Animus Universum-1
Animus Universum-1
Animus Universum-1
“ANIMUS UNIVERSUM”
Criado no Brasil
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Carta ao leitor 6
Capítulo I 8
Capítulo II 15
Capítulo III 30
Capítulo IV 51
Capítulo V 72
Capítulo VI 85
Capítulo IX 145
6
Carta ao leitor
Um escritor, às vezes, é como um minerador. Ele cava
os mais profundos recantos da mente em busca de algo
precioso, seja a mente de outros ou a dele mesmo. E por mais
que se esforce, é comum o trabalho não ser recompensado.
Porém há momentos em que vamos tão ao fundo desse lugar
misterioso, fonte de questionamentos infinitos, que é inevitável
se deparar com algo extremamente valioso.
Mas o trabalho não para por aí, pois uma ideia é como
um diamante bruto que requer um bom trato na lapidação. E só
depois de muito esforço, dedicação, pausas, incertezas,
reformas e, às vezes, até lágrimas, sentimos que a ideia está
pronta para ganhar o mundo.
Foi inevitável compreender melhor as emoções
humanas enquanto escrevia este livro. A cada novo
personagem, um sentimento diferente se apresentava e ficava
ao meu lado, ensinando tudo que era possível. Em certos
momentos o ensinamento foi tão intenso que eu mesmo não
pude conter a emoção.
Talvez você não se identifique tanto com a história e
ache ela OK. Talvez você nem mesmo goste do que está lendo.
Porém, se eu compreendi corretamente o que Jô quis me
mostrar com sua jornada, você poderá chegar ao final dessas
páginas com uma nova visão das pessoas, de si mesmo, do
mundo e até da vida.
Boa viagem
Lucas Anelli
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8
Capítulo I
9
Nada...
Vazio...
Subindo… Subindo…
Acorda…
ACORDA!
Capítulo II
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—AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH!!!!!!
Foi só o que eu pude dizer antes de sentir o chão.
Por sorte, o local onde aterrissei era extremamente fofo,
como um travesseiro. Eu me sentei para me recuperar do
susto, tateando aquela superfície macia e tentando
entender ao mesmo tempo onde me encontrava.
Era outro reino, a começar pelo fato de que havia
um sol, apesar de não ser nada comum. Eu conseguia
olhá-lo diretamente sem ferir meus olhos, mesmo com
toda aquela luz. Isso facilitou muito para que eu pudesse
entender o que estava vendo, pois sua aparência era
completamente única, estranha. Era como se aquela
estrela fosse obra de uma criança. Havia um redemoinho
que começava no centro e formava um círculo laranja e
amarelo, terminando em 14 riscos irregulares que
apontavam em todas as direções. E o mais
impressionante era que ele se mexia levemente, como se
estivesse vivo.
Fiquei parado um tempo sem acreditar naquilo.
Não fazia sentido. Então olhei para o chão, para tudo ao
meu redor. Estava literalmente em um desenho de
criança. Haviam árvores, montanhas, nuvens, rios, uma
imensidão infantil, pura. Tudo era muito colorido, tudo
traçado na mesma forma do sol que ali iluminava.
Me coloquei de pé no chão de travesseiros com
uma certa dificuldade e comecei a andar por aquele lugar.
O mais engraçado era que não tinha muita coisa que
preenchesse a paisagem, por mais bonito que fosse de
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Capítulo III
31
Sorri, concordando.
A calma que reinava em volta me fez fechar os
olhos e sentir a mim mesmo e a floresta. A respiração das
árvores no meu peito, minha consciência notando cada
tronco ligado ao solo. Mollitiam tinha razão. Era vida e paz,
mais nada.
— Jô está pronto.
Saí do meu transe ao ouvi-la.
— Pronto? Pra quê? — questionei.
— Furore. — Mollitiam me fitava com seriedade. —
Vem.
E mais uma vez estávamos andando. Devido à
surpresa de conhecer aquelas habilidades do meu corpo,
tinha esquecido do barulho monstruoso de antes e não
insisti em mais detalhes sobre quem ou o que era aquele
tal Furore. Agora parecíamos estar indo ao seu encontro,
e eu receava não ser algo bom.
— Então... o que é esse Furore, exatamente? —
tentei parecer despreocupado, mas sem sucesso.
— Furore é raiva. É sentimento puro que só quer
machucar. Furore não consegue pensar, só quer quebrar
o que tem perto.
— E por que estamos indo encontrá-lo?
— Só Jô pode ajudar Furore — Mollitiam me
encarou nessa hora com apelo no olhar.
— Ajudar? Por quê?
— Antes, Furore era Viribus. Viribus não
machucava, mas ensinava, assim como Mollitiam ensinou
Jô. Viribus era companheiro de Mollitiam. Andava sempre
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Capítulo IV
52
Veja você.
— Como eu posso me ver, se a droga da sala NÃO
ME REFLETE? — gritei.
Não era só a frustração de não encontrar a saída
dali que me irritava. Estar naquele lugar e não poder me
ver era assustador. Era como se a sala estivesse tentando
dizer algo que eu não entendia. A sensação de não se
reconhecer…
Levei as mãos até a testa, derrotado. Comecei a
fitar meus pés, os tênis pretos que escolhi para usar
cobrindo as marcas de sujeira e arranhões de quando
estive com Mollitiam. Me recostei na cadeira e olhei para
a ferida no meu braço esquerdo, seguindo as marcas com
meus dedos. A dor ainda incomodava. Era estranho
pensar em tudo que eu vivi até agora neste mundo
exótico. Cada vez que eu cruzava uma porta, algo
inesperado e inimaginável aparecia. E mesmo sem me
lembrar, sentia como se aquilo tudo estivesse conectado
a mim. Mas como? E o que dizer dessas pessoas, esses
guias que têm me auxiliado até agora? Tão diferentes, tão
extraordinários, e, mesmo assim, tão crentes que eu seja
capaz de… de quê? Curar Furore e enfrentar Timoria?
Sem entender quem sou ou onde estou?
No entanto eu venci o monstro, não foi? Sem
mesmo me preparar, sem ao menos saber como fazer.
Gaudia simplesmente me levou até onde eu precisava
estar e confiou que eu faria o que tinha que ser feito. Será
que eu sou como eles? E o que é esse calor no meu peito?
Eu posso controlá-lo?
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Capítulo V
73
Capítulo VI
86
Capítulo VII
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que Dona Marta queria para mim. Pela primeira vez pude
experimentar ser eu mesma.
Os primeiros dias com Vivi foram à base de muita
conversa. Contei a ela como estava me sentindo, a
confusão sobre mim, sobre as pessoas, sobre não saber
o que fazer com minha vida. Foi graças à sabedoria de
seus conselhos e à liberdade que ela me proporcionou
que pude assumir minha sexualidade.
Devido ao prazer de Vivi em receber visitas, pela
primeira vez eu pude ter amigos em casa. Ela sentia um
carinho especial por Paula e, por conta de todo o apoio
que agora eu tinha, finalmente encontrei a coragem de dar
mais um passo em direção à minha felicidade.
Começamos a namorar dois meses depois de eu ter me
mudado.
…
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No Brasil.
Flutuei na escuridão…
E desapareci…
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Capítulo VIII
127
— Me desculpem.
— Não é a nós que você tem que pedir perdão,
meu caro, até porque não há o que perdoar — Senex
respondeu.
Eu sabia o que ele queria dizer. Limpei o rosto
úmido e senti minha respiração acalmar. Como
pressentindo o que estava acontecendo, Timoria ordenou:
— Furore, pega!
Encarei a besta nos olhos antes que ela me
atacasse, mais uma vez no elo entre nossas emoções.
Corpos imóveis e mentes alertas. Furore rasgando e
empurrando de um lado enquanto me defendia ou
desviava de outro, tentando chegar no cerne de sua ira.
As raízes de nosso elo permaneciam mais firmes que
nosso encontro anterior. Havia um alimento constante de
certeza vindo diretamente do orbe em meu peito que
mantinha a força necessária para o que precisava ser
feito. E graças a essa força, percebi algo diferente em
Furore.
Escondido entre toda aquela raiva e violência, bem
no fundo das trevas que o dominavam, tinha um pequeno
sentimento, acuado no coração da besta. Um pedido de
ajuda desesperado, que não conseguia encontrar formas
de escapar dali, e sofria com toda aquela ira o
pressionando. Meu coração pulou em harmonia com o
calor do orbe de luz. A cada batida em meu peito, a luz
fluía para a corda, fortalecendo-a e empurrando a ira para
trás. Furore sentiu a mudança em nossa batalha e abaixou
a cabeça levemente, mostrando, pela primeira vez, um
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para que assim consiga ver a própria luz. Sem mim, você
não veria a si mesmo.
— Então o Fuscus… você o criou?
— Não. Aquilo foi o resultado da sua escolha em
acabar com a própria vida. O Fuscus era a materialização
de sua tentativa de suicídio. Eu apenas tive um controle
parcial sobre sua influência, e por muito pouco esse
controle não me escapou. Porém não consegui evitar que
Viribus fosse contaminado. — Umbra se aproximou de
Viribus e se ajoelhou. — Lamento, meu amigo. Fiz o que
pude para amenizar sua dor.
Viribus encostou o focinho na testa de Umbra, onde
uma pequena luz apareceu. Umbra levou a mão até a
lateral do rosto daquele felino sagrado, acariciando, e se
levantou em seguida. A pequena estrela ainda brilhava em
sua cabeça.
Todo aquele universo espetacular, inacreditável e
ao mesmo tempo tão real, e eu quase destruí tudo.
— Não se culpe. — Umbra lia meus pensamentos.
— Você apenas colocou todo seu foco em algo que não
era verdade. O ser consciente é refém de seus próprios
pensamentos. Cabe a ele aprender a identificar o que
deve ser cultivado e o que deve ser descartado. É uma
tarefa árdua, e possivelmente a maior batalha que alguém
pode ter, mas plenamente alcançável. Basta começar
conhecendo a si mesmo.
Observei meu professor por um momento,
enquanto a grandeza do seu ensinamento somava com
tudo que havia presenciado desde o meu despertar, no
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Capítulo IX
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Exausta.
Pesada.
Confusa.
Tinha o…
E aquele com…
"Coração,
Vivi."
FIM
164
Considerações finais
Agradecimentos
Sobre o autor
Lucas Anelli Cunha nasceu em 25 de abril de 1990,
em São José dos Campos, no interior do estado de São
Paulo. Graças à sua mãe, Eridan, cultivou desde cedo a
paixão pela leitura. Sempre que podia estava com um livro
na mão, tendo preferência por histórias de fantasia.
Trabalhou durante 10 anos na área da hotelaria,
porém nunca se identificou como um bom profissional.
Seu primeiro livro, Animus Universum, nasceu da tentativa
de se encontrar e buscar o próprio talento.
Contatos:
Email: [email protected]
Instagram: @anelliescritor