Apostila Completa Intro e 6 Sentenças
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Prof. Joalvo Magalhães - @joalvomagalhaes
• Edital do concurso
• Conhecer o estilo da prova
• Treinar bastante
• Observar os erros e aprender com eles
• Cuidado com o tempo de prova
SOLUÇÃO OBJETIVA
CONHECIMENTO ESPECIALIZADO
1
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A sentença não pode ser proferida com base em "achismos" ou "opinião", mas
sim mediante desenvolvimento de conhecimento técnico e especializado em
direito material e processual.
Apreciação da prova dos autos - um dos pontos de maior erro nas provas de
sentença diz respeito à análise probatória. E é aqui que reside a maior
dificuldade na prova de sentença.
Também não é possível inventar nem supor dados. É crucial se manter fiel à
prova dos autos e àquilo que foi ali colocado pelo examinador. Lembrar de que
a célebre frase "o que não está nos autos não está no mundo" tem bastante
valor na prova de sentença.
2
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Ao contrário, uma sentença mal estruturada, ainda que com boas soluções
jurídicas, depõe contra o candidato, pois macula o seu desempenho como
julgador.
Maturidade como juiz - para uma boa prova de sentença, é necessário que a
solução apresentada revele uma maturidade do julgador quanto às
consequências da sua decisão e providências que serão tomadas
posteriormente.
O CPC / 2015 traz a Primazia da resolução do mérito e isso deve ser levado
em consideração na prova de sentença. Vejamos:
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a
decisão for favorável à parte a quem aproveitaria eventual
pronunciamento nos termos do art. 485 (julgamentos sem resolução do
mérito)
3
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Não só a inépcia, mas outras soluções fáceis devem ser evitadas, como
acolher revelia, exceção de incompetência, preliminares... Enfim, o candidato
deve evitar se furtar a analisar tópicos relevantes da prova sob pretextos
meramente processuais. Deve lembrar que o examinador pretende ver a
solução jurídica para o caso concreto que ele colocou na prova.
Muita atenção com crase e concordância verbal, que são erros comuns em
prova de sentença. Evitar: "o mesmo"; "tratam-se de" (a expressão não vai
para o plural), "o fato do reclamante haver..." (nesse caso, não pode haver a
contração da preposição "de" com o artigo "o"); não separar sujeito de
predicado.
4
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É muito importante utilizar todos os elementos trazidos nos autos, pois nada
está ali por acaso. As informações e alegações foram colocadas pelo
examinador para testar seu raciocínio juridico, sua perspicácia quanto à
consequência jurídica daquilo que ali está exposto.
Sempre justificar sua conclusão, seja com a prova dos autos, seja com o direito
aplicável.
Quando possível, citar artigo de lei ou súmula, mas se lembrar. Caso não se
recorde, evite "chutar", pois pode cometer gafe (citar número errado de lei,
súmula, OJ...).
5
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RASCUNHO
TEMPO DE PROVA
No último concurso nacional, embora o tempo tenha sido elastecido para 5h,
muitos candidatos não conseguiram terminar a prova. Outros até terminaram,
mas fizeram apenas uma fundamentação parca, diante do tempo apertado.
ESTÉTICA DA PROVA
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Por fim, muita atenção com a caligrafia. A escrita não precisa ser propriamente
bonita, mas deve ser legível. Se, durante as correções, for identificada qualquer
dificuldade de leitura, recomenda-se especial atenção com a caligrafia,
inclusive mediante treinos específicos, se for o caso.
NOTA 6
7.13 Será aprovado o candidato que obtiver média igual ou superior a 60%
(sessenta por cento) de aproveitamento na prova de sentença, sendo os
demais eliminados do certame.
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Todos esses são elementos que contribuem para que o candidato obtenha a
nota mínima necessária para a aprovação na prova de sentença.
CONSULTAS
Só citar artigo de lei se souber onde ele pode ser encontrado. Não perca tempo
procurando artigos que você não se recorda onde estão, pois isso pode
comprometer o tempo da sua prova.
RESOLUÇÃO ESCRITA
8
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SEMPRE ALERTA
IDENTIFICAÇÃO DA PROVA
8.44 As folhas dos textos definitivos das provas da segunda etapa não poderão
ser assinadas, rubricadas ou conter, em outro local que não o apropriado,
nenhuma palavra, marca ou símbolo que as identifiquem, sob pena de
anulação da respectiva prova e eliminação do candidato do certame.
RELATÓRIO DA SENTENÇA
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CLT, Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do pedido e da
defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão e a respectiva conclusão.
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido
e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
EXAMINANDO OS AUTOS
Quando ler a prova, já grifar dados mais importantes, pois isso facilita caso
eventualmente seja necessário buscar a informação em momento posterior. No
entanto, lembrar que não será possível uma segunda leitura de toda a prova.
Não há tempo para isso.
MÉTODOS DE ESQUEMATIZAÇÃO
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Método da tabela
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Todos os métodos são interessantes, mas é preciso cuidado para não fazer
esquemas muito sofisticados, pois podem consumir um tempo que é muito
precioso na prova de sentença.
PREPARAÇÃO PRÉVIA
Esses auto-textos são bem úteis pois evitam que o candidato gaste tempo
elaborando a redação no momento da prova.
REDAÇÃO NA SENTENÇA
Evitar expressões que indicam muito subjetivismo - indicar certeza. Ex: “no
meu entender” ou “não me pareceu”
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ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO
DISPOSITIVO
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ORDEM DE JULGAMENTO
QUESTOES PROCESSUAIS:
EXCEÇÕES:
Essas questões deveriam ter sido apreciadas pelo juiz antes da sentença.
PRELIMINARES
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V - perempção;
VI - litispendência;
VIII - conexão;
X - convenção de arbitragem;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
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Condições da ação
• Legitimidade
• Possibilidade Jurídica do Pedido
• Interesse de agir
PREJUDICIAIS DE MÉRITO
• Prescrição
• Bienal
• Quinquenal
• Não aplicar de ofício
• Se não vai aplicar de ofício, não precisa abrir tópico de prescrição
não arguida
• Compensação
• Quitação
• Consignação
• Transação
• Outras formas de extinção das obrigações.
São exceções de mérito que devem ser alegadas pela parte ré, ensejando a
extinção do feito, com resolução do mérito.
MÉRITO
• Revelia
• Formação e desenvolvimento do contrato (reconhecimento de vínculo de
emprego, unicidade contratual, fraude de cooperativa, terceirização ou
pejotização etc.)
• Extinção contratual (justa causa, rescisão indireta, nulidade do pedido de
demissão, estabilidade, reintegração, além de verbas resilitórias,
incluindo multas dos artigos 467 e 477, § 8º, da CLT)
• Salário (equiparação salarial, acúmulo de função, desvio de função,
diferenças salariais, reajustes salariais, piso salarial, reenquadramento,
salário “por fora”)
• Adicionais (periculosidade, insalubridade etc).
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I - RELATÓRIO
Conciliação rejeitada.
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É o RELATÓRIO.
Decido.
Rejeito a preliminar.
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REVELIA
REVELIA
21
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DISPOSITIVO
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Nada mais.
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CURSO DE SENTENÇA TRABALHISTA – PROF. JOALVO MAGALHÃES
INSTRUÇÕES
Sobre a sentença 1:
SENTENÇA
1
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO
2
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO
3
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO
4
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO
5
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO
6
VI CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE
CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO
É o relatório.
ERRATA:
7
6º CONCURSO PÚBLICO DE PROVAS E TÍTULOS PARA
PROVIMENTO DE CARGO DE JUIZ DO TRABALHO SUBSTITUTO DO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 20ª REGIÃO
PROVA PRÁTICA - 3ª ETAPA – (SENTENÇA)
Espelho da prova
A avaliação da prova considerará, em cada item
específico, a capacidade de o candidato desenvolver
raciocínio silogístico, com concisão e clareza, sem
incorreção ortográfica. Para obtenção das pontuações
máximas abaixo atribuídas será imprescindível que o
candidato observe os parâmetros apontados neste espelho. A
simples observação desses parâmetros, contudo, não garante
a obtenção daquelas pontuações máximas, cabendo a valoração
de conteúdo a cada examinador.
RTOrd 0001000-01.2012.5.01.0085
Volumes Documentos Apensos Volumes de Apensos
1/1 0 0 0
___________________________________________________________________________
Relator:
Revisor:
Redator Designado:
______________________________________________________________
______________________________________________________________
Tramitação Preferencial:
______________________________________________
______________________________________________________________
Data de Autuação: 14/06/2012
Data de Distribuição\Redistribuição: 14/06/2012
Prevenção:
Corre-Junto:
______________________________________________________________
Partes:
Autor : Clara Negreiros de Assis
Advogado : Joanna Soares Serqueira, OAB/RJ RJ 321.000
Dependência:
14/06/2012
EXMO. SR. DR. JUIZ DA ..... VARA DO TRABALHO DO RIO DE
JANEIRO
RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
DOS FATOS
A 1ª Rda. informou à Rte. que sua demissão era por justa causa, a
pedido da 2ª Ré, através do 3º Réu, porque a Autora teria enviado para um
grupo de cinco clientes um email contendo uma foto pornográfica.
Ainda que assim não fosse, a Rte. explicou ao gerente da 1ª Rda. que
na realidade o email foi enviado pelo marido da Rte., por equívoco, tendo
ele inclusive feito uma carta para a 1ª Ré isentando a Rte. de culpa.
Face ao acima exposto, a Autora sofreu forte dano moral, eis que
necessitou contar com a ajuda financeira de amigos e parentes para
continuar alimentando a si própria e sua família, sendo levada a desespero,
vítima que foi de humilhações intoleráveis para qualquer ser humano.
Assim, pelo acima exposto, deve a Autora ser indenizada, além dos
R$ 50.000,00 já mencionados, pelos adicionais prejuízos sofridos, em
quantia equivalente a 50 salários mínimos ou, sucessivamente, outro valor
a ser arbitrado por V. Exa.
DOS PEDIDOS
OAB/RJ 321.000
Testemunhas:
Visto do Advogado
PROCESSO 00000001000-01-2012.5.01.0085
DOS FATOS
1 – A reclamante foi admitida em 04.03.2008, na
função de auxiliar de serviços gerais, com último
salário de R$ 582,00.
P. deferimento.
OAB/RJ 254.037
Testemunhas:
_________________________________
João Lira – CI nº 4.494.039-9, Detran RJ
_________________________________
Manuel Bragança – CI n° 8.383.833-9, Detran RJ
Visto.
Dr. José Joaquim Tavares
OAB/RJ 263.037
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DA 85ª VARA DO TRABALHO DO RIO
DE JANEIRO
CONTESTAÇÃO
Ainda que assim não fosse, não cuidou a reclamante de fazer ela
própria declaração, sob as penas da lei, de que não poderia litigar sem
prejuízo do próprio sustento, exigência legal que, inobservada, torna
sem amparo legal o deferimento.
III – DO MÉRITO
V – CONCLUSÃO
Termos em que,
Pede Deferimento.
Processo nº 00001000-01.2012.05.01.85
DO MÉRITO
OAB/RJ 267.890
Av. Rio Branco, nº 181, sala 3101,
CEP 20.040-007
Alega que a 1ª reclamada lhe informou que sua demissão era por justa
causa, a pedido da 2ª ré, através do 3º réu, porque ela teria enviado para um grupo de
cinco clientes um email contendo uma foto pornográfica. Preliminarmente sustenta a
ilegalidade da violação do seu sigilo de correspondência, constitucionalmente garantido
pelo inciso XII, do art. 5º, já que as reclamadas tiveram acesso à fotografia que gerou a
justa causa ao acessar a caixa de enviados do seu email sem sua autorização, sendo
esta ilegalidade suficiente para afastar a justa causa. Ainda que assim não fosse, a
reclamante explicou ao gerente da 1ª reclamada que na realidade o email foi enviado
pelo marido da reclamante, por equívoco, tendo ele inclusive feito uma carta para a 1ª
reclamada isentando a reclamante de culpa. Aduz que embora tudo tenha ficado
esclarecido, a 1ª reclamada manteve a justa causa alegando que se não fizesse isto
perderia o contrato com a 2ª Ré. Entende que a justa causa deve ser afastada e
convertida em despedida sem justa causa, considerando que não cometeu qualquer
falta, muito menos falta grave. A reclamante sustenta que encontrava-se grávida
quando foi demitida, entendendo fazer jus a estabilidade no emprego até seis meses
após o parto, ou seja, até 03/11/2011, considerando-se que seu filho nasceu no dia
03/05/2011.
Alega que não é, nem nunca foi, empregadora da reclamante, mas que
apenas firmou contrato de prestação de serviços com a 1ª reclamada, para atuação em
serviços gerais, atividade meio e não atividade fim, dentro do qual a reclamante foi
alocada para trabalhar, sempre por indicação, orientação, direção, fiscalização e
controle da 1ª ré. Aduz que a autora trabalhava recebendo correspondência eletrônica
destinada à 2ª ré e encaminhando-a ao setor competente. Acrescenta que não se pode
impor a pretendida responsabilidade subsidiária pelos alegados débitos trabalhistas da
1ª ré em favor da reclamante, pois inexiste norma legal que atribua algum tipo de
responsabilidade a quem não tem qualquer culpa pelos eventuais inadimplementos.
Ressalta que a questão de fundo na presente ação diz respeito à existência de justa
causa questionada pela reclamante, a respeito da qual não poderia ser atribuída à 2ª
reclamada qualquer espécie de culpa. Entende que exatamente por isto não foi
apresentada esta razão como causa de pedir. Quanto à Súmula 331, do Colendo TST,
repete que não foi mencionada e se tivesse sido não serviria para substituir causa de
pedir, aduzindo que consubstancia hipótese diversa da lide em julgamento. Entende
que, face ao que expõe, se ultrapassadas as preliminares, deve o pedido de
responsabilização subsidiária da 2ª ré ser julgado improcedente.
É o relatório.
SENTENÇA TRABALHISTA
ESPELHO DE SENTENÇA
SENTENÇA
I - RELATÓRIO
Conciliação rejeitada.
É o RELATÓRIO.
Decido.
II – FUNDAMENTAÇÃO
No mais, não há prejuízo para os réus, eis que o valor das custas, acaso
sucumbentes, será calculado apenas sobre o valor da condenação.
Rejeito a preliminar.
Por outro lado, também inexiste benefício de ordem entre a segunda reclamada e os
sócios da primeira, que sequer constam do título. Assim, em caso de inadimplemento
por parte da devedora principal, impõe-se a execução da devedora supletiva,
independente de desconsideração da personalidade jurídica.
Julgo improcedente.
GRATUIDADE JUDICIÁRIA
Também não é devida a indenização pela contratação de advogado, nos moldes dos
artigos 389, 404 e 927 do Código Civil. Com efeito, no processo do trabalho as partes
detém jus postulandi,de modo que a contratação de advogado constitui-se em opção
da reclamante, o que não pode ser refletido em obrigação de indenizar pela parte
reclamada.
BLOQUEIO DE FATURAS
No caso, não vislumbro a ocorrência dos requisitos do fumus boni iuris e periculum in
mora alegado na exordial, eis que não foi produzida qualquer prova acerca da
situação de insolvência da empresa. Ademais, em caso de inadimplência da primeira
ré, seu crédito está assegurado pela responsabilização subsidiária da segunda
reclamada.
Indefiro o pedido cautelar de bloqueio de faturas da primeira ré.
COMPENSAÇÃO/DEDUÇÃO
Não há prova de créditos recíprocos para compensação nem o pagamento de
parcelas a idêntico título, pelo que ficam indeferidas a compensação e dedução.
JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA
Incidem juros a partir da distribuição da ação – Artigo 883 CLT, com caráter
indenizatório, sem incidência de imposto de renda – artigo 404 CC e OJ 400 SDI-I,
pro rata die, de 1% ao mês.
Correção monetária a partir do vencimento da obrigação – Artigo 459 CLT, Artigo 39,
§ 1º da Lei 8.177/91 e Súmula 381 TST
Juiz do Trabalho
ESPELHO DE SENTENÇA
INÉPCIA DA INICIAL
Por sua vez, não há qualquer incompatibilidade entre os pedidos de rescisão indireta e
reintegração, uma vez que foram formulados de forma subsidiária, na forma do art. 326 do
CPC. Rejeito a preliminar no particular.
Por fim, sendo o terço de férias norma de aplicação cogente de índole Constitucional,
não incide em qualquer vício processual sua não formulação expressa nos autos, uma vez
que não há férias sem o correspondente terço, acréscimo já implícito na pretensão principal,
pelo que rejeito.
CONTRADITA DA TESTEMUNHA
Quanto à suposta amizade íntima da testemunha com o Autor, importa destacar que o
momento adequado em que se deve contraditar a testemunha em juízo é após sua
qualificação e antes de prestar compromisso. Desta forma, resta precluso o oferecimento a
contradita apenas em razões finais.
OU
Acolhe contradita por fato superveniente, testemunha diz que são “muito amigos”
REVELIA
PEDIDO CONTRAPOSTO
Diante disso, por falta de interesse processual, julgo extinto, sem resolução do mérito, o
pedido contraposto formulado pela Ré.
OU
PRESCRIÇÃO
Contudo, o Autor completou sua maioridade apenas em 12/05/2009, não correndo, até então,
qualquer prazo prescricional, na forma do artigo 440 da CLT.
E ainda que assim não fosse, o pedido declaratório relativo ao vínculo empregatício é
imprescritível, pois declaratório, na forma do artigo 11 da CLT.
CONTRATO DE TRABALHO
Em defesa, a Ré sustenta que não pode assinar a CTPS do Autor na data por ele
desejada, eis que era menor de idade, sendo o contrato de trabalho proibido.
A tese aduzida em defesa, no sentido de que o Autor era menor à época do início do
labor, não afasta a obrigatoriedade de anotação regular de sua CTPS, uma vez que não se
trata de trabalho ilícito (artigo 104 do CC), mas sim proibido, cuja irregularidade não desonera
a Ré de observar as normas trabalhistas protetivas aplicáveis.
Além disso, na sua peça de bloqueio, admite a Reclamada que o Autor esteve na
França fazendo sofisticado curso de qualificação para desenvolvimento de jogos, por ela
própria suportado, corroborando a própria tese Autoral acerca de sua mudança de função.
DA RESCISÃO INDIRETA
A Ré admite em sua peça de bloqueio que o Autor era apelidado no ambiente de trabalho, e
que ele já havia expressado à Ré sua insatisfação quanto ao fato, sem que nada houvesse
ela feito, por se tratar de relacionamento entre empregados, de acordo com a situação social
presente no ambiente de trabalho.
A tese da Reclamada, no sentido de que os empregados são sujeitos de direitos, nada ela
podendo fazer contra uma situação social no ambiente laboral, não merece prosperar, pois é
direito fundamental do trabalhador que a empregadora se responsabilize pela manutenção do
ambiente de trabalho, com a redução dos riscos inerentes por meio de normas de saúde,
higiene e segurança (artigo 7º, XXII, da CRFB/88), inserindo-se no conceito de saúde o
próprio bem estar social dos empregados, de acordo com o conceito atribuído pela
Organização Mundial da Saúde – OMS.
Diante disso, julgo procedente o pedido para reconhecer a resolução do contrato de trabalho,
por culpa da Ré, com a data de 13/02/2013, e o respectivo pagamento das verbas relativas ao
aviso prévio proporcional (57 dias), férias proporcionais com um terço (2/12), décimo terceiro
salário proporcional (3/12), e indenização compensatória de 40% do FGTS.
Não sendo cumprida a obrigação pela Ré, a Secretaria da Vara deverá proceder à
anotação, sem prejuízo de aplicação de multa de R$3.000,00 imposta à Ré, não devendo ser
realizada qualquer referência ao procedimento judicial. Caso não compareça o Autor com sua
CTPS, será considerada satisfeita a obrigação.
Muito embora tenha a Ré alegado que havia compensação de jornada de trabalho, o Autor
afirmou em depoimento que não assinou qualquer acordo de compensação, e a única
testemunha ouvida em juízo afirmou que “assinou acordo de compensação de horas, não
sabendo informar quanto o Reclamante”.
Assim, considerando-se que a compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por
acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva, na forma da Súmula 85, item
I, do TST, e que a Ré não se desincumbiu em comprovar suficientemente a celebração do
acordo por quaisquer das formas acima referidas, não há como se reconhecer como válida a
sustentada compensação de jornada alegada em defesa.
Além disso, é incontroverso nos autos que o labor do Autor se dava em condições de
insalubridade, pois a Ré sequer contestou tal informação trazida na inicial (artigo 341 do
CPC), e não há nos autos qualquer prova de autorização para a prorrogação da jornada de
trabalho além do limite da duração normal do labor, conforme norma constante do artigo 60
da CLT, mormente posterior ao cancelamento da Súmula 349 do TST.
Contudo, cumpre destacar que o Autor confessou em depoimento que, nas sextas-feiras,
trabalhava até às 16h30min, importando jornada de trabalho diária de 8 horas nestes dias.
Pelo exposto, com base no entendimento consolidado na Súmula 85, item III, do TST, julgo
parcialmente procedente o pedido, para deferir o pagamento do adicional pelas horas extras
laboradas, nos dias de segunda a quinta-feira, ao longo do período imprescrito do contrato de
trabalho.
No que tange ao intervalo alimentar, é incontroverso nos autos que havia autorização
administrativa pelo Ministério do Trabalho e Emprego para que a Ré concedesse intervalo
intrajornada inferior a uma hora.
Porém, de acordo com o constante do artigo 71, §3º, da CLT, a autorização para que o
intervalo seja reduzido possui como requisito a inexistência de labor em horas suplementares,
o que não restou observado no caso vertente, conforme acima tratado, pelo que aplicável a
norma ordinária de intervalo alimentar mínimo de uma hora, conforme artigo 71, caput, da
CLT.
Assim, julgo também procedente o pedido de uma hora extra por dia trabalhado, de
segunda a sexta-feira, pelo intervalo intrajornada concedido irregularmente, na forma da
jurisprudência consolidada na Súmula 437, item I, do TST.
Desta forma, após este período, não há base autônoma coletivamente negociada que
ampare o pedido do Autor, quanto à aplicação do referido percentual adicional de horas
extras.
Desta forma, em nome da segurança jurídica nas relações entre os atores sociais
envolvidos, devem ser moduladosos efeitos da nova redação da Súmula 277 do TST,
alcançando somente as relações e situações ocorridas após a alteração de seu conteúdo.
Assim, considere-se, para apuração das horas acima deferidas, o adicional de 100%,
para as parcelas até 01/05/2011, e de 50% para as posteriores, bem como o disposto na
Súmula 264 do TST, os dias efetivamente trabalhados, o divisor 220 e a evolução salarial do
Autor.
O Autor admite na inicial que jogou o “game” da empresa concorrente em horário integral
durante a jornada de trabalho, valendo-se da justificativa que era viciante, e que o fizera com
discrição, sem alarde, para ninguém ficar sabendo.
Além disso, deixa claro que o fizera de forma sorrateira, escondida, para que ninguém
percebesse. Ora, fosse o caso de ser conduta ligada à sua atividade laboral, não haveria
qualquer razão para esta preocupação.
Desta forma, convenço-me que a conduta descrita pelo próprio Autor na inicial foi
incompatível com o seu contrato de trabalho.
O fato de a Ré, em sua contestação, admitir que a punição no Autor foi exagerada, ao imputar
10 dias de suspensão, entendendo por suficiente a imputação de pena por 05 dias de
trabalho, não altera a punição já imputada, uma vez que não cabe ao Poder Judiciário se
imiscuir no dimensionamento adequado da punição imposta pelo empregador ao seu obreiro,
por se tratar de direito decorrente de seu poder empregatício, nas espécies diretiva e punitiva.
Com efeito, cumpre a este juízo reconhecer se foi lícita a punição imposta ao empregado, de
acordo com os fatos provados nos autos, mantendo-a ou anulando-a.
Pelo que foi acima exposto, convenço-me que a conduta do Autor foi incompatível com
seu trabalho, sendo adequada a punição imposta, pelo que julgo improcedente o pedido.
DO DANO MORAL
Além disso, o direito de propriedade do empregador deve atender à sua função social,
bem como a livre iniciativa na condução do empreendimento deve caminhar em perfeita
harmonia com a valorização do trabalho humano, conforme destacam os artigos 5º, inciso
XXIII, e 173, da CRFB/88.
No primeiro fato aduzido, razão assiste ao Autor, conforme acima tratado no tópico relativo à
resolução contratual por culpa da Ré, tendo em vista que admitida a conduta omissiva
culposa desta em não evitar as ofensas íntimas dos seus empregados desferidas contra o
Autor, emboraciente de sua insatisfação quanto a isso, configurando omissão ilícita da Ré,
com direito nexo de causalidade com os danos sofridos in reipsa pelo Autor.
No direito brasileiro, as indenizações por danos morais não são tarifadas, sendo
fixadas ao prudente arbítrio do juízo. Com efeito, considerando-se a situação econômica das
partes, a gravidade das condutas praticadas, a extensão dos danos, o caráter punitivo e
pedagógico, e como lenitivo da dor íntima sofrida in re ipsa pelo Autor, julgo procedentes os
pedidos de indenizações por danos morais, e fixo no valor de R$10.000,00 pelos danos
decorrentes da omissão da Ré quanto aos apelidos jocosos, e de R$5.000,00 pela anotação
desabonadora na CTPS do Autor.
O Autor sofreu acidente de trânsito em veículo fornecido pela Ré, estando o cinto de
segurança deste com defeito, fato incontroverso nos autos, na forma do artigo 334, inciso III,
do CPC.
Além disso, a Ré não comprovou que o Autor estivesse alcoolizado, apesar da sua confissão
de que não havia parado quando ordenado pela polícia e que estava fora do perímetro
permitido (embora tenha se justificado pelo trânsito)
Desta forma, a conduta ilícita da Reclamada possui nexo de causalidade com o dano
experimentado pelo Autor, importando sua responsabilização pela indenização postulada, na
forma dos artigos 186 e 927, do CC.
Assim, restando comprovado nos autos os gastos com tratamento médico sofridos pelo Autor,
decorrentes dos danos físicos causados pelo acidente de trânsito, justamente por dirigir com
o cinto de segurança defeituoso, com base no artigo 944 do CC, julgo procedente o pedido de
indenização pelos danos materiais, e fixo no valor de R$58.537,00.
OU
DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
Não vislumbro nos autos qualquer conduta que se enquadre em hipótese de litigância
de má-fé. Indefiro.
HONORÁRIOS ADOCATÍCIOS
COMPENSAÇÃO
DISPOSITIVO
Julgo extinto o processo sem resolução do mérito quanto ao pedido contraposto, por
falta de interesse processual, nos termos do artigo 267, inciso VI, do CPC.
- Aviso prévio proporcional (57 dias), férias proporcionais (2/12) com um terço,
décimo terceiro salário proporcional (3/12), indenização compensatória de 40% do
FGTS;
- Indenização relativa ao seguro-desemprego
- Adicional por uma hora extra nos dias de trabalho de segunda a quinta-feira;
JUIZ DO TRABALHO
SENTENÇA INÉDITA
JUSTIÇA DO TRABALHO
Partes:
Além disso, diversos outros direitos foram negados ao reclamante, conforme será
exposto a seguir.
O reclamante foi estranhamente dispensado por justa causa, mas sem qualquer
motivação. São direitos constitucionalmente assegurados ao obreiro o contraditório e
a ampla defesa, de modo que, pela eficácia horizontal dos direitos fundamentais, não
poderia ser dispensado sem prévio procedimento interno de apuração de
responsabilidade, o que não ocorreu.
Além do mais, não cometeu nenhuma falta grave que justificasse o rompimento
contratual. Cumpre salientar que a reclamada sequer indicou qual teria sido a suposta
infração, o que impossibilita até mesmo uma impugnação mais contundente nesta
petição inicial, eis que o obreiro sequer sabe do que foi acusado. A ausência desta
indicação também macula a justa causa aplicada pela ré.
A dispensa por justa causa deve cumprir requisitos legais, como tipicidade,
imediaticidade e proporcionalidade, mas nenhum destes elementos está presente no
caso concreto.
Também pede seja retificada sua CTPS, a fim de constar a projeção do aviso prévio
proporcional de 90 dias.
A empresa tinha por prática o pagamento do salário de férias apenas no primeiro dia de gozo
do descanso, sendo que o acréscimo de 1/3 era pago apenas 7 dias após o início das férias, o
que contraria o art. 145 da CLT.
Assim, é devido o pagamento em dobro das férias usufruídas em todo o contrato de trabalho,
na forma da Súmula 450 do TST. (R$20.000,00)
Em razão da longa jornada a que era submetido, houve comprometimento de sua vida
familiar e escolar, além de ter deixado de frequentar as missas na sua Igreja.
O pagamento intempestivo das férias também impediu que realizasse viagens e aproveitasse
o lazer com a família.
Diante de tais circunstâncias, resta patente o dano existencial, que deve ser reparado pela ré,
no valor de R$10.000,00.
Além disso, os resultados dos testes eram divulgados aos colegas de trabalho, em um mural
da empresa, sendo que um dia divulgaram falsamente queseu resultado tinha dado positivo, o
que lhe causou constrangimento. Pede, também, indenização no valor de R$3.000,00.
Não bastassem todos os ilícitos praticados pela ré, até hoje não devolveu a CTPS do
reclamante, causando evidente prejuízo de ordem moral e material.
Pede, ainda, pela retenção indevida, indenização por danos morais no valor de
R$10.000,00.
Pede devolução em dobro dos descontos indevidos, com reflexos em férias, FGTS e
aviso prévio. (R$2.500,00)
DEFERIMENTO,
https://pje.trt555.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=000000999990909090909
CONTESTAÇÃO
A petição inicial falta com a verdade quanto ao horário de trabalho do reclamante. Ele
sempre laborou de 8h às 17h, com 1h de intervalo, bem como aos sábados de 8h às
12h.
Cumpre salientar que o reclamante era trabalhador externo, pois desenvolvia suas
atividades em rotas de entrega fora da empresa. Assim, é evidente o enquadramento
na exceção contida no art. 62-I da CLT.
Ainda assim, por amor ao debate, quanto ao intervalo intrajornada, cumpre esclarecer
que não seria devido o pagamento da hora integral, mas apenas do período
supostamente reduzido, sem caráter salarial, tudo conforme o art. 71, §4º da CLT, em
redação conferida pela Lei. 13.467/2017.
A petição inicial é inepta, uma vez que desatende ao comando do art. 840, §1º, da
CLT, quanto à liquidação dos pedidos, eis que o reclamante não anexou aos autos a
competente planilha de cálculos para fundamentar os valores dos seus pleitos.
Também é inepta a petição inicial quanto ao pedido referente à multa do art. 467 da
CLT, incluído apenas no rol de pedidos, sem qualquer causa de pedir no corpo da
petição inicial, o que configura inépcia, na forma do art. 330, §1º, I, do CPC.
Além disso, cumpre frisar que a apresentação de protesto judicial pelo sindicato
representativo da categoria do reclamante não teve o condão de interromper a
prescrição, conforme preceitua o art. 11, §3º, da CLT.
Dano existencial não se confunde com dano moral e não pode ser pleiteado da forma
como feita pelo autor. O pagamento das férias, na forma como narrada na exordial,
por si só, não trouxe qualquer prejuízo existencial ao reclamante.
Na mesma linha dos danos existenciais, os pedido de danos morais parece ter sido
escrito por ninguém menos que o renomado autor tcheco Franz Kafka, considerando
a quantidade de absurdos e perplexidades contidas na petição inicial, a começar
pelos valores excessivos pleitados, que ficam desde já impugnados.
Além do mais, tentou várias vezes devolver o documento ao autor, sem êxito, pois ele
se recusava a comparecer à empresa.
O autor age com má-fé ao alegar que não sabe o motivo de sua demissão por justa
causa. Em realidade, ele foi dispensado por apresentação de atestado médico falso, o
que caracteriza ato de improbidade, na forma do art. 482, a, da CLT, tendo sido
corretamente notificado.
No entanto, o próprio reclamante postou foto em sua rede social no instagram, no dia
1º de janeiro, em que aparece comemorando na casa de amigos, em um churrasco e
com um copo de cerveja na mão, o que evidencia completa má-fé.
Além disso, a lei não impõe qualquer procedimento investigativo para aplicação da
justa causa, sendo um direito do empregador, quando constata uma falta grave contra
si praticada, como se deu no presente caso, em que o sócio da reclamada visualizou
Assim, estão presentes todos os requisitos legais para a aplicação da justa causa,
pelo que improcedentes os pedidos de nulidade da dispensa.
Com efeito, eles não exerciam as mesmas funções, pois o reclamante era motorista
de caminhão nível I e o paradigma era motorista de caminhão nível II, dirigiam
caminhões de marcas, modelos, dimensão e peso diferentes.
Além disso, era maior a perfeição técnica do trabalho do paradigma, que, inclusive,
tinha habilitação há mais tempo e CNH do tipo E, enquanto o reclamante era
habilitado apenas no tipo D. O paradigma era muito mais diligente , com entregas
mais rápidas e eficientes que o reclamante.
Também não estão presentes, no caso, os requisitos temporais previstos no art. 461,
§1º, da CLT, o que igualmente conduz à improcedência do pedido.
Por fim, cumpre salientar que o paradigma foi dispensado em 01/06/2018, de modo
que eventual condenação deveria se limitar ao período em que em que ele laborou na
empresa, estando prescrito o maior período em que laboraram simultaneamente.
CONCLUSÃO
https://pje.trt555.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
Nd=000000999990909090909
- Multa aplicada pelo Detran, por excesso de velocidade, no valor de R$500,00, para
o caminhão de placa JPW-89789
PROCESSO: 777777777-99.2021.5.555.0150
Concedida a palavra ao advogado da reclamada, pelo mesmo foi dito que: requer,
desde já, o adiamento desta audiência virtual, com a redesignação de audiência
presencial. O processo do trabalho prima pela oralidade e pelo contato presencial
entre as partes, testemunhas e magistrado. Nesse contexto, a realização de
audiência virtual enseja nítidos prejuízos, sobretudo quanto à oitiva de
testemunhas. Não há qualquer confiabilidade de que as testemunhas estejam de
fato isoladas entre si, sem acompanhar os demais depoimentos, tampouco é
possível demonstrar que o advogado da parte contrária não as esteja orientando
presencialmente. O risco é grande demais e os benefícios são duvidosos. Além do
ESPELHO DE SENTENÇA – 4
SOBRESTAMENTO DO FEITO
PROTESTO – NULIDADE
PRESCRIÇÃO
A mera ausência de procedimento interno para investigação da falta grave não macula
a dispensa aplicada, por ausência de imposição legal, não se tratando da hipótese
prevista na Súmula 77 do TST e nem de empregado portador de estabilidade que exija
inquérito judicial
Quanto à ciência do motivo, o reclamante confessa, em seu depoimento, que foi
cientificado do motivo da dispensa
A dispensa por justa causa fundamentou-se em ato de improbidade,
supostamente pela apresentação de atestado médico falso pelo reclamante
Em se tratando de dispensa por justa causa, é ônus da reclamada comprovar a
ocorrência de falta grave, bem como a presença de todos os requisitos
autorizadores da aplicação da punição máxima ao empregado, uma vez que a
justa causa é fato impeditivo dos direitos invocados pelo reclamante na inicial
A empresa não comprova a falsidade do atestado. O preposto confessa que
sequer foi investigada sua autenticidade e que a empresa baseou-se apenas
na foto do instagram
Mera postagem de foto no instagram 1 dia após o final do atestado não faz
presumir sua falsidade, mesmo porque referente a fatos ocorridos quanto já
expirado o prazo do atestado
Testemunha Morenildes não tem ciência do fato, só ouviu dizer, mas seu
depoimento comprova que a dispensa não foi imediata, pois ele continuou
trabalhando após a suposta falta grave
Conforme a defesa, a postagem se deu em 1/1/2021, mas a dispensa por justa
causa ocorreu apenas em 29/01/2021, sem qualquer justificativa para o
decurso de tanto tempo, o que indica que não houve imediaticidade
Não comprovados os requisitos para aplicação da punição, julgar
procedente o pedido de declaração de nulidade da dispensa por justa
causa, convertendo em dispensa imotivada
Incontroverso que não foram pagas as seguintes verbas rescisórias: férias
simples 2019/2020, férias proporcionais 2020/2021, natalinas proporcionais de
2021, indenização de 40% do FGTS
Observar que, com a dispensa imotivada, o autor teria 90 dias de aviso-prévio
(extinção contratual operada em 29/4/2021, com a projeção do aviso-prévio –
OJ 82 e 83 do TST),o que deve ser levado em consideração para cálculo de
férias proporcionais 2020/2021 (7/12) e natalinas proporcionais de 2021 (4/12)
Cabível a multa do art. 467 em relação às férias integrais, pois não houve
controvérsia e a parcela seria devida mesmo em caso de manutenção da
dispensa por justa causa.
Julgar procedente o pedido de pagamento da , multa do art. 467 da CLT
(50% sobre as férias integrais de 2019/2020)
RETIFICAÇÃO DA CTPS
SEGURO-DESEMPREGO
OU
FGTS
EQUIPARAÇÃO SALARIAL
JORNADA DE TRABALHO
FÉRIAS
O mero fato de laborar em jornada excessiva, por si só, não configura dano
existencial, que demandaria prova concreta (vide decisões nos Informativos
228 e 233 do TST)
Da mesma forma, o pagamento de férias em atraso, por si só, não gera dano
existencial
Julgar improcedente
DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS
GRATUIDADE JUDICIÁRIA
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
DISPOSITIVO
SENTENÇA 5 INÉDITA
JUSTIÇA DO TRABALHO
Partes:
DAS NOTIFICAÇÕES
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
O Reclamante requer o Benefício da Justiça Gratuita, nos termos do art. 14, § 1º, da
Lei nº 5.584/1970, da Lei nº 1.060/1950, do art. 790, § 3º, da CLT e da Lei nº
7.115/1983, tendo em vista que não possui meios econômicos suficientes para pagar
O café da manhã era composto por pão, bolo, café com leite e aipim. Pelo que
requer seja arbitrado valor diário de 5 reais.
Já o almoço era composto de feijão, arroz, carne ou frango, farinha, salada e suco.
Assim, requer seja arbitrado o valor de 10 reais diários a título de almoço.
Além do mais, sequer foi ajuizado o competente inquérito para apuração de falta
grave, instrumento sem o qual não é possível a extinção do contrato de trabalho do
empregado estável.
No mês de abril de 2020, o reclamante foi suspenso por dois dias, sob a alegação de
que não teria cumprido determinação da empresa para uso de máscara, como forme
de prevenção ao COVID.
Além disso, não havia qualquer lei ou norma interna da empresa obrigando o uso de
máscara, tampouco cominando qualquer penalidade.
Em razão disso, sua CTPS ficou “queimada” e terá dificuldades de conseguir novos
empregos, pois vai ficar com fama de empregado faltoso.
Por tal razão, pede indenização por danos morais no valor de R$5.000,00.
A empresa, contudo, não concedeu a licença, alegando que seria de apenas dois
dias.
Em razão disso, pede dano moral de R$10.000,00 por haver laborado 6 dias durante
o período que deveria ser de licença pelo luto de seu pai.
Além disso, pede o pagamento de horas extras com adicional de 100% por haver
laborado em dia de licença, que equivale a feriado.
Pede, por fim, em razão de tal fato, o pagamento de multa normativa pela empresa.
Quando encerrava a sua jornada, era obrigado a esperar os demais colegas no ponto
de ônibus da empresa, por mais 30min.
Assim, requer o pagamento das horas in itinere, bem como dos períodos à disposição
da empresa, no início e no final da jornada, com reflexos em repouso semanal
remunerado, férias, FGTS e natalinas. (R$25.000,00)
Salienta que o horário de intervalo não era marcado nos cartões de ponto e que
usufruía apenas 30min diários de descanso.
O reclamante foi dispensado sem justa causa, mas a empresa não pagou as verbas
rescisórias no prazo legal, tendo efetuado parcelamento em três vezes, causando
enorme prejuízo ao autor.
Pede, ainda, indenização por danos materiais no valor de R$2.455,00, relativa aos
juros de cartão de crédito (9,5% mensais), durante o período de atraso no pagamento
das verbas rescisórias.
DOS PEDIDOS
Assim, requer:
DEFERIMENTO,
https://pje.trt555.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
nd=000000999990909090909
- Print de tela de whatsapp com trecho de conversa com interlocutor de nome Daniel
Silveira, em que se lê as seguintes frases:
CONTESTAÇÃO
REINTEGRAÇÃO
Assim é que, a partir de dezembro de 2020, a empresa passou a operar apenas com
máquinas do tipo Harvester, a qual é composta por uma máquina base automotriz,
uma lança ou braço mecânico/hidráulico e um implemento (cabeçote) em sua
extremidade. Esta máquina pode executar, sequencialmente, as operações de corte
da árvore, derrubada, desgalhamento, descascamento, traçamento e formação de
pilhas de toras.
ALIMENTAÇÃO
ASSÉDIO MORAL
Nunca houve nenhum ato de perseguição contra o reclamante, nem sozinho e nem
perante outros colegas, menos ainda por rede social ou aplicativo de conversa.
Impugna o print de whatsapp juntado pela parte autora, pois não há como comprovar
que a conversa de fato ocorreu com o gerente Daniel Monteiro. Excelência, é sabida a
facilidade de se forjar uma conversa de whatsapp, sendo certo que a Justiça não
pode admitir como prova um print desprovido de qualquer confiabilidade.
SUSPENSÃO DISCIPLINAR
ATESTADOS MÉDICOS
Não há, portanto, qualquer irregularidade nem ilicitude, mas mero cumprimento de
obrigação legal do empregador.
ATRASO DE SALÁRIOS
Não há, portanto, qualquer dano moral, muito menos coletivo, que nem pode ser
cobrado pelo autor, dada sua ilegitimidade.
VERBAS RESCISÓRIAS
Aliás, causa espécie que o autor venha requerer reintegração e indenização pelo
atraso das verbas rescisórias. Os pedidos são incompatíveis, ou bem ele quer voltar
para a empresa (anulando a rescisão) ou então pede as parcelas relativas à rescisão.
A cumulação indevida de tais pedidos não é admitida pela lei.
Pede, assim, seja reconhecida a litigância de má-fé e também oficiada à OAB para
apurar a conduta do advogado do reclamante.
FALECIMENTO DO PAI
O autor alega que não foi concedida licença pelo falecimento do pai, mas isso não é
verdade. O trabalhador usufruiu regularmente da licença legalmente prevista.
JORNADA DE TRABALHO
Em relação às horas in itinere, a Lei 13.467/2017 excluiu o seu pagamento, pelo que
nada é devido ao autor a tal título.
GRATUIDADE JUDICIÁRIA
O autor não faz qualquer prova da sua alegada hipossuficiência econômica, ônus que
lhe incumbia, principalmente diante do seu alto salário.
(…)
(…)
(…)
(…)
PROCESSO: 66666666-88.2021.5.555.0150
INSTRUÇÃO ENCERRADA.
JOÃO JUIZ
JUIZ DO TRABALHO
ESPELHO DE SENTENÇA - 5
PROTESTO
• A parte não tem direito à oitiva de seu próprio depoimento, eis que se trata de
meio de obtenção de confissão judicial (art. 385 CPC)
• Nesse contexto, o depoimento não traz vantagens processuais à parte, de
modo que não há prejuízo e, portanto, inexiste nulidade processual (art. 794
CLT)
• Rejeitar
INÉPCIA
• Alegação de inépcia pela cumulação de pedidos de reintegração e multa do art.
477 da CLT
• Considerando a interpretação do pedido conforme o conjunto da postulação e
princípio da boa-fé (art. 322, §2º, CPC) depreende-se que a cumulação de
pedidos se deu em ordem subsidiária, o que é permitido pelo art. 327, §3º, do
CPC
• Rejeitar
ILEGITIMIDADE ATIVA
• Acolher preliminar de ilegitimidade ativa quanto ao pedido de dano moral
coletivo, pois não é de titularidade do reclamante
• Julgar extinto o feito, sem resolução do mérito, quanto ao pedido de
indenização por dano moral coletivo
REINTEGRAÇÃO
• O reclamante, tendo sido eleito membro da comissão de empresa, ainda era
estável, pois seu mandato acabaria em 30/07/2020, projetando a estabilidade
até 30/07/2021, sendo que a dispensa ocorreu em 07/12/2020
• A estabilidade do membro de comissão de empregados não exige inquérito,
sequer exige falta grave, mas apenas motivação para a dispensa, na forma do
art. 510-D, §3º, da CLT
• O Reclamante confirma que operava Forwarder e confessa a substituição das
máquinas Forwarder por Harvester
• A Testemunha Jaspion afirma que o reclamante nunca tinha operado máquina
Harvester e que as máquinas Harvester e Forwarder apresentam manuseio
bastante diferenciado e que a forma de operação da forwarder é bastante
específica
• O certificado juntado pela empresa indica habilitação apenas para máquina
Forwarder e similares, sendo que a testemunha comprovou que não são
similares
• Reclamante não prova habilitação para Harvester
• Havendo motivação de ordem técnica, a dispensa foi lícita, na forma do art.
510-D, §3º, da CLT, pois a empresa não é obrigada a manter empregado que
não possui formação suficiente para exercer sua função
• A testemunha da ré inclusive comprovou que a empresa pagou cursos para
que seus operários se qualificassem e atendessem à nova necessidade técnica
• Julgar improcedente os pedidos de nulidade da dispensa, reintegração e
pagamento de salários do período
ASSÉDIO MORAL
• Testemunha da ré nega ocorrência de assédio moral e nega a conversa por
whatsapp (diz que a empresa não utilizava whatsapp para se comunicar com
empregados)
• Testemunha da ré informa que sua relação com o Gerente Daniel Monteiro era
boa e que nunca presenciou ele destratar o reclamante, mas não sabe informar
se isso já aconteceu em sua ausência
• Não há como comprovar que a conversa de fato se desenvolveu com Daniel
Monteiro, sendo algo facilmente manipulável. Deste modo, não serve para
provar o assédio moral o mero print juntado aos autos
SUSPENSÃO DISCIPLINAR
• Reclamante confessa que esqueceu a máscara um dia e foi no ônibus da
empresa sem máscara; confessa que a empresa fornecia máscaras
• Testemunha da ré prova que havia orientação da empresa para uso de
máscaras no local do trabalho, desde abril de 2020, no início da pandemia de
Covid-19
• Testemunha da ré prova que a empresa fornecia máscaras a todos os
empregados. Também prova que o autor deixou de usar máscara por três
vezes no ônibus da empresa
• A conduta tem gravidade suficiente para justificar a aplicação de suspensão por
2 dias, penalidade que se reputa válida
• Sendo lícita a conduta do empregador, pois é seu dever zelar pela saúde dos
seus empregados, não há dano moral a ser indenizado
• Julgar improcedente
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ
• A parte ré alega litigância de má-fé pelo pedido de multa do art. 477 e
indenizações decorrentes da rescisão
• Não há deslealdade processual pela mera formulação de pedidos na petição
inicial, ainda que venham a ser julgados improcedentes
• Não restou demonstrada a ocorrência de nenhuma situação elencada no CPC
como conduta de litigância de má-fé
• Indeferir
OFÍCIO À OAB
GRATUIDADE JUDICIÁRIA
• Deferir gratuidade judiciária
• Notar que a parte autora alega, e não foi objeto de impugnação, que se
encontra desempregada, pelo que se evidencia a hipossuficiência econômica
(art. 99, §3º do CPC)
Para fins do artigo 832, § 3º CLT, têm natureza salarial as horas extras
DISPOSITIVO
SENTENÇA 6 INÉDITA
JUSTIÇA DO TRABALHO
Partes:
O reclamante teve sua imagem e honra violadas pela reclamada. No dia 25 de maio
do ano em curso, o Diretor e tambem sócio da empresa, Sr. Robenildo da Cruz,
postou uma mensagem no grupo de WhatsApp denominado “Diretoria e Gerentes” em
que informou que o reclamante estava sendo dispensado em razão de haver
fraudado os cartões de ponto de seus subordinados, de modo a abonar faltas sem
autorização da Diretoria.
A reclamada tinha por hábito realizar progressões funcionais nos gerentes, a cada ano de
serviço completo na função. Tais progressões eram efetuadas após avaliação de merecimento,
implicando aumento de 2,5% no salário, por ano de função, parcela paga a título de “adicional
de merecimento”.
O autor, porém, embora tenha sido alçado à função de gerente em março de 2018, tendo sido
também sempre submetido e aprovado nas avaliações de desempenho, nunca foi agraciado
com o pagamento do referido adicional. Os diretores diziam que a parcela seria
implementada, inclusive com quitação dos valores retroativos, mas isso nunca foi feito.
Pede o pagamento do desconto de dois dias no salário de fevereiro de 2017, com reflexos.
(R$300,00)
O reclamante sempre prestou muitas horas extras, mas estas nunca foram pagas pela
empresa reclamada. No início do contrato, chegava para trabalhar por volta de
7h30min, com intervalo às 11h45, retornando 12h30 e permanecendo na empresa até
aproximadamente 17h50, de segunda a sábado.
Quando foi promovido a gerente, sua jornada aumentou bastante, tendo que chegar
para trabalhar às 7h e só deixava o emprego por volta de 19h20. Além disso, passou
a não ter mais intervalo de almoço, passando a fazer suas refeiçoes no próprio local
de trabalho.
Embora a reclamada não tenha emitido CAT, trata-se de doença ocupacional, pelo
que faz jus o autor à estabilidade desde o retorno à empresa, em 10 de dezembro de
2020, pelo prazo de 12 meses. Nesse contexto, não poderia ser dispensado, sendo
devida sua reintegração ao emprego, com pagamento dos salários de todo o período
de afastamento.
Também é devida indenização por danos morais, pois ficou vários dias internado,
longe da sua família, tendo sido inclusive intubado.
Faz jus, ainda, a indenização por danos materiais, pois teve perda de capacidade
laborativa em razão do coronavírus. É sabido que um dos efeitos colaterais dessa
doença é a perda de memória, o que foi diagnosticado no caso do reclamante, em
grave prejuizo às suas ocupações profissionais, sendo patente a redução da
capacidade de trabalho.
DEFERIMENTO,
https://pje.trt555.jus.br/primeirograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?
Nd=000000999990909090909
CONTESTAÇÃO
Por fim, informa que o intervalo intrajornada sempre foi usufruído corretamente pelo
empregado.
Pela improcedência.
Também não era hábito da reclamada conceder qualquer aumento salarial, até
porque não está obrigada por lei a fazê-lo, e nunca isso foi prometido ao reclamante.
O reclamante pede o pagamento de diversas verbas rescisórias, mas não faz jus a
nenhuma delas. É que sua dispensa se deu por justa causa, em razão de haver
cometido falta grave.
O reclamante alega violação à sua honra e sua imagem por ato praticado pelo Diretor
Robenildo, mas tal fato nunca aconteceu. Embora de fato exista um grupo de
whatsapp destinado aos gerentes e diretores da empresa, ali nunca foi informado
sobre qualquer conduta apurada, tampouco sobre dispensa ou aplicação de
penalidades.
Não fosse isso, é de ver-se que a parte autora não traz qualquer prova relativa
aodano moral alegado. Nada prova sobre suposta ruína na carreira, obstáculo a
outros empregos e menos ainda sobre a depressão e utilização de medicação
controlada.
Inicialmente, cumpre salientar que a doença contraída pelo reclamante não tem
qualquer natureza ocupacional, caracterizando-se, ao revés, como doença
epidemiológica, ou melhor, pandêmica, tendo vitimado milhões de pessoas no mundo
tudo, fato público e notório.
A loja também passou a receber menos clientes, respeitando uma distância minima
média de 2m entre os clientes, mesma distância observada entre os empregados. As
medidas foram tão eficientes que a empresa não teve nenhum caso de coronavírus
entre clientes e colaboradores, com exceção do reclamante.
Como se vê, não houve qualquer conduta da empresa que favorecesse o contágio do
reclamante, muito pelo contrário, de modo que não se cogita de culpa empresarial.
Além do mais, também não incide a responsabilidade objetiva, pois o reclamante não
estava submetido a risco maior que a média da população quando frequenta um
supermercado, banco, transporte público etc.
Impugna o atestado médico juntado com a inicial, pois tal documento não foi entregue
à empresa, caso contrário, conteria algum carimbo de recebimento e certamente não
estaria na posse do autor.
Não basta possuir o atestado médico, é imperioso que ele seja apresentado ao
empregador, a fim de demonstrar a razão da ausência, pois, ao contrário do que
afirmado, não houve qualquer acordo entre o reclamante e o diretor da empresa, que
nada foi informado e se surpreendeu com a ausência do obreiro em um dia normal de
trabalho.
Por qualquer ângulo que se analise a questão, evidentemente não há qualquer valor a
ser ressarcido ao autor.
Além disso, o autor foi avisado com a devida antecedência, sendo cumpridos os
requisitos legais. Em verdade, não houve cancelamento, mas mero adiamento das
férias, que foram regularmente usufruídas em outubro do mesmo ano.
Não é verdade que o autor deixou de viajar por conta da suspensão das férias, mas
sim porque a companhia aérea cancelou os vôos, diante do período inicial da
pandemia. O adiamento foi até favorável ao reclamante, pois ele não poderia mesmo
viajar naquele período, mas conseguiu viajar com sua família em outubro, inexistindo
qualquer prejuízo ao convívio familiar e lazer, o que indica ausência de dano
existencial.
CONCLUSÃO
“As partes acordam que qualquer litígio referente a indenizaçoes por danos
morais, materiais ou existenciais, bem assim quaisquer parcelas que não apresentem
natureza estritamente trabalhista serão submetidas à apreciação exclusivamente pela
Câmara Trabalhista de Boa Arbitragem da Bahia (CTBABA).”
ATA DE AUDIÊNCIA
PROCESSO: 555555-999.2021.5.555.0150
Depoimento pessoal da parte autora: que possui diploma de nível superior; que
nunca adulterou o sistema de controle de ponto dos colegas; que era
responsabilidade sua gerir a frequência dos seus subordinados; que poderia
abonar faltas, mas sempre mediante autorização de algum diretor; que já abonou
faltas em diversos casos e isso não configura adulteração do cartão de ponto; que
poderia abonar a falta previamente ou depois de consumada; que no último caso
acessaria o sistema, excluindo a ausência; que no sistema fica registrado o
histórico de ações, inclusive tal exclusão; que não leu no grupo de whatsapp nada
sobre sua dispensa; que foi informado que o diretor Robenildo havia feito uma
postagem sobre o motivo da sua dispensa por justa causa; que isso foi dito pelos
outros gerentes; que na época viu apenas algumas mensagens apagadas do Sr.
Robenildo e depois foi retirado do grupo; que quando foi contratado não ficou
acertada nenhuma progressão salarial; que acredita que não há norma escrita da
empresa prevendo progressões salariais; que quando se tornou gerente o Diretor
Robenildo disse que o depoente teria progressões salariais anuais de 2,5%, caso
fosse aprovado em avaliação de desempenho; que foi submetido a tais avaliações
pelo Sr. Robenildo; que os demais colegas gerentes também participavam da
avaliação, que era não apenas vertical, mas também horizontal; que contraiu
COVID-19 na empresa; que ficou internado e quase foi intubado; que sua sogra e
sua esposa tiveram COVID-19 dias antes do depoente, mas nesse período ele
ficou hospedado na casa dos seus pais e não teve contato com elas; que na
empresa houve outros casos de COVID; que agora não se recorda exatamente
quem teve COVID, mas lembra que foram alguns colegas; que a empresa dizia que
fornecia alcool em gel, mas o dispenser estava sempre vazio; que trabalhava em
uma sala sozinho, mas sempre tinha que descer para a loja; que na loja havia
muitos clientes; que ia trabalhar de ônibus, muitas vezes lotados; que na porta do
supermercado nem sempre mediam a temperatura dos clientes; que a empresa
cancelou suas férias; que foi avisado com 10 dias de antecedência; que já tinha
planejado viagem com a família nas férias; que teve cancelamento do voo por
conta do COVID, mas foi depois do cancelamento das férias; que depois tirou
férias em outubro e conseguiu viajar; que trabalhava de 8h às 18h, com 30min de
intervalo; que quando passou a ser gerente sua jornada não mudou; que aos
sábados trabalhava de 8h às 12h; que como gerente possui subordinados; que não
é chefe dos demais gerentes; que é subordinado aos diretores da empresa; que
Depoimento pessoal da parte ré: que o reclamante não poderia abonar faltas,
mas apenas os diretores; que foi apurado que o reclamante estava excluindo faltas
de alguns empregados que eram seus amigos, em prejuízo à empresa; que em
razão disso o reclamante foi dispensado por justa causa; que ele foi notificado da
dispensa, mas não quis assinar o documento, mas duas testemunhas assinaram;
que existe um grupo de whatsapp reunindo os diretores e gerentes da empresa;
que o Sr. Robenildo compõe esse grupo; que o Sr. Robenildo nunca postou nada
sobre a dispensa do reclamante; que eventuais faltas cometidas pelos
empregados eram sempre tratadas em particular e de forma presencial, nunca por
telefone; que o reclamante era submetido anualmente a avaliações de
desempenho e sempre obtinha bons resultados, sempre era aprovado; que as
avaliações não tinham objetivo de progressão funcional, mas apenas controle de
metas mesmo; que nenhum empregado recebia progressão funcional e isso nunca
foi acordado nem prometido ao reclamante; que o reclamante trabalhava sozinho
em uma sala aberta e ventilada; que poderia acontecer de descer para a loja, mas
não era habitual, pois seu trabalho era mais burocrático e administrativo; que a
empresa fornecia faceshield, máscara, alcool em gel e touca; que não faltava
álcool em gel; que às vezes acabava o álcool do dispenser, mas logo era reposto;
que nas férias do reclamante ele é substituído por um dos outros gerentes; que a
substituição de um gerente por outro não causa prejuizo ao serviço, nem mesmo
na pandemia; que a empresa possui 30 empregados; que os diretores da empresa
trabalham diariamente no escritório da loja; que são 3 diretores (administrativo,
comercial e logístico); que o reclamante era o principal gerente, sendo o primeiro
na linha de comando e os outros apenas o substituíam; que o reclamante tinha
amplos poderes para admitir, dispensar, assinar contratos em nome da empresa;
que o reclamante era subordinado apenas ao diretor geral; que não havia cartão de
ponto para nenhum gerente, pois eram funções de confiança; que às vezes podia
acontecer de o reclamante tirar menos de 1h de intervalo, mas isso era organizado
por ele próprio, pois tinha autonomia e flexibilidade no horário. Nada mais foi dito
nem lhe foi perguntado.
OU
- Mas, no caso, inviável a cláusula compromissória, eis que o obreiro não preenchia o
requisito salarial previsto no art. 507-A da CLT, sendo irrelevante, contudo, a
circunstância de ele possuir diploma superior
- Também irrelevante que a cláusula trate apenas de parcelas que não ostentem
natureza tipicamente trabalhista, pois a lei não faz distinção e os requisitos ali
estabelecidos são aplicáveis em qualquer caso
Rejeitar a preliminar
- Não há inépcia pela ausência de juntada de planilha de cálculos, pois a lei não
impõe tal requisito à petição inicial, sendo certo que o reclamante indicou os valores
dos pedidos formulados
- Tal omissão diz respeito ao mérito da causa e lá será analisada, mas não impediu o
regular exercício do direito de defesa pela empresa, que não apenas se defendeu,
como informou o motivo da dispensa e quais verbas considera devidas
ILEGITIMIDADE PASSIVA
- Empresa alega falta de prova da doença (exame positivo), nega caráter ocupacional,
nega culpa (responsabilidade subjetiva) e risco (responsabilidade objetiva), assevera
que adotou várias medidas de proteção, que não há prova quanto à origem do vírus
que contaminou o reclamante, além de negar qualquer caso da doença na empresa e
informa que a sogra e a esposa do reclamante estavam doentes e poderiam ser as
responsáveis pela contaminação
- Em relação aos danos materiais, notar que não há prova alguma da sequela alegada
VERBAS RESCISORIAS
- A reclamada impugna o pedido, alegando que o autor foi dispensado por justa
causa, por ato de improbidade, em razão de haver adulterado o sistema de ponto dos
empregados a ele subordinados
- Notar que, ainda se acolhida a tese da justa causa, haveria verbas devidas e não
pagas (saldo de salário e férias simples e em dobro)
- Calcular e indicar as verbas devidas, pois a inicial pede mais que o devido: aviso
prévio (48 dias – extinção contratual em 12/07/2021), natalinas proporcionais (6/12),
férias proporcionais (10/12), férias simples período aquisitivo 2019/2020 (período
concessivo ainda não expirado) e férias em dobro dos períodos aquisitivos de
2017/2018 e 2018/2019 (períodos concessivos já expirados), todas com acréscimo de
1/3, saldo de salário de 25 dias, multa de 40% do FGTS e seguro-desemprego
- Reclamante alega que a empresa concedia progressão funcional aos gerentes, com
implemento de 2,5% ao ano, a título de adicional de merecimento. Aduz que nunca
recebeu tal parcela, apesar de devidamente avaliado e aprovado. Pede o pagamento
de diferenças salariais a partir de março de 2018, com reflexos
- A reclamada informa que não havia qualquer norma prevendo essas progressões e
que não havia avaliação de desempenho com esse objetivo e que tal parcela, acaso
fosse paga, não teria caráter salarial
- A prova oral comprova a existência de progressão salarial para gerentes, bem como
DEVOLUÇÃO DE DESCONTOS
- Reclamante alega que a ausência se deu por cirurgia do filho de 5 anos, apenas 1
dia, tendo combinado com a reclamada
- A reclamada nega qualquer acordo e informa que não foi avisada da ausência e nem
recebeu atesto médico, por isso descontou 1 dia de salário e mais 1 dia do repouso
- O atestado médico comprova que o reclamante se ausentou para acompanhar o
filho. Havendo tal justificativa documentada, existe uma presunção de que esse
documento foi apresentado à empresa, o que não foi infirmado por nenhuma outra
prova
- Reconhecer que a falta foi justificada e, portanto, o desconto foi indevido
- A empresa pode ser responsabilizada por descontos indevidos, ainda que a verba
tenha sido direcionada ao sindicato, pois foi sua a conduta ilícita de descontar. Se for
o caso, pode acionar o sindicato em ação regressiva
- O dano moral, no caso, opera-se in re ipsa, ínsito ao próprio ato ilícito praticado,
independente de qualquer comprovação. É bem verdade que algumas consequências
danosas não foram comprovadas, mas elas serviriam apenas para demonstrar o
agravamento do dano e interferir na quantificação da indenização
- Reclamante alega que empresa cancelou férias programadas para abril de 2020,
tendo perdido viagem já programada, com passagens e reservas internacionais. Pede
indenização por dano existencial, por deixar de usufruir as férias programadas com a
- Empresa alega que não cancelou, mas apenas adiou as férias do reclamante,
amparada em MP que previa tal possibilidade em atividades essenciais, tendo
comunicado ao reclamante em tempo hábil. Além disso, não teria havido prejuízo,
pois o autor já não poderia viajar em abril, por conta das restrições referentes à
pandemia, mas teve férias em outubro e conseguiu viajar com a família, inexistindo,
pois, qualquer dano existencial
- A prova oral indica que a atividade do autor não era essencial, de modo que não
seria possível o adiamento das férias
- Apesar disso, notar que foram observadas as formalidades e notificação, bem como
a prova oral de que os voos dele já haviam mesmo sido cancelados por conta da
pandemia e que conseguiu viajar em outubro, sem prejuízo ou dano existencial
Julgar improcedente.
HORAS EXTRAS
Período de gerente: Empresa não prova função de confiança, não era autoridade
máxima na empresa nem no estabelecimento; era subordinado a 3 diretores
Empresa tinha mais de 10/20 empregados – aplicar súmula 338 (testemunhas não
sabem jornada)
GRATUIDADE JUDICIÁRIA
HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS
- Houve sucumbência recíproca
- Aplicar Lei 13.467/2017 (art. 791-A da CLT, §3o)
- Deferir honorários recíprocos (indicar percentual e critérios de fixação - §2o do art.
791-A da CLT)
- Em relação ao autor, fica suspensa a exigibilidade por conta da gratuidade judiciária
(§4o do art. 791-A da CLT)
DISPOSITIVO