2 - Caderno 3 PB - História
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História
Propostas elaboradas por Antonia Terra
2
Objetivos didáticos
[o que o professor pretende com o trabalho]
Conteúdos
[o que é preciso ensinar/comunicar explicitamente ou criar condições para que os alunos aprendam]
Considerações iniciais
De modo semelhante ao que ocorre na vida social, os jogos infantis favorecem debates
sobre regras, modelos de comportamento, elementos da cultura, que são importantes
para garantir o jogo lúdico e evidenciar situações de acordos, conflitos, construções
culturais, também frequentes nas variadas convivências diárias. No jogo, as crianças
aprendem a compartilhar, assim como na vida social aprendem a discernir modos de
conviver.
3
Esta sequência de atividades pretende contribuir para que as crianças tenham variados
espaços e tempos para brincar na escola e, brincando, jogando, interagindo,
compartilhando e confeccionando brinquedos, também conheçam histórias de outros
tempos, comecem a discernir épocas (hoje e antigamente), perceber algumas de suas
convivências sociais e ampliar seu repertório cultural e histórico (para, aos poucos,
construírem noções temporais e distinções de épocas). A sugestão é criar situações para
que as crianças estudem a história de brinquedos de diferentes épocas e culturas,
valorizando principalmente as tradições brasileiras.
Por conta da idade e do pouco domínio da escrita nessa faixa etária, a proposta privilegia
o trabalho com relatos orais, leitura pelo professor, elementos da cultura material,
imagens e debates. Além disso, contempla preocupações em formar atitudes de
valorização da vida social e cultural e de respeito aos semelhantes nas situações de
convivência comum. Como o estudo da história fortalece laços de identidade, os temas
podem remeter para vivências similares entre os seres humanos em geral (em uma longa
temporalidade) e construções regionais da cultura brasileira.
A proposta não é que as crianças acertem as respostas e nem que saibam responder todas elas, mas
possibilitar que pensem sobre o assunto e levantem hipóteses. Por exemplo:
sobre o uso do objeto, elas podem cogitar na restrição do uso pelos adultos ou debater as
condições econômicas das famílias de presentear ou não os filhos com brinquedos caros;
sobre quem produziu, podem debater se foi feito por uma pessoa ou por muitas, e sobre a
produção de brinquedos em fábricas, por operários, com cada trabalhador realizando uma parte
do trabalho;
sobre o material, podem identificar o emprego de uma variedade deles; etc.
Entre os brinquedos populares brasileiros há: peteca, bola de meia, pião, cavalo de pau, boneca de
pano ou de sabugo, bilboquê, carrinho de lata, barquinho de papel, espada de pau, bodoque ou
estilingue, bola de gude, bafo, bola de sabão, corda, ioiô, pneu, assovio de madeira ou barro,
patinete, perna de pau, papagaio ou pipa, cinco marias, etc.
Há ainda brinquedos produzidos por diferentes culturas e épocas. No site do Museu Britânico, podem
ser encontrados brinquedos da antiguidade africana, asiática e européia, como o exemplo que está
na página abaixo:
http://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_objects/aes/w/wooden_toy_cat.aspx
Esse brinquedo foi produzido em Tebas, capital do Egito Antigo, e data de provavelmente 3.500 anos
atrás. Ele é feito de apenas madeira e cordão e a boca abre e fecha. Provavelmente foi feito por um
único artesão, com domínio em escultura na madeira. Pode ter sido pintado originalmente, mas pode
ter perdido o colorido com o tempo. Quem usava? Não sabemos. Pode ter sido, ou não, de crianças.
Como os gatos eram animais de estimação e considerados animal sagrado pelos egípcios, muitas
reproduções deles foram encontradas em túmulos.
Veja os brinquedos também que estão no Museu Histórico Nacional:
http://www.museuhistoriconacional.com.br/mh-g-19.htm
Propor às crianças a organização de um fichário sobre brinquedos, com fichas descritivas dos
mais interessantes, de diferentes tipos.
Nas fichas podem constar: foto ou desenho, nome do brinquedo, a quem pertence ou
pertenceu, a época aproximada em que foi feito, o local de que ele procede, do que é
feito, quem provavelmente fez o brinquedo, como é possível brincar com ele etc.
Desenvolver a pesquisa com as crianças e orientar o preenchimento coletivo das fichas.
Propor que as crianças ordenem alguns brinquedos – do passado para o presente ou do
presente para o passado. Comentar sobre os que pertencem a uma mesma época e, também,
aqueles que, apesar de terem sido criados no passado, são produzidos até hoje.
Organizar uma linha do tempo junto com as crianças, indicando épocas e relacionando-as
com os brinquedos.
1
ABREU, A. A. (Org.). Quantos anos faz o Brasil? São Paulo: Imprensa Oficial: EDUSP, 2000. p. 49 e 51.
6
Desdobramento possível
Se existir a intenção de organizar uma exposição, é importante dispor os objetos e os espaços de
acordo com alguns critérios que podem ser decididos junto com as crianças. Exemplos:
- por temas: brinquedos de rua, de meninas, de meninos, que se movem, jogos de
tabuleiro etc.;
- por épocas: de hoje em dia, da época de nossos pais, da época de nossos avós, muito
antigos etc.;
- por idade: de crianças até 5 anos, de crianças até 10 anos, de adolescentes, de adultos,
de todas as idades etc.;
- pelo modo de fabricação: feito por crianças, artesanal, industrial etc.;
- por coleções: objetos que pertenceram a determinada pessoa ou família;
- pelo material utilizado: papel, madeira, plástico, ferro etc.
Objetivos didáticos
[o que o professor pretende com o trabalho]
Conteúdos
[o que é preciso ensinar/comunicar explicitamente ou criar condições para que os alunos aprendam]
Considerações iniciais
2
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988, p. 108.
9
O estudioso Veríssimo de Melo, por exemplo, no seu livro Folclore Infantil 3, apresenta
uma grande variação de brincadeiras e jogos populares e tradicionais, classificando-os e
registrando as suas variáveis regionais. Segundo esse autor, há:
jogos de escolha, como o Cara e Coroa, o Passa Pedra, o Une, dune, tê, Lá em cima do piano;
jogos gráficos, como Academia, Amarelinha, Caracol;
jogos de competição, como Esconde-Esconde, Batata Quente, Lenço Atrás, Cobra Cega, Boca de
Forno, Estátua;
jogos de sorte ou de salão, como Passa Anel, Berlinda, Soldado, não; e
jogos de música e cantiga de rodas (classificadas pelo autor em amorosas, satíricas, imitativas,
religiosas e dramáticas), como Tororó, O cravo brigou com a rosa, Terezinha de Jesus, A barca
virou, Sereno da Madrugada, Bela Pastora, Na mão direita tem uma roseira, Pai Francisco...
É importante abordar as diferenças culturais existentes no nosso país, onde vivem povos
de tradições diversificadas, como as diferentes nações indígenas e os grupos humanos de
origem européia e africana.
Propor às crianças a organização de um mural ou livro sobre algumas brincadeiras criadas por
nações indígenas, tendo em vista as novas possibilidades de conhecer a cultura desses povos.
?
3
MELO, Veríssimo. Folclore Infantil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1985.
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Objetivos didáticos
[o que o professor pretende com o trabalho]
Conteúdos
[o que é preciso ensinar/comunicar explicitamente ou criar condições para que os alunos aprendam]
Considerações iniciais
4
CASCUDO, L. C. História da alimentação no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1983. 2 v.
11
5
SCARANO, J. Cotidiano e solidariedade: Vida diária da gente de cor nas Minas Gerais, século XVIII. São Paulo: Brasiliense, 1994, p.
81.
12
Os primórdios do ‘fast-food’
A comida rápida é uma invenção norte-americana do século XX. Contudo nem todos os alimentos que
associamos a esta forma de alimentação surgiram no outro lado do Atlântico. Assim, a batata frita surgiu na Grã-
Bretanha por volta de 1914 e foi, possivelmente, inventada por um imigrante francês chamado Cartier. A sua
comercialização iniciou-se em 1920 por Frank Smith, que instalou as suas fritadeiras numa garagem nas traseiras
de um bar.
Já o hambúrguer foi inventado, nos Estados Unidos, em vésperas do século XX - precisamente em 1900 - com o
aparecimento de uma picadora para carne. Antes já se comia como sanduíche, mas não era ainda comercializado.
Fontes da época dão-no como um verdadeiro sucesso na Exposição de St. Louis, em 1904. A sua companheira de
muitas décadas, a cola, já era, nessa altura, uma bebida sobejamente conhecida por terras do Tio Sam. Havia sido
engarrafada pela primeira vez em 1899.
Só faltava uma fábrica e meios para vender rapidamente esses alimentos. Os primeiros surgiram no Midwest
americano, nos restaurantes que serviam refeições rápidas nas estações de caminho de ferro, no princípio do
século. Contudo, o primeiro associado a comida rápida foi o White Castle, concebido por Billy Ingram e Walter
Anderson, disseminando-se pelos EUA nos anos de 1920.
http://gastronomia.oninet.pt/area_tematica/area_tematica.asp?codAreaTematica=285
Minha mãe fazia farinha de mandioca, de milho, tudo pra vender e ajudar meu pai a criar
os filhos. [...] Cozinhava muito bem doce de laranja, tachada de goiabada que vendia em
caixinhas. [...]
Meu pai plantava de tudo: tinha jabuticabeira, tinha cana, ele fazia rapadura, açúcar,
depois minha avó refinava. [...] Quase tudo se fazia em casa: a gente matava porco, fazia
linguiça, abria panos de carne, salgava e guardava pro mês inteiro, tirava os ossos e
vendia pras fábricas de botão. O pão a gente fazia em casa: quando aparecia um padeiro
com aquele pão sovadinho, como a gente gostava! Trocava com galinha, trocava com
porco, porque dinheiro quase ninguém via. Um saco de farinha custava treze mil-réis. O
forno era de tijolos, redondo, cabia vinte, vinte e quatro pás dentro do forno. A gente
amassava o pão na amassadeira, com o cilindro, sovava bem, que pão gostoso! [...]
Plantava feijão, plantava arroz, a gente colhia e quando não tinha máquina de beneficiar
por perto a gente socava no pilão, abanava com a peneira, aquele arroz catetinho que
era meio roxinho, botava uma palhas, um pouco de fubá, limpava, ficava branco. Até o
sal que era meio grosso minha avó refinava, ficava fininho.7
6
Fast food: comida quente que é preparada e servida rapidamente. Moderno Dicionário Michaelis. Disponível em:
http://michaelis.uol.com.br/moderno/ingles/index.php?lingua=ingles-portugues&palavra=fast
%20food&CP=204463&typeToSearchRadio=exactly&pagRadio=10. Acesso em: 23 Dez. 2008.
14
Propor que as crianças entrevistem pessoas mais velhas sobre a alimentação que consumiam
na infância e o que mais gostavam de comer.
Organizar, coletivamente, o que vai ser perguntado, de modo a favorecer respostas que
evidenciem, por exemplo, o fato de que era mais raro, antigamente, comer hambúrguer e
refrigerante no almoço ou comer salgadinhos embalados, como os de hoje. Nas entrevistas, é
importante identificar, também, o local onde a alimentação era praticada.
Combinar como as respostas serão registradas.
Após a organização das informações obtidas nas entrevistas, promover debate sobre as
semelhanças e as diferenças nos hábitos alimentares de tempos e locais distintos - dos avós,
bisavós, pais e crianças de hoje.
Construir, com a classe, uma linha do tempo com indicações de mudanças nos hábitos
alimentares das gerações de brasileiros.
8
ELIAS, N. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
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Proposta de encaminhamento
Fazer perguntas às crianças sobre a diversidade de hábitos, rituais, costumes alimentares
que expressam características de determinados povos, ou seja, o que comem, por exemplo,
japoneses ou mexicanos e, mesmo, moradores de diferentes regiões do Brasil, como
preparam seus alimentos, como se comportam à mesa, como convivem nos momentos de
alimentação... Registrar o que a classe conhece a respeito do assunto.
Os hábitos alimentares constituem uma pequena mostra da diversidade entre culturas. A
mexicana, por exemplo, tem, na sua culinária típica, o preparo de tortilhas, feitas a
partir do milho, e ingeridas ao menos três vezes ao dia. Outro exemplo é a comida
japonesa, que se diferencia pelo preparo do sushi, a prática do ritual tradicional do chá e
o uso de pauzinhos (hashi) no lugar do talher. No Brasil, as diferenças culturais regionais
podem ser identificadas também na alimentação, nos horários das refeições e nos
costumes praticados à mesa. Em Cuiabá, por exemplo, é famoso o arroz com pequi; em
Fortaleza, a carne seca assada e servida com pirão de leite; em Vitória, a moqueca
capixaba.
Propor o estudo de um ou mais costumes alimentares de um determinado povo ou de uma
região brasileira e orientar a busca de informações.
A ideia é tentar caracterizar os costumes a partir da perspectiva social, cultural e
histórica. Por exemplo, é possível estudar a comida japonesa e recriar a cerimônia do chá
com o objetivo de as crianças compreenderem as regras de comportamento e de
convivência. No que se refere aos costumes brasileiros, há outros exemplos, como o
hábito do gaúcho de tomar o chimarrão. Há horários certos? Há algum ritual para
prepará-lo? Mulheres e crianças também compartilham a mesma bebida ou existem
diferenças? E qual a diferença entre o chimarrão do sul do país e o tererê da região
Centro-Oeste? Desde quando os gaúchos tomam chimarrão? Como adquiriram esse hábito?
Organizar, com as crianças, um mural sobre hábitos alimentares, com desenhos, colagens,
textos e tabelas produzidos durante o estudo.
Objetivos didáticos
[o que o professor pretende com o trabalho]
Conteúdos
[o que é preciso ensinar/comunicar explicitamente ou criar condições para que os alunos aprendam]
9
FUNARI, P. P. Os antigos habitantes do Brasil. São Paulo: UNESP: Imprensa Oficial do Estado, 2001.
GUARINELLO, N. L. Os primeiros habitantes do Brasil. São Paulo: Atual, 1994.
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- Onde?
- O que conhecemos sobre a vida das pessoas que fizeram essa imagem?
- Por que será que ela foi feita?
- O que essa imagem nos conta sobre a vida das pessoas que a fizeram?
Além das pinturas, os objetos produzidos pelos antigos habitantes do Brasil são, também,
valiosas fontes de estudo sobre costumes alimentares. Nos livros já indicados, há fotos de
instrumentos de pedra (ponta de lança, cortador, machado, batedor) que podem ser
apresentados às crianças e analisados de modo a evidenciar de quem eram, do que eram
feitos, como foram produzidos, por quem, para qual função etc.
Sobre as pesquisas arqueológicas no Piauí e na Bahia, há vários programas de vídeo. Esses
vídeos podem ajudar as crianças a materializarem melhor os locais onde são encontrados
objetos produzidos pelos primeiros habitantes do Brasil, como são feitas as pesquisas,
quem são os arqueólogos, como os objetos achados vão parar em museus etc.
Propor o estudo da alimentação de algumas das primeiras populações do território brasileiro
e orientar as leituras sobre o assunto.
Organizar, com as crianças, as informações obtidas sobre os alimentos e os hábitos
alimentares dessas populações antigas em desenhos, colagens, textos e linhas do tempo,
para serem afixados em murais.
Objetivos didáticos
[o que o professor pretende com o trabalho]
◦ Promover coleta de informações sobre hábitos e costumes sociais de acesso e uso da água.
◦ Possibilitar a identificação de indícios da história do passado nas atividades culturais da
localidade.
◦ Favorecer o reconhecimento de mudanças e permanências na relação da população com a
água ao longo do tempo, em diferentes localidades.
◦ Contribuir para que as crianças conheçam elementos culturais de outros tempos e
localidades.
◦ Criar condições para a distinção entre épocas, culturas e vivências sociais.
◦ Propiciar a identificação e o registro de acontecimentos e suas sequências temporais.
Conteúdos
[o que é preciso ensinar/comunicar explicitamente ou criar condições para que os alunos aprendam]
Considerações iniciais
A água está presente cotidianamente na vida das pessoas, mas o acesso a ela, o uso, a
distribuição e os cuidados que recebe estão relacionados a fatores culturais, históricos e
políticos. Essa presença da água está expressa tanto em textos científicos, como em
crônicas históricas, textos literários e jornalísticos, músicas, gravuras, pinturas, ditos
populares etc. Assim, toda a diversidade de material, as diferentes dimensões da
presença da água no nosso cotidiano, as contradições e os conflitos ligados ao problema
podem ser estudados com as crianças, para que reflitam sobre a complexidade histórica
das relações humanas com os ambientes, as paisagens e a natureza.
A dimensão da vida cotidiana possibilita identificar e estudar vivências individuais em
perspectivas sociais, e, portanto, é favorável aos estudos escolares. Estudar a presença e
21
o uso da água no cotidiano da criança contribui para que ela questione a relação entre
seu mundo social e sua extensão histórica.
Numa abordagem histórica da questão da água, é interessante : a) iniciar os estudos com
o levantamento dos conhecimentos das crianças sobre a procedência da água que
consomem e o destino da água depois de seu uso; e b) apresentar a diversidade de tipos
de sistemas de abastecimento de água hoje e em outras épocas, usos e costumes
relacionados à água e o problema do tratamento da água usada.
Escolher algumas imagens com as crianças, entre aquelas apresentadas inicialmente, para
que recebam legendas, explicando como as pessoas fazem uso dos tipos de abastecimento de
água apresentados.
Coordenar a produção coletiva das legendas. Elas podem conter, inclusive, algumas idéias e
hipóteses das crianças, ainda preliminares, sobre cuidados relacionados à qualidade da água
e dificuldade ou comodidade do abastecimento.
Organizar um mural com as imagens e as legendas criadas pelas crianças, distinguindo os
sistemas que existem e aqueles que elas utilizam.
22
Apresentar, para que as crianças possam colher informações, uma imagem que retrate o
abastecimento de água por meio de bica, chafariz ou aguadeiro.... Pode ser uma fotografia
de um chafariz de uma cidade colonial brasileira como Ouro Preto, Mariana, Salvador, Rio de
Janeiro... Pode ser, ainda, uma gravura do século XIX feita por um desenhista, retratando o
abastecimento de água por uma bica ou chafariz. A ideia é que as crianças observem como
era o abastecimento de água (na sua diversidade) em outras épocas; e reconheçam que hoje
em dia muitas das construções antigas permanecem como patrimônio histórico ou como
ornamentação e outras foram simplesmente esquecidas.
Propor à classe uma investigação, para descobrir se bicas e chafarizes antigos que foram
preservados ainda cumprem a função de abastecer a população de água ou quais outras
funções passaram a ter diante das vivências históricas atuais. Além disso, qual a função dos
que foram construídos recentemente. E mais: os aguadeiros ainda existem?...
Orientar a pesquisa e organizar com as crianças as novas informações em desenhos e textos
para serem afixados em murais.
Observação
O estudo da localização das caixas d´água públicas pode contribuir para identificação do tipo de
relevo da região, pois geralmente a água encanada é distribuída por gravitação e os locais onde
são colocadas são os pontos mais altos da cidade.
[...] A vida cotidiana é a vida do homem inteiro; ou seja, o homem participa na vida
cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, de sua personalidade. Nela,
colocam-se em funcionamento todos os seus sentidos, todas as suas capacidades
intelectuais, habilidades manipulativas, seus sentimentos, paixões, idéias, ideologias.[...]
[...] A vida cotidiana não está fora da história, mas no centro do acontecer histórico: é a
verdadeira essência da substância social.[...]
A vida cotidiana é a vida do indivíduo. O indivíduo é sempre, simultaneamente, ser
particular e ser genérico.[...]
[...] enquanto indivíduo, portanto, é o homem um ser genérico, já que é produto e
expressão de suas relações sociais, herdeiro e preservador do desenvolvimento humano;
mas o representante do humano-genérico não é jamais um homem sozinho, mas sempre a
integração (tribo, demos, estamento, classe, nação, humanidade) – bem como,
frequentemente, várias integrações – cuja parte consciente é o homem e na qual se
forma sua consciência de nós. (HELLER, 1985 )10
Escolher com as crianças uma das situações de uso da água (como a lavagem de roupa), para
estudarem como é hoje em dia e como acontecia em outras épocas. Propostas:
- roda de conversa sobre como são lavadas as roupas hoje em dia nas casas das crianças –
tanque, máquina de lavar, sabão em pó, amaciante, quem lava, como seca etc;
- consulta aos mais velhos das famílias sobre como eram lavadas e secadas as roupas em
outras épocas;
- coleta de informações em imagens que representam situações de lavagem de roupa em
outras épocas (em foto de lavadeiras na beira do rio, por exemplo, questionar qual é o
rio, o que estão fazendo, como...);
Indicação: no livro “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, que conta a história do
processo de lavagem de roupa no Rio de Janeiro, no início do século XIX,
encontram-se gravura e texto de J. B. Debret – “Lavadeiras à beira-rio”.
- organização das informações, de modo que seja possível comparar modos de lavar
roupa em diferentes épocas, identificando semelhanças, diferenças, mudanças e
permanências.
O tema da lavagem de roupa remete a muitos aspectos históricos para estudo,
envolvendo mudanças e permanências no tipo de trabalho, divisão de tarefas, mão-de-
obra, técnicas, questões ambientais e costumes. Por exemplo, aborda a escravidão, as
tarefas destinadas às mulheres, as pequenas empresas do século passado (como as
lavanderias de hoje), os tipos de saponáceos (folhas antigamente e produtos químicos
atualmente, comprados em supermercados e divulgados por campanhas de propagandas,
que vendem “o mais branco” como sinônimo de limpeza), os tipos de clientes, os
costumes como ferver e quarar a roupa (hoje pouco praticados por causa dos
apartamentos apertados), os locais de lavagem ontem e hoje, a poluição das águas pelos
detergentes, a poluição dos rios das grandes cidades (sem existir quem se atreva a lavar
roupa com suas águas), as máquinas de lavar, torcer e secar atuais, a permanência de
lavadeiras em certas localidades brasileiras hoje, cultura desenvolvida pelas e a partir
das lavadeiras (músicas, histórias, conhecimentos, folclore...) etc.
Atividade 8: Avaliação
Para avaliar o que as crianças aprenderam, uma possibilidade é escolher uma imagem que
represente o uso da água no passado e pedir para elas identificarem: se a imagem é do presente
ou do passado; quais as informações na imagem que indicam a época; que uso está sendo feito
da água na imagem; quais as semelhanças e diferenças entre esse uso da água e o que elas
fazem hoje...
10
HELLER, Agnes. O cotidiano e a história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985, p. 17 – 43.
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Objetivos didáticos
[o que o professor pretende com o trabalho]
◦ Criar condições para que as crianças estabeleçam relações entre a história do convívio com a
água e produções artísticas (música, pintura, desenhos...).
◦ Propiciar o reconhecimento da relação entre manifestações culturais na sociedade brasileira
e em outras culturas - indígenas e/ou quilombolas.
◦ Possibilitar a identificação de indícios da história do passado nas atividades culturais da
localidade.
Conteúdos
[o que é preciso ensinar/comunicar explicitamente ou criar condições para que os alunos aprendam]
Considerações iniciais
Segundo Keith Thomas, um historiador que estuda as relações entre as sociedades e a
natureza (O homem e o mundo natural. SP: Cia. Das Letras, 1996), durante muitos
séculos, a sociedade ocidental agiu e valorizou ações em prol da submissão dos elementos
naturais: caçando animais, domesticando gado, derrubando matas, extraindo madeira e
minérios, lavrando o solo, captando água, extraindo areia dos leitos de rios, aplainando
montanhas, transformando paisagens agrestes em paisagens cultivadas, modelando
parques etc. A natureza foi sempre convertida em cultura e a terra não cultivada
considerada sinônimo de “não civilizado”. Mas, no último século, a industrialização
acabou modelando valores nostálgicos dos bosques, das matas, da vida silvestre, dos
rios... A antropologia apontou criticamente a perspectiva antropocêntrica das sociedades
humanas e, também, geógrafos e historiadores passaram a analisar como, no planeta,
acabou ocorrendo o predomínio do humano, à custa da submissão e da destruição da
terra, das águas, da fauna e da flora. Todavia, é possível pensar na história dos rios e na
relação que as sociedades constroem no convívio com eles.
A relação entre as sociedades e os rios também tem história, pois, de uma forma ou de
outra, o rio está presente cotidianamente na vida das pessoas, e o acesso a ele, o uso, o
convívio e os cuidados que recebe estão relacionados a fatores culturais, históricos e
políticos. Assim, estudar a história do rio local significa estudá-lo também
historicamente, procurando compreender como, em diferentes épocas, as sociedades e
as culturas entendem, representam, interferem, valorizam ou utilizam os rios.
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Montar coletivamente um quadro que possa conter as informações sobre como o rio era e
como é hoje. Conversar, então, com as crianças a respeito das mudanças e permanências em
relação ao rio local, sua paisagem, seu uso, suas condições ambientais, as interferências das
pessoas em cada época etc.
Ainda com as informações coletadas sobre a história do rio, organizar coletivamente uma
linha do tempo na sala de aula, identificando os dados mais importantes em cada época (por
data ou por aproximação).
Organizar mapas (de hoje e de outra época) com o trajeto do rio (ou trajetos). Se possível,
também construir uma maquete (nesse caso, serão necessárias referências de
proporcionalidade e escala).
Os rios são referências importantes, ou não, nas lembranças das pessoas sobre os lugares?
Essas lembranças do rio fortalecem, ou não, sentimentos com o lugar onde nasceram ou
viveram?
É possível identificar se diferentes pessoas olham ou compreendem o rio de maneiras diferentes?
Assim, será que um pescador pensa sobre o rio a mesma coisa que uma pessoa que nunca chegou
perto de suas águas?
Como explicar essas diferentes maneiras de ver o rio?
Organizar as ideias defendidas pelas crianças em um texto coletivo, considerando: a) como
está o rio hoje em dia; b) como era o rio em outras épocas; c) diferentes visões das pessoas
sobre o rio e diferentes relações construídas por elas com o rio; d) as mudanças e as
permanências na paisagem e na relação da população com o rio.
Propor que os novos conhecimentos, organizados ao longo dos estudos, sejam confrontados
com as hipóteses e conhecimentos anteriores das crianças (“O que não sabíamos sobre o rio e
agora aprendemos? O que já sabíamos e pudemos compreender melhor?”), provocando-as
para que reflitam sobre questões que não estavam considerando inicialmente.
Construir junto com as crianças um mural sobre a história do rio do local onde moram, com
mapa, linha do tempo, memórias, imagens, reflexões...
Objetivos didáticos
[o que o professor pretende com o trabalho]
Conteúdos
[o que é preciso ensinar/comunicar explicitamente ou criar condições para que os alunos aprendam]
11
BOSI, A. Os trabalhos da mão. In: BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 2. ed. São Paulo: T. A. Queiroz: EDUSP,
1987, p.389.
31
Objetivos didáticos
[o que o professor pretende com o trabalho]
◦ Possibilitar a identificação de mudanças e permanências relativas tanto aos trabalhadores
como às ferramentas, aos materiais e aos equipamentos utilizados na produção de diferentes
objetos relacionados à história local.
◦ Propiciar que as crianças relacionem atividades locais e acontecimentos históricos com a
preservação da memória de indivíduos, grupos e classes.
◦ Possibilitar a confrontação de informações colhidas em registros diversos, referentes aos
mesmos acontecimentos históricos.
◦ Contribuir para que as crianças relacionem lugares e tempos diferentes com medições e
marcadores de tempo cronológico e histórico (datas, décadas e séculos).
◦ Propiciar a identificação e o registro de acontecimentos e suas sequências temporais, bem
como a distinção daqueles pertencentes ao presente e ao passado.
Conteúdos
[o que é preciso ensinar/comunicar explicitamente ou criar condições para que os alunos aprendam]
Conversar com as crianças sobre o que podem pesquisar a respeito dos trabalhadores de
outras épocas. Iniciar a conversa com questões como: “Os trabalhos de antigamente eram os
mesmos de hoje em dia? Será que existiam outros tipos de trabalhadores em outras épocas?
O que eles faziam? Que tipo de trabalho existia e não existe mais (exemplos: acendedor de
lampião de rua, condutor de bonde puxado a burro)?”...
Registrar as hipóteses das crianças, para que possam confrontar no final de seus estudos com
o que tiverem aprendido a respeito dos trabalhadores no passado.
12
AMERICANO, J. São Paulo naquele tempo (1815-1915). São Paulo: Carrenho, 2004.
33
13
ADIB, J. (dir.). Malta, o fotógrafo do Rio antigo. Rio de Janeiro: Rio Gráfica, 1983.
34
Objetivos didáticos
[o que o professor pretende com o trabalho]
Conteúdos
[o que é preciso ensinar/comunicar explicitamente ou criar condições para que os alunos aprendam]
Considerações iniciais
O tema da história local requer uma pesquisa maior por parte do professor e da escola,
que precisam ir, aos poucos, identificando e organizando documentos para serem
utilizados em estudos didáticos. É importante que exista um envolvimento da escola na
coleta, ano a ano, de uma variedade de materiais para trabalho com as crianças.
Documentos ou cópias deles podem ser obtidos com as famílias, em museus, arquivos,
cúrias, prefeituras, igrejas, fábricas, estações de trem, lojas, cinemas, hospitais,
fazendas etc. Exemplos: revistas e jornais antigos (fotos, artigos, propagandas,
anúncios...), álbuns de família, livros didáticos, cadernos escolares, objetos feitos com
35
Lugar a que se refere Para que ou por que ele foi produzido?
A quem pertence?
Após a realização das entrevistas, promover leituras coletivas das respostas registradas,
debates sobre as variedades de depoimentos e, também, confronto das memórias, para
levantamento das diferentes informações sobre uma mesma época ou local.
Quando as entrevistas são gravadas e depois transcritas, é possível fazer um trabalho que
revele as diferenças entre a fala e a escrita, ou seja, as características da oralidade e as
necessidades relativas ao registro escrito.
14
NARRADORES de Javé. Direção: Eliane Caffé. Produção: Vânia Catani e Bananeira Filmes. Roteiro: Luiz Alberto de Abreu e Eliane
Caffé. [S.l.]: Lumière; Rio Filme. 2003. 1 DVD (100 min).
15
LISA, a Iconoclasta. FOX, 7ª Temporada, 1995/1996.
16
PORTELLI, A. O que faz a história oral diferente. Projeto História: Revista do Programa de Estudos Pós-graduados em História e do
Departamento de História da PUC-SP. São Paulo, n. 14, fev. 1997, p. 25–39.
38
Ainda com os textos das entrevistas em mãos, orientar as crianças na seleção de trechos que
informam sobre a história da localidade em diferentes épocas.
Solicitar que as crianças escrevam um texto, em duplas ou trios, contando o que descobriram
ou aprenderam com as entrevistas.
Montar com as crianças um painel que contenha trechos das entrevistas, organizados por
temas ou por épocas (com o nome de cada entrevistado, a data da entrevista e o local onde
ela foi realizada), além dos textos produzidos pelas duplas ou trios.
Músicas
Mapas antigos
Depoimentos/memórias
Pinturas/pintores
Nome do lugar
39
3.
4.
5.
6.
Objetivos didáticos
[o que o professor pretende com o trabalho]
Conteúdos
[o que é preciso ensinar/comunicar explicitamente ou criar condições para que os alunos aprendam]
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BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: História e Geografia. Brasília, DF, 1997.
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