Ppo Iv
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DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
Florianópolis
2022
Resumo
A autoestima apresenta uma intensa relação com a imagem corporal, dado que influencia
diretamente na autopercepção do indivíduo. Nesse viés, o Instagram corresponde a uma
plataforma direcionada à imagem, portanto, favorável à propagação de padrões corporais.
Desse modo, esta pesquisa visa investigar a relação entre a autopercepção da imagem
corporal e a autoestima dos usuários do Instagram, bem como analisar a associação entre a
utilização de recursos de edição de imagem e a autoestima desses usuários. Para tanto, foi
aplicado um questionário para 168 participantes acima de 18 anos, no qual 128 foram do
gênero feminino e 40 do gênero masculino. O questionário reuniu quatro seções, sendo,
respectivamente, questões sociodemográficas, versão brasileira da Escala de Autoestima de
Rosenberg, Escala de Satisfação com a Imagem Corporal adaptada e validada para o Brasil e
questões relacionadas ao uso do Instagram. A partir dos resultados obtidos, observou-se uma
relação direta entre a exposição ao Instagram, a insatisfação corporal e a baixa autoestima dos
usuários, além das mulheres possuírem menor satisfação corporal que os homens. Assim,
conclui-se que, de fato, existe uma íntima relação entre a autopercepção corporal distorcida
diante a exposição no Instagram, bem como uma alta taxa de usuários que fazem uso de
recursos de edição de imagem para elevar a autoestima. Diante disso, espera-se contribuir
para o desenvolvimento de conhecimento científico na área e auxiliar em estudos posteriores,
fornecendo reflexões acerca do impacto do Instagram na autoestima e autopercepção da
imagem corporal dos usuários.
1 Introdução
A autoestima apresenta um profundo vínculo com a imagem corporal, uma vez que
intervém diretamente no modo como o indivíduo se percebe (Caluête et al., 2015; Magalhães
et al., 2008). Além disso, Rodrigues (2010) explica que os estímulos sociais do meio em que
vivemos nos fornecem informações para a formação de percepções de nós mesmos e dos
construto conhecido como autoconceito, ou seja, a imagem que formamos de nós mesmos.
Nesse viés, Skopinski et al. (2015) e Souza e Alvarenga (2016), abordam as mídias
sociais como sendo um dos principais fatores socioculturais que podem gerar uma alteração
comparação social, além de problemas de autoestima devido à pressão estética nesse meio.
corporais (Lira et al., 2017). Nesse sentido, segundo autores como Shah et al. (2019) e
Ferreira et al. (2002), as mulheres constituem um dos grupos mais impactados pelas
pela satisfação corporal almejada (Maia et al., 2011; Justino et al., 2020; Hirata & Pilati,
2010).
6
2 Revisão de Literatura
aspectos que tange a percepção pessoal do indivíduo em relação a sua experiência corporal,
sendo possível ser dividida em duas dimensões: satisfação com a aparência e preocupação
com o peso (Ferreira et al., 2002). Segundo Slade (1994), citado por Lira et al. (2017), a
imagem corporal pode ser definida como sendo a imagem do corpo idealizada na mente
imagem que o indivíduo tem a respeito de aspectos físicos do corpo, como contorno e
formato, que invadem a esfera do corpo através da subjetividade. Para tanto, o conceito de
imagem corporal pode ser fragmentado a partir de uma dimensão perspectiva do sujeito,
como aspectos de tamanho, forma e peso corporal, bem como, atitudinal, que abrange
et al., 2017) .
O modo como o sujeito se percebe está ligado à autopercepção e nesse viés, pode
corporal e de questões referentes à baixa auto estima, por exemplo, quando relacionadas à
insatisfação com o corpo (Lira et al., 2016). Seguindo esse raciocínio, Rodrigues et al. (2010)
afirma que a autopercepção é influenciada pelo conceito sobre si mesmo, designado a partir
autoconceito pode ser resultado de um complexo multifacetado do Eu, que parte de crenças e
fatores resultantes de uma interação social do sujeito com o mundo, bem como dos esquemas
Para tal afirmação, o autor supracitado traz a teoria dos processos de comparação
social do psicólogo Leon Festinger, levantada através da hipótese de que nossa auto avaliação
7
se dá por nossas opiniões e capacidades. Assim, este processo está relacionado tanto à
posição de influência, na qual o outro está colocado, quanto à impressão que pretendemos
causar, consequentemente, em busca de uma recompensa social. Logo, podemos inferir que
experiência nas redes sociais a partir do eixo estético padronizado, utilizando da busca
incessante por admiração e auto satisfação corporal a fim de causar uma boa impressão sobre
a sua imagem.
sentimento para além daquele processo. Desse modo, além de ser influenciado por algumas
al., 2021). Ademais, questões associadas ao uso excessivo das mídias e o avanço tecnológico,
Alvarenga, 2016).
ambiente virtual é uma prática recorrente na modernidade (Vaz & Fernandes, 2021). Segundo
imagem corporal de homens e mulheres. Nessa perspectiva, o Instagram representa uma rede
8
realidade (Fagundes & Natividade, 2019). Assim, a característica diferencial da rede são os
recursos de edição que modificam o aspecto original das fotos, dentre eles a possibilidade de
contraste e a nitidez (Silva, 2018; Alegria, 2019; Fagundes & Natividade, 2019; Shah et al.,
2019). Segundo Fagundes e Natividade (2019), devido a isso, o usuário pode não só escolher
o conteúdo a ser postado, como também manipular a aparência da imagem. Além disso, o
sujeito tem sobre o seu próprio corpo, considerando também seus traços físicos e os
sentimentos causados por eles. Na era digital, a percepção da imagem corporal pode ser
afetada de diversas formas, inclusive, a insatisfação com o próprio corpo pode levar a
Além disso, a forma como enxergamos nossa imagem corporal está diretamente
ligada à autoestima, ou seja, a forma como o sujeito se autoavalia – a sua atitude positiva ou
negativa frente a si mesmo (Schultheisz & Aprile, 2013; Fagundes, 2019). Portanto, nota-se
que todos estes conceitos referentes a forma como nos percebemos estão diretamente ligados.
dos padrões de beleza, muitas vezes inalcançáveis, feitos por recursos e plataformas
a distorção de imagem, sendo que esta última se refere a uma visão irrealista do próprio
corpo.
pensamentos e sentimentos que uma pessoa tem sobre si mesma (Hutz, 2000). Segundo
determinado conjunto de valores eleitos por ele como positivos ou negativos”. Nessa
mental positiva e bem-estar pessoal. A baixa autoestima, por sua vez, interfere de maneira
pode ser definida como avaliações cognitivas e afetivas, positivas ou negativas, de uma
pessoa sobre seu próprio corpo, como seu tamanho, forma e peso, e está correlacionada com a
autoestima (Justino et al., 2020; Hirata & Pilati, 2010). Quando essa avaliação é positiva,
tem-se que o indivíduo está satisfeito com seu corpo, entretanto, a avaliação negativa sobre o
próprio corpo é denominada insatisfação corporal, que costuma surgir a partir de uma
corpo magro ou musculoso, rosto jovem e sem marcas), que pode reverberar numa
Portanto, podem acabar internalizando esse padrão de beleza e criando expectativas sobre
seus corpos, no qual pode resultar na insatisfação corporal, caso tenham as expectativas
inalcançáveis e a autopercepção de seu corpo seja diferente da desejada (Vaz & Fernandes,
quão distorcida é a imagem do corpo ideal. Dessa forma, o usuário não considera a
possibilidade de edições que podem ter sido realizadas, se houve ou não a utilização de filtros
e photoshop na publicação. Portanto, pode-se dizer que a comparação entre perfis dentro da
Segundo Duarte et al. (2021), Vaz e Fagundes (2021), Silva (2018), Silva et al. (2020)
e Peres et al. (2018), encontrou-se positiva a correlação das redes sociais em função da baixa
exposição a fotografias e vídeos divulgados nas redes (Alegria, 2019). Além disso, a
autoestima também pode ser observada nos estudos de Duarte et al. (2021), Vaz e Fagundes
(2021), Silva (2018), Silva et al. (2020) e Peres et al. (2018), que ressaltam os impactos
no qual Silva (2018) ressalta os efeitos prejudiciais do Instagram sobre a percepção das
mulheres a respeito de sua própria imagem corporal. Bem como, conforme Peres et al.
(2018), a plataforma também exerce influência na autoestima dos usuários. De acordo com os
função da intensidade de uso do Instagram e comparação social, sendo assim, quanto maior a
No que tange a autoestima, Camargo et al. (2010) afirma que o gênero feminino
valoriza mais a imagem dos corpos devido a importância da aparência, tornando esse grupo
mais vulnerável em função da imagem corporal em conjunto com a pressão estética exercida
nessas plataformas digitais. Dessa forma, mostra-se o gênero feminino como um grupo mais
pluridimensional.
outras variáveis, como a comparação social, autoestima e ansiedade frente à aparência social
(Hirata & Pilati , 2010). Embora não existam pesquisas recentes que demonstram resultados
então, uma grande insatisfação dos adolescentes com seu corpo, o que pode desencadear
Mendes et al. (2020), há a percepção de que pessoas com mais experiência de vida valorizam
mais o próprio corpo, tendo em vista o maior cuidado com a saúde visando seu próprio
pessoais no ambiente virtual é uma prática comum atualmente, que pode impactar
materiais na literatura a respeito da relação entre o uso das redes sociais em geral e o
quantidade significativa de estudos específicos sobre o Instagram, bem como a utilização dos
usuários.
percepção da imagem corporal de seus usuários, de modo a promover a reflexão acerca dos
contribuir para a emergência de novas discussões sobre o assunto no meio acadêmico, além
13
de promover conteúdos para que pesquisas futuras investiguem estratégias de diminuição dos
impactos do Instagram tanto na satisfação corporal, quanto na saúde mental e física de seus
usuários.
3.1 Objetivos
usuários do Instagram.
usuários.
4 Hipóteses
5 Método
Esta atividade de pesquisa aplicada possui caráter descritivo e correlacional, visto que
busca interpretar e descrever a realidade sem interferência. Sendo assim, este trabalho teve
como intuito verificar a relação entre a autopercepção da imagem corporal e a autoestima dos
possível relação entre suas variáveis e acompanhou um grupo destes usuários em um curto e
5.2 Participantes
a partir de uma amostragem não-probabilística, visto que houve uma escolha deliberada dos
elementos da amostra, neste caso, por conveniência, ou seja, com seleção dos elementos aos
quais se teve acesso. Em vista disso, houve uma diminuição no potencial de generalização
dos resultados para a população de onde foi retirada. Desse modo, o principal critério de
5.3 Instrumento
Instagram.
Para essa seção, elaborou-se duas questões, sendo uma referente ao gênero (mulher
cis/trans, homem cis/trans e outros) e a outra referente à idade dos participantes da pesquisa,
disponíveis no Anexo B.
Esta seção constituiu-se pela versão brasileira da Escala de Rosenberg com 10 itens
referentes à autoestima. Essa escala foi originalmente desenvolvida em 1965 por Rosenberg,
contudo, nesta pesquisa utilizou-se a versão adaptada por Hutz (2000) para o Brasil que
possui consistência interna satisfatória (alfa de Cronbach=0,90) (Hutz & Zanon, 2011).
de obter o escore total da escala, somou-se os itens deste instrumento, invertendo os reversos.
O escore total desta escala variou entre 10 e 40 pontos, sendo que quanto maior o resultado,
tipo Likert, sendo que cada uma das questões possui 4 pontos que variam entre concordo
consistência interna da escala, avaliada por meio do alfa de Cronbach foi de 0,90, o que
também é similar ao que tem sido relatado na literatura (Hutz & Zanon, 2011).
Corporal (White & Mendelson, 1997), adaptada e validada para o Brasil por Ferreira et al.
(2002). A escala apresentou 25 itens referentes às suas duas dimensões (satisfação com a
aparência e preocupação com o peso) e consistência interna satisfatória para os dois fatores.
Para esta escala, considerou-se reversos os itens 4, 5, 6, 10, 15, 19, 22, 23, 24 e 25,
invertendo-os antes do cálculo do escore final. Para tanto, no intuito de obter o escore total da
escala, realizou-se a soma dos itens. Assim, o escore total desta escala variou entre 25 e 125
pontos, sendo que quanto maior o resultado, maior a satisfação com a imagem corporal; e o
(preocupação com o peso). Vale ressaltar que esta escala (Anexo D) é do tipo Likert, sendo
que cada uma das questões possui 4 pontos que variam entre concordo totalmente, concordo,
Para verificar a validade do instrumento, Ferreira et al. (2002) realizaram uma análise
cargas fatoriais inferiores a 0,3. Assim, o instrumento passou a possuir 2 fatores, sendo que o
fator 1 é composto por 18 itens que associam-se ao grau de satisfação com a própria
aparência, já o fator 2 possui 7 itens sobre a preocupação com o peso. O fator 1 apresentou
eigenvalue igual a 8,74 e foi responsável por 27% da variância total, enquanto o fator 2 foi
responsável por 7% da variância total, tendo obtido eigenvalue igual a 2,27. A análise da
17
revelou resultados iguais a 0,90 e 0,79, respectivamente. Por fim, a versão brasileira da escala
dois fatores, que apresentaram bons índices de consistência interna (Ferreira et al., 2002).
Para esta seção, elaborou-se 11 questões referentes ao uso do Instagram com o intuito
de analisar não só a frequência de uso dos usuários, como também as preferências em relação
filtros e o sentimento após a utilização. Para tanto, mais informações estão disponíveis no
anexo E.
5.4 Procedimentos
escolha dos participantes deu-se por conveniência. O questionário utilizado apresentou quatro
seus direitos éticos preservados e conhecer a respeito dos riscos e benefícios da pesquisa. Ao
estudo.
análises de questões fechadas e categorizadas. Então, foram geradas análises descritivas por
dispersão entre idade e satisfação corporal dos participantes. Para análises inferenciais,
utilizou-se o mesmo sistema, comparando a satisfação com a imagem corporal entre o gênero
de satisfação com a imagem corporal, autoestima e idade; por fim, a exposição dos usuários
6 Resultados
Nesse tópico, abordaremos a respeito da precisão dos itens das escalas escolhidas para
essa pesquisa. Portanto, para mais informações sobre os dados obtidos, os resultados das
Cronbach com valor igual a 0.886 após a inversão dos itens reversos (3, 5, 8, 9 e 10).
Segundo George e Mallery (2002), para Zanon e Filho (2015), um alfa com coeficiente entre
0,80 e 0,89 é classificado como bom. Para Zanon e Filho (2015), quanto mais próximo de 1 o
valor do alfa, maior a fidedignidade do teste, portanto pode-se dizer que a consistência
interna é satisfatória. Para essa escala, nenhum item se mostrou menos relevante, tendo em
vista que o menor item-resto foi de 0,477, representado pelo item aer01_p (Anexo F). Sendo
assim, não houve a necessidade de retirada de nenhum item, uma vez que a possível retirada
do item aer01_p não alteraria de forma positiva a precisão da escala. Conforme a literatura,
para ser necessária a retirada do item, o item-resto deve ter um valor < 0,3 (Brzoska &
Razum, 2010). Desse modo, o item que se mostrou mais discriminativo foi o item aer07_p
com um valor item-resto 0.657. A fim de analisar o item mais extremo, considera-se a média,
a partir dos limites da escala (1 a 4), como no item aer8_n, possuindo uma média de 1,99 e
desvio padrão de 1,081. Portanto, não julgou-se necessária a retirada de nenhum item visando
a melhora da precisão da escala, tendo em vista que os itens funcionaram bem durante a
aplicação do teste. Desse modo, considera-se que a adaptação do instrumento para a língua
satisfatória.
A fim de compreender a precisão dos itens de cada dimensão, será necessário analisar
cada fator de modo isolado, sendo eles o fator de Satisfação com a Imagem Corporal (Anexo
Para uma análise desse fator, obteve-se um valor de Alfa de Cronbach referente a
0,950, após a inversão dos itens reversos (4, 5, 6, 10, 15). Segundo George e Mallery (2002),
para Zanon e Filho (2015), um alfa com um coeficiente maior do que 0,9 é classificado como
excelente. Para Zanon e Filho (2015), quanto mais próximo de 1 o valor do alfa, maior a
fidedignidade do teste, portanto, pode-se dizer que a consistência interna foi satisfatória.
Desse modo, houve apenas um item que se mostrou menos relevante, possuindo valor
item-resto de 0,405, sendo o mais baixo. Segundo a literatura, para ser necessária a retirada
do item, o item-resto deve ter um valor < 0,3 (Brzoska & Razum, 2010). Portanto, não houve
a necessidade de exclusão desse item. Uma hipótese para que esse item tenha sido
considerado o item com o valor item-resto mais baixo deve-se a uma possível perda de
analisar o item mais extremo, considera-se a média, a partir dos limites da escala 1 a 4, como
no item ic05a_n, possuindo uma média de 1,95. Portanto, considera-se que a adaptação do
instrumento para a língua portuguesa, mesmo havendo diferenças culturais, manteve uma
A partir dessa dimensão, obteve-se o Alfa de Cronbach com valor igual a 0,821, após
a inversão dos itens reversos (19, 22, 23, 24 e 25). Segundo George e Mallery (2002), para
Zanon e Filho (2015), um alfa com um coeficiente entre 0,80 e 0.,9 é classificado como bom.
Para Zanon e Filho (2015), quanto mais próximo de 1 o valor do alfa, maior a fidedignidade
do teste, portanto pode-se dizer que a consistência interna foi satisfatória. Não há nenhum
item que se mostrou menos relevante, tendo em vista que o menor item-resto foi de 0,466,
21
representado pelo item ic24p_n. Para tanto, não houve a necessidade de retirada de nenhum
item, uma vez que a possível retirada do item ic24p_n não alteraria de forma significativa a
literatura, para ser necessária a retirada do item, o item-resto deve ter um valor < 0,3
(Brzoska & Razum, 2010). Assim, pode-se dizer que o item ic19p_n se mostrou mais
discriminativo com um valor item-resto 0,710, sendo o melhor item que representa o fator. A
fim de analisar o item mais extremo, inferiu-se que o item ic25p_n, possui um desvio padrão
de 1,081. Portanto, não julgou-se necessária a retirada de nenhum item visando a melhora da
precisão da escala, tendo em vista que os itens funcionaram bem durante a aplicação do teste.
As análises descritivas abaixo indicaram que dos 168 participantes da pesquisa, 128
foram do gênero feminino (76,2%), enquanto 40 (23,8%) foram homens (Tabela 1),
corporal. Além disso, os dados coletados mostraram que a maioria das mulheres acessam o
Instagram entre duas a cinco vezes ao dia, enquanto a maior parte dos homens indicaram que
acessam mais de dez vezes (Tabela 3). Já com relação ao tempo de uso, notou-se que a maior
parte dos participantes, dentre homens e mulheres, passam de 1-2 horas por dia na rede social
(Tabela 4). Por fim, 75 participantes (44,9%) afirmaram que o Instagram causa impacto na
Tabela 1
Frequências de Gênero
Gráfico 1
Gráfico de Dispersão
Tabela 2
Tabela 3
23
Gênero
1 vez 8 2
2 - 5 vezes 44 14
6- 10 vezes 31 6
mais de 10 vezes 43 15
não uso 2 3
Tabela 4
Tabela 5
Tabela 6
W p
Tabela 7
Estatística p
Tabela 8
Descritivas de Grupo
mulheres, visto que os p-valores foram < 0,05. Ao analisarmos a tabela descritiva (8),
notamos que as mulheres pontuaram menos que os homens na escala de satisfação corporal,
indicando que o gênero feminino apresenta maior insatisfação corporal do que o gênero
masculino.
Tabela 9
Matriz de Correlações
Edição de Autoestima
imagem
Edição de imagem R de Pearson —
p-valor —
Autoestima R de Pearson -0,300 —
p-valor < ,001 —
26
significativa entre as duas, visto que o p-valor foi menor que 0,001 e que a intensidade de
seja, quanto maior a utilização de recursos, menor a autoestima dos usuários do Instagram.
idade
Tabela 10
Matriz de Correlações
Satisfação R de Pearson —
aparência p-valor —
que a relação entre a escala de satisfação corporal, com as dimensões de aparência e peso, e a
escala de autoestima foi significativa, pois apresentou o p-valor menor que 0,05. Vemos
27
também apresentou valor positivo. Desse modo, identificou-se que existe uma relação
maior a autoestima.
uma relação diretamente proporcional entre as variáveis, isto é, quanto maior a idade do
participante, maior a satisfação corporal no que se refere a aparência. Além disso, a relação
visto que quanto mais idade o participante tiver, maior será sua autoestima.
Corporal e a Autoestima
Tabela 11
Matriz de Correlações
exposição dos usuários ao uso do instagram e o escore final de satisfação corporal (soma das
negativa, ou seja, quanto maior a exposição ao instagram, menor será a satisfação corporal
dos usuários. Verificou-se também uma correlação significativa entre a exposição dos
usuários ao uso do Instagram e a autoestima (visto que p-valor < 0,05). Essa correlação
7 Discussão
autopercepção corporal distorcida tendo em vista a exposição ao Instagram, bem como uma
alta taxa de usuários que utilizam recursos de edição de imagem para a elevação da
Segundo dados de dezembro de 2021, 51,6% dos usuários ativos do Instagram são
homens, sendo que a faixa etária com maior número vai de 25 a 34 anos, em seguida estão
aqueles entre 18 a 24 anos (Instagram, 2021). Então, partiu-se de uma amostra de 168
participantes, dentre eles 128 do gênero feminino e 40 do gênero masculino, a maioria entre
18 e 24 anos, faixa etária de segunda maior prevalência entre os usuários ativos no Instagram,
como dito anteriormente. Além disso, os principais dados descritivos obtidos foram que a
maioria dos indivíduos do grupo masculino indica acessar mais de 10 vezes ao dia a rede
29
social, porém passa de 1 a 2 horas navegando. Este tempo também foi o indicado pela
maioria das mulheres, mas estas declararam que acessam a rede apenas de 1 a 4 vezes ao dia.
fidedignidade dos testes, podemos inferir que todos possuíram consistência interna
satisfatória, assim como já fora mostrado na literatura (Ferreira et al., 2002; Hutz & Zanon,
2011). As escalas escolhidas foram do tipo Likert de quatro pontos, o que, em tese, fez com
que o participante se posicionasse frente à resposta do teste, com opções do tipo concordo ou
discordo. Tendo em vista isso, a possível hipótese criada para a pesquisa antes do andamento
funcionam de acordo com objetivo de cada escala; relacionando a uma possível interferência
na fidedignidade do teste. Assim, identificou-se que o fato da escala ser do tipo Likert de 4
pontos não trouxe grandes inferências para a nossa pesquisa. Logo, não houve a identificação
de que houveram tendências de escolha entre opções ou se alguma opção era mais
selecionada do que as outras, fazendo, então, com que os itens funcionassem de modo coeso
para todas as escalas escolhidas. Ademais, para responder essa hipótese, foi acrescentada ao
final do formulário uma opção de modo que os participantes pudessem realizar comentários a
pesquisa sem a opção ‘‘indiferente’’, presente em escalas do tipo Likert de 5 pontos, por
exemplo. Contudo, não foi apresentada nenhuma ponderação sobre isso pelos participantes,
A análise do Teste T indicou que as mulheres possuem menor satisfação corporal que
gênero masculino. Segundo Souza e Alvarenga (2016), isso ocorre devido ao fato de que para
através das práticas de socialização, as mulheres internalizam a ideia de que o corpo esbelto
as deixa mais atraente e leva ao sucesso nas relações com o sexo oposto e, quando não
atingido, o ideal de corpo perfeito acaba provocando a insatisfação corporal nas mulheres
(Ferreira et al., 2002). Para mais, tem-se que essa pressão social exercida sobre as mulheres
resultar em uma autopercepção distorcida sobre sua aparência e seus corpos, acentuando a
insatisfação com a imagem corporal podem acabar fortalecendo comportamentos como o uso
dos usuários do Instagram se mostra verdadeira. Sendo assim, podemos reiterar que a busca
por ser notado e mostrar ao outro uma imagem de perfeição é uma das principais
Então, compreendemos que os recursos de edição acabam sendo instrumentos para melhorar
a imagem que o indivíduo quer passar, até mesmo a mais inalcançável (Silva et al., 2019). De
proporcional ao uso de filtros nas fotos para melhorar a aparência. Assim, o Instagram pode
ser prejudicial à autoestima dos usuários, visto que possibilita a distorção da imagem com o
uso de filtros nas fotos. Desse modo, Ferrando (2020) verificou uma correlação entre o uso
em relação à faixa etária do participante. Desse modo, foi possível identificar que quanto
31
maior a idade do participante, maior a satisfação com o corpo e aparência. Segundo Mendes
et al. (2020), essa relação foi observada tendo em vista que pessoas com mais experiência de
vida percebe e valorizam mais o próprio corpo, refletindo de modo positivo no modo com
que essas pessoas se enxergam, em relação a sua imagem corporal e bem-estar. No que tange
quanto maior a idade, maior a auto estima e quanto menor a idade, menor a autoestima. Em
relação a esse dado, não encontramos evidências teóricas que assegurem a correlação em
função do uso do Instagram, todavia, Justino et al. (2010) reforça que a categoria dos jovens
tende a apresentar uma maior baixa autoestima e satisfação com o seu próprio corpo em
jovens adultos (Fagundes, 2019), o que pode contribuir a uma visão distorcida de si mesmo.
exposição ao Instagram, maior será a insatisfação corporal e mais baixa a autoestima dos
usuários. Também corroborando com esse resultado, estudos teóricos afirmam que as redes
usuários (Alegria, 2019; Lira et al., 2017), uma vez que reforçam o narcisismo e os padrões
beleza, quem não se “encaixa” nos padrões vigentes encontra dificuldades para ser aceito
pelos demais, além de estar mais propenso a receber feedbacks negativos (Alegria, 2019; Lira
et al., 2017). Ademais, segundo Alegria (2019), a exposição às redes sociais está diretamente
associada aos riscos que elas oferecem, sendo eles: impacto negativo no bem-estar do
em função da faixa etária dos indivíduos, bem como a baixa participação de homens no
questionário. Outra possível limitação do estudo foi em função da aplicação do teste de modo
online, dificultando que os participantes pudessem tirar dúvidas a respeito do teste. Desse
outras variáveis também influenciam na baixa autoestima dos usuários do Instagram de que
modo que essa temática seja analisada e abordada por todos, tendo em vista que é um
8 Considerações Finais
experiência social dentro das plataformas digitais, como o Instagram, tendo em vista o uso
esteticamente agradável para os outros. Desse modo, a partir dos resultados obtidos pelo
imagem e ao tempo de exposição na rede social entre homens e mulheres. Para tanto, a partir
dessa análise, percebeu-se uma preocupação excessiva das mulheres no que diz respeito à
estética corporal, em busca de adentrar os padrões exercidos pela sociedade e impostos nas
redes sociais como o Instagram. Assim, essa elevada prevalência na insatisfação corporal e da
autoestima das mulheres tende a ser um fator preocupante, uma vez que é um passo inicial
33
para a realização de cirurgias estéticas, muito comum nos dias atuais. Ademais, apesar da
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36-48.https://doi.org/10.17921/2176-9524.2013v5n1p%25p
Skopinski, F., Resende, T. L., & Schneider, R. H. (2015). Imagem corporal, humor e
http://dx.doi.org/10.1590/1809-9823.2015.14006
Shah, J., Das, P., Muthiah, N., & Milanaik, R. (2019). New age technology and social media:
adolescent psychosocial implications and the need for protective measures. Current
Silva, A. V., Pinto, F. S., Silva, M. L. B., & Teixeira, J. F. (2019). A Influência do Instagram
https://portalintercom.org.br/anais/nordeste2019/resumos/R67-0490-1.pdf
37
Silva, A. F. S., Japur, C. C., & Penaforte, F. R. O. (2020). Repercussões das redes sociais na
36. https://dx.doi.org/10.1590/0102.3772e36510
Slade PD (1994) What is body image? Behaviour Research and Therapy, 32(5), 497-502.
https://doi.org/10.1016/0005-7967(94)90136-8
https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/17274
Anexos
ANEXO A
imagem corporal e a autoestima dos usuários do Instagram. Para realizar o estudo será
necessário que você se disponibilize a participar dos questionários. Para a instituição e para
sociedade, esta pesquisa servirá como parâmetro para avaliar a associação entre a utilização
Instagram, bem como a relação entre o tempo de exposição ao Instagram e a autoestima dos
usuários. Os riscos da sua participação nesta pesquisa são mínimos, podendo gerar
informações coletadas serão utilizadas unicamente com fins científicos, sendo garantidos o
total sigilo e confidencialidade, através da assinatura deste termo, o qual você receberá uma
cópia.
parcialmente ou dela retirar-se a qualquer momento, sem que isto lhe traga qualquer prejuízo
com relação ao seu atendimento nesta instituição, de acordo com a Resolução CNS nº466/12
39
e complementares.
Caso você queira maiores explicações sobre a pesquisa você poderá entrar em contato
modo que não se configura como investigação científica propriamente e nem terá finalidade
de publicação de seus achados, sendo seu objetivo aperfeiçoar conhecimento e prática dos
estudantes envolvidos.
respondidas e estou satisfeito com as respostas. Enfim, tendo sido orientado quanto ao teor de
manifesto meu livre consentimento em participar, estando totalmente ciente de que não há
( ) Aceito
40
ANEXO B
DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
1. Gênero:
2. Idade: Obrigatória
41
ANEXO C
1. Eu sinto que sou uma pessoa de valor, no mínimo tanto quanto as outras pessoas:
4. Eu acho que sou capaz de fazer as coisas tão bem quanto à maioria das pessoas:
ANEXO D
21. Sinto que meu peso está na medida certa para minha altura
ANEXO E
( ) Não uso
( ) Amigos
( ) Familiares
( ) Influenciadores digitais
( ) Institucionais/profissionais
( ) Celebridades e famosos
( ) Site de fofoca
5. Sobre fotos e/ou vídeos que você posta no Instagram (pode marcar vários)
( ) Eu utilizo filtros para melhorar a qualidade das minhas fotos e/ou vídeos (luminosidade,
cor, outros)
( ) Eu utilizo filtros para modificar minha aparência (boca, cílios, olho, nariz, outros)
( ) Não exibo minha própria imagem na maioria (ou em todas) as fotos que publico
( ) Animado(a)
( ) Influenciado(a)
( ) Desmotivado(a)
( ) Desanimado(a).
( ) Indiferente.
( ) Se distrair
( ) Sim
( ) Não
( ) Às vezes
( ) Qualidade da fotografia
( ) Sua aparência
10. Você acredita que suas publicações no instagram condizem com sua vida real?
( ) Sim
( ) Não
11. Você sente que o uso do Instagram impacta a relação que você tem com seu corpo e
autoimagem?
( ) Sim
( ) Não
48
ANEXO F
Análise de Fiabilidade
α de
Cronbach
escala 0,886
if item dropped
ANEXO G
Análise de Fiabilidade
α de
Cronbach
escala 0,950
If item dropped
ANEXO H
Análise de Fiabilidade
α de
Cronbach
escala 0,821
if item dropped