Antigo Ministério Da Educação e Saúde

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AHAM4 – TEORIA E HISTORIA DA ARQUITETURA

Priscilla Barreiros Sales – SP3054837


Antigo Ministério da Educação e Saúde
Palácio Gustavo Capanema

Lucio Marçal Ferreira Ribeiro de Lima e Costa, mais conhecido como Lucio Costa (1902-
1998), foi um dos grandes expoentes da arquitetura brasileira no século XX, sendo sua
obra mais expressiva o Plano Piloto da nova capital do país, Brasília.
Formou-se em 1924 como arquiteto pela Escola Nacional de Belas Artes (Enba) e em
após a Revolução de 1930 é nomeado diretor. Após a organização do Salão
Revolucionário de 1931, cujo estilo marcante foi modernista com a participação de
Anitta Malfatti, Tarsilla do Amaral, Candido Portinari etc., foi exonerado do cargo. Em
sua juventude Costa chegou a projetar obras em estilo neoclássico, porém encontrou e
consolidou-se no modernismo, dedicando-se ao estudo de Gropius, Le Corbusier,
Ludwig Mies van der Rohe. Ainda da década de 30 escreve o importante texto
manifesto Razões da Nova Arquitetura.
Em meados de 1930 se dá o concurso para a construção do Ministério da Educação e
Saúde. O vencedor do concurso foi Archimedes Memória, de estilo eclético. Apesar do
vencimento do concurso, o então Ministro, Gustavo Capanema, acreditava que o estilo
não era adequado ao espírito moderno que crescia no mundo. Como diz Benevolo:
“Como de hábito, a realização é feliz não só pelo aspecto
funcional, como pela inplantação proposta [...] a indicação
sugestiva de um possível novo ambiente urbano, livre das
restrições convencionais” (Benevolo, p. 711, 2001)
A execução do palácio-sede do ministério foi então concedida a Lucio Costa. O
arquiteto convidou para participarem deste grande projeto, então, diversos ex-alunos
da Escola Nacional de Belas Artes, que se alinhavam às ideias crescentes no cenário
arquitetônico, como Affonso Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira, Ernani Vasconcelos e
Oscar Niemeyer, tendo, por algum tempo, a coordenação de Le Corbusier. O palácio,
junto do Pavilhão Brasil em Nova York e do Conjunto da Pampulha se dá como um
marco da inauguração do estilo moderno brasileiro.
É muito perceptível nesse importante marco os cinco pontos da arquitetura moderna
descritos por Le Corbusier: Construção sobre pilotis, terraço jardim, fachada livre,
janelas horizontais e planta livre. O moderno e recente uso do concreto armado é uma
das razões para que tantos pontos pudessem ser alcançados; os pilotis de concreto
permitem que o térreo seja livre, e a estrutura permite que a fachada possa ser toda
de vidro e que a planta não tenha que ficar amarrada às duras paredes estruturais.
O prédio possui um térreo aberto e 16 pavimentos, sendo a maioria deles pavimentos
de trabalho, possuindo ainda uma área cultural e alimentação, bem como o jardim de
Burle Marx. Os pavimentos tipo possuem um corredor central que divide o andar em
dois. Numa região central ao eixo transversal da torre também se encontra o elevador.
Imagem 1: Vista do Palácio Capanema Imagem 2: Croqui do projeto de Le Corbusier

Fonte: História da arquitetura moderna, p. 713

Fonte: ARQGUIA/Reprodução

Imagem 3: Pavimento tipo do antigo MES

Fonte: Canuto, 2017. Arquivo Central ACI/RJ.


Imagem 4: Corte transversal da torre

O terraço jardim e o jardim térreo foram, ambos, desenvolvidos pelo pintor paisagista
Burle Marx. Marx desenvolveu muitos trabalhos de paisagismo baseado em suas
próprias pinturas, como é possível ver na Imagem 3, que compara as duas obras lado a
lado. O paisagista também se destaca nacional e internacionalmente devido às suas
propostas de usar as espécies brasileiras.
Imagem 5: Pintura e jardim de Burle Marx lado a lado

Fonte: Urban Arts


No ano de 2021, o patrimônio cultural carioca e brasileiro se entrou sob o risco de ser
leiloado pela União junto de outros 2.236 imóveis. Uma vez símbolo do processo
modernista no país, seria, em momentos tão delicados quanto a pandemia da doença
covid-19, criar um furo muito grande na história brasileira. Apesar da grande
preocupação gerada pelo processo, em 2022 foi decidido pela justiça que o
tombamento da edificação não permitiria que este fosse vendido.

BIBLIOGRAFIA
CANUTO, C. L. Modelo BIM e proposta de intervenção do Palácio Gustavo
Capanema, Rio de Janeiro, RJ: Pela preservação digital da arquitetura
moderna. 2017. 169 f. 2017. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado
Profissional em Projeto e Patrimônio) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2017 Rio de Janeiro.
SEGAWA, Hugo Massaki. Arquiteturas no Brasil: 1900-1990. 2014.
BENEVOLO, Leonardo; GALFETTI, Mariuccia; PUIGVEHÍ, Anna
Pujol. História da arquitetura moderna. Perspectiva, 2001.
Urban Arts Decor. Disponível em:
<https://urbanartsdecor.com/2021/03/25/burle-marx-o-primeiro-urban-jungler-a-
levar-a-fauna-brasileira-para-o-mundo/>. Acesso em 09 de outubro de 2022.
Palácio Capanema: como vender o que não tem preço?. Disponível em:
https://vejario.abril.com.br/coluna/daniel-sampaio/palacio-capanema-leilao/
https://vejario.abril.com.br/coluna/daniel-sampaio/palacio-capanema-leilao/.
Acesso em 08 de outubro de 2022.
Palácio Capanema não poderá ser vendido, decide juíza. Disponível em:
<https://www.extraclasse.org.br/justica/2022/05/palacio-capanema-nao-podera-
ser-vendido-decide-juiza/#:~:text=Nesta%20Segunda%2Dfeira%2C
%2016%2C,era%20pretendido%20pelo%20Governo%20Federal>. Acesso em
08 de outubro de 2022.

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