Fernanda Ramos Pereira 2022
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RESUMO
Durante a pandemia da Covid-19, uma das principais preocupações dos gestores e traba-
lhadores do SUAS, tem sido garantir proteção social aos segmentos mais vulnerabilizados
da população, que utiliza a rua como meio de moradia e sustento. Para além de toda a
complexidade que envolve o segmento de rua, os gestores do SUAS têm buscado superar
as inúmeras dificuldades para a manutenção da rede de serviços do SUAS, que desde 2017
passa por um processo de desfinanciamento, com redução contínua no orçamento, o que
compromete a oferta de serviços da Proteção Social Básica e Especial nos equipamentos
do CRAS, CREAS, Centro POP e nos acolhimentos institucionais. Os sucessivos cortes
nos orçamentos das políticas sociais se intensificaram a partir da aprovação da Emenda
Constitucional no 95/2016, que impôs o limite do teto dos gastos públicos, acelerando o
desmonte do Sistema de Proteção Social brasileiro. Diante disso, a pandemia da Covid-19
surge no país em um cenário de crise econômica e política, acentuando cada vez mais as
desigualdades sociais. Espera-se, com este trabalho, suscitar a reflexão sobre os principais
desafios da gestão do SUAS, para a efetivação dos direitos diante de um contexto de crise
sanitária e econômica e, com grandes repercussões no campo da proteção social brasileira.
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Políticas públicas para a População de Rua no Brasil: uma década de poucos avanços
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vem assegurar e orientar um conjunto de serviços socioassistenciais relacionados à proteção
social básica e especial, tendo como público- alvo também as pessoas em situação de rua.
Em dezembro de 2009, a Política Nacional para a População em Situação de Rua
(PNPSR), regulamentada pelo Decreto no 7.053/2009, foi promulgada com o objetivo de
garantir serviços e programas no campo da saúde, educação, previdência, assistência so-
cial, moradia, segurança pública, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda. Seu texto legal
aprova a criação do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da PNPSR
em cada estado da federação.
Em relação às políticas de saúde voltadas para a população em situação de rua, so-
mente em 2011 foi instituída a Política Nacional de Atenção Básica por meio da Portaria no
122, de janeiro de 2011, que as definiu as diretrizes da organização e funcionamento das
equipes de Consultório na Rua, considerado um serviço itinerante, multidisciplinar que visa
ampliar o acesso deste segmento aos serviços de saúde, numa perspectiva de integralidade.
O Sistema Único de Saúde (SUS) caracteriza-se como fundamental para a promoção
dos direitos da população em situação de rua. Conquistado na Constituição Federal de 1988
e regulamentado em 1990, por meio da Lei no 8.080, o SUS é uma das maiores conquistas
do povo brasileiro por ser um sistema público, descentralizado, participativo e que tem como
princípios norteadores, a universalidade, integralidade e a equidade. Mesmo com seus inú-
meros problemas de gestão, operacionalização e financiamento, o sistema nos últimos 30
anos tem garantido a cobertura de quase 90% da população brasileira e cada vez mais se
consolida como um dos principais modelos de saúde para o resto do mundo.
É importante mencionar que o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) foi
fundamental para o reconhecimento de direitos da população em situação de rua. Atualmente,
ele é considerado um movimento atuante, politizado, e se faz presente nos comitês, comis-
sões e conselhos para a elaboração de políticas públicas.
Apesar das garantias afirmadas na PNPSR, o que observamos nos últimos anos foram
conquistas morosas, em todas as áreas, principalmente no acesso ao direito à moradia. A am-
pla mobilização dos movimentos sociais, principalmente do Movimento Nacional de Pessoas
em Situação de Rua, juntamente com as instâncias de controle social (comitês e conselhos
locais) será fundamental, para fazer a pressão social necessária em todos entes federados,
em busca da manutenção e ampliação de suas conquistas já bem delineadas na PNPSR.
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uma população que utiliza logradouros públicos e áreas degradadas como espaço de moradia
e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento
para pernoite temporário ou como moradia provisória.
A última pesquisa nacional de contagem da população em situação de rua foi realiza-
da em 2008 pelo Ministério de Desenvolvimento Social (MDS), em 71 cidades, com 32 mil
pessoas acima de 18 anos. Os principais resultados encontrados foram: a população em
situação de rua em sua maioria é predominante do sexo masculino (82%); negros (67%);
jovens (43,21%); tem baixa escolaridade, sendo 17,1% analfabetos; apresentam tempo
médio na rua há mais de 2 anos (48,4%). Os principais motivos que levam esta população
a escolher o espaço da rua como moradia e sobrevivência são: problemas com álcool e
drogas (35,5%); desemprego (29,8%); conflitos familiares (29,1%); não possuem vínculos
familiares (51,9%); e há, ainda, os que possuem familiares residentes na mesma cidade,
mas não mantém nenhum contato (38,9%).
Em relação às formas de sobrevivência desta população, a pesquisa de 2008 mostrou
que a maioria trabalha (70,9%) ou exerce alguma atividade remunerada (58,9%). Outro dado
importante é que 30% da população entrevistada disseram ter algum problema de saúde e
24,8% afirmaram não possuir nenhuma documentação civil. Se compararmos os dados da
pesquisa nacional de 2008 com os resultados da pesquisa recente sobre a População em
Situação de Rua de 2019, realizada pela Prefeitura de São Paulo em parceria com a Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), notamos algumas similaridades entre ambas.
A pesquisa de São Paulo mostrou que a maioria da população entrevistada pertence
ao sexo masculino (86%) e a faixa etária predominante está entre 18 e 59 anos (89%); são
predominantemente pretos e pardos (68%). Em relação aos motivos principais que levaram
esta população a morar nas ruas da capital paulista, destacam-se conflitos familiares (40%);
dependência química (33%); desemprego (23%) e perda de moradia (13%).
O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), realizou recentemente uma
estimativa da população em situação de rua no Brasil e identificou que no período de se-
tembro/2012 a março/2020, esta população cresceu em torno de 140%, ou seja, passou de
92.515 para 221.869. A estimativa foi feita por meio de modelo estatístico desenvolvido por
Natalino (2020), usando os dados do Cadastro Único, Censo SUAS, Registro Mensal de
Atendimento (RMA) e IBGE de 2015.
Na Figura 1, agrupamos por região, os dados do IPEA (2020), sobre a estimativa da
população em situação de rua do país, entre 2012 e 2020. Observa-se uma concentração
deste segmento principalmente na região sudeste.
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Figura 1. Estimativa da População em Situação de Rua no Brasil por Regiões.
Trazendo para a nossa realidade, no estado do Amazonas, ainda não sabemos precisar
o número de pessoas vivendo em situação de rua. É urgente que a gestão do SUAS priorize
em seu planejamento anual a realização de pesquisas e diagnósticos sobre a população de
rua, em vários territórios do estado do Amazonas.
Segundo dados do Cadastro Único, entre os anos de 2016 e 2018, em todo o Amazonas
foram acompanhadas 5.907 pessoas em situação de rua pelo Centro Pop. Somente Manaus
teve um volume de 4.909 atendimentos(83,12%), sendo 90,66% do
sexo masculino e 9,34%, apenas, do sexo feminino. Sobre o perfil da população aten-
dida, 3.640 (70,11% ) são adultas usuárias de crack e outras drogas; 1.484 (28%) são mi-
grantes e 68 (1,31%) são pessoas que apresentam alguma doença ou transtorno mental.
Quanto ao perfil etário e sexo da população atendida, 552 (9,34%) são do sexo feminino e
5.335 (90,66%), do sexo masculino.
Em março de 2020, após consulta realizada no Cadastro Único, foi observado que no
estado do Amazonas há 776 famílias em situação de rua, totalizando 945 indivíduos nessa
situação. Contestando esse dado, a Pastoral do Povo da Rua, da arquidiocese de Manaus,
afirma empiricamente que existem aproximadamente duas mil pessoas em situação de rua
na capital amazonense. O cadastro revelou também que pelo menos 857 pessoas estão
concentradas em Manaus, ou seja, o equivalente a 90% da população em situação de rua
atendida em todo o Amazonas.
Os dados acima expressam um perfil superficial da População em Situação de Rua do
estado e, em particular da cidade de Manaus. Não foi possível precisar como esta popula-
ção está distribuída nos demais 61 municípios do Amazonas. Isso comprova a necessidade
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urgente dos gestores em implantar/implementar a vigilância socioassistencial nos municípios
e do governo local em financiar pesquisas e estudos que retratem as reais condições de vida
e sobrevivência deste segmento considerado extremamente vulnerável.
É importante conhecer a realidade da população de rua de forma mais ampla: histó-
rico familiar antes de ingressarem às ruas; tempo de rompimento dos vínculos familiares;
tempo de rua; se costumam fazer uso da rede socioassistencial do SUAS e demais políticas
públicas; suas condições de saúde; o que fazem para sobreviver na capital e no interior do
estado; sua composição por raça/etnia; se estão inseridos no Cadastro Único; se recebem
benefício/aposentadoria; se possuem documentação civil e se são egressos do sistema
prisional. Esses são alguns dos elementos principais que podem contemplar as próximas
pesquisas censitárias ou diagnósticos sobre esta população.
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Sabe-se que o efeito da crise sanitária é mais intensa entre as camadas mais pobres da
população, aquela que sobrevive da informalidade, com baixa escolaridade, com os piores
rendimentos, oriunda das periferias e predominantemente negra.
Desde o início da pandemia, uma das principais preocupações dos gestores e traba-
lhadores do SUAS se voltava à população em situação de rua. O seguinte questionamento
pairava sobre a gestão: como adotar medidas de prevenção e isolamento social para uma
população que usa a rua como espaço de moradia e sustento.
Durante toda a pandemia da Covid-19, tanto a sociedade quanto o Estado se dirigiam
a este segmento como os “invisíveis da sociedade”. Importante deixar claro que os segmen-
tos mais vulnerabilizados da população, que aos olhos do Estado brasileiro são invisíveis,
porque não entram na contabilidade do Censo do IBGE, mas, são usuários permanentes
dos serviços do SUAS.
As políticas sociais no capitalismo são desdobramentos e até respostas e formas de
enfrentamento às expressões multifacetadas da questão social, cuja raiz encontra-se nas
relações de exploração do capital sobre o trabalho (NETTO, 1992). Neste sentido, as políti-
cas sociais são consideradas um conjunto de estratégias políticas, elaboradas pelo Estado,
para o enfrentamento às desigualdades sociais. Para Pedro Demo (2007), a política social
autêntica é aquela que possibilita a redistribuição de renda e poder, sendo ao mesmo tempo
preventiva e equalizadora de oportunidades.
Neste sentido, a Assistência Social, sendo ela política pública de Seguridade Social,
não será suficiente para o enfrentamento das desigualdades sociais. Por isso a importância
da integração das políticas públicas e sociais.
A falta de prioridade do poder público nos últimos anos em efetivar políticas públicas
para o segmento de rua, levou os principais órgãos federais, como a Defensoria Pública
da União (DPU), Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Trabalho (MPT),
no início da pandemia do Coronavírus, a determinarem aos órgãos locais, um conjunto de
ações intersetoriais, tendo em vista garantir a proteção social do segmento de rua.
Dentre as exigências solicitadas à gestão estadual e municipal estavam: 1) implantação
de medidas de abrigamento emergencial para grupos de risco; 2) criação de espaços de
isolamento social para pessoas de rua infectadas com o Coronavírus; 3) garantia da oferta
dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), materiais para higienização para trabalha-
dores e usuários; 4) garantia da oferta diária do serviço de higienização e alimentação para
as pessoas em situação de rua; 5) realização de vacinação contra a gripe para pessoas
acima de 60 anos e trabalhadores; 6) instalação de pontos de água potável para os usuários;
7) disponibilidade de banheiros públicos próximos aos locais de abrigamento provisório.
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A seguir, discutiremos os principais desafios enfrentados pela gestão do SUAS para
efetivar direitos da população em situação de rua, num contexto de crise sanitária e econô-
mica, com duros ataques ao sistema de proteção social brasileiro.
a) O desafio de garantir isolamento social para uma população que utiliza a rua como
meio de moradia e sustento.
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AIDS, gravidez de alto risco e doenças bucais, o que nos exigiu uma ampla articulação com
toda a rede pública de saúde em todos os níveis de complexidade.
Havia uma permanente negligência das equipes que atuavam no serviço de emergência
do SAMU, pois quando acionadas pelas equipes técnicas, não priorizavam as solicitações
dos abrigos emergenciais. Esses episódios contínuos nos levaram a comprovar que esta
população sofre um enorme preconceito e discriminação por parte dos agentes públicos e
pela sociedade de modo geral.
Esta situação obrigou a Secretaria Estadual de Saúde (SUSAM) a disponibilizar o ser-
viço de ambulância com equipe técnica, em horário integral, para a atender as demandas
dos dois abrigos emergenciais.
No epicentro da pandemia, nos deparamos com uma rede pública de Saúde insuficiente
e precária, pois não havia leitos suficientes, somados a um déficit de profissionais do SUS
na área da saúde mental e nas equipes do Consultório de Rua.
As equipes dos Consultórios de Rua são organizadas de acordo com as modalida-
des I, II e III. Em fevereiro de 2015, havia em todo país 133 equipes e, em fevereiro/2020,
esse quantitativo passou para 191 equipes. Apenas cinco estados da Federação contam
com 10 ou mais equipes de Consultório na Rua. No estado do Amazonas existem duas
equipes de Consultório de Rua, sendo uma na capital Manaus e uma no município de
Manacapuru, na Região Metropolitana de Manaus. Os dados indicam a necessidade urgente
dos governos ampliarem a rede de serviços no SUS voltados ao segmento da População
de Rua em todo país.
No campo da Assistência Social, o quadro não é muito diferente. Apesar dos avanços
neste campo, ainda há inúmeros desafios a serem enfrentados pelos entes federados na
promoção dos direitos das pessoas em situação de rua. Na Figura 2 é possível visualizar o
número reduzido de unidade de CREAS e Centro-POP considerados serviços específicos
para a população de Rua.
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Figura 2. Número de Equipamentos do SUAS no Amazonas.
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Importante destacar o papel de liderança do CONGEMAS e sua articulação com o FONSEAS,
CNAS, Frente Nacional em Defesa do SUAS, Frente Parlamentar em Defesa do SUAS,
FNTSUAS e FNUSUAS, na luta em defesa do SUAS, do cumprimento do pacto federativo
e pela manutenção de um dos principais sistemas de proteção social da América Latina.
Os ataques ao SUAS na sua base orçamentária foi mais incisiva em 2018, quando a
Assistência Social sofreu um corte de 50% na Proposta de Lei Orçamentária Anual 2019,
comprometendo a cobertura dos serviços, benefícios e programas do SUAS. Havia uma
previsão orçamentária na ordem de R$ 61,136 bilhões, mas foram disponibilizados ape-
nas R$ 30,899 bilhões, ou seja, praticamente metade do montante previsto.
Durante todo ano de 2019 foram realizadas várias mobilizações e audiências públicas
na Câmara e Senado para a recomposição orçamentária do sistema. Após muita luta, em
dezembro de 2019 ocorreu a liberação de um crédito suplementar no valor de R$ 938 milhões
para a manutenção dos serviços do SUAS. Em 2019, o CNAS aprovou o orçamento para
2020 no valor R$ 2,7 bilhões, para a manutenção dos serviços socioassistenciais. No entanto,
foram disponibilizados apenas R$ 1,3 bilhão.
No início de 2020, o Ministério de Cidadania surpreendeu os gestores do SUAS redu-
zindo em 40% o valor de repasses das parcelas mensais para a manutenção dos serviços
do SUAS, com a justifica de “equalizar” o financiamento do sistema. Com o advento da pan-
demia no país e o aumento expressivo da demanda por benefícios eventuais, acolhimentos
e EPIs, a situação da rede de serviços ficou dramática.
Em abril de 2020, o Ministério de Cidadania liberou, por meio da Portaria no 369/2020, o
montante de R$ 2.5 bilhões para Ações do Covid-19 no SUAS relacionadas ao acolhimento,
alimentos e Equipamentos de Segurança Individual (EPIs). No entanto, os repasses mensais
obrigatórios não foram efetuados.
Em relação ao Amazonas, os 62 municípios do estado do Amazonas receberam
o total de R$ 41,3 milhões para manutenção dos serviços da Proteção Social Básica e
Especial. Os maiores repasses foram para cofinanciar o serviço de acolhimento institucional
(aquisição de alimentos e EPIs) e os serviços da proteção social, devido à elevada demanda
por benefícios eventuais (cestas básicas e auxílio funeral).
Em contrapartida, a gestão estadual da SEAS recebeu via transferência fundo a fundo
do governo federal, nos meses de abril e maio de 2020, apenas R$ 129.600,00 para manu-
tenção de um abrigo para migrantes venezuelanos, dois abrigos emergenciais de população
de rua e R$ 9.450,00 para compra de EPIs para as equipes técnicas.
É importante ressaltar que o custo do SUAS no Amazonas é bastante elevado devido
ao fator amazônico. Vale ressaltar que o governo federal ainda não conseguiu propor critérios
de partilha diferenciados para os estados da região amazônica.
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Durante a pandemia da Covid-19, alguns municípios amazonenses como: Tabatinga,
São Gabriel da Cachoeira e Barcelos que concentram um grande contingente indígena,
acabaram demandando aos entes federados, maiores esforços para conterem o avan-
ço do Coronavírus.
A situação de São Gabriel da Cachoeira é bem peculiar, pois o município, localizado
no alto rio Negro, concentra 90% da população indígena do estado e em maio de 2020 re-
gistrou 741 casos e 21 mortes (FVS). Com uma rede de serviços do SUAS ainda bastante
insuficiente, dispõe apenas de um CRAS, um CREAS e um Acolhimento institucional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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apenas cadastrar, abrigar e alimentar o povo da rua; é necessário garantir renda, saúde,
trabalho, educação e principalmente o acesso à moradia digna.
Por fim, precisamos reafirmar a defesa do Sistema Único de Assistência Social (SUAS),
em tempos de duros ataques ao Sistema de Seguridade Social brasileiro, por parte de um
governo ultraneoliberal, que privilegia os investimentos financeiros em detrimento das polí-
ticas sociais. É inaceitável que o governo Bolsonaro se recuse a repassar anualmente 2,7
bilhões de reias, para a manutenção dos serviços do SUAS e privilegie aos bancos privados
com um “socorro” de 1 trilhão de reais. Portanto, faz-se urgente a mobilização das bancadas
parlamentares estadual e federal, fóruns de trabalhadores, usuários, movimentos sociais,
colegiados de gestores, para a luta em defesa de um dos maiores Sistemas de Proteção
Social da América Latina.
REFERÊNCIAS
1. Demo.Pedro. Política Social, Educação e Cidadania. Papirus. Campinas, SP. 1994.
5. NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo: Cortez,
1992.
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