
processos, envolvendo o Poder Judiciário, aquela exercida sob a tutela da
justiça, e que pode ser de ofício ou a requerimento das partes.

Perícia extrajudicial é a que se realiza fora do processo, não envolvendo o


Poder Judiciário, extraprocesso, por “encomenda”, isto é, através escolha,
de consulta ao profissional da área, a que é exercida no âmbito arbitral,
estadual ou voluntária, que em alguns casos pode vir a ser determinada a
judicial.

Perícia arbitral é a exercida sob o controle da lei da arbitragem, Lei 9307,


de 23/09/1996, uma forma de dirimir litígios, conflitos, demandas, relativos a
direitos patrimoniais disponíveis, de natureza privados, desafogando o
Poder Judiciário, isto é, independentemente da interveniência do Poder
Judiciário.

Perícias oficial e estatal são executadas sob o controle de órgão do Estado


tais, como perícia administrativa das Comissões Parlamentares de
Inquérito, de perícia criminal e do Ministério Público.

Perícia voluntária é aquela contratada espontaneamente pelo interessado


ou de comum acordo entre as partes.

As normas da perícia aplicam-se ao perito nomeado em Juízo, ao contratado


pelas partes para a perícia extrajudicial, ao escolhido na arbitragem, para a
oficial e estatal, também para a voluntária; e, ainda, ao assistente técnico
indicado ou contratado pelas partes.

Em conformidade com o art. 95 do NCPC, para a realização da prova pericial


judicial, cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que
houver indicado, sendo a do perito adiantada pela parte que houver
requerido a perícia ou rateada quando a perícia for determinada de ofício ou
requerida por ambas as partes.
De acordo com o Código de Processo Civil, a indicação de assistente técnico
é facultativa. O assistente técnico pode ser entendido como auxiliar, defensor
de uma das partes, assessor, consultor, da parte que o indicou; não é perito
do juízo. Por isso, cada parte, querendo, indica seu assistente técnico.

A indicação ou a contratação de assistente técnico ocorre quando a parte ou


a contratante desejar ser assistida por contador, ou comprovar algo que
dependa de conhecimento técnico-científico, razão pela qual o profissional só
deve aceitar o encargo, a função se reconhecer estar capacitado com
conhecimento suficiente, discernimento, com irrestrita independência e
liberdade científica para a realização do trabalho.

GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5° - inciso LXXIV, ficou


estabelecido que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos
que comprovarem a condição de hipossuficiente, isto é, pessoa que é
economicamente fraca,

Os poderes públicos federal e estadual, independentemente da colaboração


que possam receber dos municípios e da Ordem dos Advogados do Brasil –
OAB, concederão assistência judiciária aos necessitados. É o que prevê a
Lei 1.060, de 05.02.1950.

De acordo com o art. n° 98, do NCPC, a pessoa natural ou jurídica, brasileira


ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade
da justiça.

A gratuidade da justiça, GJ ou justiça gratuita JG, como é mais conhecida,


compreende, além de outros: as taxas ou as custas judiciais; os selos
postais; as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a
publicação em outros meios; a indenização devida à testemunha que,
quando empregada, receberá do empregador salário integral, como se em
serviço estivesse; os honorários do advogado e do perito e a remuneração
do intérprete ou do tradutor nomeado para apresentação de versão em
português de documento redigido em língua estrangeira.

Quando o requerente da prova pericial judicial for beneficiário da justiça


gratuita, o perito deve arcar com todas as demais despesas pessoais ou
materiais necessárias ao desempenho do encargo, como as concernentes a
serviços técnicos complementares ou suplementares, custos de
documentação e transportes e outros quaisquer gastos.

Para funcionar em processo com justiça gratuita, o perito nomeado não é


compelido, obrigado, forçado a aceitar o encargo, pois não é obrigado a
trabalhar sem receber honorários, ou para receber do Estado, não se
sabendo quando.

PLANEJAMENTO DA PERÍCIA

A perícia deve ser planejada cuidadosamente, com vista ao cumprimento do


prazo, inclusive o da legislação relativa ao laudo pericial ou parecer técnico.

Para o planejamento da perícia torna-se importante a sua programação,


obedecendo ao critério do tempo que pode ser investido.

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