Apostila Completa Intro e 6 Sentenças

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1. COMO ENFRENTAR A PROVA DE SENTENÇA

Para enfrentar a prova de sentença, é necessária atenção com os seguintes


aspectos:

• Edital do concurso
• Conhecer o estilo da prova
• Treinar bastante
• Observar os erros e aprender com eles
• Cuidado com o tempo de prova

Edital do I Concurso Nacional

O Edital do I Concurso Nacional disciplinou a prova de sentença no item 7.9:

7.9 A prova prática de sentença, de caráter eliminatório e classificatório,


consistirá na elaboração de uma sentença trabalhista, envolvendo temas
jurídicos constantes do conteúdo programático, que apresente solução objetiva
de caso concreto e avaliará o conhecimento especializado do candidato e o
seu desempenho como julgador.

É importante analisar cada uma dessas competências exigidas pelo edital

SOLUÇÃO OBJETIVA

• Sentença não é peça acadêmica


• Sentença não é prova discursiva
• Não cabe divagação histórica, doutrinária
• É necessário atentar para a aplicação do instituto ao caso concreto
• Não deve haver citação de juristas
• Não citar outras correntes doutrinárias, não "pedir vênia"

Durante os treinos de sentença, a busca pela solução objetiva será o norte


para a preparação dos alunos.

CONHECIMENTO ESPECIALIZADO

• Exige-se técnica do candidato


• Termos técnicos, análise técnica
• Conhecimento de direito material e processual

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A sentença não pode ser proferida com base em "achismos" ou "opinião", mas
sim mediante desenvolvimento de conhecimento técnico e especializado em
direito material e processual.

DESEMPENHO COMO JULGADOR

Autos processuais - Cada vez mais a prova de sentença vem através de


autos processuais, exigindo do candidato uma prévia experiência forense para
que possa resolver a prova. E nesse ponto o treino é essencial.

Fundamentação - A Fundamentação é o principal da prova, é o coração da


sentença. Os treinos são necessários para o aluno bem desenvolver a técnica
de fundamentação, evitando o pecado da sentença mal fundamentada, mas
sem cair no excesso de fundamentação, que pode implicar a perda de minutos
preciosos durante a prova.

É muito importante a análise dos argumentos e fundamentos das partes. Outro


erro bastante comum é a omissão do candidato, que se furta a rebater e
analisar os argumentos que as partes trouxeram em suas alegações.

Apreciação da prova dos autos - um dos pontos de maior erro nas provas de
sentença diz respeito à análise probatória. E é aqui que reside a maior
dificuldade na prova de sentença.

Devem ser evitadas fórmulas genéricas, referências a "acervo probatório",


"prova dos autos". A prova de sentença exige indicação precisa de
documentos, depoimentos de partes, testemunhas, laudos periciais, enfim, tudo
isso deve ser indicado de forma precisa na sentença.

A transcrição de depoimentos certamente não é necessária e toma muito


tempo do candidato, mas é importante indicar em que e por qual motivo o
depoimento da parte ou da testemunha foi decisivo para formar o
convencimento do juízo sobre determinado fato.

Também não é possível inventar nem supor dados. É crucial se manter fiel à
prova dos autos e àquilo que foi ali colocado pelo examinador. Lembrar de que
a célebre frase "o que não está nos autos não está no mundo" tem bastante
valor na prova de sentença.

Também é muito importante estudar ônus da prova, que é um erro comum em


prova de sentença, além de saber discernir as consequências em caso de
prova dividida / empatada, buscando sempre elementos que fortaleçam uma
determinada prova em detrimento da outra.

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Boa estrutura - estruturar bem a sentença, dividindo corretamente relatório,


fundamentação, dispositivo, atentando para uma boa ordem de julgamento, é o
primeiro passo para o desenvolvimento de uma boa prova, o que permitirá ao
examinador valorar o conhecimento revelado do candidato em sua prova.

Ao contrário, uma sentença mal estruturada, ainda que com boas soluções
jurídicas, depõe contra o candidato, pois macula o seu desempenho como
julgador.

Maturidade como juiz - para uma boa prova de sentença, é necessário que a
solução apresentada revele uma maturidade do julgador quanto às
consequências da sua decisão e providências que serão tomadas
posteriormente.

Por exemplo, se acolher uma preliminar ou prejudicial, indicar a consequência


prática daquilo, que pode ser, por exemplo, a extinção sem resolução do
mérito.

Evitar posições excessivamente protetivas do empregado e excessivamente


protetivas do empregador, buscando um equilíbrio, um meio termo.

O Edital do Concurso Nacional prossegue no item 7.10:

7.10 A Comissão Examinadora considerará na avaliação a capacidade do


candidato na resolução dos conflitos quanto ao mérito, e não apenas no campo
estritamente formal-processual; o conhecimento sobre o tema, a utilização
correta do idioma oficial e sua capacidade de argumentação e de exposição.

RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS QUANTO AO MÉRITO

O CPC / 2015 traz a Primazia da resolução do mérito e isso deve ser levado
em consideração na prova de sentença. Vejamos:

Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução


integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.

Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a
decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual
pronunciamento nos termos do art. 485 (julgamentos sem resolução do
mérito)

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Inépcia da petição inicial - é preciso ter cuidado para não acolher


preliminares de inépcia excessivamente frágeis ou mesmo reconhecer inépcia
de ofício quando não seria o caso. Lembrar que o processo do trabalho é
regido pela simplicidade e informalidade, instrumentalidade das formas.

Não só a inépcia, mas outras soluções fáceis devem ser evitadas, como
acolher revelia, exceção de incompetência, preliminares... Enfim, o candidato
deve evitar se furtar a analisar tópicos relevantes da prova sob pretextos
meramente processuais. Deve lembrar que o examinador pretende ver a
solução jurídica para o caso concreto que ele colocou na prova.

UTILIZAÇÃO CORRETA DO IDIOMA OFICIAL

Deve haver muito cuidado com a língua portuguesa, evitando linguagem


coloquial. Lembrar que se trata de uma sentença e não de uma conversa
informal.

No extremo oposto, também deve ser evitada a utilização excessiva de


linguagem rebuscada. É importante ser simples, sem ser simplório. A sentença
é peça de decisão e deve ser facilmente entendida, não é um enigma a ser
decifrado.

Da mesma forma, evitar latinismos desnecessários. Evidente que algumas


expressões já são consagradas e toleradas (por exemplo, periculum in mora,
habeas corpus).

O mais importante é se valer corretamente de linguagem e termos técnicos.


Por exemplo: resilição contratual, quando houver uma dispensa imotivada ou
uma demissão.

Muita atenção com crase e concordância verbal, que são erros comuns em
prova de sentença. Evitar: "o mesmo"; "tratam-se de" (a expressão não vai
para o plural), "o fato do reclamante haver..." (nesse caso, não pode haver a
contração da preposição "de" com o artigo "o"); não separar sujeito de
predicado.

Evitar neologismos e palavras incorretas. Ex: fundiário, contratualidade. Melhor


se valer de termos já consagrados e palavras de uso comum, além de termos
técnicos.

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CONHECIMENTO SOBRE O TEMA

Normalmente as bancas são democráticas e aceitam diversas soluções para o


mesmo caso, desde que estejam devidamente fundamentadas.

No entanto, é sempre recomendável a adoção de doutrina e jurisprudência


majoritárias.

Além disso, primar por decisões razoáveis, sem excessos.

CAPACIDADE DE ARGUMENTAÇÃO E DE EXPOSIÇÃO

A argumentação e exposição de ideias são o centro da prova. Não é raro que


dois candidatos cheguem a soluções idênticas, mas um é reprovado e o outro
aprovado. O que os diferenciou foi o caminho, a lógica argumentativa
desenvolvida.

Evite concluir no início, julgando antes de fundamentar. Ex: “Carece de razão a


ré, posto que...”

É importante tecer uma boa argumentação primeiro, de modo a expor suas


ideias de forma concatenada ao examinador, para só aí concluir. Expor a linha
de raciocínio em cada passo, até chegar à conclusão

Lembre-se de utilizar todos os argumentos possíveis para sustentar a decisão.


Mesmo que já haja fundamento suficiente, sempre que houver possibilidade,
utilize reforços argumentativos e argumentação subsidiária. Ex: ao reconhecer
responsabilidade objetiva, se estiverem presentes elementos de culpa, também
os utilize na fundamentação.

É muito importante utilizar todos os elementos trazidos nos autos, pois nada
está ali por acaso. As informações e alegações foram colocadas pelo
examinador para testar seu raciocínio juridico, sua perspicácia quanto à
consequência jurídica daquilo que ali está exposto.

Sempre justificar sua conclusão, seja com a prova dos autos, seja com o direito
aplicável.

Quando possível, citar artigo de lei ou súmula, mas se lembrar. Caso não se
recorde, evite "chutar", pois pode cometer gafe (citar número errado de lei,
súmula, OJ...).

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O edital também dispõe que:

7.11 O caderno de provas conterá folhas para rascunho de preenchimento


facultativo, que não valerá como resposta da prova escrita de sentença.

RASCUNHO

Apesar da previsão no edital, saiba que é totalmente inviável fazer rascunho de


sentença, pois o tempo não é suficiente. O que se recomenda, sim, é a adoção
de esquemas de resposta, que são o esqueleto de sua sentença, de forma
resumida.

TEMPO DE PROVA

Na verdade, o tempo de prova é um dos itens mais importantes da preparação


para a prova de sentença.

No último concurso nacional, embora o tempo tenha sido elastecido para 5h,
muitos candidatos não conseguiram terminar a prova. Outros até terminaram,
mas fizeram apenas uma fundamentação parca, diante do tempo apertado.

O treino é muito importante para identificar excesso no tempo de resolução das


provas. As correções serão especialmente direcionadas para a progressiva
redução do tempo gasto, de modo que o aluno possa, satisfatoriamente,
produzir uma boa sentença no prazo de 5h concedido pela banca examinadora.

ESTÉTICA DA PROVA

Outro aspecto importante é a limpeza e apresentação da prova. Os


examinadores lidam com muitas provas para correção, de modo que o
candidato deve prezar por uma prova apresentável, que permite ao examinador
fluidez na leitura e identificação de todos os pontos de acerto.

Para tanto, recomenda-se a adoção de recuo de margem, linhas entre


parágrafos / tópicos.

Também é interessante deixar espaços em branco, principalmente entre dois


tópicos (3 ou 4 linhas), de modo que se possa inserir eventualmente algo que
foi esquecido quando da confecção da sentença.

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Os Títulos de tópicos devem ser sucintos e correspondem aos pedidos


realizados. Vale sublinhar os títulos de cada tópico, de modo a destacá-lo e
facilitar a leitura pelo examinador.

Não se recomenda a numeração de tópicos, pois se constitui em mais um


elemento de estresse para o candidato. Tópicos numerados de forma errada
podem gerar confusão na prova, além de engessamento, pela impossibilidade
de posterior inclusão de tópicos eventualmente esquecidos.

As Rasuras devem ser evitadas a todo custo. Em caso de erro, utilizar a


expressão "digo" e, logo após, colocar a palavra/frase correta.

Utilizar Canetas esferográficas e evitar canetas que deixam manchas com o


passar das mãos, pois isso acaba poluindo bastante a prova.

Por fim, muita atenção com a caligrafia. A escrita não precisa ser propriamente
bonita, mas deve ser legível. Se, durante as correções, for identificada qualquer
dificuldade de leitura, recomenda-se especial atenção com a caligrafia,
inclusive mediante treinos específicos, se for o caso.

Lembrar que no estresse da prova o candidato tende a escrever mais rápido e


a letra não raro se torna pior que aquela habitual. Assim, em todos os treinos é
preciso atentar para uma letra legível. A escrita pode e deve ser veloz, mas
sem prejudicar a caligrafia.

NOTA 6

7.13 Será aprovado o candidato que obtiver média igual ou superior a 60%
(sessenta por cento) de aproveitamento na prova de sentença, sendo os
demais eliminados do certame.

Muitos se perguntam qual prova merece nota 6? Qual o diferencial?

O diferencial está na conjunção dos elementos já estudados:

• Demonstrar maturidade no julgamento


• Facilitar vida examinador
• Preocupação com liquidação / execução (fixar percentual de férias,
natalinas, avos, base de cálculo...)
• Preocupação com Aspectos práticos da decisão
• Resolver a prova toda, sem omissões

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Todos esses são elementos que contribuem para que o candidato obtenha a
nota mínima necessária para a aprovação na prova de sentença.

CONSULTAS

8.38 Durante a realização das provas discursiva e de sentença o candidato


poderá examinar legislação desacompanhada de anotação ou comentário,
vedada a consulta a obras doutrinárias, súmulas, orientações jurisprudenciais e
a quaisquer anotações.

Lembrar que os exercícios devem ser feitos simulando as condições reais da


prova, sem consultas, salvo quanto à legislação.

Só citar artigo de lei se souber onde ele pode ser encontrado. Não perca tempo
procurando artigos que você não se recorda onde estão, pois isso pode
comprometer o tempo da sua prova.

Sempre que possível, aplicar súmulas, textos de lei e posições consolidadas da


jurisprudência. Caso contrário, o ônus argumentativo é do candidato, que terá
de apresentar uma fundamentação bastante robusta, roubando tempo da
prova.

RESOLUÇÃO ESCRITA

8.41 A resolução das provas escritas será manuscrita, exclusivamente com


utilização de caneta esferográfica de material transparente e de tinta azul ou
preta.

Além da preocupação estética já manifestada anteriormente, é muito


importante o treino de sentença.

O treino não apenas aprimora os conhecimentos técnicos, mas também


propicia ao aluno a vivência da prova manuscrita, que é algo bem diferente do
que está acostumado no seu cotidiano de trabalho, quando dispõe de
computador.

Treinar sentença aprimora a estética da prova, o tempo gasto, os


conhecimentos técnicos, a análise dos elementos probatórios e ambientação
do candidato.

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SEMPRE ALERTA

8.42 Em nenhuma hipótese haverá substituição de folha de texto definitivo ou


caderno de respostas por erro do candidato.

Muita atenção ao resolver a prova, pois a folha de respostas não será


substituída. Essa atenção deve estar presente desde os treinos. Em cada
treino o candidato deve simular condições reais de prova (consultas vedadas,
tempo gasto, posição sentada e sem interrupções...)

IDENTIFICAÇÃO DA PROVA

8.43 A correção das provas se dará sem identificação do nome do candidato.

8.44 As folhas dos textos definitivos das provas da segunda etapa não poderão
ser assinadas, rubricadas ou conter, em outro local que não o apropriado,
nenhuma palavra, marca ou símbolo que as identifiquem, sob pena de
anulação da respectiva prova e eliminação do candidato do certame.

Muita atenção e cuidado com a identificação. Jamais colocar o nome.

Pular linhas, sublinhar títulos e outros elementos de escrita não caracterizam


identificação, mas o aluno deve ficar atento para não exagerar. Ex: pular uma
folha inteira e deixá-la em branco pode levantar suspeitas de identificação da
prova.

Ao final da sentença, não precisa assinar. Alguns utilizam a expressão "Nada


mais" - é questão de estilo. Você pode fazer isso, mas nem é necessário, se
preferir, pode simplesmente encerrar a sentença, com os últimos comandos,
sem escrever nada depois.

Não é necessário datar nem colocar o local da sentença.

RELATÓRIO DA SENTENÇA

É importante treinar o relatório da sentença, ainda que eventualmente algum


concurso venha a dispensá-lo. O aluno deve estar pronto para qualquer desafio
na sentença.

Levar em conta a necessidade de concisão no relatório, sob pena de prejudicar


o tempo da prova.

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Colocar no relatório apenas elementos essenciais. A lei dispõe:

CLT, Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da
defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão.

CPC, Art. 489. São elementos essenciais da sentença:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido
e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;

EXAMINANDO OS AUTOS

Ao se deparar com a prova de sentença, é importante uma leitura muito atenta.

A boa leitura é a chave para a confecção de um bom esquema de resposta. Se


o aluno fizer um esquema de resposta completo, sua sentença será igualmente
completa e evitara omissões indesejadas.

Quando ler a prova, já grifar dados mais importantes, pois isso facilita caso
eventualmente seja necessário buscar a informação em momento posterior. No
entanto, lembrar que não será possível uma segunda leitura de toda a prova.
Não há tempo para isso.

Assim, o ideal é já ler e grifar, fazendo, paralelamente, um esquema, um


esqueleto de resposta.

A leitura da prova e esquematização são importantes e não devem ser feitas


com pressa, pois sem eles não haverá uma boa sentença. No entanto, não se
recomenda gastar mais de 1h (máximo 1h30min) na leitura e esquematização,
sob pena de comprometer o tempo total da prova.

Já na leitura da prova, é importante identificar o coração da sentença, ou


corações, que são os pontos centrais sobre os quais deve o candidato se
debruçar com mais calma e pesar mais na fundamentação.

MÉTODOS DE ESQUEMATIZAÇÃO

Os métodos para elaborar o esquema de resposta são muito pessoais, não


havendo como definir o melhor ou pior, pois tudo depende das habilidades e
peculiaridades de cada um. Aqui novamente o treino é muito importante, pois
com o tempo o aluno conseguirá perceber o método de esquematização de
resposta que mais é adequado ao seu estilo pessoal.

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Seja qual for o método de esquematização, é importante que nele já conste a


ordem de julgamento. O esquema de respostas já deve conter a ordem dos
tópicos da sentença, não deixe para fazer isso quando estiver redigindo, pois
pode gerar confusão, esquecimentos, omissões...

Apenas para ilustrar, existem algumas formas de esquematização que podem


ser sugeridas:

Método dos números

O aluno indica um número para cada um dos pedidos da inicial. Ao longo de


toda a prova, toda vez que aparecer qualquer alegação ou prova (depoimento,
perícia, documento...) sobre aquele pedido, é destacado com o número
correspondente. Com isso, fica mais fácil solucionar aquele pedido, pois ao
longo da prova estarão indicados todos os elementos que serão necessários ao
julgamento do pleito.

Método dos balões diferenciados

Ao analisar a prova dos autos, principalmente a ata de audiência, pode o aluno


se valer de balões diferenciados para destacar depoimentos favoráveis ao
autor e depoimentos favoráveis ao réu.

Por exemplo, se uma afirmação da testemunha corrobora a inicial, o aluno


pode circular a frase. Se, ao revés, a informação sustenta a tese da defesa, é
possível desenhar um quadrado ou nuvem ao redor da frase, destacando que
ela servirá para fundamentar a tese da ré.

Método das cores

No esquema/esqueleto de resposta, é possível utilizar canetas com cores


diferentes para alegações do autor e do réu e elementos dos autos favoráveis a
cada um deles.

Por exemplo, fazer um esquema/resumo: em azul, o que o autor alegou sobre


horas extras, em preto as alegações da ré. As provas favoráveis ao autor
viriam também em azul e as provas da ré em preto.

Método da tabela

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Elabora-se uma tabela contendo os pedidos do autor. Em cada pedido


colocam-se as alegações do autor, alegações do réu, elementos de prova e
conclusão do candidato.

Todos os métodos são interessantes, mas é preciso cuidado para não fazer
esquemas muito sofisticados, pois podem consumir um tempo que é muito
precioso na prova de sentença.

PREPARAÇÃO PRÉVIA

Uma forma de racionalizar o uso do tempo na prova é criar textos padronizados


para certos tópicos recorrentes em provas de sentença, como preliminares e
prejudiciais.

Esses auto-textos são bem úteis pois evitam que o candidato gaste tempo
elaborando a redação no momento da prova.

No entanto, é necessário cuidado com o uso de auto-texto sem a devida


contextualização. Usar auto-texto é bom, mas o candidato deve sempre
ressaltar na sentença aspectos específicos daquela prova, elementos que
estão naqueles autos, mostrando ao examinador que leu a prova e que a
solução dada é feita para aquele caso concreto e não uma solução
padronizada que poderia ser utilizada em qualquer outra sentença.

REDAÇÃO NA SENTENÇA

É possível escrever em 1ª ou 3ª pessoa, mas a última opção confere maior


objetividade e distanciamento na sentença.

Evitar expressões que indicam muito subjetivismo - indicar certeza. Ex: “no
meu entender” ou “não me pareceu”

Evitar expressões fortes/carregadas/emotivas. Ex: “absurda jornada”

TERMOS TÉCNICOS NA SENTENÇA

Valer-se sempre de termos técnicos e adequados. Exemplos:

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• Decadência e Prescrição (prescrição da pretensão e não do direito ou da


parcela): pronunciada, acolhida alegação ou reconhecida
• Preliminares: acolhidas ou rejeitadas
• Pedidos: julgados procedentes ou improcedentes
• Requerimentos: deferidos ou indeferidos
• Decreta-se nulidade (art. 282, §2º, CPC)
• Confissão não é pena

ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO

Talvez o maior desafio na prova de sentença seja respondê-la no prazo


concedido pela banca examinadora. Nesse contexto, é importante atentar para
as seguintes orientações:

• Evitar mini-relatórios (ou seja, relatar, na fundamentação, as alegações


do autor e da ré)
• Evitar julgar contra súmulas / OJ's, doutrina dominante - ônus
argumentativo passa a ser do aluno, que vai gastar mais tempo
• Fazer uma boa leitura da prova, já grifando os pontos mais importantes
• Elaborar um Bom esqueleto / esquema de resposta
• Treinar bastantes
• Resolver a prova de forma inteligente - pensar sempre nos reflexos que
uma decisão sua trará no restante da prova. Ex: se determinar a
reintegração, terá diversas providências a serem observadas
• Aglutinar temas comuns - temas de mérito que são próximos podem ser
aglutinados no mesmo tópico, poupando tempo. Ex: todos os tópicos
atinentes à jornada de trabalho podem ser julgados conjuntamente
(horas extras, intervalos, feriados, sobreaviso...)

CAUTELAR / TUTELA DE EVIDÊNCIA e URGÊNCIA


• Apreciação na sentença - nunca se omita. Todas as questões devem ser
decididas
• Você pode Confirmar a decisão já tomada ao longo do processo,
deferindo ou indeferindo o requerimento, como pode também revogar a
decisão anterior. Lembre-se: o juiz é você e não está vinculado a
eventuais decisões anteriores do processo, desde que disponha de
elementos para julgar em determinado sentido.

DISPOSITIVO

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É muito importante que o dispositivo seja direto, ou seja, elencando todas as


parcelas objeto de condenação, as verbas, obrigações de fazer, parâmetros de
juros, correção....

No entanto, não havendo tempo, como tática excepcional, é possível lançar


mão do seguinte dispositivo indireto:

“condeno ao pagamento das parcelas constantes da fundamentação, que


integra o presente decisum, como se estivesse aqui transcrito”.

No dispositivo, deixe claro o pedido procedente/improcedente, sem referências


à inicial. Não se refira ao "pedido l da inicial", indique com precisão qual pedido
está sendo julgado procedente ou improcedente.

Quando houver menores herdeiros, observar depósito da sua quota-parte em


caderneta de poupança (art. 1º, § 1º, da Lei 6.858/80).

Constar o nome das partes no dispositivo.

Constar preliminares rejeitadas e acolhidas, mas não precisa constar medidas


saneadoras.

Estabelecer natureza jurídica das parcelas e incidências fiscais e


previdenciárias, além de juros e correção monetária

Determinar prazo para cumprimento.

Critérios de liquidação, correção monetária, juros, recolhimentos fiscais e


previdenciários.

Não esquecer honorários periciais nem advocatícios.

Fixar valor da condenação e custas.

Intimação das partes. Aplicação da Súmula 197 TST / intimação revel

Determinar intimação da União.

Determinar remessa necessária, se houver condenação da Fazenda Pública


(salvo hipóteses de exceção legal)

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ESTRUTURA DA SENTENÇA – ORDEM DE JULGAMENTO

ORDEM DE JULGAMENTO

Não há propriamente um consenso quanto à ordem de julgamento, mas é


importante que o candidato observe uma ordem racional / prejudicialidade -
observar uma estrutura racional da sentença, na qual as questões prejudiciais
são julgadas antes das questões prejudicadas

QUESTOES PROCESSUAIS:

EXCEÇÕES:

Apreciar primeiro, pois o juízo incompetente sequer analisaria as demais


questões.

• Exceção de Incompetência Territorial


• Exceção de Impedimento
• Exceção de Suspeição
• Prevenção

INCIDENTES E MEDIDAS SANEADORAS

Existem medidas saneadoras?

Essas questões deveriam ter sido apreciadas pelo juiz antes da sentença.

• Regularização do pólo passivo ou ativo.


Ex: sucessão processual pelos herdeiros/dependentes
Entes públicos x órgãos públicos
• Retificação do nome das partes
• Atribuição do valor da causa (se não houver sido feito antes)
• Impugnação aos documentos (impugnação formal)
• Suspensão do processo
• Questões diversas que ocorrem em audiência
Ex: chamamento de terceiro, MPT, formação litisconsórcio

PRELIMINARES

CPC, Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

Precisa seguir a ordem do CPC?

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I - inexistência ou nulidade da citação;

II - incompetência absoluta e relativa;

III - incorreção do valor da causa;

IV - inépcia da petição inicial;

V - perempção;

VI - litispendência;

VII - coisa julgada;

VIII - conexão;

IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;

X - convenção de arbitragem;

XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual;

XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;

XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

Pressupostos processuais quanto ao juiz: jurisdição e competência.

• Preliminar de imunidade de jurisdição


• Preliminar de incompetência em razão da matéria
• Preliminar de incompetência funcional

Essas preliminares serão analisadas logo no início, caso venham a abranger


toda a reclamação, e não apenas parte dos pedidos.

Pressupostos processuais quando às Partes:

• Capacidade de ser parte


• Capacidade de estar em juízo
• Capacidade postulatória

Revelia é pressuposto ou mérito?


Revelia é questão de mérito, salvo se decorrer de defeito de
representação, que pode entrar como pressuposto subjetivo.

Pressupostos processuais objetivos

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• Nulidade ou inexistência de citação


• Protestos das partes (não analisados)
• Inépcia da inicial
• Coisa julgada
• Litispendência
• Compromisso ou sentença arbitral.
• Outros pressupostos
• Preliminar de não submissão à CCP

Condições da ação

• Legitimidade
• Possibilidade Jurídica do Pedido
• Interesse de agir

PREJUDICIAIS DE MÉRITO

• Prescrição
• Bienal
• Quinquenal
• Não aplicar de ofício
• Se não vai aplicar de ofício, não precisa abrir tópico de prescrição
não arguida
• Compensação
• Quitação
• Consignação
• Transação
• Outras formas de extinção das obrigações.

São exceções de mérito que devem ser alegadas pela parte ré, ensejando a
extinção do feito, com resolução do mérito.

MÉRITO

• Revelia
• Formação e desenvolvimento do contrato (reconhecimento de vínculo de
emprego, unicidade contratual, fraude de cooperativa, terceirização ou
pejotização etc.)
• Extinção contratual (justa causa, rescisão indireta, nulidade do pedido de
demissão, estabilidade, reintegração, além de verbas resilitórias,
incluindo multas dos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT)
• Salário (equiparação salarial, acúmulo de função, desvio de função,
diferenças salariais, reajustes salariais, piso salarial, reenquadramento,
salário “por fora”)
• Adicionais (periculosidade, insalubridade etc).

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• Jornada de trabalho (horas extras, intervalos, domingos e feriados em


dobro)
• Pedidos diversos (indenizações diversas, responsabilidade
solidária/subsidiária)
• Parâmetros de liquidação
• Gratuidade Judiciária
• Honorários Advocatícios
• Honorários periciais
• Litigância de má-fé
• Compensação e dedução
• Juros e correção monetária
• Recolhimentos fiscais e previdenciários

MODELOS DE TÓPICOS DIVERSOS

Seguem alguns modelos de tópicos mais comuns, apenas para ilustrar.


Recomenda-se que o aluno crie e adote seus próprios modelos, de acordo com
seu estilo pessoal de escrita.

I - RELATÓRIO

MARLI IMPERIAL ROMANO, qualificada nos autos, ajuizou a presente


demanda trabalhista contra PLURIPRESTADORA DE SERVIÇOS GERAIS
LTDA, CONSULADO GERAL DA GUIANA PORTUGUESA, CASSIUS
SANTOS SILVA SOBRINHO e AUGÊNCIO DE MIRANDA HENRIQUES,
também devidamente qualificados. Alega que foi admitida em 04/03/2008 e
pediu demissão em 07/09/2010, tendo exercido a função de atendente
administrativa. Em razão dos fatos e fundamentos expostos na inicial, pleiteia o
pagamento de horas extras, diferenças salariais e indenizações, além de outros
pedidos. Instruiu a inicial com documentos.

Atribuiu à causa o valor de R$50.000,00.

Conciliação rejeitada.

Os réus apresentam respostas escritas, com exceção do quarto reclamado,


sob a forma de contestação, com documentos. Arguiram imunidade de
jurisdição, inépcia da petição inicial, preliminar de não submissão à CCP, além
de ilegitimidade passiva ad causam e impossibilidade jurídica do pedido. Foi
impugnado o valor dado à causa. Também defenderam-se no mérito, conforme
razões de fato e de direito contidas nas contestações.

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Foram colhidos os depoimentos da autora, da primeira ré e de duas


testemunhas, sendo uma indicada pela autora e outra pela primeira ré,
encerrando-se a instrução processual.

Razões finais orais remissivas pelas partes.

Infrutífera a segunda tentativa de conciliação.

É o RELATÓRIO.

Decido.

PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA MATERIAL

A competência da Justiça do Trabalho, quanto às contribuições previdenciárias,


limita-se àquelas incidentes sobre as sentenças condenatórias que proferir e
acordos que homologar, conforme a Súmula 368 do TST. Portanto, reconheço,
de ofício, a incompetência desta Especializada para apreciar o pedido de
recolhimentos previdenciários incidentes sobre salários já pagos.

Julgo extinto o processo, sem resolução do mérito, em relação ao pedido


de recolhimentos previdenciários incidentes sobre salários já pagos.

PRELIMINAR DE INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL

O processo do trabalho é regido pelos princípios da informalidade, simplicidade


e instrumentalidade das formas. Neste contexto, a petição inicial só poderá ser
reputada inepta quando impedir o regular exercício do direito de defesa pela
parte ré, o que não é o caso dos autos.

Rejeito a preliminar de inépcia da petição inicial.

PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE SUBMISSÃO PRÉVIA À CCP

O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido da ausência de


obrigatoriedade de submissão à Comissão de Conciliação Prévia, conforme
decisões cautelares na ADIN 2139 e ADIN 2160, com efeitos erga omnese
vinculante de todos os órgãos do Poder Judiciário. Trata-se, aí, de mera
faculdade do trabalhador, que pode optar por ajuizar a demanda diretamente
no Judiciário Trabalhista, conforme o princípio constitucional da inafastabilidade
da jurisdição.

Rejeito a preliminar.

PRELIMINAR DE CARÊNCIA DE AÇÃO

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As condições da ação devem ser examinadas in status assertionis. No caso, o


acionante, em sua exordial, atribuiu responsabilidade à segunda acionada e
postulou pedidos não vedados pelo ordenamento jurídico. O processo revela-
se útil, adequado e necessário à pretensão do autor.

Assim, considero presentes todas as condições da ação, o que conduz à


rejeição da prefacial.

Rejeito a preliminar de carência de ação.

PRELIMINAR DE CARÊNCIA DE AÇÃO – FALTA DE INTERESSE DE AGIR

O interesse de agir encontra-se presente quando a demanda ajuizada revelar-


se útil, necessária e adequada à pretensão do autor. No caso dos autos, estão
presentes estes três requisitos, de modo que não há que se cogitar de falta de
interesse de agir.

As alegações da ré são pertinentes ao mérito da demanda e serão apreciadas


em momento adequado.

Rejeito a preliminar de carência de ação por suposta ausência de


interesse de agir.

PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA SEGUNDA RÉ

As condições da ação devem ser examinadas in status assertionis. No caso, o


acionante, em sua exordial, atribuiu responsabilidade solidária à segunda
acionada, sob a alegação de se tratar de grupo econômico, na forma do art. 2º,
§ 2º, da CLT. É o quanto basta para evidenciar a pertinência subjetiva da
segunda ré à lide.

Rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva ad causam.

PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM

A jurisprudência pátria já consolidou o entendimento de que a legitimidade do


sindicato, na qualidade de substituto processual, é ampla e irrestrita. A
circunstância de os direitos envolvidos exigirem a comprovação de fatos
individuais não impossibilita o manejo da via coletiva, diante da possibilidade
de prolação de sentença genérica, complementada por liquidação individual.

Rejeito a preliminar de ilegitimidade ativa ad causam.

PREJUDICIAL DE MÉRITO – PRESCRIÇÃO

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Considerando que a demanda foi ajuizada em ______ , pronuncio a incidência


da prescrição sobre a pretensão relativa a todas as parcelas vencidas e
exigíveis em período anterior a _______.

Julgo extinto o feito, com resolução do mérito, em relação às parcelas


anteriores a ________, na forma do art. 487-II do CPC.

PREJUDICIAL DE MÉRITO – PRESCRIÇÃO

Considerando que o reclamante foi admitido em 27/05/2010 e ajuizou a


presente reclamação em 21/03/2013, não há prescrição quinquenal a
pronunciar.

Rejeito a prejudicial de prescrição.

REVELIA

Embora ausente a segunda ré às audiências inaugurais, regularmente


notificada, não há que se cogitar de aplicação da pena de confissão, eis que as
demais reclamadas contestaram o feito, inclusive quanto a fatos comuns, o que
aproveita à acionada ausente, conforme art. 345, I, do CPC e art. 844, §4º, I,
da CLT.

REVELIA

Considerando a ausência injustificada da reclamada à audiência inaugural,


apesar de haver sido regularmente notificada, impõe-se declarar sua revelia e
aplicar-lhe a pena de confissão quanto à matéria fática, conforme art. 844 da
CLT.

ADICIONAL NOTURNO - PARÂMETROS

O adicional noturno deve ser calculado a partir de 22h, com observância da


hora reduzida noturna de 52min30s. Também deve ser observada a
globalidade salarial (Súmula 264 do TST), evolução salarial do reclamante,
adicional de 20%, exclusão dos dias não trabalhados, dedução das parcelas
comprovadamente pagas a idêntico título, bem como o divisor 220.

ANOTAÇÃO E BAIXA DA CTPS

Impõe-se, portanto, determinar que seja procedida à anotação da CTPS do


obreiro com data de _____, conforme pedido, e dispensa em _______, na
função de _______ e salário de _______, no prazo de 5 dias, a contar da
intimação pela Secretaria da Vara. Fixa-se multa diária no valor de R$100,00
em caso de descumprimento da presente obrigação, até o limite de
R$3.000,00. Transcorrido o prazo de 30 dias sem o cumprimento de tal

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determinação, proceda a Secretaria da Vara à anotação da CTPS do


acionante, conforme art. 39 da CLT.

ATUALIZAÇÃO – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Quanto à indenização por danos morais, a correção deverá incidir a partir da


data de publicação desta sentença e os juros desde a inicial, conforme Súmula
439 do TST.

FGTS e MULTA DE 40%

Incumbia à ré comprovar o efetivo pagamento dos depósitos de FGTS e multa


de 40% sobre todas as parcelas remuneratórias pagas durante o contrato de
trabalho, por se tratar de fato extintivo do direito do autor, conforme art. 373-II
do CPC.

No entanto, a reclamada não comprovou o recolhimento de FGTS sobre as


parcelas remuneratórias pagas nos meses de junho e julho de 2012, dentre
outros.

Assim, é devido o pagamento de diferenças de FGTS e respectiva multa de


40%.

Julgo procedente o pedido de pagamento de diferenças de FGTS e multa


de 40%.

HORAS EXTRAS – PARÂMETROS DE LIQUIDAÇÃO

Na apuração das horas extras, deve ser observada a globalidade salarial


(Súmula 264 do TST), evolução salarial do reclamante, adicional de 50%,
exclusão dos dias não trabalhados, dedução das parcelas comprovadamente
pagas a idêntico título, bem como o divisor 220.

HORAS EXTRAS - REFLEXOS

Por habituais, as horas extras integram-se ao salário e repercutem no cômputo


de férias acrescidas de 1/3, natalinas, aviso prévio, FGTS acrescido de 40% e
repouso semanal remunerado.

As diferenças de repouso semanal remunerado não se integram ao salário e


não ensejam reflexos em outras parcelas trabalhistas, sob pena de bis in idem,
conforme OJ 394 da SBDI-1 do TST.

Julgo procedente o pedido de pagamento de diferenças de férias


acrescidas de 1/3, natalinas, aviso prévio, FGTS acrescido de 40% e
repouso semanal remunerado, decorrentes da integração salarial das
horas extras.
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MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT

Considerando a controvérsia incidente sobre as verbas resilitórias, conforme


defesas apresentadas, afigura-se indevido o pagamento da multa do art. 467
da CLT.

Julgo improcedente o pedido de pagamento da multa do art. 467 da CLT.

DISPOSITIVO

Isto posto, rejeito as preliminares de .............. e JULGO PARCIALMENTE


PROCEDENTES os pedidos formulados por FULANO,para condenar
BELTRANO,conforme a fundamentação supra, que integra o presente
decisum, no pagamento das seguintes verbas:

- aviso prévio proporcional (42 dias)

- férias proporcionais (9/12)...

Juros moratórios de 1% ao mês, pro rata die, a partir do ajuizamento da ação


(art. 883, CLT e art. 39, Lei 8177/91) e correção monetária observada a época
própria (art. 459, § único, CLT e S. 381, TST). (ATENTAR PARA APLICAÇÃO
DA DECISÃO DO STF NA ADC 58 = IPCA-E NA FASE PRÉ-JUDICIAL +
TAXA SELIC NA FASE JUDICIAL)

Os descontos previdenciários deverão ser quantificados mês a mês, com fulcro


no art. 276, § 4º, Dec. 3048/99 e art. 68, § 4º, Dec. 2137/97, sendo que as
contribuições do empregado incidem apenas sobre as verbas de natureza
salarial, sendo os recolhimentos de responsabilidade da reclamada, autorizado
a dedução dos valores cabíveis à parte empregada, observado o limite máximo
de salário de contribuição.

No tocante ao imposto de renda, autoriza-se a sua retenção na fonte,


observada sua incidência mês a mês e a tabela progressiva, na forma do art.
12-A da Lei 7713/88, com a nova redação dada pela lei 12350/2010. Observe-
se a não tributação sobre juros de mora na forma da OJ 400 da SDI-1 do TST.

A natureza jurídica das parcelas da condenação, para fins de incidência de


contribuição previdenciária, será apurada em execução, de acordo com o
disposto no art. 28, §9º, da Lei 8.212/91 (art. 832, §3º, da CLT). (só utilizar essa
opção se não souber/puder discriminar a natureza das parcelas)

Defiro à parte autora os benefícios da justiça gratuita.

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Fica expressamente deferida a dedução das parcelas comprovadamente pagas


a idêntico título, nos limites da fundamentação.

Custas, pela ré, no importe de R$_______, calculadas sobre o valor da


condenação, ora arbitrado em R$________.

Nada mais.

24
CURSO DE SENTENÇA TRABALHISTA – PROF. JOALVO MAGALHÃES

INSTRUÇÕES

Sobre a sentença 1:

- a sentença 1 será resolvida em 3 aulas e será fornecido um espelho com


sugestão de resposta
- o aluno deverá ler a prova e tentar resolvê-la e comparar sua resposta com a
sugestão do professor
- a sentença 1 não será corrigida de forma individualizada
- resolver a sentença considerando a data de ajuizamento que consta nela, mas
considerar que o julgamento é feito na presente data
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO

PROVA PRÁTICA - 3ª FASE (SENTENÇA)


INSTRUÇÕES ESPECÍFICAS PARA A ELABORAÇÃO DA SENTENÇA:

1. A partir do relatório apresentado, que se constitui no


próprio enunciado da prova, o candidato deverá elaborar uma
sentença.
2. O candidato deverá ater-se aos fatos constantes do caso
concreto, sobre os quais recairá a valoração jurídica.
Portanto, não deverá acrescentar dados.
3. Para efeito de valoração do conjunto probatório, o teor
dos documentos referidos no relatório deverá ser considerado
tal qual afirmado pelas partes.
4. O candidato deverá considerar regular a representação das
partes em juízo.
5. A ação foi proposta e distribuída em 25 de agosto de 2012.
6. Leia atentamente o caso abaixo.

SENTENÇA

Joaquim Barbosa, por seu advogado particular, ajuizou,


perante a 10ª Vara do Trabalho de Aracaju (SE), ação
trabalhista em face de CONSTRUTORA WIK LTDA., fazendo, em
resumo, as alegações a seguir descritas.

O reclamante afirma que trabalhou em Aracaju para a


reclamada a partir de 03/11/2001, na função de pedreiro,
conforme anotação em sua CTPS, laborando na construção de
condomínios residenciais, até 30/09/2003, e, a partir de
01/10/2003, na construção de casas populares localizadas
naquela cidade, vinculadas ao Programa “Morar Bem”, de âmbito
nacional.

1
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO

Afirma ainda que, a partir da inserção da empresa


reclamada no programa do Governo Federal, passou a ter a sua
imagem veiculada em material publicitário disponibilizado em
todos os estados da Federação, situação que perdura até os
dias atuais.

Afirma ainda que em todos os canteiros de obra em que


trabalhou havia câmeras espalhadas por todos os locais, sendo
transmitidas via internet suas imagens para o seu superior
hierárquico, que delas se utilizava para controlar a
assiduidade e ainda a execução diária de suas atividades.

Alega que trabalhava das 7h às 12h e das 13h às 21h, de


segunda a sábado, sem qualquer observância às normas
ergonômicas no ambiente de trabalho, carregando por diversas
vezes pesados sacos de cimento. Em decorrência das condições
de trabalho que lhe eram impostas durante todo o vínculo,
passou a sentir dores fortíssimas na coluna desde o inicio de
2006, tendo sido diagnosticado em 18 de maio de 2008 como
portador de hérnia de disco. Afastou-se do trabalho por
diversas oportunidades, em decorrência da patologia de que
era acometido, conforme atestados médicos apresentados,
tendo-lhe sido concedido pelo INSS auxílio-doença no período
compreendido entre 09 de janeiro de 2010 e 17 de julho de
2010, retornando ao trabalho, após alta médica, em 20 de
julho de 2010.

Ocorre que, mesmo após a concessão do beneficio


previdenciário e a recomendação do INSS de que fosse
promovida a readaptação funcional, as condições de trabalho,

2
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO

segundo alega, permaneceram as mesmas, razão pela qual teve


agravados os efeitos da doença.

Remata que, em 25 de agosto de 2011, foi dispensado por


justa causa, com baixa em sua CTPS, em razão de integrar o
movimento de paralisação dos trabalhadores indignados com o
fato de que a empregadora insistia na utilização abusiva das
imagens de diversos trabalhadores no seu material
publicitário.

Assim, com fundamento nos fatos relatados, bem como na


legislação pertinente, o reclamante pede:

a) declaração de nulidade de sua dispensa por justa


causa, com a sua respectiva reintegração ao serviço, com
pagamento dos salários vencidos e vincendos, 13ºs salários e
depósitos do FGTS, correspondentes a todo o período de
afastamento e até sua efetiva reintegração;

b) que a empresa reclamada se abstenha de difundir


abusivamente a imagem do reclamante, sob pela de fixação de
astreinte em favor do autor, com execução imediata
independente do trânsito em julgado;

c) indenização por danos morais e materiais pela


utilização indevida da sua imagem em campanhas publicitárias;

d) indenização por danos morais em decorrência da


captação e utilização indevidas da sua imagem no ambiente de
trabalho;

e) indenização por danos morais decorrentes do acidente


de trabalho, pois teve reduzida a sua capacidade de trabalho;

3
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO

f) indenização por dano material que consistirá em


pensão mensal e vitalícia na hipótese de rejeitado o pedido
da alínea “a”;

g) assistência judiciária gratuita, porquanto não tem


condições de litigar sem prejuízo do sustento próprio e de
sua família, o que fora declarado sob as penas da lei.

O reclamante acostou aos autos cópias dos seguintes


documentos: anotação do contrato de trabalho na CTPS; carta
de concessão do benefício previdenciário e laudo médico
expedido pelo INSS recomendando a readaptação funcional.

A demandada, regularmente notificada, compareceu à


audiência e, após malograda a primeira proposta conciliatória
encaminhada às partes pelo juízo, apresentou defesa por
escrito, aduzindo, em suma:

a) Quanto à dispensa por justa causa do reclamante,


decorreu de um ato de indisciplina do trabalhador,
configurado o abuso por parte do reclamante na medida em que
participou de movimento grevista sem que fossem cumpridas as
exigências formais da greve.

b) Quanto à veiculação da imagem do reclamante em


campanhas publicitárias, aduz serem indevidos os pleitos
formulados na exordial, tendo em vista que não houve qualquer
mácula à imagem do trabalhador, pois o autor percebeu o
importe de R$ 200,00 como compensação pelo uso de sua imagem,
como se infere do documento adunado à defesa. Aduz ainda a
incompetência territorial da Vara do Trabalho de Aracaju para
apreciar o pleito de indenização em decorrência da vinculação

4
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO

da imagem em material publicitário de divulgação nacional,


bem como a incompetência material da Justiça do Trabalho para
apreciar a postulação de tutela inibitória, na medida em que
o reclamante não faz mais parte dos quadros funcionais da
empresa reclamada, pois já fora dispensado por justa causa.
Suscita ainda a coisa julgada em relação ao pleito de
reparação por uso indevido da imagem, tendo em vista que já
fora objeto de ação civil pública movida pelo sindicato da
categoria profissional, tendo sido julgado improcedente tal
pleito. Ademais, haveria a absoluta ausência de legitimidade
para a causa, dado que o reclamante estaria a defender
interesse de empregados que ainda permanecem no quadro de
empregados.

c) Suscita ainda que as câmeras instaladas nos canteiros


de obras tinham como finalidade exclusiva a garantia da
segurança aos trabalhadores e que elas possuíam abrangência
geral, pois registravam imagens de todo o ambiente de
trabalho. E ainda a incompetência material da Justiça do
Trabalho para apreciar o pleito de indenização em decorrência
da obtenção de imagens do reclamante, porquanto regida a
matéria pelo direito civil.

d) Que o reclamante não esteve acometido de qualquer


doença ocupacional, não restando comprovado o nexo de
causalidade entre as funções exercidas e a patologia
apresentada. Diz também que sempre forneceu equipamentos de
segurança aos seus empregados. Argumenta, ainda, que não
houve redução da capacidade laborativa.

5
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO

e) Arguiu ainda a prescrição total das pretensões


alusivas a indenização por danos morais e materiais em
decorrência do uso da imagem, do acidente de trabalho e pela
captação de imagem no ambiente de trabalho, o que implicaria
a improcedência dos pleitos correspondentes.

Acompanharam a defesa os seguintes documentos: contrato


de trabalho, TRCT, recibos de pagamento de salários, cartões
de ponto, recibo de pagamento de valor compensatório pelo uso
da imagem e termo de confissão de dívida relativa à
antecipação, pela empresa, de seis meses da mensalidade da
“Associação dos Empregados da Construção Civil”.

Na audiência, dispensados os depoimentos das partes, bem


como a oitiva de testemunhas, foi determinada a produção de
prova pericial.

O laudo pericial trazido aos autos não foi conclusivo,


tendo o perito do juízo afirmado que, não obstante as
condições de trabalho impostas pudessem virtualmente agravar
o quadro patológico e mesmo o que PPRA indicasse o risco
ergonômico a que estava submetido o autor enquanto mantido na
mesma função, em consonância inclusive com a recomendação
(desatendida) de que fosse ele readaptado, a verdade é que se
tratava de doença degenerativa e, por isso, não poderia o
experto afirmar com absoluta segurança que as condições de
labor fossem a causa geradora da morbidez.

Em razões finais, o reclamante reiterou a manifestação


sobre os documentos, ressaltando a impossibilidade de
reconhecimento da coisa julgada, na medida em que a ação
interposta pelo sindicato ainda não transitou em julgado,

6
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO

estando pendente o julgamento do recurso de revista


interposto pela empresa, por meio do qual visa à reforma da
decisão regional, a fim de que o sindicato profissional autor
seja condenado ao pagamento de honorários advocatícios.

Já a reclamada, também em razões finais, reiterou os


termos da defesa escrita, suscitando a necessidade de
compensação do valor pago pela empresa, nos termos da
confissão de divida, feita pelo autor, por ela apresentada.

Rejeitada a segunda proposta de conciliação.

É o relatório.

ERRATA:

• Na página 3, item b onde lê-se: sob pela de


fixação, leia-se: sob pena de fixação;

• Na página 6, no 4º parágrafo onde lê-se: e mesmo o


que PPRA, leia-se: e mesmo que o PPRA.

7
6º CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA
PROVIMENTO DE CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO
PROVA PRÁTICA - 3ª ETAPA – (SENTENÇA)
Espelho da prova
A avaliação da prova considerará, em cada item
específico, a capacidade de o candidato desenvolver
raciocínio silogístico, com concisão e clareza, sem
incorreção ortográfica. Para obtenção das pontuações
máximas abaixo atribuídas será imprescindível que o
candidato observe os parâmetros apontados neste espelho. A
simples observação desses parâmetros, contudo, não garante
a obtenção daquelas pontuações máximas, cabendo a valoração
de conteúdo a cada examinador.

Parâmetros da banca examinadora


1) Aspectos estruturais (pontuação máxima: 1 ponto)
a) Observar a distribuição dos tópicos de direito
processual e material atentando para a seguinte
sequência: preliminares alusivas aos pressupostos
processuais; preliminares alusivas a condições da
ação; preliminares alusivas a exceções substanciais
e análise do libelo em cotejo com as objeções.
b) Dispositivo analítico, e não remissivo,
inclusive com alusão a honorários periciais,
critérios a serem observados na liquidação de
sentença e outras providências.

2) Preliminares alusivas aos pressupostos processuais


a) Competência territorial (pontuação máxima: 0,5
ponto):
Quanto à competência para decidir-se em Aracaju
sobre dano moral que teria efeitos em todo o
país, o candidato deverá observar a
irregularidade formal da arguição (art. 800 da
CLT), mas rejeitar a exceção sem oitiva da parte
excepta, porquanto inidôneo o seu fundamento, ou
seja, a situação nela retratada (divulgação em
território nacional) não afasta per se a
incidência do art. 651 da CLT, definindo-se a
competência territorial pelo local da prestação
laboral – possível alusão ao princípio de acesso
à justiça.
b) Competência material (pontuação máxima: 1
ponto):
I - Quanto à competência para decidir-se sobre
tutela inibitória que alcança tempo posterior ao
período de trabalho, o candidato deverá atentar
para o aspecto de a competência material não
estar condicionada aos fundamentos da defesa
(art. 87 do CPC), mas firmar-se em razão de a
tutela ser concernente a um contrato de
trabalho, mesmo se já findo.
II - Quanto à competência para decidir-se sobre
danos à imagem do reclamante, o candidato deverá
afirmá-la com esteio na previsão do art. 114,
VI, da CF e na firme posição da jurisprudência
(inclusive do STF) sobre ser irrelevante a lei
de regência do direito material na definição da
competência trabalhista, porquanto suficiente o
nexo com o conteúdo do contrato de emprego.
c) Coisa julgada (pontuação máxima: 0,5 ponto):
Quanto aos efeitos da coisa julgada material, o
candidato deverá atentar para o efeito secundum
eventum litis das decisões judiciais exaradas em
processos coletivos (art. 103, III e § 2º, da
Lei 8.078/1990). Ademais, seria irrelevante a
circunstância de ter havido recurso da
empregadora no processo coletivo, dado que outro
o ponto em relação ao qual foi suscitada a
ocorrência de coisa julgada.

3) Preliminares alusivas às condições da ação


Legitimidade ad causam (pontuação máxima: 0,5
ponto)
Quanto à legitimidade para provocar a jurisdição
a respeito de dano que seria inibido após a
resolução contratual, o candidato deverá
sustentar que a defesa abstrai da teoria da
asserção ao vincular a legitimidade, como
condição da ação, aos fundamentos de sua defesa,
quando em verdade deveria consultar os termos da
petição inicial.

4) Preliminares alusivas a exceções substanciais


a) Prescrição (pontuação máxima: 0,75 ponto)
I - O candidato não deverá pronunciar prescrição
de ofício, adotando-se aqui a orientação
jurisprudencial que tem predominado, inclusive
no âmbito do TST.
II - O candidato deverá observar fatos e datas
referidos na petição inicial ao apreciar a
preliminar relativa à prescrição, reservando a
uma etapa posterior da sentença a verificação da
veracidade desses fatos e datas.

III - Quanto à prescrição da pretensão


concernente ao uso da imagem em campanha
publicitária, o candidato deverá revelar-se
atento ao aspecto de a lesão ser continuada e,
portanto, não pode haver início de prazo
prescricional antes de surgir, ou ressurgir, a
pretensão correspondente.

IV - Quanto à prescrição da pretensão


concernente à captação da imagem do empregado no
ambiente de trabalho, o mesmo raciocínio: o
candidato deverá revelar-se atento ao aspecto de
a lesão ser continuada e, portanto, não pode
haver início de prazo prescricional antes de
surgir, ou ressurgir, a pretensão
correspondente.

V - Quanto à prescrição da pretensão atinente ao


acidente de trabalho (atípico), o candidato
deverá observar que, mesmo na hipótese de se
considerar a ciência inequívoca da morbidez
funcional como termo inicial da prescrição, tal
não se daria com os primeiros sintomas da
doença, sobretudo se o primeiro diagnóstico e a
primeira licença médica ocorreram em data que
dista menos de cinco anos da propositura da
ação.

b) Compensação (pontuação máxima: 0,5 ponto)


Quanto à compensação de valor pago pela empresa
em conformidade com termo de confissão de
dívida, o candidato deverá indeferi-la porque se
trata de compensação stricto sensu (art. 368 do
CC), o que implicaria a necessidade de a matéria
ser suscitada em contestação ou reconvenção,
estando preclusa quando trazida em razões finais
– verificar-se-á a aptidão do candidato para
diferenciar a compensação assim requerida da
hipótese distinta em que a reclamada informa o
pagamento de R$ 200,00 pelo uso da imagem, valor
que deverá ser abatido de eventual condenação a
igual título, porquanto se configura objeção, ou
seja, matéria a ser apreciada mesmo que a
reclamada não peça a dedução do valor
correspondente.

5) Análise do libelo em cotejo com as objeções


a) Quanto ao pedido de nulidade da dispensa por
justa causa em razão de integrar movimento de
paralisação contra utilização abusiva de imagens, o
candidato deverá ponderar os valores imanentes ao
direito fundamental de greve (referindo-se à
regularidade de seu exercício e à pontual
correlação com o direito da personalidade
concernente à imagem) com o direito de o empregador
dispensar o trabalhador. Deverá observar a
tendência da jurisprudência (inclusive no âmbito do
TST) de anular a dispensa que vulnera princípio
constitucional ou direito fundamental, mesmo quando
não se trata de garantia de emprego, e observar
enfim que, no caso, a despedida teve motivação
específica. Se o candidato rejeitar a pretensão
reintegratória, deverá apreciar o pedido alusivo à
pensão mensal e vitalícia, acolhendo-o com base no
art. 950 do Código Civil, observando as seguintes
diretrizes: a.1) registro de quais critérios
objetivos estão sendo considerados na fixação dos
valores; a.2) a eventual referência ao “princípio
da proporcionalidade” ou à “razoabilidade” impõe a
explicitação dos elementos objetivos aos quais se
está sendo “proporcional”, bem como quais elementos
objetivos demonstram a atenção à “razoabilidade”
(pontuação máxima: 1 ponto).

b) Quanto ao pedido de que a empregadora se


abstenha de difundir material publicitário com a
imagem do reclamante, o candidato deverá acolher a
pretensão com base no direito correspondente (art.
20 do CC), cominando a astreinte, com valor
devidamente fundamentado, e determinando que se a
execute, em favor do reclamante (salvo se referir a
Súmula 12 do TRT 20), independentemente do trânsito
em julgado, esclarecendo que a limitação do art.
12, § 2º, da Lei 7.347/1985 estaria superada pelos
princípios regentes do direito processual
contemporâneo (pontuação máxima: 1 ponto).

c) Quanto ao pedido de indenização por danos morais


e materiais decorrentes de uso da imagem em
campanha publicitária, o candidato deverá acolher a
pretensão com base nos artigos 5º, X, da CF e 20 do
CC, inclusive se posicionando sobre a simples
violação de direito da personalidade bastar à
reparação e atentando para o fato de a vantagem
econômica do ofensor bastar à configuração do dano
material. Deverá, ainda, observar as seguintes
diretrizes: a.1) registro de quais critérios
objetivos estão sendo considerados na fixação dos
valores; a.2) a eventual referência ao “princípio
da proporcionalidade” ou à “razoabilidade” impõe a
explicitação dos elementos objetivos aos quais se
está sendo “proporcional”, bem como quais elementos
objetivos demonstram a atenção à “razoabilidade”
(pontuação máxima: 1 ponto).

d) Quanto ao pedido de indenização por danos morais


em decorrência da captação da imagem no ambiente de
trabalho, o candidato deverá explicitar se
vulnerado o direito à privacidade e, de toda sorte,
confrontar a exposição do reclamante com o direito
da empregadora à preservação de seu patrimônio. O
candidato será avaliado segundo a densidade
jurídica de seus argumentos, observando-se: d.1) na
hipótese de não acolhimento do pedido, o candidato
deverá deixar claro que as imagens capturadas eram
de forma geral de todo o ambiente de trabalho e não
exclusivamente dos empregados, bem como que tanto a
“assiduidade” quanto a “execução diária” das
atividades do reclamante são aspectos relacionados
exclusivamente à execução do contrato de trabalho,
não implicando, portanto, violação à honra, à
privacidade ou à intimidade; d.2) na hipótese de
acolhimento da pretensão, o candidato deverá deixar
claro que a captura de imagens de todos os
empregados de uma equipe de trabalho não afasta a
violação à honra, à privacidade ou à intimidade de
cada um deles – com efeito, o fato de a conduta
violadora de direitos fundamentais dirigir-se
contra todos os integrantes de um grupo agrava a
sua antijuridicidade, em vez de atenuá-la
(pontuação máxima: 1 ponto).

e) Quanto ao pedido de danos morais decorrentes do


acidente de trabalho, o candidato deverá acolher a
pretensão porque comprovados os elementos
necessários à atribuição de responsabilidade e a
redução da capacidade de trabalho (como pressuposto
da necessidade de readaptação). Deverá, ainda,
observar as seguintes diretrizes: a.1) registro de
quais critérios objetivos estão sendo considerados
na fixação dos valores; a.2) a eventual referência
ao “princípio da proporcionalidade” ou à
“razoabilidade” impõe a explicitação dos elementos
objetivos aos quais se está sendo “proporcional”,
bem como quais elementos objetivos demonstram a
atenção à “razoabilidade” (pontuação máxima: 1
ponto).

f) Quanto ao pedido de “assistência judiciária


gratuita”, o candidato deverá acolhê-lo, com
fundamento no art. 790, § 3º, da CLT, mas atentando
para o fato de que o eventual não preenchimento dos
requisitos visando à concessão da assistência
judiciária prevista na Lei 5.584/1970 não impede o
deferimento do benefício da “justiça gratuita”
(pontuação máxima: 0,25 ponto).
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região
___________________________________________________________________________

Ação Trabalhista - Rito Ordinário

RTOrd 0001000-01.2012.5.01.0085
Volumes Documentos Apensos Volumes de Apensos
1/1 0 0 0
___________________________________________________________________________

85ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro

Relator:
Revisor:
Redator Designado:
______________________________________________________________
______________________________________________________________
Tramitação Preferencial:
______________________________________________
______________________________________________________________
Data de Autuação: 14/06/2012
Data de Distribuição\Redistribuição: 14/06/2012
Prevenção:
Corre-Junto:
______________________________________________________________

Partes:
Autor : Clara Negreiros de Assis
Advogado : Joanna Soares Serqueira, OAB/RJ RJ 321.000

Réu : Multiprestadora de Serviços Gerais Ltda.


Advogado :
Réu: Rio de Janeiro Construções e Incorporações Ltda.
Advogado:
Réu: João Claudinei dos Santos Silva Sobrinho
Advogado:

Dependência:

14/06/2012
EXMO. SR. DR. JUIZ DA ..... VARA DO TRABALHO DO RIO DE
JANEIRO

CLARA NEGREIROS DE ASSIS, brasileira, natural do Rio de


Janeiro, RJ, nascida em 13/08/1987, casada, portadora da CTPS 82200
s/142 RJ, do CPF nº 987.654.321-01, do doc. de identidade nº 012.345.678-
9, expedido pelo DETRAN/RJ, filha de Therezinha Negreiros de Assis,
residente na Rua Matriz de Camaragipe, 374, Bangu, Rio de Janeiro, RJ,
CEP 21.870-370, por sua advogada Joanna Soares Serqueira, inscrita na
OAB/RJ sob o nº 321.000, com escritório na Rua do Ouvidor, nº 91, sala
1521, Centro, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20.011-030, onde receberá
intimações, vem, respeitosamente, diante de V. Exa. propor a presente

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

com rito ordinário

em face de MULTIPRESTADORA DE SERVIÇOS GERAIS LTDA.,


CNPJ 12.345.678/0001-09, localizada à Rua Comandante Vergueiro da
Cruz, nº 226, Olaria, Rio de Janeiro, RJ, CEP 21.021-020, 1ª Reclamada,
RIO DE JANEIRO CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES LTDA.,
CNPJ 23.456.789/0001-01, localizada na Av. Presidente Vargas, nº 824, 30º
andar, Centro, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20.071-001, 2ª Reclamada, e
JOÃO CLAUDINEI DOS SANTOS SILVA SOBRINHO, brasileiro,
casado, empresário, portador da carteira de identidade 000000, inscrito no
CPF sob o nº 654.321.098-00, residente e domiciliado na Av. João Carlos
Machado, nº 435, cobertura 01, Barra da Tijuca, CEP 22.620-081, 3º
Reclamado, pelos fatos e fundamentos adiante expostos.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Afirma a trabalhadora, de acordo com o art. 4º da Lei nº 1060/50,


com redação introduzida pela Lei 7510/86, que não tem condições
financeiras para arcar com as custas judiciais e honorários advocatícios,
sem comprometer o sustento próprio e de sua família, razão pela qual faz
jus à gratuidade de justiça.
PRELIMINARMENTE

A Reclamante argui, nesta oportunidade, a inconstitucionalidade da


Lei nº 9.958, de 12/01/2000, nos termos da expressa dicção do art. 5º,
XXXV, da Constituição da República, que determina que o direito de ação
não pode sofrer limitações de qualquer natureza. Com efeito, as Comissões
de Conciliação Prévia, previstas na CLT, devem ser vistas como mera
opção do trabalhador, jamais como condição para o amplo exercício do
direito de ação, razão pela qual requer a declaração da
inconstitucionalidade da Lei nº 9.958/2000.

DOS FATOS

1) Da admissão, da dispensa, do cargo e do salário

A Rte. foi admitida como empregada no dia 04/03/2008, tendo sua


CTPS sido anotada nesta data, e foi demitida por iniciativa da 1ª Rda em
06/09/2010, por justa causa infundada, possuindo o cargo de Auxiliar de
Serviços Gerais, recebendo R$ 582,00 por mês.

2) Do período anterior ao registro na CTPS

Antes da sua admissão como empregada, trabalhou a Rte. três meses


como prestadora de serviços autônoma, sempre nas mesmas condições,
para as mesmas reclamadas, não existindo qualquer diferença entre a
prestação de serviços como autônoma e como empregada.

Com relação ao período anterior, recebeu a Rte. apenas 50% do


salário pactuado, sendo credora de R$ 291,00 mensais, por três meses.

Requer, portanto, o pagamento de R$ 873,00 a título de diferenças


salariais.

3) Da justa causa inexistente e da estabilidade da gestante

A 1ª Rda. informou à Rte. que sua demissão era por justa causa, a
pedido da 2ª Ré, através do 3º Réu, porque a Autora teria enviado para um
grupo de cinco clientes um email contendo uma foto pornográfica.

Preliminarmente sustenta a Rte. a ilegalidade da violação do seu


sigilo de correspondência, constitucionalmente garantido pelo inciso XII,
do art. 5º, já que as reclamadas tiveram acesso à fotografia que gerou a
justa causa ao acessar a caixa de enviados do seu email sem sua
autorização, sendo esta ilegalidade suficiente para afastar a justa causa.

Ainda que assim não fosse, a Rte. explicou ao gerente da 1ª Rda. que
na realidade o email foi enviado pelo marido da Rte., por equívoco, tendo
ele inclusive feito uma carta para a 1ª Ré isentando a Rte. de culpa.

Embora tudo tenha ficado esclarecido e a maior prejudicada tenha


sido a própria Rte., assim como, em segundo lugar, o seu marido, já que
algum dos clientes colocou a fotografia dos dois na internet, a 1ª Rda.
manteve a justa causa alegando que se não fizesse isto perderia o contrato
com a 2ª Ré.

A justa causa deve ser afastada e convertida em despedida sem justa


causa, considerando que a Autora não cometeu qualquer falta, muito menos
falta grave. A Rte. encontrava-se grávida quando foi demitida, fazendo jus
a estabilidade no emprego até seis meses após o parto, ou seja, até
03/11/2011, considerando-se que seu filho nasceu no dia 03/05/2011.

4) Do real horário de trabalho

A Rte . ultrapassava a jornada normal de trabalho, prestando serviços


para as Rdas. das 14:00 às 22:30 horas, de segunda-feira à sábado,
inclusive em todos os feriados legais ( municipais, estaduais e federais),
sempre com apenas 30 minutos de intervalo para refeição.

Impugna desde já os controles de frequência, por não traduzirem a


real jornada de trabalho.

5) Das verbas resilitórias

Convertida a despedida de justa causa para imotivada, são devidos:


aviso prévio indenizado; diferenças de 13º salário integral e proporcional;
diferenças de férias, inclusive proporcionais, todas acrescidas de 1/3;
diferenças de contribuições ordinárias para o FGTS; e pagamento da multa
indenizatória de 50% do FGTS;

6) Da insuficiência dos depósitos fundiários

A 1ª Rda. não realizou os depósitos referentes aos meses de


março/2008; setembro de 2008; outubro/2008; novembro/2008; 13º salário
de 2008; junho/2010; julho/2010; e agosto de 2010, conforme Extrato
Analítico da conta vinculada do FGTS em anexo.

7) Dos danos morais – justa causa inexistente, despedida quando se


encontrava grávida, descontos no pagamento de verbas, não entrega de
guias para habilitação no seguro desemprego

Ao despedir a Rte. quando esta encontrava-se grávida, praticou a 1ª


Rda. ato ilícito, provocando forte perturbação emocional na gestante, que
não sabia como iria se manter durante a gravidez e como iria manter a
subsistência do seu filho quanto ocorresse o nascimento. Teve que pedir
auxílio e empréstimos a familiares e estranhos. Some-se a isto o fato de ter
a 1ª Ré dado publicidade à despedida por justa causa, já que reuniu os
demais empregados da empresa para dizer que se algum outro trabalhador
enviar email contendo material pornográfico, terá o mesmo destino da Rte.
O nexo causal entre o ato ilícito e o dano moral incontroverso é evidente,
fazendo jus a Autora a uma indenização, decorrente do dano moral, no
valor de R$ 50.000,00.

Ao rescindir o contrato de trabalho, a 1ª Rda. não traditou as guias


para habilitação da Rte. no seguro desemprego, cabendo ressaltar a
natureza privilegiada, especial e alimentar que possuem os direitos
trabalhistas, destacando que o objetivo do benefício estatal do seguro
desemprego é justamente amparar o trabalhador e sua família, tendo em
vista que se vê desempregado e não pode deixar de prover o sustendo do
lar.

Face ao acima exposto, a Autora sofreu forte dano moral, eis que
necessitou contar com a ajuda financeira de amigos e parentes para
continuar alimentando a si própria e sua família, sendo levada a desespero,
vítima que foi de humilhações intoleráveis para qualquer ser humano.

Cristalina é a responsabilidade das Rdas. por todo o prejuízo moral


causado a Autora. Condenar as Rés apenas pelos demais direitos omitidos
à Rte. não traduz a justiça completa que esse Juízo pode atingir, tendo em
vista que houve danos morais que devem ser reparados.

Assim, pelo acima exposto, deve a Autora ser indenizada, além dos
R$ 50.000,00 já mencionados, pelos adicionais prejuízos sofridos, em
quantia equivalente a 50 salários mínimos ou, sucessivamente, outro valor
a ser arbitrado por V. Exa.

8) Da responsabilidade subsidiária da 2ª Reclamada

A 1ª Rda. contratou a Autora para prestar serviços em favor da 2ª


Rda. Sendo assim, a 2ª Ré deve ser condenada subsidiariamente a
responder pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte da 1ª
Rda., de acordo com o Enunciado 331-IV do TST.

Esclarece a Rte. que sempre prestou serviços nas dependências da 2ª


Rda.
9) Da responsabilidade solidária do 3º Reclamado com a 2 Ré

O 3º Reclamado é sócio majoritário e único administrador da 2ª Ré,


tomadora dos serviços da Reclamante. Nesta condição, é, de acordo com o
que dispõe o Código Civil de 2002, solidariamente responsável com a
sociedade empresária em decorrência dos excessos, desmandos e má gestão
temerária praticados.

10) Da reparação de danos materiais - honorários contratuais de advogado

A fim de ser reparado todo o prejuízo causado a Autora, requer a


condenação das Rdas. em honorários contratuais, à razão de 30% sobre o
valor da causa, respaldado no Enunciado 53, aprovado na 1ª Jornada de
Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho em 23/11/2007,
conforme abaixo transcrito:
“REPARAÇÃO DE DANOS – HONORÁRIOS CONTRATUAIS DE
ADVOGADO. Os artigos 389 e 404 do Código Civil autorizam o Juiz do
Trabalho a condenar o vencido em honorários contratuais de advogado, a fim
de assegurar ao vencedor a inteira reparação do dano.”

11) Dos honorários sucumbenciais

Considerando que a parte tem o livre arbítrio na escolha do


profissional que irá representá-la, não devendo estar necessariamente
atrelada ao sindicato da categoria, são devidos os honorários sucumbenciais
também nessa Justiça Especializada, conforme texto do Enunciado 79,
aprovado na 1ª Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do
Trabalho em 23/11/2007, conforme abaixo transcrito:
“HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS DEVIDOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO.
I – Honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho. As partes, em
reclamatória trabalhista e nas demais ações da competência da Justiça do
Trabalho, na forma da lei, têm direito a demandar em juízo através de
procurador de sua livre escolha, forte no princípio da isonomia (art. 5º, caput,
da Constituição da República Federativa do Brasil) sendo, em tal caso, devidos
os honorários de sucumbência, exceto quanto a parte sucumbente estiver ao
abrigo do benefício da justiça gratuita.”

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a V. Exa.:

a) considerando que a 1ª Rda., em julho de 2011, não conseguiu renovar


seu contrato de prestação de serviços com a 2ª Rda., demitindo em massa
os trabalhadores contratados para suprir as necessidades do contrato não
renovado, bem como que todos os trabalhadores permanecem até a presente
data sem receber o salário do mês de julho e verbas rescisórias,
apresentando a 1ª Rda. quadro provável de insolvência, o que é público e
notório, estando presentes os pressupostos de admissibilidade da tutela
antecipada, quais sejam, a verossimilhança das alegações e o fundado
receio de dano de difícil reparação, assim como os pressupostos da medida
liminar cautelar, a saber, periculum in mora e fumus boni iuris, vem a Rte.
a presença de V. Exa. requerer o bloqueio de faturas a serem repassadas da
2ª Rda. para a 1ª Rda, como medida a impedir o repasse dessas verbas sem
a quitação dos direitos trabalhistas, tudo no valor de R$ 200.000,00;

b) que lhe seja concedido o benefício da justiça gratuita;

c) pagamento das horas extraordinárias acrescidas de 50%, devendo ser


assim consideradas aquelas que ultrapassem a 8ª diária ou a 44ª semanal,
com reflexo nas verbas rescisórias, FGTS, todas as férias, acrescidas de
1/3, todos os 13º salários e no repouso semanal remunerado;

d) face à não concessão do intervalo mínimo para repouso e alimentação


previsto no art. 71 da CLT, pagamento do período correspondente com
acréscimo de 50%, conforme Enunciado 264 do TST, e o reflexo nas verbas
rescisórias, FGTS, todas as férias, acrescidas de 1/3, todos os 13º salários e
RSR;

e) pagamento em dobro de todos os feriados legais (municipais, estaduais e


federais) laborados, com o reflexo nas verbas rescisórias, FGTS, todas as
férias, acrescidas de 1/3, todos os 13ª salários e no repouso semanal
remunerado;

f) pagamento de indenização relativa ao período de estabilidade decorrente


da gravidez, desde sua despedida até 03/10/2011, considerando-se no
cálculo da remuneração mensal o reflexo de todas as demais verbas ora
postuladas;

g) pagamento de verbas resilitórias, a saber: aviso prévio indenizado;


diferenças de 13º salário integral e proporcional; diferenças de férias,
inclusive proporcionais, todas acrescidas de 1/3; diferenças de
contribuições ordinárias para o FGTS; e pagamento da multa indenizatória
de 50% do FGTS;

h) pagamento das diferenças nos depósitos de FGTS ainda não realizados,


em conta vinculada, sob pena de indenização substitutiva equivalente,
conforme causa de pedir;

i) indenização a título de danos morais no valor de R$ 50.000,00 ou,


sucessivamente, outro valor a ser arbitrado por V. Exa., conforme causa de
pedir;

j) indenização a título de danos morais à razão de 50 salários mínimos ou,


sucessivamente, outro valor a ser arbitrado por V. Exa., conforme causa de
pedir;

k) seja declarada a responsabilidade subsidiária da 2ª Rda., conforme


Enunciado 331 do TST;

l) pagamento da multa prevista no art. 477, da CLT, face ao não tempestivo


pagamento das verbas resilitórias;

m) pagamento da multa prevista no art. 467, da CLT, face ao não


pagamento dos valores incontroversos na primeira audiência;

n) seja declarada a responsabilidade solidária do 3º Rdo. com a 2ª Rda.,


relativamente às verbas trabalhistas devidas à Rte., conforme doutrina da
despersonalização da pessoa jurídica (disregard of legal entity);

o) condenação dos Rdos. em indenização por danos materiais equivalentes


aos honorários contratuais de advogado, à razão de 30% sobre o valor da
condenação, conforme contrato em anexo;

p) condenação dos Rdos. em custas processuais e honorários de


sucumbência à razão de 20%.

Protesta por todas as provas admitidas em Direito, especialmente


documental, testemunhal e depoimento pessoal das Rdas., nas pessoas dos
seus representantes legais.

Dá-se à causa o valor de R$ 25.000 (vinte e cinco mil reais).

Termos em que pede deferimento.

Rio de Janeiro, 14 de junho de 2012

JOANNA SOARES SERQUEIRA

OAB/RJ 321.000

PETIÇÃO ASSINADA DIGITALMENTE


]
CONTRATO DE CONSTITUIÇÃO DE MULTIPRESTADORA DE SERVIÇOS
GERAIS LTDA.

1. Fábio Frederico Henriques, brasileiro, natural de Mamanguape, PB, casa-


do pelo regime da separação total de bens, empresário, carteira de identi-
dade 2.062.073-5 (Detran RJ), CPF nº 004.626.672-04, residente na Rua
Visconde de Pirajá, 359/1001, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, CEP 22.420-
000, e

2. Helena Teodoro Henriques, brasileira, natural de Salgueiro, PE, casada


pelo regime da separação total de bens, contadora, carteira de identidade
2.324.567-6 (Detran RJ), CPF nº 897.379.3883-98, residente na Rua Vis-
conde de Pirajá, 359/1001, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, CEP 22.420-000,
constituem uma sociedade limitada mediante as seguintes cláusulas:

1ª - A sociedade girará sob o nome empresarial de “MULTIPRESTADORA DE


SERVIÇOS GERAIS LTDA.” e terá sede e domicílio na Rua Comandante
Vergueiro da Cruz, nº 226, Olaria, Rio de Janeiro, RJ, CEP 21.021-020.

2ª - Seu objeto social será a prestação de serviços gerais de limpeza e copa,


bem como a prestação de serviços gerais auxiliares de escritório, bem co-
mo qualquer outro serviço para o qual não seja exigido legalmente profissi-
onal com habilitação específica.

3ª - O capital social será de R$ 5.000,00 (cinco reais), dividido em 5000 (cinco


mil) quotas de valor nominal de R$ 1,00 (um real), cada uma, subscritas, e
integralizadas, neste ato, em moeda corrente do País, pelos sócios:

Fábio Frederico Henriques, com 4.999 quotas, no valor de R$ 4.999,00; e


Helena Teodoro Henriques, com 1 quota, no valor de R$ 1,00.

Total ..........................................5.000 quotas, no valor de R$ 5.000,00.

4ª - A responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas


todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

5ª - As quotas são indivisíveis e não poderão ser cedidas ou transferidas a


terceiros sem o consentimento do outro sócio, a quem fica assegurado, em
igualdade de condições e preço, o direito de preferência para sua aquisição se
postas à venda, formalizando, se realizada a cessão delas, a alteração
contratual pertinente.

6ª - A sociedade iniciará suas atividades em 01/01/2004 e seu prazo de


duração é por tempo indeterminado.

7ª - A administração da sociedade caberá indistintamente a qualquer dos


sócios, podendo os sócios assinar na forma isoladamente ou em conjunto
autorizado o uso do nome empresarial, vedado, no entanto, em atividades
estranhas ao interesse social ou assumir obrigações seja em favor de qualquer
dos quotistas ou de terceiros, bem como onerar ou alienar bens imóveis da
sociedade, sem autorização do outro sócio.

8ª - Ao término da cada exercício social, em 31 de dezembro, os


administradores prestarão contas justificadas de sua administração,
procedendo à elaboração do inventário, do balanço patrimonial e do balanço de
resultado econômico, cabendo aos sócios, na proporção de suas quotas, os
lucros ou perdas apurados.

9ª - A sociedade poderá levantar balanços ou balancetes patrimoniais em


períodos inferiores a um ano, e o lucro apurado nessas demonstrações
intermediarias, poderão ser distribuídos mensalmente aos sócios cotistas, a
título de Antecipação de Lucros, proporcionalmente às cotas de capital de cada
um.

10 - Fica eleito o foro do Rio de Janeiro, RJ, para o exercício e o cumprimento


dos direitos e obrigações resultantes deste contrato.

11 - Os Administradores declaram, sob as penas da Lei, de que não estão


impedidos de exercer a administração da sociedade, por lei especial, ou em
virtude de condenação criminal, ou por se encontrarem sob os efeitos dela, a
pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por
crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, ou
contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra normas
de defesa de concorrência, contra as relações de consumo, fé pública, ou a
propriedade.

E por estarem assim justos e contratados, assinam o presente instrumento em


três vias, na presença de duas testemunhas.

Rio de Janeiro, 03 de outubro de 2003

Fábio Frederico Henriques, Helena Teodoro Henriques,


CI nº 2.062.073-5 (Detran RJ) CI nº 2.324.567-6 (Detran RJ)
CPF nº 004.626.672-04 CPF nº 897.379.3883-98

Testemunhas:

José da Silva – CI nº 3.234.233-5 Maria das Dores – CI nº 4.789.554-2

Visto do Advogado

Dr. FRANCISCO PULCHERIO


OAB/RJ 254.037,
EXMO. SR. JUIZ DA 85ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE
JANEIRO – RJ

PROCESSO 00000001000-01-2012.5.01.0085

MULTIPRESTADORA DE SERVIÇOS GERAIS, CNPJ


12.345.678/0001-09, com endereço na Rua Comandante
Vergueiro da Cruz, nº 226, Olaria, Rio de Janeiro,
RJ, CEP 21.021-020, o que requer seja observado,
nos autos da ação movida por CLARA NEGREIROS DE
ASSIS, vem, por seu advogado, apresentar contesta-
ção, nos seguintes termos:

Primeiramente, sob pena de nulidade, requer que as


futuras notificações postais ou publicações no DO
sejam feitas em nome do advogado Dr. FRANCISCO
PULCHERIO, OAB/RJ 254.037, com endereço na Av. Ni-
lo Peçanha, nº 50, grupo 2501, Centro, Rio de Ja-
neiro , RJ, CEP 20.020-916.

DOS FATOS
1 – A reclamante foi admitida em 04.03.2008, na
função de auxiliar de serviços gerais, com último
salário de R$ 582,00.

2 – Foi dispensada por justa causa em 06 de setem-


bro de 2010, com base no que dispõe o art. 482,
alíneas b e h, da CLT, porque, como é incontrover-
so e reconhecido pela Autora, ela enviou email pa-
ra cinco clientes da empresa, contendo uma foto
pornográfica.
A 1ª rda, alertada por um dos clientes, fez uma
inspeção na caixa de e-mails enviados da conta da
reclamante e efetivamente verificou, no dia
05.09.2010, a existência do envio de email com uma
fotografia da própria reclamante mantendo relações
sexuais.

Sendo proibida a utilização do email corporativo


(clara.assis@multiprestadoradeserviçosgerais.com.b
r) para envio de mensagens particulares, princi-
palmente com cunho pornográfico, foi a rte. despe-
dida por incontinência de conduta ou mau procedi-
mento, bem como por indisciplina e insubordinação.

Nenhuma nulidade houve na justa causa, que foi


imediata.

3 – As verbas rescisórias devidas foram pagas,


tempestivamente, deduzindo-se os descontos legais,
mediante depósito na conta salário da reclamante,
no valor de R$ 883,08, conforme o documento em
anexo.
As verbas rescisórias foram pagas considerando a
maior remuneração da reclamante, com a integração
das horas extras.

4 – O FGTS foi integralmente recolhido, conforme


os anexos contracheques, sendo que a multa de 40%
sobre o FGTS é indevida na despedida por justa
causa.

5 – A reclamante laborou no horário de 13:40h às


22:00h, na escala de 6 x 1, com intervalo de uma
hora para refeição e descanso.
Trabalhou ainda em escala de 12x36, das 07:00 às
19:00h, conforme autoriza a convenção coletiva.
Caso haja impugnação pela reclamante, a 1ª rda po-
derá juntá-la.

Se porventura trabalhou em horas extras ou em fe-


riados, mas jamais na quantidade indicada na ini-
cial, o que fica impugnado, a reclamante compensou
corretamente, conforme acordo de compensação de
horário de trabalho, ou recebeu o respectivo paga-
mento acrescido do adicional correspondente.

A reclamante sempre teve folga semanal.


Chama a atenção de V. Exa. que os cartões de ponto
estão corretos.

As horas extras e o adicional noturno quando habi-


tuais refletiram corretamente nas parcelas traba-
lhistas cabíveis.

A autora esteve afastada pelo INSS de 15.08.2008 a


31.08.2008, o que requer seja observado.
A própria autora diz que era mensalista. Logo, já
recebia o rsr embutido em seu salário sobre o qual
é calculada a hora extra.

6 – Os 13ºs salários e as férias pagas sofreram o


devido reflexo das horas extras e adicional notur-
no.

O FGTS foi recolhido com o reflexo das horas ex-


tras e adicional noturno, quando houve.

7 – O pedido para pagamento da multa prevista no


art. 467, da CLT, é inepto, por não apresentar
causa de pedir. Deve ser indeferida a petição ini-
cial quanto a ele, com a consequente extinção do
processo sem resolução do mérito.

8 – O pedido para pagamento da multa prevista no


art. 477, da CLT, também é inepto, porque não
apresenta causa de pedir, com a consequente extin-
ção do processo sem resolução do mérito. Deve ser
indeferida a petição inicial quanto a ele. Se ul-
trapassada a preliminar, improcede a multa do ar-
tigo 477 da CLT ante a tempestividade do pagamento
das verbas rescisórias.

9 – Indevidos os honorários advocatícios, por não


preenchidos os requisitos da lei 5584/70.

10 – Improcedem os pedidos de danos morais, porque


a reclamada jamais ofendeu a honra da reclamante,
muito menos lhe causou qualquer dano moral ou ma-
terial.
Fica impugnado o valor atribuído posto que foge
dos limites razoáveis, além do que o pedido é im-
procedente.

11 – Ficam impugnados os valores atribuídos aos


pedidos da petição inicial, posto que a reclamante
majorou o salário, base de cálculo para os pedi-
dos, bem como não deduziu os dias efetivamente
trabalhados, calculando as horas extras de forma
aleatória.

12 – Requer a reclamada a aplicação dos artigos 43


e 44 da Lei 8.212/91, autorizando-se a retenção
das contribuições previdenciárias incidentes sobre
as verbas eventualmente deferidas.

13 – Não há amparo legal para o pedido de indeni-


zação por honorários contratuais, até porque não
há prova de que a reclamante tenha contratado ho-
norários com o seu advogado.

14 – Requer também a aplicação do Provimento 1/93


da Corregedoria da Justiça do Trabalho, autorizan-
do-se a retenção do Imposto de Renda sobre as ver-
bas eventualmente deferidas.

15 – Admitindo-se, apenas por amor ao debate, que


porventura a reclamada seja condenada ao pagamento
das verbas acima contestadas, requer a compensação
dos valores já pagos.
16 – Pelo exposto, protestando pela produção de
provas testemunhal, documental e pelo depoimento
pessoal da reclamante, sob pena de confesso,
aguarda a reclamada pela improcedência dos pedi-
dos.

P. deferimento.

Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 2012

Dr. FRANCISCO PULCHERIO

OAB/RJ 254.037

PETIÇÃO ASSINADA DIGITALMENTE


CONTRATO DE CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
RIO DE JANEIRO CONTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES LTDA.

João Claudinei dos Santos Silva Sobrinho, brasileiro, nascido no Rio de


Janeiro, RJ, casado, engenheiro civil, CREA/RJ 54.037-D, inscrito no
CPF/MF sob o número 524.883.137-35, residente e domiciliado na Av.
João Carlos Machado, nº 435, cobertura 01, Barra da Tijuca, CEP 22.620-
081, e Adriana Dinun de Oliveira, brasileira, nascida em São Paulo, SP,
casada, arquiteta, CAU/RJ 98.765, inscrita no CPF/MF sob o número
123.567.234-45, residente e domiciliado na Av. João Carlos Machado, nº
435, cobertura 01, Barra da Tijuca, CEP 22.620-081CEP 20091-060; tem
entre si justo e acordado a constituição de uma sociedade limitada, que se
regerá pelas seguintes cláusulas:
1ª A sociedade girará sob a denominação social de “RIO DE
JANEIRO CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES LTDA.”, e terá sede
na cidade do Rio de Janeiro/RJ, na Avenida Presidente Vargas nº 327,
Centro, CEP 20091-060.
2ª O capital social será R$ 10.000,00 (dez mil reais), dividido em
1000 quotas de valor nominal R$ 10,00 (dez reais) cada, totalmente
integralizado, neste ato em moeda corrente do País, pelos sócios:
Marcelo Miranda de Oliveira
nº de quotas: 999 (novecentas e noventa e nove); valor:R$ 9.990,00.
Adriana Dinun de Oliveira
nº de quotas: 01 (uma); valor: R$ 10,00.
3ª O objeto será o projeto de arquitetura, a construção civil e
incorporação de imóveis próprios ou de terceiros.
4ª A sociedade iniciará suas atividades em 01/03/2003 e seu
prazo de duração é indeterminado.
5ª As quotas são indivisíveis e não poderão ser cedidas ou
transferidas a terceiros sem o consentimento do outro sócio, a quem fica
assegurado, em igualdade de condições e preço direito de preferência para
a sua aquisição se postas à venda, formalizando, se realizada a cessão delas,
a alteração contratual pertinente.
6ª A responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas
quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital
social, nas futuros aumentos.
7ª A administração da sociedade caberá indistintamente a
qualquer dos sócios, autorizado o uso do nome empresarial, vedado, no
entanto, em atividades estranhas ao interesse social ou assumir obrigações
seja em favor de qualquer dos quotistas ou de terceiros, bem como onerar
ou alienar bens imóveis da sociedade, sem autorização do outro sócio.
8ª Ao término da cada exercício social, em 31 de dezembro, os
administradores prestarão contas justificadas de sua administração,
procedendo à elaboração do inventário, do balanço patrimonial e do
balanço de resultado econômico, cabendo aos sócios, na proporção de suas
quotas, os lucros ou perdas apurados.
9ª Nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, os
sócios deliberarão sobre as contas.
10 A sociedade poderá a qualquer tempo, abrir ou fechar filial ou
outra dependência, mediante alteração contratual assinada por todos os
sócios.
11 Os sócios poderão, de comum acordo, fixar uma retirada
mensal, a título de “pro labore”, observadas as disposições regulamentares
pertinentes.
12 Falecendo ou interditado qualquer sócio, a sociedade
continuará suas atividades com os herdeiros, sucessores e o incapaz. Não
sendo possível ou inexistindo interesse destes ou do(s) sócio(s)
remanescente(s), o valor de seus haveres será apurado e liquidado com base
na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em
balanço especialmente levantado.
Parágrafo único - O mesmo procedimento será adotado em outros casos em
que a sociedade se resolva em relação a seu sócio.
13 O(s) Administrador(es) declara(m), sob as penas da lei, de que
não está(ão) impedidos de exercer a administração da sociedade, por lei
especial, ou em virtude de condenação criminal, ou por se encontrar(em)
sob os efeitos dela, a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a
cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou
suborno, concussão, peculato, ou contra a economia popular, contra o
sistema financeiro nacional, contra normas de defesa da concorrência,
contra as relações de consumo, fé pública, ou a propriedade.
14 Fica eleito o foro do Rio de Janeiro, RJ, para o exercício e o
cumprimento dos direitos e obrigações resultantes deste contrato.
E por estarem assim justos e contratados assinam o presente instrumento
em 4 (quatro) vias.
Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2003.

João Claudinei dos Santos Silva Sobrinho


CREA/RJ 54.037-D, CPF/MF 524.883.137-35

Adriana Dinun de Oliveira


CAU/RJ 98.765, CPF/MF 123.567.234-45

Testemunhas:
_________________________________
João Lira – CI nº 4.494.039-9, Detran RJ
_________________________________
Manuel Bragança – CI n° 8.383.833-9, Detran RJ

Visto.
Dr. José Joaquim Tavares
OAB/RJ 263.037
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DA 85ª VARA DO TRABALHO DO RIO
DE JANEIRO

Ref.: Processo nº 0001000-01-2012-5.01.0085

RIO DE JANEIRO CONTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES


LTDA., sociedade por cotas de responsabilidade limitada, com sede na
cidade do Rio de Janeiro/RJ, na Avenida Presidente Vargas nº 327, Cen-
tro, CEP 20091-060, inscrita no CNPJ sob o nº 02.749.947/0001-09,
por seu advogado que a este subscreve, com escritório situado na Rua
da Assembléia 77, 40º andar, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP 20.011-
001, onde recebe intimações e notificações em nome do advogado Dr.
JOSÉ JOAQUIM TAVARES, OAB/RJ 263.037, com escritório na Rua da
Assembléia, 69, 22º andar, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP 20.011-001,
vem, nos autos da Reclamação Trabalhista em epígrafe proposta por
CLARA NEGREIROS DE ASSIS, que move contra si, como 2ª Reclamada,
apresentar sua

CONTESTAÇÃO

pelos fatos e fundamentos a seguir expostos, que demonstrarão a total


improcedência dos pedidos formulados na presente demanda.

I – DA INDEVIDA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Indevida a gratuidade de justiça requerida pela reclamante, já


que seu marido percebe mais de R$ 2.000,00 mensais, muito acima
portanto dos 2 salários mínimos previstos no Lei 5.584/70 para o de-
ferimento.

Ainda que assim não fosse, não cuidou a reclamante de fazer ela
própria declaração, sob as penas da lei, de que não poderia litigar sem
prejuízo do próprio sustento, exigência legal que, inobservada, torna
sem amparo legal o deferimento.

Requer o indeferimento da justiça gratuita.


II – DA INÉPCIA

Não apresenta a reclamante qualquer causa de pedir para o pe-


dido de responsabilização subsidiária da 2ª ré, apenas mencionando o
inexistente “Enunciado 331-IV” do Colendo TST.

Como é de curial sabença, há muito inexistem “Enunciados” na


Justiça do Trabalho. Caso estivesse querendo a reclamante fazer refe-
rência às súmulas da jurisprudência, melhor sorte não lhe assistiria. É
que as súmulas apenas consagram jurisprudência uniformizada e não
se prestam para substituir causa de pedir, que deve ser existente e cla-
ra, sob pena de subtrair a possibilidade constitucionalmente assegura-
da de ampla defesa e contraditório.

Requer o indeferimento da petição inicial e a extinção do proces-


so sem resolução do mérito, com relação à 2ª reclamada, face à inépcia.

II – DA ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM

Não tendo a reclamante apresentado causa de pedir para o pedi-


do de responsabilidade subsidiária da 2ª reclamada, ainda que possa,
por absurdo, ser a preliminar de inépcia superada, o feito encontra
óbice intransponível na consequente ilegitimidade passiva ad causam,
como vem decidindo os pretórios brasileiros, já que a 2ª ré não admitiu
a reclamante, não a assalariou e não dirigiu sua prestação de serviços.
Não se pode imputar à 2ª defendente a posição de empregadora da re-
clamante, o que sequer é pleiteado, e, inexistindo norma legal que lhe
atribua a responsabilidade de arcar com o ônus decorrente da aplica-
ção da legislação do trabalho em face da relação mantida pela autora
com a 1ª ré, conclusão inarredável é a de que a 2ª defendente não pode
ser tida como devedora de quaisquer das parcelas pretendida na inici-
al.

Requer a 2ª ré, portanto, sua exclusão da lide.

III – DO MÉRITO

Ultrapassadas as preliminares suso arguidas, o que se admite


apenas para argumentar, impugna a ora defendente, por cautela, o mé-
rito da causa, que, ao final, deverá ser julgada totalmente improceden-
te, ante os fatos e fundamentos a seguir elencados.
Registre-se, desde logo, a incorporação, aqui, das razões acima
expostas, ficando todas ratificadas.

A 2ª Reclamada não é, nem nunca foi, empregadora da reclaman-


te. Apenas firmou contrato de prestação de serviços com a 1ª recla-
mada, para atuação em serviços gerais, portanto atividade meio e não
atividade fim, dentro do qual a reclamante foi alocada para trabalhar,
sempre por indicação, orientação, direção, fiscalização e controle da 1ª
ré. Trabalhava recebendo correspondência eletrônica destinada à 2ª
ré e encaminhando-a ao setor competente.

Outrossim, não se pode impor à defendente a pretendida respon-


sabilidade subsidiária pelos alegados débitos trabalhistas da 1ª ré em
favor da reclamante, pois inexiste norma legal que atribua algum tipo
de responsabilidade a quem não tem qualquer culpa pelos eventuais
inadimplementos.

É de se ressaltar, inclusive, que a questão de fundo na presente


ação diz respeito à existência de justa causa questionada pela recla-
mante, a respeito da qual não poderia ser atribuída à 2ª reclamada
qualquer espécie de culpa. Exatamente por isto não foi apresentada
esta razão como causa de pedir.

Quanto à Súmula 331, do Colendo TST, que, repita-se, não foi


mencionada e se tivesse sido não serve para substituir causa de pedir,
consubstancia hipótese diversa da lide em julgamento.

Face ao exposto, se ultrapassadas as preliminares, deve o pedido


de responsabilização subsidiária da 2ª ré ser julgado improcedente.

Por cautela, requer a 2ª reclamada a observância do princípio de


benefício de ordem, para que não seja chamada a suportar eventual
inadimplência antes da responsabilização dos sócios da 1ª ré, já que
eventual execução deverá ser sempre realizada da forma menos gravo-
sa para o devedor.

Em qualquer hipótese, somente poderá ser responsabilizada,


ainda que subsidiariamente, pelo período de prestação de serviços da
reclamante, o que exclui as verbas resilitórias, multa prevista no art.
477, da CLT e multa prevista no art. 467, da CLT.
IV – DOS HONORÁRIOS DE ADVOGADOS

Improcedem os pedidos para pagamento de honorários advoca-


tícios, por violar o artigo 14, parágrafo 1º, da Lei 5.584/70, uma vez
que a reclamante não está assistida por seu sindicato de classe.

Nesse sentido, a Súmula 219 do C. TST é de clareza solar e esta-


belece que a condenação ao pagamento de honorários advocatícios na
Justiça do Trabalho depende de dois requisitos, quais sejam, a assis-
tência pelo sindicato da categoria profissional e a comprovação da per-
cepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo.

Logo, por qualquer prisma ou rótulo que se examine a questão,


devem ser julgados improcedentes os pedidos para pagamento ou res-
sarcimento de honorários advocatícios.

V – CONCLUSÃO

Por todo o exposto, uma vez demonstrada a total incompatibili-


dade entre a demanda proposta e o direito vigente em nosso ordena-
mento jurídico pátrio, requer a defendente:

a) O acolhimento das preliminares arguidas e a consequente ex-


tinção do processo sem resolução do mérito em face da 2ª re-
clamada;
b) A total improcedência dos pedidos da presente ação em face
da ora defendente, com o posterior arquivamento e baixa do
processo nos registros de distribuição.
Protesta pela produção de provas documental, testemunhal, de-
poimento pessoal da reclamante, sob pena de confissão, requerendo,
ao final, a sua absolvição de qualquer condenação.

Termos em que,

Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2012

Dr. JOSÉ JOAQUIM TAVARES Dra. GETRUDES MAGNA

OAB/RJ 263.037 OAB/RJ 316.210


PETIÇÃO ASSINADA DIGITALMENTE
EXMO. SR. DR. JUIZ DA 83ª VARA DO TRABALHO/RJ

Processo nº 00001000-01.2012.05.01.85

JOÃO CLAUDINEI DOS SANTOS SILVA SOBRI-


NHO, brasileiro, empresário, carteira de identidade nº
4.678.543, IFP/RJ, inscrito no CPF/MF sob o nº
003.567.901-23, residente e domiciliado a Av. João Carlos
Machado, nº 435, cobertura 01, Barra da Tijuca, CEP
22.620-081, vem, por sua procuradora infra-firmada, cons-
tituídos conforme instrumento de procuração em anexo,
com base no artigo 487 da CLT, apresentar sua CONTES-
TAÇÃO à pretensão autoral, mediante os suportes fáticos e
legais que doravante passa a expor.

PRELIMINAR PELA NÃO SUBMISSÃO À CCP

Qualquer demanda de natureza trabalhista será


submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na locali-
dade da prestação de serviços, houver sido instituída a
Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da catego-
ria, conforme dispõe o art.625-D, da CLT.

Na espécie, é incontroversa a existência da CCP e


não tendo a reclamante submetido a sua demanda com re-
lação ao 3º réu, deve o feito com relação a ele ser extinto
sem o julgamento do mérito, o que ora se requer.
DA IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA

A reclamante dá à causa o irreal valor de R$


25.000,00, sendo que somente um dos pedidos, que é lí-
quido, tem o valor de R$ 50.000,00, sem considerar os
demais.

V. Exa. deverá arbitrar valor condizente que os


pedidos, para que, sendo improcedentes, como deverão
ser, pague a reclamante as custas devidas pela movimen-
tação da máquina judiciária para uma aventura.

DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO E


DA ILEGITIMIDADE PASSIVA PARA A CAUSA

Está legitimado passivamente para a causa aque-


le em face de quem se sustenta uma obrigação decorrente
de direito material, com previsão legal.

No caso em litígio, postula a reclamante a res-


ponsabilidade solidária do 3º réu apenas porque ele é sócio
da 2ª ré. Ora, a solidariedade não se presume, decorre da
lei ou da vontade das partes (contrato), conforme disposto
no Código Civil. Inexistindo qualquer norma legal que im-
ponha responsabilidade ao sócio de uma sociedade ipso
facto, bem como não tendo o 3º reclamado se obrigado por
contrato a ser responsável solidário, o pedido é juridica-
mente impossível e, concomitantemente, o 3º réu é parte
ilegítima para a causa.

Em consequência, requer o 3º reclamado o inde-


ferimento da inicial, com a consequente extinção do pro-
cesso sem julgamento do mérito (CPC, art. 267, inc. I c/c
295, inciso i).

DO MÉRITO

Prossegue o 3º réu, adentrando o mérito em ra-


zão do princípio da eventualidade.

Embora seja efetivamente o 3º reclamado sócio


majoritário e administrador da 2ª reclamada, não é o único
administrador, conforme se verifica pelo contrato social.
A reclamante genericamente alega que o 3º re-
clamado administrou a sociedade com “excessos, desman-
dos e má gestão temerária”. Alega, mas não prova nem
excesso, nem desmando, nem “má gestão temerária” (figu-
ra, de resto, inexistente no nosso ordenamento jurídico,
cunhada e conhecida apenas pela autora).

Pede vênia o 3º réu para repetir que a solidarie-


dade não se presume, decorre da lei ou da vontade das
partes (contrato), conforme disposto no artigo 265, do Có-
digo Civil em vigor.

Inexistindo qualquer norma legal que imponha


responsabilidade ao sócio de uma sociedade ipso facto, já
que nenhum “excesso, desmando ou má gestão temerária”
houve, nem foi comprovado, assim como não tendo o 3º
reclamado se obrigado por contrato a ser responsável soli-
dário, o pedido deve ser julgado improcedente.

Nestes termos, pede deferimento.

Rio de Janeiro, 6 de dezembro 2012

Dra. Cândida Melchíades de Oliveira

OAB/RJ 267.890
Av. Rio Branco, nº 181, sala 3101,

Centro, Rio de Janeiro, RJ

CEP 20.040-007

PETIÇÃO ASSINADA DIGITALMENTE


S E N T E N ÇA
1. Relatório
CLARA NEGREIROS DE ASSIS, qualificada na petição inicial, ajuizou a
presente reclamação trabalhista em face de MULTIPRESTADORA DE SERVIÇOS
GERAIS LTDA., 1ª reclamada, RIO DE JANEIRO CONSTRUÇÕES E
INCORPORAÇÕES LTDA., 2ª reclamada, e JOÃO CLAUDINEI DOS SANTOS SILVA
SOBRINHO, 3º reclamado.

Postula a reclamante o bloqueio de faturas a serem repassadas da 2ª


reclamada para a 1ª reclamada, como medida a impedir o repasse dessas verbas sem a
quitação dos direitos trabalhistas, no valor de R$ 200.000,00, alegando que a 2ª ré
demitiu em massa os trabalhadores contratados para suprir as necessidades do contrato
não renovado com a 1ª ré, bem como que todos os trabalhadores permaneciam, até
data do ajuizamento desta ação, sem receber o salário do mês de julho e verbas
rescisórias, apresentando a 1ª reclamada “quadro provável de insolvência, o que é
público e notório”. Requer o benefício da justiça gratuita. Postula, ainda, o pagamento:
(c) das horas extraordinárias acrescidas de 50%, devendo ser assim consideradas
aquelas que ultrapassem a 8ª diária ou a 44ª semanal, com reflexo nas verbas
rescisórias, FGTS, todas as férias, acrescidas de 1/3, todos os 13º salários e no repouso
semanal remunerado; (d) do período correspondente à não concessão do intervalo
mínimo para repouso e alimentação previsto no art. 71 da CLT, com acréscimo de 50%,
e o reflexo nas verbas rescisórias, FGTS, todas as férias, acrescidas de 1/3, todos os
13º salários e RSR; (e) em dobro de todos os feriados legais (municipais, estaduais e
federais) laborados, com o reflexo nas verbas rescisórias, FGTS, todas as férias,
acrescidas de 1/3, todos os 13ª salários e no repouso semanal remunerado; (f) de
indenização relativa ao período de estabilidade decorrente da gravidez, desde sua
despedida até 03/10/2011, considerando-se no cálculo da remuneração mensal o reflexo
de todas as demais verbas ora postuladas; (g) de verbas resilitórias, a saber: aviso
prévio indenizado; diferenças de 13º salário integral e proporcional; diferenças de férias,
inclusive proporcionais, todas acrescidas de 1/3; diferenças de contribuições ordinárias
para o FGTS; e pagamento da multa indenizatória de 50% do FGTS; (h) das diferenças
nos depósitos de FGTS ainda não realizados, em conta vinculada, sob pena de
indenização substitutiva equivalente, conforme causa de pedir; (i) de indenização a título
de danos morais no valor de R$ 50.000,00 ou, sucessivamente, outro valor a ser
arbitrado por este Juízo, conforme causa de pedir; (j) de indenização a título de danos
morais à razão de 50 salários mínimos ou, sucessivamente, outro valor a ser arbitrado
por este Juízo, conforme causa de pedir; (k) seja declarada a responsabilidade
subsidiária da 2ª reclamada, “conforme Enunciado 331 do TST”; (l) pagamento da multa
prevista no art. 477, da CLT, face ao não tempestivo pagamento das verbas resilitórias;
(m) pagamento da multa prevista no art. 467, da CLT, face ao não pagamento dos
valores incontroversos na primeira audiência; (n) seja declarada a responsabilidade
solidária do 3º réu com a 2ª ré, relativamente às verbas trabalhistas devidas à
reclamante, “conforme doutrina da despersonalização da pessoa jurídica (disregard of
legal entity)”; (o) condenação dos reclamados em indenização por danos materiais
equivalentes aos honorários contratuais de advogado, à razão de 30% sobre o valor da
condenação, conforme contrato em anexo; (p) condenação dos reclamados em custas
processuais e honorários de sucumbência à razão de 20%.
Apresenta, como causa de pedir: que não tem condições financeiras para
arcar com as custas judiciais e honorários advocatícios, sem comprometer o sustento
próprio e de sua família, razão pela qual faz jus à gratuidade de justiça; argui a
inconstitucionalidade da Lei nº 9.958, de 12/01/2000, por ofensa ao art. 5º, XXXV, da
CRFB, que determina que o direito de ação não pode sofrer limitações de qualquer
natureza. Sustenta que as CCP devem ser vistas como mera opção do trabalhador,
jamais como condição para o amplo exercício do direito de ação, razão pela qual requer
a declaração da inconstitucionalidade da Lei nº 9.958/2000; diz ter sido admitida como
empregada no dia 04/03/2008, tendo sua CTPS sido anotada nesta data, e que foi
demitida por iniciativa da 1ª ré em 06/09/2010, por justa causa infundada, possuindo o
cargo de Auxiliar de Serviços Gerais, recebendo R$ 582,00 por mês; que antes da sua
admissão como empregada, trabalhou por três meses como prestadora de serviços
autônoma, sempre nas mesmas condições, para as mesmas reclamadas, não existindo
qualquer diferença entre a prestação de serviços como autônoma e como empregada,
somente tendo recebido, com relação ao período anterior, 50% do salário pactuado,
sendo credora de R$ 291,00 mensais, por três meses. Requer, portanto, o pagamento
de R$ 873,00 a título de diferenças salariais.

Alega que a 1ª reclamada lhe informou que sua demissão era por justa
causa, a pedido da 2ª ré, através do 3º réu, porque ela teria enviado para um grupo de
cinco clientes um email contendo uma foto pornográfica. Preliminarmente sustenta a
ilegalidade da violação do seu sigilo de correspondência, constitucionalmente garantido
pelo inciso XII, do art. 5º, já que as reclamadas tiveram acesso à fotografia que gerou a
justa causa ao acessar a caixa de enviados do seu email sem sua autorização, sendo
esta ilegalidade suficiente para afastar a justa causa. Ainda que assim não fosse, a
reclamante explicou ao gerente da 1ª reclamada que na realidade o email foi enviado
pelo marido da reclamante, por equívoco, tendo ele inclusive feito uma carta para a 1ª
reclamada isentando a reclamante de culpa. Aduz que embora tudo tenha ficado
esclarecido, a 1ª reclamada manteve a justa causa alegando que se não fizesse isto
perderia o contrato com a 2ª Ré. Entende que a justa causa deve ser afastada e
convertida em despedida sem justa causa, considerando que não cometeu qualquer
falta, muito menos falta grave. A reclamante sustenta que encontrava-se grávida
quando foi demitida, entendendo fazer jus a estabilidade no emprego até seis meses
após o parto, ou seja, até 03/11/2011, considerando-se que seu filho nasceu no dia
03/05/2011.

Acrescenta que ultrapassava a jornada normal de trabalho, prestando


serviços para as reclamadas das 14:00 às 22:30 horas, de segunda-feira à sábado,
inclusive em todos os feriados legais ( municipais, estaduais e federais), sempre com
apenas 30 minutos de intervalo para refeição. Impugna os controles de frequência, por
não traduzirem a real jornada de trabalho.

Convertida a despedida de justa causa para imotivada, como pretende,


entende serem devidos: aviso prévio indenizado; diferenças de 13º salário integral e
proporcional; diferenças de férias, inclusive proporcionais, todas acrescidas de 1/3;
diferenças de contribuições ordinárias para o FGTS; e pagamento da multa indenizatória
de 50% do FGTS;

Alega, ainda, que a 1ª reclamada não realizou os depósitos referentes aos


meses de março/2008; setembro de 2008; outubro/2008; novembro/2008; 13º salário de
2008; junho/2010; julho/2010; e agosto de 2010.

Entende que a 1ª ré, ao despedi-la quando encontrava-se grávida,


praticou ato ilícito, provocando forte perturbação emocional, já que não sabia como iria
se manter durante a gravidez e como iria manter a subsistência do seu filho quanto
ocorresse o nascimento. Sustenta que teve que pedir auxílio e empréstimos a familiares
e estranhos. Acrescenta que o fato de ter a 1ª ré dado publicidade à despedida por justa
causa, já que reuniu os demais empregados da empresa para dizer que se algum outro
trabalhador enviasse email contendo material pornográfico, terá o mesmo destino da
reclamante. Aduz que o nexo causal entre o ato ilícito e o dano moral incontroverso é
evidente, fazendo jus a uma indenização decorrente do dano moral no valor de R$
50.000,00.

Observa que ao rescindir o contrato de trabalho, a 1ª ré não traditou as


guias para sua habilitação no seguro desemprego, impossibilitando-a de prover o
sustendo do lar. Face ao acima exposto, alega que sofreu forte dano moral, já que
necessitou contar com a ajuda financeira de amigos e parentes para continuar
alimentando a si própria e sua família, sendo levada a desespero, vítima que foi de
humilhações intoleráveis para qualquer ser humano. Entende que deve ser indenizada,
além dos R$ 50.000,00 já mencionados, pelos adicionais prejuízos sofridos, em quantia
equivalente a 50 salários mínimos ou, sucessivamente, outro valor a ser arbitrado por
este Juízo.

Observa que a 1ª reclamada contratou a autora para prestar serviços em


favor da 2ª ré, razão pela qual entende que deve a 2ª reclamada ser condenada
subsidiariamente a responder pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte
da 1ª ré, “de acordo com o Enunciado 331-IV do TST”.

Quanto ao 3º reclamado, sustenta ser ele sócio majoritário e único


administrador da 2ª ré, tomadora dos seus serviços. Nesta condição, entende ser ele, de
acordo com o que dispõe o Código Civil de 2002, solidariamente responsável com a
sociedade empresária em decorrência dos “excessos, desmandos e má gestão
temerária praticados”.

A fim de ser reparado todo o prejuízo causado a Autora, requer a


condenação das reclamadas em honorários contratuais, à razão de 30% sobre o valor
da causa, “respaldado no Enunciado 53, aprovado na 1ª Jornada de Direito Material e
Processual na Justiça do Trabalho em 23/11/2007”.

Considerando que a parte tem o livre arbítrio na escolha do profissional


que irá representá-la, não devendo estar necessariamente atrelada ao sindicato da
categoria, entende serem devidos também os honorários sucumbenciais, “conforme
texto do Enunciado 79, aprovado na 1ª Jornada de Direito Material e Processual na
Justiça do Trabalho em 23/11/2007”.

Com relação ao pedido de bloqueio de faturas, foi exarado o despacho


que se segue: “Requer a Reclamante o bloqueio de faturas a serem repassadas da 2ª
Reclamada. para a 1ª Reclamada, como medida a impedir o repasse dessas verbas
sem a quitação dos direitos trabalhistas, tudo no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil
reais). Em observância ao princípio maior do contraditório, reservo-me para decisão por
ocasião da prolação da sentença, após a realização da audiência una de conciliação,
instrução e julgamento, ora designada para 12 de dezembro de 2012, às 12:00 horas.”

Sustenta a 1ª reclamada que a reclamante foi admitida em 04.03.2008,


na função de auxiliar de serviços gerais, com último salário de R$ 582,00. Acrescenta
que ela foi dispensada com justa causa em 06 de setembro de 2010, com base no que
dispõe o art. 482, alíneas b e h, da CLT, porque, como é incontroverso e reconhecido
pela autora, ela enviou email para cinco clientes da empresa, contendo uma foto
pornográfica. A 1ª reclamada, alertada por um dos clientes, fez uma inspeção na caixa
de e-mails enviados da conta da reclamante e efetivamente verificou, no dia 05.09.2010,
a existência do envio de email com uma fotografia da própria reclamante mantendo
relações sexuais. Sendo proibida a utilização do email corporativo para envio de
mensagens particulares, principalmente com cunho pornográfico, foi a reclamante
despedida por incontinência de conduta ou mau procedimento, além da indisciplina e
insubordinação.

Alega que as verbas rescisórias devidas foram pagas, tempestivamente,


deduzindo-se os descontos legais, mediante depósito na conta salário da reclamante, no
valor de R$ 883.08, conforme documento juntado, bem como que o FGTS foi
integralmente recolhido, sendo que a multa de 40% sobre o FGTS é indevida na
despedida por justa causa.

Aduz que a reclamante laborou no horário de 13:40h às 22:00h, na escala


de 6 x 1, com intervalo de uma hora para refeição e descanso. Trabalhou ainda em
escala de 12x36, das 07:00 às 19:00h, conforme autoriza a convenção coletiva. Caso
haja impugnação pela reclamante, a 1ª reclamada poderá juntá-la. Acrescenta que se
eventualmente a autora trabalhou em horas extras ou em feriados, mas jamais na
quantidade indicada na inicial, o que impugna, houve correta compensação, conforme
acordo de compensação de horário de trabalho, ou recebeu o respectivo pagamento
acrescido do adicional correspondente. Acrescenta que a reclamante sempre teve folga
semanal, observando que os cartões de ponto estão corretamente marcados, assim
como que as horas extras e o adicional noturno quando habituais refletiram
corretamente nas parcelas trabalhistas cabíveis. Observa que a autora esteve afastada
pelo INSS de 15.08.2008 a 31.08.2008, assim como que ela própria diz que era
mensalista, já recebendo o repouso semanal remunerado embutido em seu salário
sobre o qual é calculada a hora extra.

Sustenta que os 13ºs salários e as férias pagas sofreram o devido reflexo


das horas extras e adicional noturno, bem como que o FGTS foi recolhido com o reflexo
das horas extras e adicional noturno.

Considera que o pedido para pagamento da multa prevista no art. 467, da


CLT, é inepto, por não apresentar causa de pedir. Entende que deve ser indeferida a
petição inicial quanto a ele, com a consequente extinção do processo sem resolução do
mérito. Do mesmo modo, considera que o pedido para pagamento da multa prevista no
art. 477, da CLT, também é inepto, porque não apresenta causa de pedir, com a
consequente extinção do processo sem resolução do mérito. Entende deve ser
indeferida a petição inicial quanto a ele. Se ultrapassada a preliminar, improcede a
multa do artigo 477 da CLT ante a tempestividade do pagamento das verbas rescisórias.

Quanto aos honorários advocatícios, entende indevidos por não


preenchidos os requisitos da lei 5584/70.

Sustenta que improcedem os pedidos de danos morais, porque jamais


ofendeu a honra da reclamante, muito menos lhe causou qualquer dano moral ou
material. Impugnado o valor atribuído ao pedido, por entender que foge dos limites
razoáveis, além de considerar que o pedido é improcedente.

Impugna os valores atribuídos aos pedidos da petição inicial, alegando


que a reclamante majorou o salário, base de cálculo para os pedidos, bem como não
deduziu os dias efetivamente trabalhados, calculando as horas extras de forma
aleatória.

Requer a aplicação dos artigos 43 e 44 da Lei 8.212/91, autorizando-se a


retenção das contribuições previdenciárias incidentes sobre as verbas eventualmente
deferidas.

Considera que não há amparo legal para o pedido de indenização por


honorários contratuais, até porque não há prova de que a reclamante tenha contratado
honorários com o seu advogado.

Requer também a aplicação do Provimento 1/93 da Corregedoria da


Justiça do Trabalho, autorizando-se a retenção do Imposto de Renda sobre as verbas
eventualmente deferidas.

Admitindo a eventual condenação ao pagamento das verbas postuladas,


requer a compensação dos valores já pagos.

Sustenta a 2ª reclamada ser indevida a gratuidade de justiça requerida


pela reclamante, já que seu marido percebe mais de R$ 2.000,00 mensais, muito acima
portanto dos 2 salários mínimos previstos no Lei 5.584/70 para o deferimento.
Ainda que assim não fosse, observa que não cuidou a reclamante de fazer ela
própria declaração, sob as penas da lei, de que não poderia litigar sem prejuízo do
próprio sustento, exigência legal que, inobservada, torna sem amparo legal o
deferimento. Requer o indeferimento da justiça gratuita.

Diz que não apresenta a reclamante qualquer causa de pedir para o


pedido de responsabilização subsidiária da 2ª ré, apenas mencionando “o inexistente”
“Enunciado 331-IV” do Colendo TST. Aduz ser de “curial sabença, há muito inexistem
“Enunciados” na Justiça do Trabalho”. Acrescenta que caso estivesse querendo a
reclamante fazer referência às súmulas da jurisprudência, melhor sorte não lhe assistiria
porque as súmulas apenas consagram jurisprudência uniformizada e não se prestam
para substituir causa de pedir, que deve ser existente e clara, sob pena de subtrair a
possibilidade constitucionalmente assegurada de ampla defesa e contraditório. Requer o
indeferimento da petição inicial e a extinção do processo sem resolução do mérito, com
relação à 2ª reclamada, face à inépcia.

Sustenta que não tendo a reclamante apresentado causa de pedir para o


pedido de responsabilidade subsidiária da 2ª reclamada, ainda que possa, por absurdo,
ser a preliminar de inépcia superada, o feito encontra óbice intransponível na
consequente ilegitimidade passiva ad causam, como vem decidindo os pretórios
brasileiros, já que a 2ª ré não admitiu a reclamante, não a assalariou e não dirigiu sua
prestação de serviços. Observa que não se pode imputar à 2ª defendente a posição de
empregadora da reclamante, “o que sequer é pleiteado”, e, inexistindo norma legal que
lhe atribua a responsabilidade de arcar com o ônus decorrente da aplicação da
legislação do trabalho em face da relação mantida pela autora com a 1ª ré, conclui que
a 2ª defendente não pode ser tida como devedora de quaisquer das parcelas pretendida
na inicial. Requer a 2ª ré, portanto, sua exclusão da lide.

Se ultrapassadas as preliminares, impugna a 2ª ré, por cautela, o mérito


da causa, entendo que, ao final, deverá ser julgada totalmente improcedente, ante os
fatos e fundamentos que elenca.

Alega que não é, nem nunca foi, empregadora da reclamante, mas que
apenas firmou contrato de prestação de serviços com a 1ª reclamada, para atuação em
serviços gerais, atividade meio e não atividade fim, dentro do qual a reclamante foi
alocada para trabalhar, sempre por indicação, orientação, direção, fiscalização e
controle da 1ª ré. Aduz que a autora trabalhava recebendo correspondência eletrônica
destinada à 2ª ré e encaminhando-a ao setor competente. Acrescenta que não se pode
impor a pretendida responsabilidade subsidiária pelos alegados débitos trabalhistas da
1ª ré em favor da reclamante, pois inexiste norma legal que atribua algum tipo de
responsabilidade a quem não tem qualquer culpa pelos eventuais inadimplementos.
Ressalta que a questão de fundo na presente ação diz respeito à existência de justa
causa questionada pela reclamante, a respeito da qual não poderia ser atribuída à 2ª
reclamada qualquer espécie de culpa. Entende que exatamente por isto não foi
apresentada esta razão como causa de pedir. Quanto à Súmula 331, do Colendo TST,
repete que não foi mencionada e se tivesse sido não serviria para substituir causa de
pedir, aduzindo que consubstancia hipótese diversa da lide em julgamento. Entende
que, face ao que expõe, se ultrapassadas as preliminares, deve o pedido de
responsabilização subsidiária da 2ª ré ser julgado improcedente.

Requer, por cautela, a observância do princípio de benefício de ordem,


para que não seja chamada a suportar eventual inadimplência antes da
responsabilização dos sócios da 1ª ré, já que eventual execução deverá ser sempre
realizada da forma menos gravosa para o devedor.

Acrescenta que, “em qualquer hipótese”, somente poderá ser


responsabilizada, ainda que subsidiariamente, pelo período de prestação de serviços da
reclamante, o que exclui as verbas resilitórias, multa prevista no art. 477, da CLT e multa
prevista no art. 467, da CLT.

Sustenta que improcedem os pedidos para pagamento de honorários


advocatícios, por violar o artigo 14, parágrafo 1º, da Lei 5.584/70, uma vez que a
reclamante não está assistida por seu sindicato de classe. Observa que a Súmula 219
do C. TST é clara sobre a matéria, razão pela qual devem ser julgados improcedentes
os pedidos para pagamento ou ressarcimento de honorários advocatícios.

Requer o acolhimento das preliminares arguidas e a consequente extinção


do processo sem resolução do mérito em face da 2ª reclamada; se superadas, requer a
total improcedência dos pedidos da presente ação em face da 2º defendente, com o
posterior arquivamento e baixa do processo nos registros de distribuição.

Sustenta o 3º reclamado que, na espécie, é incontroversa a existência da


CCP e não tendo a reclamante submetido a sua demanda com relação ao 3º réu, deve o
feito com relação a ele ser extinto sem o julgamento do mérito, o que ora se requer.

Observa que a reclamante dá à causa o irreal valor de R$ 25.000,00,


sendo que somente um dos pedidos, que é líquido, tem o valor de R$ 50.000,00, sem
considerar os demais. Requer o arbitramento de valor condizente que os pedidos, para
que, sendo improcedentes, como acredita deverão ser, pague a reclamante as custas
devidas “pela movimentação da máquina judiciária para uma aventura”.

Aduz que está legitimado passivamente para a causa aquele em face de


quem se sustenta uma obrigação decorrente de direito material, com previsão legal. No
caso concreto, diz que postula a reclamante a responsabilidade solidária do 3º réu
apenas porque ele é sócio da 2ª ré. Sustenta que a solidariedade não se presume,
decorrendo da lei ou da vontade das partes, conforme disposto no Código Civil.
Considera que inexistindo qualquer norma legal que imponha responsabilidade ao sócio
de uma sociedade ipso facto, bem como não tendo o 3º reclamado se obrigado por
contrato a ser responsável solidário, o pedido é juridicamente impossível e,
concomitantemente, o 3º réu é parte ilegítima para a causa.

Em consequência, requer o 3º reclamado o indeferimento da inicial, com a


consequente extinção do processo sem julgamento do mérito (CPC, art. 267, inc. I c/c
295, inciso i).

Quanto ao mérito, prossegue o 3º réu aduzindo que embora seja


efetivamente o 3º reclamado sócio majoritário e administrador da 2ª reclamada, não é o
único administrador, conforme se verifica pelo contrato social. Diz que a reclamante
genericamente alega que o 3º reclamado administrou a sociedade com “excessos,
desmandos e má gestão temerária”. Observa que ela alega, mas não prova nem
excesso, nem desmando, nem “má gestão temerária”. Considerando que inexiste
qualquer norma legal que imponha responsabilidade ao sócio de uma sociedade ipso
facto, já que nenhum “excesso, desmando ou má gestão temerária” houve, nem foi
comprovado, assim como não tendo o 3º reclamado se obrigado por contrato a ser
responsável solidário, o pedido deve ser julgado improcedente.

A petição inicial, bem como com a contestação da 1ª reclamada, foram


apresentadas com os documentos, a saber: a inicial com cópia de correspondência de
Luis Ramos de Assis para a 2ª ré, bem como de contrato de honorários advocatícios; e a
defesa da 1ª reclamada com cópia de email e de TRCT. As contestações da 2ª ré e do
3º reclamado foram trazidas sem documentos, ressalvados os atos constitutivos e carta
de preposto da 2ª reclamada e os documentos de identidade e CPF do 3º réu.

Colhidos os depoimentos das partes (fls. ) e inquiridas duas testemunhas


(fls. ), declaram as não ter outras provas a produzir. Razões finais orais, conforme ata de
fls. . Conciliação recusada (fls. e ).

É o relatório.
SENTENÇA TRABALHISTA

PROF. JOALVO MAGALHÃES

ESPELHO DE SENTENÇA

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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO
85ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO - RJ
Processo nº 0001000-01.2012.5.01.0085

SENTENÇA

I - RELATÓRIO

CLARA NEGREIRO DE ASSIS, qualificadanos autos, ajuizou a presente demanda


trabalhista contra MULTIPRESTADORA DE SERVIÇOS GERAIS LTDA, RIO DE
JANEIRO CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES LTDA e JOÃO CLAUDINEI DOS
SANTOS SILVA SOBRINHO, também devidamente qualificados. Alega que foi
admitida em 04/03/2008 e dispensada em 06/09/2010, sempre tendo exercido a
função de auxiliar de serviços gerais. Em razão dos fatos e fundamentos expostos na
inicial, pleiteia o pagamento de horas extras, indenização relativa à estabilidade e
indenização por danos morais, além de outros pedidos. Instruiu a inicial com
documentos.

Atribuiu à causa o valor de R$25.000,00.

Conciliação rejeitada.

Os réus apresentam respostas escritas, sob a forma de contestação, com


documentos. Arguiram inépcia da petição inicial, preliminar de não submissão à CCP,
além de ilegitimidade passiva ad causam e impossibilidade jurídica do pedido.
Impugnaram o valor dado à causa, bem como o pedido de gratuidade judiciária
formulado pela autora.Impugnam o mérito, conforme razões de fato e de direito
contidas nas contestações.

Foram colhidos os depoimentos das partes e de duas testemunhas, sendo uma


indicada pela autora e outra pela primeira ré, encerrando-se a instrução processual.

Razões finais orais remissivas pelas partes.

Infrutífera a segunda tentativa de conciliação.

É o RELATÓRIO.

Decido.

II – FUNDAMENTAÇÃO

IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA

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No processo do trabalho, a atribuição de valor da causa não é requisito da petição
inicial, sendo relevante apenas para fixação de alçada, de modo que descabe a
impugnação ofertada pelo terceiro réu.

No mais, não há prejuízo para os réus, eis que o valor das custas, acaso
sucumbentes, será calculado apenas sobre o valor da condenação.

Rejeito a impugnação ao valor da causa.

PRELIMINAR DE INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL

O processo do trabalho é regido pelos princípios da informalidade, simplicidade e


instrumentalidade das formas. Neste contexto, a petição inicial só poderá ser reputada
inepta quando impedir o regular exercício do direito de defesa pela parte ré.
No caso dos autos, a acionante fundamenta seu pedido de responsabilização
subsidiária no fato de haver sido contratada pela primeira acionada para prestar
serviços à segunda ré, em suas dependências, de modo que resta clara a causa de
pedir. No mais, a referência ao Enunciado nº 331 do TST não trouxe qualquer prejuízo
à segunda reclamada, que deduziu defesa contra a aplicação da Súmula 331 do TST.
Também não há inépcia em relação ao pedido de pagamento das multas previstas
nos artigos 467 e 477 da CLT, eis que as causas de pedir foram devidamente
apontadas na inicial, quais sejam, o não pagamento dos valores incontroversos na
primeira audiência e a ausência de pagamento tempestivo das verbas resilitórias,
respectivamente.
Rejeito a preliminar de inépcia da petição inicial.
PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE SUBMISSÃO PRÉVIA À CCP

O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido da ausência de


obrigatoriedade de submissão à Comissão de Conciliação Prévia (ADI 2139 e ADI
2160), em decisão com efeito erga omnes e vinculante a todos os órgãos do Poder
Judiciário, de modo que sequer há interesse da autora na declaração de
inconstitucionalidade. Trata-se, aí, de mera faculdade do trabalhador, que pode optar
por ajuizar a demanda diretamente no Judiciário Trabalhista, com base no princípio
constitucional da inafastabilidade da jurisdição (CF/88, art. 5º, XXXV).

Rejeito a preliminar.

PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA SEGUNDA RÉ E DO


TERCEIRO RÉU

As condições da ação devem ser examinadas in status assertionis. No caso, o


acionante, em sua exordial, atribuiu responsabilidade subsidiária à segunda acionada,
alegando tratar-se de tomadora de serviços. É o quanto basta para evidenciar a
pertinência subjetiva da segunda ré à lide.

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Além disso, na inicial também foi alegada a responsabilidade solidária do terceiro réu,
o que é suficiente para atrair sua legitimidade passiva ad causam, sendo certo que
sua responsabilização será analisada no mérito da demanda.

Rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva ad causamda segunda ré e do


terceiro réu.

PRELIMINAR DE IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO

A possibilidade jurídica do pedido, enquanto condição da ação, significa que o pedido


deduzido na inicial não encontra vedação no ordenamento jurídico. No caso, o pleito
de responsabilidade solidária da segunda ré não é vedado pelo direito pátrio, podendo
ser acolhido em hipóteses previstas na legislação, o que será apreciado no mérito.

Rejeito a preliminar de impossibilidade jurídica do pedido.

REVERSÃO DA JUSTA CAUSA, ESTABILIDADE GESTANTE e VERBAS


RESILITÓRIAS
A autora alega que não cometeu falta grave apta a justificar a justa causa que lhe fora
aplicada pela primeira ré. Pleiteia, portanto, a conversão da dispensa por justa causa
em dispensa imotivada, com o pagamento das parcelas rescisórias devidas, bem
como indenização pela estabilidade gestante.
A primeira ré impugna o pleito, aduzindo que a acionante foi responsável pelo envio
de material pornográfico a clientes da empresa, utilizando indevidamente o email
corporativo, o que caracterizaria incontinência de conduta ou mau procedimento, além
de indisciplina e insubordinação.
Incumbia à segunda ré comprovar a alegada falta grave, a justificar a dispensa
motivada, eis que se trata de fato impeditivo do direito da autora, conforme art. 818 da
CLT e art. 373, inciso II, do NCPC, aplicável na forma do art. 769 da CLT.
Cumpre salientar que a resolução contratual por justa causa constitui situação
excepcional, que só se justifica quando evidenciada a quebra da fidúcia existente
entre as partes contratantes. Trata-se de circunstâncias que devem restar
sobejamente comprovadas nos autos pela empregadora.
No caso em apreço, a reclamante admite, em sua inicial, e confessa, em seu
depoimento, haver fornecido a senha do email corporativo para seu esposo, que
utilizou tal ferramenta para enviar foto pornográfica a clientes da empresa.
Independente da alegação da acionante de que o email não fora enviado por si, mas
sim por seu esposo, o fato é que a obreira lhe fornecera sua senha pessoal de acesso
ao correio eletrônico, o que foi fator determinante para o envio do material
pornográfico aos clientes da primeira ré.
O email corporativo caracteriza-se como típico instrumento de trabalho e, como tal,
pode e deve ser fiscalizado pela empresa, até como forma de evitar futura

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responsabilização por eventuais ilícitos cometidos pelos seus empregados através
desta ferramenta digital.
Assim, diante da prerrogativa empresarial de fiscalizar a correta utilização do email
corporativo, não há que se cogitar de violação ao sigilo de correspondência da
obreira, que não deveria ter manejado tal instrumento para fins pessoais.
A falta grave cometida pela obreira reside no fato de que forneceu sua senha de
acesso pessoal ao email corporativo ao seu marido, terceiro absolutamente estranho
ao ambiente corporativo, que utilizou uma ferramenta de trabalho para fins
particulares e prejudicou a imagem da empresa perante seus clientes, ao enviar email
com material pornográfico.
Neste contexto, restou devidamente caracterizado o mau procedimento adotado pela
autora, na forma do art. 482, “b”, da CLT, estando, pois, presente o requisito da
tipicidade.
A conduta da obreira afigurou-se bastante grave, diante do prejuízo causado à
empresa perante seus clientes com o envio de material pornográfico, de modo que a
respectiva dispensa foi proporcional ao ato cometido pela empregada.
Cumpre salientar que a justa causa foi aplicada com imediaticidade, tendo sido
resultado direto da infração contratual cometida por sua empregada.
Considerando que a alegada estabilidade da gestante não subsiste à dispensa por
justa causa, na forma do art. 10, II, “b”, do ADCT, improcedem os pedidos
indenizatórios correspondentes e reflexos em verbas resilitórias.
Mantida a justa causa e repelido o argumento da estabilidade gestante, não são
devidas as parcelas de aviso prévio indenizado, diferenças de natalinas e de férias,
recolhimentos fundiários e multa de 50% do FGTS, sendo certo que as resilitórias
devidas pela dispensa injusta foram pagas pela primeira ré, conforme TRCT acatado
pela autora em sua manifestação sobre documentos.
Julgo improcedentes os pedidos de pagamento de indenização relativa ao
período de estabilidade decorrente da gravidez e de diferenças de verbas
resilitórias.
DIFERENÇAS SALARIAIS – PERÍODO ANTERIOR À ANOTAÇÃO DA CTPS
Em seu depoimento pessoal, a preposta da primeira reclamada confessou que a
autora fora admitida três meses antes da assinatura de sua CTPS, em fase de
experiência, como autônoma, embora desenvolvendo o mesmo trabalho realizado
após o estabelecimento formal do vínculo trabalhista.
Considerando, assim, que o trabalho desenvolvido pela autora era idêntico, antes e
após a assinatura da CTPS, fazia jus a obreira à percepção de idêntico salário, na
forma do art. 460 da CLT.
Deste modo, são devidas as diferenças salariais pleiteadas na inicial, em valor mensal
equivalente a 50% do salário de R$582,00 (quinhentos e oitenta e dois reais), ou seja,
R$291,00 (duzentos e noventa e um reais) por mês, o que totaliza R$873,00

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(oitocentos e setenta e três reais), pelo período trimestral anterior à anotação da
CTPS.
Julgo procedente o pedido de pagamento de diferenças salariais no valor de
R$873,00 (oitocentos e setenta e três reais).
HORAS EXTRAS
Sustenta a autora que se ativava para as Reclamadas das 14h00min às 22h30min, de
segunda-feira a sábado, inclusive em todos os feriados legais (municipais, estaduais e
federais), sempre com 30 minutos de intervalo para refeição.
Assim, postula o pagamento das horas extraordinárias acrescidas de 50%,
consideradas aquelas que ultrapassem a 8ª diária ou a 44ª semanal, os feriados
legais laborados, bem como o pagamento pelo intervalo intrajornada desrespeitado,
tudo com repercussões nas verbas rescisórias, FGTS, todas as férias, acrescidas de
1/3, todos os 13º salários e no repouso semanal remunerado.
A parte ré deixou de juntar aos autos os controles de jornada da Autora, obrigação
legal a ela imposta (artigo 74, §2º, da CLT), embora fizesse referência à sua exatidão
na peça de bloqueio e no depoimento da preposta, atraindo para si o ônus quanto à
prova da jornada de trabalho efetivamente trabalhada pela Autora, na forma da
Súmula 338 do TST.
A preposta da primeira reclamada, em depoimento, não soube informar o horário de
trabalho da Autora, por trabalharem em setores diferentes na Ré, não demonstrando
conhecimento sobre os fatos narrados na inicial. O artigo 841, §1º, da CLT, dispõe
que é facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro
preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o
proponente.
No caso vertente, o desconhecimento da preposta da ré acerca dos fatos necessários
ao deslinde da controvérsia impossibilitou as consequentes indagações pertinentes,
com o intuito de se apurar o direito postulado pela autora.
A ausência de conhecimento dos fatos pelo preposto que depõe em juízo impossibilita
a obtenção da confissão real, ocasionando o desequilíbrio na produção das provas
nos autos, ensejando, por conseguinte, a confissão ficta acerca dos fatos que não
soube esclarecer.
Ademais, a testemunha indicada pela autora afirmou que os horários dos controles de
ponto eram corretamente consignados, mas que fruíam de intervalo alimentar de
apenas 30 minutos, pois, apesar de a primeira ré orientar quanto ao gozo de uma
hora, a segunda determinava que retornassem ao labor com apenas meia hora de
descanso.
Por sua vez, a testemunha indicada pela Ré apenas afirmou que “os cartões de ponto
são registrados corretamente na 2ª reclamada”, com “uma hora de intervalo para
refeição e descanso”, o que não altera a realidade dos fatos quanto à Autora, por ser
esta empregada da primeira Ré.

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Desta forma, não tendo a reclamada se desincumbido em comprovar suas alegações,
atribuo como correta a tese trazida na inicial, pelo que fixo a jornada de trabalho da
autora, de segunda-feira a sábado, inclusive em todos os feriados legais (municipais,
estaduais e federais), das 14h00min às 22h30min, sempre com 30 minutos de
intervalo para refeição.
Julgo procedente o pedido de pagamento de horas extras, no que excedida 44ª
semanal, não cumulativas, bem como uma hora por dia trabalhado, acrescida de
50%, nos termos do artigo 71, §4º, da CLT, pelo intervalo intrajornada concedido
irregularmente, na forma da jurisprudência consolidada na Súmula 437, item I,
do TST, bem como pagamento em dobro dos feriados laborados.
Considere-se, para apuração das horas extras, o adicional de 50% nos dias de
segunda a sábado, nos termos do artigo 7º, inciso XVI, da CRFB/88, e de 100% nos
feriados, na forma da Lei nº 605/49, assim como o disposto na Súmula 264 do TST,
os dias efetivamente trabalhados, o divisor 220, hora reduzida a partir de 22h e a
evolução salarial da autora, deduzindo-se as parcelas pagas a idêntico título.
Julgo também procedente o pedido de repercussão das horas extras em
repousos semanais remunerados, décimos terceiros salários, férias com o terço
constitucional e FGTS.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
A autora formula dois pedidos de indenização por danos morais, elencando diversas
causas de pedir.
Considerando o reconhecimento da licitude da dispensa por justa causa imposta pela
primeira ré, não há que se cogitar de indenização por danos morais dela decorrente,
tampouco pela ausência de entrega das guias de seguro-desemprego, eis que a
obreira não fazia jus à percepção do benefício, dada a modalidade de extinção do
contrato.
No mais, tendo a autora sido a própria causadora de sua dispensa por justa causa,
conforme alhures fundamentado, há de arcar com os prejuízos financeiros
correspondentes, não havendo, pois, qualquer dano moral a indenizar.
No entanto, restou comprovado, através de confissão da preposta da primeira ré, que
a referida empresa reuniu todos os empregados e expôs o motivo da dispensa por
justa causa da autora, referente ao material pornográfico.
Tal fato atenta contra os direitos de personalidade da obreira, principalmente sua
honra, imagem, intimidade, privacidade e dignidade, causando inegável dano moral.
Embora lícita a dispensa por justa causa, não caberia à empresa divulgar seus
motivos perante os outros empregados, o que resultou em evidente constrangimento
da trabalhadora e, por conseguinte, nítido dano extrapatrimonial, que deve ser
indenizado.
A indenização tem a finalidade não de ressarcir o dano, mas sim de compensar a
vítima, proporcionando-lhe um sentimento de satisfação que se sobreponha à dor e

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sofrimento causados pela lesão aos seus direitos de personalidade. Trata-se de
parcela cujo valor deve ser arbitrado pelo julgador, de forma equânime, evitando o
enriquecimento sem causa da vítima, bem como a fixação de uma quantia irrisória
para o ofensor.
No caso, considerando a gravidade da conduta empresarial, a capacidade econômica
das partes, a magnitude do dano moral, bem como os princípios da proporcionalidade
e da razoabilidade, fixo a indenização por danos morais no valor de R$5.000,00 (cinco
mil reais).
Julgo improcedentes os pedidos de indenização por danos morais em razão da
dispensa por justa causa e da ausência de entrega das guias de seguro
desemprego.
Julgo procedente o pedido de indenização por danos morais no valor de
R$5.000,00 (cinco mil reais), em razão da publicidade dada pela primeira ré aos
eventos que circundaram a dispensa da autora.
DIFERENÇAS DE FGTS
Incumbia à primeira ré comprovar o recolhimento de FGTS sobre todas as parcelas
remuneratórias pagas ao longo do contrato de trabalho, por se tratar de fato extintivo
do direito da autora, conforme artigos 818 da CLT e 373, inciso II, do CPC, conforme
Súmula 461 do TST.
No entanto, a primeira reclamada não juntou aos autos os comprovantes de
recolhimento das parcelas de FGTS referentes aos meses de março, setembro,
outubro, novembro e natalinas de 2008, além de junho, julho e agosto de 2010,
devidamente discriminados na inicial.
Neste contexto, impõe-se a procedência do pleito, devendo ser procedido ao
recolhimento das parcelas de FGTS à base de 8% sobre as verbas remuneratórias
pagas durante os meses acima citados.
Julgo procedente o pedido de pagamento de diferenças de FGTS, à base de 8%
sobre as parcelas remuneratórias pagas à autora nos meses de março,
setembro, outubro, novembro e natalinas de 2008, além de junho, julho e agosto
de 2010.
MULTAS DOS ARTIGOS 467 E 477, § 8º, DA CLT
A multa do artigo 467 não é devida, eis que as verbas rescisórias pleiteadas restaram
controvertidas em razão da alegação de justa causa.
Também não é devida a multa do art. 477, § 8º, da CLT, diante da
comprovação de quitação das parcelas resilitórias no decêndio legal, conforme
TRCT juntado pela primeira ré e tido como veraz pela autora.
Julgo improcedentes os pedidos de pagamento das multas dos artigos 467 e
477, § 8º, da CLT.
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA

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O caso dos autos envolve típica terceirização de serviços, restando confessado pela
segunda ré e comprovado pela prova oral a prestação de serviços pela autora em seu
favor, mediante intermediação pela primeira ré. Neste contexto, resulta a
responsabilidade subsidiária da tomadora pelo adimplemento das obrigações
resultantes do contrato de trabalho formado entre a empresa terceirizada e o
trabalhador ativado em sua execução, conforme Súmula 331, inciso IV, do TST.

A responsabilidade subsidiária ora atribuída abrange todas as verbas decorrentes da


condenação, referentes a todo o contrato de trabalho, pois a segunda ré foi
beneficiária dos serviços da autora em todo o liame empregatício, conforme Súmula
331, inciso VI, do TST.

Por outro lado, também inexiste benefício de ordem entre a segunda reclamada e os
sócios da primeira, que sequer constam do título. Assim, em caso de inadimplemento
por parte da devedora principal, impõe-se a execução da devedora supletiva,
independente de desconsideração da personalidade jurídica.

Julgo procedente o pedido de condenação subsidiária da segunda ré.

RESPONSABILIDADE DO TERCEIRO RÉU

No caso vertente, o terceiro Reclamado, JOÃO CLAUDINEI DOS SANTOS SILVA


SOBRINHO, somente figura no polo passivo por ser sócio de outra Ré incluída em
litisconsórcio, não prova quanto à fundamentação de que teria cometido, na
administração da Ré, excessos, desmandos e má-gestão temerária.

Assim, impõe-se a improcedência do pedido.

Julgo improcedente.

GRATUIDADE JUDICIÁRIA

A parte autora declarou hipossuficiência econômica, o que é suficiente para a


concessão da gratuidade judiciária, na forma do art. 790, § 3º, da Consolidação das
Leis do Trabalho e do art. 4º da Lei 1.060/50, independente do valor de sua
remuneração ou de seu cônjuge. A referida declaração pode ser feita pelo seu
advogado, conforme OJ 304 da SDI-1 do TST.

No caso, apesar da ausência de poderes do causídico, trata-se de providência que o


juiz pode tomar até mesmo de ofício, o que se faz no caso presente, uma vez
evidenciado que a autora não dispõe de recursos para custear as despesas
processuais.

Defiro a gratuidade judiciária à parte autora.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E INDENIZAÇÃO

No processo do trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios


não decorre da mera sucumbência, sendo imprescindível que a reclamante seja

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beneficiária da gratuidade judiciária e esteja assistida pelo sindicato da categoria,
conforme Súmulas 219 e 329 do TST.

No caso em apreço, a reclamante, conquanto beneficiária da gratuidade judiciária,


não se encontra assistido pelo sindicato profissional, o que inviabiliza o pedido relativo
aos honorários advocatícios.

Também não é devida a indenização pela contratação de advogado, nos moldes dos
artigos 389, 404 e 927 do Código Civil. Com efeito, no processo do trabalho as partes
detém jus postulandi,de modo que a contratação de advogado constitui-se em opção
da reclamante, o que não pode ser refletido em obrigação de indenizar pela parte
reclamada.

Julgo improcedentes os pedidos de pagamento de honorários advocatícios e


indenização pela contratação de advogado.

BLOQUEIO DE FATURAS
No caso, não vislumbro a ocorrência dos requisitos do fumus boni iuris e periculum in
mora alegado na exordial, eis que não foi produzida qualquer prova acerca da
situação de insolvência da empresa. Ademais, em caso de inadimplência da primeira
ré, seu crédito está assegurado pela responsabilização subsidiária da segunda
reclamada.
Indefiro o pedido cautelar de bloqueio de faturas da primeira ré.
COMPENSAÇÃO/DEDUÇÃO
Não há prova de créditos recíprocos para compensação nem o pagamento de
parcelas a idêntico título, pelo que ficam indeferidas a compensação e dedução.
JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

Incidem juros a partir da distribuição da ação – Artigo 883 CLT, com caráter
indenizatório, sem incidência de imposto de renda – artigo 404 CC e OJ 400 SDI-I,
pro rata die, de 1% ao mês.

Correção monetária a partir do vencimento da obrigação – Artigo 459 CLT, Artigo 39,
§ 1º da Lei 8.177/91 e Súmula 381 TST

Em relação à indenização por danos morais, observe-se a Súmula 439 do TST.

RECOLHIMENTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS


Contribuição previdenciária pela ré. Cabe dedução da parte do autor.Regime de
competência – Súmula 368 TST e OJ 363 SDI-I
Imposto de renda na forma da lei, observado o regime de competência.
III – DISPOSITIVO

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Isto posto, afasto as preliminares arguidas, rejeito a impugnação ao valor da
causa, julgo extinto o feito, sem resolução do mérito, em relação ao réu JOÃO
CLAUDINEI DOS SANTOS SILVA SOBRINHO e JULGOPARCIALMENTE
PROCEDENTES os pedidos formulados porCLARA NEGREIRO DE ASSIS,para
condenarMULTIPRESTADORA DE SERVIÇOS GERAIS LTDA, de forma principal, e
RIO DE JANEIRO CONSTRUÇÕES E INCORPORAÇÕES
LTDA,subsidiariamente,conforme a fundamentação supra, que integra o presente
decisum, ao pagamento, no prazo de 8 dias, das seguintes verbas:

- Diferenças salariais no valor de R$873,00 (oitocentos e setenta e três reais);

- Horas extras, no que excedida a 8ª diária e 44ª semanal, não cumulativas,


bem como uma hora por dia trabalhado, acrescida de 50%, pelo intervalo intrajornada
concedido irregularmente;

- Repercussão das horas extras em repousos semanais remunerados, décimos


terceiros salários, férias com o terço constitucional e FGTS;

- Indenização por danos morais no valor de R$5.000,00 (cinco mil reais);

- Diferenças de FGTS, à base de 8% sobre as parcelas remuneratórias pagas à


autora nos meses de março, setembro, outubro, novembro e natalinas de 2008, além
de junho, julho e agosto de 2010;

Juros moratórios de 1% ao mês, pro rata die, a partir do ajuizamento da ação


(art. 883, CLT e art. 39, Lei 8177/91) e correção monetária observada a época própria
(art. 459, § único, CLT e S. 381, TST).

Os descontos previdenciários deverão ser quantificados mês a mês, com fulcro


no art. 276, § 4º, Dec. 3048/99 e art. 68, § 4º, Dec. 2137/97, sendo que as
contribuições do empregado incidem apenas sobre as verbas de natureza salarial,
sendo os recolhimentos de responsabilidade da reclamada, autorizado a dedução dos
valores cabíveis à parte empregada, observado o limite máximo de salário de
contribuição.

No tocante ao imposto de renda, autoriza-se a sua retenção na fonte,


observada sua incidência mês a mês e a tabela progressiva, na forma do art. 12-A da
Lei 7713/88, com a nova redação dada pela lei 12.350/2010. Observe-se a não
tributação sobre juros de mora na forma da OJ 400 da SDI-1 do TST.

A natureza jurídica das parcelas da condenação, para fins de incidência de


contribuição previdenciária, será apurada em execução, de acordo com o disposto no
art. 28, §9º, da Lei 8.212/91 (art. 832, §3º, da CLT).

Defiro à parte autora os benefícios da justiça gratuita.

Custas, pelas rés, no importe de R$400,00, calculadas sobre o valor da


condenação, ora arbitrado em R$20.000,00.

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Rio de Janeiro, 6 de janeiro de 2013.

Juiz do Trabalho

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SENTENÇA TRABALHISTA

PROF. JOALVO MAGALHÃES

ESPELHO DE SENTENÇA

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SENTENÇA – TRT2/2013
FUNDAMENTAÇÃO

INÉPCIA DA INICIAL

O processo do trabalho prima pela simplicidade e instrumentalidade das formas, devendo a


petição inicial apresentar uma breve exposição dos fatos que fundamentem as pretensões,
conforme dispõe o artigo 840, §1º, da CLT.

Quanto à sustentada inépcia do pedido de aviso prévio proporcional, não há


necessidade de haver, na inicial, definição da exata proporcionalidade desejada, uma vez
que, ao magistrado, cabe a subsunção dos fatos à norma. Estando a inicial clara quanto à
causa de pedir que fundamenta o pedido, a análise da procedência da ação é questão a ser
descortinada no mérito, pelo que rejeito a preliminar neste aspecto.

No que tange ao pedido de indenização equivalente ao seguro-desemprego, da


mesma forma não há qualquer inépcia, uma vez que a postulação encontra amparo na
própria jurisprudência consolidada na Súmula 389, item II, do TST, sendo a procedência ou
não do pedido questão de mérito, pelo que rejeito.

Quanto à aplicação do adicional de 100% para as horas extras, trata-se de questão


que deve ser analisada no mérito, não sendo propriamente matéria preliminar, pelo que
rejeito.

Por sua vez, não há qualquer incompatibilidade entre os pedidos de rescisão indireta e
reintegração, uma vez que foram formulados de forma subsidiária, na forma do art. 326 do
CPC. Rejeito a preliminar no particular.

Quanto ao fundamento de saldo de salário constante da inicial, de fato não há


qualquer pedido correspondente à referida parcela trabalhista, importando causa de
configuração da inépcia da peça vestibular, na forma do artigo 330, § 1º, inciso I, do CPC,
pelo que acolho a preliminar arguida, e julgo extinto o processo sem resolução do mérito no
particular, nos termos do artigo 485, IV, do CPC.

Por fim, sendo o terço de férias norma de aplicação cogente de índole Constitucional,
não incide em qualquer vício processual sua não formulação expressa nos autos, uma vez
que não há férias sem o correspondente terço, acréscimo já implícito na pretensão principal,
pelo que rejeito.

CONTRADITA DA TESTEMUNHA

Tendo o sócio da Reclamada reconhecido a testemunha como assim se apresentou em juízo,


é o quanto basta para dar validade ao seu depoimento, sendo prescindível a prova
documental de sua identificação.

Quanto à suposta amizade íntima da testemunha com o Autor, importa destacar que o
momento adequado em que se deve contraditar a testemunha em juízo é após sua
qualificação e antes de prestar compromisso. Desta forma, resta precluso o oferecimento a
contradita apenas em razões finais.

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E ainda que assim não fosse, a simples afirmação da testemunha quanto a ser muito
amiga do Autor não configura propriamente a amizade íntima prevista em lei de forma a
invalidar o depoimento por suspeição.

Mantenho a rejeição da contradita apresentada pela Ré, certo que ao conteúdo do


depoimento será dada a valoração e o prestígio merecido na análise do mérito das questões
em apreciação, em cotejo com as demais provas produzidas nos autos.

OU

Acolhe contradita por fato superveniente, testemunha diz que são “muito amigos”

REVELIA

Embora o preposto da Ré não seja seu empregado, não há falar em aplicação da


revelia e efeitos da confissão quanto à matéria de fato, considerando-se que a demandada se
trata de microempresa, sendo prescindível que seu preposto possua com ela vínculo de
emprego, na forma prevista no artigo 54, da Lei Complementar nº 123/06, conforme
entendimento consolidado na Súmula 377 do TST.

PEDIDO CONTRAPOSTO

O processo do trabalho prima pela prestação jurisdicional com efetividade e celeridade,


justamente em decorrência do caráter alimentar conferido às parcelas de natureza trabalhista,
não sendo admitida a postulação de pedido contraposto, pois que incompatível com o trâmite
processual desta especializada.

Diante disso, por falta de interesse processual, julgo extinto, sem resolução do mérito, o
pedido contraposto formulado pela Ré.

OU

Diante do NCPC, recebe o pedido contraposto como reconvenção.

PRESCRIÇÃO

A demanda foi ajuizada em 12/05/2013, quando interrompido o prazo prescricional, nos


termos dos artigos 202 do Código Civil, e 219, §1º, do Código de Processo Civil.

Contudo, o Autor completou sua maioridade apenas em 12/05/2009, não correndo, até então,
qualquer prazo prescricional, na forma do artigo 440 da CLT.

Diante do exposto, não há pretensões atingidas pelas regras prescricionais trabalhistas, na


forma do artigo 7º, inciso XXIX, da CRFB/88, pelo que rejeito.

E ainda que assim não fosse, o pedido declaratório relativo ao vínculo empregatício é
imprescritível, pois declaratório, na forma do artigo 11 da CLT.

CONTRATO DE TRABALHO

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Sustenta o Autor ter sido admitido na Ré em 03/02/2004 como “office boy”, apesar de sua
CTPS ter sido anotada somente em 08/03/2008, sem que fosse registrada sua mudança de
função para “designer de games”, pelo que postula a retificação de sua CTPS.

Em defesa, a Ré sustenta que não pode assinar a CTPS do Autor na data por ele
desejada, eis que era menor de idade, sendo o contrato de trabalho proibido.

Em primeiro lugar, a Ré não contesta especificamente que o Autor tenha trabalhado a


partir da data afirmada na inicial, tampouco a mudança de função sustentada, tornando tais
fatos incontroversos, na forma do artigo 341 do CPC.

A tese aduzida em defesa, no sentido de que o Autor era menor à época do início do
labor, não afasta a obrigatoriedade de anotação regular de sua CTPS, uma vez que não se
trata de trabalho ilícito (artigo 104 do CC), mas sim proibido, cuja irregularidade não desonera
a Ré de observar as normas trabalhistas protetivas aplicáveis.

Além disso, na sua peça de bloqueio, admite a Reclamada que o Autor esteve na
França fazendo sofisticado curso de qualificação para desenvolvimento de jogos, por ela
própria suportado, corroborando a própria tese Autoral acerca de sua mudança de função.

Desta forma, estando incontroversos os fatos relacionados ao vínculo de emprego e


mudança de função do Autor junto à Ré, reconheço o vínculo de emprego entre as partes,
desde 03/02/2004, bem como a mudança de função para de “designer de games”, tendo
como último salário o de R$22.000,00, constante da inicial, e determino a retificação da CTPS
pela ré, conforme parâmetros adiante determinados.

DA RESCISÃO INDIRETA

O Autor postula a rescisão indireta do contrato de trabalho,com o pagamento das


correspondentes verbas resolutórias, por ter sido tratado de forma desrespeitosa no ambiente
de trabalho, sem qualquer providência por parte da Ré. Sucessivamente, requer sua
reintegração ao posto de trabalho.

A Ré admite em sua peça de bloqueio que o Autor era apelidado no ambiente de trabalho, e
que ele já havia expressado à Ré sua insatisfação quanto ao fato, sem que nada houvesse
ela feito, por se tratar de relacionamento entre empregados, de acordo com a situação social
presente no ambiente de trabalho.

A tese da Reclamada, no sentido de que os empregados são sujeitos de direitos, nada ela
podendo fazer contra uma situação social no ambiente laboral, não merece prosperar, pois é
direito fundamental do trabalhador que a empregadora se responsabilize pela manutenção do
ambiente de trabalho, com a redução dos riscos inerentes por meio de normas de saúde,
higiene e segurança (artigo 7º, XXII, da CRFB/88), inserindo-se no conceito de saúde o
próprio bem estar social dos empregados, de acordo com o conceito atribuído pela
Organização Mundial da Saúde – OMS.

Além disso, o respeito à dignidade humana do trabalhador é direito Constitucionalmente


resguardado, na forma do artigo 1º da CRFB/88, sendo cláusula implícita do contrato de
trabalho, como direito inespecífico diretamente a ele atrelado.

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A conduta da Ré, em ter conhecimento dos fatos e nada providenciar para evitar o tratamento
vexatório e desrespeitoso experimentado pelo Autor, sem se valer de seu poder diretivo e
disciplinar sobre os demais empregados, importa em conduta omissiva ilícita, que acarreta o
descumprimento de norma contratual trabalhista, configurando-se claramente em hipótese de
resolução contratual culposa, na forma do artigo 483, alínea “d”, da CLT.

O argumento de defesa, acerca da conduta supostamente indevida por parte do Autor, ao


dirigir alcoolizado e empreender fuga da polícia em alta velocidade, não merece peso, uma
vez que, além de não possuir qualquer prova nos autos em seu favor, a própria Ré aduz que
não houve denúncia da justa causa ao Autor, importando inequivocamente o perdão tácito
quanto à conduta sustentada.

Diante disso, julgo procedente o pedido para reconhecer a resolução do contrato de trabalho,
por culpa da Ré, com a data de 13/02/2013, e o respectivo pagamento das verbas relativas ao
aviso prévio proporcional (57 dias), férias proporcionais com um terço (2/12), décimo terceiro
salário proporcional (3/12), e indenização compensatória de 40% do FGTS.

Prejudicados os pedidos sucessivos postulados na inicial, relativos à reintegração do Autor, e


conduta a ser adotada pela Ré e seus obreiros junto ao demandante.

A Reclamada deverá entregar ao Autor as guias destinadas à movimentação da sua


conta vinculada do FGTS, no prazo de oito dias a contar do trânsito em julgado da presente,
na Secretaria desta Vara do Trabalho. Caso não seja atendida a referida obrigação, fica
imputada à Ré multa de R$500,00, na forma do artigo 461, §5º, do CPC, expedindo-se a
Secretaria da Vara o competente alvará.

Devida, ainda, a indenização relativa ao seguro-desemprego correspondente ao


período em que permaneceu desempregado.

Diante da procedência do pedido principal, resta prejudicado o pedido subsidiário


formulado no item “b” da exordial.

DAS ANOTAÇÕES DA CTPS

Conforme acima julgado, deverá a Reclamada proceder àretificação do contrato de


trabalho na CTPS do Autor, com as devidas informações atinentes à data de admissão
03/02/2004 e rescisão em 11/04/2013 (projeção do aviso prévio – OJ 82 TST), mudanças de
funções e salários, para tanto a Secretaria da Vara intimando as partes, determinando local,
dia e hora em que o procedimento deverá ser realizado.

Não sendo cumprida a obrigação pela Ré, a Secretaria da Vara deverá proceder à
anotação, sem prejuízo de aplicação de multa de R$3.000,00 imposta à Ré, não devendo ser
realizada qualquer referência ao procedimento judicial. Caso não compareça o Autor com sua
CTPS, será considerada satisfeita a obrigação.

DAS HORAS EXTRAS

O Autor sustenta que trabalhava de segunda a sexta-feira, de 08h00min às 17h30min, com 30


minutos de intervalo intrajornada, pelo que postula o pagamento de duas horas extras por dia,
com adicional convencional de 100%.

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A Ré alega em defesa que o labor se dava de segunda a quinta-feira, na mesma jornada
aduzida na inicial, mas que nas sextas-feiras se estendia somente até 16h30min, em regime
de compensação de jornada semanal. Acrescenta que o intervalo intrajornada de 30 minutos
era autorizado pelo órgão administrativo competente, e que o adicional postulado seria
aplicável somente ao período de vigência da norma que o previu.

Muito embora tenha a Ré alegado que havia compensação de jornada de trabalho, o Autor
afirmou em depoimento que não assinou qualquer acordo de compensação, e a única
testemunha ouvida em juízo afirmou que “assinou acordo de compensação de horas, não
sabendo informar quanto o Reclamante”.

Assim, considerando-se que a compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por
acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva, na forma da Súmula 85, item
I, do TST, e que a Ré não se desincumbiu em comprovar suficientemente a celebração do
acordo por quaisquer das formas acima referidas, não há como se reconhecer como válida a
sustentada compensação de jornada alegada em defesa.

Além disso, é incontroverso nos autos que o labor do Autor se dava em condições de
insalubridade, pois a Ré sequer contestou tal informação trazida na inicial (artigo 341 do
CPC), e não há nos autos qualquer prova de autorização para a prorrogação da jornada de
trabalho além do limite da duração normal do labor, conforme norma constante do artigo 60
da CLT, mormente posterior ao cancelamento da Súmula 349 do TST.

Contudo, cumpre destacar que o Autor confessou em depoimento que, nas sextas-feiras,
trabalhava até às 16h30min, importando jornada de trabalho diária de 8 horas nestes dias.

Pelo exposto, com base no entendimento consolidado na Súmula 85, item III, do TST, julgo
parcialmente procedente o pedido, para deferir o pagamento do adicional pelas horas extras
laboradas, nos dias de segunda a quinta-feira, ao longo do período imprescrito do contrato de
trabalho.

No que tange ao intervalo alimentar, é incontroverso nos autos que havia autorização
administrativa pelo Ministério do Trabalho e Emprego para que a Ré concedesse intervalo
intrajornada inferior a uma hora.

Porém, de acordo com o constante do artigo 71, §3º, da CLT, a autorização para que o
intervalo seja reduzido possui como requisito a inexistência de labor em horas suplementares,
o que não restou observado no caso vertente, conforme acima tratado, pelo que aplicável a
norma ordinária de intervalo alimentar mínimo de uma hora, conforme artigo 71, caput, da
CLT.

Assim, julgo também procedente o pedido de uma hora extra por dia trabalhado, de
segunda a sexta-feira, pelo intervalo intrajornada concedido irregularmente, na forma da
jurisprudência consolidada na Súmula 437, item I, do TST.

Quanto ao percentual incidente sobre as horas extras acima deferidas, embora a


norma coletiva juntada aos autos previsse o percentual de 100% para horas extras, conforme
alegado pelo Autor na inicial, sua vigência se deu apenas até 01/05/2011.

Desta forma, após este período, não há base autônoma coletivamente negociada que
ampare o pedido do Autor, quanto à aplicação do referido percentual adicional de horas
extras.

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Nem é o caso de se aplicar o atual entendimento consolidado na Súmula 277 do TST,
quanto à ultratividade das normas coletivas, uma vez que a jurisprudência do Colendo
Tribunal Superior foi modificada apenas a partir de setembro de 2012, quando alterada a
redação da referida Súmula. Antes disso, a previsão jurisprudencial era justamente para se
observar a eficácia das normas com limitação ao tempo de sua vigência.

Desta forma, em nome da segurança jurídica nas relações entre os atores sociais
envolvidos, devem ser moduladosos efeitos da nova redação da Súmula 277 do TST,
alcançando somente as relações e situações ocorridas após a alteração de seu conteúdo.

Assim, considere-se, para apuração das horas acima deferidas, o adicional de 100%,
para as parcelas até 01/05/2011, e de 50% para as posteriores, bem como o disposto na
Súmula 264 do TST, os dias efetivamente trabalhados, o divisor 220 e a evolução salarial do
Autor.

Julgo também procedente o pedido de repercussão dos adicionais de horas extras,


acima deferidos, no aviso prévio proporcional, repousos semanais remunerados, décimos
terceiros salários, férias com o terço constitucional, FGTS mensal e indenização
compensatória de 40% sobre o FGTS.

Porém, improcedente o pedido de repercussão destas horas sobre o adicional de


insalubridade, tendo em vista que a sua base de cálculo é o salário mínimo, conforme artigo
192, da CLT, nos termos da Resolução 185 de 2012 do TST, que suspendeu o teor da
Súmula 228.

DOS DIAS DE SUSPENSÃO

O Autor admite na inicial que jogou o “game” da empresa concorrente em horário integral
durante a jornada de trabalho, valendo-se da justificativa que era viciante, e que o fizera com
discrição, sem alarde, para ninguém ficar sabendo.

Além disso, deixa claro que o fizera de forma sorrateira, escondida, para que ninguém
percebesse. Ora, fosse o caso de ser conduta ligada à sua atividade laboral, não haveria
qualquer razão para esta preocupação.

Desta forma, convenço-me que a conduta descrita pelo próprio Autor na inicial foi
incompatível com o seu contrato de trabalho.

O fato de a Ré, em sua contestação, admitir que a punição no Autor foi exagerada, ao imputar
10 dias de suspensão, entendendo por suficiente a imputação de pena por 05 dias de
trabalho, não altera a punição já imputada, uma vez que não cabe ao Poder Judiciário se
imiscuir no dimensionamento adequado da punição imposta pelo empregador ao seu obreiro,
por se tratar de direito decorrente de seu poder empregatício, nas espécies diretiva e punitiva.

Com efeito, cumpre a este juízo reconhecer se foi lícita a punição imposta ao empregado, de
acordo com os fatos provados nos autos, mantendo-a ou anulando-a.

Pelo que foi acima exposto, convenço-me que a conduta do Autor foi incompatível com
seu trabalho, sendo adequada a punição imposta, pelo que julgo improcedente o pedido.

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OU

Invalida a penalidade, por desproporcional

DO DANO MORAL

O dano moral decorre de ofensa a direito da personalidade, atingindo a honra,


imagem, intimidade ou privacidade da pessoa, ensejando indenização compensatória nos
termos do artigo 5º, incisos V e X, da CRFB/88.

De fato, o contrato juslaboral deve primar pela dignidade humana do trabalhador e


pelo valor social do trabalho, como alicerces axiológicos do Estado Democrático de Direito,
alçados a fundamentos da Carta Constitucional de 1988 em seu artigo 1º.

Além disso, o direito de propriedade do empregador deve atender à sua função social,
bem como a livre iniciativa na condução do empreendimento deve caminhar em perfeita
harmonia com a valorização do trabalho humano, conforme destacam os artigos 5º, inciso
XXIII, e 173, da CRFB/88.

No caso vertente, o Autor postula a indenização por danos sofridos em decorrência do


tratamento desrespeitoso a ele dado pelo empregados da Ré, com apelido ofensivo à sua
honra, sem que esta, ciente de sua insatisfação, tomasse qualquer providência.

O demandante postula também indenização pelo fato de a Ré ter procedido à anotação da


punição de suspensão aplicada na sua CTPS.

No primeiro fato aduzido, razão assiste ao Autor, conforme acima tratado no tópico relativo à
resolução contratual por culpa da Ré, tendo em vista que admitida a conduta omissiva
culposa desta em não evitar as ofensas íntimas dos seus empregados desferidas contra o
Autor, emboraciente de sua insatisfação quanto a isso, configurando omissão ilícita da Ré,
com direito nexo de causalidade com os danos sofridos in reipsa pelo Autor.

Destarte, impõe-se a responsabilização da Reclamada pelos danos morais sofridos


pelo Autor, na forma dos artigos 187 e 927 do CC, ou mesmo com base no artigo 932, inciso
III, e 942, parágrafo único, do mesmo CC, pelo que procedente o pedido quanto à
indenização perseguida.

O registro da suspensão imposta pela Ré ao Autor em sua CTPS constitui


inequivocamente apontamento desnecessário e não condizente com o contrato de trabalho,
configurando-se anotação deconduta desabonadora do empregado, aspecto vedado
expressamente pelo artigo 29, §4º, da CLT. Assim, da mesma forma, a conduta ilícita da Ré,
nos termos do artigo 186 do CC, acarreta a sua responsabilização pelos danos morais
experimentados pelo Autor, conforme artigo 927 do CC, pelo que julgo procedente o pedido.

No direito brasileiro, as indenizações por danos morais não são tarifadas, sendo
fixadas ao prudente arbítrio do juízo. Com efeito, considerando-se a situação econômica das
partes, a gravidade das condutas praticadas, a extensão dos danos, o caráter punitivo e
pedagógico, e como lenitivo da dor íntima sofrida in re ipsa pelo Autor, julgo procedentes os
pedidos de indenizações por danos morais, e fixo no valor de R$10.000,00 pelos danos
decorrentes da omissão da Ré quanto aos apelidos jocosos, e de R$5.000,00 pela anotação
desabonadora na CTPS do Autor.

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DOS DANOS MATERIAIS

O Autor sofreu acidente de trânsito em veículo fornecido pela Ré, estando o cinto de
segurança deste com defeito, fato incontroverso nos autos, na forma do artigo 334, inciso III,
do CPC.

Além disso, a Ré não comprovou que o Autor estivesse alcoolizado, apesar da sua confissão
de que não havia parado quando ordenado pela polícia e que estava fora do perímetro
permitido (embora tenha se justificado pelo trânsito)

O simples fato de o Autor ter desrespeitado norma contratual relativa ao perímetro de


circulação do veículo não desonera a Ré da responsabilidade pelo fornecimento de veículo
com defeito em dispositivo obrigatório de segurança, fato por ela sabido e admitido nos autos.

Desta forma, a conduta ilícita da Reclamada possui nexo de causalidade com o dano
experimentado pelo Autor, importando sua responsabilização pela indenização postulada, na
forma dos artigos 186 e 927, do CC.

Assim, restando comprovado nos autos os gastos com tratamento médico sofridos pelo Autor,
decorrentes dos danos físicos causados pelo acidente de trânsito, justamente por dirigir com
o cinto de segurança defeituoso, com base no artigo 944 do CC, julgo procedente o pedido de
indenização pelos danos materiais, e fixo no valor de R$58.537,00.

OU

- Repartir os danos – culpa concorrente. O autor agiu culposamente ao não parar


quando determinado pela polícia

DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Não vislumbro nos autos qualquer conduta que se enquadre em hipótese de litigância
de má-fé. Indefiro.

DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

Não há falar em inaplicabilidade do índice da Taxa Referencial – TR, considerando-se


o disposto na OJ-SDI1-300 do TST, pelo que improcede o pedido Autoral.

Com efeito, os juros e correção monetária, nesta especializada, seguem o quanto


consolidado nos verbetes sumulares de nº 200 e 381, bem como na Orientação
Jurisprudencial 400 da SDI-1, todos do Tribunal Superior do Trabalho, assim como na Lei nº
8.177/91.

Quanto à parcela deferida a título de indenização por danos morais, a atualização


monetária é devida a partir da data da decisão de arbitramento ou de alteração do valor, e os
juros incidem desde o ajuizamento da ação, nos termos do art. 883 da CLT, conforme
jurisprudência constante da Súmula 439 do Tribunal Superior do Trabalho, que assim
estabelece os referidos parâmetros.

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OBS: aplicar entendimento atual do STF (ADC 58) -> IPCA (fase pré-judicial) +
Selic (fase judicial)

RECOLHIMENTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS

Os recolhimentos das cotas previdenciária e fiscal incidem sobre as parcelas de


natureza salarial, objeto da presente sentença, nos termos do artigo 28, da Lei nº 8.212/91,
na forma da Súmula 368 do TST, autorizada a dedução da cota de responsabilidade da parte
Autora, conforme disposto na Orientação Jurisprudencial nº 363 da SDI-1 do TST.

HONORÁRIOS ADOCATÍCIOS

Os honorários advocatícios, nesta Justiça do Trabalho, não decorrem meramente da


sucumbência, devendo estar presentes os requisitos constantes dos artigos 14 e 16 da Lei nº
5.584/70, conforme jurisprudência consolidada nas Súmulas 219 e 329 do TST.
No caso vertente, não está a parte Autora assistida pela entidade sindical da categoria
profissional, tampouco há declaração de sua condição de miserabilidade jurídica, pelo que
indefiro o pedido.

COMPENSAÇÃO

Indefere-se o requerimento de compensação, pois não demonstrada a existência de créditos


da reclamada em face do reclamante.

DISPOSITIVO

Diante do que foi exposto, rejeito as preliminares de inépcia e a prejudicial de


prescrição arguidas.

Acolho a preliminar de inépcia quanto ao saldo de salário, e julgo extinto o processo


sem resolução do mérito, no particular, na forma do artigo 267, inciso I, do CPC.

Julgo extinto o processo sem resolução do mérito quanto ao pedido contraposto, por
falta de interesse processual, nos termos do artigo 267, inciso VI, do CPC.

Julgo parcialmente procedentes os pedidos, reconhecido o vínculo empregatício entre as


partes no período compreendido entre 03/02/2004 e 13/02/2013, reconhecida a resolução
contratual por culpa da Reclamada (rescisão indireta), para condenar ABACAXI
INCORPORATION LTDA-ME a pagar a NAVARRO DE CASTELA, no prazo de oito dias a
contar do trânsito em julgado da presente, conforme se apurar em regular liquidação de
sentença, a ser realizada por cálculos, observados os parâmetros da fundamentação acima,
que este decisum integra, os seguintes títulos:

- Aviso prévio proporcional (57 dias), férias proporcionais (2/12) com um terço,
décimo terceiro salário proporcional (3/12), indenização compensatória de 40% do
FGTS;
- Indenização relativa ao seguro-desemprego
- Adicional por uma hora extra nos dias de trabalho de segunda a quinta-feira;

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- Uma hora extra pelo intervalo intrajornada desrespeitado, nos dias de trabalho de
segunda a sexta-feira;
- Indenização por danos morais, pelo tratamento vexatório, no importe de
R$10.000,00;
- Indenização por danos morais, pela anotação desabonadora na CTPS do Autor, no
importe de R$5.000,00;
- Indenização por danos materiais, no importe de R$58.537,00;

Juros e correção monetária conforme parâmetros consolidados nas Súmulas 200 e


381 do TST, na OJ 400 da SDI1 do TST, bem como na Lei nº 8.177/91, exceto quanto aos
danos morais, que devem observar a Súmula 439 do TST.

No mesmo prazo acima, a Ré deverá liberar ao Autor as guias para movimentação do


FGTS. Caso não seja atendida a referida obrigação, fica imputada à Ré multa de R$500,00,
na forma do artigo 461, §5º, do CPC, expedindo-se a Secretaria da Vara alvará para tanto.

Deverá a Reclamada retificar as anotaçõesna CTPS do Autor, com as devidas


informações atinentes às alterações de salários e funções, bem como o registro da data de
admissão em 03/02/2004 e rescisãoem 11/04/2013. Para tanto, a Secretaria da Vara intimará
as partes, determinando local, dia e hora em que o procedimento deverá ser realizado. Não
sendo cumprida a obrigação pela Ré, a Secretaria da Vara deverá proceder à anotação, sem
prejuízo da multa de R$3.000,00 imposta à Ré, nos termos do artigo 461, §5º, do CPC, não
devendo ser realizada qualquer referência ao procedimento judicial. Caso não compareça o
Autor com sua CTPS nos prazos definidos, será considerada satisfeita a obrigação.

Parcelas e repercussões de aviso prévio, férias com um terço, FGTS, indenização


compensatória de 40% do FGTS, e indenizações por danos morais e materiais, acima
deferidas, possuem natureza indenizatória, sendo as demais salariais, para fins do artigo 832,
§3º, da CLT.

Ultimada a liquidação, promovam-se os recolhimentos das cotas previdenciária e fiscal


incidentes sobre as parcelas salariais acima mencionadas, na forma da Súmula 368 do TST,
autorizada a dedução da cota de responsabilidade da parte Autora, nos termos da OJ 363 da
SDI-1 do TST.

Custas pela Reclamada, calculadas sobre o valor arbitrado de R$300.000,00, no


importe de R$6.000,00, nos termos do artigo 789, inciso IV e §2º, da CLT.

Partes cientes (Súmula 193 do TST). Intime-se a União.

Nada mais. Após o trânsito em julgado, cumpra-se.

São Paulo, DATA.

JUIZ DO TRABALHO

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SENTENÇA TRABALHISTA

PROF. JOALVO MAGALHÃES

SENTENÇA INÉDITA

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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 555ª REGIÃO

AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO RTOrd 777777777-99.2021.5.555.0150

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 26/03/2021

Valor da causa: R$ 227.500,00

Partes:

RECLAMANTE: MARISVALDO DA SILVEIRA CASTANHEDA - CPF:


888.999.999-99

ADVOGADO: ROBERTO TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR - OAB: BA


100.799

RECLAMADO: EMPRESA DE TRANSPORTES DA PESADA LTDA

ADVOGADO: ROMÁRIO SANTOS DE ABREU OAB: BA 200.101

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA VARA
DO TRABALHO DE SALVADOR - BA

MARISVALDO DA SILVEIRA CASTANHEDA, filho de IDVILNA SANTOS DA SILVEIRA, brasileiro,


inscrito no CPF/MF n. 888.999.999-22, no RG/SSP- BA n. 72672537382892, PIS/PASEP n.
7625382901, CTPS/BA n. 982673562, Série 000009999999/BA, residente e domiciliado à Rua
do Azeite Temperado, nº 12, Bairro de Curvas, CEP.: 40.2456-878, Salvador-BA, vem, por seu
advogado abaixo assinado, regularmente constituído por intermédio do instrumento de
mandato anexo, propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de EMPRESA DE
TRANSPORTES DA PESADA LTDA , inscrita no CNPJ: 12.8787.9876/0003-00, sediada na Rua da
Tristeza, s/n, CEP: 40.65654-909 Salvador-BA, pelos motivos de fato e de direito a que passa a
expor, ponderar e ao final requerer.

Primeiramente, requer sejam todas as notificações e publicações do presente processo


emitidas em nome de ROBERTO TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR - OAB: BA 100.799, SOB
PENA DE NULIDADE DOS ATOS PRATICADOS EM DESACORDO COM ESTE
REQUERIMENTO, a teor do Enunciado de n. 427 da Súmula do TST.

Primordialmente, o Reclamante solicita o Benefício da Justiça Gratuita, nos termos


do art. 14, § 1º, da Lei nº 5.584/1970, da Lei nº 1.060/1950, do art. 790, § 3º, da CLT
e da Lei nº 7.115/1983, tendo em vista que não possui meios econômicos suficientes
para pagar as custas processuais, preparo de um eventual recurso e/ou os
honorários de advogado sem o prejuízo do sustento próprio ou da sua família.

O Reclamante iniciou o contrato com a primeira ré em 05/10/1979, percebendo como


último salário R$3.800,00, exercendo a função de motorista de caminhão. O contrato

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de trabalho foi encerrado por justa causa em 29/01/2021, último dia trabalhado, sem
que tenham sido pagas as parcelas de férias simples de 2019/2020, férias
proporcionais 2020/2021, natalinas proporcionais de 2021, aviso prévio, multa de
40% do FGTS e também não recebeu o seguro-desemprego, apesar de se encontrar
ainda desempregado até a presente data.

Além disso, diversos outros direitos foram negados ao reclamante, conforme será
exposto a seguir.

O reclamante foi estranhamente dispensado por justa causa, mas sem qualquer
motivação. São direitos constitucionalmente assegurados ao obreiro o contraditório e
a ampla defesa, de modo que, pela eficácia horizontal dos direitos fundamentais, não
poderia ser dispensado sem prévio procedimento interno de apuração de
responsabilidade, o que não ocorreu.

Além do mais, não cometeu nenhuma falta grave que justificasse o rompimento
contratual. Cumpre salientar que a reclamada sequer indicou qual teria sido a suposta
infração, o que impossibilita até mesmo uma impugnação mais contundente nesta
petição inicial, eis que o obreiro sequer sabe do que foi acusado. A ausência desta
indicação também macula a justa causa aplicada pela ré.

A dispensa por justa causa deve cumprir requisitos legais, como tipicidade,
imediaticidade e proporcionalidade, mas nenhum destes elementos está presente no
caso concreto.

Pede, assim, a declaração de nulidade da dispensa por justa causa, com o


pagamento de férias simples 2019/2020, férias proporcionais 2020/2021, natalinas
proporcionais de 2021, além de FGTS acrescido de 40%. (R$7.500,00)

Pede, também, indenização relativa ao seguro-desemprego, eis que deixou de


receber o benefício em razão de conduta da ré, que não informou dispensa imotivada
aos órgãos governamentais. (R$8.000,00)

Também pede seja retificada sua CTPS, a fim de constar a projeção do aviso prévio
proporcional de 90 dias.

A primeira ré não recolheu regularmente o FGTS do autor, estando pendentes os


meses de fevereiro a novembro de 2005, janeiro a abril de 2006, março de 2007 e
setembro de 2010.

Assim, pede o recolhimento de diferenças de FGTS apontadas. (R$1.500,00)

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Além disso, requer a expedição de alvará para levantamento do FGTS, considerando
a invalidade da justa causa aplicada.

O autor trabalhava de segunda a sábado, em média de 6h às 19h, com apenas 40min


de intervalo, além de domingos alternados e alguns feriados.

O reclamante nunca usufruía 1h de intervalo, conforme determina a CLT e a Súmula


437 do TST. A empresa, por ato unilateral, reduzia o intervalo para apenas 30min, o
que não era suficiente para o efetivo descanso.

Assim, pede pagamento de horas extras, inclusive 1h diária de intervalo, com


acréscimo de 50%, além de domingos e feriados laborados, com acréscimo de 100%
e reflexos devidos (férias, natalinas, aviso-prévio). (R$15.000,00)

O reclamante exercia a mesma função de outro motorista da empresa, Sr. Denivaldo


Barbosa, com mesma qualificação e perfeição técnica, mas percebia salário inferior
sempre com decréscimo de R$1.000,00, em afronta ao art. 461 da CLT.

Pede, assim, o pagamento de diferenças salariais de todo o período imprescrito, com


reflexos em RSR, férias, natalinas e aviso-prévio. (R$60.000,00)

Faz jus a adicional de periculosidade, pois trabalhava constantemente com


inflamáveis e explosivos, em razão da sua função, eis que permanecia no caminhão
durante os abastecimentos em postos de gasolina, que eram diários.

Pede o pagamento de adicional de periculosidade (30%), com reflexos em RSR,


férias, natalinas e aviso prévio. (R$80.000,00)

A empresa tinha por prática o pagamento do salário de férias apenas no primeiro dia de gozo
do descanso, sendo que o acréscimo de 1/3 era pago apenas 7 dias após o início das férias, o
que contraria o art. 145 da CLT.

Assim, é devido o pagamento em dobro das férias usufruídas em todo o contrato de trabalho,
na forma da Súmula 450 do TST. (R$20.000,00)

Em razão da longa jornada a que era submetido, houve comprometimento de sua vida
familiar e escolar, além de ter deixado de frequentar as missas na sua Igreja.

O pagamento intempestivo das férias também impediu que realizasse viagens e aproveitasse
o lazer com a família.

Diante de tais circunstâncias, resta patente o dano existencial, que deve ser reparado pela ré,
no valor de R$10.000,00.

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O reclamante era submetido diariamente ao teste bafômetro, o que evidencia quebra da
fidúcia na relação entre empregado e empregador, pede danos morais por esta situação, no
valor de R$2.000,00.

Além disso, os resultados dos testes eram divulgados aos colegas de trabalho, em um mural
da empresa, sendo que um dia divulgaram falsamente queseu resultado tinha dado positivo, o
que lhe causou constrangimento. Pede, também, indenização no valor de R$3.000,00.

Em setembro de 2020, chegou a ser advertido publicamente por se recusar a utilizar o


bafômetro, tendo sido humilhado perante seus colegas de trabalho, mas o fez pois a empresa,
em plena pandemia, não estava utilizando material descartável, mas sim material reutilizável
com higienização duvidosa.

Não bastassem todos os ilícitos praticados pela ré, até hoje não devolveu a CTPS do
reclamante, causando evidente prejuízo de ordem moral e material.

Pede, portanto, que a reclamada seja condenada em obrigação de devolver a CTPS


ao reclamante, no prazo de 48h, sob pena de multa diária no valor de R$500,00.

Pede, ainda, pela retenção indevida, indenização por danos morais no valor de
R$10.000,00.

A ré efetuou descontos salariais indevidos, sendo um desconto no valor de R$500,00,


em março de 2018, referente a uma multa de trânsito e outra no valor de R$1.000,00,
em abril de 2019, referente a um acidente de trânsito em que a ré pagou indenização
a um motociclista, por força de um acordo judicial, tendo depois cobrado a quantia do
reclamante, mas sem qualquer culpa do obreiro.

Pede devolução em dobro dos descontos indevidos, com reflexos em férias, FGTS e
aviso prévio. (R$2.500,00)

Informa a interrupção da prescrição, em favor do autor, pela interposição de protesto judicial


pelo Sindicato dos Motoristas de Caminhão de Salvador, ajuizado em 03/05/2019, do qual a
reclamada foi devidamente notificada, com o fim de resguardar os direitos relativos aos
recolhimentos de FGTS de todos os membros da categoria.

Pede a condenação das rés ao pagamento de honorários advocatícios à base de 15%


sobre o valor da condenação, em favor do advogado do reclamante.

O autor requer a concessão do BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA, com espeque


no art. 14, § 1º, da Lei nº 5.584/1970, na Lei nº 1.060/1950, no art. 790, § 3º, da CLT
e na Lei nº 7.115/1983 e também as seguintes parcelas:

 Multa do art. 467 da CLT(R$7.500,00)

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 Diferenças de FGTS
 Horas extras e reflexos
 diferenças salariais e reflexos
 Adicional de periculosidade (30%) e reflexos
 Férias em dobro
 Dano existencial
 Danos morais pelos fatos narrados relativamente ao bafômetro
 Danos morais pela retenção da CTPS
 Multas normativas referentes às convenções coletivas de 2019/2020 e
2020/2021
 Pede devolução em dobro dos descontos indevidos, com reflexos

Por último, requer a notificação da Reclamada, no endereço constante nessa peça


vestibular para, querendo, contestar os termos da presente reclamação sob pena de
revelia e confissão quanto à matéria fática.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial prova documental, pericial, testemunhal e depoimento pessoal do
Reclamante e das Reclamadas, sob as penas da lei.

Todos os documentos juntados à exordial foram conferidos com o original de forma


que, por essa razão, declara-se, por meio dos advogados e com arrimo no inciso IV
do art. 365 c/c a última parte do §1º do art. 544, ambos do CPC, a autenticidade dos
mesmos.

Dá à causa o valor de R$227.500,00.

Termos em que Pede e Espera

DEFERIMENTO,

Salvador, 25 de março de 2021.

ROBERTO TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR OAB: BA 100.799

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TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR

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DOCUMENTOS QUE ACOMPANHAM A PETIÇÃO INICIAL

- Declaração de hipossuficiência econômica subscrita pelo autor

- Comprovante de residência do reclamante – conta da Coelba

- Cópia da identidade do reclamante

- CCT's de 2012 a 2021

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 150ª VARA FEDERAL DO TRABALHO DE
SALVADOR ESTADO DA BAHIA.

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EMPRESA DE TRANSPORTES DA PESADA LTDA, por seu advogado, nos autos da Reclamação
Trabalhista movida por MARISVALDO DA SILVEIRA CASTANHEDA, em curso perante essa
MM. Vara, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., apresentar

CONTESTAÇÃO

pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

A petição inicial falta com a verdade quanto ao horário de trabalho do reclamante. Ele
sempre laborou de 8h às 17h, com 1h de intervalo, bem como aos sábados de 8h às
12h.

O reclamante não laborou domingos nem feriados ao longo do seu contrato de


trabalho.

Cumpre salientar que o reclamante era trabalhador externo, pois desenvolvia suas
atividades em rotas de entrega fora da empresa. Assim, é evidente o enquadramento
na exceção contida no art. 62-I da CLT.

Ainda assim, por amor ao debate, quanto ao intervalo intrajornada, cumpre esclarecer
que não seria devido o pagamento da hora integral, mas apenas do período
supostamente reduzido, sem caráter salarial, tudo conforme o art. 71, §4º da CLT, em
redação conferida pela Lei. 13.467/2017.

Assim, improcedentes todos os pedidos relacionados à jornada de trabalho, ainda


mais porque o pedido de feriados é genérico, sendo, pois, inepto.

A petição inicial é inepta, uma vez que desatende ao comando do art. 840, §1º, da
CLT, quanto à liquidação dos pedidos, eis que o reclamante não anexou aos autos a
competente planilha de cálculos para fundamentar os valores dos seus pleitos.

Também é inepta a petição inicial quanto ao pedido referente à multa do art. 467 da
CLT, incluído apenas no rol de pedidos, sem qualquer causa de pedir no corpo da
petição inicial, o que configura inépcia, na forma do art. 330, §1º, I, do CPC.

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Por fim, cumpre salientar que no rol de pedidos não há a indicação dos respectivos
valores, o que impõe o reconhecimento da inépcia, com a extinção do feito sem
resolução do mérito.

Há de ser observada a incidência da prescrição bienal quinquenal em relação aos


pedidos formulados na presente ação.

Além disso, cumpre frisar que a apresentação de protesto judicial pelo sindicato
representativo da categoria do reclamante não teve o condão de interromper a
prescrição, conforme preceitua o art. 11, §3º, da CLT.

O advogado do reclamante ou não sabe o que é dano existencial ou se faz de


ignorante, com o fito de induzir o Juízo a erro.

Dano existencial não se confunde com dano moral e não pode ser pleiteado da forma
como feita pelo autor. O pagamento das férias, na forma como narrada na exordial,
por si só, não trouxe qualquer prejuízo existencial ao reclamante.

Em relação á jornada de trabalho, como se viu, o reclamante não laborava em horas


extras, domingos nem feriados. Ele conseguia aproveitar a vida muito bem, era
obreiro em uma igreja evangélica, participava de torneios de futebol em seu bairro e
ainda frequentavas as praias todos os domingos.

Pela improcedência do pedido absurdo de dano existencial.

Na mesma linha dos danos existenciais, os pedido de danos morais parece ter sido
escrito por ninguém menos que o renomado autor tcheco Franz Kafka, considerando
a quantidade de absurdos e perplexidades contidas na petição inicial, a começar
pelos valores excessivos pleitados, que ficam desde já impugnados.

Quanto à carteira de trabalho do reclamante, ela foi devolvida em 29/03/2021, embora


ele tenha se recusado a assinar qualquer tipo de recibo. O gerente da empresa, Sr.
Furesvaldo Maneta, entregou pessoalmente o documento ao autor e poderá confirmar
tal fato em sede de instrução processual.

Em verdade, excelência, a demora se deu em razão da pandemia de COVID-19, o


que fez com que o contador da empresa atrasasse em uma semana a devolução da
CTPS, alegando que os decretos municipais em Salvador proibiram a abertura do seu
escritório de contabilidade, o que trouxe prejuízo inegável à reclamada.

Além do mais, tentou várias vezes devolver o documento ao autor, sem êxito, pois ele
se recusava a comparecer à empresa.

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Trata-se de situação que, evidentemente, não enseja qualquer indenização por danos
morais, até porque nenhum direito da personalidade foi violado. Sem violação a direito
da personalidade, não há dano moral,além de não haver comprovação de qualquer
dor, sofrimento, angústia ou humilhação por conta do fato ocorrido.

Em relação à submissão do autor a testes de alcoolemia, trata-se de prerrogativa do


empregador, na forma do art. 235-B, VII, da CLT. A medida visa a proteger não
apenas o patrimônio da empresa, mas toda a sociedade, evitando acidentes de
trânsito, mortes e ferimentos de pessoas.

Os dispositivos utilizados eram descartáveis e não havia qualquer risco de


contaminação do reclamante, qualquer alegação diferente é puramente uma mentira.
Houve um curto período de utilização de dispositivos reutilizáveis, mas eram
corretamente higienizados com álcool 70, manipulados por profissionais habilitados.

Assim, plenamente justificada a advertência aplicada ao reclamante, que poderia até


ser dispensado por justa causa, por se recusar a cumprir medida de segurança,
caracterizando típica insubordinação.

Ao contrário da fantasiosa alegação, nunca houve divulgação errônea de dados pela


empresa. Havia apenas um mural com os motoristas escalados para determinado dia.
Caso o motorista faltasse, era colocado o código “F”. Se ele comparecesse, mas
testasse positivo para álcool ou drogas, era colocado o código “F-1”, sendo apenas
uma forma de organizar a escala e permitir a substituição por outros motoristas.

O autor age com má-fé ao alegar que não sabe o motivo de sua demissão por justa
causa. Em realidade, ele foi dispensado por apresentação de atestado médico falso, o
que caracteriza ato de improbidade, na forma do art. 482, a, da CLT, tendo sido
corretamente notificado.

A verdade é que o autor apresentou um atestado médico em 29/12/2020 (conforme


comprova o documento anexo), no qual o médico recomendou afastamento por 2
dias, em razão de doença intestinal. O reclamante alegou mal-estar, náuseas e
vômitos para faltar ao serviço nesses dias.

No entanto, o próprio reclamante postou foto em sua rede social no instagram, no dia
1º de janeiro, em que aparece comemorando na casa de amigos, em um churrasco e
com um copo de cerveja na mão, o que evidencia completa má-fé.

Além disso, a lei não impõe qualquer procedimento investigativo para aplicação da
justa causa, sendo um direito do empregador, quando constata uma falta grave contra
si praticada, como se deu no presente caso, em que o sócio da reclamada visualizou

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a referida fotografia no instagram, tão logo ela foi postada, tendo promovido
prontamente a apuração, com imediata dispensa do obreiro.

Assim, estão presentes todos os requisitos legais para a aplicação da justa causa,
pelo que improcedentes os pedidos de nulidade da dispensa.

Improcedente o pedido declaratório, restam improcedentes também os pedidos de


verbas rescisórias, retificação da CTPS e indenização relativa ao seguro-desemprego.

Quanto aos pedidos referentes ao FGTS, há de ser observada a incidência da


prescrição quinquenal, nos termos da Súmula 362 do TST, eis que a ação foi ajuizada
após o decurso do lapso temporal da modulação de efeitos proposta pelo STF.

O pedido de pagamento de diferenças de FGTS não procede, primeiro porque está


prescrito, segundo porque os recolhimentos foram devidamente realizados, conforme
comprovam os documentos de depósito que acompanham essa defesa. Eventuais
lacunas no recolhimento do FGTS referem-se exclusivamente a períodos de
afastamento do trabalhador.

Diante da dispensa por justa causa, improcedente o pedido de expedição de alvará


para levantamento do saldo da conta vinculada.

Não procede o pedido de equiparação salarial formulado pelo reclamante com o


paradigma Denivaldo, pois ausentes os requisitos do art. 461 da CLT.

Com efeito, eles não exerciam as mesmas funções, pois o reclamante era motorista
de caminhão nível I e o paradigma era motorista de caminhão nível II, dirigiam
caminhões de marcas, modelos, dimensão e peso diferentes.

Além disso, era maior a perfeição técnica do trabalho do paradigma, que, inclusive,
tinha habilitação há mais tempo e CNH do tipo E, enquanto o reclamante era
habilitado apenas no tipo D. O paradigma era muito mais diligente , com entregas
mais rápidas e eficientes que o reclamante.

Também não estão presentes, no caso, os requisitos temporais previstos no art. 461,
§1º, da CLT, o que igualmente conduz à improcedência do pedido.

A empresa também contava com plano de cargos e salários, o que afasta a


equiparação salarial pretendida.

Por fim, cumpre salientar que o paradigma foi dispensado em 01/06/2018, de modo
que eventual condenação deveria se limitar ao período em que em que ele laborou na
empresa, estando prescrito o maior período em que laboraram simultaneamente.

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Não há direito a adicional, pois o trabalho não era perigoso. O reclamante era
motorista de caminhão e sequer abastecia o veículo que dirigia.

Em verdade, nos momentos em que o veículo era abastecido, em garagem específica


da empresa, ele nem mesmo havia chegado para trabalhar, pois ocorria antes do seu
horário de trabalho.

O reclamante incorre em aventura jurídica ao pedir o pagamento de férias em dobro.


Cumpre salientar que o TST já revisitou sua jurisprudência quanto à aplicação
excessiva da Súmula 450, não sendo devida a sanção ali imposta quando o
pagamento das férias se dá no mesmo dia de fruição do descanso, como foi o caso
dos autos.

Indevida qualquer devolução dos descontos, na forma pedida na petição inicial.

O instrumento contratual assinado pelo reclamante permitia o desconto do salário em


caso de dano culposo, na forma do art. 462, §1º, da CLT, conforme comprova o
documento anexo.

O reclamante costumava levar multas e também já colidiu com terceiros, ocasionando


prejuízos à reclamada, nada mais justo do que ressarcir tais danos ao seu
empregador.

Requer o sobrestamento do feito, na forma da liminar concedida pelo Min. Gilmar


Mendes, do Supremo Tribunal Federal, no bojo da ADC 58, por se tratar de processo
no qual se discute o índice de correção monetária aplicável aos créditos trabalhistas
pleiteados.

Impugna, desde logo, a gratuidade judiciária requerida, pois o reclamante recebia


mais de dois salários mínimos e não prova hipossuficiência econômica. Além disso,
seu advogado não possui poderes especiais para isso.

CONCLUSÃO

Assim, pede a TOTAL IMPROCEDÊNCIA DA DEMANDA, com a condenação do


autor ao pagamento de honorários sucumbenciais, na forma da lei.

Salvador, 6 de abril de 2021.

ROMÁRIO SANTOS DE ABREU OAB: BA 200.101

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ABREU

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DOCUMENTOS QUE ACOMPANHAM A CONTESTAÇÃO

- Procuração com poderes gerais para o foro

- Contrato social da empresa. Capital social de R$200.000,00

- Comprovantes de recolhimento de FGTS de outubro de 2005 e novembro de 2005

- Carta de concessão de auxílio-doença (código B31) pelo INSS de janeiro a abril de


2006

- Atestado médico indicando doença intestinal e afastamento do reclamante por 2


dias. Data: 29/12/2020

- Print do instagram do reclamante @marivaldo.castanheda.2019, com publicação de


foto do reclamante em uma área de piscina e churrasqueira, com a legenda “Churras
de ano novo com os amigos”, postada em 1/1/2021

- Multa aplicada pelo Detran, por excesso de velocidade, no valor de R$500,00, para
o caminhão de placa JPW-89789

- Termo de audiência com acordo judicial celebrado entre a reclamada e o Sr.Jonilson


Rambitre, com pagamento de R$1.000,00 a título de indenização pela colisão
envolvendo o caminhão placa JPW-89789 e a motocicleta do Sr. Jonilson

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ATA DE AUDIÊNCIA

PROCESSO: 777777777-99.2021.5.555.0150

RECLAMANTE: MARISVALDO DA SILVEIRA CASTANHEDA

RECLAMADAS: EMPRESA DE TRANSPORTES DA PESADA LTDA

Em 9 de abril de 2021, mediante sessão telepresencial pelo aplicativo GoogleMeet,


na sala de sessões virtual da MM. 150ª VARA DO TRABALHO DE SALVADOR/BA,
sob a direção da Exmo(a). Juíza ANA MAGISTRADA, realizou-se audiência relativa
ao processo identificado em epígrafe.

Às 10h45min, aberta a audiência, foram, de ordem da Exmo(a). Juíza do Trabalho,


apregoadas as partes.

Presente o RECLAMANTE, acompanhada do(a) advogado(a), Dr(a). ROBERTO


TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR - OAB: BA 100.799.

Presente a RECLAMADA, representada pelo preposto João Santos, acompanhado


do advogado, Dr. Romário Santos de Abreu, OAB: BA 200.101.

Recebidos a contestação e os documentos apresentados pela ré. Concedida a


palavra ao reclamante para se manifestar, foi dito que reitera os termos da petição
inicial.

Concedida a palavra ao advogado da reclamada, pelo mesmo foi dito que: requer,
desde já, o adiamento desta audiência virtual, com a redesignação de audiência
presencial. O processo do trabalho prima pela oralidade e pelo contato presencial
entre as partes, testemunhas e magistrado. Nesse contexto, a realização de
audiência virtual enseja nítidos prejuízos, sobretudo quanto à oitiva de
testemunhas. Não há qualquer confiabilidade de que as testemunhas estejam de
fato isoladas entre si, sem acompanhar os demais depoimentos, tampouco é
possível demonstrar que o advogado da parte contrária não as esteja orientando
presencialmente. O risco é grande demais e os benefícios são duvidosos. Além do

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mais, a audiência está sendo realizada através do aplicativo GoogleMeet, quando é
sabida a determinação do CSJT quanto à utilização do aplicativo Zoom, na forma
do Ato Conjunto 54/2020. Em razão também deste vício formal, pede adiamento da
audiência.

Pela Juíza foi dito que mantém a realização da audiência.

Protestos pela reclamada. A Juíza disse que os argumentos da reclamada serão


apreciados na sentença.

Os advogados informam que renunciam reciprocamente aos honorários


sucumbenciais.

Depoimento pessoal da parte autora: que começou a trabalhar para a reclamada


em 1979, na função de motorista de caminhão; que foi dispensado em janeiro
deste ano, por justa causa; que a empresa informou que a justa causa seria por
atestado médico falso; que a empresa não realizou qualquer procedimento de
averiguação quanto ao atestado; que o atestado era verdadeiro; que o atestado foi
fornecido por médico da UPA e entregue pelo depoente na empresa; que não se
recorda de quantos dias era o atestado; que não se recorda a data exata do
atestado; que apresentou atestado porque não se sentia bem, teve enjoos, mal-
estar; que não falsificou nenhum atestado; que realmente estava passando mal;
que depois melhorou; que não bebeu na festa de reveillon, mas comeu porco; que
quando comeu porco já estava melhor; que no dia seguinte ao reveillon participou
de churrasco de ano novo; que bebeu um copo de cerveja no churrasco; que
também comeu churrasco e acompanhamentos; que já estava bom do problema
intestinal; que depois do reveillon e do churrasco não passou mal; que ainda se
encontra desempregado; que não deu entrada no auxílio emergencial do governo;
que possui habilitação D, tendo exibido sua CNH; que tem esse tipo de habilitação
há mais de 40 anos; que trabalhou com o paradigma Denivaldo; que o paradigma
era motorista como ele; que não sabe se o paradigma tinha habilitação D ou E; que
dirigiam o mesmo tipo de caminhão; que a habilitação do depoente permitia dirigir o
seu caminhão e também o caminhão dirigido pelo Sr. Denivaldo; que era
responsável por abastecer o caminhão que dirigia; que permanecia ao lado do
caminhão ao abastecê-lo e ainda ajudava no abastecimento de outros caminhões
da empresa; que não usava luvas para o abastecimento; que o seu horário de
trabalho variava, mas era em média de 7h às 19h, de segunda a sexta; que aos
sábados trabalhava de 7h às 12h; que trabalhava todos os feriados; que aos
domingos laborava apenas esporadicamente, no horário de 7h às 12h; que
usufruía apenas 30min de intervalo; que era determinação da empresa tirar apenas
30min de intervalo, para dar conta das entregas; que não havia controle de
jornada, nem mesmo papelete; que o caminhão possuía GPS; que o encarregado

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sempre acompanhava a localização em tempo real e telefonava para o depoente
sempre que o veículo estava parado, para perguntar sobre o andamento das
entregas; que as horas extras habituais atrapalhavam seu relacionamento conjugal;
que sua esposa reclamava porque ele chegava tarde e saía cedo; que os vizinhos
brincavam que o depoente não dava assistência à esposa e ficava muito tempo
trabalhando fora de casa; que nas férias costumava viajar com a esposa; que
viajavam para locais próximos, pois o dinheiro não permitia ir muito longe; que sua
esposa não trabalha, só em casa, por isso poderia acompanhar o depoente nas
férias; que sua CTPS foi devolvida agora no fim de março, após o ajuizamento da
ação trabalhista; que quando foi contratado, o dono da empresa conversou com ele
sobre descontos e concordaram que poderia descontar valores referentes a batida
no caminhão e multas de trânsito; que dirigia o caminhão de placa JPW-89789; que
apenas o depoente dirigia esse caminhão. Nada mais foi dito nem lhe foi
perguntado.

Depoimento pessoal da parte ré: que o reclamante foi dispensado em razão de


atestado médico falso; que isso foi comunicado ao reclamante pelo dono da
empresa; que o dono da empresa ficou sabendo que o atestado médico era falso
pois viu a publicação do reclamante em um churrasco de ano novo, logo após
apresentar atestado médico que determinava seu afastamento por problema
intestinal; que a dispensa do reclamante se deu no dia 29 de janeiro deste ano; que
o paradigma Denilton foi admitido pela empresa em 1994, tendo sido dispensado
em 2018, aproximadamente no meio do ano; que na empresa havia plano de
cargos e salários; que o reclamante era motorista nível I e o Sr. Denilton era
motorista nível II; que o caminhão dirigido pelo Sr. Denilton era diferente do
caminhão do reclamante; que o caminhão do Sr. Denilton exigia CNH tipo E e o
reclamante só possuía tipo D; que um não dirigia o caminhão do outro, pois cada
um ficava sempre com seu próprio caminhão; que reclamante não abastecia o seu
caminhão, muito menos dos outros colegas; que o reclamante sequer estava na
empresa no momento do abastecimento, que era feito antes de ele chegar para
trabalhar; que todos os caminhões da empresa possuem rastreamento via satélite
em tempo real, que o rastreamento é para a carga e não para controlar jornada;
que não fica telefonando para o reclamante ao longo da sua jornada; que o
reclamante tem liberdade de fazer seu próprio horário, pois trabalha externamente;
que a orientação da empresa é que o motorista tire 1h de intervalo; que o
reclamante tirava 1h; que o reclamante trabalhava de 8h às 17h, com 1h de
intervalo, bem como aos sábados de 8h às 12h; que o reclamante não laborava em
domingos nem feriados; que o reclamante já se envolveu em acidente e, em razão
disso, a empresa teve que indenizar um motociclista; que essa indenização foi
acordada entre a empresa e o motociclista em processo perante os Juizados

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Especiais; que o reclamante não foi parte daquele processo. Nada mais foi dito
nem lhe foi perguntado.

Testemunha da parte autora: Torielson de Almeida, brasileiro, casado,


motorista. Inquirido disse que: trabalhou na empresa ré como motorista, de 2010
até 2018; que conheceu o Sr. Denivaldo e também trabalhou com ele; que não
sabe qual era a habilitação do Sr. Denivaldo; que o depoente sempre possuiu
CNH do tipo D; que na empresa cada uma possuía seu caminhão e um não
dirigia o do outro; que o tipo de caminhão que o Sr. Denivaldo dirigia era o mesmo
do caminhão dirigido pelo reclamante; que os caminhões eram de marcas
diferentes, mas eram do memso tipo, com idêntica teconlogia e mesma
dificuldade de pilotagem; que todos os caminhões da empresa eram simples e
nenhum exigia categoria tipo E; que não sabe se o Sr.Denivaldo fazia mais
entregas que o reclamante; que não acompanhava a produtividade do reclamante
nem do paradigma; que quando o caminhão era abastecido o reclamante já
estava na empresa, assim como o próprio depoente; que o abastecimento era
feito no início ou no final da jornada, dependia do dia; que durante o
abastecimento o motorista não fica no caminhão, sai para resolver pendências
dentro da empresa; que no ano em que deixou a empresa se recorda de que o
nome do reclamante apareceu no mural como F-1; que F1 significava falta por
conta de teste positivo de álcool; que todos na empresa comentaram que o
reclamante tinha bebido antes de trabalhar, o que era proibido; que depois ficoui
sabendo que tinham escrito errado no mural e que na verdade o reclamante não
tinha testado positivo no bafômetro; que a empresa não possuía cartão de ponto
para os motoristas; que não sabe qual era o horário de trabalho do reclamante,
mas o depoente costumava prestar horas extras; que era comum o chefe do
depoente telefonar durante o serviço, para receber atualização das entregas; que
a jornada também era controlada pelo GPS. Nada mais foi dito, nem lhe foi
perguntado.

Testemunha da parte reclamada: João Morenildes do Corpo Divino, brasileiro,


casado, motorista. Inquirido disse que: trabalha na empresa desde 2005, na
função de motorista; que trabalhou com o reclamante; que ao que sabe o
reclamante foi dispensado por justa causa por ter apresentado atestado falso; que
sabe por ouvir dizer; que soube que, apesar de apresentar atestado, o reclamante
participou de festa de ano novo; que o reclamante veio trabalhar depois do ano
novo; que não houve mais ausências do reclamante, tendo trabalhado
normalmente nos dias seguintes; que na empresa havia 6 motoristas nível I e 6
motoristas nível II, mas não era clara essa distinção, pois todos eram motoristas;
que os caminhões não eram exatamente iguais, eram de modelos e marcas
diferentes, mas todos os caminhões da empresa eram equivalentes em peso,

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tamanho, tipo e complexidade para dirigir; que sua habilitação era tipo D; que com
habilitação D poderia dirigir todos os caminhões da empresa; que o reclamante
não fazia o abastecimento do seu caminhão, pois havia um funcionário contratado
apenas para fazer isso; que o abastecimento ocorria de manhã cedo, antes do
motorista chegar para trabalhar; que trabalhava sempre de 8h às 17h, com 1h de
intervalo, bem como aos sábados de 8h às 12h; que não prestava horas extras;
que não sabe informar quanto ao reclamante; que os caminhões possuíam GPS
com rastreamento em tempo real; que no final do ano passado uma vez o
reclamante foi advertido por ser recusar a fazer o teste do bafômetro; que o teste
era realizado em material reutilizável; que havia limpeza do equipamento, mas
não sabe se era feita corretamente; que não via limparem com álcool; que outros
empregados também se recusaram a compartilhar o equipamento por risco de
contágio do COVID; que só o reclamante foi advertido; que cada motorista dirigia
seu próprio caminhão e não havia trocas entre eles. Nada mais foi dito, nem lhe
foi perguntado.

As partes declaram que não há mais provas a serem produzidas.

INSTRUÇÃO ENCERRADA. RAZÕES FINAIS REITERATIVAS. RECUSADA A


SEGUNDA PROPOSTA DE CONCILIAÇÃO. AUTOS CONCLUSOS PARA
JULGAMENTO. Nada mais havendo, foi encerrada a audiência.

ANA MAGISTRADA JUÍZA DO TRABALHO

Ata redigida por ANDRÉ P. M., Secretário(a) de Audiência

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SENTENÇA TRABALHISTA

PROF. JOALVO MAGALHÃES

ESPELHO DE SENTENÇA – 4

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ESPELHO COM SUGESTÃO DE RESPOSTA
SENTENÇA 4

SENTENÇA MARISVALDO DA SILVEIRA CASTANHEDA X EMPRESA DE TRANSPORTE


DA PESADA LTDA

SOBRESTAMENTO DO FEITO

 Indeferir requerimento de sobrestamento do feito: 1) no processo não há


discussão expressa sobre índice de correção aplicável (Súmula 211 do TST);
2) a ADC 58 foi julgada pelo STF, já havendo tese fixada quanto ao índice que
pode ser aplicado aos autos
 Rejeitar

PROTESTO – NULIDADE

 A realização de audiência telepresencial encontra amparo no CPC (art. 236,


§3º, art. 385, §3º, art. 453, §1º) e na Resolução 354/2020 do CNJ, sendo
essencial ao prosseguimento dos processos trabalhistas durante a pandemia
(princípios da celeridade e razoável duração do processo), preservando a
saúde de todos que participam do ato
 O princípio da oralidade também é respeitado nas audiências telepresenciais,
em que todos podem se manifestar livremente, em tempo real, havendo ainda
a garantia da gravação do ato.
 A determinação legal de incomunicabilidade de testemunhas deve ser
interpretada em conjunto com a previsão legal de oitiva por videoconferência,
considerando o caráter unitário do CPC.
 A boa-fé das partes e advogados deve ser presumida, não havendo sequer
alegação, muito menos comprovação, de que alguma testemunha fosse
orientada ou não estivesse isolado, o que poderia ocorrer, inclusive, em
audiências presenciais
 A realização da audiência pelo Googlemeet ao invés do Zoom não desrespeita
o Ato Conjunto 54/2010 do CSJT, pois ali foi concedido prazo até 30/03/2021
para adoção do referido aplicativo
 Inexistindo prejuízo às partes, não há nulidade a ser declarada (art. 794 da
CLT)

INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL

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 Observar que o juiz deve procurar a primazia da decisão de mérito (art. 4º do
CPC), devendo se abster de acolher preliminares frágeis de inépcia
 A CLT (art. 840, §1) não impõe a apresentação de planilha de cálculos, mas
apenas a liquidação de pedidos, o que foi feito na inicial, sendo irrelevante que
esta indicação se dê na fundamentação ou no rol de pedidos. Rejeitar
 Em relação à multa do art. 467 da CLT, trata-se de pedido cuja causa de pedir
é bastante simples e já decorre da expressa literalidade legal, assim, não há
defeito pela sua inclusão direta no rol de pedidos. Rejeitar
 Em relação aos feriados, faltou a indicação precisa de quais deles seriam
trabalhados. A utilização da expressão alguns feriados é extremamente
imprecisa, impossibilitando defesa e até mesmo posterior liquidação. Acolher a
preliminar.
 Em relação ao pedido de multas normativas, não há qualquer causa de pedir
correspondente (art. 330, parágrafo primeiro, inciso I, CPC), pelo que se impõe
o reconhecimento, de ofício, da inépcia da do pedido.
 Julgar extinto o feito, sem resolução do mérito (art. 485-IV do CPC),
quanto aos pedidos de pagamento de alguns feriados e de multas
normativas

PRESCRIÇÃO

 Interrupção da prescrição: Restou incontroverso (art. 341 do CPC) que o


Sindicato que representa o reclamante apresentou protesto judicial em
03/05/2019 relativo aos recolhimentos de FGTS. A reclamada limitou-se a
invocar o art. 11, §3º da CLT para argumentar que o protesto não seria causa
de interrupção da prescrição
 Apesar da inclusão do §3º pela Lei 13.467/2017, o dispositivo deve ser
interpretado de maneira sistemática e teleológica, de modo a ser entendida de
forma ampla e em harmonia com o artigo 202 do Código Civil. Deve-se
interpretar que o termo “reclamação trabalhista” abrange toda ação tendente a
postular o cumprimento ou preservação de direitos, envolvendo empregado e
empregador, permanecendo hígido o entendimento da OJ 392 do TST (vide
decisão 7ª Turma do TST – Info 233)
 Havendo interrupção da prescrição quanto ao FGTS em 03/05/2019, este é o
marco temporal que deve ser utilizado, de modo a permitir a aplicação da
prescrição trintenária, na forma da modulação de efeitos determinada pelo STF
e acolhida pelo TST (Súmula 362)
 Prescrição do FGTS: Aplicar prescrição trintenária ao FGTS, com termo inicial
em 03/05/2019

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 Prescrição bienal: o contrato se encerrou em 29/1/2021 (fato incontroverso) e
a reclamação trabalhista foi ajuizada em 26/03/2021, antes do decurso do
prazo bienal. Rejeitar.
 Prescrição quinquenal: ajuizada a ação em 26/03/2021, pronunciar
prescrição da pretensão relativa a créditos vencidos e exigíveis em período
anterior a 26/03/2016
 Observar a contagem especial da prescrição referente às férias (art. 149 CLT)
e ao FGTS (prescrição trintenária)

NULIDADE DA DISPENSA POR JUSTA CAUSA

 A mera ausência de procedimento interno para investigação da falta grave não macula
a dispensa aplicada, por ausência de imposição legal, não se tratando da hipótese
prevista na Súmula 77 do TST e nem de empregado portador de estabilidade que exija
inquérito judicial
 Quanto à ciência do motivo, o reclamante confessa, em seu depoimento, que foi
cientificado do motivo da dispensa
 A dispensa por justa causa fundamentou-se em ato de improbidade,
supostamente pela apresentação de atestado médico falso pelo reclamante
 Em se tratando de dispensa por justa causa, é ônus da reclamada comprovar a
ocorrência de falta grave, bem como a presença de todos os requisitos
autorizadores da aplicação da punição máxima ao empregado, uma vez que a
justa causa é fato impeditivo dos direitos invocados pelo reclamante na inicial
 A empresa não comprova a falsidade do atestado. O preposto confessa que
sequer foi investigada sua autenticidade e que a empresa baseou-se apenas
na foto do instagram
 Mera postagem de foto no instagram 1 dia após o final do atestado não faz
presumir sua falsidade, mesmo porque referente a fatos ocorridos quanto já
expirado o prazo do atestado
 Testemunha Morenildes não tem ciência do fato, só ouviu dizer, mas seu
depoimento comprova que a dispensa não foi imediata, pois ele continuou
trabalhando após a suposta falta grave
 Conforme a defesa, a postagem se deu em 1/1/2021, mas a dispensa por justa
causa ocorreu apenas em 29/01/2021, sem qualquer justificativa para o
decurso de tanto tempo, o que indica que não houve imediaticidade
 Não comprovados os requisitos para aplicação da punição, julgar
procedente o pedido de declaração de nulidade da dispensa por justa
causa, convertendo em dispensa imotivada
 Incontroverso que não foram pagas as seguintes verbas rescisórias: férias
simples 2019/2020, férias proporcionais 2020/2021, natalinas proporcionais de
2021, indenização de 40% do FGTS
 Observar que, com a dispensa imotivada, o autor teria 90 dias de aviso-prévio
(extinção contratual operada em 29/4/2021, com a projeção do aviso-prévio –
OJ 82 e 83 do TST),o que deve ser levado em consideração para cálculo de
férias proporcionais 2020/2021 (7/12) e natalinas proporcionais de 2021 (4/12)

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 O aviso-prévio indenizado não refletirá na indenização de 40% do FGTS (OJ
42-II TST)
 Julgar procedente o pedido de pagamento de férias simples 2019/2020,
férias proporcionais 2020/2021 (7/12), natalinas proporcionais de 2021
(4/12), indenização de 40% do FGTS

MULTA DO ART. 467 DA CLT

 Cabível a multa do art. 467 em relação às férias integrais, pois não houve
controvérsia e a parcela seria devida mesmo em caso de manutenção da
dispensa por justa causa.
 Julgar procedente o pedido de pagamento da , multa do art. 467 da CLT
(50% sobre as férias integrais de 2019/2020)

RETIFICAÇÃO DA CTPS

 Determinar retificação da CTPS, com projeção de aviso prévio de 90 dias.


Estabelecer a data exata da extinção contratual, a ser observada na CTPS:
29/4/2021
 Após o trânsito em julgado, a parte autora será intimada para apresentar sua
CTPS na Secretaria da Vara, intimando-se a ré, posteriormente, para proceder
ao registro da extinção contratual, no prazo de 5 dias, sob pena de multa diária
no valor de R$200,00
 Julgar procedente

SEGURO-DESEMPREGO

 Considerando a reversão da justa causa, faz jus o reclamante ao seguro-


desemprego (5 parcelas), conforme tabela oficial de valores
 Não fornecidas as guias necessárias, impõe-se o pagamento da indenização
correspondente (Súmula 389-II do TST)
 Julgar procedente o pedido de indenização referente ao seguro-
desemprego

OU

 Determinar a expedição de ofício / alvará para a habilitação direta do


reclamante no Seguro-Desemprego

FGTS

 Não há prova de recolhimento do FGTS de fevereiro a setembro de 2005,


março de 2007 e setembro de 2010

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 Quanto aos meses de outubro e novembro de 2005, a empresa comprova com
juntada do extrato
 De janeiro a abril de 2006, o reclamante estava afastado em razão de auxílio-
doença normal, não acidentário, não fazendo jus ao recolhimento de FGTS
 Considerando a conversão da dispensa por justa causa em dispensa
imotivada, o reclamante faz jus à movimentação da conta vinculada do FGTS,
pelo que determino a expedição do competente alvará.
 Julgar procedente o pedido de pagamento de FGTS de fevereiro a
setembro de 2005, março de 2007 e setembro de 2010
 Determino à Secretaria da Vara a expedição de alvará para movimentação
da conta vinculada do FGTS

EQUIPARAÇÃO SALARIAL

 A própria reclamada admite, em sua defesa, que ambos eram motoristas de


caminhão, sendo irrelevante a nomenclatura do cargo (motorista nível I e
motorista nível II) – Súmula 6-III do TST
 Ré não prova existência de quadro de carreira – testemunha Morenildes diz
que havia motorista tipo 1 e tipo 2, mas que não era clara a distinção
 Mero fato de serem veículos diferentes não afasta igualdade de funções –
testemunhas Torielson e Morenildes provam que caminhões eram equivalentes
 Empresa não comprova que o paradigma Denivaldo fosse mais diligente ou
que as entregas fossem mais rápidas e eficientes
 Ré não prova tempo diferente de habilitação entre paradigma e paragonado
 Irrelevante alegação de que paradigma possuía habilitação categoria E, pois as
testemunhas Torielson e Morenildes comprovam que não era necessária para
a condução do caminhão e que os caminhões eram equivalentes
 O fato de o reclamante ser mais antigo que o paradigma (diferença maior que
dois anos) não impede equiparação, pois a diferença se dava em benefício do
reclamante, que tinha mais tempo de serviço que o paradigma
 Ré não impugna diferença salarial apontada, a qual deve ser acolhida
 Testemunha Torielson prova dispensa do paradigma em 2018, mas a
equiparação salarial não se limita ao período em que o paradigma trabalhou na
empresa, pois o salário é irredutível
 Cabíveis reflexos pleiteados em férias, natalinas e aviso prévio apenas
 Incabível reflexo em DSR, pois se trata de parcela paga mensalmente, já
abrangendo o repouso semanal remunerado
 Julgar procedente o pedido de pagamento de diferenças salariais
decorrentes da equiparação salarial, com reflexos em férias, natalinas e
aviso-prévio

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ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

 Não houve perícia que comprovasse o labor em condições perigosas


 A testemunha Torielson informou que o autor apenas ficava na empresa no
momento do abastecimento
 A testemunha Morenildes diz que o abastecimento era antes de o reclamante
chegar na empresa
 Não foi comprovado que o autor fosse responsável por abastecer combustível
do caminhão
 Julgar improcedente o pedido de adicional de periculosidade e reflexos

JORNADA DE TRABALHO

 Afastar a aplicação do art. 62 da CLT, pois é direito dos motoristas


profissionais a realização de controle de jornada (art. 2º, V, b, da Lei
13.103/2015)
 Além disso, preposto confessa (e a testemunha Morenildes também afirma)
que o caminhão possuía GPS com controle em tempo real, o que permitia
também o controle de jornadas. Testemunha Torielson também comprova que
havia fiscalização por telefone
 Aplicar Súmula 338 do TST – presumindo a jornada da inicial. Isso porque a
empresa tem mais de 10 empregados (ao menos até 20/09/2019, data de início
de vigência da Lei 13.874/2019)
 Independente do número de empregados, sendo motorista profissional, a
empresa tinha o dever de fiscalizar a jornada e, portanto, exibir os controles
 A Testemunha Morenildes não prestava horas extras, mas não sabe quanto ao
reclamante. Testemunha Torielson afirma que prestava horas extras, mas também
não sabe a jornada do reclamante
 Reclamante confessa horário de 7h as 19h, de segunda a sexta-feira, Confessa que
aos sábados o labor era de 7h às 12h e confessa que os domingos eram apenas
esporádicos
 Reconhecer a jornada da inicial, limitada pelas confissões do reclamante:
jornada de 7h às 19h, com 30min de intervalo,de segunda a sexta-feira, bem
como sábados de 7h às 12h
 Intervalo intrajornada: Em relação ao intervalo suprimido, reconhecer
verdadeira a alegação da petição inicial de que o intervalo era de apenas
40min
 Fixar marco temporal: vigência da Lei 13.467/2017 (11 de novembro de 2017)
 Antes da reforma trabalhista: condenar em 1h por dia, com natureza salarial.
Aplicar Súmula 437 TST
 Após reforma trabalhista: condenar apenas em relação ao período suprimido
(20min por dia), natureza indenizatória, sem reflexos
 Em relação às horas extras e intervalo suprimido (antes da reforma), deferir
apenas reflexos pedidos: não houve pedido de reflexos em RSR nem em
FGTS.

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 Julgar procedente o pedido de pagamento de horas extras a partir da 8ª
diária / 44ª semanal, 1h diária de intervalo antes de 11/11/2017, com
reflexos em férias, natalinas e aviso-prévio
 Adicional de 50%, divisor 220, observar globalidade salarial (Súmula 264 TST),
evolução salarial do reclamante, dias efetivamente laborados
 Julgar procedente o pedido de pagamento de 20min diários de intervalo
suprimido, a partir de 11/11/2017, de natureza indenizatória, sem reflexos

FÉRIAS

 Ré não nega pagamentos fora do prazo, apenas impugna a Súmula 450 do


TST e invoca suposta atualização da jurisprudência
 Perceber o que ficou incontroverso e não precisa de documentos
 Em razão do pagamento da remuneração de férias apenas no primeiro dia do
descanso, é possível relativizar a aplicação da Súmula 450 do TST, pois o
atraso é ínfimo e o pagamento se dá logo no início da fruição das férias (vide
decisão Tribunal Pleno do TST – Info 233)
 No entanto, o adicional de 1/3, que integra a remuneração de férias, era pago
apenas sete dias após o início das férias, o que viola frontalmente o art. 145 da
CLT e atrai a aplicação da Súmula 450 do TST
 Cabível, portanto, o pagamento das férias em dobro, mas, como as férias
foram pagas de forma simples, determinar pagamento apenas da dobra
 Considerando o marco temporal da prescrição quinquenal pronunciada
(26/3/2016), é cabível o pagamento das dobras de férias dos seguintes
períodos aquisitivos: 2014/2015, 2015/2016, 2016/2017, 2018/2019
 Os períodos aquisitivos anteriores a 2014/2015 estão com as pretensões
prescritas. Em relação ao período 2019/2020, ainda estava no período
concessivo, já 2020/2021 não tinha sequer terminado o período aquisitivo.
 Julgar procedente o pedido de pagamento das dobras de férias dos
períodos aquisitivos 2014/2015, 2015/2016, 2016/2017, 2018/2019

INDENIZAÇÃO POR DANO EXISTENCIAL

 O mero fato de laborar em jornada excessiva, por si só, não configura dano
existencial, que demandaria prova concreta (vide decisões nos Informativos
228 e 233 do TST)
 Da mesma forma, o pagamento de férias em atraso, por si só, não gera dano
existencial
 Julgar improcedente

RETENÇÃO DA CTPS – OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

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 Incontroverso que houve atraso na devolução da CTPS, desrespeitando o
prazo legal de 5 dias (art. 29 da CLT)
 A justificativa da empresa de que tentou devolver a CTPS e não conseguiu por
recusa do empregado não foi provada. Além disso, se fosse esse o caso,
poderia ter consignado em Juízo
 Reclamada não prova que decretos municipais proibissem funcionamento do
escritório de contabilidade naquele período exato. Além do mais, o atraso é
muito maior que uma semana, como justificado na defesa.
 Apesar de não haver recibo da entrega da CTPS, o reclamante confessa que
recebeu o documento em 29/3/2021, após o ajuizamento da ação
 Entregue a CTPS, resta improcedente o pedido relacionado à obrigação
de fazer
 No entanto, ficou evidenciada a retenção da CTPS, sem justificativa
comprovada, por mais de 2 meses
 A retenção de CTPS, acima do prazo legal, constitui ilícito não só trabalhista,
mas também contravenção penal (Lei 5.553/1968), em evidente prejuízo ao
direito de identificação do trabalhador, violando, desta forma, um direito da
personalidade
 Trata-se de situação que ocasiona dano moral in re ipsa, ou seja, que não
demanda comprovação do dano em si, mas apenas do ato ilícito praticado
 Para o arbitramento da indenização por danos morais, é possível utilizar os
critérios estabelecidos no art. 223-G da CLT, considerando a ofensa de
natureza leve, além do período não tão longo de retenção
 Arbitrar valor de R$3.000,00
 Julgar procedente pedido de indenização por danos morais decorrentes
da retenção da CTPS

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – TESTE DE ALCOOLEMIA

 A mera realização de testes de alcoolemia pela empresa, por si só, não


ocasiona dano moral, eis que se trata de medida amparada em lei (art. 235-B-
VII da CLT) e que tem por objetivo a proteção da sociedade e saúde no trânsito
 No entanto, o depoimento da testemunha Torielson comprovou que houve
divulgação errônea pela empresa, indicando aos demais colegas que o autor
havia sido flagrado com álcool no sangue
 Se o fato fosse verdadeiro, a publicização, em si, já seria ofensiva à honra,
privacidade e imagem do empregado, evidente que a divulgação de fato
incorreto ocasiona dano moral
 Considerar ofensa de natureza leve
 Arbitrar valor de indenização em R$5.000,00
 Em relação à advertência, a testemunha Morenildes comprovou a aplicação da
penalidade pela empresa, além de provar que o material utilizado era
reutilizável e sem a higienização correta, o que evidencia grande risco no
momento da pandemia

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 A testemunha também comprovou discriminação contra o autor, pois outros
colegas haviam se recusado a se submeter ao teste, mas apenas ele foi
advertido
 Nesse contexto, resta justificada a negativa do reclamante, dado o perigo de
contaminação, sendo desmedida a advertência aplicada na presença dos
demais colegas, violando, também aqui, sua honra
 Considerar ofensa de natureza leve
 Arbitrar valor de indenização em R$3.000,00
 Julgar improcedente pedido de indenização pela submissão diária ao
teste de alcoolemia.
 Julgar procedente indenização por danos morais decorrentes da
divulgação do resultado do teste de alcoolemia
 Julgar procedente indenização por danos morais decorrentes da
advertência pela recusa à utilização de material sem devido higiene

DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS

 O reclamante confessa, em seu depoimento, que, quando foi contratado, ficou


acertado verbalmente o reembolso de despesas. Trata-se de cláusula
contratual válida, na forma do art. 433 e 462, §1º, da CLT
 No entanto, cabia à ré comprovar que os valores descontados referem-se a
danos causados por conduta do reclamante, assim como comprovar a
ocorrência de culpa ou dolo
 Em relação ao desconto referente à multa de trânsito, a reclamada comprovou
a infração, juntando aos autos o documento respectivo
 Em se tratando de multa aplicada por órgão público, a presunção de
legitimidade dos atos administrativos indica a ocorrência de dolo/culpa do autor
ao dirigir o caminhão
 Reclamante confessa que dirigia o caminhão de placa JPW89789, o mesmo indicado
na multa juntada aos autos
 Reclamante também confirma que só ele dirigia o caminhão, de modo a comprovar
que a multa aplicada se refere a um ato que pode ser a ele imputado
 Válido, portanto, o desconto referente à multa de trânsito
 Em relação ao desconto relativo à colisão com outro veículo, a empresa não
comprova que houvesse culpa ou dolo do reclamante no referido acidente. Em
verdade, optou por celebrar um acordo judicial com o terceiro envolvido no fato,
sem comprovar que houve apuração da culpa do reclamante
 Assim, não provada a culpa do obreiro, impõe-se a devolução do desconto de
R$1.000,00 referente ao acordo judicial firmado pela empresa
 Indeferir devolução em dobro, por ausência de previsão legal
 Não deferir reflexos da devolução de descontos, pois tais reflexos já foram
observados no momento do pagamento do salário, sendo a devolução do
desconto mero estorno de valores indevidamente suprimidos

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 Julgar improcedente pedido de devolução do desconto referente à multa
de trânsito
 Julgar procedente pedido de devolução do desconto referente ao acordo
judicial firmado pela empresa (R$1.000,00)

GRATUIDADE JUDICIÁRIA

 Desnecessária a outorga de poderes especiais ao advogado do reclamante,


pois a declaração de hipossuficiência econômica foi subscrita pela própria
parte, conforme documento acostado à inicial
 Não há prova de que o autor se encontra empregado, recebendo mais que
40% do limite máximo dos benefícios do RGPS (art. 790, §3º, CLT). A
remuneração constante dos autos refere-se ao período em que laborava para a
ré, não ao período atual
 Ademais, em se tratando de pessoa natural, é possível presumir a
hipossuficiência econômica pela mera declaração (art. 99, §3º do CPC), não
havendo prova em sentido contrário (vide decisão da 6a. Turma no
Informativo 233 do TST)
 Deferir gratuidade judiciária ao reclamante

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

 Em audiência, os advogados de ambas as partes renunciaram reciprocamente


aos respectivos honorários advocatícios, de modo que tal parcela não é devida
pelo reclamante nem pela reclamada

CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS

 Aplicar tese do STF no julgamento da ADC 58: na fase pré-judicial, aplicação


de correção monetária pelo IPCA-e; na fase judicial, aplicação da selic
(abrangendo juros e correção monetária)
 Natureza indenizatória dos juros, sem recolhimento de imposto de renda -
Artigo 404 do Código Civil e OJ 400 TST
 Correção monetária a partir do vencimento da obrigação – Artigo 459 CLT, c/c
Artigo 39, § 1º da Lei 8.177/91 c/c Súmula 381 TST.
 Em relação às indenizações por danos morais, aplicar a Súmula 439 do TST,
devendo ser calculada a correção monetária a partir da publicação da
sentença.

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RECOLHIMENTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS

 O empregador é responsável por tais recolhimentos e pode deduzir a cota


parte do reclamante – Súmula 368 TST
 Os recolhimentos previdenciários (INSS) serão apurados mês a mês – Art. 276,
§ 4º, DEC 3.048/99 c/c Súmula 368, III, TST.
 O cálculo do IR (contribuição fiscal) deve observar o regime de competência –
Súmula 368, II TST.
 Para fins do artigo 832, § 3º CLT, têm natureza indenizatória as verbas:
- férias simples 2019/2020, férias proporcionais 2020/2021 (7/12),
indenização de 40% do FGTS;
- multa do art. 467 da CLT (50% sobre as férias integrais de 2019/2020);
- indenização referente ao seguro-desemprego
- FGTS de fevereiro a setembro de 2005, março de 2007 e setembro de
2010;
- 20min diários de intervalo suprimido, a partir de 11/11/2017, de
natureza indenizatória, sem reflexos;
- dobras de férias dos períodos aquisitivos 2014/2015, 2015/2016,
2016/2017, 2018/2019;
- indenização por danos morais decorrentes da retenção da CTPS;
- indenização por danos morais decorrentes da divulgação do resultado
do teste de alcoolemia;
- indenização por danos morais decorrentes da advertência pela recusa
à utilização de material sem devido higiene;
- devolução do desconto referente ao acordo judicial firmado pela
empresa (R$1.000,00)

 Por se matéria de ordem pública, seguirá o disposto na lei. Tudo em


conformidade com o entendimento jurisprudencial já sedimentado na Súmula
368 TST.

DISPOSITIVO

 Constar nome das partes


 Constar as preliminares e prejudiciais rejeitadas e acolhidas (com a devida
consequência processual)
 Constar os pedidos declaratórios julgados procedentes: nulidade da dispensa
por justa causa, convertendo em dispensa imotivada
 Dispositivo direto: constar os pedidos que foram julgados procedentes e
incluídos na condenação:
- férias simples 2019/2020, férias proporcionais 2020/2021 (7/12),
natalinas proporcionais de 2021 (4/12), indenização de 40% do FGTS;
- multa do art. 467 da CLT (50% sobre as férias integrais de 2019/2020);
- indenização referente ao seguro-desemprego

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- FGTS de fevereiro a setembro de 2005, março de 2007 e setembro de
2010;
- diferenças salariais decorrentes da equiparação salarial, com reflexos
em férias, natalinas e aviso-prévio;
- horas extras a partir da 8ª diária / 44ª semanal, 1h diária de intervalo
antes de 11/11/2017, com reflexos em férias, natalinas e aviso-prévio;
- 20min diários de intervalo suprimido, a partir de 11/11/2017, de
natureza indenizatória, sem reflexos;
- dobras de férias dos períodos aquisitivos 2014/2015, 2015/2016,
2016/2017, 2018/2019;
- indenização por danos morais decorrentes da retenção da CTPS;
- indenização por danos morais decorrentes da divulgação do resultado
do teste de alcoolemia;
- indenização por danos morais decorrentes da advertência pela recusa
à utilização de material sem devido higiene;
- devolução do desconto referente ao acordo judicial firmado pela
empresa (R$1.000,00)

 Constar as obrigações de fazer determinadas na sentença: retificação da


CTPS, com projeção de aviso prévio de 90 dias
 Contar determinação de expedição de alvará para movimentação da conta
vinculada do FGTS
 Improcedentes os demais pedidos
 Parágrafos resumidos sobre juros, correção monetária, recolhimentos fiscais e
previdenciários
 Estabelecer natureza jurídica das parcelas
 Liquidação por cálculos
 Prazo de cumprimento: 8 dias
 Arbitrar o valor da condenação e das custas
 Intimar as partes e União

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SENTENÇA TRABALHISTA

PROF. JOALVO MAGALHÃES

SENTENÇA 5 INÉDITA

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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 555ª REGIÃO

AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO RTOrd 66666666-


88.2021.5.555.0150

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 15/03/2021

Valor da causa: R$ 122.695,00

Partes:

RECLAMANTE: BAROMILDO FREDERICO SOUZA SANTOS - CPF:


555.888.111-00

ADVOGADO: ROBERTO TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR - OAB: BA


100.799

RECLAMADO: CINZENTA CELULOSE S.A. - CNPJ 55.6666.88888/0005-


22

ADVOGADO: ROMÁRIO SANTOS DE ABREU OAB: BA 200.101

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA VARA
DO TRABALHO DE EXTREMO SULÂNDIA - BA

BAROMILDO FREDERICO SOUZA SANTOS, filho de MARIETA SOUZA SANTOS,


brasileiro, inscrito no CPF/MF n. 555.888.111-00, no RG/SSP- BA n.
984673526128394, PIS/PASEP n. 15364784903, CTPS/BA n. 111111222223, Série
0008787/BA, residente e domiciliado à Rua z, nº 525, Bairro de Baixada Alta, CEP.:
50.0000-000, Murilândia - BA, vem, por seu advogado abaixo assinado, regularmente
constituído por intermédio do instrumento de mandato anexo, propor a presente
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de CINZENTA CELULOSE S.A., inscrita
no CNPJ: 55.6666.88888/0005-22, sediada na Fazenda Novo Sucesso, BA-2323, km
42, Município de Retiro Maroto - BA, pelos motivos de fato e de direito a que passa a
expor, ponderar e ao final requerer.

DAS NOTIFICAÇÕES

Primeiramente, requer sejam todas as notificações e publicações do presente


processo emitidas em nome de ROBERTO TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR -
OAB: BA 100.799, SOB PENA DE NULIDADE DOS ATOS PRATICADOS EM
DESACORDO COM ESTE REQUERIMENTO, a teor do Enunciado de n. 427 da
Súmula do TST.

DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O Reclamante requer o Benefício da Justiça Gratuita, nos termos do art. 14, § 1º, da
Lei nº 5.584/1970, da Lei nº 1.060/1950, do art. 790, § 3º, da CLT e da Lei nº
7.115/1983, tendo em vista que não possui meios econômicos suficientes para pagar

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as custas processuais, preparo de um eventual recurso e/ou os honorários de
advogado sem o prejuízo do sustento próprio ou da sua família.

Requer, ainda, a declaração de inconstitucionalidade do dispositivo que impõe o


pagamento de honorários advocatícios ao beneficiário da gratuidade judiciária, de
modo a isentar o reclamante de qualquer despesa desta natureza.

PACTO LABORAL - FUNÇÃO EXERCIDA E SALÁRIOS PERCEBIDOS

O Reclamante foi contratado pela ré em 10/04/2014, tendo percebido como último


salário R$4.200,00, exercendo a função de operador de máquina de corte. O
contrato de trabalho foi encerrado por iniciativa da reclamada em 07/12/2020.

A reclamada sempre forneceu ao reclamante alimentação consistente em café da


manhã e almoço. Trata-se de parcelas que integram o salário do obreiro, na forma
do art. 458 da CLT.

O café da manhã era composto por pão, bolo, café com leite e aipim. Pelo que
requer seja arbitrado valor diário de 5 reais.

Já o almoço era composto de feijão, arroz, carne ou frango, farinha, salada e suco.
Assim, requer seja arbitrado o valor de 10 reais diários a título de almoço.

Cumpre salientar que as prestações in natura eram habituais e, em relação a elas, o


reclamante não sofria qualquer desconto, pelo que resta evidenciado que
integravam, sim, o salário do trabalhador.

Pleiteia, assim, a integração salarial da alimentação fornecida, no valor de 15 reais


diários, com reflexos em férias, natalinas, FGTS e repouso semanal remunerado.
(R$5.000,00)

A empresa, ao longo de todo o contrato de trabalho, sempre atrasou o pagamento dos


salários. Muitas vezes recebiam pagamento no dia 15 ou até mesmo no dia 20 do
mês seguinte ao trabalhado.

Essa situação evidencia típica fraude trabalhista, desprezo à legislação trabalhista e


descumprimento intencional das normas de proteção ao trabalho.

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Diante de tais ocorrência, resta patente a configuração do dano moral coletivo, a ser
indenizado pelo empregador, conforme já pacificado na jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho.

Pede indenização por dano moral coletivo no valor de R$20.000,00, em razão do


atraso reiterado de salários.

O reclamante, na condição de membro da comissão de representante dos


empregados, sofria muita pressão da empresa, configurando verdadeiro assédio
moral. Os dirigentes da reclamada se incomodavam com as reivindicações lideradas
pelo reclamante e sempre o ameaçavam de dispensa ou transferência de localidade,
a fim de lhe causar prejuízos.

O assédio moral era diário, com ameaças constantes, humilhações e até


xingamentos, tudo presenciado pelos colegas de trabalho do reclamante.

O Gerente Daniel Monteiro também utilizava constantemente o whatsapp para


ameaçar e destratar o reclamante.

Assim, pelo assédio moral sofrido, pede indenização no valor de R$10.000,00.

O autor foi eleito para compor a comissão de representantes dos empregados


sendo, portanto, detentor de estabilidade no emprego. Assim, não tendo o
reclamante cometido qualquer falta grave, sequer existindo qualquer imputação
contra ele, não poderia ter sido dispensado pela ré.

Além do mais, sequer foi ajuizado o competente inquérito para apuração de falta
grave, instrumento sem o qual não é possível a extinção do contrato de trabalho do
empregado estável.

Pede, portanto, a declaração de nulidade da dispensa do reclamante, pois operada


durante o período de estabilidade que a lei assegura, com a devida reintegração ao
emprego e pagamento de todos os salários desde a dispensa até o efetivo retorno
ao emprego. (R$20.000,00)

No mês de abril de 2020, o reclamante foi suspenso por dois dias, sob a alegação de
que não teria cumprido determinação da empresa para uso de máscara, como forme
de prevenção ao COVID.

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Ocorre que o fato é totalmente mentiroso. O reclamante sempre usou máscara na
empresa, apesar de a ré não fornecer tal equipamento de proteção. O autor comprava
máscaras com seus próprios recursos.

Além disso, não havia qualquer lei ou norma interna da empresa obrigando o uso de
máscara, tampouco cominando qualquer penalidade.

Vale ressaltar que o reclamante laborava isolado, operando máquina individualmente,


sem qualquer colega por perto, de modo que, ainda que houvesse retirado a máscara,
não ofereceria perigo de contágio a ninguém da empresa.

Pede, assim, a declaração de nulidade da suspensão aplicada, com o pagamento dos


dois dias de trabalho (R$240,00), além de indenização por danos morais no valor de
R$5.000,00.

A reclamada, com o propósito de perseguição contra o reclamante, marcou em sua


carteira de trabalho dez atestados médicos apresentados pelo obreiro no ano de
2019, quando estava muito doente e que justificaram ausências ao serviço.

Em razão disso, sua CTPS ficou “queimada” e terá dificuldades de conseguir novos
empregos, pois vai ficar com fama de empregado faltoso.

Por tal razão, pede indenização por danos morais no valor de R$5.000,00.

O pai do reclamante faleceu em junho de 2018. Naquela ocasião, o reclamante


apresentou o atestado de óbito à empresa e requereu a concessão de licença de 8
dias prevista na norma coletiva.

A empresa, contudo, não concedeu a licença, alegando que seria de apenas dois
dias.

Em razão disso, pede dano moral de R$10.000,00 por haver laborado 6 dias durante
o período que deveria ser de licença pelo luto de seu pai.

Além disso, pede o pagamento de horas extras com adicional de 100% por haver
laborado em dia de licença, que equivale a feriado.

Pede, por fim, em razão de tal fato, o pagamento de multa normativa pela empresa.

O reclamante trabalhava de segunda a sábado, 8h às 17h15min, com 30min de


intervalo.

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No entanto, o deslocamento da usa casa até o local de trabalho demorava cerca de
1h30 em cada trecho, o que não era pago pela empresa. Informa que a ré fornecia
transporte para esses trajetos, pois não havia outro meio de chegar ao local de
trabalho, na zona rural, distante da cidade.

Além disso, quando chegava na empresa ficava esperando e só poderia marcar o


ponto às 8h.

Quando encerrava a sua jornada, era obrigado a esperar os demais colegas no ponto
de ônibus da empresa, por mais 30min.

Assim, requer o pagamento das horas in itinere, bem como dos períodos à disposição
da empresa, no início e no final da jornada, com reflexos em repouso semanal
remunerado, férias, FGTS e natalinas. (R$25.000,00)

Salienta que o horário de intervalo não era marcado nos cartões de ponto e que
usufruía apenas 30min diários de descanso.

Pede, também, o pagamento de intervalo intrajornada de 1h por dia, com os mesmos


reflexos acima mencionados. (R$10.000,00)

O reclamante foi dispensado sem justa causa, mas a empresa não pagou as verbas
rescisórias no prazo legal, tendo efetuado parcelamento em três vezes, causando
enorme prejuízo ao autor.

Excelência, além de ter sido dispensado quando em gozo de estabilidade, o


trabalhador se viu privado de meios necessários ao seu sustento e da sua família,
passando por dificuldades imensas, atrasou suas contas pessoais, como energia, que
chegou a ser cortada, escola dos filhos e até mesmo o cartão de crédito do banco não
teve condições de pagar.

Pede, portanto, a condenação da empresa ao pagamento da multa do art. 477 da


CLT, além de indenização por danos morais no valor de R$10.000,00.

Pede, ainda, indenização por danos materiais no valor de R$2.455,00, relativa aos
juros de cartão de crédito (9,5% mensais), durante o período de atraso no pagamento
das verbas rescisórias.

O reclamante é pessoa pobre e se encontra desempregado, fazendo jus ao benefício


da gratuidade judiciária, que ora requer.

Pede a condenação das rés ao pagamento de honorários advocatícios à base de 15%


sobre o valor da condenação, em favor do advogado do reclamante.

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Requer, ainda, a concessão de gratuidade judiciária, com isenção de condenação em
honorários em caso de eventual sucumbência, devendo ser declarada a
inconstitucionalidade da norma legal que prevê o pagamento de honorários
advocatícios pelo beneficiário da gratuidade judiciária, em flagrante violação ao
Acesso à Justiça.

DOS PEDIDOS

Assim, requer:

- reintegraçãoao emprego e salários do período;

- integração salarial e reflexos decorrentes da alimentação

- indenização por assédio moral

- nulidade da suspensão e danos morais

- dano moral dos atestados médicos

- dano moral coletivo

- multa do art. 477

- danos morais pelo atraso das rescisórias

- dano moral - falecimento do pai

- horas extras e reflexos

Por último, requer a notificação da Reclamada, no endereço constante nessa peça


vestibular para, querendo, contestar os termos da presente reclamação sob pena de
revelia e confissão quanto à matéria fática.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial prova documental, pericial, testemunhal e depoimento pessoal do
Reclamante e da Reclamada, sob as penas da lei.

Todos os documentos juntados à exordial foram conferidos com o original de forma


que, por essa razão, declara-se, por meio dos advogados e com arrimo no inciso IV
do art. 365 c/c a última parte do §1º do art. 544, ambos do CPC, a autenticidade dos
mesmos.

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Dá à causa o valor de R$227.500,00.

Termos em que Pede e Espera

DEFERIMENTO,

Extremo Sulândia, 15 de março de 2021.

ROBERTO TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR OAB: BA 100.799

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ROBERTO


TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR

https://pje.trt555.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=000000999990909090909

DOCUMENTOS QUE ACOMPANHAM A PETIÇÃO INICIAL

- Declaração de pobreza assinada pelo advogado Roberto Tertuliano Guimarães


Júnior

- Instrumento de mandato com os seguintes poderes: “cláusula geral ad juditia e


poderes especiais para transigir, receber, confessar, dar quitação, firmar declaração
de pobreza e receber citação”

- Ata datada de 23/07/2019, constando a eleição do reclamante para a Comissão de


Representantes dos Empregados

- Termo de posse do autor na comissão de empregados, com data de 30/07/2019

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- Termo de rescisão do contrato de trabalho, no valor total de R$18.432,00, com data
de 11/01/2021

- Print de tela de whatsapp com trecho de conversa com interlocutor de nome Daniel
Silveira, em que se lê as seguintes frases:

Daniel Silveira - “Baromildo eu já te disse q a empresa não vai


aprovar merda nenhuma que vocês da comissão
estão pedindo”

Daniel Silveira - “olha é melhor vocês pararem de pressão”

Daniel Silveira - “a situação está difícil e se continuar assim


cabeças vão rolar”

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE
EXTREMO SULÂNDIA - BA

CINZENTA CELULOSE S.A, por seu advogado, nos autos da Reclamação


Trabalhista movida por BAROMILDO FREDERICO SOUZA SANTOS, em curso
perante essa MM. Vara, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., apresentar

CONTESTAÇÃO

pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

REINTEGRAÇÃO

Inicialmente, cumpre salientar que a estabilidade do membro da comissão de


empregados não garante a instauração de inquérito para apuração de falta grave,
bastando que estejam presentes os requisitos legais para o rompimento contratual.

O reclamante, de fato, chegou a compor a comissão de empregados, mas foi


dispensado muito tempo após o término do seu mandato, quando já não havia
qualquer estabilidade que o garantisse.

Além disso, a dispensa do autor se deu em um contexto de modificação das


máquinas de corte da empresa, que, desde 2019, vem sendo substituídas por
máquinas mais modernas, com o objetivo de conferir maior produtividade.

Assim é que, a partir de dezembro de 2020, a empresa passou a operar apenas com
máquinas do tipo Harvester, a qual é composta por uma máquina base automotriz,
uma lança ou braço mecânico/hidráulico e um implemento (cabeçote) em sua
extremidade. Esta máquina pode executar, sequencialmente, as operações de corte
da árvore, derrubada, desgalhamento, descascamento, traçamento e formação de
pilhas de toras.

No entanto, o reclamante não possui a formação necessária para operar a máquina


Harvester. O certificado que ele apresentou à empresa permite apenas a operação
das máquinas Forwarder, cujo uso foi descontinuado pela reclamada, dada a baixa
eficiência que apresentavam. A empresa inscreveu o reclamante em curso de
formação para operador de máquina Harvester, mas ele não logrou aprovação nem
certificação.

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Assim, a dispensa do obreiro foi plenamente válida e ele não faz jus a qualquer
reintegração, muito menos ao pagamento de salários vencidos.

ALIMENTAÇÃO

Não procede o pedido de integração salarial da alimentação fornecida in natura pela


empresa.

Inicialmente, informa que havia o desconto de R$25,00 mensais no salário do obreiro,


valor relativo ao fornecimento da alimentação pela ré. Assim, não havia gratuidade, o
que afasta o caráter salarial da utilidade.

A Lei 13.467/2017 retirou o caráter salarial da alimentação fornecida pela empresa, o


que se aplica também aos contratos de trabalho em vigor na data da vigência da lei,
dada a aplicação imediata da lei trabalhista.

Além disso, a empresa aderiu ao Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, o


que torna a parcela indiscutivelmente indenizatória. Nesse mesmo sentido, a norma
coletiva aplicável ao contrato de trabalho do reclamante prevê, da mesma forma, que
a alimentação fornecida não enseja reflexos em parcelas trabalhistas.

ASSÉDIO MORAL

A contestante nega veementemente a ocorrência de qualquer assédio moral. O


reclamante nunca foi destratado, xingado nem humilhado, muito mesmo ameaçado de
dispensa ou transferência, até porque era membro da comissão de empregados e,
nesta condição, gozava de estabilidade.

Nunca houve nenhum ato de perseguição contra o reclamante, nem sozinho e nem
perante outros colegas, menos ainda por rede social ou aplicativo de conversa.

Impugna o print de whatsapp juntado pela parte autora, pois não há como comprovar
que a conversa de fato ocorreu com o gerente Daniel Monteiro. Excelência, é sabida a
facilidade de se forjar uma conversa de whatsapp, sendo certo que a Justiça não
pode admitir como prova um print desprovido de qualquer confiabilidade.

SUSPENSÃO DISCIPLINAR

O autor mente descaradamente em sua petição inicial. A empresa fornece máscaras


a todos os seus empregados, desde o início da pandemia de Covid-19. Além disso,
havia determinações expressas através de cartazes espalhados nos locais de
trabalho, informando da obrigatoriedade do uso de máscaras.

O reclamante, contudo, ciente de tais determinações, por mais de uma vez se


recusou a utilizar máscaras no transporte fornecido pela empresa, um ônibus com
mais de 20 funcionários, colocando em risco a sua saúde e a de seus colegas.

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Assim, plenamente válida a suspensão aplicada, não havendo que se falar em
nulidade nem indenização por danos morais.

ATESTADOS MÉDICOS

A empresa, de fato, registrou as ausências justificadas do autor em sua CTPS. Mas


isso se deu não por perseguição ou para prejudicá-lo, mas em estrita observância de
comando legal.

A lei impõe anotações referentes à situação previdenciária do trabalhador, o que inclui


os afastamentos ao serviço. Assim, além de não haver qualquer proibição, há, sim,
mandamento legal que impõe ao empregador o registro de tais fatos na CTPS.

Não há, portanto, qualquer irregularidade nem ilicitude, mas mero cumprimento de
obrigação legal do empregador.

ATRASO DE SALÁRIOS

Ao contrário do quanto alegado na petição inicial, a empresa nunca atrasou salários,


que sempre foram pagos até o quinto dia útil do mês seguinte ao laborado, conforme
determina a lei.

Os contracheques juntados aos autos comprovam as alegações da empresa.

Não há, portanto, qualquer dano moral, muito menos coletivo, que nem pode ser
cobrado pelo autor, dada sua ilegitimidade.

VERBAS RESCISÓRIAS

Excelência, a reclamada já esperava a chuva de mentiras da petição inicial, mas aqui


o reclamante e seu advogado se superaram!!!

O reclamante sabe muito bem as dificuldades financeiras enfrentadas atualmente pela


empresa, mas mesmo assim em nenhum momento se negou a honrar os seus
compromissos financeiros perante seus colaboradores.

As verbas rescisórias foram todas pagas corretamente. A empresa apenas parcelou


em duas vezes a quitação de tais parcelas, mas devidamente autorizada por norma
coletiva, que prevê tal parcelamento.

Salienta que a rescisão do autor totalizou R$18.432,00, sendo pago o valor de


R$10.000,00 mediante pix na conta do autor, no ato de concessão do aviso-prévio,
em 07/12/2020.

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A segunda parcela, no valor de R$8.432,00, foi paga também mediante pix, no dia
11/01/2020. Cumpre salientar, excelência, que o aviso-prévio foi indenizado e que o
prazo legal do pagamento rescisório foi cumprido, contando a data de efetiva extinção
do contrato.

Não é devida, portanto, qualquer parcela referente à rescisão contratual do


reclamante.

Aliás, causa espécie que o autor venha requerer reintegração e indenização pelo
atraso das verbas rescisórias. Os pedidos são incompatíveis, ou bem ele quer voltar
para a empresa (anulando a rescisão) ou então pede as parcelas relativas à rescisão.
A cumulação indevida de tais pedidos não é admitida pela lei.

Pede, assim, seja reconhecida a litigância de má-fé e também oficiada à OAB para
apurar a conduta do advogado do reclamante.

FALECIMENTO DO PAI

O autor alega que não foi concedida licença pelo falecimento do pai, mas isso não é
verdade. O trabalhador usufruiu regularmente da licença legalmente prevista.

Em relação à norma coletiva invocada, mera leitura da cláusula respectiva já é


suficiente para demonstrar que o obreiro não cumpria os requisitos ali previstos.

Assim, incabível qualquer indenização, horas extras ou multa.

JORNADA DE TRABALHO

O reclamante trabalhava de 8h às 17h15min, com 1h de intervalo, de segunda a


sexta, bem como sábados alternados no mesmo horário.

Durante a jornada 15min eram dedicados à realização de ginástica laboral, intervalo


não computado no horário de trabalho.

Havia compensação aos sábados, sendo um sábado de folga alternado com um


sábado de trabalho, tudo autorizado por negociação coletiva.

Assim, não era ultrapassada a jornada de 8h diárias e 44h semanais.

Em relação às horas in itinere, a Lei 13.467/2017 excluiu o seu pagamento, pelo que
nada é devido ao autor a tal título.

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Cumpre salientar que o trajeto percorrido da sua casa até o trabalho era integralmente
servido por transporte público regular, de modo que, também por esse motivo, impõe-
se a improcedência do pedido.

No mais, o reclamante não ficava tempo nenhum à disposição da empresa na


chegada ao trabalho. Em verdade, eram apenas 15min entre o desembarque do
ônibus e o início do labor. Esse tempo era destinado ao café da manhã fornecido pela
empresa, não se computando como tempo de serviço efetivo.

No final do expediente, o reclamante ia imediatamente para o ônibus da empresa,


com destino à sua casa. O tempo de trajeto entre a casa do reclamante e a sede da
empresa era de em média 30min em cada trecho, mas não era pago porque havia
transporte público regular, não caracterizando o direito às horas in itinere.

O intervalo intrajornada era pré-assinalado, conforme demonstram os cartões de


ponto juntados aos autos e autorizado pela norma coletiva.

GRATUIDADE JUDICIÁRIA

O autor não faz qualquer prova da sua alegada hipossuficiência econômica, ônus que
lhe incumbia, principalmente diante do seu alto salário.

Ademais, há nítida incompatibilidade entre litigância de má-fé e justiça gratuita. Tendo


o reclamante violado a lealdade processual, não há que se cogitar da concessão da
gratuidade pretendida.

Assim, impugna o requerimento de gratuidade judiciária.

Por fim, pede a TOTAL IMPROCEDÊNCIA DA DEMANDA, com a condenação do


autor ao pagamento de honorários sucumbenciais, na forma da lei.

Salvador, 25 de março de 2021.

ROMÁRIO SANTOS DE ABREU OAB: BA 200.101

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ROMÁRIO SANTOS DE


ABREU

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https://pje.trt555.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=000000999990909090909

DOCUMENTOS QUE ACOMPANHAM A CONTESTAÇÃO

- Procuração com poderes gerais para o foro

- Certificado de habilitação para operar máquina Forwarder e similares, emitido em


nome do reclamante

- Convenções Coletivas de 2013/2015, 2015/2017, 2017/2019, 2019/2021, com


idêntico teor, contendo as seguintes cláusulas:

CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA: As empresas fornecerão alimentação


consistente em café da manhã e almoço.

PARÁGRAFO ÚNICO: A alimentação fornecida não terá caráter salarial, salvo


se for assegurada condição mais benéfica anteriormente pelo empregador.

(…)

CLÁUSULA DÉCIMA NONA: Fica autorizada a pré-assinalação do


intervalo intrajornada.

(…)

CLÁUSULA VIGÉSIMA PRIMEIRA: É assegurada licença em caso de


falecimento de cônjuge, filhos, ascendentes, descendentes e colaterais até
o segundo grau.

PARÁGRAFO PRIMEIRO: Empregados que contem até 2 anos de serviço


farão jus a licença de dois dias, sendo de 4 dias para empregados com até
4 anos de serviço e de 6 dias para os demais empregados.

PARÁGRAFO SEGUNDO: A licença não exclui, mas se acresce ao direito


previsto em lei.

(…)

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CLÁUSULA VIGÉSIMA QUINTA: Em caso de rescisão de empregados com
mais de 5 anos de serviço, as verbas rescisórias poderão ser pagas em até duas
parcelas, sendo a primeira em 10 dias e a segunda em 40 dias, contados da
concessão do aviso prévio.

(…)

CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA TERCEIRA: O descumprimento de


qualquer cláusula da presente convenção implica o pagamento de multa no
valor de R$800,00.

- Comprovante de pix realizado na conta corrente do reclamante, no valor de


R$10.000,00 em 07/12/2020

- Comprovante de pix realizado na conta corrente do reclamante, no valor de


R$8.432,00, em 11/01/2020

- Cartões de ponto de abril de 2014 a dezembro de 2019, com a seguinte indicação,


na parte superior da folha: Jornada de 8h às 17h15, com 1h de intervalo

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ATA DE AUDIÊNCIA

PROCESSO: 66666666-88.2021.5.555.0150

RECLAMANTE: BAROMILDO FREDERICO SOUZA SANTOS

RECLAMADA: CINZENTA CELULOSE S.A

Em 3 de maio de 2021, mediante sessão telepresencial pelo aplicativo Zoom, na sala


de sessões virtual da MM. 1ª VARA DO TRABALHO DE EXTREMO SULÂNDIA/BA,
sob a direção do Exmo(a). Juiz JOÃO JUIZ, realizou-se audiência relativa ao
processo identificado em epígrafe.

Às 11h13min, aberta a audiência, foram, de ordem do Exmo(a). Juiz do Trabalho,


apregoadas as partes.

Presente o RECLAMANTE, acompanhada do(a) advogado(a), Dr(a). ROBERTO


TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR - OAB: BA 100.799.

Presente a RECLAMADA, representada pelo preposto Denilson Silvano Oliveira,


acompanhado do advogado, Dr. Romário Santos de Abreu, OAB: BA 200.101.

Recebidos a contestação e os documentos apresentados pela ré. Concedida a


palavra ao reclamante para se manifestar, foi dito que reitera os termos da petição
inicial, impugnando os cartões de ponto quanto ao intervalo intrajornada, que não
era pré-assinalado, apenas havia menção ao tempo de 1h, mas sem indicar em
qual momento o reclamante saía e retornava do intervalo.

DEPOIMENTO PESSOAL DO RECLAMANTE: que foi contratado em 10 de abril de


2014 e dispensado em dezembro de 2020; que ocupava a função de operador de
máquina de corte; foi eleito membro da comissão de representantes dos empregados
perante a empresa que a eleição se deu em 2019, tendo cumprido apenas um
mandato; que começou operando máquinas Forwarder; que com o tempo a empresa
foi substituindo as máquinas Forwarder por máquinas Harvester; que o depoente
possui certificação para operar ambas as máquinas, até porque são similares e o
manuseio e controle de ambas é praticamente o mesmo; que inclusive já chegou a
operar máquina Forwarder na ré; que a empresa fornecia café da manhã e almoço;
que o café era simples, tinha apenas pão, bolo, café com leite, aipim; que às vezes
tinham inhame também; que no almoço tinha mais coisa, como arroz, feijão, carne,
farinha, salada; que às vezes era carne ao invés de frango, mas não podia comer
muita carne porque eles diziam que era cara; que a empresa não descontava no
salário nenhum valor referente à alimentação; que trabalhava de 8h às 17h15, com
45min de intervalo, de segunda a sábado; que o tempo de deslocamento era de 1h

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para ir e 1h para voltar no trajeto casa-trabalho e trabalho-casa; que quando chegava
na empresa podia bater o ponto 20min depois; que nesse tempo poderia tomar o café
que a empresa fornecia; que quando encerrava o ponto esperava cerca de 15min pelo
ônibus da empresa; que o ônibus não saia imediatamente porque tinha que esperar
juntar vários trabalhadores que pegavam o mesmo transporte; que a ginástica laboral
durava 5min e faziam todos os dias; que a ginástica consistia em alguns
alongamentos apenas e eram rápidos; que sofria assédio moral na empresa; que o
gerente Daniel Monteiro perseguia o reclamante; que o gerente não gostava dele e
sempre o perseguiu; que depois que o depoente virou representante na comissão a
situação piorou; que o gerente já gritou com ele, xingou, destratou o depoente; que
isso foi na frente de várias pessoas; que o gerente também enviava mensagens de
whatsapp ameaçando o reclamante de demissão; que essas ameaças eram por
causa da sua atuação como representante dos empregados; que sempre usava
máscara na empresa, desde que começou a pandemia; que a ré fornecia máscaras
de pano aos empregados; que a máscara tinha a logomarca da empresa; que uma
vez esqueceu a máscara quando já estava no ônibus da empresa; que permaneceu
no ônibus sem máscara; que nesse dia quando chegou na empresa pegou uma outra
máscara na portaria e usou durante o dia de trabalho; que quando seu pai morreu o
depoente entregou a certidão de óbito à empresa, mas só teve 2 dias de afastamento.
Nada mais foi dito nem lhe foi perguntado.

O advogado da parte autora apresenta perguntas ao seu cliente, as quais foram


indeferidas pelo Juízo, sob protestos com alegação de nulidade por cerceamento de
defesa, aduzindo que o processo do trabalho contempla tanto o interrogatório quanto
o depoimento pessoal, sendo o primeiro uma prerrogativa do juiz, mas o último um
direito da parte, sob pena de nulidade. . Pelo Juiz foi dito que os protestos serão
analisados em sentença.

DEPOIMENTO PESSOAL DA RECLAMADA: que o reclamante foi eleito como


representante dos empregados na comissão da empresa; que o reclamante foi
dispensado sem justa causa; que quando da dispensa ele não era mais estável; que o
reclamante operava máquinas Forwarder e a empresa as substituiu pelas máquinas
Harvester; que o reclamante não possuía qualificação para operar as máquinas
Harvester; que o reclamante nunca operou máquinas Harvester na empresa; que a
empresa fornece alimentação aos empregados, inclusive o reclamante; que a
alimentação compreende café da manhã e também almoço; que a empresa aderiu ao
PAT; que os empregados eram descontados pelo fornecimento da alimentação; que o
desconto no contracheque era descrito como “desc. alim.”, no valor de 25 reais; que o
Sr. Daniel Monteiro era gerente na reclamada e era chefe do reclamante; que a
relação entre eles era boa, não havendo qualquer ato de perseguição por parte do
gerente; que nunca houve qualquer episódio de xingamento ou humilhação praticados

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pelo gerente; que a empresa não se comunicava com seus empregados pelo
whatsapp; que quando começou a pandemia do COVID-19, em março de 2020, a
empresa passou a exigir o uso de máscara por todos os empregados, tanto nas
dependências da empresa quanto nos ônibus da empresa; que houve circular interna
encaminhada para todos os colaboradores, além de diversos cartazes fixados na
empresa sobre a importância do uso das máscaras; que o reclamante diversas vezes
andou sem máscaras no ônibus da empresa, o que motivou sua suspensão
disciplinar; que o tempo de deslocamento entre a casa do reclamante e a empresa
era de 40min em cada trecho; que havia transporte público interestadual que saia do
centro da cidade, próximo à residência do reclamante, e ia até o entroncamento da
BR-101 com a BA-676; que havia ponto de ônibus no entroncamento; que depois do
entroncamento não havia ônibus regular; que o reclamante esperava cerca de 10min
após o fim da sua jornada para embarcar no ônibus da empresa

TESTEMUNHA DO RECLAMANTE: Misael Ronivaldo dos Santos Américo, brasileiro,


solteiro, operador de máquinas. A parte ré apresentou contradita, alegando interesse
na causa, amizade íntima e troca de favores. Inquirido, o depoente disse que: possui
ação contra a reclamada; que sua ação possui pedidos idênticos à ação do
reclamante; que o reclamante foi sua testemunha; que o seu advogado é o mesmo do
reclamante; que não possui interesse na causa; que é amigo apenas de trabalho do
reclamante; que não frequenta sua casa e nunca saíram juntos fora do ambiente de
trabalho. Pelo Juiz foi dito que rejeita a contradita, na forma da Súmula 357 do TST.
Protestos pela reclamada, arguindo nulidade processual por cerceamento de defesa.
Testemunha advertida e compromissada na forma da lei, inquirida disse que:
trabalhou na ré de 2015 a 2020, na função de operador de máquinas; que o
reclamante operava máquinas tanto Forwarder quanto Harvester, assim como o
depoente; que a operação das duas máquinas é bastante similar, quase idêntica; que
a empresa não substituiu as Forwarder por Harvester, pois utilizava ambas as
máquinas simultaneamente; que até hoje ainda há operação de máquinas Forwarder
na reclamada; que sabe disso pois tem amigos que trabalham lá e operam Forwarder;
que morava no mesmo bairro do reclamante e pegavam o mesmo ônibus da empresa;
que iam e voltavam no mês ônibus; que o trajeto demorava em média 1h30min em
cada trecho; que quando chegavam na empresa ainda tinham que esperar 30min
para bater o ponto; que nesse período tinham que ficar aguardando sem fazer nada;
que era fornecido um café, mas muito simples e que era consumido em 5min; que a
ginástica laboral não acontecia todos os dias e quando acontecia era de cerca de
5min no máximo; que ouviu dizer que o reclamante foi suspenso por não usar
máscara; que a empresa não fornecia máscaras aos empregados; que no dia que o
reclamante foi acusado de estar sem máscara o depoente estava com ele; que na
verdade ele achou que tinha esquecido a máscara quando estava no ônibus, mas

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encontrou na mochila e colocou a máscara ainda no trajeto para a empresa. Nada
mais foi dito, nem lhe foi perguntado.

TESTEMUNHA DA RECLAMADA: Jaspion Ruan da Anunciação, brasileiro,


divorciado, operador de máquinas. Advertido e compromissado na forma da lei,
inquirido disse que: trabalha na empresa desde 2014 como operador de máquinas;
que começou operando máquinas Forwarder e depois passou a operar máquinas
Harvester;que passou a operar Harvester em 2019; que a empresa substituiu as
máquinas Forwarder por Harvester, de forma gradual; que hoje não há mais máquinas
Forwarder em operação na empresa; que possui certificado para Harvester e
Forwarder; que são certificados diferentes, pois as máquinas são bastante diferentes;
a operação da Harvester é muito mais complexa; que não é possível operar Harvester
com certificadode Forwarder; que a empresa pagou cursos de Harvester para todos
os empregados; que a maioria dos empregados fez os cursos e se habilitou; que
alguns não foram fazer ou fizeram o curso mas não foram aprovados; que a empresa
dispensou os empregados que não conseguiram habilitação para Forwarder; que
ouvidu dizer que o reclamante foi dispensado por esse motivo; que o reclamante
nunca operou Harvester; que a empresa fornecia café da manhã e almoço; que não
havia desconto salarial pelo fornecimento da alimentação; que ia e voltava de casa
para o trabalho no ônibus da empresa; que morava no mesmo bairro do reclamante e
iam no mesmo ônibus; que o tempo de deslocamento era de 50min em cada trajeto;
que tinha 1h de intervalo; que não sabe quanto tempo o reclamante tinha de intervalo,
pois não almoçavam juntos; que o tempo destinado ao café da manhã era de 20min,
logo que chegavam na empresa e antes de marcarem o ponto; que na saída
esperavam cerca de 10min após baterem o ponto para a saída do ônibus; que a
ginástica laboral era feita diariamente e durava em média 15min; que não sabe se há
transporte público para a sede da reclamada, que acredita que não; que Daniel
Monteiro era gerente do depoente e do reclamante; que a relação com ele era boa;
que nunca presenciou nenhum atrito entre o reclamante e o gerente; que o gerente
não se comunicava com os empregados pelo whatsapp; que ninguém da empresa
usava whatsapp para falar com os empregados; que desde abril de 2020 começou na
empresa a orientação para uso de máscaras como prevenção à COVID; que a
empresa fornecia máscaras; que presenciou o reclamante sem máscaras no ônibus
da empresa cerca de duas a três vezes, não se recorda com precisão. Nada mais foi
dito, nem lhe foi perguntado.

As partes declaram que não há mais provas a serem produzidas.

INSTRUÇÃO ENCERRADA.

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RAZÕES FINAIS REITERATIVAS PELAS PARTES, tendo a reclamada
impugnado o depoimento da testemunha trazida pelo reclamante, pois
manifestamente parcial e com intuito de favorecer a parte autora.

RECUSADA A SEGUNDA PROPOSTA DE CONCILIAÇÃO.

AUTOS CONCLUSOS PARA JULGAMENTO.

Nada mais havendo, foi encerrada a audiência.

JOÃO JUIZ

JUIZ DO TRABALHO

Ata redigida por ANDRÉ P. M., Secretário(a) de Audiência

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SENTENÇA TRABALHISTA

PROF. JOALVO MAGALHÃES

ESPELHO DE SENTENÇA - 5

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ESPELHO COM SUGESTÃO DE RESPOSTA
SENTENÇA BAROMILDO FREDERICO SOUZA SANTOS X CINZENTA CELULOSE
S.A.

PROTESTO
• A parte não tem direito à oitiva de seu próprio depoimento, eis que se trata de
meio de obtenção de confissão judicial (art. 385 CPC)
• Nesse contexto, o depoimento não traz vantagens processuais à parte, de
modo que não há prejuízo e, portanto, inexiste nulidade processual (art. 794
CLT)
• Rejeitar

INÉPCIA
• Alegação de inépcia pela cumulação de pedidos de reintegração e multa do art.
477 da CLT
• Considerando a interpretação do pedido conforme o conjunto da postulação e
princípio da boa-fé (art. 322, §2º, CPC) depreende-se que a cumulação de
pedidos se deu em ordem subsidiária, o que é permitido pelo art. 327, §3º, do
CPC
• Rejeitar

ILEGITIMIDADE ATIVA
• Acolher preliminar de ilegitimidade ativa quanto ao pedido de dano moral
coletivo, pois não é de titularidade do reclamante
• Julgar extinto o feito, sem resolução do mérito, quanto ao pedido de
indenização por dano moral coletivo

PROVA ORAL - DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA MISAEL


• A testemunha arrolada pelo autor, Sr. Misael Ronivaldo dos Santos Américo
demonstrou intuito de beneficiar o reclamante, trazendo um depoimento
extremamente favorável à parte, inclusive em confronto com as próprias
afirmações do obreiro em audiência
• Nesse contexto, incumbe ao julgador valorar a prova, dando a ela o valor que
merece, levando em consideração, ainda, a circunstância de que o depoente
possui ação idêntica contra a reclamada, tendo o reclamante testemunhado em
seu favor, o que indica troca de favores
• A testemunha, por exemplo, nega a substituição das máquinas, o que foi
confirmado pelo próprio autor em seu depoimento pessoal, informa tempo de

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1h30 de deslocamento no trajeto casa-trabalho, quando o próprio autor
afirmara que seria de 1h, além de espera de 30min antes do início do labor, em
contraposição aos 20min afirmados pelo reclamante
• Assim, impõe-se desconsiderar o depoimento da testemunha Misael Ronivaldo

REINTEGRAÇÃO
• O reclamante, tendo sido eleito membro da comissão de empresa, ainda era
estável, pois seu mandato acabaria em 30/07/2020, projetando a estabilidade
até 30/07/2021, sendo que a dispensa ocorreu em 07/12/2020
• A estabilidade do membro de comissão de empregados não exige inquérito,
sequer exige falta grave, mas apenas motivação para a dispensa, na forma do
art. 510-D, §3º, da CLT
• O Reclamante confirma que operava Forwarder e confessa a substituição das
máquinas Forwarder por Harvester
• A Testemunha Jaspion afirma que o reclamante nunca tinha operado máquina
Harvester e que as máquinas Harvester e Forwarder apresentam manuseio
bastante diferenciado e que a forma de operação da forwarder é bastante
específica
• O certificado juntado pela empresa indica habilitação apenas para máquina
Forwarder e similares, sendo que a testemunha comprovou que não são
similares
• Reclamante não prova habilitação para Harvester
• Havendo motivação de ordem técnica, a dispensa foi lícita, na forma do art.
510-D, §3º, da CLT, pois a empresa não é obrigada a manter empregado que
não possui formação suficiente para exercer sua função
• A testemunha da ré inclusive comprovou que a empresa pagou cursos para
que seus operários se qualificassem e atendessem à nova necessidade técnica
• Julgar improcedente os pedidos de nulidade da dispensa, reintegração e
pagamento de salários do período

INTEGRAÇÃO SALARIAL DA ALIMENTAÇÃO


• A reforma trabalhista não atinge alimentação in natura e não poderia atingir
situações anteriores à vigência da lei
• Não há prova de adesão ao PAT
• A empresa não comprova a onerosidade mencionada na defesa, sendo que a
testemunha Jaspion da ré comprova que não havia desconto por alimentação
• No entanto, há normas coletivas que instituem o benefício e fixam o caráter
indenizatório.
• Sendo válidas as normas que instituem o caráter indenizatório da parcela, não
há integração salarial a ser deferida
• Julgar improcedente

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JORNADA DE TRABALHO
• Reclamante alega labor de segunda a sábado, 8h às 17h15min, com 30min de
intervalo, com mais 3h de deslocamento (ida e volta), além de tempo de espera
no início e no final da jornada (30min)
• Pede pagamento de horas de trajeto, tempo à disposição e 1h diária referente
intervalo não usufruído corretamente
• Reclamada alega labor de 8h às 17h, com 1h de intervalo, de segunda a sexta
e sábados alternados no mesmo horário, sendo 15min relativos à ginástica
laboral. Aduz que no desembarque eram gastos 15min para café da manhã e,
ao final da jornada, o reclamante iria imediatamente ao ônibus, sem tempo de
espera
Ginástica Laboral
• A ginástica laboral é desenvolvida por ordem do empregador, como meio de
prevenção de doença ocupacional. Assim, resta evidente que se trata de tempo
à disposição do empregador e, como tal, deve ser computado na horada de
trabalho
Horas de trajeto
• Em relação ao tempo de deslocamento, reclamante confessa que era de 1h em
cada trajeto. A reclamada confessa 45min. A testemunha da reclamada prova
que o tempo era de 50min em cada trecho
• A reclamada informa em depoimento que havia transporte público interestadual
entre o centro da cidade e o entroncamento e que, daí em diante, não havia
ônibus regular. Tal informação demonstra a inexistência de transporte público
regular no trajeto, eis que ônibus interestadual possui dinâmica própria
(valores, paradas, horários) e não pode ser utilizado para afastar pagamento
de horas de trajeto
• Assim, é de se reconhecer que o autor dispendia 1h40min em trajeto diário de
ida e volta (50min cada trecho), que deve ser considerado integrante da
jornada do autor, sendo devido o pagamento de horas extras respectivas, até
10/11/2017 (em razão da supressão pela Reforma Trabalhista)
Tempo à disposição
• O reclamante confessa que tinha que esperar apenas 20min quando chegava
na empresa para marcar o ponto e que, ao final da jornada, esperava apenas
15min até a saída do ônibus.
• A reclamada confessa apenas 10min gastos no fim da jornada, aguardando
ônibus.
• A testemunha da ré comprova que na chegada havia um tempo de café de
20min, além de 10min de espera do ônibus ao final da jornada
• O tempo gasto com café da manhã é computado na jornada de trabalho, pois o
empregado ia laborar no ônibus da empresa, não tinha a opção de chegar mais
tarde e não consumir a refeição disponibilizada. Sendo tal período uma
imposição, evidencia-se o tempo à disposição.

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• Da mesma forma, configura tempo à disposição o período em que o
reclamante aguardava o ônibus da empresa ao final da jornada
Intervalo intrajornada
• O reclamante confessa que usufruía 45min diários de intervalo intrajornada. A
testemunha afirma que ela usufruía 1h de intervalo, mas não sabe informar
quanto ao autor
• O intervalo não é pré-assinalado, pois nos cartões não consta o horário de
início e fim do intervalo. Não havendo marcação do intervalo, aplica-se a
Súmula 338 do TST
• Além disso, os cartões de ponto não cobrem todo o período laborado (apenas
de abril de 2014 a dezembro de 2019 – faltam os meses de 2020)
• Não havendo prova testemunhal sobre o tema, aplica-se a alegação da inicial,
temperada pela confissão do reclamante, concluindo-se que o seu intervalo era
de 45min
Jornada Laborada
• Em relação aos períodos com cartões de ponto, reconhecer as jornadas dos
cartões de ponto, acrescidos de 20min no início e 10min no final da jornada,
além de 1h40min a título de horas de trajeto
• Nos períodos sem cartões de ponto, reconhecer a jornada de 8h às 17h15, de
segunda a sábado, acrescidos de 20min no início e 10min no final da jornada,
além de 1h40min a título de horas de trajeto
• Reconhecer o intervalo de apenas 45min
• Julgar procedente o pedido de pagamento de horas extras a partir da oitava
diária e quadragésima quarta semanal, sem cumulatividade
• Julgar procedente pagamento de intervalo intrajornada (aqui pode separar
período antes da reforma =1h, depois da reforma = 15min)
• Adicional de 50%, divisor 220, observar globalidade salarial (Súmula 264 TST),
evolução salarial do reclamante, dias efetivamente laborados
• Julgar procedentes pedidos de reflexos em repouso semanal remunerado,
férias, FGTS e natalinas.

ASSÉDIO MORAL
• Testemunha da ré nega ocorrência de assédio moral e nega a conversa por
whatsapp (diz que a empresa não utilizava whatsapp para se comunicar com
empregados)
• Testemunha da ré informa que sua relação com o Gerente Daniel Monteiro era
boa e que nunca presenciou ele destratar o reclamante, mas não sabe informar
se isso já aconteceu em sua ausência
• Não há como comprovar que a conversa de fato se desenvolveu com Daniel
Monteiro, sendo algo facilmente manipulável. Deste modo, não serve para
provar o assédio moral o mero print juntado aos autos

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• Julgar improcedente

SUSPENSÃO DISCIPLINAR
• Reclamante confessa que esqueceu a máscara um dia e foi no ônibus da
empresa sem máscara; confessa que a empresa fornecia máscaras
• Testemunha da ré prova que havia orientação da empresa para uso de
máscaras no local do trabalho, desde abril de 2020, no início da pandemia de
Covid-19
• Testemunha da ré prova que a empresa fornecia máscaras a todos os
empregados. Também prova que o autor deixou de usar máscara por três
vezes no ônibus da empresa
• A conduta tem gravidade suficiente para justificar a aplicação de suspensão por
2 dias, penalidade que se reputa válida
• Sendo lícita a conduta do empregador, pois é seu dever zelar pela saúde dos
seus empregados, não há dano moral a ser indenizado
• Julgar improcedente

DANO MORAL – atestado médico na CTPS


• Incontroverso que a empresa tenha registrado na CTPS do autor 10 atestados
médicos por ele apresentados
• Tal conduta viola a imagem, intimidade e privacidade do autor, ocasionando
dano moral
• Ressaltar a existência de vedação na CLT (art. 29, §4º, da CLT)
• Precedente TST - Info 228
• Arbitrar a indenização em R$3.000,00 – estabelecer critérios de arbitramento,
inclusive utilizando dispositivos da CLT
• Julgar procedente

FALECIMENTO DO PAI (multa normativa, dano moral e horas extras)


• Juntada aos autos a norma coletiva que estabelece licença complementar, que
deve ser acrescida à licença legal de 2 dias
• Reclamante contava mais de 4 anos de serviço à época do falecimento,
fazendo jus à licença normativa de 6 dias acrescida à licença legal de 2 dias,
totalizando 8 dias de afastamento
• Incontroverso que o reclamante só usufruiu 2 dias de licença, restou
descumprida a norma
• Julgar procedente pedido de multa normativa, pois houve
descumprimento da cláusula prevista no instrumento coletivo
• Julgar procedente pedido de indenização danos morais, pois houve labor
em período de luto, mesmo diante de norma coletiva assegurando

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repouso e afastamento.
• Arbitrar o valor de R$3.000,00 a título indenizatório, indicando os parâmetros
utilizados
• Não é cabível o pagamento de horas extras, pois não houve violação ao limite
de jornada diária nem semanal. Julgar improcedente este pedido

MULTA ART. 477 CLT


• A norma coletiva que prevê parcelamento não é válida, pois o prazo de
pagamento de verbas rescisórias não é passível de negociação coletiva
(precedentes do TST)
• Comprovantes (PIX) demonstram pagamento das verbas rescisórias em duas
parcelas (07/12/2020 e 11/12/2021)
• O último pagamento se deu antes do término da projeção do aviso prévio
indenizado (24/1/2021)
• A depender da teoria adotada sobre o §6º do art. 477 da CLT, o pagamento
estaria tempestivo ou não
◦ Teoria 1: 10 dias a contar do aviso prévio → pagamento intempestivo.
Julgar procedente
◦ Teoria 2: 10 dias a contar do término do aviso prévio → pagamento
tempestivo. Julgar improcedente

DANO MORAL – atraso de verbas rescisórias


• No caso, mero atraso no pagamento de verbas rescisórias, o dano moral não é
presumido, exigindo-se prova, mas deste ônus a parte autora não se
desincumbiu
• Também não há prova de qualquer dano material, o que conduz à
improcedência dos pedidos indenizatórios
• Julgar improcedente

LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
• A parte ré alega litigância de má-fé pelo pedido de multa do art. 477 e
indenizações decorrentes da rescisão
• Não há deslealdade processual pela mera formulação de pedidos na petição
inicial, ainda que venham a ser julgados improcedentes
• Não restou demonstrada a ocorrência de nenhuma situação elencada no CPC
como conduta de litigância de má-fé
• Indeferir

OFÍCIO À OAB

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• Não restou evidenciada nos autos nenhuma conduta do advogado da parte
autora que indicasse violação ética, a demandar ofício à OAB
• Indeferir requerimento

GRATUIDADE JUDICIÁRIA
• Deferir gratuidade judiciária
• Notar que a parte autora alega, e não foi objeto de impugnação, que se
encontra desempregada, pelo que se evidencia a hipossuficiência econômica
(art. 99, §3º do CPC)

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (examinar inconstitucionalidade incidental)


• Examinar a questão da inconstitucionalidade.
• Aplicar o precedente do STF- ADI 5766 – inconstitucionalidade da cobrança de
honorários advocatícios ao beneficiário da gratuidade judiciária
• Deferir honorários para ambos os advogados, considerando a sucumbência
recíproca
• No caso do reclamante, determinar a suspensão da exigibilidade enquanto não
revogada a gratuidade judiciária

CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS

 Aplicar tese do STF no julgamento da ADC 58: na fase pré-judicial, aplicação


de correção monetária pelo IPCA-e; na fase judicial, aplicação da selic
(abrangendo juros e correção monetária)

Natureza indenizatória dos juros, sem recolhimento de imposto de renda -


Artigo 404 do Código Civil e OJ 400 TST

Correção monetária a partir do vencimento da obrigação – Artigo 459 CLT, c/c


Artigo 39, § 1º da Lei 8.177/91 c/c Súmula 381 TST.

Em relação às indenizações por danos morais, aplicar a Súmula 439 do TST,


devendo ser calculada a correção monetária a partir da publicação da
sentença.

RECOLHIMENTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS

O empregador é responsável por tais recolhimentos e pode deduzir a cota


parte do reclamante – Súmula 368 TST

Os recolhimentos previdenciários (INSS) serão apurados mês a mês – Art. 276,

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§ 4º, DEC 3.048/99 c/c Súmula 368, III, TST.

O cálculo do IR (contribuição fiscal) deve observar o regime de competência –


Súmula 368, II TST.

Para fins do artigo 832, § 3º CLT, têm natureza salarial as horas extras

Por se matéria de ordem pública, seguirá o disposto na lei. Tudo em


conformidade com o entendimento jurisprudencial já sedimentado na Súmula
368 TST.

DISPOSITIVO

 Constar nome das partes

 Constar as preliminares e prejudiciais rejeitadas e acolhidas (com a devida


consequência processual)

Dispositivo direto: constar os pedidos que foram julgados procedentes e


incluídos na condenação

 Improcedentes os demais pedidos

 Parágrafos resumidos sobre juros, correção monetária, recolhimentos fiscais e


previdenciários

 Estabelecer natureza jurídica das parcelas

 Liquidação por cálculos

 Prazo de cumprimento: 8 dias

 Arbitrar o valor da condenação e das custas

Intimar as partes e União

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SENTENÇA TRABALHISTA

PROF. JOALVO MAGALHÃES

SENTENÇA 6 INÉDITA

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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 555ª REGIÃO

AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO RTOrd 555555-999.2021.5.555.0150

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 27/05/2021

Valor da causa: R$149.800,00.

Partes:

RECLAMANTE: ROBERTONILDO SÉFARO MUSTAFÁ - CPF: 777.999.999-


77

ADVOGADO: ROBERTO TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR - OAB: BA


100.799

RECLAMADO: SUPERMERCADO PREÇO BARATO LTDA – CNPJ


14.656447.96786/0001-00

ADVOGADO: ROMÁRIO SANTOS DE ABREU OAB: BA 200.101

PREPARO JURÍDICO – WWW.PREPAROJURIDICO.COM 2


EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA VARA
DO TRABALHO DE SALVADOR - BA

ROBERTONILDO SÉFARO MUSTAFÁ, filho de MANOELINA MUSTAFA, brasileiro, inscrito no


CPF/MF n. 777.999.999-77, no RG/SSP-BA n. 5467892392, PIS/PASEP n. 74356891, CTPS/BA
n. 4435674, Série 87766666666/BA, residente e domiciliado à Rua do Macaco Prego, nº 225,
Bairro de Cajado Teimoso, CEP.: 40.2546-658, Salvador-BA, vem, por seu advogado abaixo
assinado, regularmente constituído por intermédio do instrumento de mandato anexo,
propor a presente RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em face de SUPERMERCADO PREÇO
BARATO LTDA, inscrita no CNPJ: 14.656447.96786/0001-00, sediada na Rua do Ferro Velho,
s/n, CEP: 40.54689-909 Salvador-BA, pelos motivos de fato e de direito a que passa a expor,
ponderar e ao final requerer.

Primeiramente, requer sejam todas as notificações e publicações do presente processo


emitidas em nome de ROBERTO TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR - OAB: BA 100.799, SOB
PENA DE NULIDADE DOS ATOS PRATICADOS EM DESACORDO COM ESTE
REQUERIMENTO, a teor do Enunciado de n. 427 da Súmula do TST.

Primordialmente, o Reclamante solicita o Benefício da Justiça Gratuita, nos termos


do art. 14, § 1º, da Lei nº 5.584/1970, da Lei nº 1.060/1950, do art. 790, § 3º, da CLT
e art. 98 do CPC/15, tendo em vista que não possui meios econômicos suficientes
para pagar as custas processuais, preparo de um eventual recurso e/ou os
honorários de advogado sem o prejuízo do sustento próprio ou da sua família, uma
vez que se encontra desempregado.

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O Reclamante iniciou o contrato com a ré em 05/10/2014, percebendo como último
salário R$5.200,00, exercendo por último a função de gerente de loja. O contrato de
trabalho foi encerrado em 25/05/2021, sem que tenham sido pagas as verbas
rescisórias, a saber: saldo de salário (25 dias), 13º proporcional (7/12), férias
proporcionais (10/12), férias dobradas referentes aos períodos aquisitivos
2019/2020, 2018/2019 e 2017/2018, aviso prévio proporcional (51 dias), multa de
40% do FGTS, além de seguro-desemprego, apesar de se encontrar ainda
desempregado até a presente data.

Pede, portanto, o pagamento de todas as verbas rescisórias acima apontadas


(R$8.500,00)

O reclamante teve sua imagem e honra violadas pela reclamada. No dia 25 de maio
do ano em curso, o Diretor e tambem sócio da empresa, Sr. Robenildo da Cruz,
postou uma mensagem no grupo de WhatsApp denominado “Diretoria e Gerentes” em
que informou que o reclamante estava sendo dispensado em razão de haver
fraudado os cartões de ponto de seus subordinados, de modo a abonar faltas sem
autorização da Diretoria.

A referida mensagem, postada em grupo composta pelos Diretores e demais gerentes


da empresa, foi rapidamente apagada, mas os colegas do reclamante conseguiram
ler e, indignados, informaram-no sobre o ocorrido.

Assim, diante da exposição da imagem e honra do obreiro, resta configurado o dano


moral, tanto mais pelas consequências danosas ao emocional do reclamante, que
teve sua carreira arruinada, não conseguiu outro emprego e passou a sofrer de
depressão e utilizar medicação controlada.

Pede indenização por danos morais no valor de R$20.000,00

A reclamada tinha por hábito realizar progressões funcionais nos gerentes, a cada ano de
serviço completo na função. Tais progressões eram efetuadas após avaliação de merecimento,
implicando aumento de 2,5% no salário, por ano de função, parcela paga a título de “adicional
de merecimento”.

O autor, porém, embora tenha sido alçado à função de gerente em março de 2018, tendo sido
também sempre submetido e aprovado nas avaliações de desempenho, nunca foi agraciado
com o pagamento do referido adicional. Os diretores diziam que a parcela seria
implementada, inclusive com quitação dos valores retroativos, mas isso nunca foi feito.

Assim, pede o pagamento de diferenças salariais, em razão da progressão funcional, a ser


calculada à base de 2,5% ao ano, a partir de março de 2018. A referida parcela deve ser
integrada ao salário, com reflexos devidos.

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Pede o pagamento de diferenças salariais a partir de março de 2018, com reflexos em férias,
natalinas, aviso-prévio, FGTS acrescido de 40% e repouso semanal remunerado. (R$25.000,00)

Em fevereiro de 2017, o reclamante precisou se ausentar da empresa por 1 dia, para


acompanhar seu filho de 5 anos em cirurgia cardíaca. Tal afastamento foi combinado com o
Diretor Robenildo, mas, apesar de tal acordo, no mês subsequente a empresa descontou não
apenas um, mas dois dias de ausência do reclamante.

Considerando, porém que a ausência foi plenamente justificada, é devido o ressarcimento do


desconto indevidamente realizado.

Pede o pagamento do desconto de dois dias no salário de fevereiro de 2017, com reflexos.
(R$300,00)

Além disso, a reclamada sempre descontou contribuições sindicais, durante todo o


contrato de trabalho, apesar de o autor não ser filiado ao sindicato e nunca haver
autorizado tais descontos.

Pede, assim, a devolução de todos os descontos indevidos a título de contribuição


sindical obrigatória ao longo do contrato de trabalho.(R$1.000,00)

O reclamante sempre prestou muitas horas extras, mas estas nunca foram pagas pela
empresa reclamada. No início do contrato, chegava para trabalhar por volta de
7h30min, com intervalo às 11h45, retornando 12h30 e permanecendo na empresa até
aproximadamente 17h50, de segunda a sábado.

Quando foi promovido a gerente, sua jornada aumentou bastante, tendo que chegar
para trabalhar às 7h e só deixava o emprego por volta de 19h20. Além disso, passou
a não ter mais intervalo de almoço, passando a fazer suas refeiçoes no próprio local
de trabalho.

Pede o pagamento de horas extras, a partir da oitava diária e quadragésima quarta


semanal, com adicional de 50%, inclusive em relação ao intervalo intrajornada, com
reflexos em repouso semanal remunerado, férias, natalinas e FGTS acrescido de
40%. (R$35.000,00)

Em novembro de 2020, o reclamante contraiu coronavirus, tendo ficado internado


durante 30 dias, inclusive tendo sido intubado por 5 dias. Excelencia, o reclamante
quase veio a óbito em virtude de haver sido contaminado com virus mortal por culpa
da empresa ré.

Como é sabido, o Brasil se encontra em situação de pandemia do COVID-19, mas a


reclamada, sedenta por lucros, continuou a desenvolver suas atividades empresariais

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e em nenhum momento permitiu que o reclamante desenvolvesse seu trabalho
através de home office.

Pior: a reclamada não fornecia álcool em gel, máscaras e nem observava o


distanciamento mínimo dentro de seu estabelecimento, o que foi decisivo para que o
reclamante ficasse doente.

Embora a reclamada não tenha emitido CAT, trata-se de doença ocupacional, pelo
que faz jus o autor à estabilidade desde o retorno à empresa, em 10 de dezembro de
2020, pelo prazo de 12 meses. Nesse contexto, não poderia ser dispensado, sendo
devida sua reintegração ao emprego, com pagamento dos salários de todo o período
de afastamento.

Também é devida indenização por danos morais, pois ficou vários dias internado,
longe da sua família, tendo sido inclusive intubado.

Faz jus, ainda, a indenização por danos materiais, pois teve perda de capacidade
laborativa em razão do coronavírus. É sabido que um dos efeitos colaterais dessa
doença é a perda de memória, o que foi diagnosticado no caso do reclamante, em
grave prejuizo às suas ocupações profissionais, sendo patente a redução da
capacidade de trabalho.

Pede a reintegração ao emprego, pagamento de salários do periodo de afastamento,


indenização por danos morais no valor de R$20.000,00 e indenização por danos
materiais consistente em pensão mensal equivalente a 20% do seu último salário.
(R$50.000,00)

As férias de 2020 estavam programados para o mês de abril do referido ano. A


programação havia sido feita com antecedência e o autor se organizou para comprar
passagens internacionais e fez, ainda, reservas de hotéis para viajar com a família no
referido período.

A reclamada, porém, suspendeu as férias do reclamante, alegando que


desempenhava função essencial durante a pandemia. Tal suspensão sequer foi
comunicada ao autor com a antecedência devida, gerando graves prejuízos e dano à
sua existência, especialmente no tocante aos projetos de vida e vida de relações.

Em razão do ocorrido, deixou de usufruir de férias já programadas com a família,


tendo que trabalhar no período que seria de seu descanso, o qual jamais foi
recomposto.

Pede indenização por danos existenciais no valor de R$10.000,00.

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Pede a condenação das rés ao pagamento de honorários advocatícios à base de 15%
sobre o valor da condenação, em favor do advogado do reclamante.

O autor requer a concessão do BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA, com espeque


no art. 14, § 1º, da Lei nº 5.584/1970, na Lei nº 1.060/1950, no art. 790, § 3º, da CLT
e na Lei nº 7.115/1983 e também as seguintes parcelas:

Por último, requer a notificação da Reclamada, no endereço constante nessa peça


vestibular para, querendo, contestar os termos da presente reclamação sob pena de
revelia e confissão quanto à matéria fática.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em


especial prova documental, pericial, testemunhal e depoimento pessoal do
Reclamante e das Reclamadas, sob as penas da lei.

Todos os documentos juntados à exordial foram conferidos com o original de forma


que, por essa razão, declara-se, por meio dos advogados e com arrimo no inciso IV
do art. 365 c/c a última parte do §1º do art. 544, ambos do CPC, a autenticidade dos
mesmos.

Dá à causa o valor de R$149.800,00.

Termos em que Pede e Espera

DEFERIMENTO,

Salvador, 27 de maio de 2021.

ROBERTO TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR OAB: BA 100.799

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ROBERTO


TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR

https://pje.trt555.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
Nd=000000999990909090909

DOCUMENTOS QUE ACOMPANHAM A PETIÇÃO INICIAL

- Print de tela do WhatsApp, no grupo “Diretoria e Gerentes”, indicando data de


25/05/2021, contendo três mensagens apagadas pelo contato Robenildo – Diretor

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- Atestado médico de acompanhamento do filho menor em cirurgia cardiaca (1 dia) no
dia 5 de fevereiro de 2017

- Atestado médico emitido em novembro de 2020, recomendando afastamento das


atividades habituais pelo prazo de 8 dias, em razao de infecção por coronavírus

- Declaração de hipossuficiência econômica subscrita pelo autor

- Comprovante de residência do reclamante – conta de energia

- Cópia da identidade do reclamante

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 150ª VARA FEDERAL DO TRABALHO DE


SALVADOR ESTADO DA BAHIA.

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SUPERMERCADO PREÇO BARATO LTDA, por seu advogado, nos autos da Reclamação
Trabalhista movida por ROBERTONILDO SÉFARO MUSTAFÁ, em curso perante essa MM.
Vara, vem, respeitosamente, à presença de V. Exa., apresentar

CONTESTAÇÃO

pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

Inicialmente, a reclamada informa que foi celebrado com o autor, em 22/10/2018,


cláusula compromissória de arbitragem, pela qual as partes se comprometem a
submeter à Camara Trabalhista de Boa Arbitragem da Bahia (CTBABA) todo e
qualquer lítígio referente ao contrato de trabalho por eles integrado.

Assim, considerando a existência da referida cláusula compromissória, não poderia o


autor ter ajuizado ação perante esta Vara do Trabalho, pelo que requer seja extinto o
feito, sem resolução do mérito, na forma do art. 485-VII do CPC.

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Inepta a petiçao inicial por não cumprir o comando legal que impõe a juntada de
planilha de cálculos referentes aos pedidos formulados, sendo inservível para tal fim a
mera indicação de valores aleatórios, sem qualquer fundamentação.

A petição inicial é inepta também em relação ao pedido de pagamento de verbas


rescisórias. É que o reclamante bem sabe que sua dispensa se deu por justa causa,
mas não informou isso em sua exordial. Trata-se de omissão dolosa que impede o
exercício do direito de defesa pela reclamada, tornando inepto o pedido.

Assim, pede seja reconhecida a inépcia pelos fundamentos alegados, extinguindo-se


o pedido sem resolução do mérito.

O reclamante, desde a sua admissão até a promoção ao cargo de gerente, laborava


8h por dia, de 8h às 18h, com 2h de intervalo, de segunda a sexta, e aos sábados de
8h as 12h.

Em março de 2018, o reclamante foi alçado ao cargo de gerente, quando então


passou a desempenhar função de confiança, sem controle de jornada, enquadrado na
exceção do art. 62-II da CLT.

Quando atuou como gerente, o reclamante passou a receber um salário superior,


gozar de amplos poderes de gestão e possuir uma ampla liberdade na jornada,
podendo administrar seu próprio horário. Ainda assim, o reclamante não ultrapassava
as 44h semanais de trabalho.

Por fim, informa que o intervalo intrajornada sempre foi usufruído corretamente pelo
empregado.

Pela improcedência.

O reclamante traz um pedido absurdo de diferenças salariais em razão de suposta


progressão funcional. Inicialmente, a reclamada nega a existencia de qualquer norma,
seja regulamento empresarial, cláusula contratual ou até mesmo normas coletivas
prevendo a suposta progressão funcional.

Também não era hábito da reclamada conceder qualquer aumento salarial, até
porque não está obrigada por lei a fazê-lo, e nunca isso foi prometido ao reclamante.

Impugna, também, a alegação de que teria sido realizada avaliação de desempenho


do reclamante. Na verdade, a única avaliação a que ele era submetido, e isso de fato
acontecia anualmente, era avaliaçao quanto ao cumprimento das metas de trabalho,
mas apenas com o escopo de aferir o seu regular desempenho no trabalho, nunca
com o objetivo de implementar qualquer melhoria salarial.

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Por fim, cumpre mencionar que, se houvesse o pagamento de alguma parcela como a
mencionada pelo reclamante, o que a ré nega veementemente, estaria clara a sua
natureza de prêmio, despida de qualquer caráter salarial, pelo que não poderiam
incidir os reflexos pleiteados na exordial.

Requer a improcedência total do pedido.

O reclamante pede o pagamento de diversas verbas rescisórias, mas não faz jus a
nenhuma delas. É que sua dispensa se deu por justa causa, em razão de haver
cometido falta grave.

O trabalhador, na condição de gerente do supermercado, estava fraudando o sistema


de controle de ponto, a fim de apagar faltas registradas em desfavor dos seus
subordinados, de modo a aboná-las, mas seu autorização da diretoria.

Tais acontecimentos foram verificados pela ré através de auditoria no sistema


informatizado, o que caracteriza ato de improbidade e consequente quebra da fidúcia
no contrato de trabalho. Em tal contexto, não restou à reclamada outra opção que não
a aplicação da dispensa por justa causa, conforme demonstra o documento anexo –
notificação dirigida ao reclamante, por escrito, acerca de sua dispensa e com o
motivo, tendo o obreiro se recusado a assiná-la.

Impugna, assim, todas as parcelas pleiteadas em decorrência da extinção contratual.

O reclamante alega violação à sua honra e sua imagem por ato praticado pelo Diretor
Robenildo, mas tal fato nunca aconteceu. Embora de fato exista um grupo de
whatsapp destinado aos gerentes e diretores da empresa, ali nunca foi informado
sobre qualquer conduta apurada, tampouco sobre dispensa ou aplicação de
penalidades.

Desde já fica impugnado o documento juntado pela parte autora, consistente em


“print” de whatsapp, uma vez que não se trata de meio de prova adequado, pois não
permite averiguar sua autenticidade. Além disso, no “print” juntado as mensagens
estão indicadas como apagadas, o que evidentemente nos impede de ter acesso ao
seu teor.

Não fosse isso, é de ver-se que a parte autora não traz qualquer prova relativa
aodano moral alegado. Nada prova sobre suposta ruína na carreira, obstáculo a
outros empregos e menos ainda sobre a depressão e utilização de medicação
controlada.

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Em relação à alegada depressão, não se trata de doença ocupacional e, se acaso o
reclamante realmente estiver depirmido, certamente a causa é de cunho pessoal.
Requer, desde já, a produção de prova pericial a fim de averiguar o nexo causal da
referida patologia.

Pede a rejeição total do pedido de indenização por danos morais.

Inicialmente, cumpre salientar que a doença contraída pelo reclamante não tem
qualquer natureza ocupacional, caracterizando-se, ao revés, como doença
epidemiológica, ou melhor, pandêmica, tendo vitimado milhões de pessoas no mundo
tudo, fato público e notório.

O reclamante, aliás, sequer comprovou que contraiu coronavirus, pois apresentou


apenas um atestado médico com referência à doença, mas sem nenhum teste com
resultado positivo. Excelência, como pode o médico, através de mero exame clínico,
diagnosticar infecção por coronavírus? Os sintomas da doença são comuns a outras
dezenas de patologias, não sendo viável o diagnóstico com mero exame ambulatorial,
certamente amparado apenas na descrição sintomática unilateralmente exposta pelo
trabalhador.

A empresa, porem, acatou o atestado , tendo o reclamante se ausentado por 16 dias,


conforme recomendado pelo médico, sem qualquer desconto salarial. No entanto,
certamente o contágio, se houve, não se deu nas dependências da empresa, que
adota os mais severos critérios de segurança e distanciamento recomendados pelas
autoridades públicas.

O reclamante, no desempenho de suas funções, laborava em escritório totalmente


ventilado e separado de qualquer outro empregado, sendo que apenas eventualmente
precisava descer para a loja, sempre com uso de máscara N-95, faceshield, touca,
luva, proteção nos sapatos, uso de álcool em gel, higienização das maos com
sabonete, tudo fornecido pela empresa e devidamente fiscalizado.

A loja também passou a receber menos clientes, respeitando uma distância minima
média de 2m entre os clientes, mesma distância observada entre os empregados. As
medidas foram tão eficientes que a empresa não teve nenhum caso de coronavírus
entre clientes e colaboradores, com exceção do reclamante.

Como se vê, não houve qualquer conduta da empresa que favorecesse o contágio do
reclamante, muito pelo contrário, de modo que não se cogita de culpa empresarial.
Além do mais, também não incide a responsabilidade objetiva, pois o reclamante não
estava submetido a risco maior que a média da população quando frequenta um
supermercado, banco, transporte público etc.

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Aliás, não há como o reclamante comprovar a origem do vírus que supostamente o
contaminou, podendo perfeitamente ter contraído em sua residência, pois foi notícia
na empresa que a esposa e sogra do reclamante, que vivem com ele, foram
infectados pelo coronavírus. A infecção tambem pode ter ocorrido em transporte
público ou mesmo nas festas que o reclamante frequentava, em plena pandemia,
conforme se constata em suas fotos de instagram.

Ao contrário do que mencionado na inicial, o reclamante sequer ficou internado ou


intubado, pelo menos nada noticiou sobre isso à empresa. Também nao há prova de
qualquer sequela / efeito colateral.

Por tais razões, devem ser julgados improcedentes os pedidos de reintegração,


pagamento de salário e indenizações por danos morais e materiais.

O reclamante deduz mais um pleito sem qualquer fundamento. Na verdade, o


desconto salarial relativo ao mês de fevereiro de 2017 foi de apenas um dia. No
entanto, havendo um dia de desconto, o reclamante perde também a remuneração do
repouso semanal.

Impugna o atestado médico juntado com a inicial, pois tal documento não foi entregue
à empresa, caso contrário, conteria algum carimbo de recebimento e certamente não
estaria na posse do autor.

Não basta possuir o atestado médico, é imperioso que ele seja apresentado ao
empregador, a fim de demonstrar a razão da ausência, pois, ao contrário do que
afirmado, não houve qualquer acordo entre o reclamante e o diretor da empresa, que
nada foi informado e se surpreendeu com a ausência do obreiro em um dia normal de
trabalho.

Em relação às contribuições sindicais, inicialmente pontua que a reclamada não tem


legitimidade para este pleito, uma vez que apenas repassava os valores ao sindicato
obreiro. Se houver alguma devolução a ser feita, cabe o pedido apenas contra a
entidade sindical, única beneficiária da parcela retida.

Ao contrário do que afirmado na inicial, o reclamante sempre foi filiado ao sindicato da


sua categoria e o desconto da contribuição sindical cumpriu preceito legal obrigatório,
o qual também estava previsto em negociações coletivas, amparadas por decisão da
assembleia de empregados, conforme previsto na cláusula sexta dos ACT aplicáveis
ao contrato do reclamante.

Por qualquer ângulo que se analise a questão, evidentemente não há qualquer valor a
ser ressarcido ao autor.

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Pela improcedência.

O reclamante pede absurda condenação em danos existenciais, o que sequer é


admitido na seara trabalhista, em que a lei regulamente apenas os danos morais e
materiais.

O cancelamento das férias do reclamante se deu com base na Medida Provisória


vigente à época, que autorizava o cancelamento das férias em atividades essenciais,
como é o caso do reclamante.

Além disso, o autor foi avisado com a devida antecedência, sendo cumpridos os
requisitos legais. Em verdade, não houve cancelamento, mas mero adiamento das
férias, que foram regularmente usufruídas em outubro do mesmo ano.

Não é verdade que o autor deixou de viajar por conta da suspensão das férias, mas
sim porque a companhia aérea cancelou os vôos, diante do período inicial da
pandemia. O adiamento foi até favorável ao reclamante, pois ele não poderia mesmo
viajar naquele período, mas conseguiu viajar com sua família em outubro, inexistindo
qualquer prejuízo ao convívio familiar e lazer, o que indica ausência de dano
existencial.

Requer a improcedência do pedido indenizatório.

Impugna, desde logo, a gratuidade judiciária requerida, pois o reclamante recebia


mais de dois salários-mínimos e não prova hipossuficiência econômica. Além disso,
seu advogado não possui poderes especiais para isso.

CONCLUSÃO

Assim, pede a TOTAL IMPROCEDÊNCIA DA DEMANDA, com a condenação do


autor ao pagamento de honorários sucumbenciais, na forma da lei.

Salvador, 21 de junho de 2021.

ROMÁRIO SANTOS DE ABREU OAB: BA 200.101

Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: ROMÁRIO SANTOS DE


ABREU

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https://pje.trt555.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
Nd=000000999990909090909

DOCUMENTOS QUE ACOMPANHAM A CONTESTAÇÃO

- Procuração com poderes gerais para o foro

- Contrato social da empresa. Capital social de R$1.000.000,00

- Cláusula compromissária de arbitragem firmada pelo autor e ré em 22/10/2018, em


aditivo contratual, com a seguinte redação:

“As partes acordam que qualquer litígio referente a indenizaçoes por danos
morais, materiais ou existenciais, bem assim quaisquer parcelas que não apresentem
natureza estritamente trabalhista serão submetidas à apreciação exclusivamente pela
Câmara Trabalhista de Boa Arbitragem da Bahia (CTBABA).”

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- Notificação do reclamante sobre a dispensa por justa causa em razão de ato de
improbidade. Documento subscrito por duas testemunhas e sem a assinatura do
reclamante

- Acordo Coletivo de Trabalho de 2018/2020

“Cláusula sexta: A empresa acordante se compromete a descontar dos salários


dos empregados os valores anuais referentes à contribuição sindical obrigatória,
independente de se tratar de empregado sindicalizado, conforme decidido em
assembleia geral realizada pelo sindicato representativo dos trabalhadores.”

- Acordo Coletivo de Trabalho de 2020/2022

“Cláusula sexta: A empresa acordante se compromete a descontar dos salários


dos empregados os valores anuais referentes à contribuição sindical obrigatória,
independente de se tratar de empregado sindicalizado, conforme decidido em
assembleia geral realizada pelo sindicato representativo dos trabalhadores.”

ATA DE AUDIÊNCIA

PROCESSO: 555555-999.2021.5.555.0150

RECLAMANTE: ROBERTONILDO SÉFARO MUSTAFÁ

RECLAMADAS: SUPERMERCADO PREÇO BARATO LTDA

Em 12 de julho de 2021, mediante sessão telepresencial pelo aplicativo GoogleMeet,


na sala de sessões virtual da MM. 150ª VARA DO TRABALHO DE SALVADOR/BA,
sob a direção da Exmo(a). Juíza ANA MAGISTRADA, realizou-se audiência relativa
ao processo identificado em epígrafe.

Às 11h, aberta a audiência, foram, de ordem da Exmo(a). Juíza do Trabalho, apregoadas as


partes.

Presente o RECLAMANTE, acompanhada do(a) advogado(a), Dr(a). ROBERTO


TERTULIANO GUIMARÃES JUNIOR - OAB: BA 100.799.

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Presente a RECLAMADA, representada pelo preposto José Cabaré, acompanhado
do advogado, Dr. Romário Santos de Abreu, OAB: BA 200.101.

Recebidos a contestação e os documentos apresentados pela ré. Concedida a


palavra ao reclamante para se manifestar, foi dito que reitera os termos da petição
inicial.

Depoimento pessoal da parte autora: que possui diploma de nível superior; que
nunca adulterou o sistema de controle de ponto dos colegas; que era
responsabilidade sua gerir a frequência dos seus subordinados; que poderia
abonar faltas, mas sempre mediante autorização de algum diretor; que já abonou
faltas em diversos casos e isso não configura adulteração do cartão de ponto; que
poderia abonar a falta previamente ou depois de consumada; que no último caso
acessaria o sistema, excluindo a ausência; que no sistema fica registrado o
histórico de ações, inclusive tal exclusão; que não leu no grupo de whatsapp nada
sobre sua dispensa; que foi informado que o diretor Robenildo havia feito uma
postagem sobre o motivo da sua dispensa por justa causa; que isso foi dito pelos
outros gerentes; que na época viu apenas algumas mensagens apagadas do Sr.
Robenildo e depois foi retirado do grupo; que quando foi contratado não ficou
acertada nenhuma progressão salarial; que acredita que não há norma escrita da
empresa prevendo progressões salariais; que quando se tornou gerente o Diretor
Robenildo disse que o depoente teria progressões salariais anuais de 2,5%, caso
fosse aprovado em avaliação de desempenho; que foi submetido a tais avaliações
pelo Sr. Robenildo; que os demais colegas gerentes também participavam da
avaliação, que era não apenas vertical, mas também horizontal; que contraiu
COVID-19 na empresa; que ficou internado e quase foi intubado; que sua sogra e
sua esposa tiveram COVID-19 dias antes do depoente, mas nesse período ele
ficou hospedado na casa dos seus pais e não teve contato com elas; que na
empresa houve outros casos de COVID; que agora não se recorda exatamente
quem teve COVID, mas lembra que foram alguns colegas; que a empresa dizia que
fornecia alcool em gel, mas o dispenser estava sempre vazio; que trabalhava em
uma sala sozinho, mas sempre tinha que descer para a loja; que na loja havia
muitos clientes; que ia trabalhar de ônibus, muitas vezes lotados; que na porta do
supermercado nem sempre mediam a temperatura dos clientes; que a empresa
cancelou suas férias; que foi avisado com 10 dias de antecedência; que já tinha
planejado viagem com a família nas férias; que teve cancelamento do voo por
conta do COVID, mas foi depois do cancelamento das férias; que depois tirou
férias em outubro e conseguiu viajar; que trabalhava de 8h às 18h, com 30min de
intervalo; que quando passou a ser gerente sua jornada não mudou; que aos
sábados trabalhava de 8h às 12h; que como gerente possui subordinados; que não
é chefe dos demais gerentes; que é subordinado aos diretores da empresa; que

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quando virou gerente seu salário mais que dobrou. Nada mais foi dito nem lhe foi
perguntado.

Depoimento pessoal da parte ré: que o reclamante não poderia abonar faltas,
mas apenas os diretores; que foi apurado que o reclamante estava excluindo faltas
de alguns empregados que eram seus amigos, em prejuízo à empresa; que em
razão disso o reclamante foi dispensado por justa causa; que ele foi notificado da
dispensa, mas não quis assinar o documento, mas duas testemunhas assinaram;
que existe um grupo de whatsapp reunindo os diretores e gerentes da empresa;
que o Sr. Robenildo compõe esse grupo; que o Sr. Robenildo nunca postou nada
sobre a dispensa do reclamante; que eventuais faltas cometidas pelos
empregados eram sempre tratadas em particular e de forma presencial, nunca por
telefone; que o reclamante era submetido anualmente a avaliações de
desempenho e sempre obtinha bons resultados, sempre era aprovado; que as
avaliações não tinham objetivo de progressão funcional, mas apenas controle de
metas mesmo; que nenhum empregado recebia progressão funcional e isso nunca
foi acordado nem prometido ao reclamante; que o reclamante trabalhava sozinho
em uma sala aberta e ventilada; que poderia acontecer de descer para a loja, mas
não era habitual, pois seu trabalho era mais burocrático e administrativo; que a
empresa fornecia faceshield, máscara, alcool em gel e touca; que não faltava
álcool em gel; que às vezes acabava o álcool do dispenser, mas logo era reposto;
que nas férias do reclamante ele é substituído por um dos outros gerentes; que a
substituição de um gerente por outro não causa prejuizo ao serviço, nem mesmo
na pandemia; que a empresa possui 30 empregados; que os diretores da empresa
trabalham diariamente no escritório da loja; que são 3 diretores (administrativo,
comercial e logístico); que o reclamante era o principal gerente, sendo o primeiro
na linha de comando e os outros apenas o substituíam; que o reclamante tinha
amplos poderes para admitir, dispensar, assinar contratos em nome da empresa;
que o reclamante era subordinado apenas ao diretor geral; que não havia cartão de
ponto para nenhum gerente, pois eram funções de confiança; que às vezes podia
acontecer de o reclamante tirar menos de 1h de intervalo, mas isso era organizado
por ele próprio, pois tinha autonomia e flexibilidade no horário. Nada mais foi dito
nem lhe foi perguntado.

Testemunha da parte autora: Marcionílio Santos, brasileiro, casado,


comerciário. Inquirido disse que: trabalha para a ré desde 2014, sendo que nos
últimos 5 anos exerceu a função de gerente; que o reclamante poderia abonar
faltas dos seus subordinados, assim como o depoente; que o abono de faltas
depois era passado para a Diretoria que poderia discordar; que ao que sabe o
reclamante foi dispensado por justa causa; que ouviu dizer que sua dispensa foi
ocasionada por ciúmes do Diretor Robenildo; que ouviu dizer que a esposa do

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Diretor estava apaixonada pelo reclamante; que não sabe se o reclamante
correspondia; que não sabe se eles tinham alguma aproximação amorosa ou
relacionamento; que a esposa do Sr. Robenildo não trabalhava na empresa, mas
frequentava bastante e socializava com os empregados; que sabe tudo por ouvir
dizer, pois nunca presenciou nada sobre isso; que faz parte do grupo de
whatsapp dos diretores e gerentes; que alguém postou no grupo mensagem
sobre a dispensa do reclamante; que não se lembra como foi a postagem, mas
dizia algo sobre o sistema de controle de ponto dos empregados e alguma coisa
errada que o reclamante tinha feito; que a postagem logo foi apagada; que como
gerente recebia progressões funcionais; que acredita que os demais gerentes
também recebiam, mas tem certeza; que a progressão dava aumento de 2,5% ao
ano, mas tinha que ser aprovado em avaliação de desempenho; que ao que sabe
todos os gerentes eram aprovados na avaliação todos os anos; que todos os
gerentes tinham bons resultados; que a empresa fornecia faceshield e máscaras
a todos os empregados; que não sabe se o reclamante usava máscara toda hora,
pois trabalhavam em turnos diferentes, embora com alguma coincidência de
horário; que acha que teve outros casos de COVID-19 na empresa, mas não se
recorda exatamente com quais empregados; que não pode afirmar com precisão
os horários de chegada e saída do reclamante, pois não estava com ele nesses
momentos; que já viu o reclamante usufruir de intervalos menores que 1h; que
não sabe se ele já conseguiu tirar 1h de intervalo

Nada mais foi dito, nem lhe foi perguntado.

Testemunha da parte reclamada: Jiarel Mattos Molheiros, brasileiro, casado,


comerciário. Inquirido disse que: desde 2016 ocupa a função de gerente; que
eram três gerentes na loja, o reclamante, o depoente e o Sr. Marcionilio; que cada
gerente respondia por um turno; que o depoente atuava no turno noturno; que o
reclamante era do turno matutino, embora permanecesse na empresa também
durante a tarde; que os gerentes não podiam abonar faltas; que o reclamante foi
dispensado por justa causa; que ouviu dizer que a dispensa se deu por ter
adulterado o sistema de ponto; que não se recorda quem contou o motivo; que
não presenciou e nem viu qualquer adulteração no sistema, mas também não
pesquisou e nem procurou saber porque isso não o interessava; que o Sr.
Robenildo informou no grupo de whatsapp dos gerentes e diretores que o
reclamante não fazia mais parte do time de gerentes pois estava sendo desligado;
que não foi dito se a dispensa era por justa causa; que não se recorda se foi dito
o motivo da dispensa; que a acha que a mensagem posteriormente foi apagada,
mas não tem certeza; que a empresa fazia avaliações anuais de desempenho
com os gerentes; que o depoente sempre foi aprovado, mas não sabe quanto aos
demais; que participava da avaliação horizontal dos outros gerentes, mas

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avaliava apenas a sua parte e não sabia do resultado final; que o depoente
sempre avaliava o reclamante de forma positiva, pois ele tinha bons resultados;
que o depoente recebia progressão salarial de 2,5% ao ano; que não sabe se
essa progressão era vinculada à avaliaçao de desempenho e não sabe se os
demais gerentes também recebiam pois não tinha acesso aos rendimentos deles
e nunca conversaram sobre isso; que soube que o reclamante teve COVID, mas
não sabe se ele foi internado ou intubado; que não soube de mais nenhum caso
de COVID na empresa; que o reclamante trabalhava em uma sala no andar de
cima e descia para a loja poucas vezes; que o depeonte trabalhava 8h por dia e
4h no sábado, mas nao sabe sobre o reclamante; que o depoente possuía horário
flexivel e acredita que o reclamante também; que não havia hierarquia entre
gerentes; que todos os gerentes eram subordinados aos três diretores; que os
gerentes podiam dispensar e admitir empregados, mas a decisão passava pelos
demais gerentes e depois pela diretoria. Nada mais foi dito, nem lhe foi
perguntado.

As partes declaram que não há mais provas a serem produzidas.

INSTRUÇÃO ENCERRADA. RAZÕES FINAIS REITERATIVAS. RECUSADA A


SEGUNDA PROPOSTA DE CONCILIAÇÃO. AUTOS CONCLUSOS PARA
JULGAMENTO. Nada mais havendo, foi encerrada a audiência.

ANA MAGISTRADA JUÍZA DO TRABALHO

Ata redigida por ANDRÉ P. M., Secretário(a) de Audiência

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SENTENÇA TRABALHISTA

PROF. JOALVO MAGALHÃES

ESPELHO DE SENTENÇA 6 - INÉDITA

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SENTENÇA 6 - ROBERTONILDO SÉFARO MUSTAFÁ x SUPERMERCADO PREÇO
BARATO LTDA – ESPELHO COM SUGESTÃO DE RESPOSTA

CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA DE ARBITRAGEM

- Reclamada alega haver pactuado cláusula compromissória de arbitragem em


22/10/2018, pelo que pede a extinção do feito, sem resolução do mérito

- A possibilidade de pactuação de cláusula compromissória prevista na Lei


13.467/2017 é plenamente aplicável ao caso, eis que a lei trabalhista tem vigência
imediata

OU

- Resta impossibilitada a aplicação da cláusula compromissória no caso em análise,


pois celebrada em alteração prejudicial ao empregado, encontrando óbice no art. 468
da CLT

- Mas, no caso, inviável a cláusula compromissória, eis que o obreiro não preenchia o
requisito salarial previsto no art. 507-A da CLT, sendo irrelevante, contudo, a
circunstância de ele possuir diploma superior

- Também irrelevante que a cláusula trate apenas de parcelas que não ostentem
natureza tipicamente trabalhista, pois a lei não faz distinção e os requisitos ali
estabelecidos são aplicáveis em qualquer caso

Rejeitar a preliminar

INÉPCIA DA PETIÇAO INICIAL

- Não há inépcia pela ausência de juntada de planilha de cálculos, pois a lei não
impõe tal requisito à petição inicial, sendo certo que o reclamante indicou os valores
dos pedidos formulados

- Reclamada alega inépcia, ainda, sob o argumento de que o reclamante omitiu


dolosamente a extinção contratual decorrente de aplicação de dispensa por justa
causa

- Tal omissão diz respeito ao mérito da causa e lá será analisada, mas não impediu o
regular exercício do direito de defesa pela empresa, que não apenas se defendeu,
como informou o motivo da dispensa e quais verbas considera devidas

Rejeitar a preliminar de inépcia

ILEGITIMIDADE PASSIVA

- A reclamada argui ilegitimidade passiva quanto ao pedido de devolução dos


descontos referentes à contribuição sindical, mas sem razão

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- Adotando-se a teoria da asserção, reputa-se a ré parte legítima para figurar em tal
pedido, sendo certo que a possibilidade de responsabilizar a empresa, nesse caso,
diz respeito ao mérito

Rejeitar a preliminar de ilegitimidade passiva.

COVID-19 – ESTABILIDADE, REINTEGRAÇÃO, INDENIZAÇÕES

- Reclamante alega que contraiu COVID-19 na empresa, pretende enquadramento


como doença ocupacional, alega que ficou intubado, quase morreu e teve sequelas
que reduziram sua capacidade laborativa. Pede reconhecimento do caráter
ocupacional da doença, com direito à estabilidade, reintegração, pagamento dos
salários do período de afastamento, indenização por danos morais e materiais

- Empresa alega falta de prova da doença (exame positivo), nega caráter ocupacional,
nega culpa (responsabilidade subjetiva) e risco (responsabilidade objetiva), assevera
que adotou várias medidas de proteção, que não há prova quanto à origem do vírus
que contaminou o reclamante, além de negar qualquer caso da doença na empresa e
informa que a sogra e a esposa do reclamante estavam doentes e poderiam ser as
responsáveis pela contaminação

- Pode entender que o atestado médico é suficiente para comprovar COVID


(presunção do ato médico, caberia à empresa provar o contrário) OU entender que
não há prova do COVID, eis que muitos sintomas são comuns a outras doenças e não
seria possível diagnosticar com base em mero exame ambulatorial. Nesse quadro,
embora fosse possível ao médico recomendar o afastamento por segurança, não
haveria prova robusta para efeito processual

- Não há prova de que o reclamante contraiu a doença na empresa, o que


desqualifica como doença ocupacional, mesmo porque se trata de uma pandemia e
não houve qualquer prova de atividade de risco ou culpa da ré

- A prova oral comprovou bastante rigor na proteção do reclamante, que laborava em


sala separada, não estando exposto a risco superior que o homem médio, não
havendo caracterização como atividade de risco. Também ficou comprovado que
ninguém na empresa contraiu a doença e que a esposa e a sogra do reclamante
contraíram covid-19 antes dele, podendo ser eventual vetor

- Não sendo doença ocupacional, não há estabilidade, reintegração e nem


indenização por danos morais ou materiais

- Em relação aos danos materiais, notar que não há prova alguma da sequela alegada

Julgar improcedentes os pedidos.

VERBAS RESCISORIAS

- Reclamante alega que o contrato de trabalho foi encerrado em 25/05/2021, pedindo

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as seguintes verbas rescisórias: saldo de salário (25 dias), 13º proporcional (7/12),
férias proporcionais (10/12), férias dobradas referentes aos períodos aquisitivos
2019/2020, 2018/2019 e 2017/2018, aviso prévio proporcional (51 dias), multa de 40%
do FGTS, além de seguro-desemprego

- A reclamada impugna o pedido, alegando que o autor foi dispensado por justa
causa, por ato de improbidade, em razão de haver adulterado o sistema de ponto dos
empregados a ele subordinados

- No entanto, a reclamada não conseguiu comprovar a ocorrência da falta grave


invocada, havendo controvérsia entre as testemunhas ouvidas acerca da
possibilidade de o autor abonar faltas. Sendo ônus da ré comprovar a falta grave
alegada e não tendo se desincumbido a contento, impõe-se a declaração de nulidade
da justa causa e conversão em dispensa imotivada

- Notar que, ainda se acolhida a tese da justa causa, haveria verbas devidas e não
pagas (saldo de salário e férias simples e em dobro)

- Calcular e indicar as verbas devidas, pois a inicial pede mais que o devido: aviso
prévio (48 dias – extinção contratual em 12/07/2021), natalinas proporcionais (6/12),
férias proporcionais (10/12), férias simples período aquisitivo 2019/2020 (período
concessivo ainda não expirado) e férias em dobro dos períodos aquisitivos de
2017/2018 e 2018/2019 (períodos concessivos já expirados), todas com acréscimo de
1/3, saldo de salário de 25 dias, multa de 40% do FGTS e seguro-desemprego

- Seguro-desemprego: pode determinar expedição de alvará ou ofício para


habilitação, ao invés de condenar a ré na indenização referente ao benefício

Julgar procedentes os pedidos de pagamento de aviso prévio (48 dias –


extinção contratual em 12/07/2021), natalinas proporcionais (6/12), férias
proporcionais (10/12), férias simples período aquisitivo 2019/2020 (período
concessivo ainda não expirado) e férias em dobro dos períodos aquisitivos de
2017/2018 e 2018/2019 (períodos concessivos já expirados), todas com
acréscimo de 1/3, saldo de salário de 25 dias, multa de 40% do FGTS e seguro-
desemprego.

DIFERENÇAS SALARIAIS – PROGRESSÃO FUNCIONAL

- Reclamante alega que a empresa concedia progressão funcional aos gerentes, com
implemento de 2,5% ao ano, a título de adicional de merecimento. Aduz que nunca
recebeu tal parcela, apesar de devidamente avaliado e aprovado. Pede o pagamento
de diferenças salariais a partir de março de 2018, com reflexos

- A reclamada informa que não havia qualquer norma prevendo essas progressões e
que não havia avaliação de desempenho com esse objetivo e que tal parcela, acaso
fosse paga, não teria caráter salarial

- A prova oral comprova a existência de progressão salarial para gerentes, bem como

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a realização de avaliação de desempenho e aprovação do reclamante (observar o
depoimento da ré e também das testemunhas)

- Reconhecer o direito às progressões funcionais, com o pagamento de diferenças


salariais. Limitar o implemento salarial a partir de março de 2019 e não março de
2018, pois a progressão se dava a partir de 1 ano completo na função

- Reconhecer caráter salarial da parcela em análise, julgando procedente o pedido de


reflexos em férias, natalinas, aviso-prévio, FGTS acrescido de 40%. Improcedente o
pedido de reflexos em repouso semanal remunerado, pois a parcela incidia em
percentual sobre o salário mensal, no qual já está embutido o repouso semanal
remunerado

Julgar parcialmente procedente o pedido de pagamento de diferenças salariais


a partir de março de 2019, a base de 2,5% por ano, com reflexos em férias,
natalinas, aviso-prévio e FGTS acrescido de 40%

DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS

Desconto por falta em fevereiro de 2017

- Reclamante alega que a ausência se deu por cirurgia do filho de 5 anos, apenas 1
dia, tendo combinado com a reclamada
- A reclamada nega qualquer acordo e informa que não foi avisada da ausência e nem
recebeu atesto médico, por isso descontou 1 dia de salário e mais 1 dia do repouso
- O atestado médico comprova que o reclamante se ausentou para acompanhar o
filho. Havendo tal justificativa documentada, existe uma presunção de que esse
documento foi apresentado à empresa, o que não foi infirmado por nenhuma outra
prova
- Reconhecer que a falta foi justificada e, portanto, o desconto foi indevido

Julgar procedente pedido de devolução de descontos, sem reflexos, pois se


trata de ressarcimento (parcela indenizatória)

Descontos em razão de contribuição sindical

- A empresa pode ser responsabilizada por descontos indevidos, ainda que a verba
tenha sido direcionada ao sindicato, pois foi sua a conduta ilícita de descontar. Se for
o caso, pode acionar o sindicato em ação regressiva

- A ré não comprovou que o reclamante houvesse autorizado os descontos. Aliás,


sequer comprovou ou alegou sindicalização, mas apenas a filiação (que é automática
aos integrantes da categoria) e não propriamente a sindicalização (que não foi
alegada nem comprovada)

- Em relação ao início do contrato até 2017, os descontos eram lícitos, pois


determinados pela lei, dado o caráter compulsório da contribuição sindical

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- A partir de 2018, não tendo o reclamante autorizado, não poderia ter sido
descontado, pois não foi comprovado, sequer alegado, que houvesse autorização dos
descontos

- Inservível a autorização em assembleia ou em negociação coletiva, que não vincula


os empregados não-sindicalizados (Info 235 TST, ADIN 5794, RECL 36.185 STF)

Julgar procedente o pedido de devolução dos descontos relativos à


contribuição sindical realizados a partir de 2018.

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

- A parte autora pede indenização decorrente de suposta acusação pelo diretor em


grupo de whatsApp da empresa, com informação sobre sua dispensa. Alega prejuízos
emocionais, depressão e danos à carreira. Pede indenização por danos morais

- A empresa nega os fatos e alega que não há prova de qualquer dano

- As testemunhas comprovam a alegação de que o reclamante foi acusado no grupo


de whatsapp

- Não há qualquer prova sobre a doença (depressão), danos à carreira, obstáculo a


outros empregos e nem uso de remédio controlado

- No entanto, a atitude da empresa viola a honra e a imagem do empregado. Ainda


que fosse verdadeiro a suposta falta contratual, o que não foi comprovado, não
poderia a empresa expor esses dados em grupo composto por outros empregados,
sem que haja lesão à imagem e honra do trabalhador

- O dano moral, no caso, opera-se in re ipsa, ínsito ao próprio ato ilícito praticado,
independente de qualquer comprovação. É bem verdade que algumas consequências
danosas não foram comprovadas, mas elas serviriam apenas para demonstrar o
agravamento do dano e interferir na quantificação da indenização

- Assim, comprovada a prática de ato ilícito da ré em detrimento dos direitos da


personalidade do autor, impõe-se a condenação em indenização por danos morais

- Arbitrar o valor em R$10.000,00, indicado os parâmetros utilizados

Julgar procedente o pedido de indenização por danos morais no valor de


R$10.000,00.

SUSPENSÃO DAS FÉRIAS – DANOS MORAIS E EXISTENCIAIS

- Reclamante alega que empresa cancelou férias programadas para abril de 2020,
tendo perdido viagem já programada, com passagens e reservas internacionais. Pede
indenização por dano existencial, por deixar de usufruir as férias programadas com a

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família, tendo que trabalhar no período que seria de descanso

- Empresa alega que não cancelou, mas apenas adiou as férias do reclamante,
amparada em MP que previa tal possibilidade em atividades essenciais, tendo
comunicado ao reclamante em tempo hábil. Além disso, não teria havido prejuízo,
pois o autor já não poderia viajar em abril, por conta das restrições referentes à
pandemia, mas teve férias em outubro e conseguiu viajar com a família, inexistindo,
pois, qualquer dano existencial

- A prova oral indica que a atividade do autor não era essencial, de modo que não
seria possível o adiamento das férias

- Apesar disso, notar que foram observadas as formalidades e notificação, bem como
a prova oral de que os voos dele já haviam mesmo sido cancelados por conta da
pandemia e que conseguiu viajar em outubro, sem prejuízo ou dano existencial

- O dano existencial não é presumido, deve ser devidamente comprovado,


evidenciando-se o prejuízo aos projetos de vida e à vida de relações. No caso, não
houve prejuízo ao convívio familiar pelo mero adiamento, por alguns meses, de
viagem de férias com a família, tanto mais porque a pandemia, por si só, já seria
suficiente para causar tal atraso

Julgar improcedente.

HORAS EXTRAS

- Alegação da inicial: de 7h30min, com intervalo às 11h45, retornando 12h30 e


permanecendo na empresa até aproximadamente 17h50, de segunda a sábado.
Quando foi promovido a gerente, sua jornada aumentou bastante, tendo que chegar
para trabalhar às 7h e só deixava o emprego por volta de 19h20. Além disso, passou
a não ter mais intervalo de almoço, passando a fazer suas refeições no próprio local
de trabalho.

- Defesa: a reclamada alega que o reclamante laborava de 8h às 18h, com 2h de


intervalo, de segunda a sexta, bem como aos sábados de 8h às 12h, até março de
2018. Informa que em março de 2018 o reclamante passou a ser gerente, sem
controle de jornada, conforme art. 62-II da CLT, mas sem ultrapassar a jornada de 44h
e sempre usufruindo regularmente o intervalo.

- Confissões do autor: chegava às 8h na empresa; 30min de intervalo durante todo o


período; salário mais que dobrou quando virou gerente

- Confissões da empresa: os 3 diretores ficavam na empresa, não tinha poderes para


abonar falta, autor poderia tirar menos de 1h de intervalo

Período de gerente: Empresa não prova função de confiança, não era autoridade
máxima na empresa nem no estabelecimento; era subordinado a 3 diretores

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presentes e havia mais 2 gerentes iguais a ele.

Empresa tinha mais de 10/20 empregados – aplicar súmula 338 (testemunhas não
sabem jornada)

Aplicar confissões do reclamante

Fixar a seguinte jornada - aplicar a jornada da inicial, reduzida com as


confissões do autor: 8 às 17h50, com 45min de intervalo, de segunda a sábado

Condenar ao pagamento de horas extras a partir da oitava diária e quadragésima


quarta semanal, com adicional de 50%, divisor 220, globalidade salarial (súmula 264
TST).

Condenar, ainda, ao pagamento do intervalo intrajornada. No período anterior à


vigência da Lei 13.467 de 2017, condenar no intervalo cheio, com caráter salarial e
reflexos. No período posterior, condenar apenas no período suprimido de 15 minutos,
sem caráter salarial e sem reflexos.

Condenar nos seguintes reflexos, conforme limites do pedido: repouso semanal


remunerado, férias, natalinas e FGTS acrescido de 40%.

Julgar parcialmente procedentes os pedidos de pagamento de horas extras e


reflexos em repouso semanal remunerado, férias, natalinas e FGTS acrescido
de 40%.

GRATUIDADE JUDICIÁRIA

- Deferir, diante da declaração de hipossuficiência e presunção favorável, sem prova


em sentido contrário (Súmula 463 do TST).

- Autor alega encontrar-se desempregado, fato incontroverso porque não impugnado,


o que é suficiente para a concessão do benefício

HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
- Houve sucumbência recíproca
- Aplicar Lei 13.467/2017 (art. 791-A da CLT, §3o)
- Deferir honorários recíprocos (indicar percentual e critérios de fixação - §2o do art.
791-A da CLT)
- Em relação ao autor, fica suspensa a exigibilidade por conta da gratuidade judiciária
(§4o do art. 791-A da CLT)

DISPOSITIVO

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- Dispositivo direto
- Constar nome das partes
- Prazo de cumprimento
- Parâmetros de correção monetária, juros, recolhimentos fiscais e previdenciários
- Estabelecer natureza jurídica das parcelas objeto de condenação
- Condenar em custas e fixar valor da condenação
- Intimar partes e União

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