Resumos Português (Exame)
Resumos Português (Exame)
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Poesia Trovadoresca:
● Cantigas de amigo
● Cantigas de amor
● Cantigas de escárnio e maldizer
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Exame Nacional de Português 2022
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Exame Nacional de Português 2022
Fernão Lopes:
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A voz do povo, o sentir dos homens e das mulheres, dos mesteirais, dos
homens-bons é, muitas vezes, transmitida através de uma voz anónima da multidão. Outras
vezes é a própria cidade que parece revelar essa consciência do todo, assumindo quase o
estatuto de uma personagem coletiva. A afirmação da consciência coletiva é, sem dúvida
alguma, uma inovação, e, simultaneamente, uma prova de originalidade e da modernidade
de Fernão Lopes. De facto, ele é um cronista, um historiador mais preocupado com os
elementos de fundo (movimento), com uma visão em conjunto (em que entram elementos
económicos, políticos e sociais), com as massas do que propriamente com as figuras isoladas
da elite.
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Exame Nacional de Português 2022
Capítulo 115:
● Ao saberem da vinda do rei de Castela, o Mestre e os habitantes começam a recolher
mantimentos e muitos vão buscar gado morto para alimentação;
● As populações movimentam-se: muitos lavradores deslocam-se para ao pé das
mulheres e dos filhos com tudo o que têm para dentro da cidade; outros vão para
Setúbal e Palmela; outros ficam em Lisboa e há quem permaneça em terras que
apoiam os de Castela;
● Começa-se a preparar a defesa da cidade; primeiro pensa-se na defesa a nível das
muralhas e das torres, tarefa que o mestre dá aos fidalgos e aos cidadãos honrados,
que contam com a ajuda de homens de armas. O mestre mostra preocupação em
defender a cidade. As gentes estão em alerta e são cuidadosas;
● Depois analisa-se a defesa das portas da cidade: quem vigia as várias portas e que
cuidados devem ter;
● Depois, na ribeira foram construídas estacas para impedir e dificultar a passagem dos
castelhanos;
● Ainda sobre a defesa, há a construção de um muro à volta das muralhas da cidade
que, com a ajuda das mulheres sem medo, apanham pedras pelas herdades e
cantam cantigas a louvar Lisboa;
● O narrador salienta a coragem e a determinação dos portugueses que defendem a
cidade, ao mesmo tempo constroem uma muralha, comparando-o com os filhos de
Israel;
● Todos pensavam em sintonia num bem maior, o que leva o cronista a concluir o
capítulo num tom elogioso. No final, Fernão Lopes, menciona a superioridade do Rei
de Castela apenas para elogiar o povo português que defendeu a cidade de Lisboa
perante um adversário feroz;
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Neste capítulo há um registo coloquial- apelos ao leitor; uso da 2ª pessoa do plural (vós);
linguagem popular e cheia de insinuações.
Capítulo 148:
● A cidade está cercada e os mantimentos começaram a falhar, devido à quantidade de
gente dentro das muralhas, o que leva à procura de comida para o cerco- correm
perigo;
● As esmolas escasseiam e não há como socorrer os pobres. Começa-se a estabelecer
quem deve ser colocado fora da cerca; as pessoas miseráveis, os que não combatem,
as prostitutas, os judeus…
● Na cidade, há carência de todos os alimentos (milho, vinho, trigo). Os preços dos
produtos é elevado e, por isso, os hábitos alimentares alteram-se, levando pessoas a
beberem água até à morte ou mesmo a procurarem grãos de trigo na terra. A carne e
os ovos são alimentos caros e escassos;
● As crianças não têm o que comer e pedem pela cidade, as mães já não têm leite para
os filhos e vêem-nos morrer. O ambiente na cidade é de tristeza, de pesar, de morte.
As pessoas rezam. Circula um rumor de que o Mestre vai expulsar todos os que não
têm comida, mas esse rumor é depois desmentido;
● O capítulo termina com um forte apelo ao leitor, representante da geração que
depois vem, que não teve de enfrentar os episódios/sofrimento.
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Mote: Abrir "mais vale asno que me leve que cavalo que me derrube"
"asno"- Pêro Marques, marido estúpido ingénuo;
"que me leve"- que leve Inês a cavalo, ou seja, que lhe faça todas as vontades;
"cavalo"- escudeiro, marido "avisado" e "discreto";
"que me derrube"- que lhe faça a "vida negra", lhe tire a liberdade e a ameaçe e maltrate.
Resumo:
Inês Pereira, moça simples e caseira mas com grande ambição procura marido que
seja astuto e sedutor. A mãe de Inês, preocupada com a sua filha, sua educação e
casamento, incita-a a casar com Pêro Marques, pretendente arranjado pela alcoviteira
Lianor Vaz, no entanto o lavrador não agrada Inês Pereira, por ser ignorante e inculto. Pêro
Marques, nunca viu sequer uma cadeira, e isso não deixa de provocar o riso, assim
funcionando como mecanismo subliminar do autoelogio da Corte.
Inês Pereira recusa-o, pois pretende alguém que demonstre alguma cortesia, alguém
que, à boa maneira da Corte, saiba combater, fazer versos, cantar e dançar, alguém como
Brás da Mata, o segundo pretendente, que lhe é trazido pelos Judeus Casamenteiros, um
pouco menos sinceros e bem-intencionados do que Lianor Vaz. Mas Brás da Mata
representa apenas o triunfo das aparências, um simulacro de elegância, boa educação e
bem-estar social, que acredita no casamento como solução para as suas dificuldades
financeiras.
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Este casamento depressa se revela desastroso para Inês, que por tanto procurar um
marido astuto acaba por casar com um, que antes de sair em missão para África, dá ordens
ao seu moço que fique a vigiar Inês e que a tranque em casa de cada vez que sair à rua. Este
era um escudeiro falido que casou com Inês de forma a poder aproveitar-se do seu dote.
Três meses após a sua partida, Inês recebe a prazerosa notícia de que o seu marido
foi morto por um mouro. Não tarda em querer casar de novo, e é nesse mesmo dia que
Lianor Vaz traz-lhe a notícia que Pêro Marques continua disponível, de resto como este tinha
prometido a Inês aquando do primeiro encontro destes. Inês casa com ele logo ali, e já no
fim da história aparece um Ermitão que se torna amante da protagonista.
O ditado “mais quero asno que me carregue que cavalo que me derrube”, não podia
ser melhor representado do que na última cena da obra quando o marido a carrega em
ombros até ao amante, e ainda canta com ela “assim são as coisas”.
Trata-se, portanto, de uma sátira aos costumes da vida doméstica, jogando com o tema
medieval da mulher como personificação da ignorância e da malícia.
Personagens:
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Tempo
É um tempo dilatado, tendo o espectador dificuldade de se aperceber da sua passagem.
Cómico
Cómico de Caráter
Concretiza-se nas figuras de Pêro Marques-ingenuidade (provinciano e bronco nitidamente
deslocado junto de Inês e da Mãe) e do Escudeiro pobre e cobarde (falsidade) mas
dissimulado na elegância do seu discurso, na variedade das suas prendas (canta e toca) e na
fanfarronice solene todas as suas fraquezas e misérias.
Cómico de Situação
Quando Pêro Marques se senta na cadeira ao contrário e de costas para Inês e para a Mãe;
na fala dos Judeus casamenteiros, que, na sua sofreguidão e calculismo para conseguirem
casar Inês com o Escudeiro, se interrompem, repetem e atropelam constantemente; no
episódio final quando Pêro Marques. descalço. transporta Inês às costas. mais duas lousas
que lhe agradam e para cúmulo, aceita cantar uma cantiga que o apelida de "marido cuco".
Cómico de Linguagem
Quando Pêro Marques entra com a sua linguagem recheada de termos e expressões
provincianas; quando os Judeus produzem o seu discurso repetitivo e arrastado; quando
Inês se refere a Pêro Marques dizendo "Ei-lo se vem penteando/será com algum ancinho?";
na ironia do Moço desmascarando a pelintrice do Escudeiro. Nos trocadilhos (quando Pêro
Marques diz que seu é o "mor gado" e a Mãe pensa que ele é morgado; quando Inês
pergunta a Pêro se pode sair e ele pensa que ela se refere a "evacuar").
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Lírica Camoniana
Estrutura:
Medida velha (redondilha menor e maior) → Medida nova (versos decassílabos)
↓
- Vilancete- mote de 2 ou 3 versos e - Soneto: duas quadras e dois tercetos com
voltas de 7 versos decassilábicos
- Cantiga- mote de 4 ou 5 versos e ↓
grosas de 8,9 ou 10. Esquema rimático: abba/abba (quadras)
- Esparsa- única estrofe (8 ou 16 versos) ou cde/dce ou cdc/dcd (tercetos).
- Endecha- número variável de estrofes Normalmente o segundo terceto é a
(quadras/ oitavas), com versos de 5 “chave de ouro”- significado do soneto
ou 6 sílabas
Temas predominantes:
● A representação da amada;
● A experiência amorosa e a reflexão sobre o amor;
● A representação da natureza;
● A reflexão sobre a vida pessoal;
● O desconcerto do mundo;
● A mudança.
Nota: deve-se ter em atenção que na medida velha e na medida nova também há temas
predominantes em cada um deles.
Assim:
● Medida velha:
- Temas tradicionais e populares;
- Sociedade rural- ambiente pastoral;
- Natureza;
- Amor simples e desengano;
- Saudade e sofrimento;
- Exaltação da beleza das mulheres de condição senil;
- Dor e mágoa;
- Temas autobiográficos e filosóficos.
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● Medida nova:
- Ideal da mulher;
- Desejo;
- Efeitos do amor;
- Ausência e saudade;
- Mulher divinizada e inacessível, beleza suprema;
- Mudança e efemeridade da vida;
- Desconcerto do mundo.
A representação da amada:
Está marcada pela confluência de duas linhas:
➔ Influência da linha trovadoresca: relações da sociedade feudal alicerçada na
hierarquia senhor/vassalo, ou no quotidiano da donzela no povo
➔ Influência da Itália Renascentista: Surge a influência do ideal da mulher
renascentista.
Poesia de Petrarca e beleza de Laura→ pele branca, cabelos loiros e idealização das suas
qualidades morais que a coloca num plano inacessível- Visão celestial da mulher
↓
No entanto, na na lírica camoniana também há a presença da mulher com os
contornos bem definidos. Enquanto a mulher petrarquista permite ao amado elevar-se a
um sentimento amoroso de dimensão puramente celestial, a figura feminina corporizada
permite ao sujeito libertar-se das convenções sociais que o prendem e identificar-se com a
harmonia da natureza.
Na lírica camoniana, existem dois ideais femininos que se cruzam e conduzem o
sujeito a sentimentos contraditórios e o levam à reflexão.
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A representação da Natureza:
Surge associada ao amor e à representação da amada. Assim, os poemas
apresentam-nos uma Natureza ligada à expressão sentimental do “eu” e marcada pelos
cenários idílicos. Camões retoma uma representação da Natureza na linha da poesia
bucólica de Virgílio e descreve frequentemente uma Natureza diurna, natural e edênica →
“locus amoenus”, podendo representar diferentes papéis:
1. cenário propício ao amor e à sublimação da amada;
2. confidente do sujeito poético;
3. objeto de contemplação, pretexto para reflexão e contraponto ao estado de espírito
do sujeito poético;
4. cenário natural associado à passagem do tempo e ao movimento cíclico das estações
do ano.
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O tema do desconcerto:
É perspetivado em duas vertentes: a desordem entre o homem e o mundo e a
desarmonia no interior do próprio homem.
O desconcerto é, assim, de caráter social, moral e existencial, pois o sujeitodá-se
conta, na sua análise, que os verdadeiros valores estão completamente invertidos e que o
mundo anda “às avessas”.
Os sinais desta desordem são diversos, desde as injustiças sociais, à valorização da
mediocridade, à inevitabilidade da passagem ao tempo, ao absurdo da morte e a ação do
destino implacável. Assim, o sujeito apresenta-se, não raras vezes, como vítima deste
desconcerto: é infeliz no amor, enfrenta inúmeras dificuldades, vive na miséria, não é
reconhecido no seu trabalho e dedicação à Pátria.
Paralelamente, o sujeito vive vários conflitos interiores, sente-se responsável pelos
seus erros, condenado pela fortuna e perseguido pelo fado adverso.
O tema da mudança:
Está associado ao desconcerto do mundo e à questão do Destino. O desconcerto e a
mudança estão associados ao desencanto e à frustração e são determinantes do tom crítico
de algumas composições poéticas.
Este tema é desenvolvido pelo sujeito segundo duas perspetivas aparentemente
antagónicas. Assim, enquanto na Natureza, a mudança tem um pendor cíclico, a mudança no
Homem anula a esperança- enquanto que as mudanças naturais são previsíveis e os
períodos de decadência são substituídos por períodos de renascimento, na vida humana
domina a instabilidade, a fragilidade e quase sempre a imprevisibilidade. O sujeito poético
faz uma auto análise, constata que nunca se muda para melhor e o declínio e a adversidade
marcam o percurso do “eu”.
Face a esta situação, o sujeito poético assume uma posição de desencanto e
frustração pela impossibilidade de inversão do percurso natural da vida.
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Estrutura Externa:
Os Lusíadas, escrito em versos decassilábicos, apresenta dez cantos, as estrofes
organizam-se geometricamente em oitavas, com esquema rimático abababcc; o poema tem
1102 estrofes.
Estrutura Interna:
Partes Constituintes de Os Lusíadas
O poema está organizado em quatro partes: Proposição (1, 1-3); Invocação (I, 4-5);
Dedicatória (I, 6-18 e X,145-156); Narração (I-X).
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Canto V, 92-100: reflexão sobre a falta de cultura do povo português e a falta de apoio à
atividade artística. O poeta reconhece que, até ao seu tempo, os heróis portugueses eram,
na sua maioria, rudes, ásperos e austeros. Consequentemente, advoga que é necessário
libertar o país da ignorância. Um povo inculto Não será capaz de potenciar heróis plenos.
Canto VIII, 96-99: O poeta reflete sobre o poder do ouro e procede à enumeração de atos de
corrupção que percorrem todos os estratos sociais, de forma particular as elites. Este
comentário apresenta uma estrutura argumentativa, pois defende-se uma tese inicial na
Estância 96, referindo que o dinheiro afeta negativamente as pessoas; Em seguida,
apresenta, exemplificando, a tese de que o ouro corrompe o ser humano; e, por fim, nas
duas estâncias finais, comprova através de argumentos o que o vil metal consegue fazer às
pessoas.
Cantos VII Vit, 78-87, e X, 145-156: lamentos sobre a condição de homem e de artista. Da
sua vida, lamenta o infortúnio; de ser poeta, a incompreensão e sensibilidade artística por
parte de quem tem responsabilidades na condução do país, ignorando os seus elementos
mais ilustres e letrados. Esta queixa é recorrente em outros momentos da obra de forma
implícita ou explícita. Deste modo, desiludido por cantar para gente surda e endurecida,
adverte sarcasticamente que a pátria do seu tempo, a mesma que projetara heróis que
deram novos mundos ao mundo, está mergulhada numa austera, apagada e vil
tristeza.
Tendo em conta o relevo destes «discursos» e o seu elevado número, se considerarmos que
é através deles que o poeta veicula a sua principal mensagem cívica e pedagógica, que é
ainda por meio deles que passa a finalidade épica- louvar e imortalizar os heróis, corrigindo,
por vezes, a justiça mundana; se ligarmos todos estes fios, convencemo-nos de que as linhas
mestras deste poema se situam mais no plano do discurso e menos no plano da narração.
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Com efeito, a mitificação do herói, nesta obra épica, resulta da interação do plano da
intriga dos deuses, da mitologia, com o plano da viagem dos portugueses à Índia. Depois de
superarem todas as dificuldades de ordem natural e humana (Tromba marítima, Adamastor,
Tempestade, oposição de deuses) e terem chegado à Índia, são conduzidos à Ilha dos
Amores onde se unem às ninfas, adquirindo um estatuto divino.
Assim, os navegadores portugueses tornam-se iguais aos deuses, pois venceram
todas as dificuldades e obstáculos, aparentemente transcendentes e inultrapassáveis que
impediam o seu conhecimento do mundo e da natureza. Através da mitologia, que culmina
com a já referida união dos navegadores portugueses com as ninfas e a sua consequente
«divinização» e mitificação desses mesmos heróis, Camões exprime um dos ideais mais
profundos do Renascimento: a confiança na capacidade humana para se opor e suplantar a
tradição (os deuses da Antiguidade), para afastar o obscurantismo e para dominar o mundo
e a natureza.
Por outro lado, a epopeia apresenta não o retrato de um herói concreto, mas sim um
modelo de heroísmo, um ideal humano que se exprime pela heroicidade. O poeta sustenta
que qualquer homem pode ser herói e o heroísmo, em teoria, é acessível a todos, porém,
nem todos chegam a atingi-lo e estes, pela situação superior a que ascendem e pela sua
elevação espiritual, isolam-se da maioria. O heroísmo resulta, deste modo, de um esforço
individual,
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