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Este documento descreve um experimento para determinar a velocidade de projéteis disparados de uma espingarda de ar comprimido utilizando um pêndulo balístico. O pêndulo balístico consiste em um bloco de madeira suspenso por um fio que é atingido pelo projétil. A velocidade do projétil é calculada usando a conservação da energia mecânica e do momento linear do sistema projétil-bloco, em função do ângulo máximo de desvio do pêndulo após a colisão. Os resultados

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Rodrigo Arruda
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Este documento descreve um experimento para determinar a velocidade de projéteis disparados de uma espingarda de ar comprimido utilizando um pêndulo balístico. O pêndulo balístico consiste em um bloco de madeira suspenso por um fio que é atingido pelo projétil. A velocidade do projétil é calculada usando a conservação da energia mecânica e do momento linear do sistema projétil-bloco, em função do ângulo máximo de desvio do pêndulo após a colisão. Os resultados

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DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL

DA VELOCIDADE DE UM PROJÉTIL
UTILIZANDO UM PÊNDULO
BALÍSTICO

Cezar Eduardo Pereira Picanço1, Jane Rosa2

RESUMO
Este trabalho apresenta os resultados e procedimentos utilizados para determinar
a velocidade de um projétil disparado de uma espingarda de ar comprimido. O
experimento foi realizado a partir da montagem de um pêndulo balístico, o qual
consiste em um bloco de madeira suspenso por um fio. O projétil foi disparado
contra o bloco de madeira e com um transferidor mediu-se o ângulo de desvio
do pêndulo em relação a vertical. Aplicando os conceitos físicos de conservação
da energia mecânica e conservação do momento linear do sistema, projétil mais
bloco, obteve-se uma expressão matemática para a velocidade do projétil no
instante da colisão com o bloco. A expressão da velocidade do projétil foi
determinada em função dos seguintes parâmetros: massas do bloco e do projétil,
comprimento do pêndulo balístico, aceleração da gravidade e o ângulo de desvio
do pêndulo após a colisão do projétil. Os resultados obtidos são consistentes
com o valor de referência do fabricante. Além disso, um segundo experimento
foi realizado para corroborar com os resultados, no qual a velocidade do projétil
foi determinada a partir da medida do intervalo de tempo entre o disparo e o
momento do impacto do projétil com um alvo metálico. Neste caso foi utilizado
um software livre de edição de áudio para obter o valor do intervalo de tempo.
Palavras-chave:Pêndulo Balístico.Velocidade de um projétil. Montagem
experimental.

1
Instituto Federal do Paraná.
2
Doutoura em Física pela Universidade federal do Paraná/ Docente do Insitutto Federal do Paraná.
145

INTRODUÇÃO
O pêndulo balístico é um dispositivo puramente mecânico, inventado em
1742 pelo engenheiro militar Benjamim Robins, usado principalmente em
industrias de armas de fogo para determinar a velocidade de projéteis
(MEDEIROS FILHO, 2001). Há algumas versões que usam blocos de madeira
ou caixas de areia, onde o projétil disparado fica alojado, sendo ambas com
massa muito maior que o projétil. O pêndulo balístico utiliza conservação do
momento linear e conservação da energia mecânica por meio de uma colisão
inelástica (supondo um caso ideal). Hoje em dia esse dispositivo foi substituído
por cronógrafos balísticos, mas ainda é usado didaticamente para o ensino de
física (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2008).

A motivação para realização do experimento com o pêndulo balístico


surgiu com a curiosidade de verificar na prática a validade dos conceitos físicos
teóricos discutidos em sala de aula. Portanto, os objetivos deste trabalho
consistem em: construir um pêndulo balístico; realizar o procedimento
experimental para determinar a velocidade do projétil e por fim comparar os
resultados com os valores de referência.

DESENVOLVIMENTO
Revisão teórica

O pêndulo balístico é um aparelho que transforma a energia cinética do


sistema, logo após a colisão, em energia potencial gravitacional. Logo quando o
projétil de massa m é disparado contra o bloco de massa M, fica alojado nele, já
que se trata de uma colisão inelástica. Tal colisão faz com que o conjunto
(projétil-bloco) ganhe uma certa altura h, transformando a energia cinética do
conjunto, logo após a colisão, em energia potencial gravitacional, conservando a
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energia mecânica do sistema. Ver a figura 1(a). Analisando somente o sistema


isoladamente, há uma conservação da quantidade de movimento antes e depois
da colisão. Como o pêndulo, durante a colisão, não se eleva consideravelmente,
pode-se tratar o processo como unidimensional (NUSSENZVEIG, 2002).

Da conservação da quantidade de movimento, imediatamente antes e


depois da colisão, obtêm-se:

𝑚𝑣𝑝 = (𝑚 + 𝑀)𝑉, (1)

onde m é a massa do projétil, vp é a velocidade do projétil, a qual será


determinada, do outro lado da igualdade tem-se a quantidade de movimento do
conjunto, ou seja, o produto da velocidade do conjunto V com a soma das
massas projétil-bloco (m+M), sendo que M é a massa do bloco.

Agora analisando a conservação da energia mecânica posteriormente a


colisão, onde toda a energia cinética se transforma em energia potencial
gravitacional, tem-se:

1
(𝑚 + 𝑀)𝑉 2 = (𝑚 + 𝑀)𝑔ℎ. (2)
2

Isolando a velocidade do conjunto V na equação (2), deixando-a apenas


em função da altura máxima h com que o conjunto se elevará após a colisão,
onde g é a aceleração gravitacional (9,8m/s2), obtêm-se:

𝑉 = √2𝑔ℎ . (3)

Usando um pouco de trigonometria, h pode ser escrito em função do


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comprimento l do fio que suspende o bloco e do ângulo máximo θ que o fio faz
com a vertical devido a colisão.

Substituindo a equação (3) na equação (1), e isolando vp , chega-se em:

(𝑚+𝑀)
𝑣𝑝 = √2𝑔𝑙(1 − 𝑐𝑜𝑠𝜃). (4)
𝑚

A equação acima fornece a velocidade do projétil, imediatamente antes da


colisão, em função da massa M do bloco, da massa m projétil, da aceleração g
da gravidade, do comprimento l do pêndulo e do ângulo θ.

METODOLOGIA
Para a construção da estrutura principal do pêndulo foi usado: duas chapas
de madeira; quatro vergalhões com roscados, porcas, arruelas, fios, ganchos e
um bloco de madeira. Para a construção do sistema de medição do ângulo foi
usado: transferidor, ponteiro, madeira para servir de base para o transferidor e
parafusos para fixá-lo na estrutura principal. Veja a montagem pronta na figura
1 (b).

A arma usada foi uma Hatsan, modelo AT - 44 10, calibre 5,5mm,


acionada por ar comprimido, cuja a velocidade inicial do projétil, fornecida pelo
fabricante é de 290m/s, mas isso pode variar dependendo das características do
projétil usado. Como não se sabe qual projétil o fabricante usou para aferir essa
velocidade, o experimento foi realizado com dois tipos de projéteis para
comparar os resultados. Além disso, realizou-se um segundo experimento com o
objetivo de corroborar com os resultados. Para isso, utilizou-se um software
livre para edição de áudio chamado Audacity, o qual possibilitou determinar o
intervalo de tempo entre o disparo do projétil e a colisão com um alvo. Sabendo
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a distância entre a arma e o alvo, o intervalo de tempo entre o disparo e a


colisão, obteve-se a velocidade do projétil. Para as medições foi usado: trena
com precisão de (0,001)m; balança com precisao de (0,0001)kg e transferidor
(sistema de medição) com precisão de (1)⁰.

Após o pêndulo ser montado conforme a figura 1 (b), cinco disparos de


cada projétil foram feitos contra o bloco. Assim que o bloco se eleva a uma certa
altura, o fio de comprimento l = (0,3300 ± 0,0005)m empurra o ponteiro do
sistema de medição, de forma que ele fique parado na posição onde o ângulo é
máximo, possibilitando assim determinar o ângulo que o bloco fez com a
vertical.

(a) (b)

Figura 1: Esquema ilustrativo do pêndulo balístico (a), pêndulo balístico montado (b).

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


A partir da medição de todos os parâmetros, foi construída a tabela 1,
onde na primeira coluna é apresentada a massa do projétil m, na segunda coluna
a massa do bloco M, na terceira o ângulo θ que o fio fez com a vertical, e na
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última coluna encontra-se a velocidade do projétil vp, obtida através da equação


(4).

Tabela 1: Dados retirados experimentalmente com os dois tipos de projéteis.

Massa do projétil Massa do bloco Ângulo Velocidade do


projétil
±(0,00005)kg ±(0,05)x10-3kg ±(0,5)⁰
m/s

0,00100 0,32080 28,0 280 ± 19

0,00100 0,32180 28,0 281 ± 19

0,00100 0,32280 29,0 291 ± 20

0,00100 0,32380 28,0 283 ± 19

0,00100 0,32480 27,0 273 ± 19

0,00180 0,32580 37,0 208 ± 9

0,00180 0,32760 38,0 214 ± 9

0,00180 0,32940 38,0 214 ± 9

0,00180 0,33120 37,0 210 ± 9

0,00180 0,33300 38,0 217 ± 9

A velocidade média obtida com os dados da tabela 1 foi de (282 ± 19)m/s


com o projétil de 0,00100kg e de (213 ± 9)m/s com o projétil de 0,00180kg. Já o
segundo experimento, utilizando o software, a velocidade foi calculada
determinando-se o tempo entre um pico sonoro e outro, ou seja o som do disparo
e o som do impacto do projétil em um alvo metálico. Sabendo que a distância
entre o alvo e a boca do cano da arma foi de (8,4300 ± 0,0005)m, obteve-se por
esse método a velocidade de (261 ± 8)m/s com o projétil de 0,00100kg e de
(202 ± 5)m/s com o projétil de 0,00180kg.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Comparando as velocidades média obtidas através do pêndulo balístico


com as velocidades obtidas com o software, houve uma divergência de 7,5%
para o projétil de 0,00100kg e de 5,2% para o projétil de 0,00180kg. Fazendo
uma comparação com o valor da velocidade dado pelo fabricante, o projétil de
0,00100kg foi o que mais se aproximou do valor de referência, com um erro
percentual de 2,8%. Porém vários fatores podem contribuir para uma
divergência entre os valores obtidos, um deles é o fato de que a velocidade
determinada com a ajuda do software é uma velocidade média ao longo do
percurso descrito pelo projétil, já no pêndulo é a velocidade com que o projétil
colide com o bloco. É importante atentar para o fato de que a equação (4) é uma
aproximação válida para o caso ideal, ou seja, sem perdas de energia e
considerando a descrição de um pêndulo simples. Mas nesse caso há perdas de
energia no pêndulo balístico, como por exemplo: o atrito dos fios e a resistência
dos ar, além disso o pêndulo balístico seria melhor descrito considerando-o
como um pêndulo físico. É importante lembrar que o projétil tem que colidir no
meio do bloco para que não haja um torque resultante. No entanto, conclui-se
que os resultados obtidos foram satisfatórios e que apesar de utilizar um modelo
teórico simplificado os valores obtidos para a velocidade do projétil apresentam
concordância com os valores de referência.

Para trabalhos futuros o objetivo é uma adaptação no experimento para


não usar uma arma e sim um outro tipo de método para lançar o projétil, desse
modo o experimento poderá ser utilizado como uma ferramenta didática para
ensinar física no ensino médio ou superior.

REFERÊNCIAS
HALLIDAY D.; RESNICK R.; WALKER J. Fundamentos de Física:
mecânica, 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
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MEDEIROS FILHO C. F. Só Biografias: textos compilados e digitalizados,


2001. Disponível em: <http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/BenjaRob.html>.
Acesso em: 01 set. 2016.

NUSSENZVEIG H. M. Curso de física básica: mecânica, 4. ed. São Paulo:


Blucher, 2002.

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