Trabalho 3 - Sonata No26 Op 81a

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

BACHARELADO EM MÚSICA – MÚSICA POPULAR

TÓPICOS EM TEORIA DA MÚSICA: ANÁLISE DAS SONATAS DE BEETHOVEN

ALUNO – VÍCTOR DIZ Q. LEONI

PROFESSOR – OILIAM LANA E MAURÍCIO VELOSO

26 DE MARÇO DE 2021

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Ludwig van Beethoven - Piano Sonata No. 26 in E-flat Major, Op. 81a
A Sonata para Piano Opus 81a, No.26, de Beethoven, denominada Das Lebewohl, Les Adieux, ou “A
Despedida” - em forma traduzida -, foi escrita durante os anos 1809 e 1810. É uma peça que possui uma
ligação extramusical, pois sua essência vem de uma real despedida; em 1809, Napoleão Bonaparte liderou
um ataque contra Viena, fato que forçou o patrão de Beethoven, Arquiduque Rudolph – da Áustria -,
deixar a cidade. Na sua primeira publicação, em 1811, uma dedicatória foi colocada “Na partida de sua
Alteza Imperial, para Arquiduque Rodolfo, em sua admiração".

A peça é composta por três movimentos: Lebewohl, Abwesenheit e Wiedersehen – suas respectivas
traduções, Despedida, Ausência e Reencontro. Uma interpretação padrão tem duração de
aproximadamente 17 minutos; é considerada uma das obras mais desafiadoras, pois engloba diversos
fatores técnicos, utilizados por Beethoven para abordar esse espectro de emoções distintas e profundas
causadas pela despedida – além da maturidade alcançada pelo compositor até então. É também
considerada a ponte entre o middle period – considerada a terceira melhor sonata desse período - e o last
period.

A sonata inicia-se em tempo binário simples, Adagio, com um simples motivo de três acordes
(caracterizados pelas sílabas Le-be-wohl). Esse pequeno motivo é a principal base que o primeiro e
segundo trechos são desenvolvidos. Porém, assim que se alcança a exposição, a fórmula de tempo altera-
se para (alla breve) e a partitura é marcada para Allegro. O primeiro movimento oscila entre a
turbulência inicial e uma segunda parte mais lírica, reflexiva; a figura rítmica caracterizada por duas notas
curtas e uma longa é comumente utilizada, aliada à uma harmonia extremamente rica. O movimento
possui um surpreendente coda, que ocupa cerca de um quarto de todo o trecho.

Irei detalhar melhor os elementos do primeiro movimento, que será o objeto de estudo nesse texto. Como
explicitado anteriormente, a sonata inicia-se em um simples motivo, e sua introdução (compassos 1 ao 16)
serve como base para o desenvolvimento de grande parte do movimento. As notas marcadas pelas sílabas
Le-be-wohl são diversas vezes utilizadas, em formas distintas; os primeiros seis compassos são repetidos
– 7 ao 12 -, levemente alterados e transpostos. Em seguida, a exposição é marcada dos compassos 17 ao
72; de 17 ao 26, pode-se perceber o primeiro tema em Eb Maior (tônica), uma inversão do motivo “Le-
be-wohl”. Esses primeiros compassos aparecem como uma continuação da introdução, com duas partes
separadas – 17 ao 22 e 22 ao 26. Em seguida, temos o episódio conectivo do trecho, marcado pelos
compassos 26 ao 51; a conexão se inicia com uma repetição da segunda parte da introdução e é seguida
de uma passagem em movimentos contrários. Novamente, a frase “Le-be-wohl” aparece – compassos 36
ao 39 -, com o baixo invertido. O episódio termina completamente fechado na dominante.

Outro ponto interessante da exposição é a coda, que aparece nos compassos 59-66; ainda baseado na frase
“Le-be-wohl”, tratada de diversas forma; já direto pro desenvolvimento (73-112), as referências para as
frases recorrentes continuam, o mesmo ocorre durante todas essas partes do primeiro movimento. Ao fim,
de suma importância é o momento de recapitulação, marcado pelos compassos 117 ao final do
movimento; na recapitulação há o retorno ao tom original da peça, e uma enorme coda final.

Embora o que foi dito nesse texto, a Sonata Op.81ª não é unânime em opiniões. “Wilibald Nagel, por
exemplo, que não classifica Op. 81a, entre as obras-primas mais notáveis de Beethoven, explica sua
popularidade referindo-se depreciativamente a seus títulos descritivos. ‘O aparente exterior tem o impacto
mais rápido sobre o público em geral’, explica Nagel, “em geral, e especificamente nas artes’. Até mesmo
um comentarista como Carl Dahlhaus, que nunca questiona os méritos artísticos da sonata, prefere
enfatizar seus qualidades como música ‘absoluta’ (seu aspecto ‘formal’), em detrimento de suas
qualidades como música de programa (seu aspecto ‘narrativo’). ‘A tristeza com a partida do arquiduque

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Rudolph e a alegria em seu retorno’, diz Dahlhaus, ‘. . . não são de forma alguma tornadas mais explícitas
pela pintura de detalhes durante o curso do desenvolvimento musical; em vez disso, eles se tornam mais
remotos à medida que a 'formalização' prossegue. À medida que a elaboração formal dos motivos se torna
mais refinada e as relações entre eles se tornam cada vez mais distintas, a referência à realidade estranha
se desvanece e se dissolve. ‘De fato, a famosa advertência de Beethoven, Mehr Ausdruck der Empfindung
als Mahlerei bom uso a esse respeito, pois parece aliviar o analista do fardo de propor alguma
interpretação representacional específica da música, sem contar as instâncias (aparentemente)
transparentes de pictorialismo.” – trecho retirado da análise de Eytan Agmon.

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