Choque Septico TCC 2 (Recuperação Automática)
Choque Septico TCC 2 (Recuperação Automática)
Choque Septico TCC 2 (Recuperação Automática)
O organismo humano está em constante alerta e luta contra agentes externos que podem
prejudicá-lo, como bactérias, vírus, fungos e toxinas.
Toda agressão ao organismo provoca uma reação de defesa e essa reação, na maioria das
vezes, limita-se ao combate desses agentes, sem danos associados. Porém, em algumas
situações, seja pela gravidade e agressividade do agente causador (especialmente alguns tipos
de bactérias e vírus), ou pela magnitude da resposta do organismo, esse combate pode acabar
em danos secundários à saúde do indivíduo. Ou seja, em resposta a uma infecção, o organismo
acaba lançando mão de mecanismos de defesa que acabam por prejudicá-lo.
Trata-se de uma síndrome que se caracteriza pelo desequilíbrio entre o oxigênio disponível e o
utilizado pelas células.
Quando este desequilíbrio não é corrigido pode ocorrer disfunção única ou múltipla de órgãos
e sistemas, associada à resposta do organismo frente á um agente infeccioso, que é o que
chamamos de sepse, e, em casos mais avançados, choque séptico – popularmente conhecido
como infecção generalizada.
Traduzindo: sepse é um estado em que pode ocorrer uma incapacidade do sistema circulatório
em fornecer fluxo sanguíneo adequado para atender às necessidades metabólicas dos tecidos e
órgãos vitais (oxigênio e nutrientes), causada por exacerbação da resposta inflamatória
sistêmica (vasodilatação, aumento da permeabilidade dos vasos e acúmulo de leucócitos), que
resulta em incapacidade de manter a pressão arterial e consequente diminuição na perfusão
sanguínea para os órgãos vitais. Essas alterações acontecem em todo o organismo e são
observadas mesmo nos locais onde o agente infeccioso não está presente.
Clinicamente podemos observar queda na pressão arterial, acompanhados por sinais de
redução de fluxo sanguíneo nos órgãos ou lesões de outros órgãos (sonolência ou confusão
mental, diminuição da produção de urina, queda nas plaquetas, alterações na coagulação
sanguínea, distúrbios respiratórios e disfunção cardíaca podem estar presentes). Um marcador
usado para ajudar no diagnóstico deste desequilíbrio do fluxo sanguíneo é a dosagem de
lactato no sangue venoso ou arterial – ele é um produto do metabolismo anaeróbio e quando
está aumentado significa que o organismo está tendo dificuldade em perfundir adequadamente
seus tecidos e fornecer a quantidade de oxigênio mínima para o bom funcionamento dos
órgãos.
Choque Séptico
É um estágio mais avançado e mais grave da sepse. Ele acontece quando, apesar das medidas
tomadas, o paciente não recupera a pressão arterial e não adequa o fluxo sanguíneo aos órgãos
e sistemas.
Há ainda outras situações em que a resposta inflamatória do organismo a alguma lesão ou
agressão externa também pode estar aumentada e desregulada, resultando em um quadro
grave e com características e apresentação semelhantes aos da sepse, porém sem a presença de
agente infeccioso – por exemplo, nos casos de pancreatite, queimaduras graves, politrauma e
cirurgias extensas. Nesse caso chamamos esse fenômeno de síndrome da resposta inflamatória
sistêmica grave – SIRS.
Por se tratar de um quadro grave, a sepse requer tratamento rápido e preciso. Ao identificar um
quadro inicial de sepse, deve-se tentar encontrar o foco infeccioso ao mesmo tempo em que o
tratamento é instituído. Para identificação do foco, deve-se, além dos exames de rotina, colher
culturas de sangue, urina e secreções que o paciente apresente. A imediata instituição de
antibiótico de acordo com o foco infeccioso é imperativa e, para corrigir os distúrbios de fluxo
sanguíneo aos órgãos e pressão arterial, deve-se iniciar infusão de fluidos por via endovenosa.
Nos casos de choque séptico, em que essas medidas não são suficientes para estabelecer a
melhora do quadro, deve-se optar por uso de uma medicação que seja capaz de manter a
pressão arterial e perfusão adequadas – medicamento vasoativo - noradrenalina. Esses
pacientes devem ser tratados e monitorados em unidades de terapia intensiva - UTI.
A resposta ao tratamento depende de vários fatores: resposta do organismo à infecção, local e
tipo da infecção, agressividade do agente infeccioso (infecções hospitalares costumam ser mais
graves), tipo e ação do antibiótico (para aquele determinado agente) e desenvolvimento, ou
não, de choque séptico. Esses são dados que não podem ser avaliados de imediato e que só o
tempo será capaz de identificar, portanto a resposta ao tratamento da sepse só poderá ser
avaliada após horas e, às vezes, dias depois da instituição da terapêutica adequada.
A sepse e o choque séptico não tratados ou que não respondem bem às medidas adotadas
podem levar ao óbito por falência de múltiplos órgãos. A mortalidade pode variar de 20 a 60%
de acordo com a gravidade do caso, especialmente em pacientes que já se encontram
internados em UTI, nos idosos, naqueles com algum grau de imunodepressão ou que já
apresentam doença de base com comprometimento da saúde (falência hepática, câncer,
diabetes, AIDS, transplantados, etc). Porém, quando o tratamento é precoce e preciso, as
chances de sobrevivência são boas. Precisamos estar atentos!
Este reconhecimento ainda dos sinais e sintomas, como hipotensão, hipóxia, redução do
débito urinário ou mesmo sinais de resposta inflama tória como aumento das frequências
cardíaca, respiratória e febre.
Pontua-se que esta patologia é a principal causa de morte em Unidades de Terapia Intensiva
(UTI) não cardiológicas, com elevadas taxas de letalidade, inclusive, no Brasil. Salienta-se,
ainda, que estes dados podem estar subestimados, pois, não raro, óbitos são apenas
atribuídos à patologia de base e não à sepse.
De acordo com o protocolo gerenciado publicado pelo Instituto Latino Americano de Sepse
para a confirmação de um caso é preciso de um foco infeccioso suspeito ou confirmado, pelo
menos dois critérios de SIRS e/ou pelo menos um sinal de disfunção orgânica.
O protocolo gerenciado de sepse também preconiza que no pacote de atendimento ao
paciente séptico nas primeiras três horas deve-se administrar antibiótico, realizar reposição
volêmica e colher sangue para dosagem de lactato sérico e outros exames.
SOFA e do quickSOFA
De acordo com a Global Sepsis Alliance, atinge 27 milhões de pessoas no mundo por
ano. A abordagem e estratégia terapêutica na sepse vai além da antibioticoterapia na
primeira hora e reposição da volemia, e seu reconhecimento precoce salva vidas.