Resumo D' Os Maias
Resumo D' Os Maias
Resumo D' Os Maias
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Coimbra. Após a licenciatura, Carlos parte para a sua longa viagem pela
Europa e um ano passou. Chegara esse Outono de 1875: e o avô, instalado no
Ramalhete, esperava por ele ansiosamente (cap. IV).
1.1 O título “Os Maias”: remete para a história de uma família ao longo
de três gerações:
1.3 Sinopse:
Eça de Queirós, em “Os Maias” aborda, aparentemente, a história de
uma família lisboeta em decadência, mas, sobretudo, constrói uma
crónica/crítica social, cultural e política que permite o conhecimento da
sociedade portuguesa oitocentista.
Desde o início, há amizades que resistem ao tempo, às ideologias, às
questões sentimentais, mas há, por outro lado, jogos de interesses; indivíduos
ociosos e sem escrúpulos; políticos sem valor ou corruptos; jornalistas que
aceitam subornos; funcionários incultos; parasitas sociais; mulheres sedutoras
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e fúteis; em suma, um conjunto de personagens-tipo e figurantes que, nos
vários ambientes, representam a mediocridade e a decadência da sociedade
lisboeta oitocentista.
Em plena época da regeneração, marcada pelo conservadorismo, pelo
fracasso das ideias liberais, pela decadência e persistência de uma
mentalidade romântica frustrada, Eça constrói a história de uma família, que ao
longo de gerações, se vai desintegrando. Por outro lado, a caricatura que Eça
faz da sociedade portuguesa da época, conserva toda a atividade, apesar da
alteração dos contextos sociais e políticos.
2. Tempo:
A ação decorre em 1875 (no Ramalhete);
Recua-se, em analepses, a 1820 para se resumir a história da família;
Regressa-se a 1875 para se narrar a intriga central, que tem a duração
de 14 meses (outono de 1875 a janeiro de 1877);
Dez anos são contados através de elipses e resumos (1877 a 1887):
viagens de Carlos e de Ega, que depois regressam a Lisboa, para o famoso
passeio final, momento simbólico, cheio de reflexões pertinentes.
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2.2 Tempo Psicológico
A passagem do tempo influencia as personagens. Salientam-se o
percurso descendente de Carlos, inicialmente cheio de vitalidade, de projetos
por concretizar, os quais acabam por fracassar quando o personagem é
negativamente influenciado por uma sociedade lisboeta fútil, ociosa e incapaz
de inspirar mudança e progresso.
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projetos, Carlos consegue lucidamente sobreviver (talvez devido à educação
que recebeu) de uma forma digna.
2. Intervenientes:
João da Ega (promotor da homenagem e representante do
realismo/naturalismo);
Cohen, o homenageado, representante das Finanças;
Tomás de Alencar, o poeta ultra-romântico;
Dâmaso Salcede, o novo rico (ignorância intelectual), representante dos
vícios do novo-riquismo burguês;
Carlos da Maia, o médico e observador crítico;
Craft, o britânico, representante da cultura artística e britânica.
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3. Temas discutidos:
Opõe-se ao Defensor do
realismo/naturalismo; realismo/naturalismo;
Incoerente e falso moralista: Defende o cientificismo na
refugia-se na moral por não ter literatura.
outro argumento de defesa.
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Defende que a raça portuguesa é a mais cobarde e miserável da
Europa: “Lisboa é Portugal! Fora de Lisboa não há nada!”
Aproxima-se de Eça ao defender uma catástrofe como forma de
acordar o país.
Tomás de Alencar
Teme a invasão espanhola por ser um perigo para a
independência nacional.
Defende o romantismo político: uma república governada por
génios; a fraternização dos povos.
Esquece o adormecimento/inativismo geral do país.
Cohen
Defende que há gente séria nas camadas políticas dirigentes,
afirmando que Ega é um exagerado.
Dâmaso
Se acontecesse a invasão espanhola, ele “raspava-se” para Paris,
e toda a gente fugiria como lebres.
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1. Objetivos:
O novo contacto de Carlos com a alta sociedade lisboeta.
Visão geral da sociedade (masculina e feminina) sob o olhar crítico de
Carlos.
Tentativa frustrada de igualar Lisboa às capitais europeias.
Cosmopolitismo (postiço) da sociedade.
Possibilidade de Carlos de encontrar Maria Eduarda.
2. Visão caricatural:
O hipódromo parecia um arraial.
As pessoas não sabiam ocupar os seus lugares.
As senhoras traziam vestidos sérios de missa.
O buffet tinha um aspeto nojento.
A 1º corrida terminou numa cena de pancadaria.
3. Conclusões a tirar:
Fracasso total dos objetivos das corridas.
Radiografia perfeita do atraso da sociedade lisboeta.
O verniz da civilização estalou completamente.
A norte de Carlos, sonhando todas as apostas, é indício de futura
desgraça.
Em relação ao naturalismo/realismo
É uma reação entra o romantismo que era o excesso do sentimento. O
realismo/naturalismo é a crítica ao Homem e à sociedade para condenar os
vícios e tudo o que houver de mau na sociedade.
A observação e a descrição pormenorizada do meio social são
extremamente cuidados, pondo em evidência o facto do Homem ser
determinado por fatores sociais, culturais e biológicos: hereditariedade, meio
social, momento histórico, sendo que os fenómenos humanos são
consequências inevitáveis dessas determinações.
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3.2 Representatividade social dos personagens:
A sociedade representada no romance é a da alta burguesia decadente.
Os seus hábitos sociais, o seu modo de vida, os ambientes de uma doentia
rotina são representadores de ociosidade, superficialidade, corrupção,
limitação/ignorância intelectual e negação da mudança e do progresso. É uma
sociedade que privilegia a aparência em detrimento do ser e da essência.
Sendo assim, muitos personagens d’ “Os Maias”, mesmo considerando
uma certa individualidade, não deixam de ser personagens-tipo,
representativas de grupos sociais, de atividades profissionais e de estados
intelectuais:
Afonso: Símbolo dos ideais liberais e das virtudes morais.
Pedro: Fruto da educação à portuguesa, sentimental, beata, destinado a
comportamentos neuróticos e trágicos.
Carlos: Fruto da educação à inglesa, moderna e laica, distante da
mediocridade do meio social lisboeta, mas vítima de um Dandismo (gosto pelo
luxo excessivo) e de um diletantismo (incapacidade de ação útil) que o
impedem de concretizar os seus projetos.
Alencar: Poeta ultrarromântico, de um idealismo extremo. Falso
moralista, sem opinião própria.
Cohen: O representante das finanças, sem escrúpulos, oportunista.
Conde de Gouvarinho: Político incompetente, retrógrado, mas com
poder. Ministro do reino.
Sousa Neto: Representante da Administração pública, incompetente e
inculto.
Eusebiozinho: Produto da educação à portuguesa, retrógrada,
conservadora, beata e deformadora de comportamentos.
Dâmaso Salcede: Simboliza o novo riquismo burguês, imitação servil do
estrangeiro, falta de identidade, cobardia, inculto e ignorante.
Cruges: Intelectual incompreendido, representa a exceção na
mediocridade da sociedade portuguesa.
Stembroken: Político neutro que nunca se compromete.
Craft: Protótipo do inglês rico e boémio, conserva distanciamento em
relação aos costumes portugueses.
Palma Cavalão e Neves: Representam o jornalismo corrupto,
sensacionalista e escandaloso, que vive da calúnia e do suborno.
Ega: Protótipo do demagogo, incoerente nas suas posições, alheio a
regras e convenções sociais, vítima do meio social que tanto critica.
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3.3 Os espaços e o seu valor simbólico:
Lisboa: símbolo da sociedade portuguesa da regeneração, incapaz de se
modernizar, presa na contemplação de um passado glorioso (ver passeio final
de Carlos e Ega).
Santa Olávia: no Douro, local de refúgio e de energia salutar.
Coimbra: símbolo da boémia estudantil, espaço de formação académica
de Carlos.
Sintra: protótipo do paraíso romântico perdido, um refúgio campestre,
purificador e salutar, que as personagens procuram para fugir ao tédio da
capital.
O Ramalhete: revela o dandismo e o diletantismo de Carlos: os seus
projetos inacabados, o tédio, o ócio e o gosto pelo luxo e o requinte.
A “Toca”: espaço da paixão marginal de Carlos e Maria Eduarda, longe
dos olhares curiosos da sociedade.
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