Ilda Psicossomatica
Ilda Psicossomatica
Ilda Psicossomatica
Cadeira de psicossomatica
Resolução de exercícios
Joyce McDougall, de certa forma, supera essas elucidações teóricas de Miller, ao reconhecer
que não existe uma estrutura subjetiva própria dos fenômenos psicossomáticos.
A autora aborda a somatização como todo tipo de passagem ao ato, que inclui o uso de
substâncias, o aumento da vulnerabilidade aos acidentes corporais e as falhas do sistema
imunológico. Para denominar esse mecanismo muito frequente nos somatizadores, no qual
o afeto não é pensado, McDougall criou o termo desafetação. O estado de desafetação
consiste, basicamente, em uma incapacidade de refletir sobre as emoções vividas
intensamente.
O fato de essas pessoas vivenciarem emoções fortes não é tão prejudicado. Mas a capacidade
de nomeação, diferenciação e reflexão sobre seus estados afetivos mais intensos é quase
nula.
Além da projeção dos afetos, a desafetação consiste em um mecanismo que também projeta
a representação para o exterior. Nesse ponto, McDougall afirma um novo destino para os
afetos, o repúdio para fora do ego, a acrescentar nos três já existentes (deslocamento,
conversão, transformação em angústia). Ao afeto que foi ejetado em sua parte psíquica, resta
somente se exprimir através de sua dimensão orgânica, como na primeira infância,
reduzindo, assim, a mensagem do psiquismo a um funcionamento não-verbal.
Dejours, ressalta que, em sua concepção, se existe um dualismo presente é aquele entre o
corpo erógeno e o corpo fisiológico, não a partir de uma relação de oposição, mas sim de
superação do segundo sobre o primeiro. No entanto, a construção do corpo erógeno nunca é
completamente bem-sucedida, podendo ocorrer falhas na convocação de algum órgão, ou
também do desapoio da pulsão de alguma área, a partir de algum traumatismo ocorrido na
vida do sujeito. É assim que a questão da escolha de órgão é tratada: as áreas corporais que
não foram suficientemente subvertidas são facilmente atingidas nas somatizações.
Para Dejours, a pulsão provém de uma fonte biológica, inata. O autor retoma a hipótese
freudiana, a de que o inconsciente também é constituído por traços filogenéticos,
considerando o inconsciente primário como sede dos traços herdados. Já o inconsciente
secundário, por sua vez, é aquele ligado às representações simbólicas. A pulsão de morte,
portanto, impedida de ser representada pelo pré- -consciente, opera de forma destrutiva no
corpo orgânico, através das doenças psicossomáticas.