Soucatequista Junho2022

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EDITORIAL

Imagem: Cenas brasileiras / Adobe Stock

FESTAS JUNINAS:
DIFERENTES COSTUMES,
MESMO OBJETIVO
O
lá, catequista! Que alegria estar de volta com a nossa revista Sou
Catequista mensal. Voltamos em um dos meses mais festivos do
ano, o mês das festas juninas, onde o clima junino toma conta de
todas as regiões espalhadas pelo Brasil. Cada uma com um costume, mas
com o mesmo objetivo que é celebrar a devoção aos santos Pedro, João e
Antônio.
Na região norte do Brasil, as festas juninas são regadas pelo ritmo do boi-
-bumbá e os desfiles deslumbrantes dos bois Caprichoso e Garantido. Os
nortistas se deliciam com as comidas típicas feitas especialmente com a
mandioca, também conhecida como maniba.
No Nordeste, onde se concentra algumas das maiores festas juninas do
país, o ritmo é embalado pelas canções de Luíz Gongaza. O ingrediente
que mais brilha no Nordeste é o milho, por ser farta a colheita desse cere-
al no mês de junho nessa região.
No centro-oeste, além das tradições presentes nas outras regiões, é pos-
sível perceber a influência dos países fronteiriços nas festas juninas. As
músicas mais tocadas nas festas nessa região é a polca paraguaia e de vio-
las de cocho bolivianas. As festas juninas do Centro-Oeste contam com
pratos como arroz-doce, bolo de amendoim, broa de fubá, cocada, pé de
moleque, quentão e vinho quente. Do país vizinho também vem uma re-
ceita típica, a sopa paraguaia, que é uma espécie de torta de farinha de
milho ou fubá com queijo.

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Na região Sul, os gaúchos adaptam a festa junina à sua própria cultura,
completando os seus trajes com botas, bombachas, lenços e vestidos de
prenda. A música e a dançam são do ritmo vanerão, estilo musical comum
nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. O quentão é o
principal responsável para esquentar o mega frio que faz no Sul. Os pratos
com pinhão o churrasco gaúcho e o arroz carreteiro, não podem faltar na
festança.
Nos estados do Sudeste, as festas juninas também são chamadas de “quer-
messes”. A música principal é o sertanejo, seguido do forró. A dança ence-
na a quadrilha e o “casamento caipira”, com roupas e trejeitos baseados no
imaginário interiorano, principalmente dos estados de Minas Gerais e São
Paulo. Nessa região, além das comidas clássicas feitas a partir do milho
e do amendoim, outros alimentos como pizza, pastel e cachorro-quente
fazem parte do cardápio. Há barracas com brincadeiras, como argolas e
pescaria, por exemplo.
Em sua simplicidade, as festas juninas, em todas as regiões, expressam
algo muito importante e que precisa ser concretizada: PRECISAMOS CE-
LEBRAR A VIDA, COM MUITA GRATIDÃO E ALEGRIA.
Obrigado catequista por celebrar essa volta conosco, espero que gostem
e aproveitem ao máximo o conteúdo dessa revista. Ótima leitura!
Viva São João!
Viva São Pedro!
Viva Santo Antônio!
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SUMÁRIO
EDIÇÃO 39 | JUNHO/2022

09 | CNBB
Todos dependemos de
todos

18 | CRISMA
Projeto Pessoal de Vida:
Resposta concreta no hoje
para o amanhã

03 | EDITORIAL
06 | TESTEMUNHO
07 | PAPA FRANCISCO | Catequista e sua missão
12 | CATEQUESE INFANTIL | O papel dos responsáveis no primeiro
contato com a fé das crianças
14 | CATEQUESE EUCARISTIA | Como preparar a criança para
receber a Primeira Eucaristia
16 | CATEQUESE ADULTO | Os desafios para a perseverança dos
adultos na Catequese
21 | DINÂMICA | Jesus fonte de água viva
23 | LEITURA INDICADA | A fé explicada
25 | FILME INDICADO | Coringa, para que o mal não se torne banal

Produção Editorial

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TESTEMUNHO

Imagem: Freepik

Carmen Lúcia Zielinski Duarte


Catequista na paroquia Senhor Bom Jesus - Colombo (PR)

M
eu nome é Carmen e amo ser catequista. Comecei na catequese
com 15 anos de idade e hoje já sou catequista a mais de 25 anos.
Desde o início foi um desafio, pois logo que comecei foi com
uma turma de quinta etapa, onde era auxiliar de um excelente catequista.
Em poucos meses já dava catequese para turminha da minha idade, pois
ele sempre me dizia que tinha que me ariscar e tentar.
Ele me ensinou que para ser catequista não precisava de quadro e ativi-
dades escritas igual na escola, mas falar com o coração.
Fiz magistério e cursei pedagogia, tudo por amor a catequese, para me
ajudar a realizar os encontros de forma mais prazerosa e atrativa para as
crianças.
Os anos foram passando e a cada turma um novo desafio. Sempre bus-
quei ser criativa e falar a linguagem das crianças. Queria lhes apresentar
um amigo para que elas se apaixonassem por Jesus como eu me apaixonei.
Conheci meu marido e ele aprendeu também a amar a catequese. Come-
çamos a dar catequese juntos e aí percebemos o que Deus queria de nos-
sas vidas, a nossa vocação como casal de é evangelizar, levar a boa nova a
todos, mas principalmente aos pais dos catequizandos, tentando envolve-
-los nas atividades de seus filhos e aproximar a família. Graças a Deus con-
seguimos belos testemunhos de reconciliação entre pais e filhos e muitos
dos nossos catequizandos hoje são catequistas.
Sempre buscamos levar um Jesus amigo, próximo, que está presente em
todos os lugares . Acredito que pelo amor e a alegria, chegamos ao coração
deles, ganhamos sua confiança, assim conseguimos cativa-los.
Nesses anos de catequista, ganhamos muitos amigos e aprendemos mui-
to com as famílias de nossos filhos da fé.
Esse ano, recebemos um grande desafio, estamos coordenando a cate-
quese aqui da minha comunidade.
Sempre tentamos ajudar e motivar nossos catequistas e entrosar a famí-
lia nas atividades da catequese. Mesmo em tempos tão complexos, busca-
mos evangelizar com criatividade e alegria, pois a nossa missão como ca-
tequista e sempre levar a boa nova do amor, pois a nossa missão é semear
sempre...

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PAPA FRANCISCO

CATEQUISTA E SUA
MISSÃO

A
um dos seus seguidores que lhe pedia com insistência que lhe en-
sinasse a pregar, São Francisco de Assis assim retorquiu: “Irmão,
[quando visitamos os doentes, ajudamos as crianças e damos de
comer aos pobres] já estamos a pregar”. Nesta bonita lição estão contidas
a vocação e a tarefa do catequista.
Em primeiro lugar, a catequese não é um “trabalho” nem uma tarefa ex-
terna à pessoa do catequista, mas “somos” catequistas, e a vida inteira
gira em torno desta missão. Com efeito “ser” catequista é uma vocação de
serviço na Igreja; o que foi recebido como dom da parte do Senhor, por
sua vez deve ser transmitido. Por conseguinte, o catequista tem o dever
de voltar constantemente ao primeiro anúncio, ou “querigma”, a dádiva
que transformou a sua vida. É o anúncio fundamental que deve ressoar de
maneira contínua na vida do cristão, ainda mais em quantos são chama-
dos a anunciar e a ensinar a fé. “Nada há de mais sólido, mais profundo,
mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio” (Evangelii
gaudium, n. 165). Este anúncio deve acompanhar a fé, que já está presente
na religiosidade do nosso povo. É necessário assumir todo o potencial de
Imagem: Santiago Mejía LC / Cathopic

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piedade e de amor encerrado na religiosidade popular, a fim de que não
se transmitam apenas os conteúdos da fé, mas também se crie uma verda-
deira escola de formação na qual seja cultivado o dom da fé recebida, de
tal maneira que os gestos e as palavras reflitam a graça de sermos todos
discípulos de Jesus.
O catequista caminha rumo a e com Cristo, não é uma pessoa que parte
das suas ideias e gostos pessoais, mas deixa-se fitar por Ele, por aquele
olhar que faz arder o coração. Quanto mais Jesus ocupa o centro da nossa
vida, tanto mais nos faz sair de nós mesmos, nos descentra e nos aproxi-
ma dos outros. Este dinamismo do amor é como o movimento do coração:
“sístole e diástole”; concentra-se para encontrar o Senhor e abre-se ime-
diatamente, saindo de si mesmo por amor, para dar testemunho de Jesus
e falar de Jesus, para anunciar Jesus. É Ele mesmo que nos dá o exemplo:
retirava-se para rezar ao Pai e imediatamente ia ao encontro dos famintos
e dos sedentos de Deus, para os curar e salvar. Daqui deriva a importância
da catequese “mistagógica”, que é o encontro constante com a Palavra e
com os sacramentos, e não algo meramente ocasional, prévio à celebra-
ção dos sacramentos da iniciação cristã. A vida cristã é um processo de
crescimento e de integração de todas as dimensões da pessoa, num cami-
nho comunitário de escuta e de resposta (cf. Evangelii gaudium, n. 166).

Os instrumentos podem ser diversos,


mas o importante é ter presente o
estilo de Jesus, o qual se adaptava às
pessoas que estavam diante dele, para
lhes tornar próximo o amor de Deus
Além disso, o catequista é criativo; procura vários meios e formas para
anunciar Cristo. É bom acreditar em Jesus, porque Ele é «o caminho, a
verdade e a vida» (Jo 14, 6), que enche a nossa existência de júbilo e de
alegria. Esta procura de dar a conhecer Jesus como suma beleza leva-nos
a encontrar novos sinais e formas para a transmissão da fé. Os instrumen-
tos podem ser diversos, mas o importante é ter presente o estilo de Jesus,
o qual se adaptava às pessoas que estavam diante dele, para lhes tornar
próximo o amor de Deus. É necessário saber “mudar”, adaptar-se, para
tornar a mensagem mais próxima, não obstante seja sempre a mesma,
porque Deus não muda mas n’Ele tudo se renova. Na busca criativa de dar
a conhecer Jesus não devemos ter medo, porque Ele nos precede nesta ta-
refa. Ele já está no homem de hoje e é ali que espera por nós.
Estimados catequistas, obrigado por aquilo que levais a cabo, mas prin-
cipalmente porque caminhais com o Povo de Deus. Encorajo-vos a ser
mensageiros jubilosos, guardiões do bem e da beleza que resplandecem
na vida fiel do discípulo missionário. Que Jesus vos abençoe e a santa Vir-
gem, verdadeira “educadora da fé”, cuide de vós.

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CNBB

TODOS DEPENDEMOS
DE TODOS
Therezinha Motta Lima da Cruz
Artigo extraído do site: CNBB Catequese do Brasil

O
ser humano nasceu para viver em comunidade, uns partilhando
com outros seus talentos, uns aprendendo com outros, todos sen-
do parte de uma grande família criada pelo Pai de todos. Na Bíblia,
Deus se revela para formar um povo, não para ter adoradores isolados. Je-
sus também nasceu no meio desse povo e não trabalhou sozinho. Juntou
discípulos, para formar novas comunidades. O cristão não vive sua fé iso-
ladamente; na comunidade ele a alimenta e se sente chamado a partilhar
com alegria os dons que recebeu de Deus.
Mas a fraternidade que Deus quer ver entre nós vai muito além do nos-
so relacionamento com os que estão conosco na igreja. Jesus destacou o
grande mandamento de amar ao próximo quando contou a parábola do
bom samaritano (Lc 10,25-37). Ao explicar quem era o próximo, ele não
disse: são aqueles que vivem perto de você. O samaritano se tornou próxi-
mo do homem ferido porque se importou com ele, cuidou dele, sem nem
o conhecer. Ou seja: esse amor, que é o fundamento do que a lei de Deus
nos pede, deve estar presente na família humana de maneira ampla, não
restrita aos que já consideramos amigos.
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Essa fraternidade é o presente que Deus quer receber de nós. Ele não pre-
cisa de nada, mas o meio de lhe fazer algo agradável é cuidar bem dos se-
res humanos; ao valorizá-los estamos mostrando gratidão por essa imensa
família que Ele nos deu. O próprio Jesus diz que tudo de bom que fizermos
a um de seus irmãos mais pequeninos foi a ele que o fizemos (veja em Mt
25,31-40)
Nossa espiritualidade cristã deve incluir um relacionamento de mútua
dependência entre todas as pessoas. A Bíblia chama a atenção para isso de
forma simbólica e impactante quando, depois de mostrar o ser humano
fora do paraíso, apresenta a atitude de Caim após a morte de Abel. Deus
lhe pergunta onde está seu irmão e ele dá uma resposta que ilustra bem
uma atitude que tem prejudicado o ser humano ao longo da história: Por
acaso sou guarda de meu irmão? (Gn 4, 8-9) Refletindo sobre isso percebe-
mos que, para criar de fato um mundo mais seguro e feliz, somos todos
chamados a ser reciprocamente guardadores uns dos outros.

A humanidade não sobrevive nem


cresce sem solidariedade. Alguém
gostaria de ter crescido sozinho numa
ilha deserta? O que não teríamos
numa situação assim? Não saberíamos
nem falar, porque até isso aprendemos
uns dos outros.

A humanidade não sobrevive nem cresce sem solidariedade. Alguém gos-


taria de ter crescido sozinho numa ilha deserta? O que não teríamos numa
situação assim? Não saberíamos nem falar, porque até isso aprendemos
uns dos outros. Podemos lembrar o filme “Náufrago”, que retrata bem o
desespero de se estar sozinho, quando o personagem até desenha um rosto
humano numa bola, que chama de Wilson, para ter com quem conversar.
Alfonso Garcia Rubio (no seu livro Unidade na Pluralidade) afirma: Cada
pessoa é única, irrepetível e insubstituível, mas simultaneamente é rela-
cionada com todos os outros seres pessoais. A relação é tão constitutiva da
pessoa como sua unicidade.(...) Cada ser humano concreto depende dos
outros e se encontra com eles relacionado mediante uma multiplicidade
de vínculos.
Na catequese podemos propor uma dinâmica para refletir sobre como
dependemos uns dos outros. É assim: Cada catequizando recebe um qua-
dradinho de chocolate e é convidado a pensar na pergunta: De quantas
pessoas precisamos para comer esse pedacinho de chocolate? As respos-
tas vão sendo escritas numa folha bem grande. Mostramos a embalagem,
onde estão citados os ingredientes: leite, cacau, açúcar… E aí se multi-

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plicam as perguntas: Quem plantou o cacau? Quem fabricou os instru-


mentos que esse lavrador usou? Quem criou e ordenhou as vacas? Quem
fabricou as vasilhas onde o leite foi recolhido? Quem plantou o cana de
onde foi feito o açúcar? Quem transportou todas essas coisas para a fá-
brica de chocolate? Quem trabalhou para fabricar o veículo que conduziu
esses produtos? Quem pavimentou as estradas que esses veículos tiveram
que percorrer? Quem construiu a fábrica de chocolate? Quem produziu a
embalagem? Quem levou esses chocolates para o super mercado onde os
compramos? Quem construiu o supermercado e quem nos atendeu lá? …
e cada pergunta vai gerando outras, porque cada coisa e cada pessoa de-
pende de outras para poder existir e realizar algo. Ao final da reflexão, to-
dos são convidados a fazer em silêncio uma oração, enquanto saboreiam
o quadradinho, por todas as pessoas sem as quais não teríamos acesso ao
chocolate.
Depois disso fica fácil perceber que o esquema dessa dinâmica se aplica-
ria a tudo mais de que precisamos diariamente: a casa em que moramos,
a roupa que vestimos, a água que chega na nossa torneira, o transporte
que usamos, a luz da lâmpada que ilumina nossa casa… e a lista não tem
fim. Aí nossa espiritualidade se enriqueceria com a sensação de sermos
todos uma só família, onde todos são convidados a cuidar de todos. Deus
não poderia querer outra coisa. Que pai não ficaria feliz ao ver seus filhos
unidos, solidários, na alegre vivência de ter cuidado com todos?
Essa reflexão levaria a uma espiritualidade bem vivida no cotidiano, onde
cada copo de água, cada viagem de ônibus, cada sinal de trânsito e tudo
de que precisamos diariamente nos lembraria que somos parte de uma só
família criada por Deus para viver em solidariedade.

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CATEQUESE INFANTIL

O PAPEL DOS
RESPONSÁVEIS NO
PRIMEIRO CONTATO COM
A FÉ DAS CRIANÇAS
Matheus Lourenço
Aspirante da Congregação do Santíssimo Redentor,
resido em Aparecida (SP) no Seminário Santo Afonso.

A
ntes da Igreja, enquanto Instituição, presente nas paróquias e ca-
pelas, há a igreja doméstica presente em cada lar, em cada comu-
nidade de amor que é a família composta por leigos dos quais,
conforme ensina o Catecismo: “São os fiéis, em virtude do Batismo e da
Confirmação, encarregados por Deus ao apostolado; portanto tem a obri-
gação de trabalharem para que a mensagem divina seja conhecida e re-
cebida por todos os homens e por toda a terra.” (Cf. Catecismo da Igreja
Católica 899-900). Ou seja, tem a missão de ensinar, propagar e levar ou-
tras pessoas ao conhecimento da fé Católica e ao encontro com a pessoa
de Jesus Cristo, sobretudo, àqueles que estão sob seus cuidados, como as
crianças.
Imagem: LIGHTFIELD STUDIOS / Adobe Stock

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Para ser uma catequese sólida, profunda e autêntica, é necessário que a
criança tenha em casa uma aprendizagem sobre os valores da fé, a impor-
tância de professá-la e, a partir dos exemplos de vida de oração, dentro do
lar, do testemunho não somente com palavras, mas com a vida e atitudes,
que a Palavra do Senhor possa se cumprir quando ele disse: “Deixai vir a
mim as criancinhas, pois dela é o reino dos céus.” (Cf. Mt 19,14). Entre-
tanto, para a plena realização dessa palavra, cabe aos responsáveis dar os
primórdios dessa fonte inesgotável, que é o conhecimento e a adesão à fé
católica, não transferindo a responsabilidade apenas aos catequistas.
Ademais, é na comunidade de amor, na qual ela é gerada, que a criança
deve aprender, ao menos, o básico da fé como as orações do Pai Nosso,
a Ave Maria, a oração ao Anjo da Guarda, a Salve Rainha, dentre outras.
Deve-se transmitir também a elas, o respeito aos mandamentos de Deus
e da Igreja, para que, tendo um conhecimento prévio, ela possa assim ser
inserida na catequese em sua comunidade paroquial e aprofundar, a par-
tir dos trabalhos dos catequistas, na espiritualidade católica, no amor a
Jesus Cristo e no amor a Igreja, pois a finalidade da catequese é aprofun-
dar o primeiro anúncio do Evangelho, levando o catequizando a conhecer,
acolher, celebrar e vivenciar o mistério do Pai, manifestado no Filho que
envia o Espírito Santo, conforme ensina o documento da CNBB sobre a
animação bíblico-catequética.
Portanto, é dever dos responsáveis ensinar as crianças a dar os primeiros
passos na fé, para que depois, a Igreja, enquanto instituição, amadureça
esses passos a partir do livre arbítrio dado por Deus a cada ser humano.
Recebendo essa base na infância, tornar-se-ão adultos leigos de fé, pesso-
as comprometidas com a verdade do Evangelho, capazes de transformar o
mundo e refletir a verdadeira luz aos outros, tendo rostos pascais e braços
acolhedores de misericórdia, pois, desde a infância, houve o ensinamento
de uma fé bem edificada e alicerçada em Jesus Cristo. Que Maria, a cate-
quista por excelência, rogue a Deus pelas crianças, pelas famílias e por
todos os catequistas, dando-lhes perseverança e amor ao seu Filho Jesus.

Para ser uma catequese sólida, profunda


e autêntica, é necessário que a criança
tenha em casa uma aprendizagem sobre os
valores da fé, a importância de professá-la
e, a partir dos exemplos de vida de oração,
dentro do lar, do testemunho não somente
com palavras, mas com a vida e atitudes,
que a Palavra do Senhor possa se cumprir

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CATEQUESE EUCARÍSTICA
Imagem: Freepik

COMO PREPARAR A
CRIANÇA PARA RECEBER
A PRIMEIRA EUCARISTIA
Luciana

A
Eucaristia, assim como o Batismo e a Crisma é um Sacramento de
iniciação cristã. Sacramentos que coloca o cristão em plena co-
munhão com Jesus e sua missão.
Para bem receber a Eucaristia a criança precisa ser desperta para esse
sentimento de comunhão com Jesus, deve se encantar, se identificar com
a missão de Jesus e sentir-se pertencente a essa missão.
E como o catequista pode contribuir para que isso aconteça?
É preciso ter claro que o catequista é auxiliar dos pais na missão de edu-
car na fé os seus filhos. Os primeiros catequistas são os pais. É no lar que
a criança vai descobrir a importância da fé e o desejo de alimentar essa fé
na participação ativa na vida da igreja.

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Sendo assim, o primeiro passo é conhecer bem os catequizandos e sua
família. Saber como é o relacionamento dessa família com Jesus. Depen-
dendo da família a criança já estará motivada e orientada a viver uma vida
de práticas religiosas ou pode conhecer Jesus somente por nome. Por isso,
a importância de conhecer como a turma é formada, assim, será possível
apresentar Jesus de forma pessoal a cada um. Promover encontros com as
famílias. Momentos de oração, formação, confraternização e celebração.
Quanto mais se vive a dimensão da presença do amor de Deus em família,
muito mais a criança aprende sobre a dimensão sagrada do amor, que se
faz pão no altar da Igreja.
Catequese não é aula. São encontros, e estes, devem ser dinâmicos. De-
ve-se usar uma linguagem adequada a idade da criança de forma que ela
compreenda, que faça sentido e que ela e possa interagir. Não se deve re-
nunciar as orientações e ensinos sobre a fé e a doutrina católica, mas é
preciso dar prioridade ao encontro pessoal com Jesus.
Os encontros precisam ser motivadores para que os catequizandos as-
similem e retenham os conteúdos. Peças teatrais, fantoches, figuras, mú-
sicas, dinâmicas, contação de histórias, filmes com discussão sobre a te-
mática do mesmo, jogos diversos incluindo os de perguntas e respostas,
encontros externos (com direito a um piquenique). Catequista, seja criati-
vo!

Catequese não é aula. São encontros,


e estes, devem ser dinâmicos. Deve-se
usar uma linguagem adequada a idade da
criança de forma que ela compreenda, que
faça sentido e que ela e possa interagir

É preciso que a criança crie amor para com as coisas de Deus e para com
a casa de Deus. Ela precisa sentir que a casa de Deus é sua casa. Por isso,
envolva as crianças nas celebrações: leituras, procissão do ofertório, aco-
lhidas e tantas outras dinâmicas nas quais ela pode ser envolvida para que
se encante pela alegria de celebrar.
Aproxime as crianças dos sacerdotes. Elas participam das missas, têm
contato com os padres, mas nem sempre tem a oportunidade de conhe-
cê-los, conversar com eles. Se houver possibilidades (senão houver crie),
promova alguns encontros durante o tempo de catequese e convide o pa-
dre para interagir com as crianças de forma leve e simples.
A catequese para a Primeira Eucaristia é um momento muito especial.
Momento para despertar na criança um profundo amor por Jesus Cristo,
aponto de a vida inteira ela receber Jesus na Eucaristia com a mesma emo-
ção e alegria que no dia da sua Primeira Comunhão.

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CATEQUESE ADULTO
OS DESAFIOS PARA A
PERSEVERANÇA
DOS ADULTOS NA
CATEQUESE
Rosa Maria Dilelli Cruvinel
Formada em Física pela Faculdade Filosofia, Ciências
e Letras de Guaxupé- MG, em Teologia pela faculdade
Canção Nova- SP e Leiga consagrada na Comunidade
Canção Nova.
Imagem: Chanakon / Adobe Stock

O
s desafios atuais são os mais variados, ao propor discernir respos-
tas pastorais aos desafios da sua época, significa reconhecer, como
se diz na Gaudium et Spes, que “a Igreja nem sempre tem resposta
imediata para todos os problemas” (GS, 33). Com um olhar aprofundado
no contexto cultural, como atesta o novo Diretório para a Catequese, po-
de-se verificar dois desafios que a Igreja é chamada a enfrentar no pro-

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cesso da catequese, sobretudo dos adultos: o primeiro “é o fenômeno da
cultura digital”, o segundo: “a globalização da cultura” Tais problemáticas
impossibilitam a necessária formação individualizada e colocam em risco
a formação para a vida de fé, da transmissão do conteúdo e do encontro
interpessoal que se alimenta na esfera da comunidade tanto na vida litúr-
gica como no testemunho da caridade (DIRETÓRIO PARA A CATEQUESE,
2020, p.5).
O grande desafio é a formação integral da pessoa, de uma catequese não
meramente doutrinal, por isso se faz: “necessário cultivar a amizade com
Cristo na oração, o apreço pela celebração litúrgica, a experiência comu-
nitária, o compromisso apostólico mediante um permanente serviço aos
demais” (DAp 299). O desafio aqui é de não reduzir a catequese a certas
ocasiões, mas que haja comunhão entre a fé e a vida do cristão (EXOR-
TAÇÃO APOSTÓLICA CATECHESE TRADENDAE, 1979, n. 22). A santidade
vivida em todos ambientes onde está o cristão, a santidade é expressa de
forma decisiva logo na apresentação do novo Diretório para a Catequese
((DIRETÓRIO PARA A CATEQUESE, 2020, p.5). Tal desafio de santificar to-
das as realidades do mundo torna exigente a vivência de práticas e expe-
riências com Deus por meio da meditação, da contemplação e da vida de
oração profunda, alma de todo apostolado, como bem afirmou Jean-Bap-
tiste Chautard (A alma de todo o Apostolado). Ressalta ainda o Documento
de Aparecida que a Catequese não seja “reduzida a momentos prévios aos
sacramentos ou à iniciação cristã” (DAp 298). Diante dos desafios da cate-
quese, é imprescindível assumir a iniciação cristã como tarefa irrenunci-
ável e dinâmica de uma nova evangelização (DAp 287). A iniciação cristã é
a “maneira prática de colocar alguém em contato com Jesus Cristo e inici-
á-lo no discipulado” (DAp 288).
Neste sentido o papa Francisco apresenta um caminho eficaz para a
perseverança na catequese: “o primeiro anúncio ou querigma, que deve
ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de re-
novação eclesial”. Uma catequese mistagógica, dando especial atenção à
“via da beleza (via pulchritudinis)”, expresse que “anunciar Cristo signifi-
ca mostrar que crer n’Ele e segui-Lo não é algo apenas verdadeiro e justo,
mas também belo, capaz de cumular a vida dum novo esplendor e duma
alegria profunda, mesmo no meio das provações”. Apresenta o impres-
cindível meio para a perseverança que é o acompanhamento pessoal dos
processos de crescimento de cada pessoa. Por fim, indica que todo o pro-
cesso catequético deve se passar ao redor da Palavra de Deus (Evangelii
gaudium, 167- 175).
A catequese tem por missão “acompanhar ativa e metodicamente a pes-
soa para que ela se torne discípula missionária, cada vez mais consciente,
comprometida e conseqüente.” O encontro com Cristo cada vez mais in-
timo e profundo deve, ao mesmo tempo, conduzir ao encontro cada vez
mais e responsável com os outros. A dimensão pessoal e a dimensão so-
cial da fé devem crescer juntas (ALMEIDA, 2010, p. 25). Referência: ABC
da Iniciação Cristã, por Antônio José de Almeida.

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CRISMA

PROJETO PESSOAL
DE VIDA:
RESPOSTA CONCRETA
NO HOJE
PARA O AMANHÃ
Ronnaldh Oliveira
Bacharel em filosofia pelo Centro Universitário Salesiano
de São Paulo (UNISAL), Jornalista, 1 pós- graduado
em Influência Digital, Gestão e Estratégia, Gestão da
Comunicação Social e Mídias Digitais. Especialista em
medidas socioeducativas, dependência química, gestão
de presídios e práticas de justiças restaurativas. Docente,
especialista em Juventudes Contemporâneas, como
também acompanhamento de adolescentes e jovens. Faz
parte do Conselho nacional da Escola de Jovens por um
Mundo Unido (EJPMU). Presidente do Conselho Municipal
de Juventudes (COMJUV) de Lorena/SP. Vice presidente do
Conselho da Comunidade da comarca de Lorena/SP
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T
oda vida é dom. Dom de Deus a nós, feito presente a Ele. Em uma
realidade social cada vez mais efêmera, fragmentada e gasosa, cor-
remos o risco de viver inconsequentemente o hoje, por uma incer-
teza do que será o amanhã. Por essa lógica, vamos nos alinhando em um
emaranhado de imediatismos e impulsões que por vezes podem nos levar
a vulnerabilidades neuronais como a depressão, crises de ansiedades e
tantos outros. Pelo ardor do medo do “segundo que há de vir”, vivemos no
último suspiro constante, sem querer perceber o amanhã que pode e deve
ser planejado.
As pessoas perderam de vista que a felicidade pode sim ser projetada.
Assim como em técnicas empresariais, pensar e articular ações de curto,
médio e longo prazo. Chamamos isso de Projeto de vida. É claro que ele
não é determinista, mas certamente determinante para que ao surgir im-
previstos, saibamos melhor como lidar e superá-los com mais tranquilida-
de.
Pensar em um Projeto Pessoal de Vida (PPV) pode ser custoso se não
estivermos abertos ao conhecer a nós mesmos no momento presente e
se não fizermos o esforço de transcender acerca de respondermos onde
querermos chegar: Como, onde, com quem e de que forma estarei daqui
um ano? Daqui cinco anos? Daqui dez anos? Que passos preciso dar para
conseguir isto ou aquilo, o que são minhas prioridades para conseguir me
tornar aquilo que quero ser?

As pessoas perderam de vista que a


felicidade pode sim ser projetada. Assim
como em técnicas empresariais, pensar
e articular ações de curto, médio e longo
prazo

De primeira mão, parece ser fácil, mas exige percepção de nós mesmos,
da realidade social em que vivemos e também de nossa relação com o Di-
vino. Essas são questões acertivas para o ponta pé inicial de um PPV.
E certo que em todos os momentos da nossa vida precisamos revisitar
nossos projetos, adaptar, refazer, adicionar, subtrair, porque estamos em
movimento, dinamismo, vivemos em sociedade. Por vezes podemos até
querer desistir, pela própria cultura antropológica que pode nos impor,
mas o querer “ter-se nas mãos” é a grande motivação para não abandonar
os planejamentos pessoais.
Uma boa atividade para a catequese de Crisma é a primeira execução do
projeto de vida dos adolescentes e jovens. A Comunidade eclesial é um
oportuno e seguro espaço de acompanhamento e suporte para o olhar
além do hoje. Exige mudança constante de paradigmas, culturas e sobre-
tudo vontade de arregaçar as mangas e acompanhar

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Dificilmente alguém faz um PPV sem acompanhamento. O catequista
pode ser um primeiro facilitador, posteriormente um diretor espiritual,
um leigo engajado, um psicólogo ou mentor.
Para quem acompanha exige-se maturidade para tocar o terreno sagra-
do do outro, que sempre deve ser adentrado com os pés descalços (cf Ex
3,5). A alma de um artesão deve percorrer a consciência de quem se colo-
ca como acompanhador: Lapidar, esperar, enfrentar, encorajar, silenciar,
apresentar, são verbos constantes de quem vislumbra ser suporte para
quem decide-se romper com o carpediem mal vivido e entendido e perce-
be-se como um ser de passado, presente e futuro.
Um antigo poema sânscrito afirma: “O passado será sempre uma recor-
dação, o futuro será sempre uma visão, porém o hoje bem vivido fará de
cada passado uma recordação de alegria e de cada futuro uma visão de
esperança”. Crer-se em movimento, como numa viagem, exige constante
planejamento e estruturação. Abarcar a vida com um verdadeiro projeto
de forma sadia eficaz com objetividade para viver bem consigo mesmo,
com o outro e com o transcendente. Não é somente pensar no amanhã e
esquecer de viver o hoje, não é pensar no ontem, sem sentir-se no presen-
te, mas com a certeza aristotélica de que a virtude está no meio, no equi-
líbrio, saber agradecer o que viveu no passado, pois fez você ser o que é
hoje, vislumbrando no presente quem você pode se tornar no amanhã que
está logo ali.
Tudo é processo, nada fazemos de ontem pra hoje, é necessário paciên-
cia e entrega, mas nosso principal interesse, sem sombra de dúvidas pre-
cisa ser nossa vida. É dela que surgem todas as demais coisas. Pense nisso
e projete-se!
Imagem: storyset / Freepik

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DINÂMICA

Jesus fonte de
água viva
Imagem: Freepik

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E
ssa é uma dinâmica para ser realizada em família, pois é interessan-
te a participação dos pais. O material utilizado será a bíblia, duas
jarras e uma bacia. A atividade tem o intuito de mostrar que nessa
quarentena e durante todas as situações da vida, é preciso permitir preen-
cher-se com o amor de Deus.
A dinâmica começa com a leitura da passagem de João 4,10-14:
Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é
o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. Disse-
-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde,
pois, tens a água viva?
És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele
próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado? Jesus respondeu, e disse-lhe:
Qualquer que beber desta água tornará a ter sede; Mas aquele que beber
da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se
fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.
Após a leitura, com uma jarra cheia de água e outra vazia colocada em
cima de uma bacia ou recipiente, o catequizando vai colocando a água na
jarra que está sem, até transbordar. A moral da dinâmica é que Jesus faz
nossa vida através do Espírito Santo, transborda dentro de cada um, como
fonte de água viva.
É legal que as famílias enviem fotos também no grupo da catequese para
incentivar que todos realizem e vejam seu depoimento de aprendizado.
Procure estabelecer uma data para que todos realizem as dinâmicas de
catequese no mesmo dia.

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LEITURA INDICADA

Autor: Leo J. Trese


Páginas: 480
Editora: Quadrante

C
rer com inteligência e pensar e agir à luz das verdades cristãs: estes
são os dois objetivos deste livro do sacerdote norte-americano Leo
Trese, autor de inúmeras obras sobre a doutrina e a espiritualidade
católicas, das quais as mais importantes já foram lançadas no Brasil pela
Quadrante.
Dividido em três capítulos principais – O Credo, Os Mandamentos, Os
Sacramentos e a oração –, o livro mostra os pontos essenciais da fé cristã
de um modo extremamente didático, amável e claro, o que facilita não só
a compreensão do leitor mas também o trabalho de quem depois precisa
transmitir o seu conteúdo aos outros, seja numa aula de catequese, seja ao
conversar com os amigos.

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A exposição das verdades da fé é sempre acompanhada de exemplos e de
imagens que as ilustram e tornam mais facilmente compreensíveis para
o homem comum, que raramente tem à sua disposição os conhecimentos
teológicos especializados que o ajudem a tirar delas todo o seu significado.
Por outro lado, os principais argumentos contrários à fé, tanto recentes
como históricos, são expostos com serenidade e respondidos com preci-
são e firmeza, de forma a resolver as principais dúvidas com que qualquer
cristão de nível superior se defronta, quer em si, quer nos outros.
O aspecto mais atrativo desta obra são as inúmeras aplicações e conse-
lhos práticos que o autor sugere, e que são uma ajuda poderosa para viver
a fé, para encarná-la nas realidades do dia a dia.
Esta nova edição foi inteiramente revista e atualizada pelo novo Catecis-
mo da Igreja Católica e pelo Código de Direito Canônico vigente. Possibili-
ta, assim, uma ampla visão dos últimos aprofundamentos que a inteligên-
cia cristã tem feito sobre o riquíssimo depósito da fé cristã.
Imagem: Johnstocker / Adobe Stock

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FILME INDICADO

CORI N G A ,
PARA QUE O
MAL NÃO SE
TORNE BANAL
Pe. Nuno Amador SJ
Texto extraído do site: Catequese Hoje
Imagem: Freepik

▶ Filme “Coringa”
Direção: Todd Phillips
Elenco: Joaquin Pho-
enix, Robert De Niro,
Zazie Beetz

C
oringa, de Todd Phillips, é um filme sublime e perturbador. Sublime
na lentidão certa com que nos dá tempo para pensar, sublime na
eclética escolha musical, sublime na cor crepuscular da fotografia.
Sublime, sobretudo, na interpretação para óscar de Joaquim Phoenix, que
oferece corpo e alma a uma representação de gigantesca exigência física
e mental. Perturbador pela forma como nos desafia a pensar a loucura da
insensibilidade diante do mal, como nos deixa suspensos na ambiguida-
de, como retrata de forma crua, e em certos momentos cruel, uma espiral
de violência que deixa a vida interior pervertida e a cidade no caos.
Todos fazemos, exterior e interiormente, a experiência do mal e das suas
consequências. Sabemos como em nós os desejos de bem, de vida e de
felicidade convivem com sentimentos de inveja e de posse, de vingança e
domínio. Somos tentados constantemente pelo privilégio de nós próprios,

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facilmente nos autojustificamos ou desresponsabilizamos. Experimenta-
mos como o mal muitas vezes nos vai tentando agarrar de forma ambígua
e matreira, como é próprio da sua natureza. São pequenas cedências, pe-
quenos compromissos, pequenas mentiras, pequenas relativizações que,
progressivamente, podem tornar-nos insensíveis e deixar-nos com uma
lente demasiado larga, lassa, que deixa passar tudo, porque afinal o mal
não é assim tão mau e, aparentemente, fazer o bem nem sempre é confor-
tável e compensatório. Só aparentemente!
Experimentamos também como o mal de uns afeta a vida de todos. Se é
verdade que “uma alma que se eleva, eleva o mundo inteiro”, também é
verdade que o pecado de um tem consequências para a vida de todos. As
nossas ações e omissões têm na vida dos outros, para o bem e para o mal,
uma repercussão que de todo não dominamos. O mal tem uma eficácia
histórica que nos ultrapassa e que, nas suas consequências diretamente
visíveis ou na invisibilidade da interioridade, onde se origina a estrutura-
ção das relações, tem efeitos para o conjunto. O mal que fazemos (também
é mal o bem que deixamos de fazer) por preguiça, medo, conivência ou
conveniência tem inequivocamente uma dimensão social, e configura-se
em “estruturas que são objetivação histórica da dimensão social do mal
moral, como lugares da sua presença e da sua eficácia” (cf. João Paulo II,
Sollicitudo rei socialis, 36).

Não somos só a consequência de um


sistema ou o fruto das circunstâncias da
vida. É preciso acreditar que existe em nós
um espaço de liberdade por onde começa
a conversão, que a violência da vingança
não tem a última palavra, que há uma voz
interior que permanentemente nos chama
a amar e fazer o bem e a evitar o mal.

Nas origens do vilão de Gotham City está um passado de rejeição e aban-


dono, violência e abuso que vai explicando a fragilidade interior da per-
sonagem e o distúrbio visível em que se encontra, descompensado e sem
reconhecimento. Alguns críticos vêem aqui uma certa desresponsabiliza-
ção pessoal, um atenuar das fronteiras entre bem e mal, um olhar mais
suave para o agressor, porque afinal percebemos que, no que sofreu e pas-
sou, também é vítima de um sistema corrompido que progressivamente o
vai corrompendo.
Certamente existem casos em que fatores externos e internos podem
deixar-nos menos livres e, consequentemente, menos responsáveis e cul-

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pados. Mas é “verdade de fé confirmada”, pela experiência e pela razão,
que “a pessoa humana é livre” e “não podemos descarregar em realidades
externas – as estruturas, os sistemas, os outros – o pecado de cada um e
a responsabilidade pessoal”. “Podemos ser condicionados, pressionados,
impelidos por numerosos e ponderosos fatores externos, como também
podemos estar sujeitos a tendências, taras e hábitos relacionados com a
nossa condição pessoal”, mantendo claro que “o pecado, no sentido pró-
prio e verdadeiro, é sempre um ato da pessoa e não propriamente de um
grupo ou de uma comunidade” e “as verdadeiras responsabilidades são
das pessoas” (cf. João Paulo II, Reconciliatio et paenitentia, 16).
Não somos só a consequência de um sistema ou o fruto das circunstân-
cias da vida. É preciso acreditar que existe em nós um espaço de liberdade
por onde começa a conversão, que a violência da vingança não tem a úl-
tima palavra, que há uma voz interior que permanentemente nos chama
a amar e fazer o bem e a evitar o mal. No final do filme fica a necessidade
de fazer silêncio para amadurecer o que se viu, mas fica também o desejo
de que Bruce Wayne (futuro Batman) venha depressa combater o mal so-
bretudo para nos ensinar como, depois de ver matar os pais, foi capaz de
converter a vontade de vingança em desejo de bem e sentido de justiça.
Coringa não é só uma chamada de atenção em relação ao mal e às suas
consequências, como é um desafio a sermos responsáveis por uma cultu-
ra de bem e pelo cuidado do outro. É um desafio a levarmos a sério a res-
ponsabilidade dos nossos gestos quotidianos e do poder que têm na vida
dos outros e do mundo.
Para não banalizarmos o mal e para não desistirmos de acreditar
no bem.
Imagem: Freepik

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