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Pontes

Aula 01: Tipos de pontes

Apresentação
Nesta aula, veremos que as pontes são utilizadas para ultrapassar obstáculos e como marcos visuais e expressão de
poder, tanto de domínio científico como econômico.

As pontes são construções que permitem interligar pontos separados por rios, mares ou vales, ou outros obstáculos
naturais ou artificiais, permitindo sua transposição por pessoas, veículos ou produtos. No início, eram formadas por
troncos ou pedras caídos sobre rios, mas foram rapidamente reproduzidas pelo homem primitivo para ultrapassar os
obstáculos que o impediam.

As pontes possuem tipos diferentes e podem ser classificadas quanto ao uso em ferroviárias, rodoviárias e passarelas.

Objetivos
Ilustrar a evolução das pontes;

Identificar os tipos de pontes de acordo com o seu uso.

A evolução dos tipos de pontes

As pontes serviram para ultrapassar obstáculos, como marcos visuais e expressão de poder, tanto de domínio científico como
econômico. Para o homem, significava inclusive a possibilidade de conseguir alimentos e abrigo.

No início, eram formadas por troncos ou pedras caídos sobre rios, mas
foram rapidamente reproduzidas pelo homem primitivo para ultrapassar os
obstáculos que o impediam.
A partir da Idade do Bronze, o homem se tornou sedentário devido as suas ferramentas que impulsionaram a agricultura,
tornando-se ainda mais importante novas estruturas duradouras que o auxiliassem a ultrapassar rios e córregos. Com essas
mesmas ferramentas, o homem passou a ter a capacidade de cortar e moldar a pedra e a madeira de acordo com as suas
necessidades, surgindo assim as primeiras pontes em madeira e as pontes em arco, feitas em pedra, vistas inicialmente na
Mesopotâmia 4.000 anos a.C. e com maior presença em 500 a.C. na Grécia, devido ao desenvolvimento dessa sociedade.

 Fonte: Galyna Andrushko / Shutterstock

Mesmo que inicialmente as pontes em arco tenham sido difundidas pelos gregos, elas foram aperfeiçoadas pelos romanos,
chegando a um estágio de desenvolvimento só ultrapassado séculos depois.

Diferente das pontes mais antigas, as pontes romanas usavam uma sucessão de arcos para ultrapassar seus obstáculos, em
um sistema semelhante aos aquedutos e, além disso, introduziram a argamassa na construção, mantendo a estrutura
resistente mesmo submersa.

Um exemplo da ponte romana em arco é a famosa


Sant’Angelo em Roma, originalmente chamada Pons Aelius,
construída em 134 a.C. e utilizada até hoje.
Mesmo sendo uma maravilha da engenharia, essa ponte não é a mais famosa construída durante o Império Romano. Como
forma de afirmação de sua hegemonia militar e tecnológica perante outros povos e para levar as suas legiões para a campanha
na Gália, o então general Júlio Cesar ordenou que os seus engenheiros construíssem uma ponte1 com 304 metros de
comprimento sobre o rio Reno.

A Renascença, além de trazer para a humanidade avanços na ciência e nas artes, também trouxe novas tecnologias e métodos
construtivos. Nessa época surgiram as pontes de treliça amplamente difundidas pela Corps des Ponts et Chaussées, criada por
Luís XIV com a responsabilidade de conservar as estradas e pontes da França. Essa iniciativa do monarca francês inspirou a
criação da École des Ponts et Chaussées, a primeira instituição de ensino superior voltada para a engenharia civil. Construída no
ano de 1900 com o incentivo de Luís XIV, a ponte Alexandre, em Paris, é de treliça e continua em total atividade.


Marten_House / Shutterstock

Durante a Renascença, novas técnicas e teorias matemáticas foram criadas, alavancando a construção civil. Nessa mesma
época a ponte em arco romana sofreu uma releitura, passando a ter linhas mais arrojadas, além de agregar habitações à sua
estrutura.

A ponte Vecchio, em Florença, é um exemplo dessa nova concepção de pontes que foram difundidas durante todo esse
período, tendo fim na Revolução Industrial.

 Fonte: Emperorcosar / Shutterstock


Com a Revolução Industrial, ou seja, com a introdução da máquina ao processo de construção, que antes era manual e
rudimentar, passou a ser possível criar peças e componentes padronizados em grandes volumes e com rapidez. Com esse
avanço tecnológico, gradativamente a pedra passou a ser substituída pelo aço, iniciando uma nova era na construção de
pontes, pois, com a melhor utilização do aço, passou a ser possível a construção de pontes mais largas e com vãos maiores,
aumentando consideravelmente a sua capacidade de carga e a superação dos obstáculos.

Outro avanço obtido durante a Revolução Industrial foi a


nova concepção estrutural das pontes pênseis ou pontes
suspensas.

Em épocas mais antigas, principalmente em sociedades


andinas e asiáticas, as pontes pênseis já existiam, feitas em
madeira e suspenas com o auxilio de cordas.

Na nova concepção estrutural, as peças em madeira foram


substituidas pelo aço e as cordas para a sustentação foram
substituídas por correntes, o que permitiu vencer vãos cada
vez maiores.

Fonte: Olavs / Shutterstock
A ponte de Londres é um exemplo dessa época.

Ainda em meio à Revolução Industrial, o próximo passo no


desenvolvimento das pontes veio com o uso de fundações mais
profundas e rígidas, o que permitiu a construção em ambientes
marinhos agressivos.

Para isso, grandes cilindros metálicos, usualmente chamados de tubulões, passaram a ser utilizados, o que trouxe uma enorme
evolução tecnológica em sua infraestrutura.

A ponte de Chelsea, em Londres, é um exemplo de infraestrutura construída com tubulões.


 Fonte: BBA Photography / Shutterstock

Hoje as pontes são projetadas e planejadas objetivando vencer o maior vão possível com o menor tempo de construção e
gastando a menor quantidade de recursos. Em casos especiais, quando objetiva-se produzir um ícone ou um marco do
desenvolvimento local, há um maior investimento no design e no material utilizado nas pontes, o que significa também um
aumento em seu orçamento.

Segundo Brown (1993), essa abordagem projetual tem origem na ponte Bailey construída pelos britânicos durante a Segunda
Guerra Mundial para avançar com as suas tropas rapidamente sobre os rios. Para tal, eram utilizadas vigas e pilares de aço pré-
fabricados e montados in loco, finalizadas com o acréscimo do tabuleiro. Essa urgência e necessidade de economizar
recursos, necessária em tempos de guerra, foi adotada por engenheiros e projetistas que viram nesse modelo a possibilidade
de maximizar a eficiência na construção de pontes.

Ponte Bailey Ponte Bailey Permanente


O futuro das pontes está na utilização de novos materiais como o alumínio e a fibra de vidro, além da busca por mais
economia, segurança e qualidade de sua estrutura, pois, diferente das necessidades anteriores, hoje as necessidades humanas
estão na preservação ambiental e na redução do uso dos recursos naturais, além da preservação da própria vida humana com
a redução de acidentes.

Essas pontes vencem grandes vãos utilizando novas ligas metálicas e materiais avançados em sua estrutura. Em sua
operação, as novas pontes são controladas por computadores e sensores, onde dados são processados e geram informações
como as condições do tráfego, que podem ser transmitidos aos usuários através de painéis de mensagens variadas nas vias.
Informações como a velocidade do vento e a aderência da pista em tempo chuvoso podem ser transmitidas também para os
técnicos da ponte por meio de computadores e smartphones.

Pontes como a Incheon, na Coreia do Sul, são totalmente


controladas por computadores e até mesmo a intensidade
da iluminação é definida a partir da luminosidade natural do
ambiente.

Essa tecnologia aplicada a pontes significa uma


interferência menor do homem sobre a operação da ponte,
pois todos os processos são decididos e iniciados por
sistemas geridos por inteligência artificial o que aumenta a 
Ponte Incheon 
Painéis de Mensagens Variadas
da ponte Incheon
economia com a redução acentuada da mão de obra
humana e maximiza a segurança viária.

No Brasil, um marco foi a construção da ponte Rio-Niterói, obra desenvolvida pelo Exército Brasileiro e inaugurada em 1974
pelo então presidente Emílio Garrastazu Médici, tendo como base construtiva o concreto e o aço. A ponte é uma via de 13,2
quilômetros construída para ligar dois trechos da BR-101 (Rio Grande do Norte-Rio Grande do Sul).

 Fonte: Celso Diniz / Shutterstock


Destaca-se, na ponte Rio-Niterói, a altura do seu vão central. A Marinha desejava um vão central com altura mínima de 60
metros para a passagem dos seus navios de guerra, cargueiros e petroleiros, enquanto a Aeronáutica desejava uma altura
máxima de 72 metros, devido aos cones aéreos dos aeroportos do Galeão e Santos Dumont. Por esse motivo, estabeleceu-se
uma altura de vão com 72 metros de altura e 300 metros de largura, construído com estrutura de aço.

Comentário

No primeiro ano, ela atingiu a média de 20 mil veículos por dia. Hoje, sua média já ultrapassa os 150 mil veículos por dia, sendo
esta uma média comparável a vias de trânsito rápido do Rio de Janeiro.

Classificação das pontes quanto ao uso

As pontes podem ser classificadas quanto ao uso em:

Pontes ferroviárias Pontes rodoviárias Passarelas

Trânsito de trens. Trânsito de veículos rodoviários Trânsito de pessoas.


de uso coletivo e/ou individual.

Pontes ferroviárias
Segundo Thomaz (1975), as pontes ferroviárias são
utilizadas para auxiliar trens na ultrapassagem de
obstáculos, principalmente os que alterem muito a elevação
da linha férrea, como rios e montanhas.

As ferrovias possuem muitas pontes férreas a fim de


manter sua declividade longitudinal baixa, pois as normas
técnicas vigentes para essa construção estabelecem 1%
como declividade máxima, ou seja, para subir 1 metro é
necessária uma rampa com 100 metros de comprimento.


Fonte: Serjio74 / Shutterstock
Pela dimensão, peso e velocidade das composições, os trens não podem
subir ou descer montanhas como os automóveis em rodovias. Por este
motivo, em regiões montanhosas há uma grande incidência de pontes
ferroviárias que amenizam de maneira equilibrada o percurso da ferrovia.

Segundo Thomaz (1975), em uma linha férrea o peso do trem é descarregado no trilho, que o transmite para os dormentes, ou
seja, as tábuas de madeira que suportam os trilhos, que por sua vez o descarrega sobre a camada de brita e após esse estágio
o peso é distribuído de maneira bastante descentralizada no terreno natural.

No caso das pontes ferroviárias, essa distribuição ocorre de maneira distinta, pois todo o peso do trem é descarregado sobre o
trilho e consequentemente sobre a estrutura da ponte ferroviária. Por esse motivo, há total atenção no projeto da estrutura
dessas pontes, sendo utilizado em muitos casos grandes perfis metálicos e treliças, com perfis em cantoneira, em formato de
“L”, que apresentam maior resistência do que perfis quadrados.

Pontes rodoviárias

Segundo Pedro (2007), as pontes rodoviárias possuem a função de auxiliar veículos motorizados ou não, de uso individual ou
coletivo, a ultrapassar obstáculos naturais e/ou artificiais. Quando os obstáculos são rios ou córregos, as pontes rodoviárias
são chamadas simplesmente de pontes e quando o obstáculo são ruas ou avenidas as pontes rodoviárias são chamadas de
viadutos.

As pontes rodoviárias são constituídas por tabuleiro, pilar,


aparelhos de apoio, encontro de ponte e fundações.

Além das pontes de tirante, que são pontes suspensas por


estais e mastros, as pontes rodoviárias também são
classificadas como:

Pontes em viga - suspensas por vigas de aço, madeira


ou concreto;

Pontes em arco - de pedra, aço ou concreto, suspensas


por um ou uma sucessão de arcos sob o tabuleiro;

Pontes suspensas – sustentadas por cabos. 


Fonte: FTiare / Shutterstock
Passarelas
Também conhecidas como passarelas de pedestres, são
usadas para auxiliar indivíduos a ultrapassar obstáculos
como rios, ferrovias ou vias.

Normalmente são feitas de concreto e aço, sendo o aço


mais utilizado quando o objetivo é vencer grandes vãos sem
a necessidade de pilares intermediários.


Fonte: 06photo / Shutterstock

Atividades
1. Como visto no início do estudo, a partir da Idade do Bronze, o homem se tornou sedentário devido as suas ferramentas que
impulsionaram a agricultura, tornando-se ainda mais importante novas estruturas duradouras que o auxiliassem a ultrapassar
rios e córregos. Com essas mesmas ferramentas, o homem passou a ter a capacidade de cortar e moldar a pedra e a madeira
de acordo com as suas necessidades, surgindo assim as primeiras pontes em madeira e as pontes em arco, feitas em pedra,
vistas inicialmente na Mesopotâmia 4.000 anos a.C. e com maior presença em 500 a.C. na Grécia, devido ao desenvolvimento
dessa sociedade. A partir da informação apresentada anteriormente, pesquise sobre a ponte de Arcádico, na Grécia, uma ponte
em arco feita de pedra, construída nesse período histórico. Ao encontrá-la, descreva as suas características construtivas e o
seu entorno.

2. Busque na Internet imagens da ponte romana da ribeira de Odivelas e da ponte romana de Vila Formosa. Comparando as
duas pontes com a ponte de Arcádico, vista anteriormente, qual elemento é comum às três pontes?

a) Lâmina d'água pequena.


b) Lâmina d'água grande.
c) Método construtivo no corte e posicionamento das pedras.
d) O arco como elemento estrutural.
e) A capacidade de carga.

3. Veja o vídeo Operação Market Garden Battlefield <https://www.youtube.com/watch?v=i3jvWf4-R5Q&t=310s> e elabore um


texto baseado na história contrafactual, em que as pontes Bailey não houvessem sido inventadas e utilizadas no conflito.

A história contrafactual é um exercício no qual se supõe que um fato histórico não ocorreu e deste ponto são feitas suposições
do que poderia ter ocorrido e quais as consequências para os dias atuais. Nesse caso, descreva quais seriam as
consequências, desse fato histórico, sem a utilização das pontes Bailey.
Notas

Ponte1

Essa ponte, sustentada por toras de até 9 metros de comprimento, foi construída em apenas 10 dias e resistiu à passagem de
40 mil soldados e seus suprimentos bélicos. Segundo especialistas, apenas a construção dessa ponte monumental em um
tempo de execução tão curto causou pânico nos povos instalados na outra margem do rio, o que cooperou decisivamente para
a vitória romana.

Referências

BROWN, D. J. Bridges. Nova Iorque: Macmillan Publishing Company, 1993.

LUCAS JUNIOR, R. Pedágio urbano. Rio de Janeiro: Agência 2A, 2009.

PEDRO, J. J. O. Pontes. Portugal: IST – DECivil – Secção de Mecânica e Estruturas, 2007.

THOMAZ, E. C. S. Pontes Ferroviárias - concreto protendido, Rio de Janeiro: IME, 1975.

Próxima aula

Processo de planejamento de pontes;

Elementos do projeto de pontes;

Estudos necessários para o projeto de pontes.

Explore mais

Assista aos vídeos e aprenda mais um pouco:

Obras incríveis: ponte Millau; <https://www.youtube.com/watch?v=oy8s_k5CaCA>

A maior ponte do mundo; <https://www.youtube.com/watch?v=0_PQZ1EHdIg>

Megaconstruções: A ponte da Baía de Oakland. <https://www.youtube.com/watch?v=co-gz27PewQ>

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