Ilda Psicossomatica

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Universidade Pedagógica de Maputo

Faculdade de Cincias da educação e psicologia

Cadeira de psicossomatica

Resolução de exercícios

Discente: Ilda jose chirindza

1. A psicanalise contribui de forma notável com a psicossomática, considerando que, tanto


a escola psicossomática de Chicago, assim como o Instituto de Psicossomatica de Paris,
valeram-se das ideias de Freud, como o conceito da transferência, corpo erógeno,
Inconsciente, objeto, entre outros.
2. O autor Alexander, formulou a teoria da especificidade do conflito e criticou duramente
a extensão do modelo de conversão histérica de Freud às manifestações psicossomáticas.
Desenvolveu também uma explicação causalística da especificidade das doenças
psicossomáticas, correlacionando os conflitos intrapsíquicos com as modificações
fisiológicas. Segundo o autor, o recalcamento operado na mente do sujeito por
impossibilidade de expressão de emoções geradoras de um conflito intrapsíquico, provoca
estados de tensão fisiológica.
3. O Alexander propõe um modelo médico, e faz pouco uso da psicanalise em sua teoria.
4. Para Jacques-Alain Miller, o psicossomático pode ser uma estruturação muito primitiva,
próxima da psicose e da debilidade mental. Ele deixa muito evidente a relação de oposição
do fenômeno psicossomático ao sintoma histérico. A diferença que se dá, precisamente,
reside no fato de que, diferentemente do que ocorre no fenômeno, o sintoma conversivo não
incide no corpo real (biológico), mas sim no corpo erógeno (imaginário).

Joyce McDougall, de certa forma, supera essas elucidações teóricas de Miller, ao reconhecer
que não existe uma estrutura subjetiva própria dos fenômenos psicossomáticos.

A autora aborda a somatização como todo tipo de passagem ao ato, que inclui o uso de
substâncias, o aumento da vulnerabilidade aos acidentes corporais e as falhas do sistema
imunológico. Para denominar esse mecanismo muito frequente nos somatizadores, no qual
o afeto não é pensado, McDougall criou o termo desafetação. O estado de desafetação
consiste, basicamente, em uma incapacidade de refletir sobre as emoções vividas
intensamente.

O fato de essas pessoas vivenciarem emoções fortes não é tão prejudicado. Mas a capacidade
de nomeação, diferenciação e reflexão sobre seus estados afetivos mais intensos é quase
nula.

Além da projeção dos afetos, a desafetação consiste em um mecanismo que também projeta
a representação para o exterior. Nesse ponto, McDougall afirma um novo destino para os
afetos, o repúdio para fora do ego, a acrescentar nos três já existentes (deslocamento,
conversão, transformação em angústia). Ao afeto que foi ejetado em sua parte psíquica, resta
somente se exprimir através de sua dimensão orgânica, como na primeira infância,
reduzindo, assim, a mensagem do psiquismo a um funcionamento não-verbal.

Dejours, ressalta que, em sua concepção, se existe um dualismo presente é aquele entre o
corpo erógeno e o corpo fisiológico, não a partir de uma relação de oposição, mas sim de
superação do segundo sobre o primeiro. No entanto, a construção do corpo erógeno nunca é
completamente bem-sucedida, podendo ocorrer falhas na convocação de algum órgão, ou
também do desapoio da pulsão de alguma área, a partir de algum traumatismo ocorrido na
vida do sujeito. É assim que a questão da escolha de órgão é tratada: as áreas corporais que
não foram suficientemente subvertidas são facilmente atingidas nas somatizações.

Para Dejours, a pulsão provém de uma fonte biológica, inata. O autor retoma a hipótese
freudiana, a de que o inconsciente também é constituído por traços filogenéticos,
considerando o inconsciente primário como sede dos traços herdados. Já o inconsciente
secundário, por sua vez, é aquele ligado às representações simbólicas. A pulsão de morte,
portanto, impedida de ser representada pelo pré- -consciente, opera de forma destrutiva no
corpo orgânico, através das doenças psicossomáticas.

5. Pierre Marty descreveu dois mecanismos fundamentais da doença psicossomática: a


regressão psicossomática e a desorganização progressiva. A regressão psicossomática
apareceria nalguns movimentos da patologia e pressupunha uma fixação psicossomática
mais intensa, impeditiva das vias evolutivas subsequentes. A desorganização progressiva
estaria ligada à actividade do instinto de morte correspondente à privação de actividade
libidinal. Esta insuficiência libidinal teria bloqueado o desenvolvimento de mecanismos de
defesa eficazes. Neste âmbito, os acontecimentos somáticos participariam no movimento de
desorganização progressiva, do qual, aliás, faziam parte.
6. A Escola Psicossomática de Paris foi criada no contexto da Sociedade de Psicanálise de
Paris, em torno de Pierre Marty, Michel de M'Uzan e Christian David.
Esses psicanalistas falavam do facto psicossomático deixando de se referir à nosografia
médica, fixada nitidamente sobre a pesquisa de perfis de personalidades correspondentes a
certas doenças ditas "mais psicossomáticas" do que as demais.
O eixo de reflexão nosográfica da Escola Psicossomática de Paris se baseou nas
características do funcionamento psíquico dos pacientes, que poderia ser
suficientemente apto ou não a gerir as tensões conflitivas e a escoar as excitações
perturbadoras em excesso através de uma via psíquica.
Dois grandes conjuntos semiológicos podem ser utilizados quando falamos dos pacientes
psicossomáticos: um, relativo à conformidade ao grupo, característico dos pacientes que
têm um funcionamento do tipo operatório; outro, relativo ao estilo mimético dos
pacientes que estabelecem um modo de relacionamento particular denominado relação
objetal alérgica. Tanto num caso como no outro, estamos no âmago da questão do
lugar do objeto em relação ao Ego. Em psicanalise o termo objeto é colocado para
designar pessoas ou coisas no meio externo que são psicologicamente importantes
para a vida psíquica do individuo. O ego só existe em relação a outros objetos, que
podem ser internos ou externos.Os objetos internos são versões internalizadas de
objetos externos que se formam principalmente mediante as interações iniciais com
os pais. Existem três sentimentos fundamentais que podem existir entre o Eu e o
outro: apego, frustração e rejeição.
Tomando como base as novas vias da terapêutica psicanalítica concebidas por Freud,
em 1919, a psicossomática conduziu os psicanalistas a ampliarem os limites do
trabalho analítico com os pacientes somáticos. Essa evolução se tornou possível com a
criação de mudanças técnicas em relação às regras clássicas destinadas aos pacientes
neuróticos.
Na última Jornada do IPSO em Paris, datando junho de 2017, B. Chervet fez algumas
considerações em relação ao trabalho analítico com os pacientes somáticos. Segundo ele,
são descobertas, frequentemente, resistências violentas, muitas vezes insuperáveis, tanto
na evolução dos processos analíticos quanto nas transformações esperadas. Todas essas
resistências conduzem ao negativo, nas suas mais variadas formas clínicas e nas
dificuldades técnicas no manejo das ferramentas analíticas. Essas resistências estão
relacionadas com as singularidades de uma organização primária marcada pelo
traumático.
Além disso, acrescenta o autor, deformações primárias deixam suas impressões profundas
no Ego, contribuindo, desse modo, com aquilo que A. Green denominou como
sendo um processo de interiorização do negativo, que se revela uma verdadeira rocha no
desenvolvimento do trabalho analítico.
Segundo B. Chervet (2017), três níveis de realidade vão se misturar ao longo do trabalho
analítico com esses pacientes psicossomáticos: 1) O trabalho psíquico do analista em contato
com o seu paciente e a evolução de seu objeto interno; 2) A doença somática do paciente, à
qual o analista é submetido na origem do seu trabalho contratransferencial; 3) A construção
de equivalências entre doença somática e retorno de uma intensa pulsionalidade inconsciente.
A realidade psíquica do paciente e o desdobramento dos meios dos quais ele dispõe, em
relação à sua doença, é vivida pelo próprio como sendo o retorno dessa pulsionalidade
inconsciente. Esses três campos de realidade estão constantemente conectados por teorias que
têm como alvo atenuar o impacto traumático da doença, tanto sobre o paciente quanto sobre
o analista.

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