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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

CHRISSIE FERREIRA DE CARVALHO E NATÁLIA MARTINS DIAS

A autopercepção da imagem corporal e seus efeitos sobre a autoestima de usuários do

Instagram

Aline Iaczinski Bento

Ana Aline da Rocha

Carolina Costa da Silva Mendel

Thaynara de Moraes Xavier

Florianópolis

2022
Resumo

A autoestima apresenta uma intensa relação com a imagem corporal, dado que influencia
diretamente na autopercepção do indivíduo. Nesse viés, o Instagram corresponde a uma
plataforma direcionada à imagem, portanto, favorável à propagação de padrões corporais.
Desse modo, esta pesquisa visa investigar a relação entre a autopercepção da imagem
corporal e a autoestima dos usuários do Instagram, bem como analisar a associação entre a
utilização de recursos de edição de imagem e a autoestima desses usuários. Para tanto, foi
aplicado um questionário para 168 participantes acima de 18 anos, no qual 128 foram do
gênero feminino e 40 do gênero masculino. O questionário reuniu quatro seções, sendo,
respectivamente, questões sociodemográficas, versão brasileira da Escala de Autoestima de
Rosenberg, Escala de Satisfação com a Imagem Corporal adaptada e validada para o Brasil e
questões relacionadas ao uso do Instagram. A partir dos resultados obtidos, observou-se uma
relação direta entre a exposição ao Instagram, a insatisfação corporal e a baixa autoestima dos
usuários, além das mulheres possuírem menor satisfação corporal que os homens. Assim,
conclui-se que, de fato, existe uma íntima relação entre a autopercepção corporal distorcida
diante a exposição no Instagram, bem como uma alta taxa de usuários que fazem uso de
recursos de edição de imagem para elevar a autoestima. Diante disso, espera-se contribuir
para o desenvolvimento de conhecimento científico na área e auxiliar em estudos posteriores,
fornecendo reflexões acerca do impacto do Instagram na autoestima e autopercepção da
imagem corporal dos usuários.

Palavras-chave: autoestima; satisfação corporal; autopercepção; Instagram.


Sumário
1 Introdução 5
2 Revisão de Literatura 6
2.1 Autopercepção da imagem corporal 6
2.1.1 Imagem corporal e Instagram 7
2.2 Autoestima e Satisfação Corporal 9
2.3 Interação dos construtos com dados empíricos 10
3 Delimitação do problema, justificativa e objetivos 12
3.1 Objetivos 12
3.1.1 Objetivo geral: 12
3.1.2 Objetivos específicos: 13
4 Hipóteses 13
5 Método 13
5.1 Delineamento de pesquisa 13
5.2 Participantes 14
5.3 Instrumento 14
5.3.1 Questões Sociodemográficas 14
5.3.2 Escala de Autoestima de Rosenberg (1989) 14
5.3.3 Escala de Satisfação com a Imagem Corporal (2002) 15
5.3.4 Questões sobre o uso do Instagram 16
5.4 Procedimentos 16
5.5 Análise dos dados 17
6 Resultados 18
6.1 Análises psicométricas 18
6.1.1 Escala de Autoestima de Rosenberg (1989) 18
6.1.2 Escala de Satisfação com a Imagem Corporal (2002) 19
6.1.2.1 Fator Satisfação com a Aparência 19
6.1.2.2 Fator Preocupação com o Peso 20
6.2 Análises descritivas 20
6.3 Análises inferenciais 23
6.3.1 Teste de comparação de satisfação corporal entre o gênero feminino e o gênero
masculino (Test T) 23
6.3.2 Correlação entre a utilização de recursos de edição de imagem e a autoestima
dos usuários do Instagram 24
6.3.3 Correlação entre as duas dimensões de satisfação corporal, autoestima e idade 25
6.3.4 Correlação entre a exposição dos usuários ao Instagram, a Insatisfação Corporal
e a Autoestima 26
7 Discussão 27
8 Considerações Finais 31
Referências bibliográficas 32
Anexos 36
5

1 Introdução

A autoestima apresenta um profundo vínculo com a imagem corporal, uma vez que

intervém diretamente no modo como o indivíduo se percebe (Caluête et al., 2015; Magalhães

et al., 2008). Além disso, Rodrigues (2010) explica que os estímulos sociais do meio em que

vivemos nos fornecem informações para a formação de percepções de nós mesmos e dos

outros, principalmente, através da comparação. Ou seja, o conjunto entre os processos de

autopercepção e da percepção que formamos através de nossas inter-relações formam o

construto conhecido como autoconceito, ou seja, a imagem que formamos de nós mesmos.

Nesse viés, Skopinski et al. (2015) e Souza e Alvarenga (2016), abordam as mídias

sociais como sendo um dos principais fatores socioculturais que podem gerar uma alteração

negativa na autopercepção do indivíduo, no qual desencadeiam sentimentos de insatisfação e

comparação social, além de problemas de autoestima devido à pressão estética nesse meio.

Dentre as plataformas de mídias sociais, destaca-se nesta pesquisa o Instagram, que

representa uma rede direcionada à imagem, portanto, favorável à divulgação de padrões

corporais (Lira et al., 2017). Nesse sentido, segundo autores como Shah et al. (2019) e

Ferreira et al. (2002), as mulheres constituem um dos grupos mais impactados pelas

imposições estéticas, incentivadas desde a infância a se preocuparem com a aceitação frente à

sociedade. Entretanto, a tentativa de conquista do corpo ideal a fim de satisfazer não só as

exigências sociais, como também as necessidades particulares do indivíduo, pode

desencadear distúrbios psicossociais e enfraquecimento da autoestima, visto que perpassam

pela satisfação corporal almejada (Maia et al., 2011; Justino et al., 2020; Hirata & Pilati,

2010).
6

2 Revisão de Literatura

2.1 Autopercepção da imagem corporal

A imagem corporal refere-se a um construto complexo e multifacetado que envolve

aspectos que tange a percepção pessoal do indivíduo em relação a sua experiência corporal,

sendo possível ser dividida em duas dimensões: satisfação com a aparência e preocupação

com o peso (Ferreira et al., 2002). Segundo Slade (1994), citado por Lira et al. (2017), a

imagem corporal pode ser definida como sendo a imagem do corpo idealizada na mente

através de sentimentos, pensamentos e ações em relação ao corpo. Em outras palavras, é a

imagem que o indivíduo tem a respeito de aspectos físicos do corpo, como contorno e

formato, que invadem a esfera do corpo através da subjetividade. Para tanto, o conceito de

imagem corporal pode ser fragmentado a partir de uma dimensão perspectiva do sujeito,

como aspectos de tamanho, forma e peso corporal, bem como, atitudinal, que abrange

propriedades cognitivas, afetivas, comportamentais e de satisfação com o próprio corpo (Lira

et al., 2017) .

O modo como o sujeito se percebe está ligado à autopercepção e nesse viés, pode

reverberar em sensações de insatisfação e preocupação do indivíduo acerca de seu formato

corporal e de questões referentes à baixa auto estima, por exemplo, quando relacionadas à

insatisfação com o corpo (Lira et al., 2016). Seguindo esse raciocínio, Rodrigues et al. (2010)

afirma que a autopercepção é influenciada pelo conceito sobre si mesmo, designado a partir

do ato de comparação de si mesmo com outras pessoas. Esse processo de comparação e

autoconceito pode ser resultado de um complexo multifacetado do Eu, que parte de crenças e

fatores resultantes de uma interação social do sujeito com o mundo, bem como dos esquemas

sociais e julgamentos estabelecidos por nós mesmos.

Para tal afirmação, o autor supracitado traz a teoria dos processos de comparação

social do psicólogo Leon Festinger, levantada através da hipótese de que nossa auto avaliação
7

se dá por nossas opiniões e capacidades. Assim, este processo está relacionado tanto à

posição de influência, na qual o outro está colocado, quanto à impressão que pretendemos

causar, consequentemente, em busca de uma recompensa social. Logo, podemos inferir que

ambos os fatores trazidos anteriormente se ligam ao modo como os usuários vivenciam a

experiência nas redes sociais a partir do eixo estético padronizado, utilizando da busca

incessante por admiração e auto satisfação corporal a fim de causar uma boa impressão sobre

a sua imagem.

Sendo assim, o fenômeno da percepção social é entendido como sendo um processo

de auto observação, que leva em consideração uma sensação acrescida de significado e

sentimento para além daquele processo. Desse modo, além de ser influenciado por algumas

particularalidades como sexo, idade, valores culturais, midiáticos e opiniões secundárias, é

possível compreender a autopercepção do corpo como resultado da vida em sociedade, na

qual sofre influências e é modificada através da experiência subjetiva do indivíduo (Duarte et

al., 2021). Ademais, questões associadas ao uso excessivo das mídias e o avanço tecnológico,

como consequência ao progresso da vida moderna, também configuram a imagem do corpo à

pressão estética, que pode corroborar em sentimentos constantes de insatisfação e

comparação entre indivíduos, problemas de autoestima e distúrbios alimentares (Souza &

Alvarenga, 2016).

2.1.1 Imagem corporal e Instagram

O compartilhamento de vivências pessoais através de imagens, vídeos e reflexões no

ambiente virtual é uma prática recorrente na modernidade (Vaz & Fernandes, 2021). Segundo

Shah et al. (2019), as plataformas digitais contribuem para a propagação de determinados

padrões e princípios a respeito da cultura da beleza, no qual pode influenciar na autoestima e

imagem corporal de homens e mulheres. Nessa perspectiva, o Instagram representa uma rede
8

social on-line de edição e compartilhamento de fotos e vídeos que, apesar de desempenhar

um papel importante de conexão entre os indivíduos, também pode impactar negativamente a

qualidade de vida das pessoas (Shah et al., 2019).

Nesse viés, a plataforma do Instagram favorece o conteúdo visual, no qual os usuários

transmitem a própria vida, sem, necessariamente, representá-la de maneira idêntica à

realidade (Fagundes & Natividade, 2019). Assim, a característica diferencial da rede são os

recursos de edição que modificam o aspecto original das fotos, dentre eles a possibilidade de

aplicar filtros às imagens. De modo geral, o filtro corresponde a um software de

aperfeiçoamento e alteração das propriedades visuais, tais como a luminosidade, as cores, o

contraste e a nitidez (Silva, 2018; Alegria, 2019; Fagundes & Natividade, 2019; Shah et al.,

2019). Segundo Fagundes e Natividade (2019), devido a isso, o usuário pode não só escolher

o conteúdo a ser postado, como também manipular a aparência da imagem. Além disso, o

engajamento recebido no Instagram repercute em função do julgamento que o indivíduo

estabelece a si próprio, isto é, a sua autoestima e imagem corporal.

Segundo Souza e Alvarenga (2016), a imagem corporal é a representação que o

sujeito tem sobre o seu próprio corpo, considerando também seus traços físicos e os

sentimentos causados por eles. Na era digital, a percepção da imagem corporal pode ser

afetada de diversas formas, inclusive, a insatisfação com o próprio corpo pode levar a

distorção de imagem e, consequentemente, a transtornos alimentares (Lira et al., 2017).

Além disso, a forma como enxergamos nossa imagem corporal está diretamente

ligada à autoestima, ou seja, a forma como o sujeito se autoavalia – a sua atitude positiva ou

negativa frente a si mesmo (Schultheisz & Aprile, 2013; Fagundes, 2019). Portanto, nota-se

que todos estes conceitos referentes a forma como nos percebemos estão diretamente ligados.

Compreende-se, também, que diversos fatores culturais influenciam a formação da

imagem corporal (Damasceno, 2006; Moreira, 2020). Logo, a intensificação da propagação


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dos padrões de beleza, muitas vezes inalcançáveis, feitos por recursos e plataformas

midiáticos, acabam repercutindo na vida de seus usuários e levam a insatisfações corporais e

a distorção de imagem, sendo que esta última se refere a uma visão irrealista do próprio

corpo.

2.2 Autoestima e Satisfação Corporal

A autoestima é um construto psicológico unidimensional caracterizado por

pensamentos e sentimentos que uma pessoa tem sobre si mesma (Hutz, 2000). Segundo

Schultheisz e Aprile (2013, p.36), “a autoestima corresponde à valoração intrínseca que o

indivíduo faz de si mesmo, em diferentes situações e eventos da vida, a partir de um

determinado conjunto de valores eleitos por ele como positivos ou negativos”. Nessa

perspectiva, quanto maior a autoestima do indivíduo, maior a possibilidade de uma saúde

mental positiva e bem-estar pessoal. A baixa autoestima, por sua vez, interfere de maneira

negativa na qualidade de vida, corroborando para o aparecimento de sentimentos depressivos,

de incapacidade e outros distúrbios psicológicos. Uma autoestima positiva está associada à

satisfação corporal, enquanto a baixa autoestima associa-se à insatisfação corporal (Silva et

al., 2020; Schultheisz & Aprile, 2013).

A satisfação corporal é afetada pelos sentimentos associados à imagem corporal, e

pode ser definida como avaliações cognitivas e afetivas, positivas ou negativas, de uma

pessoa sobre seu próprio corpo, como seu tamanho, forma e peso, e está correlacionada com a

autoestima (Justino et al., 2020; Hirata & Pilati, 2010). Quando essa avaliação é positiva,

tem-se que o indivíduo está satisfeito com seu corpo, entretanto, a avaliação negativa sobre o

próprio corpo é denominada insatisfação corporal, que costuma surgir a partir de uma

imagem corporal idealizada contrária à autopercepção corporal (Silva et al., 2020).


10

Assim, segundo Camargo et al. (2010), é possível observar a manipulação da

autopercepção em função dos padrões estéticos (padrão de imagem corporal, geralmente de

corpo magro ou musculoso, rosto jovem e sem marcas), que pode reverberar numa

insatisfação corporal e, consequentemente, na baixa autoestima dos usuários do Instagram.

Portanto, podem acabar internalizando esse padrão de beleza e criando expectativas sobre

seus corpos, no qual pode resultar na insatisfação corporal, caso tenham as expectativas

inalcançáveis e a autopercepção de seu corpo seja diferente da desejada (Vaz & Fernandes,

2021; Peres & Ferreira, 2018).

Ademais, os consumidores desse tipo de conteúdo o absorvem sem refletir sobre o

quão distorcida é a imagem do corpo ideal. Dessa forma, o usuário não considera a

possibilidade de edições que podem ter sido realizadas, se houve ou não a utilização de filtros

e photoshop na publicação. Portanto, pode-se dizer que a comparação entre perfis dentro da

plataforma pode influenciar a diminuição da autoestima do usuário a partir do sentimento de

inferioridade frente aos corpos idealizados (Peres & Ferreira, 2018).

2.3 Interação dos construtos com dados empíricos

A partir de uma revisão de literatura aprofundada no assunto, com os descritores

autoestima, autopercepção, satisfação corporal e Instagram, obteve-se os dados que

embasaram a pesquisa. Assim, buscou-se sintetizar como os autores selecionados tratam a

respeito da autopercepção da imagem corporal e seus efeitos sobre a autoestima de usuários

do Instagram, que serão anunciados nos parágrafos seguintes.

Segundo Duarte et al. (2021), Vaz e Fagundes (2021), Silva (2018), Silva et al. (2020)

e Peres et al. (2018), encontrou-se positiva a correlação das redes sociais em função da baixa

autoestima de jovens, corroborando ao desenvolvimento de sintomas depressivos ou ansiosos

através da comparação social (entre o próprio indivíduo e os outros), tendo em vista a


11

exposição a fotografias e vídeos divulgados nas redes (Alegria, 2019). Além disso, a

influência das redes sociais no desenvolvimento da autopercepção da imagem corporal e da

autoestima também pode ser observada nos estudos de Duarte et al. (2021), Vaz e Fagundes

(2021), Silva (2018), Silva et al. (2020) e Peres et al. (2018), que ressaltam os impactos

negativos presentes nos usuários das plataformas

Os estudos a respeito da plataforma do Instagram se encontram em menor proporção,

no qual Silva (2018) ressalta os efeitos prejudiciais do Instagram sobre a percepção das

mulheres a respeito de sua própria imagem corporal. Bem como, conforme Peres et al.

(2018), a plataforma também exerce influência na autoestima dos usuários. De acordo com os

estudos de Fagundes e Natividade (2019), conclui-se que há uma relação significativa em

função da intensidade de uso do Instagram e comparação social, sendo assim, quanto maior a

exposição ao Instagram, maior o índice de comparação entre usuários.

No que tange a autoestima, Camargo et al. (2010) afirma que o gênero feminino

valoriza mais a imagem dos corpos devido a importância da aparência, tornando esse grupo

mais vulnerável em função da imagem corporal em conjunto com a pressão estética exercida

nessas plataformas digitais. Dessa forma, mostra-se o gênero feminino como um grupo mais

vulnerável em função da comparação exercida pela sociedade, reforçando a necessidade de

estudos com outros grupos a fim de compreender a problemática como um fenômeno

pluridimensional.

Diversos estudos encontraram relações entre a insatisfação corporal em conjunto com

outras variáveis, como a comparação social, autoestima e ansiedade frente à aparência social

(Hirata & Pilati , 2010). Embora não existam pesquisas recentes que demonstram resultados

parciais a respeito da autopercepção de homens e mulheres em função da autoestima diante o

Instagram, o estudo de Justino et al. (2020) revela o nível de autopercepção de adolescentes

em função da sua autoestima a partir da Escala de Silhuetas de Stunkard, demonstrando


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então, uma grande insatisfação dos adolescentes com seu corpo, o que pode desencadear

problemas com a autoestima diante a visão distorcida de si mesmo. Ademais, segundo

Mendes et al. (2020), há a percepção de que pessoas com mais experiência de vida valorizam

mais o próprio corpo, tendo em vista o maior cuidado com a saúde visando seu próprio

bem-estar e influenciando o modo como se enxergam.

3 Delimitação do problema, justificativa e objetivos

Investigar a relação entre a autopercepção da imagem corporal e a autoestima dos

usuários do Instagram é importante à medida que o compartilhamento das experiências

pessoais no ambiente virtual é uma prática comum atualmente, que pode impactar

negativamente a vida dos indivíduos e aumentar os níveis de insatisfação corporal. Diante

disso, a problemática central da pesquisa se dispõe a responder a seguinte questão: Qual a

relação da autopercepção da imagem corporal frente a autoestima dos usuários do Instagram?

Considera-se, então, de relevância social reconhecer a contribuição do Instagram na

propagação de determinados padrões e princípios, bem como os impactos causados na

autoestima e imagem corporal de homens e mulheres. Estudos confirmam a presença de

materiais na literatura a respeito da relação entre o uso das redes sociais em geral e o

desenvolvimento da autoestima e imagem corporal, porém, não foram identificados uma

quantidade significativa de estudos específicos sobre o Instagram, bem como a utilização dos

recursos de edição de imagem e a associação com imagem corporal e autoestima dos

usuários.

Esta pesquisa visa oferecer informações a respeito da influência do Instagram na

percepção da imagem corporal de seus usuários, de modo a promover a reflexão acerca dos

recursos de edição de fotos utilizados na plataforma. Assim, o presente estudo poderá

contribuir para a emergência de novas discussões sobre o assunto no meio acadêmico, além
13

de promover conteúdos para que pesquisas futuras investiguem estratégias de diminuição dos

impactos do Instagram tanto na satisfação corporal, quanto na saúde mental e física de seus

usuários.

3.1 Objetivos

3.1.1 Objetivo geral:

Investigar a relação entre a autopercepção da imagem corporal e a autoestima dos

usuários do Instagram.

3.1.2 Objetivos específicos:

- Analisar se há uma relação entre a utilização de recursos de edição de imagem e a

autoestima de usuários do Instagram;

- Compreender a relação entre satisfação corporal e a formação da autoestima de

homens e mulheres que fazem o uso do Instagram;

- Avaliar a relação entre o tempo de exposição ao Instagram e a autoestima dos

usuários.

4 Hipóteses

- A utilização de recursos de edição de imagem está associada negativamente à

autoestima dos usuários do Instagram;

- Há uma relação significativa entre as dimensões de insatisfação corporal, a autoestima

e a idade dos usuários;

- Quanto maior a exposição ao Instagram, maior será a insatisfação corporal e mais

baixa a autoestima dos usuários;

- O gênero feminino apresenta maior insatisfação corporal (insatisfação com a

aparência e preocupação com o peso) do que o gênero masculino.


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5 Método

5.1 Delineamento de pesquisa

Esta atividade de pesquisa aplicada possui caráter descritivo e correlacional, visto que

busca interpretar e descrever a realidade sem interferência. Sendo assim, este trabalho teve

como intuito verificar a relação entre a autopercepção da imagem corporal e a autoestima dos

usuários do Instagram. Também, utilizou-se da estratégia de campo, com coleta de dados

realizada através de um questionário com o intuito de confirmar as hipóteses levantadas.

Além disso, é quantitativa e transversal, já que procurou verificar de forma mensurável a

possível relação entre suas variáveis e acompanhou um grupo destes usuários em um curto e

único período de tempo, respectivamente (Campos, 2008).

5.2 Participantes

Aplicou-se o questionário com 168 usuários do Instagram acima de 18 anos, sendo

128 do gênero feminino e 40 do gênero masculino, com idades entre 18 e 64 anos. No

entanto, as idades predominantes variaram entre 18 e 24 anos. Utilizou-se a forma de seleção

a partir de uma amostragem não-probabilística, visto que houve uma escolha deliberada dos

elementos da amostra, neste caso, por conveniência, ou seja, com seleção dos elementos aos

quais se teve acesso. Em vista disso, houve uma diminuição no potencial de generalização

dos resultados para a população de onde foi retirada. Desse modo, o principal critério de

exclusão dos participantes ao estudo foi a não utilização do Instagram.


15

5.3 Instrumento

Para a coleta de dados aplicou-se um questionário com o intuito de medir os

construtos de autopercepção da imagem corporal e de autoestima em função do uso do

Instagram.

5.3.1 Questões Sociodemográficas

Para essa seção, elaborou-se duas questões, sendo uma referente ao gênero (mulher

cis/trans, homem cis/trans e outros) e a outra referente à idade dos participantes da pesquisa,

disponíveis no Anexo B.

5.3.2 Escala de Autoestima de Rosenberg (1989)

Esta seção constituiu-se pela versão brasileira da Escala de Rosenberg com 10 itens

referentes à autoestima. Essa escala foi originalmente desenvolvida em 1965 por Rosenberg,

contudo, nesta pesquisa utilizou-se a versão adaptada por Hutz (2000) para o Brasil que

possui consistência interna satisfatória (alfa de Cronbach=0,90) (Hutz & Zanon, 2011).

Considerou-se também os itens 3, 5, 8, 9 e 10 reversos nesse questionário. Desse modo, a fim

de obter o escore total da escala, somou-se os itens deste instrumento, invertendo os reversos.

O escore total desta escala variou entre 10 e 40 pontos, sendo que quanto maior o resultado,

maior a autoestima do participante. Vale ressaltar que a Escala de Rosenberg (Anexo C) é do

tipo Likert, sendo que cada uma das questões possui 4 pontos que variam entre concordo

totalmente, concordo, discordo e discordo totalmente,

Para avaliar a estrutura fatorial da Escala de Autoestima de Rosenberg, Hutz e Zanon

(2011) realizaram uma análise dos componentes principais do instrumento. O instrumento,

unifatorial, apresentou eigenvalue de 5,5 e explica 54,6% da variância total, confirmando o

resultado original de Rosenberg e os resultados anteriores encontrados por Hutz (2002). A


16

consistência interna da escala, avaliada por meio do alfa de Cronbach foi de 0,90, o que

também é similar ao que tem sido relatado na literatura (Hutz & Zanon, 2011).

5.3.3 Escala de Satisfação com a Imagem Corporal (2002)

Esta seção constituiu-se pela Escala de Avaliação da Satisfação com a Imagem

Corporal (White & Mendelson, 1997), adaptada e validada para o Brasil por Ferreira et al.

(2002). A escala apresentou 25 itens referentes às suas duas dimensões (satisfação com a

aparência e preocupação com o peso) e consistência interna satisfatória para os dois fatores.

Para esta escala, considerou-se reversos os itens 4, 5, 6, 10, 15, 19, 22, 23, 24 e 25,

invertendo-os antes do cálculo do escore final. Para tanto, no intuito de obter o escore total da

escala, realizou-se a soma dos itens. Assim, o escore total desta escala variou entre 25 e 125

pontos, sendo que quanto maior o resultado, maior a satisfação com a imagem corporal; e o

total de cada dimensão variou entre 18 e 90 (satisfação com a aparência) e entre 7 e 35

(preocupação com o peso). Vale ressaltar que esta escala (Anexo D) é do tipo Likert, sendo

que cada uma das questões possui 4 pontos que variam entre concordo totalmente, concordo,

discordo e discordo totalmente.

Para verificar a validade do instrumento, Ferreira et al. (2002) realizaram uma análise

fatorial exploratória. Inicialmente, o instrumento possuia 32 itens que foram retirados da

Escala de Estima Corporal e do Questionário Multidimensional de Relações Eu-Corpo.

Entretanto, visando a validação do instrumento, foram retirados 7 itens que apresentaram

cargas fatoriais inferiores a 0,3. Assim, o instrumento passou a possuir 2 fatores, sendo que o

fator 1 é composto por 18 itens que associam-se ao grau de satisfação com a própria

aparência, já o fator 2 possui 7 itens sobre a preocupação com o peso. O fator 1 apresentou

eigenvalue igual a 8,74 e foi responsável por 27% da variância total, enquanto o fator 2 foi

responsável por 7% da variância total, tendo obtido eigenvalue igual a 2,27. A análise da
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consistência interna desses fatores, calculada através do coeficiente Alfa de Cronbach,

revelou resultados iguais a 0,90 e 0,79, respectivamente. Por fim, a versão brasileira da escala

de avaliação da satisfação com a imagem corporal compôs-se de 25 itens, distribuídos em

dois fatores, que apresentaram bons índices de consistência interna (Ferreira et al., 2002).

5.3.4 Questões sobre o uso do Instagram

Para esta seção, elaborou-se 11 questões referentes ao uso do Instagram com o intuito

de analisar não só a frequência de uso dos usuários, como também as preferências em relação

à plataforma, desde os conteúdos acompanhados e as fotos compartilhadas, até a utilização de

filtros e o sentimento após a utilização. Para tanto, mais informações estão disponíveis no

anexo E.

5.4 Procedimentos

Realizou-se a pesquisa através do Google Formulários em formato de questionário e a

escolha dos participantes deu-se por conveniência. O questionário utilizado apresentou quatro

seções, sendo, respectivamente, questões sociodemográficas, Escala de Autoestima de

Rosenberg, Escala de Avaliação da Satisfação com a Imagem Corporal e questões

relacionadas ao uso do Instagram.

Para o recrutamento dos participantes, utilizou-se as mídias sociais como WhatsApp,

Instagram e o fórum de divulgação da Universidade Federal de Santa Catarina, levando em

consideração pessoas acima de 18 anos.

Por conseguinte, solicitou-se ao participante a leitura prévia do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A) , disponibilizado em anexo, a fim de garantir

seus direitos éticos preservados e conhecer a respeito dos riscos e benefícios da pesquisa. Ao

concordar com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o participante iniciou o


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questionário e observou algumas regras sobre a procedência das respostas, o funcionamento

do teste e entre outros. Após o preenchimento do questionário, advertiu-se ao participante que

poderia acessar o Instagram @ppoivufsc em busca de obter os resultados sobre o presente

estudo.

5.5 Análise dos dados

Para alcançar os objetivos da pesquisa, recorreu-se ao software Jamovi para gerar as

análises de questões fechadas e categorizadas. Então, foram geradas análises descritivas por

gênero, frequência e tempo de uso diário do Instagram, além de descrever as medidas de

Autoestima, Satisfação com a aparência e Preocupação com peso e expor um gráfico de

dispersão entre idade e satisfação corporal dos participantes. Para análises inferenciais,

utilizou-se o mesmo sistema, comparando a satisfação com a imagem corporal entre o gênero

feminino e o masculino através do Test T, além das seguintes correlações: a utilização de

recursos de edição de imagem e a autoestima dos usuários do instagram; as duas dimensões

de satisfação com a imagem corporal, autoestima e idade; por fim, a exposição dos usuários

ao Instagram, a insatisfação corporal e a autoestima.

6 Resultados

6.1 Análises de Parâmetros psicométricos

Nesse tópico, abordaremos a respeito da precisão dos itens das escalas escolhidas para

essa pesquisa. Portanto, para mais informações sobre os dados obtidos, os resultados das

análises de fiabilidade serão disponibilizadas para estudo nos Anexos F, G e H.


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6.1.1 Escala de Autoestima de Rosenberg (1989)

A fim de compreender a confiabilidade dos itens da escala, obteve-se o Alfa de

Cronbach com valor igual a 0.886 após a inversão dos itens reversos (3, 5, 8, 9 e 10).

Segundo George e Mallery (2002), para Zanon e Filho (2015), um alfa com coeficiente entre

0,80 e 0,89 é classificado como bom. Para Zanon e Filho (2015), quanto mais próximo de 1 o

valor do alfa, maior a fidedignidade do teste, portanto pode-se dizer que a consistência

interna é satisfatória. Para essa escala, nenhum item se mostrou menos relevante, tendo em

vista que o menor item-resto foi de 0,477, representado pelo item aer01_p (Anexo F). Sendo

assim, não houve a necessidade de retirada de nenhum item, uma vez que a possível retirada

do item aer01_p não alteraria de forma positiva a precisão da escala. Conforme a literatura,

para ser necessária a retirada do item, o item-resto deve ter um valor < 0,3 (Brzoska &

Razum, 2010). Desse modo, o item que se mostrou mais discriminativo foi o item aer07_p

com um valor item-resto 0.657. A fim de analisar o item mais extremo, considera-se a média,

a partir dos limites da escala (1 a 4), como no item aer8_n, possuindo uma média de 1,99 e

desvio padrão de 1,081. Portanto, não julgou-se necessária a retirada de nenhum item visando

a melhora da precisão da escala, tendo em vista que os itens funcionaram bem durante a

aplicação do teste. Desse modo, considera-se que a adaptação do instrumento para a língua

portuguesa, mesmo havendo diferenças culturais, manteve uma consistência interna

satisfatória.

6.1.2 Escala de Satisfação com a Imagem Corporal (2002)

A fim de compreender a precisão dos itens de cada dimensão, será necessário analisar

cada fator de modo isolado, sendo eles o fator de Satisfação com a Imagem Corporal (Anexo

G). e o fator Preocupação com o Peso (Anexo H).


20

6.1.2.1 Fator Satisfação com a Aparência

Para uma análise desse fator, obteve-se um valor de Alfa de Cronbach referente a

0,950, após a inversão dos itens reversos (4, 5, 6, 10, 15). Segundo George e Mallery (2002),

para Zanon e Filho (2015), um alfa com um coeficiente maior do que 0,9 é classificado como

excelente. Para Zanon e Filho (2015), quanto mais próximo de 1 o valor do alfa, maior a

fidedignidade do teste, portanto, pode-se dizer que a consistência interna foi satisfatória.

Desse modo, houve apenas um item que se mostrou menos relevante, possuindo valor

item-resto de 0,405, sendo o mais baixo. Segundo a literatura, para ser necessária a retirada

do item, o item-resto deve ter um valor < 0,3 (Brzoska & Razum, 2010). Portanto, não houve

a necessidade de exclusão desse item. Uma hipótese para que esse item tenha sido

considerado o item com o valor item-resto mais baixo deve-se a uma possível perda de

conteúdo na validação do instrumento para a língua portuguesa, por exemplo. A fim de

analisar o item mais extremo, considera-se a média, a partir dos limites da escala 1 a 4, como

no item ic05a_n, possuindo uma média de 1,95. Portanto, considera-se que a adaptação do

instrumento para a língua portuguesa, mesmo havendo diferenças culturais, manteve uma

consistência interna satisfatória.

6.1.2.2 Fator Preocupação com o Peso

A partir dessa dimensão, obteve-se o Alfa de Cronbach com valor igual a 0,821, após

a inversão dos itens reversos (19, 22, 23, 24 e 25). Segundo George e Mallery (2002), para

Zanon e Filho (2015), um alfa com um coeficiente entre 0,80 e 0.,9 é classificado como bom.

Para Zanon e Filho (2015), quanto mais próximo de 1 o valor do alfa, maior a fidedignidade

do teste, portanto pode-se dizer que a consistência interna foi satisfatória. Não há nenhum

item que se mostrou menos relevante, tendo em vista que o menor item-resto foi de 0,466,
21

representado pelo item ic24p_n. Para tanto, não houve a necessidade de retirada de nenhum

item, uma vez que a possível retirada do item ic24p_n não alteraria de forma significativa a

precisão da escala, resultando um valor de Alfa de Cronbach igual a 0,813. Segundo a

literatura, para ser necessária a retirada do item, o item-resto deve ter um valor < 0,3

(Brzoska & Razum, 2010). Assim, pode-se dizer que o item ic19p_n se mostrou mais

discriminativo com um valor item-resto 0,710, sendo o melhor item que representa o fator. A

fim de analisar o item mais extremo, inferiu-se que o item ic25p_n, possui um desvio padrão

de 1,081. Portanto, não julgou-se necessária a retirada de nenhum item visando a melhora da

precisão da escala, tendo em vista que os itens funcionaram bem durante a aplicação do teste.

6.2 Análises descritivas

As análises descritivas abaixo indicaram que dos 168 participantes da pesquisa, 128

foram do gênero feminino (76,2%), enquanto 40 (23,8%) foram homens (Tabela 1),

informações reiteradas pelo Gráfico 1 de dispersão entre idade e a soma de satisfação

corporal. Além disso, os dados coletados mostraram que a maioria das mulheres acessam o

Instagram entre duas a cinco vezes ao dia, enquanto a maior parte dos homens indicaram que

acessam mais de dez vezes (Tabela 3). Já com relação ao tempo de uso, notou-se que a maior

parte dos participantes, dentre homens e mulheres, passam de 1-2 horas por dia na rede social

(Tabela 4). Por fim, 75 participantes (44,9%) afirmaram que o Instagram causa impacto na

relação com seu próprio corpo e autoimagem (Tabela 5).

Tabela 1

Frequências de Gênero

Níveis Contagens % do total % acumulada


22

Feminino (cis/ 128 76,2 % 76,2 %


trans)
Masculino (cis/ 40 23,8 % 100 %
trans)

Gráfico 1

Gráfico de Dispersão

Tabela 2

Estatística descritiva das médias de participantes na escala de Autoestima, e nas duas


dimensões (satisfação com a aparência, preocupação com o peso) da escala de Satisfação
Corporal

N Omisso Média Mediana Dp Mínimo Máximo

Autoestima 167 1 28,5 29,0 6,84 12,00 40,0


Satisfação aparência 167 1 45,7 47,0 12,76 18,00 72,0
Preocupação peso 167 1 17,9 18,0 5,50 7,00 28,0

Tabela 3
23

Frequência de uso do Instagram durante o dia e gênero

Gênero

Frequência de uso do Instagram durante o Feminino (cis/ trans) Masculino (cis/


dia trans)

1 vez 8 2
2 - 5 vezes 44 14
6- 10 vezes 31 6
mais de 10 vezes 43 15
não uso 2 3

Tabela 4

Frequências de Gênero e Tempo de uso no Instagram durante o dia

Tempo de uso do Instagram durante o dia (em horas)

Gênero 1-2 3-4 5-6 7-8 9-10 10+


Feminino (cis/trans) 67 36 13 6 3 3
Masculino (cis/trans) 22 9 5 2 0 2

Tabela 5

Frequências sobre a questão “Você sente que o uso do Instagram


impacta a relação que você tem com seu corpo e sua autoimagem?”
Níveis Contagens % do Total % acumulada
Não 44 26,3 % 26,3 %
Sim 75 44,9 % 71,3 %
Às vezes 48 28,7 % 100 %
24

6.3 Análises inferenciais

6.3.1 Teste de comparação de satisfação corporal entre o gênero feminino e o

gênero masculino (Test T)

Tabela 6

Teste à Normalidade (Shapiro-Wilk)

W p

Satisfação com a aparência 0,983 0,043


Preocupação com o peso 0,980 0,014
Satisfação corporal (soma) 0,985 0,067

Nota. Um p-value pequeno sugere a violação do pressuposto da


normalidade

Tabela 7

Teste t para amostras independentes

Estatística p

Satisfação aparência U de 1406 < ,001


Mann-Whitney
Preocupação com o peso U de 1799 0,008
Mann-Whitney
Satisfação corporal U de 1425 < ,001
(soma) Mann-Whitney

Tabela 8

Descritivas de Grupo

Grupo N Média Mediana Dp Erro-padrão

Satisfação Feminino 128 43,4 44,5 12,25 1,082


aparência (cis/trans)
25

Masculino 39 53,4 54,0 11,43 1,830


(cis/trans)
Preocupação peso Feminino 128 17,2 18,0 5,68 0,502
(cis/trans)
Masculino 39 19,8 20,0 4,34 0,695
(cis/rans)
Satisfação corporal Feminino 128 60,6 62,5 16,02 1,416
(soma) (cis/trans)
Masculino 39 73,3 73,0 14,22 2,278
(cis/trans)

O teste de normalidade (tabela 6) mostrou necessidade de realização de teste T “U de

Mann-Whitney”, já que as variáveis violaram o pressuposto de normalidade. O teste T (tabela

7) comprovou que há uma diferença significativa entre a satisfação corporal de homens e

mulheres, visto que os p-valores foram < 0,05. Ao analisarmos a tabela descritiva (8),

notamos que as mulheres pontuaram menos que os homens na escala de satisfação corporal,

indicando que o gênero feminino apresenta maior insatisfação corporal do que o gênero

masculino.

6.3.2 Correlação entre a utilização de recursos de edição de imagem e a

autoestima dos usuários do Instagram

Tabela 9

Matriz de Correlações

Edição de Autoestima
imagem
Edição de imagem R de Pearson —
p-valor —
Autoestima R de Pearson -0,300 —
p-valor < ,001 —
26

Ao buscar analisar a relação entre as variáveis contínuas de edição de imagem e

autoestima dos usuários do Instagram, mostrou-se estatisticamente que há relação

significativa entre as duas, visto que o p-valor foi menor que 0,001 e que a intensidade de

correlação foi considerada negativa e moderada, já que o R de Pearson indicou -0,300. Ou

seja, quanto maior a utilização de recursos, menor a autoestima dos usuários do Instagram.

6.3.3 Correlação entre as duas dimensões de satisfação corporal, autoestima e

idade

Tabela 10

Matriz de Correlações

Satisfação Preocupação Autoestima Idade


aparência peso

Satisfação R de Pearson —
aparência p-valor —

Preocupação R de Pearson 0,552 —


peso p-valor < ,001 —

Autoestima R de Pearson 0,620 0,248 —


p-valor < ,001 0,001 —

Idade R de Pearson 0,177 0,037 0,426 —


p-valor 0,022 0,631 < ,001 —

Para verificar a existência de relação entre as escalas e a idade dos participantes,

utilizou-se o método de correlação de Pearson. Assim, ao analisar a tabela acima, notou-se

que a relação entre a escala de satisfação corporal, com as dimensões de aparência e peso, e a

escala de autoestima foi significativa, pois apresentou o p-valor menor que 0,05. Vemos
27

também que o R de Pearson assumiu um valor positivo, então a intensidade de correlação

também apresentou valor positivo. Desse modo, identificou-se que existe uma relação

diretamente proporcional entre as variáveis, ou seja, quanto maior a satisfação corporal,

maior a autoestima.

Em relação a idade, apenas a dimensão da aparência da escala de satisfação corporal

mostrou-se significativamente correlacionada. A partir da análise da tabela, identificou-se

uma relação diretamente proporcional entre as variáveis, isto é, quanto maior a idade do

participante, maior a satisfação corporal no que se refere a aparência. Além disso, a relação

entre a autoestima e a idade também mostrou-se significativa e diretamente proporcional,

visto que quanto mais idade o participante tiver, maior será sua autoestima.

6.3.4 Correlação entre a exposição dos usuários ao Instagram, a Insatisfação

Corporal e a Autoestima

Tabela 11

Matriz de Correlações

Tempo de uso Satisfação Preocupação Satisfação


do Instagram aparência peso corporal
durante o dia (soma)

Satisfação R de Pearson -0,146 —


aparência p-valor 0,059 —

Preocupação R de Pearson -0,125 0,560 —


peso p-valor 0,107 < ,001 —

Satisfação R de Pearson -0,155 0,961 0,767 —


corporal p-valor 0,046 < ,001 < ,001 —
(soma)

Autoestima R de Pearson -0,222 0,625 0,247 0,566


p-valor 0,004 < ,001 0,001 < ,001
28

Analisando a tabela acima, encontramos uma correlação significativa entre a

exposição dos usuários ao uso do instagram e o escore final de satisfação corporal (soma das

dimensões de satisfação com aparência e peso). Essa correlação mostrou-se de intensidade

negativa, ou seja, quanto maior a exposição ao instagram, menor será a satisfação corporal

dos usuários. Verificou-se também uma correlação significativa entre a exposição dos

usuários ao uso do Instagram e a autoestima (visto que p-valor < 0,05). Essa correlação

também mostrou-se de intensidade negativa, ou seja, quanto maior a exposição ao instagram,

menor será a autoestima dos usuários.

7 Discussão

O presente estudo revelou um percentual significativamente elevado em relação a

autopercepção corporal distorcida tendo em vista a exposição ao Instagram, bem como uma

alta taxa de usuários que utilizam recursos de edição de imagem para a elevação da

autoestima. Nesse sentido, torna-se preocupante a necessidade dos usuários do Instagram,

principalmente o público feminino, em mostrar uma imagem perfeita de si, reverberando

comportamentos de comparações e conflitos consigo mesmo e com os outros (Alegria, 2019).

Segundo dados de dezembro de 2021, 51,6% dos usuários ativos do Instagram são

homens, sendo que a faixa etária com maior número vai de 25 a 34 anos, em seguida estão

aqueles entre 18 a 24 anos (Instagram, 2021). Então, partiu-se de uma amostra de 168

participantes, dentre eles 128 do gênero feminino e 40 do gênero masculino, a maioria entre

18 e 24 anos, faixa etária de segunda maior prevalência entre os usuários ativos no Instagram,

como dito anteriormente. Além disso, os principais dados descritivos obtidos foram que a

maioria dos indivíduos do grupo masculino indica acessar mais de 10 vezes ao dia a rede
29

social, porém passa de 1 a 2 horas navegando. Este tempo também foi o indicado pela

maioria das mulheres, mas estas declararam que acessam a rede apenas de 1 a 4 vezes ao dia.

Sobre a aplicabilidade do teste, acredita-se que os instrumentos utilizados se

mostraram eficientes e abrangeram os objetivos do trabalho em função da linguagem precisa

e coesa, bem como o número agradável de itens compondo o questionário. Em relação a

fidedignidade dos testes, podemos inferir que todos possuíram consistência interna

satisfatória, assim como já fora mostrado na literatura (Ferreira et al., 2002; Hutz & Zanon,

2011). As escalas escolhidas foram do tipo Likert de quatro pontos, o que, em tese, fez com

que o participante se posicionasse frente à resposta do teste, com opções do tipo concordo ou

discordo. Tendo em vista isso, a possível hipótese criada para a pesquisa antes do andamento

do questionário seria relacionada quanto à limitação das opções de respostas, as quais

funcionam de acordo com objetivo de cada escala; relacionando a uma possível interferência

na fidedignidade do teste. Assim, identificou-se que o fato da escala ser do tipo Likert de 4

pontos não trouxe grandes inferências para a nossa pesquisa. Logo, não houve a identificação

de que houveram tendências de escolha entre opções ou se alguma opção era mais

selecionada do que as outras, fazendo, então, com que os itens funcionassem de modo coeso

para todas as escalas escolhidas. Ademais, para responder essa hipótese, foi acrescentada ao

final do formulário uma opção de modo que os participantes pudessem realizar comentários a

respeito da pesquisa, com o objetivo de salientar um possível desconforto ao responder a

pesquisa sem a opção ‘‘indiferente’’, presente em escalas do tipo Likert de 5 pontos, por

exemplo. Contudo, não foi apresentada nenhuma ponderação sobre isso pelos participantes,

destoando da hipótese levantada pela pesquisa anteriormente.

A análise do Teste T indicou que as mulheres possuem menor satisfação corporal que

os homens, comprovando nossa hipótese de que o gênero feminino apresenta maior

insatisfação corporal (insatisfação com a aparência e preocupação com o peso) do que o


30

gênero masculino. Segundo Souza e Alvarenga (2016), isso ocorre devido ao fato de que para

as mulheres, a sociedade impõe constantemente os ideais de corpo perfeito. Além disso,

através das práticas de socialização, as mulheres internalizam a ideia de que o corpo esbelto

as deixa mais atraente e leva ao sucesso nas relações com o sexo oposto e, quando não

atingido, o ideal de corpo perfeito acaba provocando a insatisfação corporal nas mulheres

(Ferreira et al., 2002). Para mais, tem-se que essa pressão social exercida sobre as mulheres

influencia diretamente na formação de suas percepções sobre si e sobre os outros, podendo

resultar em uma autopercepção distorcida sobre sua aparência e seus corpos, acentuando a

insatisfação corporal (Duarte et al., 2021; Rodrigues, 2010). A autopercepção distorcida e a

insatisfação com a imagem corporal podem acabar fortalecendo comportamentos como o uso

excessivo de recursos de edição de imagem nas redes sociais.

De acordo com as análises estatísticas realizadas, a hipótese levantada de que a

utilização de recursos de edição de imagem está associada de forma negativa à autoestima

dos usuários do Instagram se mostra verdadeira. Sendo assim, podemos reiterar que a busca

por ser notado e mostrar ao outro uma imagem de perfeição é uma das principais

problemáticas no uso da rede, condição presente em perfis de muitos influenciadores digitais.

Então, compreendemos que os recursos de edição acabam sendo instrumentos para melhorar

a imagem que o indivíduo quer passar, até mesmo a mais inalcançável (Silva et al., 2019). De

acordo com Ferrando (2020), a insatisfação do indivíduo consigo mesmo é diretamente

proporcional ao uso de filtros nas fotos para melhorar a aparência. Assim, o Instagram pode

ser prejudicial à autoestima dos usuários, visto que possibilita a distorção da imagem com o

uso de filtros nas fotos. Desse modo, Ferrando (2020) verificou uma correlação entre o uso

contínuo das edições de foto com menor autoconfiança dos usuários.

A insatisfação corporal, segundo a tabela de correlação analisada, se mostrou elevada

em relação à faixa etária do participante. Desse modo, foi possível identificar que quanto
31

maior a idade do participante, maior a satisfação com o corpo e aparência. Segundo Mendes

et al. (2020), essa relação foi observada tendo em vista que pessoas com mais experiência de

vida percebe e valorizam mais o próprio corpo, refletindo de modo positivo no modo com

que essas pessoas se enxergam, em relação a sua imagem corporal e bem-estar. No que tange

a autoestima, foi identificada uma correlação positiva em função da idade, e assim,

observou-se que a idade e a autoestima variam de forma diretamente proporcional; ou seja,

quanto maior a idade, maior a auto estima e quanto menor a idade, menor a autoestima. Em

relação a esse dado, não encontramos evidências teóricas que assegurem a correlação em

função do uso do Instagram, todavia, Justino et al. (2010) reforça que a categoria dos jovens

tende a apresentar uma maior baixa autoestima e satisfação com o seu próprio corpo em

função da maior interação desses indivíduos com as plataformas digitais, principalmente

jovens adultos (Fagundes, 2019), o que pode contribuir a uma visão distorcida de si mesmo.

A respeito da tabela 10, a análise comprova a hipótese de que quanto maior a

exposição ao Instagram, maior será a insatisfação corporal e mais baixa a autoestima dos

usuários. Também corroborando com esse resultado, estudos teóricos afirmam que as redes

sociais exercem significativa influência sobre a satisfação corporal e a autoestima dos

usuários (Alegria, 2019; Lira et al., 2017), uma vez que reforçam o narcisismo e os padrões

de beleza. Considerando que há uma falta de diversidade de corpos como referencial de

beleza, quem não se “encaixa” nos padrões vigentes encontra dificuldades para ser aceito

pelos demais, além de estar mais propenso a receber feedbacks negativos (Alegria, 2019; Lira

et al., 2017). Ademais, segundo Alegria (2019), a exposição às redes sociais está diretamente

associada aos riscos que elas oferecem, sendo eles: impacto negativo no bem-estar do

indivíduo e na sua autopercepção.

Apesar da amostra reduzida, foi possível avaliar a autopercepção corporal e a

autoestima, através do uso de dois instrumentos e de um questionário baseado em perguntas


32

em função da frequência de uso do Instagram, obtendo resultados imperiosos que dialogam

com estudos relacionados à temática. Contudo, deve-se considerar as limitações encontradas

em função da escassez de estudos que estabeleçam relações de causalidade entre a

autopercepção da imagem corporal e a autoestima de usuários do Instagram, principalmente

em função da faixa etária dos indivíduos, bem como a baixa participação de homens no

questionário. Outra possível limitação do estudo foi em função da aplicação do teste de modo

online, dificultando que os participantes pudessem tirar dúvidas a respeito do teste. Desse

modo, implica-se a necessidade de ampliação dos estudos em função de compreender quais

outras variáveis também influenciam na baixa autoestima dos usuários do Instagram de que

modo que essa temática seja analisada e abordada por todos, tendo em vista que é um

problema de conhecimento público, corroborando sensações de identificação da temática pelo

leitor, bem como ajudando-o no modo de enxergar a própria aparência.

8 Considerações Finais

A distorção de imagem corporal atua como um coadjuvante ao promover a

experiência social dentro das plataformas digitais, como o Instagram, tendo em vista o uso

constante de recursos de edição de imagem e filtros em função de aparentar estar sempre

esteticamente agradável para os outros. Desse modo, a partir dos resultados obtidos pelo

presente estudo, observou-se de forma satisfatória a relação entre a autoestima e a distorção

de imagem corporal frente ao uso do Instagram, principalmente ao que remete à edição de

imagem e ao tempo de exposição na rede social entre homens e mulheres. Para tanto, a partir

dessa análise, percebeu-se uma preocupação excessiva das mulheres no que diz respeito à

estética corporal, em busca de adentrar os padrões exercidos pela sociedade e impostos nas

redes sociais como o Instagram. Assim, essa elevada prevalência na insatisfação corporal e da

autoestima das mulheres tende a ser um fator preocupante, uma vez que é um passo inicial
33

para a realização de cirurgias estéticas, muito comum nos dias atuais. Ademais, apesar da

amostra reduzida, a pesquisa sinalizou a importância de se abordar a temática frente a

diversas faixas etárias, objetivando a valorização do próprio corpo e a aparência, a fim de

trazer bem-estar e, principalmente, a auto aceitação dos corpos.


34

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37

Silva, A. F. S., Japur, C. C., & Penaforte, F. R. O. (2020). Repercussões das redes sociais na

imagem corporal de seus usuários: revisão integrativa. Psicologia: Teoria e Pesquisa,

36. https://dx.doi.org/10.1590/0102.3772e36510

Silva, M. L. M. (2018). Espelho, espelho meu: o culto ao corpo e a promoção de ideais de

beleza no Instagram e os efeitos sobre a autoimagem corporal das mulheres.

[Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade de Brasília]. Biblioteca Digital da

Produção Intelectual Discente. https://bdm.unb.br/handle/10483/22037

Slade PD (1994) What is body image? Behaviour Research and Therapy, 32(5), 497-502.

https://doi.org/10.1016/0005-7967(94)90136-8

Souza, A. C. D. & Alvarenga, M. D. S. (2016). Insatisfação com a imagem corporal em

estudantes universitários–Uma revisão integrativa. Jornal Brasileiro de Psiquiatria,

65, 286-299. https://doi.org/10.1590/0047-2085000000134

Vaz, L. C. S., Fernandes, N. C. P. V. (2021). Redes sociais e a distorção da autoimagem: um

olhar atento sobre o impacto que os influenciadores digitais provocam na autoestima

das mulheres. [Trabalho de Conclusão de Curso, Centro Superior Una de Catalão].

https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/17274

Zanon, C., & FILHO, N. H. (2015). Fidedignidade. Em C. Hutz, D. R. Bandeira, & C. M.

Trentini (Orgs.), Psicometria (pp. 85-96). Porto Alegre, RS: Artmed.


38

Anexos

ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

(Resolução 466/2012 CNS/CONEP)

Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado ‘’A

autopercepção da imagem corporal e seus efeitos sobre a autoestima de usuários do

Instagram’’. O objetivo deste trabalho é investigar a relação entre a autopercepção da

imagem corporal e a autoestima dos usuários do Instagram. Para realizar o estudo será

necessário que você se disponibilize a participar dos questionários. Para a instituição e para

sociedade, esta pesquisa servirá como parâmetro para avaliar a associação entre a utilização

de recursos de edição de imagem e a autoestima de usuários do Instagram, a relação entre

satisfação corporal e a formação da autoestima de homens e mulheres que fazem o uso do

Instagram, bem como a relação entre o tempo de exposição ao Instagram e a autoestima dos

usuários. Os riscos da sua participação nesta pesquisa são mínimos, podendo gerar

desconforto e cansaço mental relacionado a duração e preenchimento do questionário. As

informações coletadas serão utilizadas unicamente com fins científicos, sendo garantidos o

total sigilo e confidencialidade, através da assinatura deste termo, o qual você receberá uma

cópia.

Os benefícios da pesquisa são ajudar os pesquisadores a entenderem melhor a respeito

do processo de percepção corporal frente ao uso do Instagram e auxiliar na compreensão da

autoimagem dos participantes.

Você terá o direito e a liberdade de negar-se a participar desta pesquisa total ou

parcialmente ou dela retirar-se a qualquer momento, sem que isto lhe traga qualquer prejuízo

com relação ao seu atendimento nesta instituição, de acordo com a Resolução CNS nº466/12
39

e complementares.

Caso você queira maiores explicações sobre a pesquisa você poderá entrar em contato

com os acadêmicos Aline Iaczinski Bento ([email protected]), Ana Aline da

Rocha ([email protected]), Carolina Costa da Silva Mendel

([email protected]) e Thaynara de Moraes Xavier

([email protected]), responsáveis por este estudo, sob a supervisão das

Professoras Chrissie Carvalho ([email protected]) e Natália Martins Dias

([email protected]).

Ressaltamos que esta investigação trata-se de a um exercício de pesquisa conduzido

no âmbito das disciplinas Processos Psicológicos da Adolescência e Juventude, Prática e

Pesquisa Orientada IV, Psicologia Social I, Psicometria e Estatística Aplicada à Psicologia, de

modo que não se configura como investigação científica propriamente e nem terá finalidade

de publicação de seus achados, sendo seu objetivo aperfeiçoar conhecimento e prática dos

estudantes envolvidos.

Declaração – Declaro que li e entendi todas as informações presentes neste Termo e

tive a oportunidade de discutir as informações do mesmo. Todas as minhas perguntas foram

respondidas e estou satisfeito com as respostas. Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor de

todo o aqui mencionado e compreendido a natureza e o objetivo do já referido estudo, eu

manifesto meu livre consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há

nenhum valor econômico, a receber ou pagar, por minha participação.

(  ) Aceito
40

ANEXO B

DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS

1. Gênero:

( ) Mulher (Cis/Trans) ( ) Homem (Cis/Trans) ( ) Outros

2. Idade: Obrigatória
41

ANEXO C

ESCALA DE AUTOESTIMA DE ROSENBERG

1. Eu sinto que sou uma pessoa de valor, no mínimo tanto quanto as outras pessoas:

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

2. Eu acho que eu tenho várias boas qualidades:

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

3. Levando tudo em conta, eu penso que eu sou um fracasso:

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

4. Eu acho que sou capaz de fazer as coisas tão bem quanto à maioria das pessoas:

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

5. Eu acho que eu não tenho muito do que me orgulhar:

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

6. Eu tenho uma atitude positiva com relação a mim mesmo:

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

7. No conjunto, eu estou satisfeito comigo:

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

8. Eu gostaria de poder ter maior respeito por mim mesmo:

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

9. Às vezes eu me sinto inútil:

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

10. Às vezes eu acho que não presto para nada:

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente


42

ANEXO D

ESCALA DE AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL

1. Gosto do modo como eu apareço em fotografias

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

2. Tenho uma aparência tão boa quanto à maioria das pessoas

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

3. Gosto do que vejo quando me olho no espelho

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

4. Se eu pudesse, mudaria muitas coisas na minha aparência

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

5. Gostaria que minha aparência fosse melhor

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

6. Gostaria de ter uma aparência semelhante à de outras pessoas

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

7. Pessoas da minha idade gostam da minha aparência

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

8. As outras pessoas acham que eu tenho boa aparência

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

9. Sinto-me feliz com minha aparência

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

10. Sinto vergonha da minha aparência

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

11. Minha aparência contribui para que eu seja paquerado

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

12. Acho que eu tenho um corpo bom


43

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

13. Sinto-me tão bonito quanto eu gostaria de ser

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

14. Tenho orgulho do meu corpo

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

15. Sou uma pessoa sem atrativos físicos

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

16. Meu corpo é sexualmente atraente

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

17. Gosto de minha aparência quando me olho sem roupa

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

18. Gosto da maneira que as roupas caem em mim

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

19. Estou tentando mudar meu peso

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

20. Estou satisfeito com meu peso

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

21. Sinto que meu peso está na medida certa para minha altura

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

22. Estar acima do meu peso me deprime

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

23. Estou sempre preocupado com o fato de poder estar gordo

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente

24. Estou fazendo dieta atualmente

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente


44

25. Frequentemente tento perder peso fazendo dietas drásticas e radicais

Discordo totalmente Discordo Concordo Concordo totalmente


45

ANEXO E

QUESTÕES SOBRE O USO DO INSTAGRAM

1. Frequência de uso do Instagram durante o dia:

( ) Não uso

( ) 1 vez por dia

( ) 2-5 vezes por dia

( ) 5-10 vezes por dia

( ) Mais de 10 vezes por dia

2. Tempo de uso do Instagram durante o dia (se possível, utilizar a configuração no

celular que mostra esse dado):

( ) 1 - 2 horas por dia

( ) 3 - 4 horas por dia

( ) 5 - 6 horas por dia

( ) 7 - 8 horas por dia

( ) 9 - 10 horas por dia

( ) Mais de 10 horas por dia

3. Em relação ao uso no Instagram:

( ) É a rede social que mais gosto e utilizo

( ) Não gosto muito, mas uso porque todos usam

( ) Uso somente no tempo livre

( ) Uso como perfil profissional

4. Sobre os perfis que você segue no Instagram (pode marcar vários)

( ) Amigos

( ) Familiares

( ) Pessoas que conheço pessoalmente


46

( ) Influenciadores digitais

( ) Institucionais/profissionais

( ) Celebridades e famosos

( ) Site de fofoca

5. Sobre fotos e/ou vídeos que você posta no Instagram (pode marcar vários)

( ) Eu utilizo filtros para melhorar a qualidade das minhas fotos e/ou vídeos (luminosidade,

cor, outros)

( ) Eu utilizo filtros para modificar minha aparência (boca, cílios, olho, nariz, outros)

( ) Não utilizo filtros em minhas fotos e/ou vídeos

( ) Costumo usar outras ferramentas de edição (como o Photoshop) para melhorar a

aparência das minhas fotos e/ou vídeos

( ) Costumo publicar mais selfies do que fotos de corpo inteiro.

( ) Não exibo minha própria imagem na maioria (ou em todas) as fotos que publico

6. Após o uso do Instagram, como você se sente?

( ) Animado(a)

( ) Influenciado(a)

( ) Desmotivado(a)

( ) Desanimado(a).

( ) Indiferente.

7. Você costuma utilizar o Instagram com a intenção de:

( ) Se distrair

( ) Compartilhar realizações pessoais e acontecimentos da vida

( ) Acompanhar a vida das pessoas

( ) Estar atento aos padrões de beleza e a moda

8. Você se preocupa com a quantidade de curtidas que recebe em suas fotos?


47

( ) Sim

( ) Não

( ) Às vezes

9. Quais características você mais leva em consideração no momento de escolher uma

foto para compartilhar no Instagram?

( ) Qualidade da fotografia

( ) Sua aparência

( ) Imagem que você quer passar para as pessoas

10. Você acredita que suas publicações no instagram condizem com sua vida real?

( ) Sim

( ) Não

11. Você sente que o uso do Instagram impacta a relação que você tem com seu corpo e

autoimagem?

( ) Sim

( ) Não
48

ANEXO F

Análise de Fiabilidade

Estatísticas de Fiabilidade de Escala

α de
Cronbach

escala 0,886

Estatísticas de Fiabilidade de Item

if item dropped

média sd correlações item-resto α de Cronbach

aer01_p 3,43 0,786 0,477 0,884

aer02_p 3,40 0,744 0,629 0,876

aer03_nª 3,26 0,904 0,650 0,873

aer05_nª 3,05 0,953 0,521 0,882

aer04_p 2,95 0,943 0,572 0,878

aer07_p 2,77 0,920 0,657 0,872

aer06_p 2,88 0,904 0,743 0,867

aer08_nª 1,99 1,081 0,557 0,880

aer09_nª 2,24 1,165 0,709 0,868

aer10_nª 2,51 1,214 0,726 0,867

ª reverse scaled item


49

ANEXO G

Análise de Fiabilidade

Estatísticas de Fiabilidade de Escala

α de
Cronbach

escala 0,950

Estatísticas de Fiabilidade de Item

If item dropped

Média sd Correlações item-resto α de Cronbach

ic01a_p 2,25 0,920 0,667 0,947

ic02a_p 2,51 0,991 0,756 0,946

ic03a_p 2,58 0,975 0,793 0,945

ic04a_nª 2,18 1,005 0,692 0,947

ic05a_nª 1,95 0,974 0,675 0,947

ic07a_p 2,91 0,832 0,685 0,947

ic08a_p 3,05 0,810 0,646 0,948

ic06a_nª 2,69 1,038 0,405 0,952

ic09a_p 2,66 0,953 0,830 0,945

ic10a_nª 3,04 1,005 0,679 0,947

ic11a_p 2,68 0,998 0,625 0,948

ic12a_p 2,47 0,960 0,793 0,945

ic13a_p 2,19 0,954 0,782 0,945

ic14a_p 2,41 1,011 0,780 0,945

ic15a_nª 2,99 0,960 0,547 0,950


50

ic16a_p 2,55 0,972 0,710 0,947

ic17a_p 2,23 1,013 0,792 0,945

ic18a_p 2,48 0,960 0,723 0,946

ª reverse scaled item


51

ANEXO H

Análise de Fiabilidade

Estatísticas de Fiabilidade de Escala

α de
Cronbach

escala 0,821

Estatísticas de Fiabilidade de Item

if item dropped

média sd correlações item-resto α de Cronbach

ic19p_nª 2,17 1,14 0,709 0,771

ic20p_p 2,10 1,06 0,633 0,786

ic21p_p 2,29 1,15 0,504 0,807

ic22p_nª 2,35 1,19 0,467 0,813

ic23p_nª 2,48 1,21 0,620 0,786

ic24p_nª 3,93 1,14 0,466 0,813

ic25p_nª 3,40 1,00 0,556 0,798

ª reverse scaled item

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