Teoria Geral Do Direito Empresarial
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Livro Eletrônico
DIREITO EMPRESARIAL
Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli
Sumário
Teoria Geral do Direito Empresarial.. .....................................................................................................................3
Apresentação do Curso.................................................................................................................................................3
1. Teoria Geral do Direito Empresarial..................................................................................................................4
1.1. Primeiros Passos: Objeto, Conceito e Nomenclatura da Disciplina.............................................4
1.2. Primeira Fase Evolutiva: o Direito Mercantil............................................................................................5
1.3. Segunda e Terceira Fases Evolutivas: do Direito Comercial ao Direito Empresarial. . ......6
1.4. Características da Disciplina. . ..........................................................................................................................11
1.5. Princípios Orientadores......................................................................................................................................12
1.6. Fontes do Direito Empresarial Brasileiro. ................................................................................................18
Resumo.................................................................................................................................................................................21
Questões de Concurso................................................................................................................................................23
Gabarito...............................................................................................................................................................................29
Questões Comentadas.. ..............................................................................................................................................30
Referências........................................................................................................................................................................44
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Atividades econômicas à organizadas;
Pessoas (físicas e jurídicas) à exercício de tais atividades em caráter profissional;
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Comercial francês de 1808 (ou Código Napoleônico). Nessa época, aquele Direito Mercantil,
de caráter consuetudinário, deu espaço ao Direito Comercial, codificado e garantidor de uma
jurisdição Estatal mais abrangente, isto é, independente da participação dos comerciantes em
corporações ou grupos sociais específicos.
Vale dizer que, em tal período histórico, o Direito Empresarial “viveu” o seu momento de
maior separação e independência em relação ao Direito Civil, na medida em que, pela teoria
“dos atos de comércio” (dentre outros fatores), revelava-se um caráter pretensiosamente autô-
nomo da disciplina.
Atualmente, contudo, o que se observa é que a partir do desenvolvimento e da adoção da
teoria da empresa – a qual será objeto do nosso estudo a seguir –, o Direito Empresarial, con-
quanto tenha passado por um processo de descodificação (visto que hoje a matéria é tratada
não apenas no CC/2002, mas também em legislações esparsas), possui a maior amplitude de
seu histórico evolutivo, tendo em vista que não mais abrange apenas algumas poucas asso-
ciações de pessoas, tampouco apenas certos atos de comércios, mas sim a grande maioria
das atividades econômicas, desde que exercidas com profissionalismo e organização, “para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços” (art. 966, caput¸ do CC/2002).
Portanto, anote...
Dito isso, que tal dissertarmos um pouco mais sobre essas fases evolutivas do Direito
Empresarial?
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Antes disso, ou seja, na Idade Antiga, era impossível falar-se em um Direito Empresarial,
Comercial ou mesmo Mercantil, na medida em que não se viam sequer traços de um sistema
jurídico-normativo organizado que se prestasse a regular o mercado e os atores que com ele
se envolviam.
Portanto, há um consenso na doutrina no sentido de que, embora o comércio já existis-
se empiricamente, o Direito Empresarial (ou Mercantil), como sistema de normas organizado,
teve sim a sua origem na Idade Média, por ocasião do desenvolvimento do sistema de regras
próprias dessas tais Corporações.
Esses grupos seletos de pessoas eram formados pela burguesia que vivia do comércio
junto aos feudos, e que estipulava normas jurídicas dinâmicas, próprias de suas atividades —
diferentes das regras do Direito Romano e Canônico.
Nesse contexto histórico, podemos afirmar que esse sistema subjetivista era composto
por uma jurisdição própria e por regras baseadas nos usos e nos costumes daqueles que de-
senvolviam as atividades comerciais. O Direito que regulava o comércio da época era o direito
aplicável aos integrantes de uma Corporação de Ofício específica. Verificava-se, assim um
caráter eminentemente classista e corporativo; subjetivista, portanto.
Nessa primeira fase da disciplina, observava-se um direito que contemplava apenas alguns
dos comerciantes (atos de comércio subjetivos). Havia, inclusive, um critério dito corporativo,
por meio do qual entendia-se que se um sujeito fosse membro de uma determinada Corpora-
ção de Ofício, o direito a ser aplicado em seu favor seria o da corporação da qual ele fazia par-
te. É dizer, era a matrícula na Corporação que atraía o direito costumeiro e a jurisdição consu-
lar (exercida por Juízes e Tribunais consulares, cujos membros, eleitos pelos integrantes das
Corporações, funcionavam como árbitros em face dos litígios eventualmente instaurados).
Entretanto, tornou-se nítido que esse critério subjetivista e corporativista não era suficiente
para regular todas as relações comerciais que se desenvolviam e se expandiam a cada dia. Fe-
z-se necessário que a tutela normativa se estendesse aos demais atos de comércio praticados
cotidianamente, o que deu origem ao sistema objetivista, que veremos a seguir.
Antes de avançarmos, porém, imperioso destacar que, apesar do abandono do Direito Mer-
cantil da Idade Média, ainda hoje verificamos importantes heranças que remetam a tal período
histórico, tais como a ideia de sociedades de pessoas, alguns traços rudimentares dos contra-
tos comerciais que eram celebrados entre os mercadores da época e, ainda, alguns dos títulos
de crédito que até hoje são utilizados no Direito Empresarial, a exemplo das letras de câmbio
e das notas promissórias.
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Isso se deu, repita-se, por ocasião da progressiva intensificação das atividades comerciais
desenvolvidas nas feiras das várias cidades portuárias europeias, seja pelos navegadores, seja
pelos próprios habitantes daquelas localidades. Com isso, aos poucos as Corporações foram
perdendo tanto o seu capital político quanto o seu monopólio sobre a instituição das regras
aplicáveis ao comércio e aos sujeitos que com ele se envolviam.
O Estado, então, tomou a frente no que se refere à tutela dos interesses individuais e coleti-
vos relativos às atividades comerciais que se expandiam no dia a dia. Nesse cenário, o Código
Comercial francês de 1808 (ou Código Napoleônico) representou uma mudança paradigmáti-
ca no ordenamento jurídico não só da França, mas de grande parte da Europa.
Referido diploma normativo, portanto, representou não apenas o abandono definitivo da
primeira fase do estágio evolutivo do Direito Empresarial, mas também o nascimento da teoria
dos atos de comércio, cujos principais traços característicos eram os da sua separação, inde-
pendência e autonomia em relação ao Direito Civil.
Por mais que a teoria dos atos de comércio objetivasse, como dito, ampliar o campo de
proteção das normas voltadas às relações jurídicas mercantis – o que se fazia a partir de um
critério de intermediação na efetivação da troca de mercadorias –, a sua deficiência se revela-
va justamente a partir dessa pretensão legislativa de esgotamento do objeto disciplinado.
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Portanto, não é forçoso imaginar que, nesse contexto de expansão urbana e social vivida
na Europa do século XIX, a busca pela centralização da tutela estatal de todas as relações
comerciais cotidianas em um único Código mostrou-se infrutífera, na medida em que transpa-
recia a ausência de isonomia no trato dos indivíduos tidos por comerciantes, quando compara-
dos aos que não recebiam tal denominação e proteção jurídicas pelo Estado.
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Por fim, mas não menos importante, temos o perfil corporativo, que vê na empresa uma
verdadeira instituição social, tal como a família, a qual busca reunir o empresário e os empre-
gados com objetivos comuns. Pela teoria asquiniana:
“o empresário e os seus colaboradores dirigentes, funcionários, operários, não são de fato, simples-
mente, uma pluralidade de pessoas ligadas entre si por uma soma de relações individuais de traba-
lho, com fim individual; mas formam um núcleo social organizado, em função de um fim econômico
comum, no qual se fundem os fins individuais do empresário e dos singulares colaboradores: a
obtenção do melhor resultado econômico na produção”.
Quanto a esse último perfil, é importante ressaltar, apenas, que esse ideal é oriundo de
uma ideologia fascista, predominante em 1943, de forma que não encontra paralelo no direito
positivado brasileiro.
Com o fim de adaptar o conceito ao ordenamento jurídico vigente, ainda que desvirtuando
um pouco do sentido original, este perfil também é chamado de hierárquico, visto que conside-
ra a empresa como uma estrutura piramidal, na qual o empresário ocupa o topo, seguido pelos
demais prepostos, conforme a hierarquia definida nos quadros funcionais da empresa.
Em resumo, é esse conjunto de perfis que embasa o conceito poliédrico de empresa, oriun-
do da teoria asquiniana.
Quanto ao empresário, por sua vez, devemos considerá-lo como a pessoa (natural ou jurídi-
ca) que exerce a empresa em caráter profissional. Com efeito, o profissionalismo se manifesta
por outras duas circunstâncias, a saber, a habitualidade, na medida em que não se considera
empresa uma atividade econômica pontual ou demasiadamente esporádica, e a pessoalidade,
visto que a empresa deve ser exercida pelo próprio empresário, não por pessoa interposta, ca-
bendo a ele assumir os riscos e, obviamente, auferir os lucros daí decorrentes.
Assim, anote...
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Empresa à É a atividade econômica organizada;
Empresário à É a pessoa física ou jurídica que exerce a empresa com profissionalismo (habi-
tualidade + pessoalidade);
Antes de encerrarmos esse ponto, devemos destacar ainda que o Código Civil italiano de
1942, para além de romper com a antiga teoria dos atos de comércio e dar início à teoria da
empresa, também representou um importante passo no que se refere à unificação dos Direitos
Empresarial e Civil.
Nada obstante, essa unificação deve ser compreendida apenas sob o aspecto formal, visto
que o fato de muitas das normas sobre a teoria da empresa terem sido inseridas no Código
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Civil daquele País (semelhantemente ao nosso Código Civil de 2002) não fez com que fosse
abandonado o tratamento específico que a matéria pressupõe, dado o seu regime jurídico-nor-
mativo especial.
Assim, não há dúvidas, atualmente, quanto à existência de um regime jurídico especial-
mente delineado para o Direito Empresarial, tampouco quanto ao seu caráter autônomo em
relação às demais normas que regem outros tantos aspectos da vida civil.
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“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
I – soberania nacional;
II – propriedade privada;
III – função social da propriedade;
IV – livre concorrência;
V – defesa do consumidor;
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto am-
biental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
VII – redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII – busca do pleno emprego;
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras
e que tenham sua sede e administração no País.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, indepen-
dentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.”
Buscando regulamentar a norma contida no parágrafo único do artigo supra e, além disso,
modernizar a tutela estatal das relações jurídico-econômicas cotidianas, foi editada, em 20 de
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Realizada essa breve introdução, passemos à análise acerca dos princípios mais relevantes
ao estudo Direito Empresarial e com maior incidência em provas de concursos e exames afins.
Pois bem, a função social da empresa é um princípio que resulta de uma interpretação con-
junta dos princípios constantes dos incisos II e III da CF/1988. Isso porque, ao mesmo tempo
em que sem a propriedade privada – isto é, sem os seus bens de produção – não seria possível
que o empresário desempenhasse a sua atividade econômica, podemos dizer também que
tal propriedade privada, em linhas gerais, não pode existir sem que cumpra com a sua função
social, qual seja, a de garantir, além da dignidade da pessoa humana, o desenvolvimento indi-
vidual e coletivo.
Nesse sentido, segundo o disposto no parágrafo único do art. 116 da Lei n. 6.404/1976
(Dispõe sobre as Sociedades por Ações), por exemplo, tem-se que:
“o acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e
cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da
empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses
deve lealmente respeitar e atender” (grifamos).
Ou seja, é a partir de tal princípio que se tem a noção de que a atividade empresarial não se
destina, apenas, ao desenvolvimento social e econômico no plano individual, isto é, do próprio
empresário ou da sociedade empresária, mas também aos interesses de toda a coletividade,
o que se faz por meio da geração de empregos, da circulação de moeda, do pagamento de im-
postos, do estímulo à concorrência, da produção de bens ou, ainda, da prestação de serviços.
Como expoente de tal ideia, podemos citar a obra “Função social de propriedade dos bens
de produção”, do doutrinador Fábio Konder Comparato, importante jurista, advogado e escritor
brasileiro.
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1.5.2. Livre-Iniciativa
O princípio da livre concorrência, como vimos na redação do art. 170 da CRFB/1988 (espe-
cificamente no inciso IV), é um dos pilares responsáveis pela orientação e pela manutenção
da ordem econômica no Brasil e visa a coibir, prévia ou repressivamente, ações de empre-
sas que tenham sido ou estejam sendo praticadas de forma desleal ou com abuso do poder
econômico.
Ainda no plano Constitucional, temos que o § 4º do artigo 173 preceitua que “a lei reprimirá
o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrên-
cia e ao aumento arbitrário dos lucros”.
No ordenamento jurídico pátrio, a busca pela garantia da livre concorrência encontra gua-
rida, então, em duas importantes leis ordinárias, quais sejam, a Lei n. 9.279, de 14 de maio de
2
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;”
3
Nesse sentido, confira-se o RE 511.961/SP, a respeito da dispensa de diploma universitário para o exercício da profissão
de jornalista, o RE 414.426/SC, que afastou a obrigatoriedade de filiação dos músicos à entidade profissional respectiva e,
também, o RE 603.583RS, que tratou da constitucionalidade do Exame da OAB.
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Por fim, ainda no que se refere às normas principiológicas diretivas do Direito Empresarial
brasileiro, temos aquela que se destina a assegurar um tratamento favorecido às Microempre-
sas (ME) e às Empresas de Pequeno Porte (EPP).
Ao longo dos anos, o tratamento jurídico atribuído às ME e às EPP sofreu importantes
evoluções normativas até chegarmos ao que hoje observamos nos conceitos e ideias da Lei
4
Art. 38. Sem prejuízo das penas cominadas no art. 37 desta Lei, quando assim exigir a gravidade dos fatos ou o interesse
público geral, poderão ser impostas as seguintes penas, isolada ou cumulativamente:
I – a publicação, em meia página e a expensas do infrator, em jornal indicado na decisão, de extrato da decisão condenató-
ria, por 2 (dois) dias seguidos, de 1 (uma) a 3 (três) semanas consecutivas;
II – a proibição de contratar com instituições financeiras oficiais e participar de licitação tendo por objeto aquisições, alie-
nações, realização de obras e serviços, concessão de serviços públicos, na administração pública federal, estadual, muni-
cipal e do Distrito Federal, bem como em entidades da administração indireta, por prazo não inferior a 5 (cinco) anos;
III – a inscrição do infrator no Cadastro Nacional de Defesa do Consumidor;
IV – a recomendação aos órgãos públicos competentes para que:
a) seja concedida licença compulsória de direito de propriedade intelectual de titularidade do infrator, quando a infração esti-
ver relacionada ao uso desse direito;
b) não seja concedido ao infrator parcelamento de tributos federais por ele devidos ou para que sejam cancelados, no todo ou
em parte, incentivos fiscais ou subsídios públicos;
V – a cisão de sociedade, transferência de controle societário, venda de ativos ou cessação parcial de atividade;
VI – a proibição de exercer o comércio em nome próprio ou como representante de pessoa jurídica, pelo prazo de até 5 (cinco)
anos; e
VII – qualquer outro ato ou providência necessários para a eliminação dos efeitos nocivos à ordem econômica.
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Pois bem, mais à frente, tivemos ainda, na década de 90, a edição da Lei n. 8.864, de 28 de
março de 1994, denominada Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno
Porte, o qual instituiu a definição legal de empresa de pequeno porte, e:
“cujo intuito era tornar mais lento e gradual o caminho do pequeno empreendedor do regime jurídi-
co-empresarial simplificado para o regime jurídico-empresarial geral”6.
Dois anos depois, observamos mais uma grande alteração legislativa, qual seja, a da Lei
n. 9.317, de 5 de dezembro de 1996, que deu origem ao Sistema Integrado de Pagamento de
Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte — SIMPLES,
importantíssimo para a evolução do tratamento jurídico atribuído aos pequenos empresários,
na medida em que concedia em favor destes:
Já em 2002, com a promulgação do nosso Código Civil atual, o que era para representar
mais um passo em direção ao desenvolvimento do tratamento jurídico atribuído às ME e às
5
Ramos, André Luiz Santa Cruz; Direito empresarial/André Luiz Santa Cruz Ramos. – 7. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2017; pg. 908
6
Idem; pg. 908.
7
Idem; pg. 908.
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Para finalizarmos esse ponto, como exemplos práticos de tal tratamento favorecido con-
cedido em favor destas pessoas jurídicas empresárias, vale mencionar o artigo 1º, caput e
incisos I a IV, da LC n. 123/2006, que assim dispõe:
8
Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário,
quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes.
9
Ramos, André Luiz Santa Cruz; Direito empresarial/André Luiz Santa Cruz Ramos. – 7. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017; pg. 909.
10
Vide a Emenda da LC n. 123/2006 – Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera
dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada
pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, da Lei n. 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de
11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis n. 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999.
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“Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e fa-
vorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que se refere:
I – à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias;
II – ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive obrigações acessórias;
III – ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas aquisições de bens e ser-
viços pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão.
IV – ao cadastro nacional único de contribuintes a que se refere o inciso IV do parágrafo único do
art. 146, in fine, da Constituição Federal.”
“Art. 2.045. Revogam-se a Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916 – Código Civil e a Parte Primeira do
Código Comercial, Lei n. 556, de 25 de junho de 1850.”
Nessa direção, importante destacar que a revogação supra, trazida pelo CC/2002, repre-
sentou mais do que uma mera transposição das regras próprias da matéria de um diploma
normativo para outro, mas sim o abandono da Teoria dos atos de comércio, consubstanciada,
à época, pelo Regulamento n. 737/1850, em prol da inequívoca adoção da Teoria da Empresa
(de origem italiana).
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Quanto à Parte Segunda do Código Comercial, intitulada “Do comércio marítimo”, podemos
dizer que é a única que permanece plenamente válida e aplicável atualmente, na medida em
que trata, até hoje, das situações que envolvem o registro e o controle de embarcações nacio-
nais e estrangeiras e das tripulações com estas envolvidas, além da entrada e saída de merca-
dorias no País, sob o aspecto comercial.
Sob outro aspecto, a Parte Terceira do Código Comercial, denominada “Das quebras” (pois
se relacionava às quebras dos comerciantes, isto é, à falência destes), foi revogada pelo De-
creto-Lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945 (antiga Lei de Falências), que, por seu turno, também
foi posteriormente ab-rogada (integralmente revogada) pela Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de
2005, que hoje regula as recuperações judicial e extrajudicial, além das falências do empresá-
rio e da sociedade empresária.
Portanto, em resumo, quanto ao Código Comercial de 1850, hoje temos que:
Dito isso, podemos observar que o nosso diploma Civil atual guarda em seu corpo norma-
tivo, de fato, grande parte das regras própria do Direito Empresarial brasileiro, o que justifica o
seu estudo de forma integrada e complementar ao do Direito Civil, mas que não tem a preten-
são de esgotar o seu objeto.
No que se refere às demais fontes da disciplina, podemos dizer que, além do CC/2002,
existem outras leis importantíssimas para uma boa compreensão da Direito Empresarial em
sua completude. Dentre elas, impende destacar, para fins de provas de concursos públicos e
exames afins, as seguintes:
• Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976 – “Dispõe sobre as Sociedades por Ações”;
• Lei n. 5.474, de 18 de julho de 1968 – “Dispõe sobre as Duplicatas, e dá outras providên-
cias”;
• Lei n. 7.357, de 2 de setembro de 1985 – “Dispõe sobre o cheque e dá outras providên-
cias”;
• Lei n. 9.279, de 14 de maio de 1996 – “Regula direitos e obrigações relativos à proprie-
dade industrial”;
• Lei n. 11.101/2005, de 9 de fevereiro de 2005 – “Regula a recuperação judicial, a extraju-
dicial e a falência do empresário e da sociedade empresária”;
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Ainda, há autores que defendem que os usos e costumes também podem ser considera-
dos fontes do Direito Empresarial pátrio, na medida em que o dinamismo e a premência das re-
lações jurídicas comerciais cotidianas muitas vezes dá origem a comportamentos reiterados
os quais, ainda que não sejam necessariamente sucedidos de uma norma regulamentadora,
se tornam de observância obrigatória por todos os envolvidos depois de um certo período de
existência.
Ademais, considerando que, conforme o disposto no artigo 22, inciso I, da CF/1988, com-
pete privativamente à União legislar sobre “direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”, é certo que, no Brasil, somente o Poder
Legislativo federal pode editar leis cujo objeto esteja relacionado ao Direito Empresarial, sem
prejuízo da noção segundo a qual eventual lei complementar pode “autorizar os Estados a legis-
lar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo” (art. 22, parágrafo único).
O assunto já foi explorado em provas, exemplificativamente, da seguinte forma:
Por fim, não se pode deixar de mencionar que existem também normas de Direito Empre-
sarial no âmbito internacional (tratados e convenções) às quais o Brasil já manifestou a sua
adesão e que, por tal motivo, regulam determinadas relações jurídicas integral ou, ao menos,
diretivamente. É o caso da famosa Lei Uniforme de Genebra (LUG), que trata, de forma porme-
norizada, das letras de câmbio e notas promissórias, e da Convenção da União de Paris, que
estabelece normas acerca da proteção à propriedade intelectual.
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RESUMO
Vamos a uma breve retomada de todos os quadros-resumos que apresentamos ao longo
das explicações?
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Atividades econômicas à organizadas;
Pessoas (físicas e jurídicas) à exercício de tais atividades em caráter profissional;
EMPRESA E EMPRESÁRIO
Empresa à É a atividade econômica organizada;
Empresário à É a pessoa física ou jurídica que exerce a empresa com profissionalismo (habi-
tualidade + pessoalidade);
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (XXVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2018/FGV) Roberto desligou-se de seu emprego
e decidiu investir na construção de uma hospedagem do tipo pousada no terreno que pos-
suía em Matinhos. Roberto contratou um arquiteto para mobiliar a pousada, fez cursos de
hotelaria e, com os ensinamentos recebidos, contratou empregados e os treinou. Ele também
contratou um desenvolvedor de sites de Internet e um profissional de marketing para divulgar
sua pousada.
Desde então, Roberto dedica-se exclusivamente à pousada, e os resultados são promissores.
A pousada está sempre cheia de hóspedes, renovando suas estratégias de fidelização; em
breve, será ampliada em sua capacidade.
Considerando a descrição da atividade econômica explorada por Roberto, assinale a afirmati-
va correta.
a) A atividade não pode ser considerada empresa em razão da falta tanto de profissionalismo
de seu titular quanto de produção de bens.
b) A atividade não pode ser considerada empresa em razão de a prestação de serviços não ser
um ato de empresa.
c) A atividade pode ser considerada empresa, mas seu titular somente será empresário a partir
do registro na Junta Comercial.
d) A atividade pode ser considerada empresa e seu titular, empresário, independentemente de
registro na Junta Comercial.
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004. (XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2014/FGV) Alfredo Chaves exerce, em caráter pro-
fissional, atividade intelectual de natureza literária, com a colaboração de auxiliares. O exer-
cício da profissão constitui elemento de empresa. Não há registro da atividade por parte de
Alfredo Chaves em nenhum órgão público.
Com base nessas informações e nas disposições do Código Civil, assinale a afirmativa correta.
a) Alfredo Chaves não é empresário, porque exerce atividade intelectual de natureza literária.
b) Alfredo Chaves não é empresário, porque não possui registro em nenhum órgão público.
c) Alfredo Chaves é empresário, independentemente da falta de inscrição na Junta Comercial.
d) Alfredo Chaves é empresário, porque exerce atividade não organizada em caráter profissional.
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A receita bruta anual de microempresa deve ser de até R$ 460 mil e a de empreendedores indi-
viduais, de até R$ 60 mil, enquanto a de pequenas empresas deve estar entre R$ 460 mil e R$
4,6 milhões.
019. (ANAC (TÉCNICO EM REGULAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL – ÁREA 2)/2012; BANCA CES-
PE/CEBRASPE/ADAPTADA) Com relação ao cartel, ao truste e à análise de mercado, julgue
o item a seguir:
O mercado pode ser compreendido como uma instituição social, um produto da história da
humanidade, uma instituição política destinada a regular e a manter determinadas estruturas
de poder que asseguram a prevalência dos interesses de certos grupos sobre os interesses de
outros grupos sociais.
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GABARITO
1. d
2. b
3. c
4. c
5. b
6. E
7. a
8. a
9. e
10. E
11. c
12. c
13. d
14. E
15. C
16. C
17. E
18. C
19. C
20. C
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QUESTÕES COMENTADAS
001. (XXVII EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2018/FGV) Roberto desligou-se de seu emprego
e decidiu investir na construção de uma hospedagem do tipo pousada no terreno que pos-
suía em Matinhos. Roberto contratou um arquiteto para mobiliar a pousada, fez cursos de
hotelaria e, com os ensinamentos recebidos, contratou empregados e os treinou. Ele também
contratou um desenvolvedor de sites de Internet e um profissional de marketing para divulgar
sua pousada.
Desde então, Roberto dedica-se exclusivamente à pousada, e os resultados são promissores.
A pousada está sempre cheia de hóspedes, renovando suas estratégias de fidelização; em
breve, será ampliada em sua capacidade.
Considerando a descrição da atividade econômica explorada por Roberto, assinale a afirmati-
va correta.
a) A atividade não pode ser considerada empresa em razão da falta tanto de profissionalismo
de seu titular quanto de produção de bens.
b) A atividade não pode ser considerada empresa em razão de a prestação de serviços não ser
um ato de empresa.
c) A atividade pode ser considerada empresa, mas seu titular somente será empresário a partir
do registro na Junta Comercial.
d) A atividade pode ser considerada empresa e seu titular, empresário, independentemente de
registro na Junta Comercial.
Para ser considerado empresário é preciso cumprir os requisitos do art. 966, não é necessário
o registro, este caracteriza a regularidade da empresa (art. 967).
Conforme o Código Civil:
“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza cientí-
fica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa.
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, antes do início de sua atividade.”
Letra d.
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dade em todas as fazendas é voltada para exportação, com emprego intenso de tecnologia e
insumos de alto custo. Zacarias não está registrado na Junta Comercial.
Com base nessas informações, é correto afirmar que
a) Zacarias, por exercer empresa em caráter profissional, é considerado empresário indepen-
dentemente de ter ou não registro na Junta Comercial.
b) Zacarias, mesmo que exerça uma empresa, não será considerado empresário pelo fato de
não ter realizado seu registro na Junta Comercial.
c) Zacarias não pode ser registrado como empresário, porque, sendo engenheiro agrônomo,
exerce profissão intelectual de natureza científica, com auxílio de colaboradores.
d) Zacarias é um empresário de fato, por não ter realizado seu registro na Junta Comercial
antes do início de sua atividade, descumprindo obrigação legal.
“Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.”
“Em razão da extensão territorial do Brasil e da diversidade entre regiões facultou ao produtor ru-
ral, independentemente da complexidade e da organização de sua atividade, caracterizar-se como
empresário. Para caracterizar-se como empresário, o produtor rural ou sociedade que desenvolve
atividade rural ou pecuária, deverá inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercantis. Sem o
registro, ainda que desenvolva sua atividade de modo organizado e profissional, o produtor não se
caracteriza como empresário. A exigência de registro para a caracterização do empresário ocorre
apenas para o produtor rural. Os demais agentes econômicos são empresários apenas se exerce-
rem a atividade econômica organizada e profissional (exceto profissionais intelectuais). Caso não
possuam o registro, que é obrigatório para todos os empresários, continuam a ser caracterizados
como empresários, mas serão empregados irregulares.”
FONTE: OAB primeira fase: volume único/Pedro Lenza... [et al.]. – 3. ed. – São Paulo: Saraiva Edu-
cação, 2018.(Coleção esquematizado ®/coordenador Pedro Lenza) – 7. ed. – São Paulo: Saraiva
Educação, 2020)
Letra b.
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Com base no Código Civil, empresário (pessoa) é aquele que exerce empresa (atividade):
“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.”
Letra c.
004. (XV EXAME DE ORDEM UNIFICADO/2014/FGV) Alfredo Chaves exerce, em caráter pro-
fissional, atividade intelectual de natureza literária, com a colaboração de auxiliares. O exer-
cício da profissão constitui elemento de empresa. Não há registro da atividade por parte de
Alfredo Chaves em nenhum órgão público.
Com base nessas informações e nas disposições do Código Civil, assinale a afirmativa correta.
a) Alfredo Chaves não é empresário, porque exerce atividade intelectual de natureza literária.
b) Alfredo Chaves não é empresário, porque não possui registro em nenhum órgão público.
c) Alfredo Chaves é empresário, independentemente da falta de inscrição na Junta Comercial.
d) Alfredo Chaves é empresário, porque exerce atividade não organizada em caráter profissional.
“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza cientí-
fica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa.”
a) Errada. Embora Alfredo exerça profissão intelectual, ele se enquadra na exceção do exercí-
cio da profissão constituir elemento de empresa.
b) Errada. A ausência de registro não o descaracteriza como empresário, ele apenas não terá
a regularidade da empresa, sendo considerado Empresário Irregular.
c) Certa. Sua atividade constitui elemento de empresa, caracterizando-o como empresário. A
falta de registro compromete a regularidade da empresa, não desconfigura o empresário.
d) Errada. Para ser considerado empresário precisa exercer a atividade econômica de modo
organizado.
Letra c.
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a) Errada. O Código Civil de 2002 não revogou completamente o Código Comercial de 1850,
posto que permanece em vigor a parte que se refere ao comércio marítimo. Houve, portanto,
derrogação.
A Revogação pode ser total, chamada de Ab-rogação; ou parcial, chamada de Derrogação.
b) Certa. Segundo a Constituição Federal de 1988:
Com a adoção, pelo ordenamento jurídico brasileiro, da teoria da empresa, a partir da promul-
gação do Código Civil de 2002, não remanesce no sistema normativo próprio do Direito Empre-
sarial qualquer espaço de aplicação da teoria dos atos de comércio, ainda que subsidiária. Isso
porque a mudança de critérios para a identificação das atividades empresariais – que deixou
de analisar quais atividades eram tidas por comerciais para então verificar o modo como elas
são desenvolvidas – alterou toda a lógica normativa protetiva que se observava até então.
Errado.
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a) Certa. Pois bem, a alternativa A está correta na medida em que, segundo nos ensina o Oscar
Barreto Filho, o estabelecimento empresarial é “o complexo de bens, materiais e imateriais, que
constituem o instrumento utilizado pelo comerciante para a exploração de determinada ativida-
de mercantil [hoje empresa]”. Logo, certo é que, na análise de certa e determinada atividade
empresarial:
“não é possível excluir os bens incorpóreos utilizados pelo empresário na consecução de sua ativi-
dade da noção de estabelecimento empresarial”.
b) Errada. A alternativa B está incorreta, na medida em que o perfil objetivo, também conhecido
como patrimonial, está relacionado aos bens da empresa, sejam estes materiais ou imate-
riais. O Direito Empresarial pátrio o reconhece como sendo o estabelecimento definido no art.
1.142 do Código Civil (“considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para
exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”). Nesse sentido, ouvimos
as pessoas falarem, por exemplo, que “a empresa está pegando fogo!” ou que “a empresa
está fechada”.
Por outro lado, é pelo perfil funcional que a empresa se confunde com a própria atividade eco-
nômica desenvolvida, isto é, sendo um sinônimo de empreendimento que objetiva o lucro e
que se utiliza, para tanto, de uma organização de diversos fatores de produção ou circulação.
c) Errada. A alternativa C também não está correta na medida em que, apesar de o Código
Comercial de 1850 definir como comerciante, em síntese, aquele que exercia a mercancia de
forma habitual, como sua profissão, devemos nos atentar ao fato de que a teoria dos atos de
comércio propriamente dita, isto é, com a previsão específica quanto às espécies de “atos
comerciais”, só pôde ser observada, de fato, no Regulamento n. 737/1850. De modo que a
abrangência e a aplicação do Direito Comercial, à época, eram analisadas a partir deste diplo-
ma legal, e não daquele..
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d) Errada. Por fim, o erro da alternativa D está em afirmar que não há hipótese na qual se admi-
ta, ou se exija a exibição total dos livros empresariais. Nesse sentido, o art. 1.191 do CC/2002
preceitua que:
“o juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária
para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à
conta de outrem, ou em caso de falência”.
Letra a.
Pois bem, a Alternativa A está INCORRETA na medida em que, segundo o conceito poliédrico
de empresa, desenvolvido pelo Doutrinador Italiano Alberto Asquini, o perfil objetivo, também
conhecido como patrimonial, está relacionado aos bens da empresa, sejam estes materiais ou
imateriais. O Direito Empresarial pátrio o reconhece como sendo o estabelecimento definido
no art. 1.142 do Código Civil (“considera-se estabelecimento todo complexo de bens organiza-
do, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária”). Nesse sentido,
ouvimos as pessoas falarem, por exemplo, que “a empresa está pegando fogo!” ou que “a em-
presa está fechada”.
Por outro lado, é pelo perfil funcional que a empresa se confunde com a própria atividade eco-
nômica desenvolvida, isto é, sendo um sinônimo de empreendimento que objetiva o lucro e
que se utiliza, para tanto, de uma organização de diversos fatores de produção ou circulação.
Letra a.
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Proposição I – ERRADA! O período subjetivo, ou subjetivista, teve início ainda na Idade Média,
época em que existiam e predominavam as ditas Corporações de Ofício, responsáveis por de-
finir quem poderia ser considerado um mercante. Em verdade, a edição do Código Comercial
Napoleônico deu início ao período objetivo, ou objetivista.
Proposição II – ERRADA! A Teoria da Empresa, no âmbito nacional, é bem mais recente do que
se imagina. Isso porque foi apenas com o Código Civil atual, promulgado em 2002, que se deu
tal mudança paradigmática.
Proposição III – ERRADA! Como dito na justificativa à Proposição I, na Idade Média, onde se
viam as Corporações de Ofício, o critério predominante era o subjetivista, e não o objetivista.
Nada obstante, é certo dizer que, em linhas gerais, foi nesse período histórico que o Direito Em-
presarial – ou Mercantil, como à época era chamado – teve início enquanto sistema normativo
próprio, especial.
Letra e.
Pois bem, o quesito em análise está ERRADO na medida em que, apesar de o Código Comercial
de 1850 definir como comerciante, em síntese, aquele que exercia a mercancia de forma ha-
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bitual, como sua profissão, devemos nos atentar ao fato de que a teoria dos atos de comércio
propriamente dita, isto é, com a previsão específica quanto às espécies de “atos comerciais”,
só pôde ser observada, de fato, no Regulamento n. 737/1850.
Desse modo, a abrangência e a aplicação do Direito Comercial, à época, eram analisadas a
partir deste diploma legal, e não daquele.
Ainda, devemos pontuar que a teoria dos atos de comércio tem como precedente o Código
Napoleônico de 1808, de origem francesa. Assim, não há que se falar sobre influências dos có-
digos português ou espanhol, inclusive pelo fato de que este último é datado de 1885, posterior
ao brasileiro (1850), portanto.
Errado.
“Art. 2.045. Revogam-se a Lei n. 3.071, de 1 o de janeiro de 1916 – Código Civil e a Parte Primeira do
Código Comercial, Lei n. 556, de 25 de junho de 1850.”
Afirmativa II – ERRADA! Vide o art. 903 do CC/2002: “Art. 903. Salvo disposição diversa em lei
especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.” Ou seja, a diversas leis
que tratam sobre os títulos de crédito.
Afirmativa III – CORRETA! Vide o art. 2.037 do CC/2002:
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“Art. 2.037. Salvo disposição em contrário, aplicam-se aos empresários e sociedades empresárias
as disposições de lei não revogadas por este Código, referentes a comerciantes, ou a sociedades
comerciais, bem como a atividades mercantis.”
Letra c.
a) Errada. A teoria dos atos de comércio remete à segunda fase evolutiva do Direito Empresa-
rial, já no século XIX, isto é, não mais na Idade Média.
b) Errada. O marco histórico do início do Direito Empresarial – ou Mercantil, como à época era
chamado – foi a Idade Média, a partir das Corporações de Ofício.
c) Certa. Segundo Fabio Ulhôa Coelho, a Carta Régia de 1808, de fato, é dito como o primeiro
ato legislativo da história Direito Comercial brasileiro. Tal carta representou a Abertura dos
Portos às Nações Amigas de Portugal. Porém, foi somente em 1850 que Dom Pedro II aprovou
o Código Comercial Brasileiro, adotando, à época, a teoria dos atos de comércio.
d) Errada. A teoria da empresa tem origem na Itália, e não na França.
e) Errada. As atividades comerciais, em Roma, eram baseadas nos moldes do Direito Privado,
visto que inexistia um Código Comercial próprio.
Letra c.
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a) Errada. O Código Italiano de 1942 representou o início do estágio atual do Direito Empresa-
rial, qual seja, o da teoria da empresa.
b) Errada. O Código Comercial de 1850 tinha um caráter marcadamente objetivista, visto que
representava a adoção, pelo Brasil, da teoria dos atos de comércio.
c) Errada. O Código Comercial Napoleônico de 1808 representou o maior período de autono-
mia, independência e separação entre o Direito Comercial e o Direito Civil.
d) Certa. Era exatamente esse o pensamento e adotado no Direito Mercantil da Idade Média,
marcado pelo critério subjetivista das Corporações de Ofício.
Letra d.
Sobre o assunto, veja o que dispõe o art. 966 do CC/2002, no sentido de que certas e determi-
nadas profissões não podem ser consideradas como próprias de empresários:
“Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza cientí-
fica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa.”
Errado.
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O amparo no texto da Constituição a que o enunciado se refere remete ao art. 170, especifica-
mente no inciso IX, da CF/1988, a saber:
“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:
(...)
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras
e que tenham sua sede e administração no País.”
Logo, tanto as Microempresas (ME) com também as Empresas de Pequeno Porte (EPP) rece-
bem um tratamento favorecido e diferenciado pelo ordenamento jurídico brasileiro, sobretudo
por meio da Lei Complementar n. 123/2006, considerada o Estatuto Nacional da Microempre-
sa e da Empresa de Pequeno Porte.
Certo.
A assertiva está CORRETA na medida em que está em harmonia com o que a Doutrina que se
dedica ao estudo do Direito Empresarial nos ensina acerca de sua evolução histórica. Com efei-
to, na Idade Antiga (dos gregos e fenícios), era impossível falar-se em um Direito Empresarial,
Comercial ou mesmo Mercantil, visto não se viam sequer traços de um sistema jurídico-norma-
tivo organizado que se prestasse a regular o mercado e os atores que com ele se envolviam.
Portanto, há um consenso entre os autores no sentido de que, embora o comércio já existis-
se empiricamente, o Direito Empresarial (ou Mercantil), como sistema de normas organizado,
teve sim a sua origem na Idade Média, por ocasião do desenvolvimento do sistema de regras
próprias das Corporações de Ofício.
Certo.
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Sobre o assunto, veja o que dispõem o art. 3º, incisos I e II, e o §1º do art. 18-A, ambos da LC
n. 123/2006:
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Teoria Geral do Direito Empresarial
Renato Borelli
A partir da edição do Código Civil italiano de 1942, operou-se uma verdadeira reformulação
de todo o Direito Empresarial europeu. Era o nascimento da teoria que até hoje adotamos para
a compreensão e o desenvolvimento do objeto de estudo de tal campo do Direito, qual seja, a
teoria da empresa.
Segundo essa teoria, o Direito Empresarial deve ter incidência não apenas a certos e determi-
nados “atos de comércio”, mas sim a toda atividade econômica desempenhada por pessoas
naturais ou jurídicas, de forma organizada e profissional, visando à produção, circulação e
fornecimento de bens ou à prestação de serviços.
Com isso, desvia-se (e amplia-se) mais uma vez o foco de tal campo normativo, que já não
mais se preocupa com quem (critério subjetivista) está praticando atos mercantis ou quais
atos estão sendo praticados (critério objetivista). Agora, o que importa é o modo com o qual a
atividade econômica é desempenhada.
Assim, conclui-se que, na terceira e atual fase do histórico evolutivo do Direito Empresarial,
inaugurada, no Brasil, pelo Código Civil de 2002, o critério adotado é o da empresarialidade,
que traz consigo novas e mais abrangentes noções de quem pode ser considerado empresário
e quais atividades podem ser enquadradas como empresarias.
Certo.
019. (ANAC (TÉCNICO EM REGULAÇÃO DE AVIAÇÃO CIVIL – ÁREA 2)/2012; BANCA CES-
PE/CEBRASPE/ADAPTADA) Com relação ao cartel, ao truste e à análise de mercado, julgue
o item a seguir:
O mercado pode ser compreendido como uma instituição social, um produto da história da
humanidade, uma instituição política destinada a regular e a manter determinadas estruturas
de poder que asseguram a prevalência dos interesses de certos grupos sobre os interesses de
outros grupos sociais.
Tal assertiva foi elaborada, evidentemente, tomando como base a obra Revolução Jurídica sob
pressão da Globalização Econômica? Escrita pelo ex-ministro do STF Eros Grau. Nesse senti-
do, em um trecho do citado livro, o autor afirma que:
“Antes, porém, o mercado deve ser compreendido, qual observa Avelãs Nunes, como ‘uma insti-
tuição social, um produto da história, uma criação histórica da humanidade (correspondente nas
determinadas circunstância econômicas, sociais, políticas e ideológicas), que veio servir (e serve)
os interesses de uns (mas não os interesses de todos), uma instituição política destinada a regular
e a manter determinadas estruturas de poder que asseguram a prevalência dos interesses de certos
grupos sobre os interesses de outro grupos sociais.’”
Certo.
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Os usos e costumes, enquanto fontes do Direito Empresarial, estão submetidos aos seguintes
pressupostos: i. prática uniforme; ii. constância; iii. temporalidade; iv. exercício de boa-fé; v. não
contrariedade à lei.
Certo.
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REFERÊNCIAS
GARRIGUES, Joaquin. Curso de Derecho Mercantil. 7ª. Ed. Bogotá: Temis, 1987, v. 01;
BORGES, João Eunápio. Curso de Direito Comercial Terrestre. Rio de Janeiro: Forense, 1959,
v. 01;
ABREU, Jorge Manuel Coutinho de. Curso de Direito Comercial. Coimbra: Almedina, 1999, v. 01;
FRANCO, Vera Helena de Mello. Manual de direito comercial. São Paulo: RT, 2001, v. 01;
ROCCO, Alfredo. Princípios de Direito Comercial. Tradução de Ricardo Rodrigues Gama. Cam-
pinas: LZN, 2003;
Ramos, André Luiz Santa Cruz; Direito empresarial/André Luiz Santa Cruz Ramos. – 7. ed. rev.
e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2017.
Renato Borelli
Juiz federal e especialista em Direito Público, Direito Tributário e Sociologia Jurídica. Juiz federal do TRF-1.
Foi juiz federal do TRF-5. Exerceu a advocacia privada e pública. Foi servidor público e assessor de desem-
bargador federal (TRF-1) e ministro (STJ). Atuou no Carf/Ministério da Fazenda (antigo Conselho de Con-
tribuintes) como conselheiro. É formado em Direito e Economia, com especialização em Direito Público,
Direito Tributário e Sociologia Jurídica.
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