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Documentos: Anais Do I Encontro Paranaense Sobre Palmitos Cultivados: O Agronegócio Pupunha E Palmeira Real

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ISSN 1679-2599

Dezembro, 2004
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Florestas
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Documentos 105

ANAIS DO I ENCONTRO
PARANAENSE SOBRE PALMITOS
CULTIVADOS: O AGRONEGÓCIO
PUPUNHA E PALMEIRA REAL

Álvaro Figueredo dos Santos (Editor)

Pontal do Paraná, 5 a 7 de setembro de 2002

Colombo, PR
2004
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa Florestas
Estrada da Ribeira, km 111
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Comitê de Publicações da Unidade


Presidente: Luciano Javier Montoya Vilcahauman
Secretária-Executiva: Cleide da S. N. Fernandes de Oliveira
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Oliveira, Erich Gomes Schaitza, Honorino Roque Rodigheri,
Jarbas Yukio Shimizu, José Alfredo Sturion, Patricia Póvoa
de Mattos, Sérgio Ahrens, Susete do Rocio C. Penteado
Supervisor editorial: Luciano Javier Montoya Vilcahauman
Normalização bibliográfica: Lidia Woronkoff e Elizabeth
Câmara Trevisan
Foto(s) da capa: Antonio Kalil / Edinelson J. Maciel Neves

Editoração eletrônica: Ana Luiza

1 a edição
1 a impressão (2004): sob demanda

Todos os direitos reservados.


A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em
parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).

CIP – Brasil. Catalogação-na-publicação


Embrapa Florestas

Encontro Paranaense sobre Palmitos Cultivados [recurso


eletrônico] (1. : 2004 : Pontal do Paraná, PR).
O agronegócio pupunha e palmeira real : anais / editor técnico
Álvaro Figueredo dos Santos. – Dados eletrônicos. - Colombo :
Embrapa Florestas, 2004.

CD-ROM. - (Documentos ; Embrapa Florestas, ISSN 1679-


2599, 105)

1. Palmito - Congresso - Brasil. 2. Pupunha. 3. Palmeira real. 4.


Agronegócio. I. Santos, A. F. dos. .II. Série.
CDD 634.974 (21. ed.)
© Embrapa 2004
Autores

Álvaro Figueredo dos Santos


Engenheiro Agrônomo, Doutor, Pesquisador da Embrapa
Florestas.

Aníbal Rodrigues
Engenheiro-Agrônomo, Doutor, Pesquisador do Iapar - PR.

Aniceto Zanuzzo
Empresário, Proprietário da Indústria de Conservas Azzo
Ltda.

Antônio Carlos Andrade Gonçalves


Engenheiro-Agrônomo, Doutor, Professor da UEM - PR.

Cirino Corrêa Junior


Engenheiro-Agrônomo, Doutor, Extensionista da
Emater - PR

Dauri José Tessmann


Engenheiro-Agrônomo, Doutor, Professor da UEM - PR.

Deodatto Miguel de Paula Souza


Produtor, Engenheiro-Agrônomo, Doutor, Professor
aposentado da UFPR - PR
Autores

Dorivaldo da Silva Raupp


Farmacêutico, Doutor, Professor da UEPG - PR

Edinelson José Maciel Neves


Engenheiro Florestal, Doutor, Pesquisador da Embrapa
Florestas.

Edison Eiti Mikami


Engenheiro-Agrônomo, Mestre, Extensionista da
Emater - PR.

Francisco Paulo Chaimsohn


Engenheiro-Agrônomo, Mestre, Pesquisador do Iapar -
PR.

Francisco Skora Neto


Engenheiro-Agrônomo, Doutor, Pesquisador do Iapar -
PR.

Jamil Constantin
Engenheiro-Agrônomo, Doutor, Professor da UEM - PR.
Autores

José Roberto Moro


Engenheiro-Agrônomo, Doutor, Professor da UNESP/
Campus de Jaboticabal.

João Batista Vida


Engenheiro-Agrônomo, Doutor, Professor da UEM.

João Henrique Caviglione


Engenheiro-Agrônomo, Pesquisador do Iapar - PR.

Marcos Roberto Treitny


Técnico Agrícola, Iapar - PR.

Maria Eliane Durigan


Engenheira-Agrônoma, Mestre, Pesquisadora do Iapar
- PR.

Milton Geraldo Ramos


Engenheiro-Agrônomo, Mestre, Pesquisador da
Epagri - SC.

Paulo Sérgio de Freitas


Engenheiro Agrícola, Doutor, Professor da UEM - PR.
Autores

Roberto Rezende
Engenheiro Agrícola, Doutor, Professor da UEM - PR.

Rubem Silvério de Oliveira Jr.


Engenheiro-Agrônomo, Doutor, Professor da UEM –
PR.

Rudimar Mafacioli
Engenheiro-Agrônomo, Mestre, Estudante de
Doutorado da UEM.

Sebastião Belletini
Engenheiro-Agrônomo, Extensionista da Emater - PR.

Sérgio Ahrens
Engenheiro Florestal, Doutor, Pesquisador da Embrapa
Florestas.

Sílvio Anésio Mesquita Carreira


Engenheiro-Agrônomo.
Apresentação

O I Encontro Paranaense sobre Palmitos Cultivados: Pupunha e Palmeira-real,


realizado em Pontal do Paraná, PR, em 2002, é o segundo evento realizado
desde o início do Projeto Pupunha para Palmito, financiado pelo Projeto de
Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologia Agropecuária paara o Brasil -
Prodetab, implementado no estado do Paraná no ano 2000, coordenado pela
Embrapa Florestas e com as parcerias da Universidade Estadual de Maringá –
UEM, Instituto Agronômico do Paraná – Iapar, Empresa de Assistência técnica
e extensão rural do Paraná - Emater/PR, Universidade Estadual de Ponta Grossa,
Funpar e Prefeituras Municipais do Paraná.

O I evento emanado deste Projeto foi a I Reunião Técnica do Projeto Palmito de


Pupunha: Uma Alternativa para o Aproveitamento de Áreas Abandonadas e/ou
Degradadas da Mata Atlântica, realizada em 2001 em Maringá, PR. Naquela
oportunidade, foram discutidos aspectos básicos relativos à implementação do
Projeto Pupunha, e cujos primeiros plantios neste Estado ocorreram a partir de
1994.

Por outro lado, no I Encontro Paranaense sobre Palmitos Cultivados: Pupunha e


Palmeira-real foi possível constatar, durante a apresentação e discussão dos
temas, um certo grau de progresso em relação ao evento anterior, não apenas
pela inclusão da palmeira real na pauta da reunião, como pelo maior
aprofundamento da discussão em torno da problemática Produção de Palmito
no Brasil.
Este documento apresenta resultados de pesquisa e da extensão rural com
informações sobre sistemas de produção, levantamentos de mercado,
orientações concernentes ao agronegócio palmito, à legislação e experiências
de pessoas ligadas a este setor, tanto no campo, como na indústria e mercado.
Os organizadores deste evento e os autores deste documento esperam que seu
conteúdo sejam úteis e norteadores de ações aos interessados no agronegócio
palmito, mormente no sul e sudeste do Brasil.

Moacir José Sales Medrado


Chefe Geral
Embrapa Florestas
Sumário

A Cultura da Pupunha para Produção de Palmito ....................................... 11

Estudo de Mercado de Palmito ................................................................ 31

Higiene Sanidade do Produto Palmito ....................................................... 59

Zoneamento da Pupunha do Estado do Paraná .......................................... 67

Situação dos Palmitos Cultivados no Paraná ............................................. 75

Situação dos Palmitos Cultivados no Litoral: Pupunha e Palmeira Real .......... 77

Situação das Palmeiras Produtoras de Palmito no Noroeste do Paraná .......... 83

Sementes e Mudas – Pupunha e Palmeira Real .......................................... 85

Palmeira-Real-da-Austrália: Características e Cultivo para Produção de Plamito


91

Importância dos Conhecimentos Silviculturais para o Aumento da Produtividade


dos Plantios de Pupunha (Bactris gasipaes H.B.K.) para Palmito ............ 111

Irrigação na Cultura da Pupunha no Noroeste do Estado do Paraná ............ 121


Manejo de Plantas Infestantes em Palmitos Cultivados ............................. 125

Manejo de Plantas Daninhas em Áreas de Pupunha.................................. 129

Rentabilidade do Cultivo de Palmeira Real Versus Pupunha para Produção de


Palmito ......................................................................................... 131

Doenças da Pupunha no Estado do Paraná ............................................. 137

Palmito de Pupunha (Bactris gasipaes): Uma Alternativa Ssustentável para o


Aproveitamento de Áreas Abandonadas pela Agricultura no Domínio da
Mata Atlântica ............................................................................... 143

Pesquisas com Palmeiras Produtoras de Palmito no Iapar .......................... 147

Relato de Experiências com a Atividade Palmito de Pupunha na Pequena


Propriedade ................................................................................... 151

Relato de Experiências com a Atividade Palmito na Indústria ..................... 153

A Certificação do Manejo Florestal Ssustentável dos Plantios de Pupunha e de


Palmeira Real com o Sistema ABNT – CERFLOR ................................ 157
A Cultura da Pupunha para
Produção de Palmito
José Roberto Moro

INTRODUÇÃO
A pupunheira é uma palmeira nativa da região Amazônica e é consumida na
forma de frutos ou de palmito, desde épocas pré-colombianas. É uma palmeira
de clima tropical, de rápido crescimento, que quando adulta pode atingir mais
de 20 metros de altura em poucos anos. Por essa razão, é também usada como
palmeira ornamental. Nos últimos anos, sua importância cresceu
consideravelmente em nosso país por ser uma excelente alternativa de cultivo
para a agricultura (Tabela 1 e Figura 1).

O consumo dos frutos da pupunheira cozidos em água e sal é tradicional na


região Amazônica, embora a produção venha de plantas nativas, mas
suficientes para atender à demanda local. O interesse dos agricultores por seu
cultivo surgiu nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil a partir
dos anos 90, não para produção de frutos, mas sim para fornecimento de
palmito. O palmito é formado na parte apical das plantas pelas ráquis das folhas
jovens. É uma valiosa iguaria, de grande aceitação no mercado, onde consegue
preços elevados.
12

PALMEIRAS PRODUTORAS DE
PALMITO
Atualmente, mais de 90% do palmito produzido é cortado do açaizeiro, outra
palmeira nativa da Amazônia tropical, sobretudo na região do estuário do rio
Amazonas. Antes da década de 70, entretanto, o palmito era cortado de uma
outra palmeira, a juçara, nativa da Mata Atlântica. O corte indiscriminado de
palmeiras nativas leva, invariavelmente, ao decréscimo das populações naturais.

Com o passar do tempo, palmeiras que ainda não floresceram são cortadas.
Nesse momento o risco de extinção aparece, como já ocorreu com a juçara,
esta última com o agravante de não perfilhar (rebrotar) após o corte, e pode vir
a ocorrer com o açaí. É por essa razão que algumas pessoas começaram a
pensar em outras palmeiras que pudessem produzir, de forma econômica e
ecológica, palmito em escala industrial. Os especialistas em palmeiras chegaram
à conclusão de que a palmeira que reunia maior número de pontos favoráveis
era a pupunha, para cultivo em áreas tropicais. Atualmente, a palmeira real
australiana, outra espécie de palmeira, também vem sendo cultivada, sobretudo
nos Estados de Santa Catarina e Paraná.

Tabela 1. Exportações de palmito – janeiro a junho de 2002.


US$ Kg US$
Estados Unidos 1.456.644,00 418.145 3,48
Mercosul 262.619,00 82.779 3,17
União Européia 513.877,00 139.218 3,69
Oriente Médio 322.631,00 95.576 3,38
Oceania 24.850,00 6.624 3,75
Ásia 94.273,00 13.872 6,80
África 2.957,00 947 3,12
Total 2.774.364,00 780.699 --
13

Exportações de Palmito - US$


30.000.000

25.000.000

20.000.000
Mercosul
Europa
15.000.000 USA
Total
10.000.000

5.000.000

0
1996 1997 1998 1999 2000 2001

Figura 1. Exportações de palmito – período entre 1996 e 2001.

As principais vantagens para o plantio da pupunha, visando à produção de


palmito, são:

a) precocidade: o primeiro corte ocorre entre 18 e 24 meses após o


plantio no campo;

b) perfilhamento: a pupunha apresenta brotações de novas plantas, os


perfilhos, junto à planta-mãe, permitindo que se possa repetir os cortes
nos anos seguintes, sem necessidade de replantio da área;

c) qualidade do palmito: o palmito de pupunha tem um comprimento ao


redor de 40 cm e diâmetro de 1,5-4 cm, e é muito macio e saboroso,
não tendo problemas de aceitação pelo mercado; é, também, mais
tolerante à oxidação que os demais palmitos cultivados;

d) lucratividade: adequadamente plantado, um hectare produz entre 5.000


e 12.000 palmitos por ano, dependendo do número de perfilhos que se
deixe após o corte da planta-mãe e do diâmetro do palmito que se quer
produzir;
14

e) segurança para o produtor: o palmito não estraga, já que o agricultor


pode deixá-lo no pé, realizando as vendas quando achar mais
conveniente. Não é como outros produtos, como hortaliças e frutas em
geral, que amadurecem e precisam ser colhidos e que, quando colhidos,
devem ser rapidamente vendidos e consumidos;

f) vantagens ecológicas: a pupunha deve ser produzida em cultura a pleno


sol, em áreas agrícolas tradicionais, de forma que se passa a produzir
palmito de excelente qualidade sem nenhum dano às nossas florestas
nativas. Essa é uma característica de grande apelo comercial, sobretudo
para exportação do palmito de pupunha, como um produto ecológico.

CONDIÇÕES PARA PRODUZIR


PALMITO DE PUPUNHA
O cultivo da pupunha para produção de palmito apresenta também alguns
requisitos básicos. Como se trata de uma planta da floresta tropical, ela é muito
exigente em água. Para regiões com mais do que 2 meses seguidos de déficit
hídrico, é necessária a irrigação. Entretanto, mais do que a quantidade de
água, é importante a sua distribuição ao longo do ano. Pela nossa experiência,
são necessários, no mínimo, de 1.500 – 2.200 mm de água por ano, bem
distribuídos ao longo de todos os meses, para que as plantas cresçam sem
problemas. Para se ter uma noção mais aproximada, 1.825 mm de água por
ano equivalem a um fornecimento de 5 mm por dia. Outra limitação importante
é a altitude do local, que não deve ser superior a 850 m, provavelmente
influenciada, em grande parte, pelas baixas temperaturas noturnas das regiões
mais altas. De maneira geral, a pupunha prefere solos mais arenosos e friáveis, do
que aqueles solos pesados e muito argilosos. Embora exigente em água, a
pupunheira não vai bem em solos encharcados, exigindo local com boa drenagem.

OBTENÇÃO DE SEMENTES E
GERMINAÇÃO
O cultivo da pupunha é relativamente simples e não apresenta maiores
problemas de pragas e doenças. A maior dificuldade reside na formação das
15

mudas e na escolha das sementes para plantio. É conveniente que se dê


preferência ao cultivo da pupunha sem espinhos, pelas facilidades de manuseio
e de mão-de-obra. Escolher um fornecedor idôneo de sementes e que garanta a
sua qualidade e vigor é essencial para o sucesso do empreendimento. A oferta
de sementes acontece a partir de fevereiro e elas, uma vez adquiridas, devem
ser imediatamente semeadas, pois o seu poder germinativo cai rapidamente.

Há várias formas de se fazer os canteiros para semeadura: areia, serragem ou,


preferencialmente, uma mistura de terra: areia: esterco curtido. Deve-se
também, preparar uma cobertura, para proteger as sementes e as plântulas
recém-germinadas. O ideal é construir um túnel com plástico, em local com
algum sombreamento, natural ou não. A germinação ocorre entre 45 e 120 dias
após a semeadura. Nessa fase é importante que se controle adequadamente a
umidade dos canteiros. O excesso de água pode causar o apodrecimento das
sementes e doenças nas plântulas.

Recomenda-se que não sejam aproveitadas todas as sementes que germinaram.


A experiência tem mostrado que as sementes que germinam após os 110 dias
formam plântulas que crescem muito mais lentamente em relação às que
germinam primeiro. Essas plântulas, por sua vez, vão dar origem a mudas
também com crescimento mais lento e, no campo, darão plantas com baixa
produtividade e pouco perfilhamento. A uniformidade das lavouras e a sua
rentabilidade será grandemente aumentada com o uso de plântulas oriundas de
sementes que germinaram até os 110 dias. Assim, após esse período todas as
sementes que não estiverem no ponto de serem transplantadas devem ser
descartadas

TRANSPLANTE DAS MUDAS PARA


O VIVEIRO

Quando as plantinhas estiverem com até 2 folhinhas devem ser transplantadas


para sacos plásticos (preferencialmente com volume de 1 litro). Esses sacos
podem ser enchidos com uma mistura de terra: areia: esterco e 10 gramas do
adubo 10-30-10. Entretanto, obtém-se melhores resultados, com menor
incidência de doenças e morte de plântulas, usando apenas solo de mata. É
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conveniente arranjar os sacos plásticos em canteiros com 10 -12 sacos na


largura, com um comprimento variável de acordo com o número de mudas a
serem produzidas, e facilidade de irrigação e sombreamento. O comprimento do
canteiro não deve ultrapassar 10 metros, formando-se corredores para permitir as
tarefas de limpeza, adubação e eventuais tratamentos fitossanitários.

A germinação deve ocorrer na sombra, mas o plantio no campo deve ser a


pleno sol. Nesse intervalo, quando se tem as mudas nos canteiros, em sacos
plásticos, deve-se fazer a adaptação das mesmas da condição de
sombreamento para o pleno sol. De maneira geral, a semeadura ocorre entre
fevereiro/abril, a germinação e o transplante para sacos plásticos entre maio/
agosto e o plantio no campo de janeiro a abril, quando as mudas estiverem com
4 folhas. A retirada do sombreamento pode ser feita logo após o completo
pegamento das mudas nos sacos plásticos, caracterizado pela emissão e
expansão de folhas novas saudáveis, ou um pouco antes do plantio no campo.
É necessário que as mudas estejam perfeitamente adaptadas ao pleno sol antes
de irem para o campo. Nesse caso, após o transplante nos sacos plásticos,
pode-se usar capim, folhas diversas ou sombrite para fazer o sombreamento.
Esse sombreamento deve ser retirado aos poucos, fazendo com que as mudas
possam aclimatar-se naturalmente à condição de pleno sol. Na fase de mudas é
essencial que se controle a umidade dos sacos plásticos. Muita umidade leva ao
aparecimento de uma série de doenças. Eventualmente, também podem
aparecer algumas pragas que podem ser facilmente controladas. O manejo
adequado da umidade é a chave nesta fase da cultura.

Deve ser dada atenção especial para prevenir a entrada de animais e pragas
diversas que podem ser predadores das mudas de palmito. Geralmente animais
como ratos, coelhos, pacas, capivaras e mesmo macacos podem atacar os
viveiros de mudas. Cercar o viveiro de maneira segura é a forma mais adequada
de evitá-los. Também podem ocorrer ataques de lesmas, gafanhotos,
paquinhas, etc. É preciso que se ande regularmente por entre os canteiros,
observando-se atentamente as mudas à procura de sinais de ataques de
doenças ou pragas logo no seu início. Com isso o controle pode ser realizado de
forma preventiva, evitando-se a disseminação generalizada.

A principal praga nos canteiros de germinação e de formação de mudas é um


tipo de inseto chamado de “fungus gnats”, que são insetos do gênero Bradysia.
As larvas desses insetos penetram nas plântulas e mudas atingindo a região do
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palmito. Essas larvinhas tem coloração clara e medem de 1 a 2 mm. Ao


atacarem as mudinhas, levam consigo fungos e bactérias. É por isso que os
sintomas visíveis, geralmente, se parecem com ataque de fungo, daí seu nome
popular “fungus gnats”. Geralmente, os sintomas visíveis são descritos como
sendo causados por Fusarium ou Erwinia.

O controle pode ser realizado com inseticidas sistêmicos, fungicidas e


bactericidas, de acordo com recomendação do agrônomo responsável pelo
projeto. Há relatos de que pode-se empregar o controle orgânico, com aplicação
de óleo de nim indiano (Azadirachta indica) e de calda bordalesa.

Como as sementes de pupunha são obtidas de matrizes que ocorrem em áreas


nativas ou plantadas, mas sem melhoramento genético, elas apresentam
elevada desuniformidade. É essencial que apenas as mudas mais vigorosas e
com melhor desenvolvimento sejam levadas para o campo. De maneira geral,
recomenda-se que se utilize como critério de seleção a eliminação das 20%
piores mudas de cada canteiro. Essas mudas eliminadas caracterizam-se por
apresentar desenvolvimento mais lento que as demais, tanto em altura como
com relação ao número e comprimento das folhas. Levar todas as mudas para o
campo é um fator de desuniformidade nas lavouras de palmito cultivado. A
seleção das mudas mais vigorosas, para serem plantadas no campo, garante
lavouras mais uniformes e com maior produtividade.

PLANTIO DA CULTURA NO
CAMPO
A escolha da área a ser cultivada com palmito deve ser realizada seguindo-se
alguns critérios básicos, porém essenciais. Em primeiro lugar, a local escolhido
deve ser bem drenado, para evitar áreas com acúmulo de água nas estações de
maior intensidade pluviométrica. Também é essencial a amostragem do solo
para análise, de forma que se possa recomendar adequadamente a correção da
acidez e o nível de adubação de plantio e de manutenção da lavoura. Devem ser
retiradas amostras do solo de maneira correta e na profundidade de até 40 cm.
A recomendação da adubação de plantio e de manutenção, de acordo com a
idade da lavoura e do nível de produtividade desejado, deve ser realizada pelo
agrônomo responsável pelo projeto.
18

A correção do solo com calcário deve ser realizada para que se tenha 50% de
saturação de bases e o pH fique entre 4,5 e 5,5. A pupunha, assim como
outras palmeiras que produzem palmito, responde de forma excelente à
presença de matéria orgânica. Pode-se usar esterco curtido de criatórios de
aves ou de gado, evitando-se, porém, esterco de gado criado em pastagens
com uso intenso de herbicidas com alto efeito residual.

Deve-se evitar fazer o transplante definitivo para o campo de mudas muito


novas. O ideal é que elas tenham entre 4 e 6 folhas e cerca de 20 a 40 cm de
altura. O transplante deve ser efetuado, preferencialmente, em dias chuvosos
ou nublados e com boa umidade no solo. Deve-se evitar aqueles dias claros e
muito quentes, já que as plantas podem sentir mais o transplantio. A despeito
de todos os cuidados, as plantas sentem o transplante para o campo, podendo
ficar com as folhas amareladas. Durante os primeiros meses elas praticamente
quase não crescem. É importante que o agricultor saiba disso para que não
fique desanimado à toa. Este fato, porém, deve ser considerado normal, pois
havendo passado esse período, elas começam a se desenvolver. Mas o grande
crescimento ocorre após os 10 -12 meses pós-plantio.

Pela experiência, quando se planta alguma cultura intercalar, nas entrelinhas, o


estabelecimento inicial da pupunha é melhor. Parece que, quando se planta
apenas a pupunha, ocorre maior incidência de doenças foliares e morte de
plantas, sobretudo nos meses de abril a setembro, no planalto de São Paulo e
em outras regiões com inverno seco. Isso pode ser devido à presença de
ventos, que prejudicam as plantas e aumentam a perda de água. Uma linha
intercalar ajuda a fornecer um certo sombreamento inicial e protege as plantas
de pupunha dos ventos. Deve ser dar preferência por alguma leguminosa, como
crotalária, feijão de porco, ou mesmo outras culturas. Entretanto, essa é uma
questão delicada e que exige orientação técnica.

ESPAÇAMENTO DA CULTURA
O espaçamento entre as plantas no campo varia ao redor de 2 m x 1 m,
correspondendo a 5.000 plantas por hectare, o que garante boa produtividade
de palmito. Entretanto, outros espaçamentos também podem ser utilizados. Por
exemplo: 2 m x 1,25 m, com 4.000 plantas/ha. Com esse espaçamento,
19

embora haja uma menor produção de palmito, o retorno do investimento do


plantio é mais rápido e o lucro líquido é praticamente equivalente ao que se
consegue com 5.000 plantas/ha (uma diferença inferior a 5%). Há ainda outras
alternativas, as quais podem ser viáveis para os pequenos produtores. Por
exemplo, o espaçamento de 3 m entre linhas e 1 m dentro da linha. No meio da
entrelinha plantar maracujá. Nesse caso, há a possibilidade de se obter até duas
safras de maracujá, antes do primeiro corte do palmito, o que é vital para o
pequeno produtor rural, que não fica entre 18 e 24 meses sem nenhuma renda
na área e tendo que arcar com todos os custos de implantação e custeio da
cultura nesse período.

O principal fator para definir o espaçamento é a possibilidade de se mecanizar


ou não a lavoura. Espaçamentos mais apertados, com até 2 metros entre as
linhas, apresentam maior dificuldade para se mecanizar a cultura. Quando a
área é menor e o sistema é de agricultura familiar, pode-se empregar maiores
densidades de plantio, indo até o uso de espaçamentos como 2 m x 1 m x 1m.
Áreas maiores e com uso de mão-de-obra externa ao grupo familiar devem
optar por espaçamentos que permitam que as operações de adubação, tratos
culturais e colheita sejam mecanizadas. Nesse caso, o emprego de
espaçamento de 3m x 1m x 1m é recomendado. Alguns possíveis
espaçamentos estão representados na Figura 2, sendo que x representa a
posição de uma planta de pupunha na lavoura.

2 m x 1 m: x x x x x x x x x x ...... x
x x x x x x x x x x ...... x

2 m x 1 m x 1 m: x x x x x x x x x x ...... x
x x x x x x x x x x ...... x

x x x x x x x x x x ...... x
x x x x x x x x x x ...... x

3 m x 1 m x 1 m: x x x x x x x x x x ...... x
x x x x x x x x x x ...... x
Figura 2. Espaçamentos para pupunheira.
20

Na Tabela 2 são alguns espaçamentos que podem ser empregados nas lavouras de
palmito cultivado. Nos espaçamentos com linhas simples, o primeiro número
corresponde à distância entre as linhas e o segundo número se refere ao
espaçamento entre as plantas dentro da linha de plantio. Para os espaçamentos
com linhas duplas de plantio são utilizados três números. O primeiro representa
a distância entre as linhas duplas; o segundo número é a distância da linha dupla
e o terceiro número corresponde ao espaçamento entre as plantas dentro da
linha de plantio.
Tabela 2. Espaçamentos recomendados para o plantio da pupunha.

Espaçamento (m) Número de plantas/ha


1.5 x 1.0 6.667
1.5 x 1.5 4.445
2.0 x 1.5 3.333
2.0 x 1.25 4.000
2.0 x 1.0 5.000
2.5 x 1.0 4.000
3.0 x 1.0 3.333
1.5 x 1.0 x 1.0 8.000
2.0 x 1,0 x 1,0 6.667
2.5 x 1.0 x 1.0 5.714
3.0 x1.0 x 1.0 5.000

A Tabela 3 apresenta os resultados preliminares de um experimento conduzido


para a avaliação da rentabilidade em função de diferentes espaçamentos.
Observa-se que o número de palmitos colhidos e a renda líquida anual são
função direta do número de plantas por hectare. Plantio mais adensado produz
um maior número de palmitos por ano e, com isso, garante maior renda líquida
ao agricultor. Entretanto, a relação entre a densidade de plantio com o número
de palmitos não é exatamente proporcional. Entre 4.000 e 5.000 plantas por
hectare, independentemente do espaçamento utilizado, praticamente não há
uma diferença significativa entre o número de palmitos colhidos e a renda líquida
por hectare. Esses resultados mostram que o aumento da densidade de plantas
causa uma diminuição relativa do ritmo de perfilhamento, de forma que o número
de palmitos colhidos por ano, nos diversos espaçamentos, fica muito próximo.
Tabela 3. Relação entre espaçamento, produtividade, custo e lucro no cultivo
da pupunha para produção de palmito*.

*Condições: 12 cortes/ano
diâmetro de corte: 9 cm
adubação: 30 g/mês de 18-5-15-6-2 (N-P-K-Ca.Mg)
preço de venda do palmito= R$ 0,40 a unidade.
21
22

É muito importante que o agricultor tenha sempre em mente que seu objetivo é
produzir palmito cultivado. O que ele vai vender para a indústria é uma peça de
palmito e o dono da fábrica vai pagar por ela em função da rentabilidade
industrial de palmito. Assim, o ponto exato de corte deve ser determinado com
base na relação entre o peso líquido do palmito e o peso total da planta. O
ponto ideal é aquele em que se tenha, em cada haste, o máximo rendimento
industrial de palmito no menor tempo possível de cultivo. A Figura 3 mostra a
relação entre o peso líquido do palmito com o peso total da planta e sua altura.
Observe que, a partir de um certo ponto, o peso líquido do palmito aumenta
bem menos do que a altura e o peso total da planta. Esse é o ponto ideal de
corte para o agricultor e corresponde a plantas com altura ao redor de 1,5 m,
medido do solo até a inserção da primeira folha aberta logo abaixo da folha
mais nova, ainda fechada.
FIGURA 3. Relação entre peso líquido do palmito, altura e peso da planta. 23
24

CUIDADOS ANTES DO PLANTIO


Antes do plantio, no campo, o agricultor deve tomar alguns cuidados: eliminar o
mato da área e corrigir o solo com calcário. A pupunha não suporta competi-
ção com mato, sobretudo braquiária. Em áreas de pastagens, é recomendável
que se faça uma cultura anual, com a soja, por exemplo, para um perfeito
controle da braquiária, usando-se herbicidas. Para o plantio da pupunha deve-
se, previamente, fazer uma calagem, elevando-se o pH para 4,5 - 5,5 e a
saturação de bases para 50%. Antes do plantio deve-se fazer uma adubação
com fósforo. Recomenda-se algo entre 100 e 200 g/planta de Superfosfato
Simples e, na medida do possível, aplicar, nas covas, matéria orgânica.

ADUBAÇÃO
Após o pegamento das mudas, deve-se dar início às adubações com nitrogênio
e potássio em cobertura. Uma adubação anual razoável seria entre 300 e 400
g/planta de 20-5-20, fracionada o maior número de vezes possível. Quando se
faz irrigação deve-se realizar adubação em cobertura a cada mês, aplicando-se
entre 30 a 40 g/planta. As plantas de pupunha também necessitam do forneci-
mento de cálcio, magnésio, enxofre e boro (Tabelas 4 e 5). Daí a necessidade
de se realizar a análise do solo para que o agrônomo faça a recomendação
correta dos níveis de adubação.

O sistema radicular da planta da pupunha, no ponto de corte, é bastante


superficial com mais de 80% das raízes ficando em uma profundidade de até
40 cm. Por essa razão ela não suporta a competição com mato, sobretudo
gramíneas. Uma solução, durante o primeiro ano da cultura no campo, é
manter, na entrelinha, alguma leguminosa. Além de se evitar o mato e a erosão
na terra nua, ganha-se a incorporação de nitrogênio, pela leguminosa.
25

Tabela 4. Conteúdo médio de matéria verde e matéria seca (t/ha) na produção


de palmito de pupunha.

Parte da planta Matéria verde Matéria seca

Folhagem 39.80 15.10

Cascas 21.70 4.40

Palmito bruto 12.60 1.76

- Cascas 7.90 1.25

- Subproduto 2.90 0.30

- Palmito 1.70 0.20

Tabela 5. Nutrientes removidos (kg/ha) pelo palmito bruto.

Nitrogênio 28.0 Fósforo 4.8 Potássio 31.0


Cálcio 4.7 Magnésio 3.9 Ferro 0.03
Cobre 0.021 Zinco 0.05 Manganês 0.085
Enxofre 3.36 Boro 0.029

O CORTE DO PALMITO
O corte das plantas deve ser realizado quando elas atingem um diâmetro, perto
do solo, entre 9 e 15 cm. De início deve-se cortar algumas plantas para que se
aprenda onde fica, exatamente, o palmito. O primeiro corte é o menos
produtivo por área cultivada, pois corta-se apenas a planta mãe e o palmito
tende a ser mais curto e de forma um pouco cônica. A partir do ano seguinte é
que a cultura vai mostrar todo o seu potencial produtivo, quando se cortam os
perfilhos. A partir do primeiro corte (18 a 24 meses), entra-se numa fase de
cortes sucessivos e anuais. O número de palmitos a serem cortados, por planta/
ano, varia de 1 a 3, em função do número de perfilhos que se deixa para o ano
seguinte e do diâmetro de corte. Essa é uma decisão que cada produtor tem
que tomar em razão do mercado que ele pretende atingir. Antes do corte do
26

palmito, os perfilhos podem ser preparados, eliminando-se os mais fracos e


cortando-se as folhas daqueles que vão permanecer. O corte das folhas dos
perfilhos diminui o estresse causado pelo sol e apressa o seu crescimento.
Numa lavoura bem cuidada, que não sofra falta de água e que seja
adequadamente adubada, praticamente não aparecem doenças. Geralmente as
doenças são um sinal de desequilíbrio nutricional, causado pela falta de
adubação ou pela deficiência hídrica, que impede a absorção dos nutrientes.

VIABILIDADE ECONÔMICA
A cultura da pupunha apresenta uma excelente viabilidade econômica (Tabelas
6, 7, 8 e 9). Entretanto, o custo de implantação é elevado, situando-se ao redor
de R$ 5.000,00 por hectare. O custeio anual varia de R$ 1.800,00 a R$
2.900,00 por hectare, incluindo: controle de mato, adubos e corretivos, energia
e mão-de-obra para corte e transporte dos palmitos. O valor da produção vai
depender de como o agricultor vai comercializar o produto: in natura ou para a
indústria que vai envasá-lo. Pequenos produtores isolados podem conseguir
uma rentabilidade maior se comercializarem o palmito in natura. Para viabilizar
uma pequena indústria de envasamento de palmito, deve-se ter uma área
plantada de, pelo menos, 300.000 pés de pupunha. Em diversas regiões dos
Estados de São Paulo e Paraná a implantação da cultura da pupunha está sendo
intermediada por associações de agricultores, por cooperativas ou pelo Sindica-
to Rural do Município. Muitas prefeituras também têm dado apoio aos agriculto-
res, fornecendo facilidades e infraestrutura para os viveiros de mudas e aquisi-
ção das sementes. Sempre procuramos incentivar esse tipo de ajuda inicial das
organizações de agricultores, sobretudo com o apoio da Prefeitura do Municí-
pio, que os agricultores sintam-se amparados e mais confiantes para entrarem
nesse negócio de produzir palmito de pupunha. Havendo esse tipo de
integração entre os produtores, a rentabilidade da cultura fica ainda maior. Um
hectare de pupunha produz cerca de 1.700 kg de palmito e 2.500 kg de
subproduto (picadinho e rodelas).

Uma vantagem extraordinária da cultura da pupunha é a possibilidade que ela


oferece para que os pequenos agricultores, usando apenas a mão-de-obra
familiar, tenham uma vida digna no campo. É por essa razão que muitas
prefeituras, sindicatos rurais, cooperativas e associações têm procurado
informação e estão se organizando, com a orientação técnica da Unesp-campus
27

de Jaboticabal, e dando todo o apoio logístico para que os agricultores locais


tenham a oportunidade de conhecer bem as reais possibilidades da produção de
palmito de pupunha e assim, possam tomar uma decisão consciente sobre essa
excelente alternativa agrícola.

Tabela 6. Homens-dia para um hectare de pupunha (do plantio das mudas até o
corte do palmito – ano 1 e ano 2.

PLANTIO DAS MUDAS 15 HD


REPLANTIO 3 HD
ADUBAÇAO MANUAL 10 HD
APLICAÇÃO DE HERBICIDAS 6 HD
CAPINAS 11 HD
CORTE DO PALMITO 10 HD
TOTAL 57 HD
28

Tabela 7. Resumo sobre as necessidades de insumos para um hectare de


pupunha.

PRÉ PLANTIO:

- CALAGEM: pH 5,0 - 5,5


saturação de bases = 50%
- FOSFATAGEM: 100 a 200 g por planta
0,15 kg x 5.000 plantas. = 750 kg de Superfosfato Simples
- HERBICIDAS: 2 a 6 litros (função do mato)
- PRODUÇÃO DAS MUDAS:
SEMENTES: 1 kg => 160 a 200 mudas no campo
35 kg => 5.500 mudas
SACOS PLÁSTICOS : 15 cm x 25 cm x 0,08 mm
PREPARO DA MISTURA:
TERRA : AREIA : MATÉRIA ORGÂNICA : ADUBO
ADUBO: 10 g DE 10-30-10 POR SACO=50 kg
TRANSPLANTE DAS MUDAS
ADUBAÇÃO FOLIAR
IRRIGAÇÃO
CONTROLE DE MATO

PLANTIO - PRIMEIRO ANO:


- ADUBAÇÃO: 20 g/planta.mês de 20-5-20 + MICRO+Ca+Mg+S
0,02 kg x 10 meses x 5.000 plantas= 1.000 kg
- HERBICIDAS: 3 litros/ano
- INSETICIDAS, FUNGICIDAS

CUSTEIO - SEGUNDO ANO:


- ADUBAÇÃO: 30 g/planta.mês de 20-5-20 + MICRO+Ca+Mg+S
0,03 kg x 10 meses x 5.000 plantas= 1.500 kg
- HERBICIDAS: 2 a 6 litros/ano
- INSETICIDAS, FUNGICIDAS
29

Tabela 8. Custos de instalação e manutenção de um hectare de pupunha.


DESPESAS - MÃO DE OBRA ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4
(R$ 15,00/HOMEM-DIA) QUAN R$ QUA R$ QU R$ QU R$
T NT ANT ANT
Confecção de estacas 1 15,00
Alinhamento e marcação das 2 30,00
covas
Abertura de covas 2 30,00
Adubação de covas 2 30,00
Transporte de mudas 1 15,00
Distribuição de mudas 1 15,00
Plantio das mudas 6 90,00
Replantio das mudas 3 45,00
Capina manual 2 30,00 2 30,00 2 30,00 2 30,00
Pulverizações manuais 3 45,00 3 45,00 3 45,00 3 45,00
Colheita de palmito 10 150,00 15 225,00 15 225,00
TOTAL - 1 23 345,00 15 225,00 20 300,00 20 300,00
HORAS DE MÁQUINA ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4
Aração 3 45,00
Gradagem 2 30,00
Calagem 1,5 22,50
Sulcação 1,5 22,50
Transporte de mudas 1 15,00
Roçada 5 75,00 5 75,00 5 75,00 5 75,00
Aplicação de herbicidas 3 45,00 3 45,00 3 45,00 3 45,00
Adubação 5 75,00 5 75,00 5 75,00 5 75,00
Transporte de palmitos 5 75,00 5 75,00 5 75,00

TOTAL - 2 24 330,00 18 270,00 18 270,00 18 270,00


INSUMOS ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4
Mudas de pupunha (R$ 0,80) 5500 4.400,00
Herbicida - Round-up (R$ 3 18,00 3 18,00 3 18,00 3 18,00
6,00/l)
Calcáreo (R$ 49,00/t) 2 98,00
Supersimples (R$ 410,00/t) 0,75 307,50
Adubo fórmula (R$ 675,00/t) 1 675,00 1,5 1.012,50 1,5 1.012,50 1,5 1.012,50
Formicidas (R$ 20,00/kg) 1 20,00 1 20,00 1 20,00 1 20,00
Inseticidas e ferohormônios - 50,00 - 50,00 - 50,00 - 50,00
Fungicidas (R$ 46,00/kg ou - 23,00 - 23,00 - 23,00 - 23,00
litro)
Ferramentas 85,00 85,00 45,00 45,00
Energia elétrica - 260,00 - 260,00 - 260,00 - 260,00
TOTAL - 3 5.936,50 1.468,50 1.468,50 1.468,50
TOTAL GERAL 6.611,50 1.963,50 2.038,50 2.038,50

a) Ano 1 = PREPARO DA ÁREA E PLANTIO DAS MUDAS


b) Ano 2 = INÍCIO DO CORTE DE PALMITO NA PLANTA MÃE (APÓS 18 MESES)
c) Ano 3 = INÍCIO DO CORTE DE PALMITO EM PERFILHOS
d) Ano 4 = ESTABILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE PALMITOS CORTADOS APENAS EM PERFILHOS
30

Tabela 9. Caixa resumido para um hectare com pupunha para a venda de


palmito para a indústria.

calcario 98,00 2 t/ha 98,00


custo energia p/ irrigação 520,00 R$ 260,00/ano* 2 anos 260,00 260,00 520,00
herbicidas 36,00 R$ 6,00/l; 3 litros/2 anos 18,00 18,00 36,00
fungicidas, inseticidas 186,00 estimativa pela média 93,00 93,00 186,00
ferramentas 170,00 Conforme planilha de custos 85,00 85,00 170,00
despesas com mão-de-obra 570,00 Conforme planilha de custos 345,00 225,00 570,00
despesas com máquinas 600,00 Conforme planilha de custos 330,00 270,00 600,00
adubação de cobertura 1.687,50 R$ 0,675/kg; 0,02kg/planta- 1o ano e o,03/planta no 2º ano; 10 meses/ano 675,00 1.012,50 1.687,50
irrigação 2.500,00 Estimativa para 1 ha, sem investimento em infraestrutura para área maior 2.500,00 2.500,00
TOTAL EM R$ 11.075,00 TOTAL DE INVESTIMENTO + CUSTEIO PARA 1 HA 9.013,50 1.963,50 11.075,00
Inclui custeio do 1 o e do 2 o anos

FLUXO DE CAIXA ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7 ANO 8 ANO 9 ANO 10
INVESTIMENTO/CUSTEIO 9.013,50 1.963,50 2.038,50 2.038,50 2.038,50 2.038,50 2.038,50 2.038,50 2.038,50 2.038,50
VENDA DE PALMITO 4.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00
RESULTADO DO ANO (9.013,50) 2.036,50 5.961,50 5.961,50 5.961,50 5.961,50 5.961,50 5.961,50 5.961,50 5.961,50
FLUXO DE CAIXA (9.013,50) (6.977,00) (1.015,50) 4.946,00 10.907,50 16.869,00 22.830,50 28.792,00 34.753,50 40.715,00

observações:
- valores entre parênteses são resultados líquidos negativos
- para plantios com irrigação e adubação adequada, corta-se 80% das plantas até 24 meses após o plantio no campo
- do 2º ano em diante, corta-se, em média, 8.000 perfilhos por hectare a cada ano
- preço do palmito a ser pago pela indústria: r$1,00/palmito (bastão)
Estudo de Mercado de
Palmito
Anibal S. Rodrigues

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho foi apresentado como palestra no I ENCONTRO ESTADUAL DE


PALMITO CULTIVADO, realizado em Pontal do Paraná/PR, em setembro de
2002. Faz parte do Projeto “Palmito de pupunha (Bactris gasipaes): uma
alternativa sustentável para o aproveitamento de áreas abandonadas e/ou
degradadas pela agricultura no Domínio da Mata Atlântica”, do Programa de
Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Agricultura Brasileira – Prodetab,
executado pela Embrapa Florestas, Iapar, Emater/PR e UEM.

O Projeto compreende, entre outros, um estudo de mercado em que se preten-


de caracterizar o mercado nacional e internacional do palmito, e analisar os
fatores críticos ao desenvolvimento da atividade, com enfoque no mercado
nacional.

O estudo deve abranger todo o País, a partir das regiões mais importantes em
produção/extração/transformação/consumo do produto, e contempla as espéci-
es de palmeiras importantes comercialmente.

A primeira fase programada – levantamento de dados secundários do mercado


brasileiro e externo – está concluída, faltando realizar as análises de forma
aprofundada. Neste artigo, estão apresentadas informações comentadas dessa
primeira fase.
A segunda fase, que compreende um levantamento de dados nas regiões
(através de entrevistas diretas, respostas a questionário), está em curso. Já
foram feitas entrevistas com instituições ligadas à atividade e agricultores nos
Estados do Amazonas e Pará (junho/2002); espera-se que os trabalhos sejam
concluídos em 2003.

2. Produção e exportação de
palmito no Brasil

2.1 As décadas de 1950 e 19601

2.1.1 Agroindústrias

Tabela1. Agroindústrias de palmito: Brasil, Paraná e Pará – 1949 a 1970.

Ano Brasil Paraná Pará


1949 2 2 –
1959 95 95 –
1970 1 163 196 2

Comentários:

A industrialização do palmito no Brasil começa no Estado do Paraná, no


Município de Guaraqueçaba. Provavelmente, o aumento do número de fábricas
ocorreu no litoral do Estado de São Paulo, em áreas de ocorrência de palmito
juçara. Em 1970, havia duas indústrias registradas no Pará.
2.1.2 Exportação: década de 19601

Tabela 2 – Exportação de palmito, 1960 a 1970.

Ano Volume (t) US$ mil/t


1960 445 864
1961 547 968
1962 741 990
1963 1 000 1 019
1964 1 802 1 217
1966 2 380 1 397
1967 3 643 1 361
1968 2 424 1 288
1969 3 156 1 320
1970 2 371 1 334
Fonte: IBGE, Produção Extrativa Vegetal

Os volumes exportados e os preços até 1970 são baixos, em comparação com


anos subsequentes. Contudo, é interessante que em 2001 o Brasil exportou 2
573 t, quase o mesmo volume de 1970. A Costa Rica iniciou plantios
experimentais de pupunha para palmito em 1970, quando o mercado externo
começou a ser importante.

1
Não se obteve dados da produção nas décadas de 1950/60.
* Não foi possível a obtenção de informações.
**Os valores apresentados foram atualizados para US$ de julho/2002, em todas as citações deste
trabalho.
2.2 A década de 70

2.2.1 Agroindústrias

Tabela 3 – Agroindústrias de palmito: Brasil, Paraná e Pará – 1970 a 1987.

Ano Brasil Paraná Pará


1970 1 163 196 2
1974 66 10 *
1977 81 5 *
1979 76 7 *
1980 260 4 *
1987 – 7 *
Fonte: Rosetti, 1988.

Comentários:

Não pudemos explicar o porquê do abrupto desaparecimento de tantas


indústrias (1 097) entre 1970 e 1974, no País. O estudo de Rosetti (Tabela 3)
não cita, mas os primeiros registros da agroindústria do palmito no Pará
mostram que em 1968 foi fundada a primeira empresa nesse Estado (Massoler
Ltda.). Em seguida, foi estabelecida a Empresa de Oarde Correa (Palmito
Caiçara).

No Sul, os fatores de redução das fábricas foram a diminuição dos estoques de


juçara graças, diretamente, à extração das palmeiras, sem reposição e,
indiretamente, ao desmatamento para agropecuária, para extração de madeira.

Na Amazônia/Pará, os fatores de atração devem-se à política dos pólos de


desenvolvimento (1967/71), pólos agropecuários e agrominerais (1974), ao 1o
Plano de Desenvolvimento da Amazônia (1974), à abertura de estradas
(Transamazônica), de áreas para agropecuária para a extração de minério e de
vegetais, com incentivos fiscais, crédito, fundos especiais e subsídios
vultosos.
2.2.2 Produção

Tabela 4. Produção de palmito: Brasil, PA, PR, SP, SC – 1973 a 1980

ANO BRASIL (ton.) PARÁ PARANÁ SÃO PAULO SANTA


(%) (%) (%) CATARINA
(%)

1973 36 586 53,0 8,1 11,4 2,2


1974 34 273 62,0 8,9 10,8 3,3
1976 203 948 97,0 0,8 1,6 0,7
1977 35 123 85,0 4,2 6,4 2,9
1979 31 358 86,0 2,3 7,2 2,7
1980 114 408 95,0 0,5 2,0 0,9
Fonte: Nascimento & Moraes, 1991.

Comentários:

Em um curto período (1970/73), no Pará, é montada uma estrutura comercial


importante. Em 1973, o Estado já contribuía com a maior parte do palmito
produzido no País.

Tabela 5. Produção de palmito no Estado do Pará nos anos de 1970 a 1973

ANO PRODUÇÃO DE PALMITO (t/ano)


1
1970 258 t/ano
1
1971 742 t/ano
1
1972 8 820 t/ano
2
1973 19 282 t/ano
Fonte: Nascimento & Moraes, 1991. (1)
IBDF, (2)
IBGE

Entre 1974 e 1976, a produção de palmito cresce 600% no País. No Pará


produz-se a quase totalidade do palmito no Brasil. Porém, em 1977, a produção
já apresenta um forte decréscimo, sem que haja explicação plausível. A
retomada do crescimento da produção ocorre em 1980, mas alcança pouco
mais da metade do montante de 1976. Ao longo dessa década, Paraná e Santa
Catarina participam com percentuais irrisórios na produção. São Paulo tem
melhor desempenho, mas com forte tendência declinante. Como pode-se ver
pelos montantes exportados (Tabela 6), o mercado interno consome a maior
parte do palmito produzido.
2.2.3 Exportação

Tabela 6. Exportação de palmito – Brasil 1970 a 1980

Ano Volume (t) US$ mil/t

1970 2.315 1 079

1971 7.177 1 331

1975 7.012 2 585

1977 11.063 2 756

1979 6 832 5 110

1980 10.056 5 772

Comentários:

Há um grande “salto” nas exportações de 1970 para 1971. Estas firmam-se a


partir de 1971 com volumes e preços mais significativos. Observar que o preço
por tonelada chega a US$ 5.772,00, em 1980.

Fonte: Nascimento, 1991. (1)


IBDF; (2)
IBGE
2.3 A década de 80
2.3.1 Produção

Tabela 7. Produção de palmito: Brasil, PA, PR, SP, SC – 1980 a 1990.

SÃO SANTA
BRASIL PARÁ PARANÁ
ANO PAULO CATARINA
(ton.) (%) (%)
(%) (%)
1980 114 408 95,0 0,5 2,0 0,9
1981 90 540 84,6 4,7 2,4 1,3
1984 105 225 88,1 1,7 8,7 0,8
1985 132 104 88,5 0,1 1,2 0,9
1987 142 060 92,0 0,01 1,5 0,6
1989 202 440 96,4 0,04 0,0003 0,0004
1990 27 031 81,0 0,30 0,6 0,3
Fonte: Nascimento, 1991, Agrianual, 2000.

Comentários:

A produção na década de 80 transcorre com oscilações significativas, atingindo


um novo ápice em 1989 (202.440 t), quase a mesma de 1976 (203.948 t). A
participação dos demais estados, salvo em anos específicos, continua irrisória.
Os registros oficiais são incipientes, em particular quanto à produção em SP, PR
e SC, a partir de 1987. Em 1990 há uma queda para 15% do montante
verificado em 1989:

É possível que a enorme queda de produção observada de 1989 para 1990


(Tabela 7) deva-se a alguns fatores:

a) Nova Constituição, elaborada em 1988 ® Promotorias do Meio Ambiente;


Aumento da Fiscalização;

b) Valorização da biodiversidade, exploração racional da Amazônia,


valorização das ações/comunidades locais/autóctones: morte de Chico
Mendes; carta de Gurupá, de 1990;
c) Nova dinâmica de uso dos açaizais ⇒ Proibição de corte das palmeiras ®
Privilegia-se colheita dos frutos;

d) Nova divisão regional do Brasil (IBGE, Resolução PR-510, 30/07/89) Þ A


partir de 1989 reordena os municípios por microrregiões geográficas e
não mais por microrregiões homogêneas (o que modifica a base de
dados);

e) Recessão na Europa e Estados Unidos;

f) Câmbio desfavorável; preços do produto elevados;

g) Conjuntura interna (confiscos, inflação...);

h) Imprecisão das informações; mudanças na metodologia de cálculo;

i) Rotulagem de produto fora do Estado de origem.

Porém, não há registro de aumento de preços, de catástrofe econômica que


explique tão significativa queda de produção, de consumo.

2.3.2- Exportação
Tabela 8. Exportação de palmito – Brasil: período 1980-1990
Ano Volume (t) US$ mil/t

1980 10.056 5 220

1983 10 691 4 082

1985 5 136 3 048

1987 9 615 5 763

1989 5 982 4 950

1990 7 400 5 163

Fonte: Nascimento, 1991; Agrianual, 2000


Comentário:

No início dos anos 80 (1980 a 83)3 as exportações alcançam os valores mais


expressivos, os quais só vão se repetir exatos dez anos depois, em 1993 e
1994. A partir daí, o Brasil começa a perder mercado para a Costa Rica.
Contudo, os preços mantêm-se muito elevados.

2.4 A década de 90
2.4.1 Indústrias de palmito no Pará
Tabela 9. Indústrias de palmito – Pará, em 1991

EMPRESAS FÁBRICAS FÁBRICA/EMPRESA MÉDIA EMPRESA/ANO


10 grandes 170 17 5 100 ton

18 médias 162 9 2 700 ton

77 pequenas 154 2 600 ton

TOTAL 486 – 145 800 ton

Fonte: Nascimento, 1991.

Comentários:

Há uma observação feita por NASCIMENTO (1991) de que as Empresas não


são exatamente indústrias, mas unidades comerciais que recebem produto de
diversas fontes, daí a perda/queda de qualidade, usualmente referida para o
palmito de açaí. Embora não se disponha do número de fábricas nos demais
estados, pode-se supor que o Pará domina a produção de palmito envasado no
Brasil. Considerando-se que os dados de Tabela 9 possam ser razoavelmente
confiáveis4, fica patente a imprecisão dos dados oficiais, o que parece ocorrer
na maioria dos casos, quanto ao palmito. O IBGE apresenta dados de produção,
em 1991, de 23.687 t para todo o País

3
O “salto” no ano em que não se apresenta a informação, isto é, a falta dos dados em 1981 e 1982
(p.ex) significa que os montantes do ano anterior (no caso, 1980) repetem-se, com poucas
diferenças. Isto vale para todas as tabelas.
4
Foram obtidos pela autora, em entrevistas diretas bem conduzidas.
2.4.2 Produção

Tabela 10 – Produção de palmito: Brasil, PA, PR, SP, SC – 1991 a 2000.

Santa
Brasil Pará Paraná São Paulo
Ano Catarina
(t) (%) (%) (%)
(%)

1990 27 031 81,0 *- - -


1991 23 687 82,0 0,4 0,0007 1,8
1996 18 155 89,5 0,004 0,009 -
1997 36 449 95,4 0,2 0,6 0,0004

1998 24 188 95,0 0,0002 1,2 0,0004


1999 18 576 95,0 0,0003 0,4 0,3
1
2000 20 599 - - - -

(1) Segundo o IBGE: 17 154 t palmito extrativo + 3 445 t cultivado


* Os espaços em tracejado representam dados indisponíveis

Comentários:

Desde a queda apontada (pelos dados oficiais) após 1989, a produção de


palmito no País continua em declínio, apesar da razoável recuperação em 1997.

Para o ano 2000, teria havido a participação de 20% de palmito cultivado.


O Pará continua dominando o mercado nacional. A produção nos demais
Estados seria extremamente baixa. Ex.: Ano 1999 – PR = 5 t; SP = 67 t
e SC = 48 t.
2.4.3 Exportação

Tabela 11. Exportação de palmito – Brasil , 1991 a 2001

Ano Volume (t) US$ mil/t

1990 7 400 5 163

1991 6 983 4 871

1993 11 389 3 984

1994 10 065 4 031

1995 6 038 5 007

1996 4 853 2 487

1997 4 536 5 688

1998 3 797 5 377

1999 3 441 4 190

2000 2 489 3 905

2001 2 573 3 642

Fonte: SECEX, Aliceweb, 2002

Comentários:

Com exceção dos anos 1993/94, os montantes exportados são irrisórios,


comparados às exportações das décadas de 70 e 80. Os preços foram erráticos
e também declinantes, ao longo da década, embora com valores elevados na
maioria dos anos da série. O volume exportado em 2000 e 2001 foi o menor,
desde o ano de 1970.
2.4.4 Síntese da variação de preços da exportação: 1970 a
2001

Tabela 12. Variação de preços do palmito exportado, BR.

Ano/ Série Variação %

70 - 71 0,03

71- 73 37,0

73 - 75 61,0

70 - 75 121,0

74 - 78 88,0

75 - 80 166,0

80 - 83 - 36,7

83 - 85 - 21,3

85 - 90 82,4

90 - 93 16,0

93 - 95 34,0

95 - 96 - 96,0

95 - 98 7,0

95 - 01 -38,0

Comentários:

Os preços variam positiva e significativamente até 1980. A partir de 1980,


houve queda, notável recuperação entre 85/90, certa manutenção dos preços
entre 1990/95 e de novo, queda acentuada em 1995-2001.
3.CONSUMO E PRODUÇÃO DE
PALMITO NO BRASIL

3.1 Estimativas de consumo de Palmito

Estimativa da agroindústria em Belém5 ⇒ 100 g/pessoa/ano.

Por essa estimativa, o consumo no mercado interno estaria em torno de 17.500


t. Esse dado é coerente com os dados oficiais recentes, pois o IBGE informa
que a produção em 2000 teria sido de 20.599 t. Deduzindo-se as 2 489 t
exportadas em 2000, o montante praticamente “fecha” a conta.

Outras estimativas:

Morsbach et al. (1998) citam informação de importante agroindústria no


Espirito Santo, a qual estima o consumo per capita, no País, entre 160 e 300 g
palmito/ano. Citam ainda estudo realizado em 1995 (Rodriguez et al., 1995),
em que se considera o consumo per capita em 660 g/ano. Porém, a Pesquisa
de Orçamento Familiar (realizada em 1996) aponta para conclusões diferentes
dessas estimativas (Tabela 13).

Tabela 13. Consumo por faixa de renda familiar – RMSP, 1996.

Faixas De Renda Número De Consumo Mensal


Consumo Anual
Familiar (R$/mês)* Domicílios G/Domicílio
1a faixa –até 400,17 538 796 60 g 388
2 a faixa –400,17 a
768 883 340 g 3 137
747,39
3 a faixa- + de 2 942
1 040 g 36 720
747,39 295
4 249
TOTAL -- 40 245
974

*Fonte: POF (Pesquisa Orçamento Familiar), 1996. Adaptado de Pontes et al., 2001.
Salário mínimo mensal em 1996 era R$ 112,00.

5
Esta é a estimativa com a qual opera uma importante agroindústria de Belém, no mercado há mais de
40 anos.
Comentários:

A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) tinha cerca de 17 milhões de


habitantes em 1996 (a capital, ± 10 milhões). Considerando-se que os dados
da Tabela 13 sejam razoavelmente confiáveis6, o consumo de palmito nos
domicílios da RMSP em 1996 teria sido de 40.245 t, o que dá 2,4 kg (8 vidros/
300 g) de palmito consumido/pessoa/ano, bastante superior às estimativas
anteriores para o País e pouco mais do dobro da produção em 1996;

Tentando uma estimativa para todo o País, considere-se o seguinte: a) A renda


média das famílias da RMSP é maior que a renda média do País; b) Aí vivem ±
10 % da população brasileira; c) Há Regiões Metropolitanas menos populosas,
mas com renda média aproximada à da RMSP (BH, Brasília, Curitiba, Porto
Alegre, RJ); d) No país havia cerca de 39 milhões de domicílios e,
presumivelmente, na metade desses (19,5 milhões) não se come palmito; e)
Nos demais 19,5 milhões, em uma estimativa para menos, pode-se estar
consumindo, em média, o mesmo que a faixa 2 da tabela 12 – 340 g de
palmito, ou ± um vidro de 300 g/mês = a 12 vidros/ano, por domicílio (3,6
kg/ano); então f) Haveria um consumo de, no mínimo, 66.300 t/ano no País,
em estimativa “menor”. Somando-se as quase 5.000 t exportadas em 1996, é
óbvio que a produção de palmito teria que ser bastante maior do que mostram
os dados oficiais;

Para um estimativa “mediana”, pode-se usar os dados da tabela 14. Nas demais
nove Regiões Metropolitanas do País (excluída a RMSP) e mais a cidade de
Goiânia, em 1996 havia 8.261.332 domicílios. Considerando-se que nesses o
consumo tenha sido a metade da RMSP, teríamos um consumo de mais 32
521 t/ano;

6
Pode-se considerá-los como confiáveis, pois referem-se à pesquisa dos gastos familiares em
19.816 domicílios nas dez maiores regiões metropolitanas do País, mais a cidade de Goiânia,
realizada pelo IBGE, entre out/95 e set/96.
Tabela 14.Número de domicílios nas principais regiões metropolitanas do
país, exclusive a Região Metropolitana de São Paulo.1996.

Faixas de Renda Familiar Número de Consumo Domicílio Consumo Anual


(R$/mês)7 Domicílios Mensal (1/2 RMSP) Estimado (t)

1a faixa - até 400,17 1.798.214 30 g 648

2a faixa - 400,17 a 747,39 2.013.637 170 g 4.108

3a faixa - + de 747,39 4.449.481 520 g 2 7.765

TOTAL 8.261.332 32.521


FONTE: IBGE, Pesquisa de Orçamento Familiar, 1996

Comentário:

Considerando-se ainda que no País havia cerca de 39 milhões de domicílios, e


subtraindo-se os 12,5 milhões das RMs, resta estimar o consumo em mais 26,5
milhões de domicílios. Neste caso, se aplicarmos o mesmo conceito (a metade
do consumo da RMSP), e que o consumo nesses domicílios possa estar entre a
média dos valores das duas menores faixas de consumo (30 g + 170 g),
teríamos mais 31 800 t de palmito consumido no Brasil. Os cálculos até aqui
referem-se ao consumo domiciliar. É preciso adicionar o consumo em
restaurantes e afins, que pode ser estimado em torno de 25%8 .

A síntese da totalização encontra-se na Tabela 15:


Tabela 15. Síntese da estimativa do consumo interno de palmito, Brasil, 1996.

Região / Condição Volume Consumido (t)


Metropolitana de SP 40.245
Outras Metropolitanas 32.521
Demais Regiões/Brasil 31.800
Consumo Fora do Domicílio 26 141
Total 130 707
7
Os valores atualizados para jul/2002 seriam: 1a faixa – até 550,00; 2a faixa – 550,00 a 1.005,00; e
3 a faixa – mais de 1 005,00.
8
Em 1996 os gastos das famílias com alimentação fora do domicílio, foram calculados em 25,5% dos
gastos nos domicílios (IBGE, Valor da despesa média mensal familiar, 1996)
Comentários:

Somando-se mais as 5.000 t exportadas, teríamos 135.707 t de palmito. Esse é


quase que o valor da produção no Pará/Amapá, em 1991, obtido por Nascimento
& Morais (1991), em pesquisa meticulosa no campo, e com agroindústrias
desse Estado (145.800 t). Somando-se a produção em outros Estados (11,5%) e
os estoques (5%), pode-se adicionar mais umas 22.000 t à produção nacional, em
1996. Então, teríamos a seguinte estimativa para a produção de palmito em 1996:

3.2 Estimativa de Produção de Palmito

Com alguma segurança, pode-se estimar a produção de palmito no Brasil em


torno de 160.000 t, em 1996. O fato de não haverem ocorrido variações
significativas nesse mercado nos últimos anos, essa pode ser a produção atual.
Se isso faz sentido, o consumo per capita estaria em torno de 940 g ou ± três
vidros de 300 g por pessoa no País.

4. O QUE AFETA O CONSUMO DE


PALMITO?
- Queda da renda da classe média, salários do funcionalismo sem reajuste;

- Vulgarização e preço mais baixo dos produtos concorrentes/similares:


cogumelos, aspargos;

- Aumento da “cesta” de gastos: celular, internet, tv a cabo, multas,


impostos, cerveja, refrigerante, restaurante.

5. PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DE
PALMITO – OUTROS PAÍSES
5.1 Costa Rica

A Costa Rica iniciou plantios em 1970 ® A 1a exportação ocorreu em 1978 (Del


Campo, atual Demasa). Em 2000, o palmito representava 0,4% do
agronegócio da Costa Rica (incluída a pesca).
5.1.1 Produção

Tabela 16. Área e valor da produção de palmito, Costa Rica.


Ano Área Plantada Valor da Produção Valor da Produçã
(ha) Total (US$) (US$/ha)
1991 – 3 827 453 –

1992 3 500 3 627 132 1 036

1993 3 822 3 185 898 833

1994 3 926 2 875 134 732

1995 4 200 2 645 550 630

1996 4 500 2 460 442 547

1997 10 169 4 498 146 442

1998 12 500 3 685 104 295

1999 11 005 2 512 660 228

2000 8 804 2 104 433 239


1
2001 6 500 1 592 548 239

Fonte: Infoagro, 2002


Valores corrigidos para US$ dez/2001; (1) Estimativa

Comentários:

Embora o negócio do palmito tenha se iniciado na década de 1970, pelo menos


quanto à área, só começa a tomar vulto a partir do início dos anos 90. Não há
explicação para valores tão baixos em Valor da Produção Total e em Valor da
Produção/ha, como apresentado pelos dados oficiais (3a e 4a colunas).

Observa-se o acentuado declínio da área plantada após 1999, o que corrobora


notícias dispersas sobre a falência da atividade nesse País.
5.1.2 Exportação

A exportação de palmito da Costa Rica entre 1998/2001 é apresentada na


Tabela 17.

Tabela 17. Exportações de palmito, Costa Rica 1998 – 2001.

Volume Export. Export. Export.


Export. Total Export.
Ano Exportado Espanha França Eeuu
(US$) (US$/t)
(t) (%) (%) (%)

1998 11 531 24 676 340 2 140 12 57 11

1999 12 078 20 411 820 1 690 15 51 14

2000 10 991 18 354 970 1 670 9 59 13

2001 14 433 23 525 790 1 630 8 60 14

Fonte: Sepsa/CNP Costa Rica, 2002 (Órgão oficial da CR).

Comentários:

Após 1999 houve significativa queda na área plantada. Porém o volume


exportado aumenta, chegando a 14.433 t em 2001. Este fato poderia ser
decorrência dos volumes de palmito estocados.

O valor da tonelada de palmito exportado decresce a partir de 1998, e mantém


a tendência declinante. O principal cliente da Costa Rica sempre foi a França,
com tendência crescente para o mercado dos EUA.
5.1.3 Custos de Produção Costa Rica (dados oficiais).

Tabela 18. Custos de produção, preço de venda e rendimento do palmito,


Costa Rica, 1998 (em US$).

ANO APÓS O PLANTIO


1o
2o 3o 4o ...→ 15 o
No estipes colhidos 0 5 000 8 000 12 500 ...→
Custo produção (ha) 1 914 1 842 1 914 2 064 ...→
Custo/estipe – 0,37 0,24 0,17 ...→
Renda bruta (ha) – 1 350 2 160 3 375 ...→
Renda brut./estipe – 0,27 0,27 0,27 ...→
Renda líq./estipe – (0,10) 0,03 0,02 ...→
Renda líq./ha – (492) 240 1 250
Fonte: AGROPALMITO (1998), citado em OQUENDO, C. A. (1999).
Desde o 40 ano, repetem-se os custos, isto é, os custos/ha são ± os mesmos, até o 150 ano após o
plantio.
Os cálculos foram realizados com valores de maio de 1998; os valores para US$ de junho de 2002,
devem ser corrigidos em mais 11%, que é a inflação em dólares entre maio/98 e jun/2002 (2,7% ao
ano).

Comentários:

Segundo os dados da Agropalmito, a renda líquida após a estabilização do


projeto (desde o 40 ano) seria de US$ 1.250/ha. Os custos de implantação e
manutenção das lavouras são elevados na Costa Rica.

Observar que o custo de manutenção é de US$ 3.136/ha, após o 40 ano. Na


composição dos custos, a mão-de-obra é o mais significativo; varia de 40,6%
no 10 ano a 52,0% desde o 4o ano. Esse seria o principal motivo da
inviabilização da atividade, na Costa Rica. Os demais gastos importantes (a
partir do 40) ano são: fertilizantes = 16%, herbicidas = 14%, transporte =
6%. O preço pago por estipe estaria em US$ 0,30, na Costa Rica (corrigido
para julho/2002), que a preço de dólar normal daria R$1; este é o preço pago
aqui pelo palmito cultivado. Porém, lá colhe-se três vezes mais estipes de
palmito/ha.

5.1.4 Síntese da composição dos custos de produção (ofici-


al).Mão-de-Obra Material Transporte Imprevistos
(insumos)
52% 33% 6% 9%

6. INFORMAÇÕES NÃO OFICIAIS:


JORNAIS DO PAÍS, INTERNET
O custo de produção na Costa Rica seria US$ 0,54 por estipe, em 2002;

As fábricas estariam pagando US$ 0,38 por estipe; Assim, haveria prejuízo de
US$ 0,16 por estipe, e não parece coerente manter-se o negócio nesses
termos.

Tabela 19. Histórico do preço pago ao agricultor na Costa Rica, por estipe de
palmito.

Ano Em colones1 Em US$ da época Correção p/ US$ dez/2001

Antes de 1998 85 0,33 US$ em jun/97 0,36

Em 1998 40 0,16 US$ em jun/98 0,17

Em 2001 55 0,17 US$ em jun/01 0,16


Fonte: INCAE/Economia Nacion, Noticias de Economia, Outubro 2001, Costa Rica (1) Moeda da Costa
Rica.

Comentários:

Como observa, os dados são díspares. Uma das fontes não oficiais (noticiário
agrícola) informa que as fábricas estariam pagando US$ 0,38 por estipe, em
2002. Os dados do Ministério (Tabela 18) mostram preços pagos declinantes,
chegando a US$ 0,16/estipe (preço corrigido para jun/2002), em junho de
2001.
Tabela 20. Preço do produto exportado, US$/Kg palmito.

Ano MERCANET1 Outros informes

1997 – 2,36

1998 2, 1 –

1999 1, 7 1,56

1999 DEMASA 3,00

2000 1, 7 1,64

2001 1, 6 DEMASA 1,76

Fonte: MERCANET, 2002.


(1) Dados oficiais.

6.1 Causas da crise na Costa Rica (informações


obtidas na internet e diversas outras fontes)

a) Falta de planejamento dos plantios nos principais países exportadores,


situação que se prolongará por causa das novas áreas que ainda não
entraram em produção (Equador e Brasil);

b) Grandes quantidades de produto em estoque nos principais importadores


mundiais (redução do ritmo normal de vendas);
Obs: As citações acima foram enunciadas em 1998, quando já
prenunciava-se a crise na Costa Rica e no Equador.

c) Falta de efetiva promoção e diferenciação para um produto que por muito


tempo compartilhou prateleiras com produtos reconhecidos e de menor
preço, como a alcachofra e o aspargo, em todo o mundo desenvolvido;

d) Limitação, por falta de tecnologia, para comercializar o produto natural e


fresco no exterior;
e) Crise monetária no Brasil, o que forçou a vender no mercado internacional
a sua produção de autoconsumo, de aproximadamente sete milhões de
caixas, a US$ 23,00 por caixa, enquanto o preço local (na Costa Rica) era
de US$ 40 em março de 1999;
Obs: Os sete milhões de caixas citados, dariam 84 000 t de palmito.

f) Competição do Equador, cujas exportações para a Europa registraram


aumentos de até 90% de um ano a outro. Além de palmito em conserva,
o Equador oferece o produto fresco e desidratado (CNP, 1998);

g) Aumento das áreas produtivas de outros países como Colômbia, Peru e


Bolívia, em alguns casos, subsidiadas e como alternativa ao cultivo da
folha de coca (Zúñiga, 1999);

h) Dependência de mercados tradicionais e falta de exploração de mercados


não tradicionais (Bogantes 1999);

i) Lenta e difícil mudança de padrões de consumo de palmito de pupunha na


Europa, situação que poderia mudar se houvesse desabastecimento de
palmito silvestre/ extrativo (açaí, juçara) por parte do Brasil (Angulo,
1999);

j) Falta de pesquisa com outras variedades para buscar as de maior


aceitação no mercado internacional (Mora, 1999);

l) Competição desleal entre empresas nacionais (Costa Rica) oferecendo


produto a preços cada vez mais baixos, situação que beneficia o
comerciante, mas não o consumidor, para o qual o preço se mantém
constante ou aumenta (Zúñiga, 1999; Angulo 1999).
7. EQUADOR

No Equador o cultivo se iniciou em 1987.

7.1 Produção e exportação de palmito

Tabela 21. Produção, valor exportado e destino das exportações de palmito,


Equador.

Área Produção Valor Valor %


Ano plantada (t) Exp. US$/t Exp.
US$ 1.000 Export. Argent.
1990 ? 603 933 1 547 –

1991 ? 677 1 526 2 254 29

1992 ? 223 631 2 830 17

1993 ? 132 388 2 939 34

1994 ? 254 598 2 354 19

1995 ? 1 765 4 125 2 337 47

1996 ? 3 540 8 741 2 469 42

1997 ? 5 347 12 489 2 336 38

1998 ? 7 881 18 156 2 304 44

1999 ? 10 798 18 132 1 679 48

2000 10 000 14 477 23 654 1 634 55

2001 7 000 16 334 27 029 1 655 40

Fonte: SICA- Servicio de Información Agropecuária/MAG Equador, 2002 (fonte oficial).

Comentários:

- Há queda significativa nos preços pagos por tonelada exportada, a partir de


1998.
7.2 Preços pagos ao produtor

Tabela 22. Preços pagos por estipe.

Ano Valor atualizado dez/2001 U$)

1997 0,30

1999 0,17

2002 0,14

Fonte: SICA/Equador, 2002.

Comentários:

O preço pago declina significativamente em pouco tempo; cai para menos da


metade em cinco anos. Seria US$ 0,04 menos (dado não oficial) e US$ 0,16
menos (dado oficial) que na Costa Rica.

7.3 Custo de produção em 2002 Þ US$ 0,20 por estipe

Comentário:

O custo de produção seria US$ 0,02 maior (dados oficiais) e US$ 0, 34 menor
(dados não oficiais) que na Costa Rica. Contudo, no Equador os custos devem
ser realmente menores porque o custo da mão-de-obra é significativamente
menor.
8. COLÔMBIA
Na Colômbia havia 600 ha plantados com palmito em 1997.

8.1 Exportação de palmito

Tabela 23. Exportações de palmito, Colômbia.

Ano 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997


Valor 4 335 2 633 2 699 2 336 2 415 2 351 1 781
(US$ 1.000)

Fonte: Colombia. Ministério de Agricultura y Desarrollo Rural, 2002

Comentário:

Os dados mostram que a Colômbia exportou, até meados dos anos 90, mais
palmito que o Brasil exporta atualmente.

9. PERU
9.1 Produção e exportação de palmito

Tabela 24. Área, Produção e Exportação, 1999.

Ano Área colhida Produção Exportação Us$/t Exp.


(ha) (t) (us$ 1.000)

1999 2 006 2 781 2.130 766

Fonte: Peru, Ministério Agricultura, 2002.

Previsão para área plantada com pupunha em 2.010 ⇒ 10.000 ha.

Comentários:

Também no Peru as exportações não foram desprezíveis, se comparadas com o


volume exportado pelo Brasil.
10. BOLÍVIA

Em 1997, previsão de 3.500 ha plantados.

11. INFORMAÇÕES DOS


ESTADOS UNIDOS –
IMPORTAÇÕES
Tabela 25. Importações de palmito dos EUA.
ANO 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2000 2001
US$ 5 036 5 336 5 527 5 088 6 341 9 342 3 989 8 814 11
1.000 554

t ? ? ? ? ? ? ? 3 988 5 228

Fonte: Agrocadenas / USDA, CCI – SIAPA , 2002

Comentários:

Há uma tendência significativa de aumento das importações de palmito pelos


EUA. As indicações são de que esse é o principal mercado a explorar,
atualmente.

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1988. 110 f. Tese (Mestrado) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba:
Higiene e Sanidade do
Produto Palmito
Dorivaldo da Silva Raupp

Segurança alimentar constitui-se em um fator de fundamental importância para


a industrialização de alimentícios. Por conseguinte, deve ser observada durante
a produção das matérias-primas e seu transporte até a fábrica, no seu
processamento, bem como na comercialização e preparo do alimento
industrializado para o consumo. Quando não são aplicados os procedimentos de
boas práticas para a fabricação de alimentos, agentes físicos, químicos e
microbiológicos podem permanecer ou ser transferidos para os alimentos
durante as fases de preparo até seu consumo, e se constituírem em risco para a
conservação do próprio produto alimentício e/ou até para a saúde do
consumidor. Este pode ser o caso também do palmito, o qual está presente nos
mais caros e sofisticados pratos, por ser bem apreciado graças ao seu paladar
agradável, textura suave, e por possuir baixo valor calórico. O Brasil é o maior
produtor e consumidor de palmito do mundo, sendo que cerca de 90% do
vegetal produzido é consumido no mercado interno.

No final da década de 90 foi divulgado nos veículos de comunicação alguns casos


de contaminação pela bactéria Clostridium botulinum do produto palmito em
conserva comercializado no Brasil. Conforme noticiado, o produto teve origem
externa pela importação. Esse incidente inquietou o mercado, deixando insegura
a população consumidora de palmito e para o setor da agroindústria trouxe perdas
graves, por restringir em muito a comercialização do palmito em conserva. Casos
como esse não somente deterioram a comercialização do palmito no mercado
interno, como também a exportação, pois, mesmo não tendo como causa na
produção brasileira, o consumidor não distingue a origem do produto.
O C. botulinum é uma bactéria gram-positiva, anaeróbia obrigatória, que pode
desenvolver-se em alimentos com pH superior a 4,6, classificados como pouco
ácidos, e envasados sob vácuo, como a conserva de palmito. Nessas
condições, pode produzir uma toxina que quando ingerida pelo homem causa
uma síndrome conhecida como botulismo. Matérias-primas alimentícias como o
palmito, que apresentam atividade de água superior a 0,85 e baixa acidez (pH
superior a 4,5) comumente comercializadas na forma de envase, sob vácuo, em
embalagens de lata ou vidro, mais recentemente, também de plástico, podem
vir a constituir-se, quando não forem adequadamente industrializadas, em risco
para o desenvolvimento da bactéria C. botulinum. No entanto, hoje já existe no
Brasil tecnologia própria e segura para atender a essa demanda industrial.

O palmito em conserva pode ser contaminado por microrganismos provenientes


de três fontes fundamentais: o solo, a água superficial e o homem + os
animais, principalmente através do trato intestinal. A contaminação desse
alimento dá-se sempre pelo contato direto ou indireto com a fonte, seja ele
homem ou animal, solo ou água.

Durante a vida, os tecidos vegetais internos do palmito apresentam-se


praticamente estéreis e as defesas naturais contrabalançam os efeitos do meio
ambiente, incluindo a defesa contra o ataque de microrganismos. Depois de
privados de sua seiva, os tecidos vegetais começam imediatamente a sofrer a
ação combinada dos fatores do meio ambiente, de suas próprias enzimas e dos
microrganismos, sem oporem resistência apreciável. Grande é o número de
microrganismos de origens diversas que podem ter influência, tanto na
conservação como na decomposição desse produto alimentício. Esporos de C.
botulinum são carreados para o produto envasado, em geral, a partir do solo e
através da superfície do talo de palmito.

A aplicação de tratamento térmico no palmito envasado, com a finalidade de


obter uma total esterilização comercial, danificaria suas propriedades
organolépticas, principalmente a textura, com conseqüente perda de qualidade
do ponto de vista do consumidor. Por isso, para a conserva de palmito, a
segurança do procedimento tecnológico leva em conta a aplicação de um
tratamento térmico mais brando, porém associado a uma acidificação do
produto que garanta a permanência de seu pH sempre abaixo de 4,6 enquanto
permanecer na embalagem de comercialização. Essa prática tecnológica de
acidificação visa bloquear o desenvolvimento de esporos termo-resistentes do
C. botulinum. Em contraste, se depois do processamento as características
desse palmito permanecerem favoráveis ao desenvolvimento da bactéria
botulínica, com pH superior a 4,5, seus esporos termo-resistentes ao
tratamento térmico aplicado poderão se desenvolver para a forma vegetativa,
produzindo então a toxina já referida.

Portanto, a aplicação de tratamento térmico mais brando para a conserva de


palmito tem de estar associada a um procedimento de acidificação bem
sucedido. Assim, se ambas as práticas tecnológicas forem aplicadas com
eficiência em termos de segurança alimentar, podem resultar na obtenção de
conserva de palmito sem risco para a saúde do consumidor.

As fases críticas para a contaminação pela bactéria C. botulinum do produto


conserva de palmito são comentadas a seguir.

Corte, manuseio e transporte até a fábrica

Os cortes nas extremidades do talo de palmito devem ser feitos o mais distante
possível das partes comestíveis, para retardar sua desidratação e evitar a
contaminação por microrganismos. Por ocasião do corte e durante o tempo de
permanência do talo de palmito no campo, é importante tomar cuidados no
sentido de evitar a transferência de esporos de C. botulinum do solo para a
matéria-prima. Também durante o transporte microrganismos nocivos à saúde
do homem, bem como microrganismos que apenas danificam o produto, podem
ser carreados para o interior da fábrica através da superfície externa do talo de
palmito bruto. Devem ser evitados, ainda durante o manuseio e transporte,
danos físicos na matéria-prima, e os talos de palmito bruto precisam ser
mantidos em local limpo e seco, na sombra.

Recepção e desembainhamento do talo de palmito

Os talos de palmito devem ser recebidos e estocados em sala própria, limpa e


higienizada. Nesse mesmo local são retiradas as últimas capas ou bainhas
protetoras que cobrem a porção comestível, processo conhecido como
desenbainhamento, e também as extremidades são cortadas e descartadas.
Essa prática, por ser realizada em local próprio e isolado da sala de manipulação
da porção comestível, minimiza a contaminação por microrganismos presentes
na superfície externa do talo. Depois disso, somente a porção comestível do
talo de palmito é transferida para a sala de manipulação para o envase.

Manipulação da porção comestível do palmito

Na porção comestível, devem ser feitos cortes, um processo final de refino,


para dividí-la em três partes, coração ou creme (parte central ou intermediária),
basal ou caulinar e apical.

apical primeira basal

O coração ou creme de palmito é cortado em talos de 9 cm de comprimento; as


demais porções recebem cortes variados para o envase. Essas porções devem
ser mantidas em água com ácido cítrico em concentração próxima de 0,1-
0,2%. O ácido cítrico inibe o desenvolvimento de microrganismos, além das
reações bioquímicas de escurecimento.

O envase do palmito

Para obter-se um procedimento de envase seguro, as porções cortadas e


padronizadas de coração ou creme de palmito devem ser arrumadas em
embalagens de vidro ou de lata com capacidade para conter 300 g (ou outra
quantidade determinada como referência) do produto.

Como o envase é feito ao acaso, poderá ocorrer discrepâncias de peso. Assim,


a variação, entre os vidros, do peso do produto drenado que, em geral, é de até
10%, para mais ou para menos, pode chegar em alguns casos a até 30%. Os
vidros em que o peso do palmito drenado é superior a 300 g recebem, em
geral, menos volume de salmoura acidificada do que os vidros que contém 300
g exatos de palmito. Por conseguinte, a quantidade de ácido cítrico transferida
juntamente com a salmoura para o vidro envasado, contendo quantidade
excessiva de palmito, pode ser insuficiente para baixar o pH do produto até
níveis considerados seguros, segundo o que prescreve a legislação. Assim,
nesses vidros, o pH do palmito pode permanecer acima de 4,5, portanto dentro
da faixa em que a bactéria C. botulinum é capaz de se desenvolver para
produzir a toxina letal ao homem.

Por outro lado, pode também acontecer que, embora a quantidade de palmito
no vidro seja normal (300 g), a concentração do ácido cítrico da própria
salmoura ser insuficiente para baixar o pH do produto até níveis considerados
seguros. Isso implica na prática de procedimentos adequados para a
acidificação da salmoura, que inclui a titulação do palmito in natura até pH
recomendado como seguro (em geral em torno de 3,8) e o cálculo da
concentração de ácido cítrico que deve ter a salmoura. Portanto, um erro nesse
procedimento de acidificação da salmoura pode significar uma acidificação
insuficiente do palmito, mesmo que corretamente envasado quanto ao peso.

Assim, quanto mais o palmito dentro do vidro exceder o nível de 300 g de peso
drenado, maior será a possibilidade de desenvolvimento do C. botulinum. Em
contrapartida, quando o peso drenado dos palmitos está abaixo de 300 g não
há riscos para a saúde do consumidor porque, nessas condições, os vidros
recebem, em geral, uma quantidade de ácido cítrico superior à requerida.

Tratamento térmico após a vedação completa do vidro

Tempos longos de fervura dos vidros ou latas significam maior segurança para
o consumo, mas os palmitos ficam moles/macios, isto é, perdem a rigidez
característica ao dente. Em contrapartida, tempos curtos de tratamento térmico
conferem uma textura apropriada, no entanto, gerando riscos para a saúde do
consumidor.

Assim, é necessário aplicar tratamento térmico brando para garantir a


permanência de textura aceitável. Porém deve ser incluída a acidificação no
produto envasado para obter nele pH seguro, abaixo de 4,6, até o produto ser
consumido.
Resfriamento

O resfriamento do produto ao ar livre, até alcançar a temperatura ambiente,


tem a desvantagem de permitir que o palmito permaneça exposto, por mais
algum tempo, a temperaturas altas e, portanto, continua seu processo de
cozimento e de amolecimento. O uso de resfriamento forçado do produto já
tratado termicamente, como a permanência em água fria, tem a vantagem de
interromper o cozimento do produto. Por conseguinte, deixa o palmito com
textura mais firme. Além disso, esse resfriamento forçado denuncia falhas de
vedação na embalagem, pois, se isso ocorrer, as superfícies das tampas, tanto
do vidro como da lata, perdem sua curvatura para dentro.

Lacre da embalagem

Se possível, proteger a tampa com adesivo (lacre), para evitar que a embalagem
seja violada após o processamento, isto é, que a tampa seja aberta e ocorra
uma contaminação do produto. Esse procedimento representa uma garantia
para o fabricante contra possíveis violações da embalagem do produto durante
a sua comercialização e também gera confiança do consumidor.

Armazenamento

Os vidros devem ser mantidos em local bem higienizado, fresco, seco, e em


ambiente escuro. O produto processado de acordo com as especificações
descritas antes pode ser consumido em até dois anos. É exigência legal
determinar o período de sua validade.

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Zoneamento da Pupunha do
Estado do Paraná
João Henrique Caviglione

O zoneamento agrícola das plantas cultivadas para o Estado do Paraná visa à


redução do risco de perda de safra por fenômenos e adversidades climáticas.
Com base em eventos já ocorridos, este estudo tem o objetivo de orientar os
produtores no sentido de adotarem a época de plantio ou de condução de
tratos culturais que historicamente possuam a menor probabilidade de perda.

Fatores limitantes à produção de plantas cultivadas: aspectos edafoclimáticos

Para produzir, as plantas cultivadas dependem de muitos fatores. Estes,


basicamente, podem ser genéticos, edáficos e climáticos. Os principais fatores
climáticos que podem limitar a produtividade das plantas cultivadas estão
relacionados à temperatura e à água. A temperatura ótima para a maioria das
culturas situa-se entre 10 e 30ºC. Acima desta faixa ocorre a aumento da
transpiração e a redução do crescimento, com a possibilidade de abortamento
das flores; abaixo, o crescimento e desenvolvimento são paralisados; no
entanto, abaixo de 0ºC ocorre o congelamento e morte dos tecidos vegetais
que levam, muitas vezes, a danos irrecuperáveis.

A água é necessária em vários processos metabólicos, desde a condução de


seiva e nutrientes pela planta até a composição de fotoassimilados gerados pela
fotossíntese. As plantas absorvem, pelas raízes, a água que se encontra
armazenada no solo. A Figura1 ilustra a dinâmica do balanço de água no solo.

Neste balanço, o solo é responsável pelo armazenamento da água através de


sua microporosidade e macroporosidade. As entradas no balanço ocorrem pela
precipitação ou irrigação e pela ascensão capilar, enquanto que a drenagem
profunda, escorrimento superficial e a evapotranspiração são responsáveis pelas
saídas.

Figura 1. Diagrama da dinâmica de água no solo e balanço hídrico.

O clima no Estado do Paraná

No Paraná existem diversas estações de coleta de dados meteorológicos para


as determinações acima. O Iapar e o Simepar possuem estações meteorológicas
que adquirem informações de vento, radiação solar, umidade relativa do ar,
precipitação e temperatura, sendo que as do Iapar possuem histórico desde
1972 em sua maioria. O Inmet, Suderha e Aneel possuem uma série de postos
pluviométricos espalhados pelo estado. A Figura 2 apresenta o mapa do Paraná
com a distribuição dos principais postos pluviométricos, que foram agrupados
segundo suas características de distribuição ao longo dos anos.

Com base nos dados dos postos acima citados são calculados os riscos
climáticos para cada parâmetro com base no ciclo fenológico da cultura e na
suscetibilidade de cada estágio cultural. A seguir, são apresentados alguns
parâmetros climáticos estimados para o Estado que ressaltam algumas
características prevalentes no Paraná.
A Figura 3 apresenta a classificação climática do Estado do Paraná e ressalta os
dois tipos climáticos predominantes o CFa e o CFb, que respectivamente
representa um clima sub-tropical e temperado típicos. A transição climática
observada na Figura 3 também é decorrente da variação de altitude que pode
ser observada na Figura 4, onde as maiores altitudes encontram-se no Sul do
estado, acentuando o efeito da latitude no clima temperado; em contrapartida,
as menores altitudes são encontradas no Norte, acentuando o efeito do clima
sub-tropical e tropical.

Figura 2. Mapa dos principais postos pluviométricos do Estado agrupados em


cluster segundo o regime pluviométrico.

Figura 3. Mapa da classificação climática do Estado do Paraná, segundo Köppen


Figura 4. Mapa hipsométrico do Estado do Paraná.

Da Figura 5 à Figura 7 são apresentados diversos mapas que ilustram a


variação de alguns parâmetros climáticos que estão sendo trabalhados e serão
utilizados no zoneamento da pupunha para o Estado do Paraná. A Figura 5
expressa a distribuição do total anual das chuvas. Os valores mais elevados são
encontrados no litoral; alguns pontos atingem valores próximos a 3.500 mm de
precipitação anual, enquanto que as menores precipitações estão concentradas
no Norte do Estado em valores de até 1.200 mm. As regiões Centro-Sul e
Sudoeste apresentam grandes precipitações, a qual não observa regularidade
durante o ano no Norte e Noroeste no Estado.

A Figura 6 apresenta a evapotranspiração potencial anual, ou seja, a


necessidade de água acumulada durante o todo. O padrão de distribuição
observado no mapa revela um déficit na região Norte e, principalmente, no
Noroeste. No entanto, as médias anuais não passam de indicativos. É necessário
que o estudo de balanço hídrico seja realizado em cada estação meteorológica
durante os diversos anos existentes nos bancos de dados, o que tornaria
possível a obtenção da distribuição e freqüência correta dos períodos de
restrição hídrica.
A Figura 7 exemplifica como a questão da geada será tratada neste
zoneamento. Neste caso é estudado o risco de ocorrência de geada no 1o
decêndio de julho, que é um dos meses com maior ocorrência de geadas. A
região em verde indica que o risco de ocorrer geada neste período de 10 dias é
inferior a 10%, enquanto que a região em preto este risco ultrapassa a 30%,
ou seja, em cada três anos ocorrerá geada num deles neste período.

Figura 5. Mapa da precipitação total no Estado.

Figura 6. Mapa de evapotranspiração potencial anual acumulada.


Figura 7. Mapa de risco de geada no 1 o decêndio de julho.

Figura 8. Zoneamento atual da pupunha.


A Figura 8 apresenta o atual zoneamento da pupunha para o Estado realizado
pelo Iapar. O presente estudo visa definir as regiões, épocas e principais
características de manejo para o cultivo da pupunha para exploração de
palmito. Serão considerados os dois ciclos de cultivo, ou seja, o primeiro ano de
implantação e os subseqüentes de condução. Nestes ciclos serão calculado o
balanço hídrico e determinado o risco do déficit hídrico para cada decêndio. O
zoneamento considerará também o risco mínimo de geada para cada decêndio,
principalmente durante a fase de implantação que é o período mais sensível a
morte de plantas por geada.

O zoneamento da pupunha para o Estado do Paraná está sendo realizado por


uma equipe multidisciplinar do Instituto Agronômico do Paraná – Iapar,
composta pelo Eng. Agr. Paulo Henrique Caramori, PhD. em Agroclimatologia,
Eng.Agr. João Henrique Caviglione, mestre em Geoprocessamento, Eng Agr.
Francisco Paulo Chaimsohn, mestre em Fitotecnia e Eng. Fl. Maria Eliane
Durigan, mestre em Silvicultura; além de outras pessoas que compõe a equipe
de apoio e suporte ao presente trabalho.

Novos estudos devem ser conduzidos no sentido de acrescentar neste estudo o


potencial produtivo de cada época e situação.
Situação dos Palmitos
Cultivados no Paraná
Cirino Correa Júnior

A cultura da pupunha apresenta potencial de crescimento no Paraná nos


próximos anos como fonte de renda aos agricultores, como atestado pelos
dados das Tabelas 1 e 2.

Tabela 1. Previsão de área e produção de palmitos cultivados por região do


Estado do Paraná. Ano 2002.

Região Área (ha) no de pés (1000) no de VBP


produtores (R$)
Pupunha Palmeira -Real Total Pupunha Palmeira-Real Total

Vale da
Ribeira 55,6 166,7 222,3 278 2500 2778 230 2788000,00

Litoral 133,0 236,0 369,0 665 3541 4206 315 4204000,00

Norte/
Noroeste 274,0 228,1 502,1 1370 3420 4970 245 4970000,00

Total 462,6 630,8 1093,4 2313 9641 11774 790 11774000,00

Fonte: Emater - Paraná, 2002


Tabela 2. Evolução da área e produção de palmitos cultivados no Estado do
Paraná para o ano de 2002.
2001 2002
Tipo de
o o
Palmácea Área (ha) n de pés VBP (R$) área (ha) n pés VBP (R$)

Palmeira-real 574,0 3.618.000 3.618.000,00 630,8 9.461.000 9.461.000,00

Pupunha 307,6 1.538.000 1.538.000,00 462,6 2.313.000 2.313.000,00

Total 881,6 5.156.000 5.156.0 00,00 1093,4 11.774.000 11.774.000,00

Fonte: Emater - Paraná, 2001. Emater - Paraná, 2002.


VBP-Valor bruto da produção.

Com base nas informações das Tabelas 1 e 2, e em observações acumuladas


pela extensão rural no Estado do Paraná, podem ser feitas as seguidas
considerações:

a) Em 2001, a área total plantada teve um aumento de 40,6% e o número


de pés 56,05% em relação a 2000;

b) Em 2002, a área plantada de palmeira real aumentou em 161,41% em


relação a 2001;

c) Observa-se uma forte tendência de aumento do plantio da palmeira real


em razão do preço da muda, interesse pessoal e “marketing”;

d) Em 2002, a área plantada com pupunha aumentou em 50,39% em


relação a 2001;

e) O número de plantadores de palmitos foi de 495 em 2001 em 2002, de


790, resultando em aumento de 59,60%;

f) Quanto ao valor bruto da produção – VBP, poderá alcançar aumento de


59,6% em relação a 2001;

g) As geadas de 2000 ocasionaram sérios problemas nas plantações de


pupunha e palmeira real, tais como morte das mudas por causa do plantio
na face sul e nas baixadas e “queima” do palmitos em plantas adultas

h) A estruturação do setor palmito foi evidenciada pela constituição de


associações de produtores, especificamente de palmitos, de Morretes e
Adrianópolis.
Situação dos Palmitos
Cultivados no Litoral:
Pupunha e Palmeira Real
Sebastião Bellettini

A abordagem abaixo procura apresentar informações diversas sobre as culturas


da pupunha e da palmeira real no litoral do Estado do Paraná, no tocante a
pontos considerados importantes para os produtores e interessados por estas
culturas.

Inicialmente, são destacados alguns pontos positivos e negativos relacionados


às culturas da pupunha e da palmeira-real.

PONTOS POSITIVOS:

• Início dos trabalhos em 1994 com o envolvimento do Iapar, da Emater-PR


e de produtores do litoral;

• Em 1997 foram desenvolvidos trabalhos mais intensos, realização de


viagens, reuniões e cursos com recursos do Estado (Seab), Pronaf e
Prefeituras, envolvendo as áreas de pesquisa, indústria, extensão através
da EMATER-PR e produtivo (agricultores);

• Destaca-se a boa aceitação destas culturas por parte dos agricultores,


indústria e consumidores;

• Paulatinamente, foram sendo identificados os agricultores do litoral com


vocação para o plantio de arecáceas ou palmeiras produtoras de palmito;
• Em 2000, foram montadas 4 unidades experimentais de pupunha com a
Embrapa Florestas;

• Em 2001 foi montada uma Unidade Experimental de Palmeira Real em


Paranaguá com a Embrapa Florestas, Emater - PR, Prefeitura e produtores;

• Foi visto que a pupunha e a palmeira real constituem-se em boas


alternativas para o litoral, uma vez que são culturas econômicas, sociais e
ecológicas;

• Foi feito o aproveitamento de áreas já abertas;

• Os plantios foram feitos com recursos próprios;

• O Banco do Brasil já financiou 50 projetos nos municípios de Morretes e


Guaraqueçaba para 50 produtores, num valor aproximado de R$ 200 mil;

• As áreas vêm aumentando a cada ano;

• As mudas de palmeira real são produzidas em mutirões, individualmente


nas propriedades, e compradas em viveiros;

• As mudas de pupunha são compradas em viveiros;

• Tem havido uma participação muito forte das prefeituras na produção e


transporte de mudas.

PONTOS NEGATIVOS:
• Dificuldades na aquisição de mudas de pupunha;

• Alto preço das mudas, quando compradas;

• Incentivos muito tímidos dos órgãos ambientais;

• Falta ou é incipiente o incentivo das indústrias no fomento à parceria com


produtores;
• A liberação de corte é muito demorada, desestimulando os produtores;

• A falta de fiscalização na venda de conservas clandestinas;

• Por pagar impostos normais, a indústria apresenta dificuldade para


competir com os clandestinos que atuam sem quaisquer condições de
higiene no processamento do palmito.

Em seguida, são apresentados alguns levantamentos efetuados dentro das


culturas da pupunha e da palmeira real que denotam a situação das mesmas no
litoral do Estado do Paraná.

Tabela 1. Número de produtores e número de plantas no Litoral.

Área (ha) Cultura Produtores Plantas


126 Pupunha 95 633.000
295 Palmeira real 220 3.541.000
421 Total 315 4.174.000

Tabela 2. Número de plantas por produtor – Pupunha.


Número de plantas Produtores %
Até 5.000 47 50
De 5.001 a 10.000 30 31
De 10.001 a 20.000 11 11
De 20.001 a 40.000 5 6
Mais de 40.000 2 2
Total 95 100
Tabela 3. Número de plantas por produtor – palmeira real.
Número de plantas Produtores %
Até 10.000 134 61
De 10.001 a 30.000 65 29
De 30.001 a 50.000 12 6
De 50.001 a 100.000 7 3
Mais de 100.000 2 1
Total 220 100

Tabela 4. Produtividade e tempo de corte.

Pupunha 36 meses 800 g 80% da área


Palmeira real 5 anos 600 g 80% da área

Tabela 5. Fábricas de conservas no Litoral.

Guaratuba 1
Antonina 5
Paranaguá 1
Guaraqueçaba 1
Tabela 6. Rendimento e relação de corte de pupunha.

Número de peças Picadinho Rodela Tolete Relação vidro/peça


100 236 45 65 3,46
50 120 24 33 3,54
50 107 26 34 3,34
100 122 57 52 2,31
70 156 34 47 3,38
60 49 36 24 1,82
60 89 30 33 2,53
70 115 33 43 2,72
70 89 37 44 2,42
70 97 36 43 2,51
90 167 53 64 3,15
790 1.347 411 482 2,83

Tabela 7. Produção por tipo de palmito em função do número de peças corta-


das.
No Produção de palmito vidros com 300 g
Peças Tolete Relação Picado Relação Rodela Relação
Tolete/Peça Picado/Peça Rodela/Peça
790 482 0,6 1347 1,7 411 0,5
Situação das Palmeiras
Produtoras de Palmito no
Noroeste do Paraná
Edison Eiti Mikami

Os primeiros plantios de palmeiras no Noroeste do Paraná, iniciaram-se no


início da década de 90 com a espécie pupunha (Bactris gasipaes Kunth.) como
alternativa de diversificação das pequenas propriedades. Entretanto, em razão
dos elevados preços de mudas e sementes, dificuldade de conseguir sementes
sem espinhos, falta de indústrias processadoras do palmito e de tecnologias e
assistência técnica, e pouca credibilidade em relação à cultura, não
possibilitaram grandes plantios na região.

A partir de 1998, com o incentivo do plantio de pupunha por parte de algumas


prefeituras, foram instaladas unidades de produção de mudas em alguns
municípios, aumentando o interesse pelo plantio na região. Em decorrência das
geadas ocorridas em 2000 as lavouras implantadas tiveram perdas
consideráveis, principalmente as áreas localizadas nas partes mais baixas da
propriedade.

Em 2001, com a divulgação das qualidades da palmeira real, surgiu o interesse


por essa espécie e, graças à facilidade de obtenção das sementes no litoral do
Paraná e Santa Catarina foram instalados vários viveiros nas regiões Norte e
Noroeste do Estado do Paraná.

No ano de 2002 a estimativa de produção foi de 600.000 mudas de pupunha e


de 3 a 4 milhões de mudas de palmeira real no Norte/Noroeste do Paraná.
Atualmente, as áreas de pupunha implantadas estão parcialmente abandonadas
devido ao desestímulo dos produtores em relação a falta de compradores do
palmito na região.

As principais limitações para as palmeiras ou palmeiras produtoras de palmito


no Noroeste relacionam-se com a falta de água em determinadas épocas do
ano, necessitando de sistemas de irrigação para o seu cultivo de forma
satisfatória; geadas que provocam perdas consideráveis no campo,
principalmente no primeiro ano de implantação da cultura; ventos nas áreas
sem quebra-ventos, provocando lesões foliares; pragas e doenças,
principalmente problemas com algumas brocas e a antracnose. Em relação à
palmeira real, os fatores mais limitantes são as temperaturas elevadas e o
déficit hídrico, que acarretam perdas da área foliar na planta. Pode-se afirmar,
também, que o desenvolvimento da palmeira-real na região é muito mais lento
em relação à pupunha, demorando de 4 a 5 anos para efetuar o seu corte,
enquanto que a pupunha atinge a fase ideal com 2 anos.

As principais considerações a serem feitas para a pupunha e a palmeira-real no


Noroeste do Paraná referem-se à avaliação do mercado, estudos sobre o
potencial das espécies produtoras de palmito e tecnologias de produção para o
Noroeste.
Sementes e Mudas –
Pupunha e Palmeira Real
Maria Eliane Durigan
Marcos Roberto Treitny

Este artigo sumariza as principais informações para a obtenção de sementes e a


formação de mudas de pupunha e palmeira-real.

1. SEMENTES
1.1 Colheita
PUPUNHA PALMEIRA REAL

dezembro a março Litoral PR: A partir de novembro

Litoral PR: maio a setembro (Safra 2002/2003): set/out


2002

1.2 Compra
PUPUNHA PALMEIRA REAL

Aquisição: janeiro a março Aquisição: a partir de dezembro

Preço médio: US$ 15,00/kg Preço médio: R$ 10,00/kg


1.3 Tratamento
PUPUNHA

As sementes devem ser retiradas dos frutos, manualmente, depois de colhidos.

PUPUNHA e PALMEIRA REAL

Imersão em água por dois dias;

Limpeza;

Imersão por 15’ em recipiente com água: hipoclorito de sódio (3 : 1);

Retirada do excesso de umidade e secagem à sombra;

Excesso de umidade – dificulta a respiração das sementes e favorece o ataque


de fungos;

Término do processo de limpeza e desinfestação – semeadura ou


armazenamento.

PALMEIRA REAL

Armazenamento em sacos plásticos sob refrigeração (± 6ºC).

1.4 Tamanho das Sementes


PUPUNHA PALMEIRA REAL

Comprimento: 2,2 cm (médio) Comprimento: 1,4 cm (médio)

Diâmetro: 1,5 cm (médio) Diâmetro: 0,9 cm (médio)

1kg = 400 sementes – 200 mudas 1kg = 1000 sementes = 900 mudas

Material genético sem espinho produz entre 5 e 7% das mudas com espinho

Material genético com espinho produz entre 2 e 5% das mudas sem espinho
1.5 Sementeira
Os canteiros devem ser preparados com serragem curtida, terra, areia, casca de
arroz ou outro material disponível;

1m de largura x comprimento variável;

Base dos canteiros – 10 cm de areia com 20 cm do substrato;

Distribuição das sementes: uniforme – 3 a 5 kg/m2;

Cobrir com 2 cm de substrato;

Irrigar em seguida;

A sementeira deve ser coberta com 50% de luz (material – plástico ou


sombrite);

No litoral do PR – Utiliza-se túnel plástico transparente;

Manejo do túnel – Abertura 9 horas; fechamento 15 horas (dias com sol);

Mantido fechado em dias nublados;

Mantido fechado no lado do vento.

Canteiros devem ser regados quando a camada superficial está seca;

As sementes não devem ficar descobertas;

Não é necessário efetuar adubações;

A germinação inicia-se 30 dias após a semeadura, podendo-se estender até por


180 dias;

Após 60 a 120 dias: grande parte das sementes já deve ter germinado

A germinação varia de 70 a 80% quando atendidas as condições básicas


(umidade e temperatura);

Problemas na sementeira: formigas, cochonilhas, ratos e fungos.


2. MUDAS

2.1 Substrato para as embalagens


Mistura de 3 partes de terra e 1 parte de matéria orgânica;

A cada 1 m3 da mistura pode-se adicionar 3 kg de superfosfato triplo + 2 kg


de cloreto de potássio;

Dimensões das embalagens: 12 x 18 cm; 15 x 25 cm;

10 x 25 cm (45 mudas/m2); 15 x30 cm (35


mudas/m2);

Canteiros: 1m de largura x comprimento variável.

2.2 Transplante (ou repicagem)

PUPUNHA

Transplantar as mudas quando tiverem mais de 1cm, com raízes já formadas;

Transplantar, de preferência, em dias nublados ou em área sombreada em dias


de sol forte;

Cuidados na repicagem: não cortar as raízes; a semente deve ser mantida junto
ao broto.

PALMEIRA REAL

Em sacos plásticos: Semeadura direta – 2 sementes/pacote

Seleção: Após 120 dias, eliminar a menor;

Germinação: Início – 30 dias.


2.3 VIVEIRO
Deve ser feita cobertura com folhas de palmeira, bambu, sombrite, túneis
plásticos;

Deve ser feita retirada gradativa do sombreamento;

Deve ser feita rega abundante após o plantio;

Durante a permanência no viveiro a umidade deve ser constante;

Visando ao preparo para campo, diminuir gradativamente as regas, quando


necessário;

O controle de ervas invasoras deve ser feito manualmente; contra pragas deve
ser aplicado óleo natural e contra doenças, óleo natural + fungicidas;

As pragas que ocorrem em condições de um viveiro com pupunha são:


gafanhotos, lagartas, vaquinhas, cochonilhas, ácaros, formigas cortadeiras,
grilos, paquinhas, ratos, lebres, pacas, preás;

As doenças que ocorrem com mais freqüência em condições de um viveiro com


pupunha são: antracnose (Colletotrichum) – diminuir irrigação e aplicar
fungicidas específicos e alternados (uma vez/semana até final do inverno);
helmintosporiose; Phomopsis e Phytophthora;

Obs.: Aplicação dos produtos fungicidas e/ou inseticidas - deve-se consultar um


técnico;

Adubação no viveiro (sugestão): Quando as mudas apresentarem sintomas de


deficiência, aplicar:

− 80 g de uréia + 120 g de superfosfato simples + 20 g de cloreto de


potássio em 20 litros de água p/ 200 mudas;

− Pode-se adicionar na solução 20 g de sulfato de magnésio + 10 g de


sulfato de cobre + 10 g de sulfato de zinco + 5 g de ácido bórico;
− Após a adubação regar as mudas com água limpa;

− Não adubar em dias ensolarados.

Seleção de mudas:

No caso da pupunha, eliminar as mudas com espinhos;

Para ambas, pupunha e palmeira real, as mudas de qualidade são as que


apresentarem maior diâmetro na base do caule e com maior número de folhas
vivas, pois apresentarão maior precocidade para produção de palmito;

Selecionar as mudas por classe de desenvolvimento (lotes homogêneos);

Eliminar as mudas com nanismo, má formação, despigmentação e ataque


severo de pragas e doenças.
Palmeira-Real-da-Austrália:
Características e Cultivo
para Produção de Plamito
Milton Geraldo Ramos

1.INTRODUÇÃO
As espécies de palmeira-real-da-austrália (Archontophoenix spp) são palmeiras
amplamente cultivadas em todos os trópicos e subtrópicos como plantas
ornamentais. Em Santa Catarina vêm sendo cultivadas em quase todos os
municípios do Litoral e Médio Vale do Itajaí, igualmente para fins ornamentais.
Entretanto, seu cultivo para produção de palmito já tinha sido destacado na
década de 70, com amplas possibilidades de substituir o palmiteiro nativo
(Euterpe edulis), produzindo mais creme ou parte comestível, bem como palmito
de ótimo paladar.

Na atualidade, vem crescendo o interesse pelo cultivo das mesmas a partir da


região do Litoral Norte e difunde-se para as demais regiões do Litoral e Vale do
Itajaí. As primeiras experiências na industrialização confirmam as informações
quanto à produção de creme e sua qualidade.

Estudos realizados em palmeirais implantados por produtores, para


comprovação do cultivo destas palmeiras produtoras de palmito para produção
comercial na região do Litoral Norte de Santa Catarina, ratificaram as
informações iniciais quanto à produção de palmito por planta e quanto às
qualidades para o processamento industrial (Tabela 1).
Tabela 1. Características dos palmeirais avaliados e produção média/planta
(Ramos, 1999).

Localização do Idade das palmeiras População Produção média


palmeiral (meses) (pl/ha) (g palmito/planta)
Massaranduba 24 40.000 385,8
Guaramirim 42 12.000 1260,3
Guaramirim 57 4.000 1480,8
Guaramirim 57 7.500 1866,5

Com base na relação entre a altura das palmeiras, o diâmetro do caule no ponto
de embarrigamento (Figura 1) e a produção total de palmito por planta, foi
elaborada a Tabela 2, que possibilita avaliar a produção de palmito com as
plantas ainda em pé.

Figura 1. Palmeira-real-da-austrália na fase de corte para produção de palmito


(HTP=altura e DPE=diâmetro).
Tabela 2. Relação entre a altura, o diâmetro no ponto de embarrigamento e a
produção de palmito total por planta ( Ramos, 1999).

Altura total (HTP) Diâmetro (DPE) Produção


(cm) (cm) (g palmito/planta)

50 6,3 102
100 7,4 255
150 8,6 434
200 9,9 634
250 10,9 849
300 12,1 1079
350 13,2 1323
400 14,4 1576
450 15,5 1840
500 16,7 2114

2. DESCRIÇÃO DE ESPÉCIES

A) Nome comum: Palmeira-real-da-austrália-de-cunninghann (Figura 2).

Nome científico: Archontophoenix cunninghamiana Wendl et Drude.

Origem: Austrália, Queensland e New South Wales; altitude > 1000 m,


subtropical.

Características: Estipe único, não proeminente na base, cicatrizes


foliares irregulares e ondulamente disposta. Altura de 15 a 20 m.
Florescimento no verão – outono; flores novas com coloração roxo–
lilás. Frutificação no outono; frutos com coloração vermelha. Sementes
com coloração amarelo–rosado logo após o despolpamento e com
fibras que permanecem aderentes.

B) Nome comum: Palmeira-real-da-austrália-de-alexandra (Figura 3).

Nome científico: Archontophoenix alexandrae Wendl. et Drude.

Origem: Austrália, Queensland, altitudes < 1000, tropical.


Características: Estipe único, proeminente na base, cicatrizes foliares
regularmente dispostas no sentido horizontal. Altura em Santa Catarina até 25
m, mas pode alcançar 30 a 32 m. Florescimento da primavera ao outono; flores
novas com coloração branca ou creme. Frutificação da primavera ao outono;
frutos com coloração vermelha. Sementes com coloração amarelo–esverdeado
logo após o despolpamento e com fibras que soltam-se da extremidade apical.

Figura 2. Detalhes da base do estipe e coloração de bainha foliar externa e


inflorescência das espécies de palmeira-real-da-austrália.
(Archontophoenix cunninghamiana)

Figura 3. Detalhes da base do estipe e coloração de bainha foliar externa e


inflorescência das espécies de palmeira-real-da-austrália (Archontophoenix
alexandrae).
2.1 Características dos frutos e sementes da Palmeira-
Real-da-Austrália

Os frutos da palmeira-real-da-austrália são do tipo drupa, fruto de mesocarpo


carnoso, com uma única semente. Eventualmente, podem ocorrer frutos com
duas ou mais sementes geminadas; isso deve ser considerado como uma
anomalia e a planta matriz deve ser descartada.

Quando maduros os frutos têm uma coloração vermelho-intenso. À medida que


amadurecem, apresentam diversas tonalidades que variam do verde-claro
(limão), passando para o alaranjado (laranja), vermelho-claro (acerola) até atingir
o vermelho-intenso (cereja), conforme figura 4. Pode ocorrer variação na
intensidade das tonalidades. A maior uniformidade de maturação dá-se nos
meses de novembro a janeiro, para as condições climáticas do litoral de Santa
Catarina.

Os frutos apresentam forma globosa, levemente ovalada, com uma média de


800 frutos por quilo.

Figura 4. Frutos de palmeira-real-da-austrália nos diversos estágios do


amadurecimento: limão(1); laranja (2); acerola (3) e cereja (4).

As sementes da palmeira-real-da-austrália são obtidas após o despolpamento


dos frutos. Apresentam formato também arredondado, podendo ser levemente
ovalada. A semente despolpada apresenta externamente o endocarpo, camada
dura e fibrosa do fruto que desprende-se mediante a secagem. Logo após o
despolpamento as sementes de A. alexandrae apresentam coloração
esverdeada; as de A. cunninghamiana, coloração rosada (Figura 5).

Figura 5. Sementes despolpadas de espécies de palmeira-real-da-austrália, A .


alexandrae (1) e A. cunninghamiana (2).

Sob o endocarpo está o tegumento, camada fina, semelhante a uma película, e


logo em seguida encontra-se o endosperma, tecido de reserva ou nutritivo, de
coloração esbranquiçada. Dividindo a semente ao meio, longitudinalmente,
pode-se visualizar o embrião, futura planta, ponto minúsculo quando comparado
ao endosperma. A forma prática para verificar a viabilidade da semente é
através da coloração do embrião. Se estiver escuro ou seco a semente está
inviável, portanto sem condições de germinar.

As sementes recém colhidas com os frutos maduros (cereja), apresentam


melhores índices de germinação (Tabela 3). Em média um quilo contém mil
sementes.
Tabela 3. Germinação, teor de umidade, e quantidade de frutos e sementes
por quilo para diferentes estágios de maturação dos frutos de palmeira-real-da-
austrália (Heck, 1998).

Estágios de maturação
Fatores
Limão Laranja Acerola Cereja
Germinação (%) 26 36 64 77
Umidade dos frutos (%) 57 52 56 53
Umidade das sementes (%) 56 49 54 50
Frutos/kg (no) 715 735 672 648
0
Sementes/Kg (n ) 866 933 847 885

As sementes da palmeira-real não resistem ao dessecamento ou secagem,


perdendo rapidamente o poder germinativo. Sementes maduras apresentam um
teor de água em torno de 50%; portanto, para conservá-las durante algum
período há necessidade de manter este alto conteúdo de umidade (Tabela 4).

Tabela 4. Germinação e umidade em sementes de palmeira-real-da-austrália


armazenadas durante 30, 60, 90, 120, 150 e 180 dias em água, câmara fria e
ambiente natural (Heck, 1999).
Período de armazenamento (dias) 1
Formas de Inicial 30 60 90 120 150 180
armazenamento
A B A B A B A B A B A B A B

Água 51 87 50 94 53 95 53 92 54 86 54 84 54 87

Câmara Fria 51 87 52 93 53 81 52 76 49 84 51 67 52 73

Ambiente
Natural 51 87 26 78 15 0 16 0 18 0 19 0 20 0

(1)
A= conteúdo de umidade, B= percentual de germinação
2.2 Preparo das sementes

Previamente ao processo de germinação as sementes devem ser preparadas


para que o processo ocorra mais rápido e de forma uniforme, retirando-se a
polpa que as envolve. A retirada da polpa ou despolpamento pode ser realizado
manual ou mecanicamente através do uso de máquina despolpadeira. Quando o
despolpamento é manual recomenda-se deixar os frutos imersos em água por 2
a 5 dias ou até que a polpa desprenda-se com facilidade.

Quando a semente é despolpada mecanicamente, deve-se fazê-lo logo após a


colheita, quando o fruto ainda tem a polpa firme.

Se armazenadas por algum período, devem ser desinfestadas com uma solução
de hipoclorito a 0,2%.

Procedimento:

Preparo da solução:

1 litro de água sanitária comercial (produto comercial com 2 a 2,5% de


hipoclorito) e 9 litros de água.

Aplicação: regar, deixando escorrer a solução através da massa de sementes;


utilizar ou armazenar as sementes ainda úmidas.

2.3 Mudas por semeadura direta

Por este processo, as sementes são postas para germinar diretamente nas
embalagens em que permanecerão até o transplante para o local definitivo.
Pode-se utilizar sementes pré-germinadas.

As sementes são colocadas na superfície do substrato fazendo-se uma leve


pressão sobre as mesmas. Em seguida, devem ser cobertas com uma camada
de ± 1 cm de material inerte, como casca de arroz carbonizada ou areia. No
caso de sementes pré-germinadas deve-se ter cuidado com o coleóptilo, ao
pressionar a semente sobre a superfície do substrato.
Durante o período de germinação e até o estágio de duas folhas há necessidade
de proteção das mudas contra raios solares e chuvas fortes.

Sob temperaturas inferiores a 20 oC, recomenda-se utilizar estufas ou túneis


sobre os canteiros de embalagens.

2.3.1 Mudas por semeadura direta

Por este processo, as sementes são postas para germinar diretamente nas
embalagens em que permanecerão até o transplante para o local definitivo.
Pode-se utilizar sementes pré-germinadas (Figura 6).

As sementes são colocadas na superfície do substrato fazendo-se uma leve


pressão sobre as mesmas. Em seguida, devem ser cobertas com uma camada
de ± 1 cm de material inerte, como casca de arroz carbonizada ou areia. No
caso de sementes pré-germinadas, deve-se ter cuidado com o coleóptilo, ao
pressionar a semente sobre a superfície do substrato.

Durante o período de germinação e até o estágio de duas folhas há necessidade


de proteger as mudas contra raios solares e chuvas fortes.

Sob temperaturas mais baixas que 20 oC, recomenda-se utilizar estufas ou


túneis sobre os canteiros de embalagens.

Figura 6. Estádios iniciais de desenvolvimento da palmeira-real-da-austrália.


2.3.2 Mudas de raiz nua

A semeadura para produção de mudas de raiz nua é feita em sementeiras,


preferentemente em linhas, mantendo um espaço de cerca de 5 cm entre as
linhas e na linha de 0,5 a 1,0 cm. Se semeadas a lanço, a densidade deve ser
de 2,0 a 2,5 kg de sementes/m2.

O substrato deve ter as mesmas características que as do processo anterior,


devendo adicionar-se ao mesmo nutrientes provenientes de adubos, preferenci-
almente os adubos orgânicos.

Sob condições de temperaturas baixas podem ser utilizadas as técnicas da pré-


germinação de sementes e a produção em estufa ou sob tunel.

Procedimento:

1) o local deve ter boa drenagem e acesso fácil;

2) formar canteiros com 80 a 100 cm de largura e altura adequada à


formação de sistema radicular sadio e vigoroso (comprimento de 10 a
15cm);

3) o substrato deve ter permeabilidade e conter nutrientes para formação


de mudas sadias e vigorosas;

A: solo arenoso (40%) + material inerte (30%) + material orgânico


(30%)

B: solo argiloso (30%) + material inerte (40%) + material orgânico


(30%)

Obs.: os materiais orgânicos mais adequados são o húmus de minhoca e


esterco de aves (curtido);

4) semear em linhas ou a lanço e cobrir as sementes com material inerte


(casca de arroz carbonizada ou areia média);

5) manter a umidade adequada, de forma constante;

6) adotar as medidas de proteção contra pragas e doenças.


2.4 Embalagem e substrato

A produção de mudas embaladas requer a utilização de técnicas adequadas


para a germinação da semente e o crescimento da plântula que resulta na
formação de mudas sadias, vigorosas, e no menor tempo possível.

Entre os vários fatores, a embalagem e o substrato podem ser considerados


importantes para garantir a produção de mudas de palmeira-real-da-austrália
com qualidade.

2.4.1 Embalagens

A muda poderá estar contida em diferentes tipos de embalagem como saco


plástico, copo plástico, tubete de laminado de madeira, tubete de plástico rígido
(Figura 7).

Figura 7. Tipos de embalagem para produção de mudas de palmeira-real–da-austrália.


2.4.1.1 Saco plástico

Pode ser considerado o tipo de embalagem adequado para produzir mudas mais
vigorosas e em menor tempo que outras embalagens (Tabela 5). Há diferentes
tamanhos de sacos plásticos. Recomenda-se:

- 8 x 14 cm Þ 1 muda por embalagem


- 11 x 18 cm Þ 1 a 3 mudas por embalagem

Obs.: 1) Devem ser de plástico preto com espessura adequada para resistir
a cerca de 12 meses no canteiro, ter fundo sanfonado e serem perfura-
dos para drenagem do excesso de água.

2) O enchimento deve ser feito de forma a compactar adequadamente o


substrato, restando 1 a 2 cm na borda superior, a serem completados na
semeadura.

2.4.1.2 Tubete

Em razão da sua menor dimensão, os tubetes são adequados para produção de


mudas com uma planta por embalagem e requerem mais cuidado com a
irrigação e com a qualidade do substrato.

− laminado de madeira: devem ter dimensão mínima de 12 cm de altura e


14 cm de largura (tubete com 3,5 cm de diâmetro). Se a madeira
utilizada for pínus, os laminados devem ser tratados para aumentar sua
duração no canteiro.

− tubete de plástico rígido: recomenda-se o tubete de forma cilíndrica com


dimensões mínimas de 14 cm de altura e 4 cm de diâmetro. São
reutilizáveis.

Alternativa: o copo plástico de 300 ou 500 ml pode ser utilizado excepcional-


mente. Perfurar lateralmente para a drenagem do excesso de água. Esta
embalagem causa o enovelamento das raízes no fundo, que devem ser elimina-
das no plantio.
Tabela 5. Tipos de embalagens para produção de mudas de palmeira-real-da-
austrália, avaliadas aos 12 meses (Ramos, 1999).

Altura média Diâmetro de colo


Embalagens (1)
(cm) (mm)
Saco plástico 11,93 8,55
Tubete plástico 10,06 7,23
Tubete laminado 9,72 7,57
Copo plástico 9,71 7,84

2.4.2 Substratos

O substrato é o material contido na embalagem que garantirá o suprimento


contínuo e adequado de água e nutrientes para a muda até o momento do
plantio definitivo. Da qualidade do substrato dependerá a qualidade da muda
(Figura 7).

O substrato com qualidade para produção de mudas de palmeira-real-da-


austrália deve conter (Tabelas 6 e 7):

Material argiloso (ou terra de barranco): proporciona a liga ou a sustentação, ao


mesmo tempo que armazena água e nutrientes para suprir a muda. Recomenda-
se utilizar material coletado nos cortes de estradas ou barrancos, na camada de
coloração vermelha ou amarela, abaixo da camada orgânica escura de solo
agrícola. Não utilizar material de coloração rosada (tapatinga ou tabatinga).
Proporção: 50 a 60% em volume.

Material orgânico: proporciona permeabilidade, que resulta no arejamento e


drenagem do excesso de água e, ao mesmo tempo, serve para o
armazenamento de água. É a fonte e reserva principal de nutrientes. São
recomendados como fontes: cama de aviário, composto orgânico, húmus ou
terra de minhoca (não usar esterco bovino).

Proporção: 20 a 30% em volume.


(1)
Saco plástico (11 x 18 cm); tubete plástico (14 cm altura e 4 cm diâmetro); tubete laminado (17
cm altura com 5 cm diâmetro); copo plástico (300 ml).
Material inerte: tem a função de proporcionar permeabilidade, facilitando a
drenagem do excesso de água e evitar a formação de crosta na superfície. São
recomendados areia média e casca de arroz carbonizada.
Proporção: 10 a 20% em volume (areia, casca ou mistura).

Tabela 6. Composição do substrato para produção de mudas de palmeira–


real–da-austrália.

Componente Mistura A Mistura B

Material argiloso 50 -

Material argilo-arenoso - 50

Material orgânico 25 35

Material inerte- areia 15 -


- casca carbonizada 10 15

Tabela 7. Tipos de material orgânico na composição de substratos para


produção de mudas de palmeira-real-da-austrália, avaliadas aos 12 meses
(Ramos, 1999).
Material orgânico Altura média Diâmetro de colo
(cm) (mm)
Húmus de minhoca 14,15 9,08
Cama de aviário 13,34 8,73
Esterco de bovinos 10,71 8,03
Sem material orgânico 7,96 6,47
(1)
Componentes básicos: material argiloso (50%); areia média (15%), casca de arroz carbonizada
(10%).

2.5 Cuidados e proteção


Os canteiros de germinação e as plântulas estarão sujeitos a algum tipo de
dano por agentes físicos (radiação solar, frio, encharcamento) ou por agentes
biológicos (insetos, fungos e bactérias).
As medidas de proteção ou controle devem ser implementadas,
preferencialmente, de forma preventiva, conforme a Tabela 8:

Tabela 8. Medidas de proteção na produção de mudas de palmeira-real-da-


austrália.

Agente de dano Medidas de controle ou prevenção

Radiação solar sombreamento (sombrite 50%)


Temperatura baixa acondicionamento em estufa ou tunel
Encharcamento drenagem preventiva
Insetos e lesmas inseticidas (1) e iscas
Fungos e bactérias fungicidas(1)

3. TÉCNICAS DE PRODUÇÃO

3.1 Condições edafoclimáticas


Clima: subtropical ou tropical, quente e úmido; em Santa Catarina, a região
preferencial é a Região Bioclimática 7 (Figura 8) com temperatura média anual
entre 17 e 22 0C e precipitação pluviométrica de 1.200 a 2.000 mm.

Relevo: áreas planas a onduladas, desde que o suprimento de água seja


adequado em quantidade e distribuição no tempo, sem períodos de estiagem;
tolerância a áreas úmidas ou com encharcamentos e tolerância à áreas úmidas
ou com encharcamentos temporários.

Solos: desenvolve-se bem em diferentes tipos de solo, de extremamente


arenosos a solos com alto conteúdo de argila, desde que bem estruturados,
sem compactação; tolera pH baixo (até 2,0).
Figura 8. Regiões bioclimáticas para plantios florestais em Santa Catarina.

3.2 Preparo da área

Embora aceite sombreamento arbóreo parcial, trata-se de plantio a pleno sol: a


área deve ser previamente roçada e preferentemente estar livre de plantas
herbáceas até o fechamento do espaço pelas palmeiras.

Pré-limpeza: roçada manual ou mecânica, sem queimar os restos que servirão


de cobertura morta ao solo.

Limpeza de plantio: as covas ou linhas de plantio devem estar completamente


livres de plantas daninhas; utilizar capina ou herbicidas dessecantes.

Preparo do solo: em áreas com solo compactado é recomendável a aração ou


subsolagem, seguidas de gradagem, se as condições permitirem.
3.3 Arranjo e densidade de plantio

Recomenda-se o arranjo retangular (Figura 9), ajustando-se os espaçamentos


entre linhas e entre plantas na linha para densidades adequadas ao potencial
produtivo de cada local (a temperatura ambiental e a disponibilidade de nutrien-
tes e água no solo são fatores básicos).

Atualmente recomenda-se como base (Tabela 9):

Tabela 9. Densidade de plantio da palmeira-real-da-austrália.

Potencial Produtivo População (plantas/ha)

Baixo 10.000

Médio 15.000

Alto 20.000

3.4 Plantio
Coveamento: o tamanho das covas e a forma de abertura dependem das
características do solo, da adubação de base e do tipo de plantio.

Adubação de base: o fósforo é o nutriente mais importante no plantio;


recomenda-se o uso de adubo fosfatado ou adubo orgânico. Nível crítico de
fósforo (P) no solo = 5 ppm.

- superfosfato simples = 400-500 kg/ha

- adubo orgânico = ± 20 t/ha


X x X x x x áh h h h h h kh h
X x X x x X h h h áh kh h áh h
X x X x x X h áh hk h h áh
k h h
X x X x x X h h h h áh h h áh
X x X x x X ⇒ h h áh h h h h k h
X x X x x X h h h áh h h áh h
X x X x x X áh h h h áh h kh káh
X x X x x X h h áh h h h áh h
X x X x x X h áh h h h h h h
k

Figura 9. Arranjo retangular de plantio da palmeira-real-da-austrália para produção de


palmito. (x= primeiro plantio; x= remanescentes 1o plantio; =
ásegundo plantio).

Mudas: o uso de mudas mais desenvolvidas (10-12 cm de altura, do coleto ao


ponto de emergência da última folha) e com sistema radical equivalente, tem
melhor índice de pegamento. Recomendam-se os cuidados iniciais relativos a
eventuais pragas e plantas daninhas. As mudas de raiz nua devem ser
transportadas com cuidado, evitando-se a desidratação do sistema radicular.

Época: evitar o plantio durante o período de ocorrência de alta insolação


(dezembro-janeiro-fevereiro), principalmente com mudas menores que 10 - 12
cm de altura. Utilizando-se mudas de raiz nua, recomenda-se o plantio em
épocas de chuvas, com temperaturas amenas, e solos úmidos.

Modo de plantio: o plantio com mudas de raiz nua é recomendado para solos
argilosos; uma leve compactação das raízes na cova é fundamental para o
pegamento; pode-se podar o sistema radicular, permanecendo cerca de 10 a 12
cm.

3.5 Técnicas culturais

Controle de plantas daninhas: até que as próprias palmeiras controlem as


plantas daninhas por sombreamento, deve-se intervir eliminando-as por capinas
rasas ou com aplicações de herbicidas dessecantes em jato dirigido. Maiores
cuidados com espécies gramíneas. Manter área de 30 - 40 cm ao redor de cada
planta livre de concorrência.

Obs:
1) existem no mercado protetores especiais, adaptáveis à lança de pulveriza
ção de pulverizadores costais manuais, bem como produtos com formula
ções especiais que não causam deriva na pulverização.

2) a cobertura vegetal morta sobre o solo em área total é uma técnica


recomendada; controla as plantas daninhas e conserva a umidade do
solo, além de incorporar matéria orgânica ao solo.

3) a enxada rotativa deve ser utilizada com cautela, devendo ser o mais
superficial possível e evitando a área abrangida pela projeção das
folhas.

Adubação de cobertura: o nitrogênio (N) e o potássio (K) são os nutrientes a


serem aplicados em cobertura pós-plantio, sempre na terça parte externa da
área projetada pelas folhas. Pode ser utilizado adubo químico, formulação 15-
00-15 ou similar na quantidade de 300-400 kg/ha, aplicando-se individualmente
por planta, em linha ou a lanço, dependendo da população utilizada. Aplicar em
duas épocas: início da primavera e final do verão. A adubação de cobertura é
importante pelo menos nos dois primeiros anos.
Importância dos
Conhecimentos Silviculturais
para o Aumento da
Produtividade dos Plantios de
Pupunha (Bactris gasipaes
H.B.K.) para Palmito
Edinelson José Maciel Neves

INTRODUÇÃO

A pupunha ou pupunheira (Bactris gasipaes) é uma palmeira de ciclo perene que


ocorre naturalmente desde Honduras, na América Central, até a Venezuela,
Colômbia, Guianas, Peru, Equador, Bolívia e região Norte do Brasil (Mora-Urpí et
al., 1997). NosEstados dessa região é bastante cultivada, principalmente, para
produção de frutos. Recentemente, vem sendo cultivada para produção de
palmito nos Estados da Bahia, Espirito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná
e Santa Catarina.

No Paraná, onde o palmito in natura da juçara (Euterpe edulis) já teve


importante participação no mercado, a região litorânea apresenta-se como um
nicho potencial para o mercado de palmito extraído da pupunha, graças às
condições climáticas dessa região serem favoráveis ao estabelecimento e
desenvolvimento da espécie. Nessa região, atualmente, a área plantada com
pupunha para produção de palmito, em pequenas propriedades rurais, num
curto espaço de tempo, totaliza aproximadamente 126 ha (comunicação
pessoal de Sebastião Belletini - Emater/PR). Isto evidencia a boa aceitação
regional dessa cultura, após efetivas ações de pesquisa conduzidas pela
Embrapa Florestas em parceria com a Emater – PR, Iapar e produtores rurais da
mencionada região.

Entretanto, não somente no Estado do Paraná, mas em todos os outros onde a


pupunha vem sendo cultivada para produção de palmito, a espécie necessita de
um pacote tecnológico que inclua conhecimentos, entre outros, sobre sua
silvicultura intensiva. Esses conhecimentos são de fundamental importância
para que os plantios sejam conduzidos de forma sustentável, conciliando, dessa
forma, a produção econômica com a preservação do meio ambiente.

Esta artigo tem, com base na literatura existente sobre a espécie, o objetivo de
disponibilizar aos extensionistas e pequenos e médios produtores de palmito
pupunha, alguns resultados sobre a silvicultura da espécie obtidos pelas
diferentes instituições de pesquisa que trabalham com a pupunha para
produção de palmito.

CARACTERÍSTICAS DA ESPÉCIE

A pupunheira é uma espécie pioneira, heliófila e de rápido crescimento,


características que a tornam adequada para plantios homogêneos, para
recuperação de áreas degradadas, para programas de conservação de solos em
regiões de encosta - seu sistema radicular forma intensa rede de raízes
superficiais que oferece proteção contra os processos de erosão do solo - e,
nas áreas de ocorrência natural, para composição de florestas de preservação
permanente (Kulchetscki et al., 2001). Além dessas características, a pupunha
é uma espécie que perfilha, apresenta plantas com e sem espinhos, tem
extenso sistema radicular superficial, sendo uma planta rústica e vigorosa (Bovi,
1998; Morsbach et al., 1998). Para a produção de palmito, as que mais
interessam são o perfilhamento e a ausência de espinhos (Bovi, 1998).

CLIMA E SOLO

A espécie em questão desenvolve-se melhor em locais onde ocorrem


temperaturas altas, com média anual ≥ 22 °C, e com volume de chuvas
variando de 1.600 a 1.700 mm, distribuído durante todo o ano. Nas regiões
com menor incidência de chuvas, o cultivo da pupunha para palmito necessita
de irrigação. A espécie é suscetível a geadas e, em locais com incidência de
ventos relativamente fortes, é necessário o uso de quebra-ventos (Chaimsohn,
2000).
A pupunha não é exigente em solos, desenvolvendo-se de forma satisfatória
nos que são ácidos, pH entre 3,6 a 4,5, e pobres na disponibilização de
nutrientes (Bovi, 1998). Entretanto, para que o corte da planta seja feito no
menor tempo possível, Bovi (1998) e Chaimsohn (2000) mencionam que estes
tenham as seguintes características:

1. Boa drenagem – a planta não se desenvolve bem em solos encharcados,


mesmo que temporário. Esta característica é uma das principais limitações
para o seu crescimento.

2. Não compactados – solos compactados dificultam o desenvolvimento


das raízes e favorecem o encharcamento. Caso estes sejam
descompactados, mediante escarificação, o uso de máquinas pesadas
deve ser evitado.

3. Textura arenosa a média – solos com textura pesada ou muito pesada


dificultam o crescimento das raízes e apresentam riscos de
encharcamento.

4. Níveis adequados de nutrientes e de matéria orgânica – solos com boa


disponibilização de nutrientes e quantidades significativas de matéria
orgânica favorecem o crescimento das plantas e melhoram as condições
físicas e biológicas do solo.

5. Relevo - o uso de áreas planas ou levemente onduladas facilitam o


manejo do plantio, a colheita e o transporte do palmito.

AQUISIÇÃO DE SEMENTES

A disponibilidade de sementes no mercado é o grande fator limitante para os


produtores de palmito pupunha. No Brasil, ainda são poucos os cultivos
destinados a esta finalidade.

Atualmente, as sementes disponibilizadas para plantio, em nossas diferentes


regiões, são procedentes de Yurimáguas, no Peru, e de Benjamin Constant, no
Estado do Amazonas. Em termos de ausência de espinhos e precocidade, as
pupunheiras produzidas com sementes de procedência peruana são superiores
às de Benjamin Constant. Apenas 5% das plantas originárias dessa população
nativa apresentam espinhos. Entretanto, se colhidas de árvores selecionadas, as
sementes originárias de Benjamim Constant são, também, de boa qualidade
(Bovi, 1998).

PRODUÇÃO DE MUDAS

O sucesso na implantação dos plantios de pupunha para palmito depende, em


grande parte, da boa qualidade das mudas produzidas. Normalmente, a
propagação das plantas é feita por sementes. Por perfilhos, Camacho (1972) e
Arias (1984) mencionam ser inconveniente, por causa da dificuldade em
separá-los da planta-mãe, e também da baixa taxa de sobrevivência
apresentada.

PREPARO DA ÁREA E PLANTIO

O preparo da área para plantio deve levar em consideração, principalmente, as


características físicas do solo a ser utilizado. Em solos com textura argilosa ou
muito argilosa ou compactados por atividades desenvolvidas anteriormente,
recomenda-se fazer aração (arado de discos ou escarificador) para o
revolvimento do solo e gradagem leve, visando proporcionar o nivelamento do
solo trabalhado.

Nos solos com textura arenosa ou média, com baixos teores de matéria
orgânica, é recomendável que se proceda ao plantio e incorporação de
leguminosas, de preferência as fixadoras de nitrogênio, pelo menos duas safras
antes do plantio da pupunha (Chaimsohn, 2000).

É aconselhável que o plantio de pupunha ocorra durante a estação das chuvas.


Esse procedimento contribui para a obtenção de maior índice de sobrevivência
e, conseqüentemente, menor necessidade de replantio. É de suma importância
que, nesse momento, as mudas estejam totalmente aclimatadas às condições
de campo. Por ser espécie heliófila, os plantios com pupunha para palmito são
feitos a pleno sol, pelo fato de a espécie não tolerar sombra.
Em solos com textura pesada, muito pesada e compactados, após o
piqueteamento, é recomendável fazer o plantio em sulcos, os quais devem ser
feitos logo após a aração e gradagem. Entretanto, caso a decisão seja por
abertura de cova, as dimensões podem ser de 30 cm x 30 cm x 30 cm ou de
40 cm x 40 cm x 40 cm. Nos solos com textura arenosa a média, o plantio
pode ser feito em cova com as mesmas dimensões citadas anteriormente.

Antes ou durante o plantio, caso seja feita adubação orgânica e/ou mineral nas
covas, a mesma deve obedecer ao seguinte método: no ato da abertura das
covas separa-se o volume do solo em duas partes iguais. De um lado da cova
coloca-se a parte correspondente à camada superficial, e do outro a
correspondente ao fundo da cova. No solo da camada superficial mistura-se os
fertilizantes usados e, após esse procedimento deposita-se a mesma no fundo
da cova. Procede-se ao plantio da muda e usa-se o solo do fundo da cova para
completar a parte correspondente à camada superficial.

É importante que nas primeiras semanas após o plantio sejam feitas vistorias de
campo para verificação de possíveis ataques de pragas e doenças. Nessas
vistorias, pode-se quantificar o número de mudas necessárias para o replantio.

ESPAÇAMENTO
As questões mais importantes que devem ser levadas em consideração para a
escolha do espaçamento são o objetivo do plantio e a qualidade do solo. Em
solos férteis, os espaçamentos mais adotados são 2 m x 1 m e 1,5 m x 1,5 m,
enquanto que em solos pobres ou não adubados são recomendados os
espaçamentos 2,0 m x 1,5 m quando o plantio é manual e os espaçamentos 3
m x 1 m; 3 m x 1,5 m ou 2,70 m x 1 m quando o plantio é mecanizado.
Atualmente, os mais usados são 2 m x 1 m; 1,5 m x 1,5 m; 1,5 m x 1,0 m ou
2,0 m x 1,0 m x 1,0 m (linhas duplas), conforme (Bonaccini, 1997; Bovi,
1998; Morsbach et al., 1998; Kulchetscki et al., 2001).

Os plantios extremamente densos apresentam o inconveniente de a produção


decair com o tempo, principalmente em razão do sombreamento e, também,
por causa da competição intra-específica que, além de limitar o
desenvolvimento dos perfilhos, aumenta a demanda por luz, água e
nutrientes. Por outro lado, plantios com baixa densidade de plantas
apresentam baixa produtividade inicial (Kulchetscki et al., 2001).

Até o momento, do ponto de vista técnico, não se dispõe de resultados que


mostrem com precisão a melhor densidade de plantas de pupunha palmito que
propiciem a melhor relação custo/benefício. Por conseguinte, a escolha do
espaçamento utilizado para os plantios de pupunha palmito deve levar em
consideração, além do objetivo do plantio e do tipo de fertilidade natural do solo,
as quantidades de nutrientes exportados pelas colheitas e, principalmente, se o
plantio receberá programa de adubação que vise à sua condução de forma
sustentável.

CALAGEM

A correção da acidez deve ser feita com base na análise do solo. Quando
necessário, aplica-se, em torno de 30 dias antes do plantio, calcário dolomítico
para elevar a saturação de bases a 50% de acordo com a seguinte fórmula:

CTC (V 2 − V1 )
NC =
100

onde,

NC = quantidade de calcário a ser aplicada

CTC = capacidade de troca de cátions obtida pela soma de bases (Ca, Mg, K,
Na) e H + Al;

V 2 = saturação de bases desejada, geralmente de 50% a 60%;

V 1 = saturação de base atual do solo, obtida pela relação soma de bases x


100/CTC

Torna-se importante ressaltar que as doses calculadas mediante esse método


partem do princípio de que o calcário utilizado tem Poder Relativo de
Neutralização Total (PRNT) de 100%. Entretanto, caso o mesmo tenha índice
diferente é necessário corrigir a dose calculada pelo fator (f), calculado pela
seguinte equação:
1
f =
PRNT

ADUBAÇÃO DE PLANTIO

Caso haja disponibilidade é recomendável a aplicação, antes ou durante o


plantio, de 5 a 10 kg/cova de esterco de gado, ou de galinha curtido, ou de
outro adubo orgânico. Considerando-se que, normalmente, os solos são de
baixa fertilidade natural, junto com a adubação orgânica pode-se fazer a
aplicação de 10 g/planta de N na forma de uréia (dividida em 3 aplicações de 3,
3 g/cova em meses subseqüentes); de 160 g/cova de P na forma de
superfosfato simples (aplicado de uma única vez) e de 20 g/cova de K na forma
de cloreto de potássio (dividida em 3 aplicações de 6,6 g/cova em meses
subseqüentes) conforme (Morsbach et al., 1998; Chaimsohn, 2000).

ADUBAÇÃO DE MANUTENÇÃO

Deve ser iniciada seis meses após o plantio. Com base em uma produtividade
esperada de 1 a 4 t/ha de palmito, é recomendado que anualmente se aplique
de 110 a 300 kg/ha de N, até 80 kg/ha de P2O5, de 20 a 160 kg/ha de K2O, de
20 a 50 kg/ha de S e de 1 a 2 kg/ha de B. Estas quantidades devem ser
parceladas em, pelos menos, 5 aplicações anuais. A partir do quarto ano após o
plantio as doses de N podem ser reduzidas a até 30%. Em razão da elevada
adubação nitrogenada aplicada no cultivo, recomenda-se fazer a correção do
solo a cada quatro anos, aplicando calcário dolomítico suficiente para atingir
saturação de bases de 50% (Bovi, 1998).

MANEJO DE PERFILHOS

Morsbach et al. (1998) e Chaimsohn (2000), não recomendam o manejo de


perfilhos pelas seguintes razões, entre outras:

− Ainda não se dispõe de informação suficiente para indicar as vantagens e


desvantagens da atividade;

− A atividade exige mão-de-obra qualificada, onerando o custo de produção;

− A eliminação errada e/ou desnecessária dos perfilhos pode significar


palmitos que deixarão de ser formados e cortados;

− A vida útil da touceira pode ser diminuída;

− A planta apresenta certa “autoregulação” mantendo, normalmente, de


três a quatro perfilhos mais desenvolvidos após o corte da planta-mãe.

COLHEITA

No Brasil, a primeira colheita do palmito é feita entre 18 e 36 meses após o


plantio, dependendo do solo, clima, espaçamento e adubação. Aos 18 meses, o
palmito de primeira terá entre 120 a 300 gramas de peso. Aos três anos, pode-
se colher plantas com até 500 gramas de palmito (Bovi, 1998).

A periodicidade de colheita por planta é bastante variável. Nas condições do


Brasil e para o tipo de palmito de maior aceitação (acima de 2,5 cm de
diâmetro), colhe-se um palmito na mesma touceira a partir de cada 8 meses
(Bovi, 1998).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARIAS, O. M. Propagación vegetativa por cultivo de tejidos del pejibaye (Bactris


gasipaes H.B.K.). In: ASOCIACIÓN BANANERA NACIONAL. Departamento de
Diversificación Agricola. Sexto Informe de Labores 1983-1984. [São José],
1984. p. 89-91.

BONACCINI, L. A. Produza palmito: a cultura da pupunha. Cuiabá: SEBRAE/MT,


1997. 100p. (Coleção Agroindústria, v.12).
BOVI, M. L. A. Palmito pupunha: informações básicas para cultivo. Campinas,
Instituto Agronômico de Campinas, 1998. 50p. (Boletim Técnico, 173).

CAMACHO, E. V. El pejibaye (Guilielma gasipaes (B.K.) L.H. Bailey). Instituto


Interamericano de Ciencias Agricolas de la OEA. Centro Tropical de
Investigación y Enseñanza: Turialba, 1972, 20p.

KULCHETSCKI, L.; CHAIMSOHN, F. P.; GARDINGO, J. R. Palmito pupunha


(Bactris gasipaes Kunth): a espécie, cultura, manejo agronômico, usos e
processamento. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2001. 148p.

MORA-URPÍ, J.; WEBER, J. C. e CLEMENT, C. R. Peach palm. Bactris gasipaes


Kunth. IPGRI (International Plant Genetic Resources Institute), Roma. 1997.
83p.

MORSBACH, N. ; RODRIGUES, A. dos S. ; CHAIMSOHN, F. P. ; TREITNY, M.


R. Pupunha para palmito: cultivo no Paraná. Londrina: IAPAR, 1998. 56p.
(IAPAR, Circular, 103).
Irrigação na Cultura da
Pupunha no Noroeste do
Estado do Paraná
Roberto Rezende
Paulo Sérgio Lourenço de Freitas
Antônio Carlos Andrade Gonçalves

A cultura da pupunha introduzida no Noroeste do Paraná tem ocupado diversas


áreas, tornando necessária a obtenção de informações técnicas para sua
adequada condução, buscando o objetivo de produção sustentável e
economicamente viável para o produtor. Quanto à tecnologia de irrigação, como
pode ser observado nas Figuras 1 e 2, as condições climáticas na região neste
período não propiciaram umidade adequada do solo para o crescimento e
desenvolvimento da cultura. Nas áreas experimentais em que a técnica da
irrigação não foi utilizada, não houve sucesso na condução da cultura.

8
7
Evapotranspiração..

6
5
(mm/dia)

4
3
2
1
0
01/01/02 20/02/02 11/04/02 31/05/02 20/07/02
Data

ETo ETc

Figura 1. Evapotranspiração da cultura de referência e da cultura da pupunha para o


período de janeiro a julho de 2002.
13
12
Umidade (%vol)

11
10
9
8
7
6
01/01/02 20/02/02 11/04/02 31/05/02 20/07/02 08/09/02
Data

CC UmidSolo UmidMin PM

Figura 2. Valores de umidade do solo (UmidSolo) no período de janeiro a julho de


2002, capacidade de campo (CC), ponto de murcha (PM) e umidade mínima necessária
para não haver restrição ao uso da água pela cultura (UmidMin).

A técnica da irrigação na região Noroeste do Estado do Paraná, principalmente


para a cultura da pupunha, necessita de informações que são de fundamental
importância no planejamento dos sistemas de irrigação e, principalmente, no
manejo dos mesmos.

Na região, para a cultura da pupunha, não existem informações com relação ao


seu comportamento em relação ao clima, ao seu sistema radicular, dados
nutricionais e informações de crescimento e desenvolvimento da cultura para
diferentes condições de cultivo.

Diante da necessidade de informações, tem-se trabalhado para a obtenção de


dados sobre consumo de água pela planta, sobre adequabilidade da irrigação
localizada (microaspersão e gotejamento), sobre lâminas aplicadas, tanto por
microaspersão como por gotejamento, e também comparando freqüências de
irrigação.

No entanto, com trabalhos conduzidos no Noroeste do Paraná muito se tem


observado no que se refere à irrigação. São informações que geram algumas
conclusões preliminares, as quais serão abordadas na forma de relatos de
experiências na condução de experimentos no campo.

A cultura da pupunha necessita de mais de 2000 mm de água por ano para seu
desenvolvimento adequado. Podemos afirmar que a planta pupunha responde à
irrigação com boas perspectivas, assegurando boa produtividade. A planta, em
razão de seu crescimento e desenvolvimento, tem mostrado que, quanto mais
próximo o teor de água no solo da capacidade de campo, mais satisfatórios são
seus resultados obtidos. Em relação à freqüência de irrigação, análises
preliminares têm mostrado que a planta responde bem quando se mantém o
solo com valores elevados e constantes de umidade . Quanto aos sistemas de
irrigação, é nítido que, no estabelecimento da cultura, o gotejamento é mais
eficiente em relação à microaspersão, tanto no crescimento da parte aérea
como também no desenvolvimento do sistema radicular. Ressalta-se também
que no sistema de irrigação com gotejamento sua operacionalização é mais
facilitada graças às condições nos espaços entre as linhas de plantio. Isto tende
a se acentuar à medida que a planta passa a ser colhida e os restos culturais
são depositados nas entrelinhas.
Manejo de Plantas
Infestantes em Palmitos
Cultivados
Francisco Skora Neto

Para evitar a competição de plantas infestantes, o ideal seria manter a área na


ausência de plantas infestantes durante todo o período de crescimento da
cultura. Entretanto, esta medida pode ser bastante onerosa, além de possíveis
prejuízos em se manter um solo sem vegetação, em termos de erosão e vida do
solo.

O que se busca, portanto, é um sistema de manejo das plantas infestantes


onde se concilie o custo de controle com aspectos favoráveis à presença destas
plantas na área.

No início do desenvolvimento as palmeiras têm crescimento lento da parte


aérea, mas intenso desenvolvimento radicular, razão pela qual o controle de
plantas daninhas é importante (Nishikawa, 1998). Nesta fase, no entanto, a
área ocupada pelas raízes é pequena, o que implica que o controle deve ser
necessário próximo às plantas, isto é, na linha de plantio.

À medida que as plantas desenvolvem, uma maior área é ocupada pelas raízes
e, teoricamente, o controle das plantas infestantes deveria ser feito na área
abrangida pelas raízes. Entretanto, quando mais desenvolvida, a cultura já
ocupou um “espaço biológico” suficiente para não permitir o normal
desenvolvimento de outras espécies. Através do sombreamento e da alta
utilização de água e nutrientes naquele ambiente, outras plantas têm dificuldade
para estabelecer ou competir eficientemente pelos recursos do ambiente.
Embora não existam resultados conclusivos, observações demonstram que o
uso de roçadas esporádicas são suficientes para não haver comprometimento
da cultura pela presença das plantas infestantes nesta fase, ou, pelo menos,
não se justifica o uso de medidas de controle que demandem mais capital ou
mão-de-obra para reduzir possíveis efeitos de competição das plantas daninhas
presentes.

Clement & DeFrank (1998) realizaram um trabalho visando ao manejo das


plantas infestantes na linha, além da possibilidade de obter vantagens
agronômicas, com o uso de coberturas verdes durante a fase inicial de
desenvolvimento de arecáceas. Os resultados demonstram que, com as
espécies testadas, houve redução na produtividade durante o primeiro ano e
meio após o plantio pela presença das coberturas vivas na linha, e o melhor
rendimento foi com cobertura do solo com polipropileno (Figura 1).

Polipropileno Desmodium Cassia Arachis Chloris

2500

2000
kg/ha

1500

1000

500

0
537 731 876
dias

Figura 1. Efeito de diferentes coberturas no rendimento de pupunha na fase inicial


de desenvolvimento (Clement & DeFrank, 1998).

Ramos & Heck (2001) reportam também um melhor efeito do uso de cobertura
morta no desenvolvimento da palmeira-real em comparação à capina ou roçada
(Figura 2).
Cobertura Morta Capina Roçada

1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
Altura (m) Diâmetro (dm)

Figura 2. Efeito de técnicas culturais no desenvolvimento inicial de palmeira-real


(Ramos & Heck, 2001).

Resultados preliminares em trabalho sendo realizado em Morretes (PR),


observou-se melhor desenvolvimento de pupunha em linha mantida limpa com
herbicida (glyphosate) conforme Figura 3.
Junho/2002 a
8,00
7,00 b
c
6,00
DMS- 0,64
5,00 CV-11,9

cm 4,00
3,00 Junho/2001

2,00
1,00
0,00
Roçada Capina Herbicida Roçada Capina Herbicida

Figura 3. Efeito de práticas de controle de infestantes no desenvolvimento inicial de


pupunha.

Neste mesmo trabalho não se verificou diferenças na pupunha com coberturas


verdes de trapoeraba (Commelina sp.), Arachis (Arachis pintoi) ou calopogônio
(Calopogonium mucunoides) conforme Figura 4.
1

0,8

0,6

0,4

0,2

0
Altura (m) Diâmetro (dm)

Trapoeraba Arachis Calopogônio

Figura 4. Efeito de coberturas verdes no desenvolvimento inicial de pupunha.

Estes resultados sugerem que no início de desenvolvimento das palmeiras a


linha seja mantida no limpo, através da presença de cobertura morta (vegetal ou
polipropileno), de capinas superficiais ou herbicidas, e que a entrelinha seja
mantida com vegetação (nativa ou preferencialmente alguma leguminosa).

Segundo Clement & DeFrank (1998), no Hawai, a cobertura com polipropileno


é usada em culturas de pupunha até 50 cm para cada lado das plantas com A.
pintoi ou vegetação nativa nas entrelinhas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CLEMENT, C. R.; DE FRANK, J. The use of ground cover during the
establishmentofheart-of-palm plantationsinHawai HortScience,
. v. 33, n. 5,
p. 814-815, 1998.

NISHIAWA, M. A. N.; MORO, J. R.; BANDEL, G. Cultura da pupunha para


produção de palmito. Piracicaba: ESALQ, 1998. (Série Produtor Rural, 6).

RAMOS, M. G.; HECK, T. C. Cultivo da palmeira-real-da-austrália para produção


de palmito. Florianópolis: Epagri, 2001. (Epagri. Boletim Didático, 40).

RAMOS, M. G. Desenvolvimento de tecnologia para cultivo da palmeira-real-da-


austrália (Archontophoenix sp). 1999. Resultados de experimentos em andamento.
Manejo de Plantas Daninhas
em Áreas de Pupunha

Rubem Silvério de Oliveira Jr.


Jamil Constantin
Sílvio Anésio Mesquita Carreira

Um levantamento das principais espécies de plantas daninhas que infestam as


áreas de pupunha do Noroeste do Paraná evidenciou que as seguintes espécies
são as de maior freqüência: capim-favorito (Rhynchelitrum repens), beldroega
(Portulaca oleracea), corda-de-viola (Ipomoea grandifolia), trapoeraba
(Commelina benghalensis), malva-vermelha (Croton grandulosus), malvastro
(Malvastrum coromandelianum), poaia-branca (Richardia brasiliensis) e falsa-
serralha (Emilia sonchifolia). A importância relativa de cada espécie está ligada
às condições climáticas, ao manejo relativo ao solo e ao controle das plantas
daninhas. A maioria das áreas em que a cultura foi implantada recentemente,
ou naquelas em que está sendo implantada, apresenta alto potencial de
infestação por plantas daninhas, especialmente por gramíneas durante os
períodos mais quentes e chuvosos. Em áreas cuja implantação foi feita há dois
anos ou mais a tendência é que o próprio sombreamento imposto pelo
“fechamento” da cultura reduza a infestação e promova menor necessidade de
cultivos. O manejo emergencial nas áreas de implantação recente deve ser feito
com cuidado, em razão do sistema radicular ser bastante superficial. Para
minimizar a possibilidade de danos, tem sido preconizada a possibilidade de dar
enfoques distintos ao manejo das linhas da cultura e das entrelinhas. O manejo
da entrelinha pode ser feito com a aplicação de herbicidas não seletivos, tais
como paraquat, glyphosate ou glyphosate + 2,4-D. A escolha da melhor opção
deve levar em conta a composição florística, a densidade da infestação e o
estádio de desenvolvimento das plantas daninhas. Para as duas últimas opções,
mais efetivas no controle de espécies perenes ou plantas já desenvolvidas é
importante resguardar as mudas da aplicação direta dos produtos ou de
contaminações por deriva, utilizando aplicações dirigidas apenas às entrelinhas.
Roçadas mecânicas nas entrelinhas também constituem opção viável, desde
que o espaçamento entre linhas permita o trabalho do equipamento disponível.
Estão em andamento trabalhos para avaliar a efetividade de diferentes
coberturas mortas no manejo de plantas daninhas na entrelinha da cultura, bem
como na preservação da umidade do solo, fator essencial nos solos arenosos
do noroeste paranaense. Em relação ao manejo na linha das plantas, o método
utilizado com maior freqüência é o controle através de capinas. Em vista de
possíveis danos que podem ser causados ao sistema radicular das plantas por
ocasião do coroamento, está sendo realizado um screening de herbicidas para
selecionar produtos que possam ser eventualmente utilizados na cultura.
Resultados preliminares indicaram que tratamentos com os herbicidas 2,4-D,
clomazone, isoxaflutole, MSMA, sulfentrazone ou com as misturas formuladas
[diuron + hexazinone], [ametryne + clomazone], [diuron + paraquat] e
[azafenidin + hexazinone], são fitotóxicos para a cultura, ao passo que
clethodim, sethoxydim e fluazifop-p-butil são seletivos e podem ser aplicados
diretamente sobre as plantas sem causar qualquer prejuízo. Diversos outros
herbicidas encontram-se em fase de avaliação quanto à seletividade para a
cultura.
Rentabilidade do Cultivo de
Palmeira Real Versus
Pupunha para Produção de
Palmito
Francisco Paulo Chaimsohn
Maria Eliane Durigan

INTRODUÇÃO

Em razão do esgotamento das reservas naturais do palmito juçara (Euterpe


edulis Mart.), fruto da devastação acentuada tem crescido no Centro-Sul do
País o cultivo de palmeiras para produção de palmito. Inicialmente foi
introduzida, nesta região, a pupunha – Bactris gasipaes (há cerca de 20 anos),
a qual teve sua maior expansão a partir de meados da década de 90 (Bovi,
1997).

Mais recentemente, a palmeira-real-da-austrália (Archontophoenix spp)


começou a ser cultivada para produção de palmito, principalmente na região
litorânea de Santa Catarina. A partir de matéria produzida na Epagri (Itajaí, SC)
e divulgada pelo Globo Rural em 2001, tal atividade vem se expandido
rapidamente na região Centro-Sul do País.

Considera-se que o cultivo de palmeira real para produção de palmito possa ser
uma alternativa de renda muito interessante para o agricultor, além de
contribuir para a preservação dos remanescentes de palmito juçara. Entretanto,
é preocupante a euforia com que alguns técnicos e produtores estão
disseminando, baseando-se em informações e/ou interpretações, no mínimo,
equivocadas.

Este trabalho tem como objetivo discutir a rentabilidade do cultivo, para


produção de palmito de palmeira real comparado com o da pupunha, e
contribuir para a tomada de decisão e planejamento de técnicos e produtores
envolvidos (ou interessados) com tais atividades.

METODOLOGIA
Para efeito de cálculo, foram considerados os parâmetros relacionados a seguir.
Evidentemente que os custos e rendimento variam com o tipo de sistema de
cultivo e região; entretanto, consideramos números os mais realistas possíveis,
ou seja “com os pés no chão”.

Para efeito de comparação, considerando-se uma longevidade de 12 anos do


cultivo de pupunha e o fato de a palmeira-real não perfilhar, estimamos três
plantios de palmeira real no mesmo período.

Com auxílio de uma planilha eletrônica, foram calculados o lucro bruto acumula-
do a cada ano (receita bruta – custos) e o lucro bruto médio anual (lucro bruto
total 1/no anos de exploração) para a pupunha e palmeira-real no período de 12
anos.

PUPUNHA
Espaçamento e densidade: 2,0 m x 1,0 m, ou seja, 5.000 plantas/ha

N o de mudas: 5.000 plantas + 20% (1000 mudas) para replantio = 6.000


mudas/ha

Gasto com mudas: 6.000 x R$ 0,50/muda = R$ 3.000,00/ha

Outros custos operacionais: preparo do solo e covas, adubação, plantio e tratos


culturais (controle de plantas daninhas) = R$ 3.000,00/ha

Custo total de implantação = R$ 6.000,00/ha

Custo anual de manutenção = R$ 600,00/ha


1
Somatório do lucro bruto a cada ano.
Rendimento de palmito:

Primeiro corte com 24 meses após o plantio – m.a.p. (planta mãe) = 4000
palmitos/ha (80% do estande)

Cortes subseqüentes: corte em 80% do estande (4.000 plantas/ha) x 1,8


palmito/planta = 7.200 palmitos/ha

Preço médio do palmito = R$ 1,00/ peça2

Receita bruta:

Primeiro corte: R$ 4.000,00/ha

Cortes subseqüentes: R$ 7.200,00/ha

Longevidade do cultivo de pupunha: 12 anos

PALMEIRA REAL
Espaçamento e densidade: 1,5m x 0,4m, ou seja, 16.667 plantas/ha

N o de mudas: 16.667 plantas + 20% (3333 mudas) para replantio = 20.000


mudas/ha

Gasto com mudas: 20.000 x R$ 0,12/muda = R$ 2.400,00/ha

Outros custos operacionais: preparo do solo e covas, adubação, plantio e tratos


culturais (controle de plantas daninhas) = R$ 3.000,00/ha3

Custo total de implantação = R$ 5.400,00/ha

Custo anual de manutenção = R$ 600,00/ha5

2
Consideramos preço médio pago pela industria.
3
Neste trabalho consideramos o custo operacional da palmeira real equivalente ao da pupunha;
entretanto, com exceção das mudas, o custo deve ser maior em razão de demandar o preparo e
manutenção de mais do que o triplo do número de covas do que a pupunha.
Rendimento de palmito:

Corte com 36 a 48 m.a.p. = 13.333 palmitos/ha (80% do estande)

Preço médio do palmito = R$ 1,00/peça4

Receita bruta: R$ 13.333,00/ha.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 apresenta os cálculos de rentabilidade do palmito de pupunha e de
palmeira real para um período de doze anos. Observa-se que a partir do terceiro
ano após o plantio (segundo corte da pupunha e primeiro corte da palmeira-real)
há uma renda bruta positiva, sendo de R$ 3.400,00/ha para pupunha e R$
6.132,00/ha para a palmeira-real.

Entretanto, como esta espécie não perfilha, há necessidade de novos plantios,


com custo de implantação equivalente ao primeiro. Por outro lado, o
perfilhamento da pupunha a torna uma espécie perene (ou semiperene) e
propicia o corte de mais de um palmito/planta, a partir do corte da planta mãe,
aumentando o rendimento.

Considerando-se, portanto, os doze anos de exploração de pupunha, estimou-se


um lucro bruto total de R$ 62.800,00/ha, ou seja, R$ 5.233,00/ha/ano. Para a
palmeira-real, no mesmo período, estimou-se lucro bruto total de R$
18.396,00/ha, ou seja, R$ 1.672,00/ha/ano.

É importante salientar que, em nossos cálculos, consideramos um preço médio


de R$ 1,00/palmito, tanto para pupunha como para palmeira-real, além de
estimar corte em 80% do estande de palmeira-real, a partir do terceiro ano após
o plantio.

4
Consideramos preço médio pago pela indústria.
Entretanto, resultados preliminares de avaliações efetuadas em ensaios do Iapar
no Litoral do Paraná indicam rendimento médio de palmito de 275 g/planta (89
g/planta de primeira e 188 g/planta de segunda) em Tagaçaba, aos 33 meses
após o plantio. Considerando-se um rendimento médio de 100g/planta de
palmito de primeira e 200 g/planta de palmito de segunda e um preço de R$
1,20/300 g de palmito de primeira e R$ 0,40/300 g de palmito de segunda5, o
preço médio pago pelo palmito de palmeira real seria de R$ 0,67/peça, valor
muito próximo ao que vem sendo pago em Indaial (SC), ou seja, R$ 0,70/
palmito cortado de plantas com 3,5 a 4 anos.

Outro aspecto de fundamental importância, a ser esclarecido, é que estão


sendo utilizadas altas densidades no plantio de palmeira-real (até mais de 26 mil
plantas/ha) e extrapolando-se dados de rendimentos de palmeiras plantadas
com densidade muito menor (5,0 a 7,5 mil plantas/ha, por exemplo). Ocorre
que quanto maior a densidade (de qualquer espécie vegetal), a produção de
biomassa por planta será menor, considerando-se condições edafoclimáticas e
de manejo equivalentes, em razão do aumento da competição intra-específica,
ou seja, entre indivíduos da mesma espécie.

Também é importante considerar que o palmito de palmeira real, em


decorrência da oxidação, tem sua comercialização limitada à indústria.
Enquanto o palmito de pupunha pode ser comercializado in natura, com
possibilidade de obter-se melhores preços neste tipo de mercado.

Salientamos que nossa intenção ao apresentar e discutir tais informações não


é, de forma alguma, desestimular o plantio de palmeira real para produção de
palmito, mas alertar técnicos e produtores sobre as potencialidades e limitações
da atividade, a fim de evitar que frustrações causadas por expectativas
irrealistas e equivocadas de retorno comprometam irreversivelmente o
desenvolvimento de uma alternativa interessante de renda.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOVI, M.L.A. Expansão do cultivo da pupunheira para palmito no Brasil.


Horticultura Brasileira, n.15 supl., p.183-185, 1997.

5
Informação pessoal de gerente de indústria de palmito do Litoral do Paraná.
TABELA 1. Rentabilidade do palmito de pupunha e de palmeira-real para um período de doze anos.

ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 ANO 5 ANO 6 ANO 7 ANO 8 ANO 9 ANO 10 ANO 11 ANO 12

Operação Plantio Corte 1 Corte 2 Corte 3 Corte 4 Corte 5 Corte 6 Corte 7 Corte 8 Corte 9 Corte 10 Corte 11

Custo 6000,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00 600,00

PUPUNHA Receita 0,00 0,00 4000,00 7200,00 7200,00 7200,00 7200,00 7200,00 7200,00 7200,00 7200,00 7200,00 7200,00

Diferença -6000,00 -600,00 3400,00 6600,00 6600,00 6600,00 6600,00 6600,00 6600,00 6600,00 6600,00 6600,00 6600,00

Lucro Bruto -6000,00 -6600,00 -3200,00 3400,00 10000,00 16600,0023200,00 29800,00 36400,00 43000,0049600,00 56200,00 62800,00

Operação Plantio Corte1 Plantio2 Corte2 Plantio3 Corte3

Custo 5400,00 600,00 600,00 600,00 5400,00 600,00 600,00 600,00 5400,00 600,00 600,00 600,00

PALMEIRA –REAL Receita 0,00 0,00 0,00 13332,00 0,00 0,00 0,00 13332,00 0,00 0,00 0,00 13332,00

Diferença -5400,00 -600,00 -600,00 12732,00 -5400,00 -600,00 -600,00 12732,00 -5400,00 -600,00 -600,00 12732,00

Lucro Bruto -5400,00 -6000,00 -6600,00 6132,00 732,00 132,00 -468,00 12264,00 6864,00 6264,00 5664,00 18396,00
Doenças da Pupunha no
Estado do Paraná
Álvaro Figueredo dos Santos
Dauri José Tessmann
João Batista Vida
Rudimar Mafacioli

A pupunha é cultura de introdução recente no Estado do Paraná e tem sido


cultivada em áreas pequenas e isoladas. Até o momento não existem relatos
de problemas fitossanitários relevantes. Entretanto, o aumento da produção
de mudas e da área cultivada, associado com o aumento da movimentação de
mudas no Estado, pode concorrer para incremento no registro de doenças.

As doenças mais freqüentes têm sido as manchas foliares e a morte de mudas


ou plantas de até um ano de idade. Tais problemas têm sido observados
principalmente em plantas sofrendo algum tipo de estresse, tais como: a falta
de umidade em decorrência de períodos secos na fase após o transplante das
mudas; as altas temperaturas; os ventos fortes, a má drenagem do solo; as
deficiências nutricionais das plantas; e o desbalanço nutricional causado pelo
excesso de nitrogênio e a carência de potássio e fósforo.

A morte de plantas ocorre geralmente em mudas e em plantios jovens, e as


manchas foliares têm sido observadas em mudas em viveiros e nos primeiros
seis meses após o transplante das mudas para o campo. Na região Noroeste
do Paraná as pulverizações preventivas com fungicidas têm sido empregadas
com freqüência por produtores de mudas de pupunha, em anos com excesso
de chuvas na primavera, acompanhados de temperaturas amenas.
Antracnose
A antracnose é causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides (Penz.)
Penz. & Sacc., e ocorre em todas as regiões onde se cultiva pupunha no Brasil.
Até o momento, esta doença não foi observada em palmeira real. No Paraná, é
considerada a doença de maior importância da cultura da pupunha, causando
danos principalmente em mudas enviveiradas e em plantios definitivos com até
oito meses de idade. A doença causa manchas foliares e ocorre com maior
freqüência em plantas sob alguma forma de estresse, como em mudas em
substratos inadequados, em plantas em ambiente com excesso de vento e em
condições de déficit hídrico do solo, e com adubação inadequada.

A ocorrência da doença é generalizada no Estado, porém causa maiores danos


na região Noroeste, por causa da presença de déficit hídrico. A antracnose
afeta as folhas da pupunheira, caracterizando-se como manchas arredondadas e
deprimidas, de coloração marrom, com anéis concêntricos de cor escura (Figura
1A) onde aparecem as estruturas do fungo, denominadas acérvulos e conídios.
Quando mais velhas, as lesões apresentam o centro claro e, em decorrência da
necrose total do tecido, pode ocorrer a perfuração das folhas. Estas manchas
podem se expandir para boa parte do limbo foliar e causar o secamento total
da folha (Figura 1B). As lesões da antracnose podem servir de porta de entrada
para patógenos secundários e, com isso, agravar a intensidade dos danos.

O patógeno sobrevive em restos culturais e coloniza uma ampla gama de


plantas hospedeiras. As estratégias de controle visam basicamente o
monitoramento de mudas no viveiro lançando mão do controle cultural, como
irrigar e adubar adequadamente, remover e queimar as folhas doentes e, em
último caso, o controle químico.

Mancha foliar de Curvulária

A mancha foliar causada pelo fungo Curvularia senegalensis (Speg.) Subram. foi
constatada em mudas de pupunheira e de palmeira real. Os sintomas da doença
são manchas arredondadas, de coloração marrom-avermelhada. Nos casos em
que o ataque da doença é severo a coalescência das manchas causa o
secamento das folhas. Não existe ainda nenhuma recomendação de medida
específica de controle desta doença. Observações preliminares indicam que, da
mesma forma que a antracnose na pupunheira, esta doença ocorre com maior
intensidade quando as mudas estão sofrendo algum tipo de estresse. A aduba-
ção equilibrada associada com o correto manejo da água no viveiro e a proteção
contra danos físicos são fundamentais para prevenir a severidade da doença.

Podridão do Estipe

Esta doença é causada pelos patógenos: Fusarium spp., Phytophthora sp. e


Erwinia chrysanthemi. O primeiro e o segundo são fungos de solo, enquanto E.
chrysanthemi é uma bactéria. Podridões na base do estipe causadas por
Fusarium spp. têm sido encontradas no Noroeste e no Litoral do Estado, e as
podridões causadas por Phythophtora palmivora (Butler) Butler foram
observadas somente em plantios no litoral do Paraná. A podridão causada por
E. chrysanthemi ainda não foi encontrada no Paraná.

São observados sintomas da doença na base do estipe e também sintomas


reflexos, de murcha e seca das folhas (Figura 2). A distribuição da doença nos
plantios é, de modo geral, esparsa. Estes patógenos sobrevivem
saprofiticamente no solo, em restos culturais, e podem colonizar uma vasta
gama de hospedeiros.

As estratégias de controle incluem a utilização de semente sadias, de


substratos livres dos patógenos, o monitoramento e a remoção das mudas
apresentando sintomas nos viveiros, a irrigação e a adubação adequadas, os
cuidados durante as capinas para evitar ferimentos e a desinfestação de
ferramentas. A eficiência do controle químico ainda não foi confirmada.

Problemas Abióticos
O frio, o vento e a falta de água causam estresses em mudas e em plantios
novos de pupunha e palmeira real. Tais fatores podem causar uma maior
predisposição das plantas a alguns patógenos foliares.

A pupunheira é mais sensível ao frio do que a palmeira real, de modo que a


geada pode causar a destruição total dos tecidos verdes da pupunheira. Em
mudas, em viveiros e em plantios novos o estresse causado pela falta de
umidade no solo, associado com os danos causados pelo vento e a antracnose
pode causar a redução do crescimento das plantas (Figura 3).

Patógenos ainda não constatados no Paraná


Folha Curvularia eragrostides – causa manchas foliares

Estipe Erwinia chrysanthemi – causa podridões


Bursaphelenchus cocophylus (transmitido pelo besouro
Rhynchophorus palmarum) – causa podridões

Semente Ceratocystis sp.


Fusarium sp.

A B

Figura 1. Folhas de pupunheira com sintomas de antracnose: manchas


necróticas coalescentes (A) e muda com secamento de folhas (B).
A

Figura 2. Podridão do estipe da pupunheira: amarelecimento da folha bandeira


– sintoma marcador (A); e corte longitudinal do estipe com tecidos internos
necrosados (B).
Figura 3. Plantas com folhas necrosadas devido aos danos provocados pelo estresses
hídrico, vento e antracnose.
Palmito de Pupunha (Bactris
gasipaes): Uma Alternativa
Sustentável para o
Aproveitamento de Áreas
Abandonadas pela
Agricultura no Domínio da
Mata Atlântica
Álvaro Figueredo dos Santos

INTRODUÇÃO
Este projeto tem o objetivo de desenvolver um sistema de produção que dê
suporte à atividade de produção de palmito cultivado, de forma sustentável,
visando preencher importante lacuna na oferta de sistemas para o
aproveitamento de áreas abandonadas e/ou degradadas pela agricultura no
domínio da Mata Atlântica, no estado do Paraná. A pupunha (Bactris gasipaes)
para palmito é uma alternativa para diversificação e fonte de renda e
agregação de valor. Em razão da sua alta produtividade por unidade de área, o
aumento na oferta de palmito cultivado representa também um decréscimo na
pressão ainda existente sobre as populações remanescentes de juçara (Euterpe
edulis). O projeto é composto de quatro subprojetos que tratam sobre o
zoneamento edafo-climático, diagnóstico de sistemas de produção, mercado,
melhoramento genético e conservação, propagação de material de plantio,
silvicultura, manejo e processamento de palmito. O projeto é resultante de uma
parceria entre a Embrapa Florestas, o Iapar, a UEM, UEPG, Emater-PR, e a
Funpar. Espera-se com este projeto desenvolver tecnologias e disponibilizar
conhecimentos que permitam aos agricultores e empresários do setor tornarem
seus empreendimentos viáveis, tendo acesso a material genético adaptado às
suas condições, conhecendo as opções de mercado, e, também as técnicas de
cultivo. A viabilização da comercialização do palmito in natura por grupos de
produtores pode constituir-se em importante fonte de renda para agricultores
familiares, uma vez que o processamento não exigiria grandes investimentos,
tornaria possível a venda do produto tanto em mercados locais (feiras de
produtores) ou em grandes mercados. Este é um projeto de geração/adaptação,
validação e transferência de tecnologias financiado pelo Prodetab em 2000.

Coordenação do projeto: Embrapa Florestas

Subprojetos componentes:

Subprojeto 1: Zoneamento edafo-climático de regiões apropriadas à cultura da


pupunha, diagnóstico de sistemas de produção e mercado
Coordenação: Iapar

Experimentos componentes:

1. Zoneamento agroecológico do Estado do Paraná


Abrangência: Paraná
2. Diagnóstico de sistemas de produção (restrições e oportunidades) no
Paraná
Abrangência: Paraná
3. Estudo de mercado atual e potencial palmito
Abrangência: Nacional

Subprojeto 2: Melhoramento genético, conservação e propagação da pupunha


no Estado do Paraná
Coordenação: Embrapa Florestas

Experimentos componentes:

1. Obtenção de materiais genéticos superiores (Seleção de progênies)

Abrangência: Paraná

2. Obtenção de materiais genéticos superiores (Seleção de pupunheiras em


plantações comerciais no Estado do Paraná)

Abrangência: Paraná
3. Manutenção de um banco de germoplasma (pesquisa estratégica)

Abrangência: Londrina-PR

4. Obtenção de protocolo de propagação

Abrangência: Nacional

5. Caracterização de material genético (eletroforese)

Abrangência: Nacional

Subprojeto 3: Silvicultura, manejo e processamento de pupunha no Litoral do


Estado do Paraná
Coordenação: Embrapa Florestas

Experimentos componentes:

1. Definição de sistemas de produção (Espaçamento, Adubação, Manejo de


perfilhos,

Manejo de plantas daninhas, Monitoramento e controle de doenças e


pragas, Plantas de cobertura)

Abrangência: Litoral do Paraná

2. Protocolos de processamento de palmito envasado e minimamente


processado

Abrangência: Nacional

Subprojeto 4: Silvicultura e manejo de pupunha no Noroeste do Estado do


Paraná
Coordenação: Universidade Estadual de Maringá
Experimentos componentes:

1. Definição de sistemas de produção (Espaçamento, Adubação, Manejo de


perfilhos, Manejo de plantas daninhas, Monitoramento e controle de
doenças e pragas, Plantas de cobertura, Micorriza, Irrigação, Uso de
resíduos, Produção de mudas, Quebra-vento)
Abrangência: Noroeste do Paraná

Ações de parceria com a Emater-PR:

• Validação e transferência de tecnologias de sistemas de produção de


pupunha;

Estratégias do Projeto

• Forte parceria

• Equipe técnica: 20 pesquisadores

• Rede experimental

• Instalação de um banco de germoplasma

• Experimentos em áreas de produtores

• Treinamento e capacitação (Produtores, Técnicos, Estudantes de


graduação e pós-graduação)
Pesquisas com Palmeiras
Produtoras de Palmito no
Iapar
Maria Eliane Durigan

Serão descritas, em ordem cronológica, as pesquisas com arecáceas efetuadas


pelo Instituto Agronômico do Paraná – Iapar, sem o detalhamento da
metodologia dos experimentos implantados nem a apresentação dos resultados
destas pesquisas.

1985/1986 – Estação Experimental de Morretes

Introdução das espécies Euterpe oleracea Mart. (açaí) e Bactris gasipaes Kinth
(pupunha) para avaliação como alternativa de produção de palmito.

1985 – Estação Experimental de Paranavaí

Introdução das primeiras plantas de Bactris gasipaes – Noroeste do PR.

1986 – Estação Experimental de Paranavaí

Introdução do híbrido Euterpe oleracea x Euterpe edulis

1989 – Estação Experimental de Morretes

Introdução dos primeiros materiais de pupunha sem espinhos de sementes


provenientes de Manaus

1992 – Estação Experimental de Morretes


Introdução dos primeiros materiais da espécie Euterpe precatória

1994 – Estação Experimental de Morretes

Introdução de materiais de pupunha sem espinhos provenientes do Peru e que


atualmente é mantido para produção de sementes.

1994/1995 – Alto Ribeira / Litoral / Noroeste / Oeste do Paraná

Instalação de Unidades de Observação de pupunha em Adrianópolis e Cerro


Azul / Antonina, Guaraqueçaba, Morretes e Paranaguá / Japurá, Paranavaí e
Querência do Norte / Medianeira e Missal.

1996 – Guaraqueçaba

Plantio e instalação de material de Archontophoenix alexandrae F. Mueller


(palmeira-real-da-austrália) em propriedade particular localizada no Distrito de
Tagaçaba, como alternativa para produção de palmito.

1996 – Estação Experimental de Morretes

Iniciação dos trabalhos de pesquisa visando determinar níveis de adubação e


calagem, adequados ao cultivo de pupunha nas condições edafoclimáticas do
Litoral Paranaense.

1998 – Estação Experimental de Morretes

Introdução das espécies Oenocarpus distichus Mart. (bacaba) e Oenocarpus


mapora H.Karst. (bacabinha) para produção de palmito e óleo e a espécie
Attalea funifera Mart. (piaçava) para obtenção de fibra.

1999 – Estação Experimental de Morretes

Obtenção das primeiras sementes de pupunha proveniente do material de


Manaus, introduzido em 1989.

Início dos trabalhos de pesquisa visando avaliar tecnologias de manejo de


palmeira-real para produção de palmito.
2000/2001 – Noroeste / Oeste

Início dos trabalhos em Nova Esperança, Paranavaí e Umuarama / Itaipulândia e


Missal, visando desenvolver e adaptar tecnologias para produção e
processamento de palmito de pupunha e palmeira-real em sistemas de produção
familiar.

2000/2001 – Paraná

Início da formação de um grupo de pesquisa e transferência de tecnologia multi-


disciplinar e inter-institucional, constituído pelo Iapar, Embrapa Florestas,
Universidade Estadual de Maringá, Universidade Estadual de Ponta Grossa e
Emater. Este grupo pretende, com o apoio de prefeituras municipais,
cooperativas e outras organizações governamentais e não-governamentais,
desenvolver e adaptar tecnologias para produção e processamento de palmito
de pupunha (e de outras espécies, posteriormente) em diversas regiões do
Paraná.

2001 – Estação Experimental de Morretes

Desenvolvimento de atividades de pesquisa sobre

− Fenologia reprodutiva e produção de sementes de palmeira-real.

− Manejo de plantas daninhas no cultivo de pupunha para produção de


palmito.

− Efeito de plantas de cobertura sobre o desenvolvimento e produção de


palmito de pupunha.

− Densidade de pupunha na produção de palmito.

2001 – Estação Experimental de Cerro Azul

Avaliação do desenvolvimento e rendimento de palmito de pupunha e palmeira-


real em diferentes sistemas de cultivo na região do Alto Ribeira.
2001/2002 – Itaipu

Sistemas de cultivo e produção de palmito com pupunha, palmeira-real e juçara,


em áreas lindeiras ao lago de Itaipu (Itaipulândia, Missal, Santa Helena,
Marechal Cândido Rondon e Guaíra).

2002 – Litoral do Paraná

Avaliação da produção de palmito de palmeira-real em diferentes condições de


manejo.

Publicações produzidas:

Morsbach, N.; Rodrigues, A.dos S.; Chaimsohn, F.P.; Treitny, M.R. Pupunha
para palmito – cultivo no Paraná. Londrina: IAPAR, 1998. 56p. (IAPAR.
Circular, 103).

IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná. Curso sobre cultivo, processamento


e comercialização de palmito de pupunha – Introdução ao cultivo de palmeira-
real para palmito. Londrina: IAPAR, 2001. 150p. (IAPAR. Circular, 117).

Chaimsohn, F.P.; Morsbach, N.; Durigan, M.E.; Treitny, M.R.; Gomes, E.P.
Desenvolvimento de pupunha (Bactris gasipaes Kunth) cultivada para palmito
em diferentes regiões do Paraná. Londrina: IAPAR, 2002. 54p. (IAPAR.
Boletim Técnico, 67).
Relato de Experiências com
a Atividade Palmito de
Pupunha na Pequena
Propriedade
Deodato Miguel de Paula Souza

Convidado pela Comissão Organizadora do I Encontro Paranaense sobre Palmito


Cultivado: Pupunha e Palmeira Real, para proferir palestra sobre o cultivo de
Pupunha para Palmito, aceitei, desde que a palestra fosse com o enfoque de
um relato de minhas experiências vividas como pequeno produtor de palmito
pupunha.

Este documento resume as experiências de um pequeno produtor com produção


de palmito de pupunha.

O meu interesse pelo cultivo de pupunha para palmito teve início quando de
uma visita à propriedade de meu colega prof. doutor Luiz Kulchetscki, da
Universidade Estadual de Ponta Grossa, e com experiências vividas na Região
Amazônica, Costa Rica e Peru. Nesta visita, o prof. Luiz me sugeriu que
pensasse na possibilidade de cultivar pupunha para palmito.

Como conseqüência da sugestão feita pelo Prof. Luiz, fiz curso sobre pupunha
ministrado pela Esalq e, na seqüência, realizei revisão bibliográfica sobre o
assunto, dando ênfase para a importância do solo, por ter sido a área que
trabalhei quando professor universitário.

Os trabalhos consultados na revisão bibliográfica mencionavam que o cultivo da


pupunha prefere solos profundos, férteis, bem drenados e com textura
equilibrada, de preferência os da classe dos Podzólicos e Latossolos.
Entretanto, quando de uma viagem ao Município de Registro, SP, na Estação
Experimental do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), constatei que a
pupunha era cultivada em outros tipos de solo, diante os quais as melhores
respostas nos trabalhos de pesquisa eram obtidas em solos de várzea bem
drenados.

Aposentado, mas não querendo parar de trabalhar, adquiri pequena propriedade


no Município de Paranaguá, batizado de Sítio Vovô Miguel, o qual conta com
solos do tipo Podzólico Vermelho Amarelo câmbico, Cambissolo, Aluvião – Gley
Pouco Humico e outros

Nessa propriedade, os primeiros plantios com pupunha foram feitos com 500
mudas vindas do Município de Registro, SP.

O preparo de área é feito com uso de arado para o revolvimento do solo. Nas
covas, 30 a 50 dias antes do plantio, são colocados composto à base de
serragem e calcário. Por ser espécie heliófila, os plantios são feitos a pleno sol,
com exposição na direção Leste/Oeste.

Os tratos culturais nos plantios de pupunha são constituídos por capina manual
e química. A adubação é feita à base de nitrogênio, fósforo e potássio em
formulações NPK de 4– 14-8 e 10–10-10.

Após o corte dos palmitos, os resíduos remanescentes da exploração são


incorporados à área. Ao longo de sua decomposição, a meso e macro-fauna são
os grandes beneficiados, garantindo a produtividade dos palmitais.
Relato de Experiências com
a Atividade Palmito na
Indústria
Aniceto Zanuzzo

A entrada da Empresa Azzo no negócio palmito deu-se por acaso.

Eu era Diretor de uma indústria e estava à procura de um negócio próprio


quando encontrei um amigo que me ofereceu a indústria localizada em
Antonina, PR. Negócio realizado em 1983. Os negócios, após um início muito
difícil, foram melhorando e agregamos outros produtos como pepino, cebolinha,
picles, beterraba e outros.

As atividades seguiam com os altos e baixos próprios da atividade empresarial


no Brasil. Todavia, um fato veio a mudar a história do palmito no Brasil no início
de 1999.

Houve três casos de botulismo em São Paulo, sendo dois deles suspeitos de
terem sido provocados por palmito, mais tarde apurado como sendo de origem
boliviana. O assunto foi superexplorado pela imprensa, inclusive em programas
de televisão de grande audiência.

Entrou em ação a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Proibiu a importação


do produto.

Todavia, em seguida, baixou portaria obrigando todas as indústrias do País a


colocarem etiqueta em todas as embalagens de palmito, recomendando ao
consumidor ferver o produto por 15 minutos antes de consumi-lo.
Estas medidas acabaram com o mercado. As vendas caíram mais de 90%. Ora,
se o produto era bom, para quê fervê-lo por mais minutos. Na dúvida, o
consumidor preferiu abster-se de consumir.

Em seguida, a Anvisa tomou, com acerto, uma série de medidas. Baixou a RDC
no 18, de 19/11/1999, determinando providências a serem tomadas pelas
indústrias para continuarem produzindo. Concedeu um prazo de 180 dias para
as indústrias adaptarem-se às novas exigências. À medida que as indústrias se
adaptavam, eram vistoriadas pela Anvisa e, se aprovadas, ficavam dispensadas
do uso de etiqueta.

Dentre as exigências da RDC 18 estava a obrigatoriedade de cada fábrica ter


um responsável técnico em tempo integral na empresa e um laboratório para
fazer a curva de acidificação, medida de pH, vácuo, etc. Essas medidas foram
benéficas.

Começou, então, uma nova era nas indústrias de palmito.

PALMITOS CULTIVADOS

A partir de 1999 e 2000 começaram a aparecer nos supermercados as


primeiras marcas de palmito pupunha. A primeira marca de peso foi a ECOPAL,
produzidos pela COIMEX. Depois veio a BONAL, a BONDUELE e outras. A
COIMEX, Estado do Espírito Santo, tem por volta de 10 milhões de pés de
palmito plantados e uma fábrica próxima do plantio.

Posteriormente, as indústrias tradicionais passaram a produzir pupunha com


boa qualidade e aspecto, e o produto está começando a cair no gosto do
consumidor.

Todavia, seu preço é de 20 a 25% inferior ao açaí. Há preços maiores, mas o


produto não gira.

O palmito de palmeira real não existe à venda no mercado, mas nos testes
feitos resultou um produto de boa qualidade e aparência, bastante semelhante
ao palmito de juçara. Muitos devem estar em dúvida sobre qual espécie plantar,
pupunha ou palmeira real, com base nas informações técnicas existentes de
uma e de outra espécie. Sob o ponto de vista da indústria, devem ser
mencionadas algumas características das duas espécies.

PALMEIRA REAL

1) Possui gosto e aparência mais próximo do palmito de juçara;

2) Mereceu um grande destaque na mídia, com reportagem no Globo Rural;

3) Sua produção está mais concentrada no PR e SC, Estados tradicionais na


produção de conserva de palmito. O produto, quando lançado, deverá ser
de boa qualidade;

4) Adapta-se melhor ao clima do PR e SC. É menos sensível ao frio,

5) Maiores possibilidades de exportação, pois não há oferta do produto no


mundo. A Coréia do Sul já tem feito consultas a respeito, e

6) A intenção das indústrias é lançar o produto à venda com preço superior


ao da pupunha.

PUPUNHA

1) Produto mal lançado, está lutando para recuperar a imagem;

2) Há enormes áreas de plantios de pupunha no Espírito Santo, Acre e MG.


Haverá grande oferta do produto e o preço tenderá a cair. Grande parte
desses plantios são das próprias indústrias que, por isso, terão custos
menores e, conseqüentemente, venderão mais barato, e

3) No mercado externo há países como a Costa Rica, Equador e Colômbia,


que têm grandes produções e exportam, principalmente para a Europa.
Num incentivo que substitui o plantio de coca por pupunha, o produto
não é taxado para entrar na Europa, enquanto o produto brasileiro é
taxado em 10%.
Por essas razões apresentadas, parece-nos que haverá lugar para as duas
espécies, porém a palmeira real poderá ter a preferência e o melhor preço.

É importante estar sempre em contato com as indústrias do setor para


acompanhar as tendências do mercado.

LEGISLAÇÃO

Neste momento, em que se discute a legislação sobre palmitos cultivados, é


importante acompanhar e pressionar para que se desburocratize a atividade e
seja agilizado o processo de liberações de áreas para plantio, bem como as
autorizações para o corte do produto plantado, como funciona para qualquer
produto cultivado. É uma alternativa rentável para os pequenos agricultores.
Gera empregos na lavoura e nas indústrias.
A Certificação do Manejo
Florestal Sustentável dos
Plantios de Pupunha e de
Palmeira Real com o
Sistema ABNT – CERFLOR
Sergio Ahrens

1. Introdução: a natureza do
problema e suas características

A história da atividade econômica Brasileira de base florestal reflete a


predominância do extrativismo ao longo dos seus 500 anos de história. A título
exemplificativo, cita-se o “ciclo do pau-brasil” (Caesalpinia echinata Lamarck) e
a exploração do pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia Bert. O. Ktze). No
segmento “produção de palmito”, durante as últimas quatro décadas verificou-
se a intensiva exploração de juçara (Euterpe edulis Mart.), chegando-se, no
início do Século XXI, ao ponto de total exaustão das populações naturais desta
espécie: os escassos estoques não permitem a continuidade de sua exploração
comercial irrestrita. Como uma alternativa à exploração seletiva de juçara,
espécies palmáceas exóticas, como a pupunha (Bactris gasipaes Kunth) e a
palmeira-real-da-austrália (Archontophoenix alexandrae) têm sido introduzidas e
cultivadas no Sul do Brasil. Além dos plantios localizados nas planícies
litorâneas dos Estados do Paraná e Santa Catarina, plantações têm sido
estabelecidas com pupunha também no Norte do Estado do Paraná e interior do
Estado de São Paulo. Uma descrição detalhada das espécies e das práticas
culturais recomendadas para o seu cultivo podem ser verificadas em Clement et
al. (1987), Epagri (1997), Vianna Neto et al. (1998) e Corrêa Júnior et al.
(2000).
A pupunha e a palmeira real são espécies florestais arbóreas e a farta literatura
em botânica e taxonomia vegetal assim tem consagrado. Segundo informam
Epagri (1997) e Corrêa Júnior et al. (2000, p.7-8), tanto a pupunha como a
palmeira-real-da austrália atingem, em sua condição adulta, cerca de 25 metros
de altura. De outro lado, o corte das plantas dessas duas espécies, em planta-
ções comerciais para produção de palmito, ocorre aproximadamente aos 3 anos
de idade, quando as plantas têm cerca de 3 metros de altura. Depreende-se,
portanto, que o fato de que plantas dessas espécies sejam comercialmente
cortadas em idade precoce e com pequeno porte não lhes retira a característica
arbórea. Por esse motivo, aplica-se à cultura das mesmas uma percepção
florestal: a da silvicultura e do manejo florestal. Adicionalmente, tendo em vista
a fitofisionomia das regiões Sudeste e Sul do Brasil, a pupunha e a palmeira real
são espécies florestais exóticas:1/ a pupunha tem sua área de ocorrência natural
localizada na Floresta Ombrófila Densa (Amazônica) e a palmeira real ocorre
naturalmente no Estado de Queensland, na Austrália.

Existem expectativas de promoção das exportações de conservas produzidas


com palmito de pupunha e palmeira-real da austrália. Argumenta-se que os
mercados importadores de palmito poderão impor a necessidade de que o
produto comercial disponha de um certificado quanto à sustentabilidade dos
meios de sua produção. Por este motivo, este estudo documenta uma análise
introdutória das possibilidades que existem para a certificação do manejo
florestal sustentável das plantações estabelecidas com aquelas espécies. A
análise enfatiza a certificação de grupos de pequenos produtores e utiliza a
norma NBR 14789 (sistema Abnt-Cerflor) como referencial.

2. A certificação do manejo de
plantações florestais

Conforme dispõe a Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT


(Associação ..., 2002), denomina-se “certificação” o conjunto de atividades

/ Por vezes também denominadas espécies introduzidas, alienígenas ou não autóctones. Cabe lembrar
1

que o Decreto no 4.382 (DOU 20-09-2002), que regulamenta a tributação, a fiscalização, a


arrecadação e a administração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, ITR, contém
definições para essências (espécies) nativas e exóticas, diferenciando-as.
desenvolvidas por um organismo independente de uma relação comercial (entre
produtor e consumidor) com o objetivo de atestar publicamente, por escrito,
que determinado produto, processo ou serviço, está em conformidade com os
requisitos previamente especificados. Tais requisitos podem ser nacionais,
estrangeiros ou internacionais. De outro lado, um “certificado” é uma garantia
escrita, fornecida por uma terceira parte independente quanto à conformidade
em relação aos mencionados requisitos. Pode-se certificar produtos, como, por
exemplo, os chamados produtos da agricultura orgânica (rótulo ecológico). Para
produtos manufaturados têm sido muito utilizadas as normas da série ISO-
9000, enquanto que, no caso dos Sistemas de Gestão Ambiental, SGA, faz-se
uso freqüente das normas da série ISO 14000.

A expressão Certificação Florestal, tão amplamente popularizada nos últimos


anos, diz respeito à certificação das boas práticas de manejo florestal. O
conceito aplica-se tanto para florestas plantadas como para florestas naturais
(ou florestas nativas). Na atualidade, determinados mercados importadores,
principalmente aqueles de países europeus, exigem que produtos florestais
como papel, celulose ou madeira serrada e móveis sejam produzidos com
madeira cujos meios de produção tenham sido certificados. O tema tem sido
amplamente documentado, como, por exemplo, nas obras de Upton & Bass
(1996), Viana et al. (1996) e Maser (1997). A essência do conteúdo técnico
dos sistemas de certificação florestal diz respeito à noção de sustentabilidade,
segundo suas dimensões econômica, social e ambiental. A certificação florestal
pode ser aplicada, também, a produtos florestais não-madeireiros como, por
exemplo, o palmito.

Para o caso da comercialização de palmito, e tendo como referência a


certificação florestal das boas práticas de manejo, três hipóteses, não
excludentes entre si, podem ser identificadas:

• Mercados importadores de palmito poderão impor condições tais como a


exigência de que o produto tenha um certificado que ateste a
sustentabilidade da produção da matéria-prima utilizada em sua
elaboração;

• de forma alternativa, produtores poderão, espontaneamente, informar aos


mercados que o seu produto foi produzido no contexto da
sustentabilidade certificada (e que incorpora um Plano de Manejo Florestal
Sustentável). Esta iniciativa permitirá um melhor acesso aos mercados e
provavelmente a negociação de preços mais remuneradores;

• em qualquer caso, pode-se identificar uma terceira hipótese: permanência,


e crescente participação, em determinado mercado, de palmito cujos
meios sustentáveis de produção tenham sido certificados.

3. O Sistema ABNT - Cerflor de


certificação florestal

Existem diversos sistemas de certificação florestal já operacionalizados no


planeta. Smerandi & Veríssimo (1999) e Azevedo & Freitas (2001), descrevem
alguns efeitos positivos obtidos em resultado à adoção do sistema Forest
Stewardship Council, FSC. Os procedimentos adotados por esse sistema de
certificação (concebido originalmente para a certificação de florestas nativas)
podem ser examinados em www.abnt.org.br . Um exame do estudo
documentado por Roxo (1999) também é pertinente, em especial no que diz
respeito ao conteúdo normatizador de diferentes sistemas de certificação. No
presente estudo, no entanto, a iniciativa brasileira denominada Abnt-Cerflor
será brevemente examinada como segue.

Por iniciativa da Sociedade Brasileira de Silvicultura - SBS, evidenciou-se, em


1991, a necessidade de que pudesse ser desenvolvido algum sistema nacional
de certificação das “boas práticas de manejo florestal’. Garlipp (1995) indica as
diversas vantagens que poderiam ser verificadas com o desenvolvimento de um
“certificado” brasileiro. Já em 1993, a Embrapa Florestas engajou-se em
parceria com a SBS, produzindo-se uma primeira aproximação de uma proposta
de um sistema de certificação que pudesse representar as condições brasileiras.
Durante alguns anos o sistema proposto foi sendo aprimorado com a participa-
ção de diferentes “partes interessadas” como, por exemplo, instituições de
ensino e pesquisa, empresas florestais e organizações não-governamentais. Em
1998 a proposta foi recepcionada pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT. Após adequações, o sistema Abnt-Cerflor foi finalmente
materializado por meio da publicação, em fevereiro de 2002, das seguintes
normas brasileiras:

NBR 14789: Manejo Florestal - Princípios, critérios e indicadores para


plantações florestais

NBR 14790: Manejo Florestal - Cadeia de custódia

NBR 14791: Diretrizes para Auditor Florestal - Princípios Gerais

NBR 14792: Diretrizes para Auditor Florestal - Procedimentos de auditoria –


Auditoria de manejo florestal

NBR 14793: Diretrizes para auditoria florestal - Procedimentos de auditoria,


Critérios de qualificação para auditores florestais.

Informações detalhadas acerca destas normas podem ser obtidas consultando-


se www.sbs.org.br e www.abnt.org.br.

Ë oportuno mencionar que o sistema ABNT-Cerflor foi desenvolvido para a


certificação da sustentabilidade do manejo de plantações florestais (também
denominadas florestas plantadas, ou plantios florestais) estabelecidas com
quaisquer espécies. O sistema, aplica-se, portanto, também àquelas plantações
estabelecidas com pupunha e palmeira-real.

4. A auditoria florestal implícita ao


sistema ABNT - Cerflor

A aplicação dos procedimentos de auditoria florestal (que devem ser


observados na certificação pelo sistema ABNT-Cerflor) fundamenta-se na
verificação de indicadores, no contexto de diversos critérios e que atendem a
cinco princípios fundamentais, identificados como segue:

Princípio 1. Obediência à legislação;

Princípio 2. Racionalidade no uso dos recursos florestais em curto, médio e


longo prazos, em busca da sua sustentabilidade;
Princípio 3. Zelo pela diversidade biológica;

Princípio 4. Respeito às águas, ao solo e ao ar;

Princípio 5. Desenvolvimento ambiental, econômico e social das regiões em


que se insere a atividade florestal.

Neste estudo, apenas o “Princípio 1 - Obediência à legislação” será brevemente


examinado, em especial no que se refere à legislação florestal. Por “legislação”
deve-se entender que toda a legislação pertinente deve ser observada, seja ela
tributária, trabalhista ou ambiental. Plantações florestais são estabelecidas em
propriedades imóveis rurais. Assim, na aplicação da norma NBR 14789, a
titularidade do domínio sobre a terra deve ser verificada por meio da existência
de certidões emitidas pelos cartórios de registro de imóveis. Outras formas de
posse legítima das terras, como o arrendamento e o comodato, são também
admitidas. A aquisição e o uso de agrotóxicos implica a emissão de receituário
agronômico. De forma análoga, requer-se o uso de equipamentos de proteção
individual, EPI’s, na execução de atividades que os justifiquem. Quanto à
legislação ambiental, cabe observar que o Código Florestal (Lei no 4.771/65)
contém diversas limitações administrativas quanto ao uso da terra, tais como as
Áreas de Preservação Permanente (onde devem existir as florestas e demais
formas de vegetação de preservação permanente) e a Reserva Legal. Diversos
autores têm enfatizado a necessidade de que sejam observadas as imposições
legais no uso da propriedade (Magalhães, 1990; Corrêa, 1992). Estas
limitações administrativas impostas pelo Código Florestal serão examinadas na
seqüência.

5. O Código Florestal
O Código Florestal Brasileiro foi instituído com a Lei 4.771, de 15-09-1965.
Após as modificações introduzidas pelas Leis 5.711/86 e 7.803/89, e mais
recentemente, pela edição da Medida Provisória 1.956-501 de 29-05-2000,
reeditada até a MP 2.166-67 (de 25-08-2001), o Código Florestal estabelece,
em seu Art. 1o, §2o, as seguintes importantes definições:

Artigo 1o .......
§ 2 o Para os efeitos deste Código, entende-se por:
II - Área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2o
e 3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem estar das populações humanas.
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse
rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso
sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos
processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e
proteção de fauna e flora nativas.

O exame daquelas definições permite concluir que a manutenção da cobertura


vegetal natural, por vezes composta por cobertura florestal, nessas porções de
uma propriedade rural é uma obrigatoriedade imposta por lei.

5.1. As áreas de preservação permanente e a reserva


legal
O Art. 2o do Código Florestal assim estabelece:

Art. 2o Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta lei, as


florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) aos longo dos rios ou de qualquer curso d’água, desde o seu nível

mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será (Tabela 1):

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou


artificiais; 2/

/ Segundo dispõe a Resolução CONAMA 303/02, (publicada no Diário Oficial da União, DOU, de 13-
2

05-2002), a vegetação natural nas APP’s ao redor de lagos e lagoas naturais, localizados em áreas
rurais, deve ser mantida ou restaurada em faixas marginais com, no mínimo, 50 metros (para lagos
com área de até 20 ha), ou, no mínimo, 100 metros (para lagos com área maior que 20 ha).
/ A Resolução CONAMA 303/02 define “morro” como uma elevação do terreno com altura entre 50 e
3

300m em relação à sua base e cujas encostas tenham declividade maior que 30%; “topo de morro”
é a área delimitada a partir da curva de nível localizada a 2/3 da altura da elevação em relação à
base.
c) no topo de morros, montes, montanhas e serras; 3/

d) nas encostas com declividade superior a 45 graus;

e) nas restingas, para a fixação de dunas e estabilização de mangues;

f) nas bordas dos tabuleiros e chapadas, em faixas nunca inferiores a 100


metros, em projeção horizontal;

g) em altitude superior a 1.800 metros

Tabela 1. Largura das áreas de preservação permanente (APP’s) em função


da largura dos rios.
Largura do rio (metros) Largura da APP (metros) *

Menos que 10 30

Entre 10 e 50 50

Entre 50 e 200 100

Entre 200 e 600 200

Acima de 600 500

* Largura mínima, em cada margem e em projeção horizontal


(a APP inicia-se no limite do “leito maior sazonal” ou cota de máxima inundação)

Nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, e segundo o que dispõe o Art. 16 do


Código Florestal, a Reserva Legal é uma área correspondente a 20% da área
total de cada propriedade imóvel rural, coberta por vegetação nativa ou natural,
e que não pode ser suprimida por meio de corte raso. Assim constituída, a RL
deve ser averbada à margem da inscrição da matrículada propriedade rural no
registro de imóveis competente. A vegetação que integra a RL pode ser
explorada, mas desde que o proprietário rural elabore um Plano de Manejo
Florestal Sustentável e que sua execução seja autorizada pelo Ibama ou, por
delegação de competência, pelo órgão ambiental estadual.

Oportuno mencionar que o uso de qualquer sistema de certificação florestal


pressupõe a recuperação do passivo ambiental representado pela inexistência
da vegetação nativa que deveria existir nas áreas de preservação permanente e
na reserva legal, conforme anteriormente identificadas.
6. Certificação florestal e planos de
manejo

Para a colheita e comercialização do palmito em plantações de pupunha e


palmeira-real não se exige a elaboração de um Plano de Manejo Florestal
sustentável como requerido (por lei) no caso da exploração seletiva de
populações naturais de jussara (Euterpe edulis Mart.).4/ No entanto, por se
tratar de espécies florestais, aplica-se o conceito de certificação do Manejo
Florestal Sustentável. Por esse motivo, e para qualquer sistema de certificação
que possa ser adotado, exige-se, em nível de auditoria florestal, que todas as
atividades necessárias à operação de um empreendimento florestal sejam
previstas em um Plano de Manejo Florestal Sustentável. Os cultivos de pupunha
e palmeira real são tratados como uma plantação florestal: a particularidade é
que, em vez de se produzir madeira, produz-se palmito, um produto florestal
não-madeirável.

O Código Florestal (Lei 4.771/65) em seu Art. 12 informa que “nas florestas
plantadas, não consideradas de preservação permanente, é livre a extração de
lenha e demais produtos florestais ou a fabricação de carvão”. Assim, em tese,
não haveria necessidade de um Plano de Manejo para legitimar a colheita de
palmito de pupunha e palmeira-real. De outro lado, a necessidade de um Plano
de Manejo está prevista no sistema de certificação florestal ABNT-Cerflor.
Segundo dispõe a Norma NBR 14789, um Plano de Manejo Florestal deve
conter pelo menos os seguintes componentes:

• Condições do manejo em razão das peculiaridades regionais e locais;

• Esquema de manejo silvicultural a ser implementado;

• Justificativa da viabilidade econômica do manejo;

• Sistema de malha viária;

/ Ver Resolução CONAMA no 294/02, de 12-12-2001.


4
• Idade de colheita prevista;

• Estimativa de crescimento e de produção por tipo de produto a ser


colhido;

• Mapas ou croquis das propriedades rurais com indicações da ocupação e


uso da terra;

• Levantamentos topográficos, classes de solo e tipologia da vegetação,


bem como dos recursos hídricos disponíveis;

• Existência de um programa plurianual de plantio, manutenção e colheita;

• Planos de contingência nos casos de incêndios e sinistros;

• Inventário florestal contínuo;

• Indicação de fontes alternativas ao plano de manejo, para a obtenção de


matéria-prima florestal.

O proprietário de uma pequena propriedade imóvel rural, individualmente


considerado, certamente terá muitas dificuldades para atender ao requerido pela
norma. De outro lado, prevendo tais dificuldades, e tendo em vista o caráter
voluntário e não-discriminatório da norma, o sistema ABNT-Cerflor admite a
certificação de grupos de pequenas e médias propriedades. Nesta hipótese, a
certificação do grupo, desde que este tenha sido legalmente constituído, requer
a elaboração de um único Plano de Manejo.

7. Considerações finais e
perspectivas
Muito embora tenha caráter voluntário, a certificação das boas práticas de
manejo florestal é uma realidade contemporânea irreversível. Concebidos para a
certificação dos meios de produção de madeira, matéria-prima requerida pelas
indústrias de celulose e papel, serrarias e indústrias de móveis, os sistemas de
certificação florestal disponíveis podem ser utilizados também para a
certificação de produtos florestais não-madeiráveis, dentre os quais o palmito.

Tendo em vista a auditoria florestal necessária para a implementação da Norma


NBR 14789 (sistema Abnt-Cerflor), recomenda-se que produtores de palmito de
pupunha e palmeira-real constituam grupos de propriedades. Dentre as diversas
vantagens e benefícios decorrentes da adoção do procedimento pode-se incluir:
a) promoção da sustentabilidade (econômica, social e ambiental) em nível local
e regional; b) redução dos custos de certificação; c) necessidade de correção
do eventual passivo ambiental (APP’s e RL) d) melhor acesso aos mercados
importadores de palmito; existindo, ainda, perspectivas para e) melhor
remuneração pela produção.

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pupunha (Bactris gasipaes H.B.K.) como produtora de palmito. In: I ENCONTRO
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