APOSTILA - Farmacologia

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Farmacologia

Professora Dr. Natália de Carvalho Scharf Santana

EduFatecie
E D I T O R A
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

S232s Santana, Natália de Carvalho Scharf


Farmacologia / Natália de Carvalho Scharf Santana.
Paranavaí: EduFatecie, 2021.
89 p.: il. Color.

ISBN 978-65-87911-93-9 

1. Farmacologia. 2. Dor - Tratamento. 3. Medicamentos –


Administração I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de
Educação a Distância. III. Título.

CDD: 23 ed. 615.1


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577
https://orcid.org/0000-0001-5409-4194

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[email protected]
AUTORA

Professora Dr. Natália de Carvalho Scharf Santana

● Doutora em Biociências e Fisiopatologia (Universidade Estadual de Maringá);


● Mestre em Biociências e Fisiopatologia (Universidade Estadual de Maringá);
● Bacharel em Farmácia Generalista (UNIPAR);
● Docente de cursos de graduação Biomedicina, Farmácia, Fisioterapia
e Nutrição na UniFatecie.

CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/9120106053381779


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Olá aluno(a)! Seja bem-vindo à disciplina de Farmacologia. Essa disciplina será de


extrema importância para a sua formação, pois traz informações relevantes que norteiam o
entendimento do estudo da ação medicamentosa como intervenção terapêutica.
A Farmacologia envolve de forma ampla os conhecimentos necessários para o
profissional, e traz o envolvimento do estudo da interação de compostos químicos (drogas)
com os organismos vivos. Consiste no estudo do mecanismo pelo qual os agentes químicos
afetam as funções dos sistemas biológicos, podendo gerar interferência das moléculas e
células, tudo isso, mediado pela ação das drogas medicamentosas.
Na Unidade I, vamos conhecer sobre os princípios e aspectos gerais que envolvem
a disciplina, visto que identificar conceitos básicos torna-se essencial para compreender o
desenvolvimento da ação terapêutica.
Na Unidade II, você irá saber mais sobre a farmacologia da dor e a Psicofarmaco-
logia, um dos tópicos imprescindíveis ao conhecimento profissional. A partir da psicofarma-
cologia identificamos diversos tipos de mecanismos classificatórios.
Na sequência, na Unidade III, falaremos sobre a ação dos medicamentos em siste-
mas, vamos conhecer as principais classes medicamentosas e seus níveis de classificação,
principais receptores e locais de atuação no organismo humano.
E, na nossa última unidade teórica, finalizaremos o conteúdo desta disciplina re-
latando sobre tipos de interações medicamentosas, abordando vários tópicos de tipos de
reações, como: medicamento com medicamento, medicamento com alimento, medicamen-
to com plantas medicinais, e demais.
Será um prazer imenso partilhar informações com vocês e poder contribuir com
conhecimentos tão essenciais a vida humana, espero que todo o conteúdo acrescente um
amadurecimento diante o seu crescimento profissional, além de ajudar a esclarecer sobre
o sentido da ação medicamentosa.
SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 3
Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia

UNIDADE II.................................................................................................... 24
Farmacologia da Dor

UNIDADE III................................................................................................... 46
Ação dos Medicamentos em Sistemas

UNIDADE IV................................................................................................... 70
Ação e Interação de Medicamentos
UNIDADE I
Princípios e Aspectos Gerais Sobre
Farmacologia
Professora Dr. Natália de Carvalho Scharf Santana

Plano de Estudo:
● Princípios e aspectos gerais sobre Farmacologia;
● Conceitos Essenciais;
● Ação dos Medicamentos;
● Formas Farmacêuticas.

Objetivos da Aprendizagem
● Apresentar princípios Farmacológicos básicos, mecanismos de ação dos fármacos que
atuam nos no organismo humano, enfatizando os princípios farmacodinâmicos, farmaco-
cinéticos, abrangendo as formas farmacêuticas e possíveis variações de absorção.
● Ser capaz de desenvolver saberes que façam um elo
entre as ciências básicas e a área da saúde.

3
INTRODUÇÃO

Caro acadêmico, neste primeiro capítulo vamos abordar algumas informações básicas
e essenciais a construção do conhecimento da disciplina de farmacologia. Uma abordagem
inicial trazendo informações de princípios e aspectos gerais da farmacologia para você.
Divididos em tópicos e conceitos essenciais que norteiam o conhecimento forma-
dor e construtor mediante a ação da farmacologia na vida das pessoas. Espero que esse
conteúdo lhe auxilie nos estudos e seja de grande valia para sua formação profissional!

Bons estudos.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 4


1. PRINCÍPIOS E ASPECTOS GERAIS SOBRE FARMACOLOGIA

Olá Caros alunos, vamos iniciar agora os estudos sobre essa disciplina tão impor-
tante e relevante aos estudos da área da saúde. Nesta primeira unidade, iniciamos com
conceitos básicos essenciais ao desenvolvimento da disciplina, abordando a Farmacologia,
Farmacocinética e a Farmacodinâmica.
Desde a antiguidade as plantas medicinais, utilizadas há milhares de anos, servem
de base para estudos na produção de novos medicamentos. A cultura brasileira sofreu sérias
influências desta mistura de etnias, tanto no aspecto espiritual, como material, fundindo-se
aos conhecimentos existentes no país (MACEDO; CARVALHO; NOGUEIRA, 2002).
A palavra Farmacologia é de origem grega, derivada da palavra de pharmakon,
com oscilação de significados desde a substância de uso terapêutico, podendo até ser
considerado um veneno, de uso místico ou sobrenatural, mas considerada a ciência que
estuda os medicamentos. Muito utilizados na antiguidade, as plantas, insumos químicos
eram utilizados como remédios. Trata-se de uma ciência ampla, que aborda várias áreas e
está envolvida em vários temas da medicina, como fisiologia, bioquímica e genética. Além
disso, é a base de toda a terapêutica médica (FRANCO e KRIEGER, 2016).
Diante disso, vamos abordar nesse primeiro tópico teórico, conceitos essenciais
no aprendizado desta disciplina, visando compartilhar informações básicas essenciais. A
diferenciação de termos como droga, medicamento, princípio ativo e fármacos, são nortea-
doras para o entendimento de uma bula medicamentosa, por exemplo. A Farmacocinéticae
Farmacodinâmica trazem dentro da disciplina todo direcionamento para o entendimento
sobre ação fisiológica do medicamento no organismo humano.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 5


Por isso, é importante destacar que todo profissional da saúde, precisa ter plena
consciência da necessidade de um diagnóstico correto, uma administração medicamentosa
eficiente e da possível interação (medicamentosa ou alimentar) que possa existir no organis-
mo humano, podendo então direcionar uma conscientização da população, sobre o bem e
o mal que um medicamento (seja ele natural ou sintético) possa causar a nosso organismo.
A Farmacologia, quando estudada de maneira clara e objetiva, direciona o profis-
sional da saúde a tomar mais cautela e ajuda na orientação profissional, para que assim o
sucesso terapêutico seja alcançado no organismo do paciente.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 6


2. CONCEITOS ESSENCIAIS

Neste tópico, vamos abordar alguns conceitos essenciais a disciplina de Farmaco-


logia, quando tratamos sobre estudo dos medicamentos, o entendimento de termos técnicos
básicos são destacados com significante relevância para entendimento sobre mecanismos
de ação mais complexos. Segundo Destruti, Arone e Philippi (2010) algumas definições são
enfatizadas:

● Medicamento (medicamentum = remédio): são produtos farmacêuticos, tecnica-


mente obtidos ou elaborados, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de
diagnóstico (ANVISA, 2011). Exemplo: Tylenol (analgésico). Todo indivíduo quando utiliza
um medicamento, ele busca conseguir alguma das finalidades abaixo:
● Finalidade Preventiva ou Profilática: administra-se uma substância com pro-
priedades farmacológicas para evitar ou reduzir a gravidade de uma determinada doença.
● Finalidade Terapêutica: quando é utilizado um medicamento para tratamento
de doença/patologia diagnosticada.
● Finalidade Paliativa: quando o uso do medicamento ajuda diminuindo os sinto-
mas da doença, mas não promove a cura.
● Finalidade Curativa: quando o uso do medicamento está diretamente ligado
a cura de determinada patologia, ou seja, o mecanismo de ação do mesmo está ligado a
morte do microrganismo causador da doença.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 7


● Droga (drug = remédio, medicamento, droga): substância que modifica a função
fisiológica, ou estados patológicos, com ou sem benefícios para o organismo. Como exem-
plo: maconha.
● Remédio (re = novamente; medior = curar): substância ou meio, utilizada para
combater um estado patológico, podendo ser de origem animal, vegetal, mineral ou sinté-
tica, até mesmo procedimentos (ginástica, massagem, acupuntura, crenças) podem ser
definidos como remédio, visto que possuem intenção benéfica. Como exemplo: carinho/
amor de mãe.
● Princípio Ativo: substância (quimicamente ativa), responsável pela ação do
medicamento.
● Dose: quantidade determinada de medicamento, que quando prescrita é intro-
duzida no organismo, com objetivo de produzir um efeito terapêutico, promovendo assim
alterações de funções do metabolismo celular.
● Fórmula Farmacêutica: conjunto de substâncias que compõem a forma dos
medicamentos, ou seja, como este é apresentado, a descrição dos componentes do produ-
to (veículo, sabor, princípio ativo, e demais).
● Forma Farmacêutica: maneira física que o medicamento se apresenta. Ex:
comprimidos, xaropes, pomadas.
● Prescrição medicamentosa: documento prescrito por profissional habilitado;
fonte de informação sobre o medicamento a ser administrado, deve conter: dados do pa-
ciente, data da prescrição, dados do prescritor, nome do medicamento, a dose, a frequência
do medicamento.
● Princípio Ativo: substância presente na composição do medicamento, sendo
esta, responsável pelo efeito terapêutico.
● Medicamento Ético, de Marca, de Referência: É o produto inovador, cuja efi-
cácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente por ocasião do registro.
É geralmente o primeiro remédio que surgiu para curar determinada doença e sua marca é
bem conhecida. O laboratório que detém a patente do produto tem exclusividade para pro-
duzi-lo durante cinco anos. Depois deste prazo, os laboratórios que estiverem interessados
poderão produzir medicamentos genéricos destas marcas (ANVISA, 2011).
● Medicamento Genérico: idêntico ao produto de marca possui rigorosamente as
mesmas características e efeitos sobre o organismo do paciente. A garantia é dada pelo
Ministério da Saúde que exige testes de bioequivalência e biodisponibilidade farmacêutica
para aprovar os genéricos. Os genéricos podem substituir remédios de marca a critério
médico. Trazem na embalagem, o nome do princípio ativo que identifica o produto, e a frase
medicamento genérico lei 9778/99 (ANVISA, 1999). Na figura abaixo (Figura 1), algumas
características da embalagem dos medicamentos genéricos são apresentadas.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 8


FIGURA 1 - CARACTERÍSTICA DA EMBALAGEM DOS MEDICAMENTOS GENÉRICOS

Fonte: GOV. Medicamentos Genéricos. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/

pt-br/assuntos/medicamentos/genericos. Acesso em: 08 nov. 2021.

● Medicamento Similar: Contém o mesmo princípio ativo, apresenta a mesma


concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêu-
tica do medicamento de referência, mas não são bioequivalentes. Os similares não pas-
sam por análises capazes de atestar se seus efeitos no paciente são exatamente iguais
aos dos medicamentos de referência nos quesitos quantidade absorvida e velocidade de
absorção (ANVISA, 1999).
Quando comparado os tipos de medicamentos genéricos, de referência e similares,
analisa-se a intercambialidade destes, ou seja, esta indica a possibilidade de substituição
de um medicamento prescrito pelo profissional de saúde por um medicamento genérico
ou similar. A intercambialidade somente poderá ocorrer se houver estudos de bioequi-
valência, bioisenção ou equivalência farmacêutica entre os fármacos, por isso torna-se
relevante a informação que consta em lista de medicamentos similares intercambiáveis
disponibilizada pela ANVISA.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 9


FIGURA 2 - INTERCAMBIALIDADE DE MEDICAMENTOS

DE REFERÊNCIA, SIMILAR E GENÉRICOS

Fonte: ANVISA. Intercambialidade de Medicamentos. 2000. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/

content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Medicamentos/Assunto+de+Interesse/Medicamentos+similares. Acesso

em: 30 nov. 2021.

● Biodisponibilidade: indica a velocidade de absorção de um princípio ativo,


diante um organismo.
● Bioequivalência: consiste na equivalência farmacêutica entre produtos com a
mesma forma farmacêutica, mesma composição química (princípio ativo), mesma biodispo-
nibilidade, quando administrados da mesma maneira.
● Medicamentos Homeopáticos: são preparados a partir de substâncias naturais
provenientes dos reinos animal, vegetal e mineral.
● Medicamento Fitoterápico: são medicamentos obtidos a partir de plantas me-
dicinais. Esses são obtidos empregando-se basicamente de derivados de droga vegetal
(extrato, tintura, óleo, cera, exsudato).

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 10


Os medicamentos podem ser classificados de acordo com o processo de fabrica-
ção, podendo ser diferenciados pelos termos: Alopáticos, Homeopáticos e Fitoterápicos.
Os mais utilizados são os medicamentos alopáticos, pois são aqueles que encontramos
em sua maior parte nas farmácias/drogarias que frequentamos, agem de forma contrária
aos nossos sintomas, ou seja, tratando a causa, como exemplo podemos citar um anti-
-inflamatório que age diminuindo uma inflamação, um antitérmico que age diminuindo a
temperatura corporal.
Medicamentos homeopáticos, possuem um princípio de cura diferente, são aqueles
que tratam a patologia, através de processo de cura por meio de semelhante curando se-
melhante, ou seja, a base dessa cura ocorre mediante medicamentos não muito agressivos
ao corpo, os quais agem imitando os sintomas que o paciente está sofrendo. Podendo
ocorrer, uma piora leve nos primeiros dias de tratamento, culminando em uma reação do
próprio organismo, pois há um fortalecimento nos seus mecanismos de defesa, direcionan-
do, portanto, a cura do paciente.
O medicamento homeopático é considerado muito seguros, pois são produzidos
através de diluições sucessivas de uma solução inicial super concentrada, e chega a
concentrações muito pequenas. O objetivo é fazer com que os princípios ativos desses
medicamentos não aumentem os sintomas sentidos pelo paciente.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 11


3. AÇÃO DOS MEDICAMENTOS

O processo de administração e efeito medicamentoso, envolve muitas etapas,

desde a administração até a metabolização desta substância em nosso organismo. Os

processos físicos de difusão, passagem através de membranas, ligação a proteínas plas-

máticas e partição entre os tecidos, são a base da absorção e distribuição dos fármacos.

Quando abordamos a Farmacocinética precisamos fixar em nossas mentes que

esta é realizada através de etapas sequenciais: absorção, distribuição, metabolismo e ex-

creção. A disponibilização do fármaco no organismo é identificada na farmacocinética como

o estudo do caminho que esta substância percorre e traz efeitos, percorrendo

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 12


FIGURA 3 - FASES DA FARMACOCINÉTICA

Fonte: WHALEN, FINKELL e PANAVELIL, 2016.

Segundo Whalen, Finkell e Panavelil (2016), podemos definir:

- Absorção: Primeiro, a absorção desde o local de administração permite a


entrada do fármaco (direta ou indiretamente) no plasma.
-Distribuição: Segundo, o fármaco pode, então, reversivelmente, sair da cir-
culação sanguínea e distribuir-se nos líquidos intersticial e intracelular.
- Biotransformação: Terceiro, o fármaco pode ser biotransformado no fígado
ou em outros tecidos.
- Eliminação: Finalmente, o fármaco e seus metabólitos são eliminados do
organismo na urina, na bile ou nas fezes. Usando o conhecimento das va-
riáveis farmacocinéticas, os prescritores clínicos podem eleger condutas
terapêuticas ideais, incluindo via de administração, dosagem, frequência e
duração do tratamento., variando de acordo com o caso clínico apresentado
pelo paciente.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 13


3.1 Via de Administração de Fármacos
A via de administração é determinada diante a necessidade do paciente, podemos
dizer que é a maneira que o mesmo irá entrar em contato com o organismo. Está ligada
diretamente mediante as propriedades/características do fármaco (p. ex., hidro ou liposso-
lubilidade, ionização) e pelos objetivos terapêuticos (p. ex., necessidade de um início rápido
de ação, necessidade de tratamento por longo tempo). As vias principais de administração
de fármacos incluem a enteral, a parenteral e a tópica, entre outras (WHALEN; FINKELL;
PANAVELIL, 2016).

3.2 Via Enteral ou Via oral


A via enteral, também chamada de via oral é a mais comum, utilizada para sólidos
e líquidos, porém exige do paciente a ingestão e deglutição, trata-se do modo mais seguro
e conveniente de ingestão de medicamentos, sendo também o mais utilizado.
Os fármacos orais são facilmente autoadministrados, porém, as vias envolvidas
na absorção oral são as mais complicadas, precisam de cautela com relação a algumas
características, como exemplo: o baixo pH do estômago inativa alguns fármacos, podendo
não alcançar o efeito desejado. Possuímos no mercado farmacêutico uma ampla variedade
de preparações orais, incluindo por exemplo, preparações revestidas (entéricas) e de libe-
ração prolongada.

3.3 Sublingual e bucal


Quando precisamos colocar um medicamento considerado sublingual, o fármaco
precisa ser posicionado sob a língua, permitindo que ele se difunda na rede capilar (loca-
lizados abundantemente na região sublingual) e, assim, entre diretamente na circulação
sistêmica. Podemos destacar assim que a administração sublingual possui vantagens,
incluindo a facilidade de administração, absorção rápida, ultrapassagem do Ambiente
Gastrintestinal (GI) e capacidade de evitar a biotransformação de primeira passagem
(WHALEN; FINKELL; PANAVELIL, 2016).
Quando ingerimos um medicamento, sabemos que este tem um longo caminho
até chegar ao local desejado, neste percurso, ele sobre metabolizações, sendo o efeito
de primeira passagem uma delas, este efeito pode ser definido como a possibilidade de o
fármaco sofrer metabolização antes de entrar na corrente sistêmica (PEREIRA, 2007).

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3.4 Via Parenteral
Nesta via, ocorre a introdução do medicamento diretamente na circulação sanguí-
nea, ou seja, uma via que não é de autoadministração, causando desconforto (doloroso) ao
paciente, contudo podemos citar as seguintes vantagens:
- Administração de medicamentos que não são absorvidos pelo trato
gastrointestinal (TGI);
- Administração de medicamentos em pacientes que não cooperam; ou estão
em estados emocionais de desequilíbrio;
- Efeito mais rápido do medicamento;
- Reposição rápida de líquidos e eletrólitos (hidratação por exemplo);

A administração parenteral de medicamentos poder ser feita pelas vias: Intramus-


cular (IM): ocorre aplicação diretamente no músculo do paciente; Endovenosa (EV) ou
Intravenosa (IV): aplicação ocorre diretamente no interior da veia, permite um efeito rápido
e um grau de controle máximo sobre a quantidade de fármaco administrada. Muito utilizada
em pacientes hospitalizados, na qual se consegue manter constância nos níveis da admi-
nistração medicamentosa, contudo, é necessário cautela, pois pode ocorrer precipitação
dos constituintes do sangue, causar hemólise ou outras reações adversas se for introduzida
muito rapidamente ou se alcançar concentrações elevadas. Por isso, os pacientes devem
ser cuidadosamente monitorados quanto a reações desfavoráveis, e a velocidade de infu-
são deve ser cuidadosamente controlada (WHALEN; FINKELL; PANAVELIL, 2016).

3.5 Via Subcutânea


Subcutânea (SC) ou hipodérmica: “Aplicação logo abaixo da superfície da pele”,
esta via não deve ser usada com fármacos que causam irritação tissular, porque pode ocor-
rer dor intensa e necrose. É importante relatar que oferece absorção por difusão simples
e é mais lenta do que a via IV. A injeção SC minimiza os riscos de hemólise ou trombose
associados à injeção IV e pode proporcionar efeitos lentos, constantes e prolongados. Os
principais fármacos administrados comumente por via SC incluem insulina e heparina, nesta
via ocorre aplicação de volumes pequenos (no máximo 2ml) (WHALEN; FINKELL; PANA-
VELIL, 2016)

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 15


3.6 Via mucosa ou tópica
Quando desejamos um efeito local sob a pele ou mucosa, utilizamos essa via,
podemos exemplificar com o uso de pomadas analgésicas e uso de colírios. Apresentam
uma alta absorção e são facilmente administráveis.
Existem algumas classificações sobre as vias mucosas: mucosa pulmonar (para
substâncias voláteis como gases e aerossóis); mucosa sublingual (para comprimidos su-
blinguais, capsulas gelatinosas); mucosa nasal (para substâncias de efeito local, em sua
maioria descongestionantes nasais); mucosa conjuntival (líquidos e pomadas para uso no
globo ocular); mucosa retal (para supositórios, são poucos utilizados) e mucosa vaginal
(para óvulos e cremes vaginais de ação local).
Uma vez escolhido a via de administração para determinado fármaco, este é
administrado e após sua absorção e distribuição, o mesmo chega à corrente sanguínea,
gerando seu potencial efeito medicamentoso, a porção final que não é aproveitada pelo
organismo sofre processo de eliminação, isso chamamos de farmacocinética. Quando essa
substância química está em nosso organismo, causará determinada ação e seus possíveis
efeitos colaterais (efeitos que nosso corpo manifesta quando em contato com determinada
substância química).
A Farmacodinâmica estuda a forma pela qual essas ações ocorrem, podendo sofrer
algumas variações, como: a dose administrada, a percentagem de medicamento que chega
ao local de ação, o mecanismo de ação deste fármaco, a ação desse medicamento no
organismo e as possíveis variações individuais (sofrem variações de idade e metabolismo,
por exemplo). Portanto, podemos dizer que a Farmacodinâmica é “o que o organismo faz
com o medicamento”, e a Farmacocinética é “o que o caminho que o medicamento percorre
no organismo”.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 16


4. FORMAS FARMACÊUTICAS

As Formas Farmacêuticas são as formas físicas na qual um determinado medica-


mento é administrado, sendo importante na sua escolha prevalecer aquela que propicie ao
paciente o máximo de ação e o mínimo de inconvenientes. São divididos basicamente em
sólidos, líquidos, semissólidos e gasosos.

SÓLIDOS: compreende-se como forma farmacêutica sólidas: os comprimidos, as


drágeas, as cápsulas, as pastilhas, os supositórios e os óvulos, principalmente.

1.Cápsulas: forma farmacêutica sólida na qual o(s) princípio(s) ativo(s) e/ou os


excipientes estão contidos em invólucro solúvel duro ou mole, de formatos e tamanhos
variados, usualmente contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente é formada
de gelatina, mas pode também ser de amido ou de outras substâncias (ANVISA, 2011).
2. Comprimido: forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou mais
princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compressão de volumes uniformes
de partículas. Pode ser de uma ampla variedade de tamanhos e formatos, apresentar mar-
cações na superfície e ser revestido ou não (ANVISA, 2011).

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 17


3. Pastilha: forma farmacêutica sólida que contém um ou mais princípios ativos,
usualmente em uma base adocicada e com sabor agradável. É utilizada para dissolução
ou desintegração lenta na boca. Pode ser preparada por moldagem ou por compressão
(ANVISA, 2011).
4. Supositórios: forma farmacêutica sólida de vários tamanhos e formatos, adap-
tada para introdução no orifício retal, vaginal ou uretral do corpo humano, contendo um
ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos numa base adequada. Os supositórios
fundem-se, derretem ou dissolvem na temperatura do corpo (ANVISA, 2011).
5. Óvulos: forma farmacêutica sólida de dose única que pode ter vários formatos,
mas que é usualmente ovoide. Contém um ou mais princípios ativos dispersos ou dissol-
vidos em uma base adequada. Adaptado para introdução no orifício vaginal, fundem-se,
derretem ou dissolvem na temperatura do corpo (ANVISA, 2011).

LÍQUIDAS: As formas farmacêuticas líquidas são fáceis de serem administradas,


possuem em sua maioria a presença de corantes e substâncias para mascara o sabor.
As principais podemos citar: soluções, xaropes, elixires, suspensões, emulsões, injetáveis,
tinturas e extratos.
1. Emulsão: forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que con-
siste de um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos imiscíveis e na
qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase interna ou dispersa) através
de outro líquido (fase externa ou contínua). Normalmente é estabilizada através de um ou
mais agentes emulsificantes (ANVISA, 2011).
2. Líquido: forma farmacêutica que consiste de uma substância química pura no estado
líquido, podendo ser aquosa ou oleosa. Obs.: esta forma farmacêutica não deve ser aplicada
para soluções, suspensões, emulsões, xampus e sabonetes líquidos (ANVISA, 2011).
3. Solução: forma farmacêutica líquida límpida e homogênea, que contém um ou
mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes
miscíveis (ANVISA, 2011).
4. Suspensão: forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas dispersas
em um veículo líquido, no qual as partículas não são solúveis (ANVISA, 2011).

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 18


SEMISSÓLIDOS: São de fáceis uso, trazem comodidade e praticidade ao paciente.
Creme: forma farmacêutica semissólida que consiste de uma emulsão, formada por
uma fase lipofílica e uma fase aquosa. Contém um ou mais princípios ativos dissolvidos ou
dispersos em uma base apropriada e é utilizado normalmente para aplicação externa na
pele ou nas membranas mucosas.
1. Emplasto: forma farmacêutica semissólida para aplicação externa. Consiste de uma
base adesiva contendo um ou mais princípios ativos distribuídos em uma camada uniforme num
suporte apropriado feito de material sintético ou natural. Destinado a manter o princípio ativo em
contato com a pele, atuando como protetor ou como agente queratolítico (ANVISA, 2011).
2. Gel: forma farmacêutica semissólida com um ou mais princípios ativos, que con-
tém um agente gelificante para fornecer firmeza a uma solução ou dispersão coloidal (um
sistema no qual partículas de dimensão coloidal – tipicamente entre 1 mm e 1 mm – são
distribuídas uniformemente através do líquido). Um gel pode conter partículas suspensas
(ANVISA, 2011).
3. Pomada: forma farmacêutica semissólida para aplicação na pele ou nas mem-
branas mucosas, que consiste de solução ou dispersão de um ou mais princípios ativos em
baixas proporções em uma base adequada (ANVISA, 2011).

GASOSO: são aquelas utilizadas para administração de substâncias voláteis, po-


demos incluir por exemplo medicamentos de gases para nebulização.

FIGURA 4 - VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

Fonte: WHALEN, FINKELL, PANAVELIL, 2016.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 19


SAIBA MAIS

É importante destacar que a literatura possui muitas informações relevantes, visto isso,
torna-se essencial busca de fontes confiáveis. Deixo sugestões de arquivos importantes
para complementação de conhecimento sobre os temas abordados neste capítulo.

ANVISA: http://antigo.anvisa.gov.br/dcb/conceitos-e-definicoes
MINISTÉRIO DA SAÚDE: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_medicamentos.pdf
INCA: https://www.inca.gov.br/pesquisa/ensaios-clinicos/fases-desenvolvimento-um-no-
vo-medicamento

REFLITA

Embora os medicamentos sejam produzidos com fins terapêuticos, eles podem provo-
car efeitos indesejáveis que venham a causar até a morte do paciente, por esse motivo,
qualquer medicamento deve ser usado de forma correta sob orientação médica e super-
visão do profissional da saúde.
É importante refletir que todo medicamento deve ser administrado na dose correta, no
horário correto e na forma farmacêutica mais adequada ao caso clínico do paciente.
Como está a administração de medicamentos na sua casa?

Fonte: FERNANDES, R. S. G.; TAVEIRA, C. C. Fundamentos de Farmacologia. NT Editora. Brasília:

2014. 156p.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 20


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final do primeiro capítulo da nossa apostila, abordamos vários tópi-


cos essências na construção do conhecimento desta disciplina. Nesta unidade, abordamos
conceitos iniciais e fundamentais para o desenvolvimento da farmacologia.
Conseguimos diferenciar termos básicos como medicamento e remédio, classi-
ficamos as formas farmacêuticas essenciais para o tratamento do paciente, visto que a
administração de medicamentos varia de acordo com a finalidade que o mesmo foi utiliza-
do, podendo ser finalidade Preventiva ou Profilática, a administração de uma substância é
normalmente utilizada para evitar ou reduzir a gravidade de uma determinada doença.
Vimos sobre a finalidade Terapêutica, que é quando utiliza um medicamento para
tratamento de doença/patologia diagnosticada e também a finalidade Paliativa: quando o
uso do medicamento ajuda diminuindo os sintomas da doença.
Podemos compreender que a ação do medicamento em nosso organismo depende
de dois importantes requisitos: farmacocinética e farmacodinâmica, visto que este processo
de administração e efeito medicamentoso, envolvem muitas etapas, desde a administração
até a metabolização desta substância em nosso corpo. Essas etapas são essenciais para
que se tenha um sucesso de terapia medicamentosa com efeito alcançado.
Portanto, quando possuímos conhecimentos sobre as vias de administração, as
formas farmacêuticas e o caminho que o medicamento percorre em nosso organismo, tor-
na-se mais claro a atenção ao uso do fármaco correto, diminuindo possivelmente os riscos
de intoxicação e efeitos colaterais.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 21


LEITURA COMPLEMENTAR

Artigo científico: Farmacologia no século XX: a ciência dos medicamentos a partir


da análise do livro de Goodman e Gilman.

Autores: Silvia Cardoso Bittencourt, Sandra Caponi, Sônia Maluf.


Resumo: Analisa a apresentação da farmacologia como ciência a partir do livro-
-texto de Louis Goodman e Alfred Gilman reeditado e reimpresso inúmeras vezes entre
1941 e 2006. Nas primeiras edições, a farmacologia é caracterizada como a ciência das
drogas, relacionando-se com outras áreas do conhecimento; a história do desenvolvimento
das drogas, a inserção dessa ciência no contexto social e suas relações com a indústria
são destacadas. Nas outras edições, esses aspectos são menos pontuados, quase de-
saparecendo na 11a (2006). A abordagem dos aspectos históricos pode contribuir para a
compreensão do desenvolvimento da farmacologia, assim como a abordagem das relações
com a indústria e a sociedade é importante para refletir sobre os critérios de utilização dos
medicamentos.

Link de acesso: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/bTpnNVqfFm97TwPqKDLHMwJ/?-


format=pdf&lang=pt

Fonte: BITTENCOURT, Silvia Cardoso; CAPONI, Sandra; MALUF, Sônia. Farmaco-


logia no século XX: a ciência dos medicamentos a partir da análise do livro de Goodman e
Gilman. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, abr.-jun. 2013,
p. 499-519.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 22


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Farmacologia Ilustrada, 6ª edição
Autores: Karen Whalen; Richard Finkell; Thomas A.
Editora: Panavelil, 2016.
Sinopse: A obra “Farmacologia ilustrada” 6ª edição, foi totalmente
atualizada, reorganizada e ampliada por um grupo de organizado-
res coordenados por Karen Whalen. Esta obra mantém as carac-
terísticas que a tornam ideal para o ensino e a aprendizagem em
sala de aula, assim como para aqueles profissionais que buscam
uma revisão dos conteúdos da área: utilizando-se de marcadores,
o texto é organizado de forma bastante didática, trazendo informa-
ções sobre princípios farmacológicos, mecanismos de ação, usos
terapêuticos, farmacocinética e efeitos adversos de fármacos.
Além de apresentar capítulos sobre os princípios farmacológicos
e sobre as diversas classes terapêuticas, o livro reúne também
capítulos organizados a partir de distúrbios específicos, como é
o caso das doenças neurodegenerativas. E para complementar
e tornar a obra ainda mais útil, essa edição aborda temas como
fármacos de abuso, obesidade, anti-histamínicos, fármacos desti-
nados ao tratamento de distúrbios urológicos, anemias e distúrbios
dos ossos.

FILME / VÍDEO
Título: Terapia de risco
Ano: 2013.
Sinopse: Martin sai da prisão depois de cumprir pena por abuso
de informação privilegiada. Sua volta coincide - ou talvez desenca-
deie - um episódio depressivo grave em sua esposa, que começa
a tomar um medicamento com efeitos que vão além do esperado.
Diretor: Steven Soderbergh

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 23


UNIDADE II
Farmacologia da Dor
Professora Dra. Natália de Carvalho Scharf Santana

Plano de Estudo:
● Modo de ação dos fármacos;
● Medicamentos e o Sistema Nervoso;
● Receptores e ações farmacológicas.

Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a farmacologia e o mecanismo da dor,
no organismo humano;
● Compreender os tipos de medicamentos que possuem mecanismo
de ação relacionado a psicofarmacologia;
● Estabelecer a importância da classificação dos medicamentos
que atuam no sistema nervoso central e autônomo.

24
INTRODUÇÃO

Caro aluno, após conhecermos os termos essenciais básicos, dentro da farmaco-


logia, trataremos nesta Unidade II, sobre o Mecanismo da dor e como o medicamento é
distribuído até chegar ao local do estímulo que está em desequilíbrio.
Para a contextualização dos efeitos terapêuticos da maioria dos fármacos, é impor-
tante saber que resultam de suas interações com os alvos moleculares, ou seja, com os
receptores localizados nos órgãos e tecidos dos pacientes, para isso temos que conhecer
melhor a Farmacodinâmica, pois essa, trata sobre o estudo dos efeitos bioquímicos e fisio-
lógicos decorrente da interação fármaco-receptor e de seus modos de ação.
A atuação do princípio ativo do medicamento traz consigo a metabolização dos
fármacos e pôr fim a ação de efeitos farmacológicos, que são atribuídos, em sua maioria
a sua interação com os componentes macromoleculares (receptores) do organismo. É
fundamental conhecermos alguns dos principais receptores e seus respectivos princi-
pais locais de ação.
Vamos resgatar algumas informações importantes, compreendendo que o SNC
(Sistema Nervoso Central) é constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal e é respon-
sável pela integração da informação sensorial e pela geração de saída motora. Além disso,
veremos que o cérebro humano contém cerca de 100 bilhões de neurônios interconecta-
dos, circundados por diversas células que regulam suas próprias atividades de maneira
dinâmica, geralmente por meio de neurotransmissão química.
Os neurônios são células eletricamente excitáveis, no qual processam e transmitem
as informações por meio de um processo eletroquímico. Existem muitos tipos de neurônios
no SNC, que são classificados de acordo com a sua função, e de acordo com o neuro-
transmissor que eles liberam (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; KATZUNG e
TREVOR, 2017). Quando ocorre uma conexão de neurônios e geram o efeito da sinapse,
substâncias químicas (neurotransmissoras) são liberadas para interagir com receptores
presentes em outros neurônios.

UNIDADE II Farmacologia da Dor 25


1. MODO DE AÇÃO DOS FÁRMACOS

Quando ingerimos um medicamento, sabemos que ele passa por etapas da far-
macocinética, que vão desde a absorção até a excreção. Mas você já se perguntou como
essa substância química chega até o local de ação para realizar o efeito? Pois bem, para
responder essa pergunta precisamos entender sobre o modo de ação dos fármacos.
Os efeitos terapêuticos da maioria dos fármacos resultam de suas interações com
os alvos moleculares, ou seja, com os receptores localizados nos órgãos e tecidos dos
pacientes, para isso temos que conhecer melhor a farmacodinâmica, pois essa, trata sobre
o estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos decorrente da interação fármaco-receptor
e de seus modos de ação. Uma substância química com ação medicamentosa ao ser
ingerido e metabolizado, é transformado em uma molécula, esta interage com o receptor,
dando início a uma cadeia de eventos fisiológicos e bioquímicos, que resultam nos efeitos
observados para os fármacos. Essa interação do ligante-receptor e seus resultados são
parte da farmacodinâmica (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Na farmacologia, pode-se definir como receptor, uma molécula biológica, na qual
um fármaco realiza interação/ligação e produz uma resposta biológica. Na farmacodinâ-
mica são detalhados e estudados os locais de ação, mecanismo de ação e o efeito dos
medicamentos no organismo, verificando assim a magnitude dos efeitos e as possíveis
variações de respostas farmacológicas (SILVA, 2010).

UNIDADE II Farmacologia da Dor 26


FIGURA 1 - SUBSTÂNCIA COM E SEM AFINIDADE AO RECEPTOR

Fonte: MANUAL MSD, versão saúde pra família. Seletividade do local. 2019. Disponível em: https://www.msdma-

nuals.com/pt/casa/medicamentos/farmacodin%C3%A2mica/seletividade-do-local. Acesso em: 03 dez. 2021.

Os efeitos farmacológicos da maioria dos fármacos são atribuídos à sua interação


com os componentes macromoleculares (receptores) do organismo. Os fármacos não pro-
duzem reações biológicas, mas, em geral, alteram a velocidade ou a magnitude de uma res-
posta celular intrínseca. As interações fármaco-receptoras alteram a função do componente
biológico envolvido e iniciam as alterações bioquímicas e fisiológicas que caracterizam a
resposta ao fármaco. Diante disso, torna-se relevante, destacar a extrema importância de
se conhecer os modos pelos quais uma substância química com ação medicamentosa
interage com o receptor e desencadeia uma resposta farmacológica ou tóxica (BRUNTON;
CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Os receptores dos fármacos podem estar localizados nos compartimentos intrace-
lulares específicos, como no núcleo, mas normalmente se localizam nas superfícies das
células. Enzimas, ácidos nucleicos e proteínas podem atuar como receptores de fármacos
e, sob o ponto de vista quantitativo, as proteínas constituem o grupo mais importante de
receptores farmacológicos. De fato, as proteínas reguladoras, que medeiam as ações de
sinais químicos endógenos, como neurotransmissores, são as proteínas consideradas as
mais prevalentes. Outras classes de proteínas que têm sido identificadas como receptores
de fármacos incluem enzimas, que podem ser inibidas por ligação com um fármaco (por
exemplo, diidrofolato redutase, o receptor para o fármaco antineoplásico metotrexato);
proteínas de transporte (por exemplo, Na+/K+ -ATPase, o receptor de membrana para gli-
cosídeos digitálicos cardioativos); e proteínas estruturais (por exemplo, tubulina, o receptor
para a colchicina, um agente anti-inflamatório). A ligação específica dos fármacos aos outros
componentes celulares (como o DNA) também é explorada com finalidades terapêuticas
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).

UNIDADE II Farmacologia da Dor 27


A teoria de ocupação dos receptores direciona que a resposta farmacológica seja
gerada por meio da ocupação de um receptor por um fármaco, ou seja a ligação entre fárma-
co e receptor específico (com afinidade), pode limitar o efeito máximo que um medicamento
produz, pressupondo a resposta farmacológica. Os receptores determinam a relação entre
dose/concentração da substância medicamentosa e seu efeito farmacológico. Pode-se dizer
que a curva de dose-resposta ou concentração resposta, representa a sua concentração no
receptor, explicando assim, a relação de como os receptores determinam a sua relação direta
entre dose e efeito farmacológico (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Conforme o indivíduo toma mais uma dose do medicamento, a concentração do
fármaco aumenta, seu efeito farmacológico também aumenta gradualmente até que todos
os receptores estejam ocupados (efeito máximo). Gerando assim, uma intensidade da res-
posta versus as doses crescentes de um fármaco, produzindo então uma curva chamada
de dose-resposta gradual. Podemos considerar duas importantes propriedades dos fárma-
cos: a potência e a eficácia, juntas, podem ser determinantes nas curvas doses resposta
graduais (BRUM; ROCKENBACH; BELLICANTA, 2018).

FIGURA 2 - EFEITO DA DOSE, VARIANDO DE ACORDO COM

A INTENSIDADE DA RESPOSTA FARMACOLÓGICA

Fonte: Whalen, Finkel e Panavelli (2016, p. 30).

Nesta imagem (Figura 2), podemos observar o efeito da dose, variando de acordo
com a intensidade da resposta farmacológica. (a) Gráfico em escala linear. (b) Lançamento
semilogarítmico dos mesmos dados. CE50 causa 50% da resposta máxima.
Os receptores estão ligados diretamente a seletividade dos fármacos, embora
nenhum fármaco seja completamente específico para agir exclusivamente em um só tipo
de alvo celular, pode-se relatar que a ação farmacológica se baseia em determinado
grau de seletividade. Estes por sua vez, determinam a margem de segurança entre os
efeitos desejados e indesejados dos fármacos e também se relacionam a amplitude de
aplicações clínicas (SILVA, 2010).

UNIDADE II Farmacologia da Dor 28


O que determina a atividade intrínseca e a afinidade de um fármaco por seu re-
ceptor é a sua estrutura química, sendo na sua maioria das vezes, uma relação muito
particular de cada substância. O tamanho, o formato e a carga elétrica molecular de um
fármaco determinam a sua afinidade – e se acoplará a um receptor em particular, diante de
uma diversidade de sítios de ligação quimicamente diferentes disponíveis em uma célula,
um tecido ou um paciente. Diante disso, é observado que, mudanças na estrutura química
de um fármaco podem aumentar ou diminuir bruscamente as afinidades de um novo fár-
maco por classes diferentes de receptores, e em efeitos terapêuticos ou tóxicos (BRUM;
ROCKENBACH; BELLICANTA, 2018).
Os medicamentos, quando metabolizados e entram em contato com os receptores
(que são moléculas específicas), ocorre uma interação, para produzir mudanças (na função
das células do paciente), esses receptores precisam ser seletivos nas suas característi-
cas de ligação, a fim de responder a estímulos químicos específicos. Podemos dizer que,
quando um determinado fármaco se liga a um grupo limitado de tipos de receptor podem
ser classificados como específicos, já os fármacos que se ligam a um grande número de
tipos de receptor podem ser considerados não específicos. Essa interação entre fármaco e
receptor pode ocorrer por meio de três tipos de ligação química: covalente, eletrostática e
hidrofóbica. As ligações covalentes são fortes e, em muitos casos, irreversíveis sob condi-
ções biológicas; as ligações eletrostáticas são mais fracas que as covalentes, mais comuns
e frequentemente reversíveis; por fim, as ligações hidrofóbicas são as mais fracas (BRUM;
ROCKENBACH; BELLICANTA, 2018).
Então, relata-se que existem alguns fármacos que produzem efeitos por uma ação
e geram efeitos no corpo inteiro, devido a afinidade com número maior de receptores. Dito
disto, vale ressaltar que outros fármacos usados rotineiramente na prática clínica apresen-
tam especificidade ampla porque conseguem interagir com vários receptores em diversos
tecidos. Isso, por um lado, aumenta a sua utilidade clínica e, por outro lado, contribui para
a ocorrência de vários efeitos adversos atribuídos às interações diversas no organismo
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).

UNIDADE II Farmacologia da Dor 29


2. MEDICAMENTOS E O SISTEMA NERVOSO

O Sistema Nervoso é dividido anatomicamente em Sistema Nervoso Central


(SNC) e Periférico (SNP), sendo o grande responsável pelo controle das ações motoras,
sensoriais, mentais e intelectuais do organismo. De maneira especial, o Sistema Nervoso
Central (composto por cérebro, cerebelo e tronco encefálico), apresenta uma atividade
extremamente complexa, por isso quando tratamos de ação medicamentosa nesse siste-
ma, é importante muita cautela, visto que qualquer intervenção farmacológica precisa ser
realizada com muita segurança, sendo difícil prever as consequências desse ato.
Vamos resgatar algumas informações importantes, o SNC é constituído pelo encé-
falo e pela medula espinhal e é responsável pela integração da informação sensorial e pela
geração de saída motora. O cérebro humano contém cerca de 100 bilhões de neurônios
interconectados, circundados por diversas células que regulam suas próprias atividades de
maneira dinâmica, geralmente por meio de neurotransmissão química. Os neurônios são
células eletricamente excitáveis, que processam e transmitem a informação por meio de
um processo eletroquímico. Existem muitos tipos de neurônios no SNC, que são classifi-
cados de acordo com a sua função, e de acordo com o neurotransmissor que eles liberam
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016; KATZUNG e TREVOR, 2017). Portanto,
quando ocorre uma conexão de neurônios e geram o efeito da sinapse, substâncias quími-
cas (neurotransmissoras) são liberadas para interagir com receptores presentes em outros
neurônios (Figura 3).

UNIDADE II Farmacologia da Dor 30


FIGURA 3 - CONEXÃO E TRANSMISSÃO DE SUBSTÂNCIA EM RECEPTORES

Abordamos então de acordo com Brunton, Chabner e Knollmann (2016) Katzung e


Trevor (2017) alguns exemplos de neurotransmissores e funções biológicas, para que na
sequência entender sobre as classes de medicamentos utilizados nesse sistema.

Aminoácido Glutamato: realiza a mediação da transmissão sináptica excitatória,


está presente em concentrações muito altas nas vesículas sinápticas excitatórias.
GABA e glicina: ambis são neurotransmissores inibitórios liberados pelos interneu-
rônios locais. Os interneurônios que liberam glicina estão restritos à medula espinal e ao
tronco encefálico, enquanto que os interneurônios que liberam GABA estão presentes em
todo o SNC, incluindo a medula espinhal.
Acetilcolina: muito conhecido, pois foi o primeiro composto a ser identificado far-
macologicamente como transmissor no Sistema Nervoso Central. As respostas do SNC
à acetilcolina são mediadas, em sua maior parte, pela família de receptores muscarínicos
acoplados à proteína G.
Dopamina, Monoaminas, Norepinefrina, Histamina e 5-hidroxitriptamina, dentre
outros são exemplos de neurotransmissores também utilizados nesses sistemas.

De acordo com Destruti (2010), vamos abordar os principais medicamentos que


atuam no sistema nervoso central:

UNIDADE II Farmacologia da Dor 31


ANALGÉSICOS: são utilizados em grande escala, na maioria das vezes sem
prescrição médica; são aqueles com ação analgésica (dor leve e moderada) e antipirética
(diminuem a temperatura corporal, quando há febre). Podemos citar os principais: Salici-
latos (Ex. AAS -ácido acetilsalicílico), Derivados do p-aminofenol (Tylenol - paraceltamol),
Derivados da pirazolidona (Novalgina - dipirona sódica), Derivados do ácido arilpropiônico
(Alivium – ibuprofeno), são utilizados para dor superficial, febre e leve inflamação.

HIPOANALGÉSICOS: neste grupo são mais usados em casos de dor forte e


moderadas, como exemplo pós-operatórios, câncer e processos traumáticos. Apresentam
vários efeitos colaterais, por isso seu uso deve ser cuidadoso e com acompanhamento do
médico. Como exemplo podemos citar os derivados do ópio e seus derivados sintéticos,
(Temgesic – buprenorfina, Dimorf – morfina, Tramal – tramadol).

SEDATIVOS E HIPNÓTICOS: são aqueles que causam depressão do sistema ner-


voso central, acalmando e moderando a excitação do paciente, relaxando a ponto de induzir
ao sono. Podem ser chamados de sedativos os que possuem ação mais branda e hipnóticos
os que apresentam ação mais intensa, diferenciando-se também pela dose administrada.
Podemos citar alguns grupos de sedativos e hipnóticos: Barbitúricos: pentobarbital
(Hypnol); Benzodiazepínicos: flurazepan (Dalmadorm); Midazolan (Dormonid).

ANESTÉSICOS: medicamentos utilizados em casos específicos, para causar


a anestesia, seja do local ou do organismo como um todo, assim o paciente não tem a
sensibilidade, quando for local se utiliza um anestésico local, e quando necessário perca da
consciência, usa-se anestésico geral. Podem ser utilizados de forma injetável ou inalatória.
Alguns exemplos: Rapifen – alfentanila; Diprovan – propofol; Fluotane – halotano; Xylocaí-
na – lidocaína) entre outros.

ANTIPILÉTICOS E ANTICONVULSIVANTES: medicamentos que atuam na


prevenção e tratamento da epilepsia, atuando na depressão seletiva do sistema nervoso
central, sem causar danos a ele. Para adaptar o tratamento e dose adequada, o paciente
passa por um processo de adaptação, e muitas vezes ocorre troca do fármaco, pois é um
tratamento individualizado. Alguns exemplos mais utilizados: Depakene – ácido valrpróico;
Rivotril – clonazepam; Hidantal – fenitoína, Gardenal – fenobarbital, entre outros.

UNIDADE II Farmacologia da Dor 32


ANTIPARKISONIANOS: fármacos utilizados para agir sobre os sintomas das
doenças de Parkinson, agem facilitando os movimentos do paciente, melhorando a quali-
dade de vida. Exemplos principais: Akineton – biperideno, Mantidan- amantadina, Prolopa
– levodopa com benserazida.

PSICOTRÓPICOS: são chamados de psicofármacos, pois atuam estimulando ou


deprimindo a atividade cerebral (distúrbios psíquicos), por isso são capazes de alterar o
pensamento, humor e comportamento. Podemos relatar os principais desse grupo: antipsi-
cóticos, antidepressivos e ansiolíticos.

ANSIOLÍTICOS: medicamentos que atuam diretamente na melhora da ansiedade,


diminuindo medo, angústia, temor e apreensão. Seu uso indiscriminado pode gerar depen-
dência. Alguns exemplos: Frontal – alprazolam; Lexotan – bromazepam; Buspar- Buspirona
(Buspar), dentre outros.

ANTIPSICÓTICOS OU NEURILÉPTICOS: muito utilizados para reduzir os sin-


tomas em casos de esquizofrenia, síndrome maníaco-depressiva e delírios, entre outros;
são aqueles medicamentos com capacidade de agir em casos de psicoses, delírios e alu-
cinações. Exemplos: Leponex- clozapina, Amplictil – clorpromazina, Haldol – haloperidol,
Neuleptil – periciazina, Risperdal – risperidona.

ANTIDEPRESSIVOS: muito utilizados, pois auxiliam diminuindo o quadro de de-


pressão. Exemplos: Tryptanol – amitriptilina, Prozac – fluoxetina, Tofranil – imipramina.

2.1 Medicamentos que atuam no Sistema Nervoso Autônomo (SNA)


O SNA é responsável pelo funcionamento dos órgãos sem controle voluntário (da
vontade), divide-se em Sistema Nervoso Simpático, Parassimpático e Entérico (este locali-
zado no interior do trato gastrointestinal).
Importante ressaltar que, quando alterada uma das ações simpáticas ou paras-
simpáticas, todas as outras acontecerão um desequilíbrio. Podemos relatar o seguinte
exemplo: se um medicamento adrenérgico é utilizado para falta de ar (broncoconstrição),
as outras partes do sistema nervoso simpático também serão aumentadas, gerando assim
os efeitos colaterais: como a taquicardia, hipertensão e sudorese.

UNIDADE II Farmacologia da Dor 33


FIGURA 3 - AÇÃO DOS SISTEMAS NERVOSOS PARASSIMPÁTICO

E SIMPÁTICO NOS ÓRGÃOS EFETORES

Fonte: Whalen, Finkel e Panavelli (2016, p. 42)

ADRENÉRGICOS: são aqueles medicamentos que estimulam a atividade simpáti-


ca, são também chamados de simpatomiméticos. Exemplos principais: Adrenalina; Norepi-
nefrina, Revivan, dentre outros.
ANTIADRENÉRGICOS: atuam bloqueando a ação simpática, por isso são cha-
mados de simpatolíticos. Os principais: Aldomet – metildopa, Propanolol – propranolol,
Alphagan – brimonidina, dentre outros.

A ação dos medicamentos como um todo está interligada a efeitos agonistas e an-
tagonistas, na farmacologia, agonista refere-se ao aumento (ativação às ações ou estímu-
los provocados por uma resposta,) ou diminuição (inibição) da atividade celular, conforme
visualização na imagem abaixo (Figura 4).

FIGURA 4 - AÇÃO ANTAGONISTA E AGONISTA DOS MEDICAMENTOS

UNIDADE II Farmacologia da Dor 34


Fonte: WHALLEN; PANAVELIL, 2016, p. 25.

Os receptores são os elementos que possuem ação sensorial no sistema de comu-


nicações químicas e atuam coordenando a função e a maioria das respostas de todas as
diferentes células do organismo, sendo assim, verdadeiros mensageiros químicos. Diante
disso, podemos relatar que muitos fármacos terapeuticamente úteis agem como agonistas
ou como antagonistas nos receptores de mediadores endógenos conhecidos, no organismo
humano (RITTER, et al., 2020).
Os dois principais neurotransmissores que operam no sistema autônomo são a
acetilcolina e a norepinefrina, cujos locais de ação são mostrados de modo esquemático
na figura abaixo (Figura 5).

UNIDADE II Farmacologia da Dor 35


FIGURA 5 - AÇÃO DOS NEUROTRANSMISSORES NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

Fonte: RITTER, et al., 2020.

Estão indicados os dois tipos principais de receptor para a acetilcolina (ACh), o


nicotínico (nic) e o muscarínico (mus) e dois tipos de receptores adrenérgicos, α e β NE,
norepinefrina.

UNIDADE II Farmacologia da Dor 36


3. RECEPTORES E AÇÕES FARMACOLÓGICAS

Os fármacos que mimetizam o efeito da acetilcolina (ACh) são denominados co-

linérgicos (ou parassimpaticomiméticos) e podem exercer seus mecanismos de ação por

meio de ação direta nos receptores muscarínicos ou por ação indireta por meio da inibição

da acetilcolinesterase (AChE), impedindo assim a sua degradação enzimática.

Os fármacos anticolinérgicos, também denominados de parassimpaticolíticos,

interferem na ação da ACh no sistema nervoso autônomo e são classificados em fármacos

antimuscarínicos, bloqueadores neuromusculares e bloqueadores ganglionares (BRUN-

TON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).

Existem duas famílias de receptores colinérgicos, designados muscarínicos e

nicotínicos, que são diferenciados entre si com base em suas diferentes afinidades pelos

fármacos que mimetizam a ação da ACh. Ambos os receptores, muscarínicos e nicotínicos,

são alvos naturais da ACh endógena (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).

Como principais usos terapêuticos dos fármacos colinérgicos podem-se citar para o

tratamento de doenças do olho (glaucoma e esotropia de acomodação), dos tratos gastroin-

testinal e urinário (atonia pós-operatória e bexiga neurogênica) e da junção neuromuscular

(myasthenia gravis), bem como para tratar pacientes com doença de Alzheimer.

UNIDADE II Farmacologia da Dor 37


Os fármacos anticolinérgicos (parassimpaticolíticos) são classificados de acordo
com o mecanismo de ação, e agem interferindo na ação da ACh. Os fármacos anticolinér-
gicos antimuscarínicos bloqueiam os receptores muscarínicos nas sinapses neuroefetoras
(como atropina e escopolamina, por exemplo), asma e intoxicação por organofosforados
(BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Os fármacos anticolinérgicos bloqueadores neuromusculares atuam nos receptores
nicotínicos, na junção neuromuscular e interferem na transmissão dos impulsos eferentes
da transmissão colinérgica aos músculos esqueléticos, resultando assim no relaxamento
da musculatura esquelética (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Os fármacos bloqueadores ganglionares atuam nos receptores nicotínicos, impor-
tante relatar que agem interferindo diretamente nos impulsos nervosos do sistema nervoso
autônomo e nos receptores nicotínicos, causando inúmeros efeitos adversos, o que res-
tringe a utilização clínica. Os bloqueadores ganglionares possuem utilidade terapêutica em
casos de emergência de crise hipertensiva, pois age produzindo uma hipotensão controlada
durante procedimentos cirúrgicos (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Mediante tantas informações, abaixo temos uma tabela (Figura 6), resumindo al-
guns dos efeitos fisiológicos decorrentes da ativação colinérgica nos diferentes sistemas
fisiológicos (BRUM; ROCKENBACH; BELLICANTA, 2018).

FIGURA 6 - TABELA COM ÓRGÃOS E RESPOSTA FARMACOLÓGICA

UNIDADE II Farmacologia da Dor 38


Fonte: BRUM, ROCKENBACH, BELLICANTA, 2018.

UNIDADE II Farmacologia da Dor 39


SAIBA MAIS

- Farmacologia Adrenérgica e Antiadrenérgica;


- Colinérgicos e Anticolinérgicos;
- Bloqueadores Neuromusculares

A farmacologia aborda diferentes tópicos quando relacionado a receptores e ações fisio-


lógicas específicas do sistema simpático e parassimpático. Diante dos conceitos iniciais
abordados, torna-se relevante o estudo dos tópicos citados acima, pois cada um aborda
a farmacologia de forma mais aprofundada, com ações específicas para determinados
locais do organismo, o estudo desses tópicos torna-se relevante para atuação na área
farmacológica.

Fonte: (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).

REFLITA

Sobre o uso de medicamentos que atuam no Sistema Nervoso, podemos relatar que
alguns pacientes usuários de antipsicóticos são mais sensíveis aos efeitos extrapirami-
dais desencadeados pelos antipsicóticos e podem desenvolver síndrome neuroléptica
maligna fatal, podendo manifestar alguns dos sintomas: rigidez muscular, comprometi-
mento da transpiração, hiperpirexia e instabilidade autonômica. Importante nesses ca-
sos a observação dos sintomas, visto que a fase de adaptação varia de acordo com o
tipo de medicamento utilizado. Caso constatado, importante ocorrer a interrupção do
tratamento com o antipsicótico e as medidas básicas de suporte serem fornecidas ao
paciente, comunicando imediatamente o profissional prescritor.
Diante disto, podemos refletir, sobre ação dos medicamentos no sistema nervoso, e as
possíveis consequências ao organismo, visto que a informação e orientação de profis-
sionais da saúde são de extrema relevância. Podemos ficar com a seguinte questão:
quais as consequências do uso de medicamentos psicotrópicos sem a orientação mé-
dica adequada?

Fonte: (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).

UNIDADE II Farmacologia da Dor 40


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizando esse capítulo, podemos relatar que abordamos inicialmente sobre os


efeitos farmacológicos da maioria dos fármacos são atribuídos à sua interação com os
componentes macromoleculares (receptores) do organismo. Identificamos os conceitos de
receptores, podendo caracterizar que existem aqueles com maior e menor afinidade pelo
seu sítio de ligação.
Constata-se então, que os receptores dos fármacos podem estar localizados nos
compartimentos intracelulares específicos, como no núcleo, mas normalmente se localizam
nas superfícies das células. As enzimas, ácidos nucleicos e proteínas podem atuar como
receptores de fármacos e, sob o ponto de vista quantitativo, as proteínas constituem o gru-
po mais importante de receptores farmacológicos. Diante disso, entendemos que a ligação
desses receptores aos fármacos gera o efeito medicamentoso.
Os receptores são os elementos que possuem ação sensorial no sistema de comu-
nicações químicas e atuam coordenando a função e a maioria das respostas de todas as
diferentes células do organismo, sendo assim, verdadeiros mensageiros químicos. Diante
disso, podemos relatar que muitos fármacos terapeuticamente úteis agem como agonistas
ou como antagonistas nos receptores de mediadores endógenos conhecidos, no organismo
humano (RITTER, et al., 2020).
Espero que esse capítulo tenha contribuído para que seu conhecimento da discipli-
na esteja sendo construído, visando uma abordagem de profissional da saúde, sobretudo,
com ênfase no cuidado da ação dos medicamentos, diante ao organismo humano.

UNIDADE II Farmacologia da Dor 41


LEITURA COMPLEMENTAR

Lista de Medicamentos sujeitos a controle especial são atualizadas periodicamente


pela Anvisa. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA em Diário Oficial da União.
RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 473, DE 24 DE FEVEREIRO DE
2021 - Dispõe sobre a atualização do Anexo I (Listas de Substâncias Entorpecentes, Psi-
cotrópicas, Precursoras e Outras sob Controle Especial) da Portaria SVS/MS nº 344, de 12
de maio de 1998.

Link:https://www.crf-pr.org.br/uploads/noticia/41166/_cFLi1xRiaIX8KHiZODcWh-
ZWx0v0sQz6.pdf

Artigo Científico: Farmacologia do Sistema Nervoso Autônomo


Resumo: O Sistema Nervoso Autônomo é a parte do sistema nervoso que faz
a regulação de vários processos corpóreos de origem involuntária, por isso é também
chamado de sistema nervoso involuntário. Possui duas subdivisões que são o sistema
nervoso simpático ou toracolombar e o parassimpático ou craniossacral, com caracterís-
ticas anatomofisiológicas e farmacológicas próprias. O Sistema Nervoso Simpático tem
com neurotransmissor a noradrenalina, já o parassimpático a acetilcolina vinda daí a outra
nomenclatura sistema nervoso adrenérgico ecolinérgico respectivamente. No trabalho,
serão abordados local de ação, tipo de ação, tipo de neurotransmissor, e efeito simpático
ou parassimpático, utilizando então um levantamento bibliográfico da anatomofisiologia e
farmacologia do sistema nervoso autônomo. Ressalta-se também nele, a aplicação tera-
pêutica dos diversos fármacos de ação autonômica, a correlação da inervação autonômica
nos diversos órgãos com as suas respectivas ações simpáticas e parassimpáticas, como
também os principais efeitos das drogas autonômicas. O objetivo é disponibilizar ao gra-
duando da área da saúde conhecimento do Sistema Nervoso autônomo, e dessa forma
propiciar um entendimento lógico do tema.
Link: http://revista.lusiada.br/index.php/ruep/article/view/128/mta2012r52

Artigo Científico: Reações adversas causadas por fármacos que atuam no siste-
ma nervoso: análise de registros de um centro de farmacovigilância do Brasil
Resumo: A morbimortalidade por uso de medicamentos é um grande problema
de saúde. As reações adversas a medicamentos podem resultar em óbito, aumento de

UNIDADE II Farmacologia da Dor 42


internações hospitalares e dos custos com a saúde. OBJETIVOS: Descrever e analisar as
notificações de suspeitas de reações adversas causadas por medicamentos que atuam
no sistema nervoso (RAM-SN), registradas no Centro de Farmacovigilância do Ceará, de
janeiro de 1997 a março de 2008. MÉTODOS: As RAM-SN foram classificadas segundo os
critérios da Organização Mundial da Saúde. Uma relação de causalidade entre o fármaco
administrado e a reação adversa identificada foi realizada, bem como a análise da reação
quanto à gravidade. RESULTADOS: Foram registradas 176 notificações de RAM-SN. A
maioria (n = 145; 82,4%) ocorreu no ambiente hospitalar. O principal notificador foi o far-
macêutico. As RAM-SN foram classificadas como: possíveis (n = 110), prováveis (n = 37)
e definidas (n = 17). Quanto à gravidade, foram consideradas: leves (n = 21), moderadas
(n = 127), graves (n = 15) e fatais (n = 1). O caso fatal foi notificado por médico e envolveu
medicamentos anestésicos. Geralmente, as reações adversas observadas foram causadas
predominantemente por analgésicos, anestésicos e antiepilépticos. DISCUSSÃO: Os dados
demonstram o valor potencial de se ter acesso a sistemas de farmacovigilância local para
registrar possíveis riscos com o uso de fármacos.
Link: https://doi.org/10.1590/S0101-60832009000400003

UNIDADE II Farmacologia da Dor 43


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: As Bases Farmacológicas de Goodman e Gilman 2019
Autor: Goodman & Gilman
Editora: McGraw-Hill
Sinopse: Aborda e correlaciona a farmacologia às ciências médi-
cas associadas; Reinterpreta as ações e os usos dos fármacos em
vista dos avanços na medicina e nas ciências biomédicas básicas;
enfatiza as aplicações da farmacodinâmica à terapêutica; Referên-
cia fundamental em farmacologia e demais áreas afins.

FILME / VÍDEO
Título: Neurologia ou sistema nervoso. Documentary History
Ano: 1999.
Sinopse: Vídeo que discute muitas especificidades do sistema
nervoso. Complementa a compreensão da dinâmica de funciona-
mento do SNC e SNP.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=KHzszPvW0eQ

UNIDADE II Farmacologia da Dor 44


FILME / VÍDEO
Título: Neurologia ou sistema nervoso. O cérebro Superinteres-
sante coleções
Ano: 2016.
Sinopse: Vídeo que complementa a compreensão da dinâmica
de funcionamento do SNC e SNP através da coletânea da revista
Superinteressante coleções.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=jqgfduwXk88

UNIDADE II Farmacologia da Dor 45


UNIDADE III
Ação dos Medicamentos em Sistemas
Professora Dra. Natália de Carvalho Scharf Santana

Plano de Estudo:
● Medicamentos e atuação em Sistemas Cardiovascular, respiratório,
digestório e geniturinário;
● Medicamentos antialérgicos, anti-inflamatórios, anti-infecciosos e antivirais;
● Medicamentos antifúngicos, medicamentos antineoplásticos, antiparasitários
e hormônios;
● Medicamentos e condições especiais.

Objetivos da Aprendizagem
● Conceituar e contextualizar a atuação das principais classes farmacológicas;
● Compreender os tipos de medicamentos e suas atuações em sistemas;
● Estabelecer a importância da classificação e ação dos fármacos, visto que uma classe
farmacológica pode se repetir em ação de vários sistemas.

46
INTRODUÇÃO

Caro aluno, nesta unidade, iremos abordar assuntos relevantes para sua formação
da disciplina de Farmacologia. É importante relatar que a descoberta de um princípio ativo,
até tornar-se um medicamento exposto para venda, demora anos de estudos e testes, en-
volvendo animais e humanos de diferentes características, para que se consiga parâmetros
obrigatórios que envolvem riscos e benefícios do uso da substância ao organismo humano.
Todos sabemos que existem inúmeros medicamentos nas prateleiras de farmácias
e drogarias, e estes são separados em classes farmacológicas. Vamos abordar uma classi-
ficação inicialmente dos medicamentos e sua atuação em sistemas, para melhor compreen-
são sobre o assunto. Primeiramente dos sistemas cardiovascular, respiratório, digestório e
geniturinário, em que é importante você relembrar conceitos básicos das disciplinas de
anatomia e fisiologia humana, para melhor entendimento das patologias e mecanismos de
ação com uso de medicamentos.
Na classe dos medicamentos cardiovasculares podemos citar algumas subdivisões
como os glicosídeos digitálicos, antiarrítmicos, ionotrópicos, anti-hipertensivos, antagonista
de ação central, vasodilatadores, também vamos abordar antianêmicos, anticoagulantes,
os antilipêmicos ou antiaterosclerose, dentro de cada tópico descrevo alguns exemplos,
contudo, saliento que existem inúmeros medicamentos pertencentes a cada uma delas.
Fármacos utilizados para atuarem no sistema respiratório são utilizados em grande
quantidade pela população, visto que doenças do trato respiratório são muito comuns e
facilmente transmissíveis. Medicamentos dessa classe geram alívio dos sintomas e são
facilmente administrados, pode-se abordar algumas classes importantes como os descon-
gestionantes nasais, antitussígenos, expectorantes e mucolíticos.
Na sequência, abordaremos sobre medicamentos antialérgicos, anti-inflamatórios,
anti-infecciosos, antivirais, medicamentos antifúngicos, medicamentos antineoplásicos,
antiparasitários e hormônios e alguns exemplos de cada subtipo abordado, para que você
aluno (a) consiga ter uma caracterização dos subtipos de medicamentos dentro das classes
farmacológicas. É importante salientar também a relevância da responsabilidade da admi-
nistração correta dos antibióticos, visto que o microrganismo a ser “destruído” precisa de
doses administradas corretamente para alcançar o efeito terapêutico desejado.
Por fim, abordaremos sobre algumas condições especiais que precisam ser anali-
sadas com mais cautela, como são os casos de pacientes idosos, as crianças, as gestantes
e as mulheres lactantes.

Bons estudos a todos!

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 47


1. MEDICAMENTOS E ATUAÇÃO EM SISTEMAS CARDIOVASCULAR,
RESPIRATÓRIO, DIGESTÓRIO E GENITURINÁRIO

1.1 Medicamentos que atuam no sistema cardiovascular


O emprego de fármacos para o tratamento de doenças cardiovasculares abrange
grande importância a vida do paciente, visto que são medicamentos utilizados diariamente
e para a vida toda (uso continuo), o uso adequado, o controle de eficiência do princípio
ativo, permite uma maior chance de sucesso terapêutico, aumentado a qualidade e tempo
de vida do paciente.

FIGURA 1 – MEDICAMENTOS E ATUAÇÃO NO SISTEMA CARDIOVASCULAR

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 48


A seguir, de acordo com Destruti, Arone e Philippi (2010) vamos abordar os medica-
mentos que atuam diretamente em patologias associadas principalmente ao coração e nos
vasos sanguíneos (auxiliando no controle da pressão arterial).
● Glicosídeos Digitálicos: são também chamados de cardiotônicos, pois atuam
diretamente na célula cardíaca, melhorando a capacidade de bombeamento do coração,
esta classe atua aumentando a contratilidade do músculo cardíaco, consequentemente
aumentando a adequação da circulação, causando assim: aumento do débito cardíaco,
redução da pressão venosa, redução do volume sanguíneo, maior diurese e redução de
edema. Cuidados essenciais para sua administração, pois são medicamentos de alta toxi-
cidade. Patologias que podem ser utilizados para procedimento terapêutico: insuficiência
cardíaca congestiva (ICC); profilaxia e tratamento de arritmias; taquicardia paroxística,
dentre outras. Principais exemplos: digoxina; metildopa e digitoxina.
Medicamentos Ionotrópicos: os principais representantes são dobutamina; dopami-
na; ibopamina e milrinona. Normalmente são empregados em pacientes com ICC que não
se adaptaram bem a classe dos digitálicos, diuréticos e vasodilatadores.
Antiarrítmicos: o músculo cardíaco é formado por fibras, estas que são essenciais
na contratilidade do mesmo; a contração ocorre de forma ritmada, resultando no funciona-
mento adequado da bomba cardíaca. Quando um paciente está com batimentos cardíacos
descompassados, podemos dizer que está com frequência, excitabilidade e a condução do
estímulo nervoso afetado, neste caso pode-se utilizar a classe de medicamentos antiarrít-
micos. Exemplos principais: quinidina; propranolol; verapamil e amiodarona.
Além de atuar no coração, existem aqueles que se ligam diretamente nos recepto-
res dos vasos sanguíneos e são divididos basicamente em:
Anti-hipertensivos: são aqueles utilizados para controlar o aumento ou diminuição
descompassada da pressão arterial, tentando manter os níveis desejados e saudáveis ao
indivíduo. São divididos em grupos: 1) Inibidores adrenérgicos: atenolol e prazosina. 2)
Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA): captopril e enalapril. 3) Bloquea-
dores do canal de cálcio: diltiazem.
Antagonistas de ação central: clonidina e metildopa. Agonistas adrenérgico de ação
periférica: reserpina. Diuréticos: atuam na eliminação de líquidos, através da diminuição do
volume plasmático e fluxo sanguíneo. Ex: hidroclorotiazida, clortalidona e espironolactona.
Vasodilatadores: medicamentos que atuam como vasodilatadores atuam na “pare-
de” do vaso sanguíneo, aumentando o calibre o mesmo. Podem agir em locais específicos
ou em todo o sistema circulatório. Como exemplos de vasodilatadores periféricos e cere-
brais: bametano, benciclano, cinarizina, a diidroergocristina entre demais. Os de vasodila-
tadores coronarianos ou antianginosos atuam nas artérias coronárias, aumentando o fluxo
sanguíneo, consequentemente, aumentando a irrigação cardíaca; exemplos: prazosina,
isossorbida, nitroglicerina, propatilnitrato, nifedipino, entre outras.

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 49


● Antianêmicos: existem grupos de medicamentos que atuam no sistema he-
matopoiético, no caso dos antianêmicos, estes interferem no desequilíbrio da carência
de vitaminas (ferro, vitamina B12, ácido fólico ou eritropoietina). Existem vários tipos de
fármacos com essas funções, podemos citar alguns dos mais usados:
Antimacrocíticas: classe fornecedora de B12 e ácido fólico: cianicibalamina, calami-
na, ácido fólico e ácido folínico.
Antimicrocíticos: classe fornecedora de ferro: sulfato ferroso, ferripolimaltose, ferri-
protinato.
● Anticoagulantes: classe farmacológica utilizada na prevenção e tratamento da
trombose, os medicamentos atuam interferindo no processo de coagulação do sangue.
Podem ser classificados em tipos:
9 Heparina (heparinóide, heparina, fenoricumona e fenindiona).
9 Antitrombóticos: atuam prevenindo a formação de trombos, exemplos principais:
ácido acetil salicílico e dipiridamol.
9 Fibrinolíticos: agem restabelecendo a circulação sanguínea, atuando dire-
tamente na dissolução dos trombos. Ex: estreptoquinase, alteplase e ácido
aminocaproico.
9 Hemostáticos ou coagulantes: medicamentos desse grupo auxiliam no processo
de coagulação do sangue, agindo diretamente no controle das hemorragias. Ex:
vitamina K, estrógeno, entre outros.

O paciente que utiliza muitos anticoagulantes, podem manifestar quadros de he-


morragias, nestes casos é importante a análise de profissional médico, para avaliar se torna
necessário a troca do medicamento.

● Antilipêmicos ou Antiarterosclerose: são aqueles utilizados para reduzir os


níveis de colesterol ou triglicérides do sangue, importante realizar controle alimentar e
prática de atividade física, concomitante ao tratamento. Se se dividem em tipos: Inibidores
da HMG-CA: agem inibindo diretamente a síntese do colesterol LDL, exemplos: pravas-
tatina, iovastatina e fluvastatina. Derivados do ácido fíbrico: colestiramina e atorvastina
(KATZUNG; MASTERS; TREVOR, 2017).

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 50


1.2 Medicamentos que atuam no sistema respiratório
Quando um paciente necessita de medicamentos para tratar alguma patologia
do sistema respiratório, torna-se importante tratar os sintomas, visto que o paciente pode
estar com um quadro infeccioso das vias aéreas superiores, ou até uma inflamação dos
brônquios e bronquíolos pulmonares.
Várias classes farmacológicas podem ser utilizadas para tratamento de patolo-
gias desse sistema, podemos classificar algumas, como os descongestionantes nasais,
antitussígenos, expectorantes, mucolíticos, broncodilatadores, antiasmáticos, antibióticos,
tensoativos pulmonares e corticosteroides (BRUM; ROCKENBACH; BELLICANTA, 2018).

FIGURA 2 - SISTEMA RESPIRATÓRIO E PATOLOGIAS

QUE CAUSAM BRONCOCONSTRIÇÃO

Fonte: Enfermagem Florence. 2021. Disponível em: enfermagemflorence.com.br. Acesso em: 10 nov. 2021.

● Descongestionantes nasais: são muito utilizados, pois são vendidos sem a


necessidade de prescrição médica, atuam no alívio sintomático de distúrbios como: rinites
alérgicas, coriza aguda e sinusite. Principal mecanismo de ação é a vasodilatação da muco-
sa nasal, reduzindo o fluxo sanguíneo da área edematosa, melhorando assim a respiração/
constrição nasal. Forma farmacêutica mais utilizada são os aerossóis, gotas e sprays, pois
propiciam o alívio imediato. Podemos citar a efedrina, a adrenalina, nafazolina, cloreto de
sódio, pseudoepinefrina, entre outros (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 51


● Antitussígenos: são medicamentos que auxiliam inibindo a tosse. A tosse é
um processo parcialmente do controle voluntário, com reflexo protetor, para expelir as
substâncias irritantes, ou excesso de secreções. Quando administrado antitussígenos, os
mesmos atuam nos componentes centrais ou periféricos do reflexo da tosse. Dividem-se
basicamente em dois tipos: antitussígenos de ação central e de ação periférica (DESTRUTI,
ARONE; PHILIPPI, 2010).
● Ação Periférica: atuam impedindo a chegada do impulso e do reflexo da tosse,
são exemplos: dropropizina e a levodropropizina.
● Ação central: atuam no centro bulbar da tosse ou nos superiores associados,
como exemplos podemos citar o clobutinol, dextrometorfano, fenilato, butamirato.

● Expectorantes e mucolítcos: são medicamentos utilizados para favorecer a


eliminação de secreção da região traqueobrônquica. Podem ser administradas pela via
oral, via inalatória, intramuscular e intravenosa. Em sua composição possuem substâncias
como benzoato de sódio, iodeto de potássio, guaifenesina, dentre outras substâncias. Os
mucolíticos atuam fluidificando (“amolecendo”) a secreção pulmonar, facilitando assim,
sua retirada através do mecanismo de tosse, um fármaco muito utilizado é o fluimucil,
pois age diminuindo a viscosidade, deixando a secreção mais “aquosa” (DESTRUTI,
ARONE; PHILIPPI, 2010).
● Broncodilatadores e antiasmáticos: são amplamente utilizados para crises
asmáticas, bronquites e enfisema pulmonar. Quando um medicamento desta classe é ad-
ministrado ao paciente, estes agem diretamente sobre a musculatura lisa dos bronquíolos,
levando a um relaxamento muscular e em seguida a uma broncodilatação. Possuem ação
simpaticomimética (ação sobre o sistema nervoso simpático), ou seja, atuam sobre outros
órgãos, gerando assim efeitos colaterais comuns como taquicardia, ansiedade, cefaleia
e tremores. Diante disso, importante ressaltar o cuidado com as doses, e cautela na ad-
ministração. Ex: epinefrina, efedrina, salbutamol, terbutalina, aminofilina e o brometo de
ipratrópio (para inalação) (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).
● Analépticos: medicamentos classificados como analépticos agem estimulando
o centro respiratório, gerando assim um aumento da frequência e profundidade respiratória,
relaxando a musculatura da árvore brônquica. Exemplos de fármacos: teofilina e cloridrato
de doxapram (KATZUNG, MASTERS; TREVOR, 2017).
● Oxigenoterapia: tratamento feito à base de oxigênio, administrado por meio de
máscaras e/ou cateter nasal. Utilizado normalmente com as seguintes finalidades: corrigir
hipoxemia e hipóxia tissular (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 52


1.3 Medicamentos que atuam no sistema digestório
Quando ocorre um desequilíbrio do sistema gastrintestinal o uso de fármacos
desta classe é utilizado principalmente no alívio dos sinais e sintomas, podemos citar os
medicamentos mais empregados são das classes: antieméticos, laxativos, antidiarreicos,
antissecretores, antiulcerosos, antifiséticos e os antiespasmódicos. Possuem três principais
formas de ação no aparelho gastrointestinal, podemos citar a substituição de secreções
normais, interferem na motilidade do estômago e do intestino e alterando a quantidade
das secreções digestivas, vamos abordar de forma sucinta cada um deles (DESTRUTI,
ARONE; PHILIPPI, 2010).
● Antiulcerosos: medicamentos utilizados no tratamento de úlcera pépticas, duo-
denais e gástricas. Dividem-se nos principais grupos:
9 Anti-histamínicos H ou bloqueadores ou antagonistas dos receptores H: a hista-
mina é a principal substância para ação desse medicamento, esta possui receptores locali-
zados principalmente no estômago, medicamentos como cimetidina, famotidina, nizatidina
e ranitidina são considerados bloqueadores dos receptores H, atuam reduzindo a secreção
do suco gástrico.
9 Prostaglandinas: medicamentos pertencentes a essa classe, atuam inibindo a
secreção gástrica, sendo, portanto, antiulceroso, gerando uma proteção a mucosa gástrica.
Ex: misoprostol.
9 Inibidores da bomba protônica: medicamentos desta classe atuam diretamente
nas células parietais gástricas, ajudando no controle do ph estomacal. Ex: omeprazol,
lansoprazol e esomeprazol.
● Antissecretores: são aqueles que agem nas secreções normais do sistema
digestório. Dividem-se basicamente em dois grupos principais: antissecretores (atuam
como coadjuvantes para o tratamento de úlceras gástricas e duodenais) e espasmolíticos
(classificados como anticolinérgicos, podemos citar de exemplo o brometo de emeprônio,
escopolamina e atropina) (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).
● Antiácidos: classe farmacológica popular, pois é composta por medicamentos ca-
pazes de neutralizar o ácido clorídrico gástrico. Utilizado para patologias como azia, disfagia,
gastrite e úlcera péptica. Podemos relatar: - Hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio e
mistura de antiácidos (hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio, bicarbonato de sódio,
carbonato de cálcio e carbonato de magnésio) (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 53


● Antieméticos: são utilizados principalmente para inibir o reflexo do vômito e
são classificados basicamente em três principais tipos: aqueles que agem diretamente na
mucosa gástrica (ex. Citrato de sódio); aqueles que agem no sistema nervoso central (ex.
Fenotiazínicos, clorpromazina) e aqueles que agem sobre o sistema nervoso autônomo,
chamados de anticolinérgicos, aqueles que diminuem a motilidade e secreção digestiva
(ex. Escopolamina e homatropina) (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).
● Antidopaminérgicos: são de uso populares, os famosos medicamentos bro-
moprida, domperidona e metoclopramida. Eficazes para náuseas e vômitos, normalmente
causados por irradiação e toxinas.
● Catárticos, laxativos ou purgativos: são aqueles medicamentos que facilitam
a eliminação do bolo fecal (fezes). Podem agir de diferentes formas, na lubrificação da
parede intestinal, agindo como formadores de massa ou mucilantes e como estimulantes
do peristaltismo – esses normalmente causam cólicas e desconforto abdominal.
● Antidiarreicos: nesta classe utilizam-se medicamentos para síndromes diarrei-
cas, caracterizada principalmente por perda excessiva de líquidos e eletrólitos. Exemplos:
loperamida e racecadotrila (KATZUNG; MASTERS; TREVOR, 2017).
● Antifiséticos: utilizados no tratamento sintomático de flatulência, ou seja, auxi-
liam na eliminação das bolhas de ar contidas no interior do trato gastrintestinal, facilitando
a liberação das mesmas. Exemplos: dimeticona e simeticona.
● Antiespasmódico ou espasmolítico: são medicamentos que reduzem a moti-
lidade e o tônus visceral dos aparelhos geniturinário e gastrintestinal. Exemplos: escopola-
mina, atropina, homatropina (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).
● Eméticos: utilizados em casos de emergência para indução do vômito. Exemplo:
apomorfina (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).

1.4 Medicamentos que atuam no aparelho geniturinário


● Diuréticos: substâncias capazes de diminuir o volume extracelular e elimina ele-
trólitos como sódio, bicarbonato, cloro e bicarbonato, são fármacos que aumentam a produ-
ção de urina, muito úteis para combater edema, utilizados também como anti-hipertensivos.
Exemplos: hidroclorotiazida, clortalidona (KATZUNG; MASTERS; TREVOR, 2017).
● Antissépticos urinários: são fármacos que possuem rápida eliminação renal e
ecervemação antibacteriana nos canais de eliminação da urina. Ex: fenazopiridina e ácido
pipemídico.
● Relaxantes uterinos: são fármacos que possuem como principal ação: inibição
do parto e prevenção de aborto. Exemplos: ritodrina e isoxsuprina.
● Ocitócicos: medicamentos que provocam a contração uterina, muito utilizados
para induzir o parto e inibir a hemorragia pós-parto e pós- aborto, Exemplos: oxitocina
injetável, ergometrina e metilergometrina (KATZUNG; MASTERS; TREVOR, 2017).

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 54


2. MEDICAMENTOS ANTIALÉRGICOS, ANTI-INFLAMATÓRIOS,
ANTI-INFECCIOSOS E ANTIVIRAIS

2.1 Processo alérgico e medicamentos


A alergia é uma resposta exagerada e excessiva do sistema imunológico contra
substâncias diversas que entram em contato com o organismo, seja pela via respiratória,
pela via cutânea ou até mesmo por ingestão (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010). Algu-
mas pessoas possuem maior sensibilidade a serem alérgicas a determinadas substâncias.
Dependendo da sensibilidade da pessoa em relação à substância, ela pode entrar em um
processo chamado anafilaxia ou choque anafilático.
Nele, o sistema imunológico toma atitudes extremas, com o objetivo de defender o
organismo desse “ataque” feito pela substância causadora de alergia. O tratamento ideal,
sempre antecede descobrir a causa do processo alérgico, porém nem sempre isso é possí-
vel. Para tratamento de processos alérgicos contamos com a classe dos anti-histamínicos
(exemplos: dexclorfeniramina, loratadina, clemastina, entre outros) e a classe dos glicocor-
ticoides (exemplos: betametasona, desonida, dexametasona, entre outros) (DESTRUTI,
ARONE; PHILIPPI, 2010).

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 55


2.2 Inflamação e medicamentos anti-inflamatórios
O processo inflamatório está diretamente ligado a uma resposta protetora do
sistema imunológico a um estímulo prejudicial, normalmente é estimulado por agentes no-
civos, infecções e lesões físicas, gerando a liberação de moléculas e patógenos, que são
reconhecidos por células encarregadas da vigilância imunológica. A resposta inflamatória
caracteriza-se, mecanicamente, por mecanismos fisiológicos conhecidos como: • vasodi-
latação local transitória e aumento da permeabilidade capilar; • infiltração de leucócitos e
células fagocitárias; e • resolução, com ou sem degeneração tecidual e fibrose (BRUNTON;
CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
A capacidade do organismo em desencadear uma resposta anti-inflamatória é
essencial para a sobrevida e homeostase do corpo, contudo, na maioria das vezes torna-se
necessário a intervenção medicamentosa. Medicamentos com ação desta classe, são
classificados em: - Anti-inflamatórios não esteroides (Aine): exemplos cetoprofeno, meloxi-
cam, nimesulida, piroxicam, diclofenaco potássico e diclofenaco sódico. Os AINE são, em
sua maioria, inibidores competitivos, não competitivos ou reversíveis mistos das enzimas
COX, o mecanismo de ação principal é a inibição da cicloxigenase e os principais efeitos
terapêuticos dos AINE derivam de sua capacidade de inibir a produção de prostaglandina
(PG) (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).

QUADRO 1 - PRINCIPAIS SISTEMAS E MANIFESTAÇÕES

PRINCIPAIS COM O USO DE ANTI-INFLAMATÓRIOS

Fonte: (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 56


2.3 Anti-infecciosos
Fazem parte dessa classe farmacológica um grande número de medicamentos: os
antibióticos, os antifúngicos e antivirais (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).

● Antibióticos
Os microrganismos estão presentes em todos os locais, ar, terra, porta, vidro, ali-
mentos e até mesmo dentro do nosso organismo. Quando o organismo é infectado, nosso
corpo tenta reagir através da mobilização das barreiras naturais, contudo, quando essas
não são suficientes para combater o agente estranho, ocorre um processo infeccioso (DES-
TRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).
Para que ocorra o tratamento adequado, torna-se fundamental a identificação
do agente causador da infecção, visto que o uso errôneo dessa classe, pode levar
a resistência bacteriana, tendo diminuição/perca da sua eficácia medicamentosa. A
intervenção terapêutica com os antibióticos, precisa ser seguida de maneira adequada,
mantendo-se os horários e orientações do tratamento adequado, caso não seja seguida
corretamente pode não ter o efeito farmacológico que o organismo necessita (DESTRU-
TI, ARONE; PHILIPPI, 2010).
Podemos dizer que os antibióticos podem ser produzidos por substâncias sintéticas
ou por microrganismos, e se utilizados de forma adequada, possui propriedades de inibição
do crescimento bacteriano ou até a capacidade de destruí-las, por isso são classificados
em bacteriostáticos e bactericidas. Os Bacteriostáticos: provocam a morte da bactéria
por impedir o seu crescimento, - afetando a síntese proteica-, podemos citar exemplos:
cloranfenicois, macrolídeos e tetraciclinas. Os bactericidas: afetam a parede celular e a
membrana citoplasmática, provocando a morte da bactéria, são exemplos principais os
aminoglicosídeos, as cefalosporinas, as penicilinas os polipeptídeos, a rifampicina e a van-
comicina (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).
O mecanismo de ação dos antibióticos depende do local de ação do mesmo, no
agente agressor, por isso existem várias classificações farmacológicas. Abaixo as princi-
pais, descritas por Destruti, Arone e Philippi (2010):
● Penicilinas: atravessam a barreira hematoencefálica, possuem ação bacterici-
da, administrados por via oral, IM, EV. Exemplos: amoxicilina, ampicilina, oxacilina, Benzil-
penicilina benzatina, entre outros.

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 57


● Cefalosporinas: bactericidas e classificadas de primeira a quarta geração, alte-
rando sua ação em gram-positivas e gram-negativas. Exemplos: 1ªgeração: cefalotina; 2ª
geração: cefaclor; 3ª geração: ceftriaxona, cefotaxima. 4ª geração: cefepima e cefpiroma.
● Aminoglicosídeos: bactericidas preferencialmente administrados via injetável,
IM, pois são altamente nefrotóxicos. Exemplos: amicacina, gentamicina e tobramicina.
● Betalactâmicos não clássicos: exemplos principais: ertapenem e clavulanato
de potássio em associação com amoxicilina.
● Macrolídeos: bacteriostáticos de uso oral e tópico, alguns exemplos: azitromici-
na, eritromicina, espiramicina.
● Polipeptídeos: bactericidas, principais exemplos: polimixina B, vancomicina,
bacitracina, entre outros.
● Tetraciclinas: são medicamentos de ação bacteriostática, com frequente distúr-
bios gástricos. Exemplos: doxiciclina e minociclina.
● Rifampicinas: ação principal bactericida, utilizado com frequência no tratamento
da tuberculose. Exemplos: rifamicina e rifamida.
● Sulfas: fármacos de ação antimicrobiana de ampla aplicação. Exemplos princi-
pais: sulfametazol+trimetoptima, sulfadiazina e sulfacetamida.
Importante destacar que são inúmeras classes farmacológicas e mecanismos de
ação de medicamentos, por isso a importância do conhecimento básico inicial, cautela de
prescrição e automedicação.

2.4 Antivirais
Os vírus possuem características particulares que diferenciam das bactérias e
fungos, por isso seu tratamento é baseado em observação e tratamento dos sintomas do
paciente, como é o exemplo de um estado gripal. Os antivirais são, portanto, uma classe de
medicamentos utilizados para tratar patologias causadas por vírus, diante dessa definição,
é importante reforçar que muitas doenças podem ser evitadas com a administração de
vacinas. O caso da patologia AIDS, que é causada pelo vírus HIV, o diagnóstico precoce e
tratamento medicamentoso é essencial para a vida humana. Podemos citar exemplos de
fármacos antivirais: aciclovir, lamivudina, amprenavir, didanosina, entre outros (DESTRUTI,
ARONE; PHILIPPI, 2010).

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 58


3. MEDICAMENTOS ANTIFÚNGICOS, MEDICAMENTOS ANTINEOPLÁSICOS,
ANTIPARASITÁRIOS E HORMÔNIOS

3.1 Antifúngicos
Também chamados de antimicóticos, os antifúngicos são utilizados em patologias
causadas por fungos. O tratamento normalmente é específico, e ocorre normalmente quan-
do o microrganismo adentra o organismo, mediante uma queda na imunidade, o fungo
aproveita e desenvolve patologias. Alguns exemplos de medicamentos utilizados são:
miconazol, cetoconazol, anfotericina B e flucitosina (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).

3.2 Medicamentos antineoplásicos


Os medicamentos denominados como antineoplásicos são aqueles utilizados
no tratamento do câncer, que é uma das patologias mais estudadas dentro da pesquisa
científica na área da saúde. O tratamento abrange uma ação multidisciplinar, e envolve
tratamento medicamento para auxilio nos sintomas, quimioterapia, radioterapia e cirur-
gia, todos esses requisitos em conjunto possuem principal êxito de prolongar o tempo
de vida do paciente.
Os fármacos desta classe farmacológica, agem nas células cancerosas, porém
muitas vezes o tratamento interfere nas células “sadias” do organismo, causando muitos
efeitos colaterais ao paciente. Podemos dizer que esses medicamentos antineoplásicos
são substâncias capazes de inibir ou prevenir o desenvolvimento das células cancerígenas,
destruindo as células tumorais. Devem ser prescritos por profissional habilitado, adminis-
trado da forma correta, com muita cautela e acompanhamento adequado (DESTRUTI,
ARONE; PHILIPPI, 2010). Podemos citar as principais classificações:

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 59


- Agentes alquilantes. Exemplo: carmustina, ciclofosfamida entre outros.
- Antimetabólitos. Exemplo: metotrexato, tioguanina, entre outros.
- Compostos de platina. Exemplo: carboplatina, cisplatina, entre outros.
- Produtos naturais. Exemplo: paclitaxel, teniposídeo, entre outros.
- Diversos. Exemplos: asparaginase, mesna, mitotano.

3.3 Antiparasitários
Doenças causadas por parasitas, são ainda um grave problema no Brasil, são
decorrentes da falta de higiene, falta de conhecimento dos vetores, falta de educação pre-
ventiva e precariedade no saneamento básico de algumas regiões. Medidas simples como:
higienizar as mãos corretamente, não andar descalço em ambientes com baixa higiene,
higienizar bem alimentos, são muito importantes na diminuição dessas taxas (DESTRUTI,
ARONE; PHILIPPI, 2010).
O tratamento com medicamentos antiparasitários é dividido de acordo com o mi-
cro-organismo causador, e possuem algumas características próprias, como por exemplo:
baixo preço, dose única ou esquema posológico curto. Patologias causadas por protozoá-
rios como exemplo: doença de Chagas, pode ser tratada com benznidazol; Amebíase,
Tricomoníase e Balantidíase, pode ser tratada com metronidazol; Toxoplasmose, pode ser
tratada com pirimetamina (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).
Medicamentos que estão incluídos como Anti-helmínticos podem tratar doenças
como ascaridíase (pode-se utilizar como tratamento mebendazol), esquistossomose e
teníase (pode-se utilizar praziquantel). É importante salientar também que todo tratamento
medicamentoso é importante prescrição e acompanhamento de profissional habilidade na
área da saúde, visto que o diagnóstico e tratamento correto são super relevantes para
qualidade de vida do paciente.

3.4 Hormônios
Classe farmacológica importante para o funcionamento do organismo humano,
visto que quando ocorre uma desregulação hormonal, o indivíduo sofre consequências em
todo o organismo, visto que os hormônios auxiliam no regulamento, estimulando ou inibindo
determinadas funções do corpo humano (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010).
Segundo Destruti, Arone e Philippi (2010) e Brunton, Chabner e Knollmann (2016),
podemos diferenciá-los em alguns grupos de medicamentos:

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 60


- Hormônios gonadais: aqueles secretados nos ovários e testículos. Os hormô-
nios femininos atuam alterando as atividades do estrógeno e progesterona.
- Estrogênios: utilizados para reposição hormonal, exemplos: estradiol e tibolona.
- Antiestrogênicos: utilizados para diminuir a ação dos estrogênios, exemplos:
ciclofenila.
- Progestogênio Ou gestagênos: muito utilizados para reposição hormonal,
exemplos: desogestrel, levonorgestrel.
- Androgênicos: utilizados para simular atividades da testosterona, quando esta
não está desempenhando ação suficiente no organismo. Alguns exemplos:
danazol, testosterona e mesterolona.
- Antiandrogênicos: utilizados para diminuir a quantidade de testosterona. Exem-
plos: ciproterona e finasterida.
- Anticoncepcionais orais: amplamente utilizados, sua principal função é evitar a
gravidez. Existem muitos tipos de medicamentos desta classe, e a prescrição
deve ser feita por um médico.

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 61


4. MEDICAMENTOS E CONDIÇÕES ESPECIAIS

As patologias são associadas a tratamentos específicos mediante a sua classifi-

cação farmacológica, características como o mecanismo de ação, o agente causador da

doença e o perfil do paciente, podem interferir na resposta medicamentosa utilizada, por

isso, torna-se importante relatar e observar que a idade, o metabolismo, e características

do organismo humano que será administrado este fármaco são de extrema importância

para sucesso terapêutico.

Os medicamentos que atuam sobre a nutrição do organismo também podem ser

classificados, como:

- Estimuladores do apetite, como exemplo: ciproeptadina e buclizina comprimidos.

- Sais minerais como sódio ferro, iodo e cálcio são importantes no organismo

humano, e sua ausência ou excesso podem causar desequilíbrios

- Vitaminas: atuam diretamente em processos metabólicos, os alimentos são

excelentes fornecedores de vitaminas, contudo em casos especiais torna-se necessário

suplementação com vitaminas industrializadas. Podem ser classificadas em vitaminas hi-

drossolúveis: tiamina ou vitamina B1, piridoxina ou vitamina B6, ácido ascórbico ou vitamina

C, dentre outros e vitaminas lipossolúveis, podemos citar como exemplos desta classe de

vitaminas: o retinol ou vitamina A, vitamina D, vitamina E e vitamina K.

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 62


Podemos dizer então que, os medicamentos são substâncias que quando admi-
nistrados em nosso organismo gera uma série de reações, que são desencadeadas pela
estrutura química administrada. Passam por todo processo de farmacocinética e farmaco-
dinâmica, contudo, existem situações na qual a utilização destes exige ainda mais critérios
de cuidados, podemos citar como exemplos, a atenção a tratamentos durante a gestação e
amamentação, em geriatria e pediatria.
No desenvolvimento de novos medicamentos, os testes não ocorrem em mulheres
gestantes, idosos e crianças inicialmente, visto que pode ter consequências a saúde, pois
quando abordamos estes casos, possuem particularidades especiais. A gravidez é um pe-
ríodo especial no corpo de uma mulher, visto que ocorrem modificações estruturais, física e
emocional. As substâncias ingeridas pela mãe, podem chegar rapidamente ao feto através
do cordão umbilical e todo esquema terapêutico farmacológico pode ser alterado, tanto na
gestante, quanto ao feto (DESTRUTI, ARONE; PHILIPPI, 2010 e BRUNTON; CHABNER;
KNOLLMANN, 2016).
O organismo de uma criança é diferente do organismo do adulto, as terapias
medicamentosas quando aplicadas a eles precisa ser cautelosa com relação a dosagem
terapêutica e a sua administração precisam ser realizadas de maneira rigorosa. O cálculo
de dosagem deve ser direcionado por profissional prescritor, respeitando a bula medica-
mentosa e as características do paciente em tratamento.
Os idosos possuem uma grande tendência a auto medicação, e isso torna o risco
a interação medicamentosa muito maior, seja essa mistura química de produtos sintéticos
ou naturais (como chás por exemplo), o maior cuidado está em como o organismo do
paciente reage com as substâncias químicas na corrente sanguínea, por isso a orientação,
informação adequada e acesso rápido a profissionais capacitados, garante uma diminuição
de riscos à saúde humana.

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 63


SAIBA MAIS

A forma de classificação dos antibióticos está relacionada a grupos farmacológicos, com
mecanismos de ação mais equivalentes. Podemos citar como principais as penicilinas,
cefalosporinas, aminoglicosídeos, betalactâmicos e demais. Diante disso, indico a leitura
do site da ANVISA sobre classes farmacológicas – antibióticos e aspectos importantes.

Link:https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/

cefalosporinas.htm

Link:https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/formulario_terapeutico_nacional_2010.pdf.

Fonte: ANVISA, classes farmacológicas – antibióticos e aspectos importantes. 2011. Disponível em: ht-

tps://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/cefalos-

porinas.htm. Acesso em: 10 nov. 2021.

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria da Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departa-

mento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário Terapêutico Nacional. Rename.

2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/formulario_terapeutico_nacional_2010.pdf.

Acesso em: 10 nov. 2021.

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 64


REFLITA

Uma mulher de 64 anos de idade, com história pregressa de doença arterial corona-
riana, hipertensão arterial e insuficiência cardíaca congestiva (ICC) apresenta dispneia
em repouso e com esforço, ortopneia, edema de membros inferiores e corrosão. Seus
sintomas pioraram ao longo das duas últimas manas e também incluem ortopneia, piora
da tolerância ao exercício e taquipneia. Ao exame, ela está́ notavelmente dispneica e
taquipneica e também tem distensão venosa jugular, edema depressível 2+ e estertores
ao exame dos pulmões. Também apresenta S3 audível. Sua radiografia de tórax, nível
pró-Peptídeo Natriurético Cerebral (PNC) e ecocardiograma confirmam a suspeita clíni-
ca de exacerbação da ICC com edema pulmonar. Ela já́ está na terapia clínica máxima
com um inibidor da ECA, betabloqueador, estatina e ácido acetilsalicílico. A paciente
está́ adequadamente colocada em oxigênio e recebe furosemida intravenosa.
- Qual é o mecanismo de ação da furosemida?
- Que anormalidades eletrolíticas podem ser causadas pela furosemida?

Resposta:
Diuréticos Resumo: Uma mulher de 64 anos de idade com edema pulmonar recebe
prescrição de furosemida.
Mecanismo de ação da furosemida: Inibir a reabsorção de NaCl ativo no ramo ascen-
dente da alça de Henle, aumentando a excreção hidreletrolítica.• Anormalidades ele-
trolíticas potenciais: Hipopotassemia, hipomagnesemia e alcalose metabólica devido à
excreção aumentada de H+.CORRELAÇÃO CLÍNICAOs diuréticos de alça administra-
dos por via intravenosa iniciam a diurese em minutos, tornando-os ideais para o trata-
mento de edema pulmonar agudo. A furosemida é o protótipo e o fármaco mais ampla-
mente usado dessa classe. Os diuréticos de alça inibem a reabsorção de NaCl no ramo
ascendente da alça de Henle. Isso provoca aumento acentuado na excreção de água e
eletrólitos. A excreção de íons de potássio, magnésio e cálcio é aumentada, o que pode
causar efeitos adversos clinicamente significativos. A alcalose metabólica também pode
ocorrer como resultado da excreção de íons de hidrogênio. No entanto, a capacidade
de causar a excreção desses eletrólitos também pode fornecer um benefício clínico em
determinadas situações. A diurese forçada, com a administração de soro fisiológico IV e
furosemida, é o principal método de tratamento da hipercalcemia.
Farmacologia dos diuréticos de alça: Definições importantes
Diurético: Agente que aumenta a produção de urina. Os mais comuns são os diuréticos
natriuréticos, agentes que aumentam a produção de urina interferindo na reabsorção do
sódio nos rins.
: Acúmulo de água em espaços intersticiais. As causas incluem pressão arterial elevada,
diminuição na pressão oncótica no plasma causada por uma redução na síntese de pro-
teínas hepáticas ou um aumento da pressão oncótica no espaço intersticial.

Fonte: TOY, SOLTO e TISCHKAU, 2015.

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 65


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro acadêmico, finalizamos mais uma unidade da apostila, e neste abordamos


muitos tópicos relevantes para a sua vida e profissão. Podemos dizer que, todo profissional
da área da saúde necessita adquirir conhecimentos básicos sobre tipos de medicamentos,
visto isso nestes tópicos apresentados muitas informações podem auxiliar na construção
do saber profissional.
O medicamento e suas classes farmacológicas abordados sucintamente possuem
um amplo caminho de conteúdos e tópicos a serem desvendados, como os mecanismos de
ação de fármacos no organismo humano que possuem um caminho de grande relevância
para os profissionais da saúde.
As classes farmacológicas trabalhadas envolvem um grande número de patologias
e características farmacocinéticas e farmacodinâmica peculiar de substâncias químicas
com ação medicamentosa relevante ao organismo como um todo. Por isso a informação
sobre medicamentos e sua atuação sempre se torna fundamental a vida humana. Vamos
em frente aos estudos, com dedicação e foco, a formação profissional ocorrerá de forma
qualificada e responsável.

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 66


LEITURA COMPLEMENTAR

Artigo científico: Resistência bacteriana aos antibióticos e Saúde Pública: uma


breve revisão de literatura.

Revisão de literatura, elaborada a partir da análise de 73 trabalhos científicos, é


introduzido ao leitor aspectos farmacodinâmicos dos antibióticos, seus usos terapêuticos
(humano e veterinário), nas produções animal e industrial, e as limitações que a resistência
bacteriana impõe à utilização destes fármacos em diferentes âmbitos. Sendo os mecanis-
mos bioquímicos e genéticos da resistência bacteriana, assim como os fatores econômicos,
sociais, propedêuticos, terapêuticos e epidemiológicos associados ao aparecimento de
patógenos resistentes e o ônus que tais organismos geram sobre a saúde pública, o foco
deste trabalho.

Links de acesso:
https://periodicos.unifap.br/index.php/estacao
file:///C:/Users/USUARIO/Downloads/2555-13209-3-PB.pdf

Fonte: COSTA, A, L,+


P; JUNIOR, A, C, S, S. Resistência bacteriana aos antibióticos e Saúde Pública:
uma breve revisão de literatura. Estação Científica (UNIFAP). Macapá, 2017.

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 67


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: As Bases Farmacológicas de Goodman e Gilman 2019
Autor: Goodman e Gilman.
Editora: McGraw-Hill.
Sinopse: Livro considerado a bíblia azul da farmacologia, correla-
ciona a farmacologia às ciências médicas associadas, Reinterpreta
as ações e os usos dos fármacos em vista dos avanços na medi-
cina e nas ciências biomédicas básicas, enfatiza as aplicações da
farmacodinâmica à terapêutica, sendo considerado uma referência
fundamental em farmacologia e demais áreas afins.

LIVRO
Título: Farmacologia Básica e Clínica
Autor: Katzung, Bertram, et al. Farmacologia Básica e Clínica .
2017.
Editora: Grupo A
Sinopse: Este livro traz abordagens relevantes e une a ciência bá-
sica da farmacologia à prática clínica, apresentando informações
que abordam a seleção, a utilização e o monitoramento dos efeitos
dos medicamentos por meio de uma abordagem prática, baseada
nos casos clínicos que introduzem cada capítulo.

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 68


FILME / VÍDEO
Título: Farmacologia anti-hipertensiva
Ano: 2019.
Sinopse: Um apanhado resumido dos principais tópicos em fisio-
farmacologia da pressão arterial (anti-hipertensivos), abordando
as diferentes classes farmacológicas (bloqueadores dos canais
de cálcio, inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosteron,
beta-bloqueadores, diuréticos e etc)
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xwVGg9NZdCo

FILME / VÍDEO
Título: Mecanismo dos antialérgicos
Ano: 2016.
Sinopse: O vídeo faz um apanhado resumido dos principais tópi-
cos de antialérgicos.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Q6LfbJIA9Ps

FILME / VÍDEO
Título: Antibioticoterapia
Ano: 2017.
Sinopse: Nessa aula veremos conceitos sobre antibióticos, es-
pectro de ação, tipos de ação, mecanismo de ação e toxicidade
dos antibióticos
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=2cN4KAu9A8o

UNIDADE III Ação dos Medicamentos em Sistemas 69


UNIDADE IV
Ação e Interações de Medicamentos
Professora Dra. Natália de Carvalho Scharf Santana

Plano de Estudo:
● Fatores importantes sobre as interações;
● Classificação;
● Interações entre nutrientes, suplementos alimentares e medicamentos.

Objetivos da Aprendizagem
● Conceituar e contextualizar o impacto das interações medicamentosas;
● Compreender os tipos de interações e suas diferenças;
● Estabelecer a importância da classificação das
interações medicamentosas e alimentares.

70
INTRODUÇÃO

Caro aluno(a), chegamos à Unidade IV, esta é a última unidade desta apostila, porém
não menos importante, quero enfatizar a importância de estudar sempre outras fontes para
complementação dos seus estudos, afinal de contas um bom profissional, sempre estuda mais!
Juntos, iremos abordar assuntos relevantes para a finalização da apostila, trago
informações sobre as interações medicamentosas. Você já ouviu falar? Tenho certeza que
alguma vez já te falaram que o uso de antibióticos juntamente com anticoncepcionais, pode
gerar uma gravidez “não planejada”. Pois bem, os medicamentos possuem afinidade ou
não com alguns receptores, como vimos nos capítulos passados, mediante isso, quando
utilizamos mais de um tipo de medicamento, teoricamente um deles acopla-se ao receptor
mais rapidamente, gerando seu efeito, enquanto o outro princípio ativo “fica aguardando” a
conexão com receptor, para então poder gerar o efeito farmacológico.
Diante disso, alguns medicamentos possuem maior ou menor afinidade, e geram
seu efeito mais rapidamente, por isso, quando ouvimos falar sobre a “competição” entre
medicamentos, ou a importância do intervalo entre as doses, é muito relevante possuir infor-
mações verídicas que auxiliam no melhor efeito medicamentoso. É importante destacar que
não só os medicamentos realizam essa interação, os líquidos e alimentos sólidos também
podem influenciar na absorção e ação dos fármacos, por exemplo, quando comemos uma
feijoada e logo em seguida tomamos um medicamento para dor de cabeça, você consegue
imaginar toda essa mistura sendo digerida pelo estômago? Concordamos que estar com
estômago muito “cheio” ou “vazio” afeta a absorção e distribuição medicamentosa.

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 71


1. FATORES IMPORTANTES SOBRE AS INTERAÇÕES

Quando falamos de interação medicamentosa, precisamos pensar sobre a intera-


ção inicial que ocorre entre o princípio ativo e o corpo humano, visto que variando de acordo
com diversos fatores individuais de cada organismo, podemos ter um tempo médio de
ação do medicamento. Crianças, idosos e gestantes possuem um tempo de metabolização
diferenciado devido às condições do metabolismo humano.
Hoje não podemos pensar em qualquer terapêutica sem considerar a possibilidade
de interação, então podemos definir como interação medicamentosa uma influência recí-
proca, ou seja: um medicamento, quando administrado isoladamente, produzir determinado
efeito, já quando associado e administrado a outro medicamento ou a alimentos, pode
produzir efeitos diferentes (DESTRUTI; ARONE; PHILIPPI, 2010).
A Resolução RDC nº 140, de 29 de maio de 2003, estabelece regras de bulas
de medicamentos para pacientes e profissionais da saúde, traz a definição de interação
medicamentosa como:
[…] uma resposta farmacológica ou clínica, causada pela combinação de
medicamentos, diferente dos efeitos de dois medicamentos dados individual-
mente. O resultado final pode aumentar ou diminuir os efeitos desejáveis e/
ou os eventos adversos (ANVISA, 2003, p. 257).

Pode-se deixar evidenciado que as interações não acontecem somente entre me-
dicamentos, mas também entre:

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 72


- Medicamento – alimentos;
- Medicamentos – medicamentos;
- Exames laboratoriais – medicamentos;
- Medicamentos- substâncias químicas.
Quando a interação ocorre e gera ao organismo um efeito benéfico, este poderá sob
avaliação clínica médica ser mantida, contudo, se trouxer ao organismo um efeito maléfico,
não deverá ser utilizado. Podemos neutralizar os efeitos de uma intoxicação provocando-se
uma possível interação medicamentosa, ou também ocorrer uma interação positiva, que se
trata de quando um fármaco faz que o outro tenha eliminação diminuída, aumentando seu
tempo de ação, importante relembrar que todas essas interações podem ocorrer dependendo
do tipo do medicamento e do metabolismo envolvido (DESTRUTI; ARONE; PHILIPPI, 2010).
Podemos exemplificar, algumas interações como a da aminofilina com o ácido as-
córbico (vitamina C), são incompatíveis, ou seja, apresentam efeitos maléficos, portanto não
pode ser administrada com suco de laranja, visto que o medicamento pode ter sua ação di-
minuída ou até anulada (DESTRUTI; ARONE; PHILIPPI, 2010). Essas informações podemos
encontrar na bula medicamentosa, no item interação medicamentosa, por exemplo.
Segundo Destruti, Arone e Philippi (2010), existem vários fatores relacionados ao
paciente que interferem nos tipos de interações, podemos citar como principais: os estados
patológicos (como alcoolismo, diabetes, etc), a idade (velhice- alteração na função renal),
fatores dietéticos e funcionamento hepático (os rins são essenciais na metabolização dos
medicamentos), visto isso o órgão quando em processo patológico pode influenciar na
metabolização do mesmo e alteração na função renal, como a uremia, entre outros.
A via de administração de drogas também é um dos fatores que pode afetar a inte-
ração, visto que os requisitos como a via de administração, a sequência de administração
(antes ou após a alimentação), tempo de administração, duração da terapia medicamento-
sa, dosagem da droga e a forma farmacêutica são fatores imprescindíveis para o sucesso
terapêutico (DESTRUTI; ARONE; PHILIPPI, 2010).

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 73


2. CLASSIFICAÇÃO

Segundo a literatura, existem diversas classificações das interações, vamos


abordar as principais: interações físico-química e terapêuticas. Podemos enfatizar que as
interações físico-químicas são causadas principalmente por uma incompatibilidade física
ou química entre os componentes das fórmulas e por sua vez as interações terapêuticas
estão relacionadas a ação do medicamento (DESTRUTI; ARONE; PHILIPPI, 2010).

2.1 Interações físico-químicas


Considera-se este tipo de interação aquela que ocorre for a do paciente, por exem-
plo podemos citar: no copo-medida, na seringa, etc. Quando existe a manipulação e o
contato, pode existir uma ação que afeta o controle de qualidade, devendo o fármaco ser
descartado. São chamadas de incompatibilidades medicamentosas DESTRUTI; ARONE;
PHILIPPI, 2010).
Todo princípio ativo tem mais afinidade em ser diluído em determinada substância,
podendo ser soro fisiológico, água, soro glicosado, para que sua compatibilidade de dissolu-
ção seja mais adequada. O pH é outra característica importante, quando associamos medi-
camentos com pH diferentes é necessário observação de compatibilidade medicamentosa.
Quando um medicamento apresentar característica, cor, sabor, odor diferente do
comum, podemos considerar que a interação é físico-química, pois muitas vezes essa mu-
dança na característica pode ocorrer na manipulação, ou até mesmo no armazenamento
inadequado, gerando consequências as características de qualidade medicamentosa.

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 74


2.2 Interações terapêuticas
Enquanto nas interações físico-químicas ou incompatibilidade, consideramos as
alterações que ocorrem no medicamento, sendo este antes de ser administrado, ou seja,
fora do paciente, nas interações terapêuticas são aquelas que ocorrem dentro do organis-
mo do paciente, ou seja, após a administração do fármaco. São divididas basicamente em:
Farmacocinéticas e Farmacodinâmicas (DESTRUTI; ARONE; PHILIPPI, 2010).
Nas interações Farmacocinéticas sabemos que ocorrem durante o trajeto do
medicamento no organismo humano, ou seja, nas fases da farmacocinética: absorção,
distribuição, biotransformação e eliminação. Por exemplo: o fármaco metoclopramida ace-
lera o esvaziamento gástrico, desse modo, quando administrado um medicamento que
é absorvido principalmente no estômago, quando associado a metoclopramida terá sua
absorção comprometida. Temos vários casos de interações farmacocinéticas, e sempre
essas informações estão presentes na bula dos medicamentos, devendo o profissional
estar atendo as descrições do fabricante do medicamento.
Por sua vez, nas interações Farmacodinâmicas estão diretamente relacionadas
as interações à ação da droga. Podemos citar um dos casos mais comuns, que é a siner-
gia, ou seja, quando as drogas têm a mesma ação (por exemplo, AAS e dipirona), ou por
antagonismo, isto é, os medicamentos possuem efeitos contrários (quando utilizado um
antitussígeno associado a um expectorante) (DESTRUTI; ARONE; PHILIPPI, 2010).
A administração de medicamentos parece um ato simples, mas torna-se importante
observar características relevantes para que se alcance o sucesso terapêutico adequado.
Para evitar que aconteça interações, podemos citar alguns tópicos importantes:

● Procurar sempre orientação médica ou farmacêutica, visto que o risco de


interação é sério e pode causar sérios prejuízos a saúde.
● Estar ciente de que a automedicação possui muitos riscos, e os medica-
mentos caseiros também possuem efeitos tóxicos quando não utilizados
de forma correta.
● Quando paciente precisa utilizar mais de um medicamento simultanea-
mente, orientar para que não misture, por exemplo dois medicamentos
líquidos no mesmo copinho, importante ter um intervalo entre as subs-
tâncias.
● Quando paciente toma medicamentos administrados por profissionais
diferentes, torna-se fundamental o paciente relatar ao médico quais me-
dicamentos já faz uso, para que o mesmo avalie se um afeta a absorção
do outro fármaco (DESTRUTI; ARONE; PHILIPPI, 2010 p. 62).

Muitas pessoas não acreditam na interação de medicamentos com os alimentos,


mas é fato de que os alimentos possuem interferência sim na ação dos medicamentos,
visto que quando metabolizados tornam-se substâncias químicas da mesma forma que os
princípios ativos medicamentosos. Os mais comuns são relatados como o ácido ascórbico,
presente no limão, laranja e todos alimentos de caráter mais ácido, já quando falamos em
ferro, estamos falando de alimentos como feijão, a couve e demais.

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 75


Os alimentos ácidos quando chegam até o estômago, aumentam ainda mais a aci-
dez estomacal, visto que o nosso estômago já possui caráter ácido, devido a presença do
ácido estomacal. Alimentos ácidos irão causar problemas na absorção de qualquer droga
que seja básica e acelerar a absorção de medicamentos com caráter ácido, e vice-versa.
Os alimentos mais gordurosos como o leite, podem facilitar a absorção de substâncias
químicas solúveis em gordura. Alguns medicamentos possuem ação de induzir as enzimas,
tornando-se indutores enzimáticos, interferindo na absorção de vários princípios ativos
(DESTRUTI; ARONE; PHILIPPI, 2010).
Os efeitos desejáveis de fármacos (ou principal) é o de modificar funções corporais
de forma a eliminar os sintomas causados pela doença do paciente. Importante desta-
carmos, também que o fármaco também pode, entretanto, provocar efeitos indesejados
(adversos) que, por sua vez, podem provocar queixas, doença ou até́ mesmo levar à morte
(LÜLLMANN; MOHR; HEIN, 2017).
Os efeitos adversos causados por medicamentos, pode ser causado em sua maio-
ria por falta de conhecimento, pois são muitos. A seguir alguns exemplos:

Dosagem excessiva: O fármaco é administrado em dosagem maior do que a


necessária para o efeito principal, o que afeta outras funções corporais.
Por exemplo, podemos citar a morfina, quando administrada na dosagem
correta ao organismo, promove rápido efeito de alívio da dor por possuir ação
direta nas vias nociceptivas no SNC. Contudo, quando utilizado em dosagem
excessiva, gera uma inibição do centro respiratório, causando risco de para-
lisia respiratória. A diferença entre a dose terapêutica (aquela utilizada para
tratamento) e a dose tóxica (aquela que gera consequências ao organismo)
é chamada de margem de segurança, demonstrado na Figura 1.A (LÜLL-
MANN; MOHR; HEIN, 2017).
Hipersensibilidade: todos nós possuimos características particulares do fun-
cionamento do organismo, e devido a alguma hipersensibilidade de função
corporal, podem ocorrer efeitos indesejáveis, até mesmo em doses “normais”
demonstrado na Figura 1.B.
Falta de sensibilidade: Com dosagem “apropriada” e sensibilidade normal,
podem ainda a possibilidade de ocorrer efeitos indesejados devido ao fárma-
co não atuar apenas no tecido ou órgão-alvo (doente) especificamente. Po-
demos citar o exemplo do anti-histamínico e neuroléptico prometazina, este
é capaz de interagir com vários tipos de receptores no organismo, sendo as-
sim, consideramos que a sua ação não é específica nem para um órgão nem
para um receptor, podendo então gerar efeitos colaterais, devido a facilidade
de conexão em vários recepetores do organismo demonstrado na Fig 1.C
(LÜLLMANN; MOHR; HEIN, 2017 p. 121).

Os efeitos adversos que surgem em consequência de mecanismo de ação conhe-


cido são plausíveis, e a correlação com o uso do fármaco é simples de ser reconhecida,
quando se busca conhecimento sobre aquela substância a ser utilizada. É mais difícil detec-
tar efeitos indesejados que não têm relação com o efeito terapêutico conhecido. Exemplos
simples incluem a lesão fetal depois da ingestão de um hipnótico (talidomida), hipertensão
pulmonar devida a moderadores de apetite e fibrose devida a fármacos contra enxaqueca,
são inúmeros os exemplos que podemos citar. Mas importante destacar que no uso de
cada fármaco, deve-se esperar efeitos adversos, estes todos descritos na bula medicamen-
tosa. Antes de prescrever e administrar qualquer medicamento, deve-se, portanto, avaliar a
relação risco-benefício deste no organismo do paciente (LÜLLMANN; MOHR; HEIN, 2017).

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 76


FIGURA 1 - EFEITOS ADVERSOS DOS FÁRMACOS:

SUPERDOSAGEM E HIPERSENSIBILIDADE

Fonte: LÜLLMANN, MOHR e HEIN, 2017.

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 77


A interação não pode ser confundida com uma reação alérgica, sendo que umas
das funções do sistema imune é inativar e remover substâncias estranhas de massa mole-
cular elevada que invadem o organismo. As respostas imunes podem, contudo, ocorrer de
forma desnecessária ou com intensidade exagerada e podem prejudicar o organismo, por
exemplo, nas reações alérgicas contra medicamentos (fármaco). Na maioria das vezes, os
fármacos precisam se ligar a uma proteína do próprio organismo para atuar como antígeno.
No caso da Benzilpenicilina, por exemplo, um metabolito (resíduo peniciloil) liga-se de for-
ma covalente a uma proteína. Quando ocorre um contato inicial com o fármaco, o sistema
imune é sensibilizado: no tecido linfático, multiplicam-se linfócitos antígeno-específicos
da linhagem de células dos tipos T e B (formadores de anticorpos) e permanecem como
“células de memória” (LÜLLMANN; MOHR; HEIN, 2017).

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 78


3. INTERAÇÕES ENTRE NUTRIENTES, SUPLEMENTOS ALIMENTARES E
MEDICAMENTOS

Quando se fala em interações, devemos lembrar que os próprios alimentos po-


dem alterar na absorção de um medicamento, visto que os nutrientes são substâncias
químicas encontradas nos alimentos, indispensáveis para o funcionamento do organismo
(WARDLAW e SMITH, 2013). A administração concomitante de medicamentos e nutrientes
pode provocar interações que alteram a absorção ou o metabolismo da medicação ou do
nutriente. De fato, atualmente, é importante relatar que em diversas ocasiões as pessoas
têm feito a utilização simultânea de suplementos dietéticos e medicamentos, o que pode
acarretar interações entre eles. Para determinados fármacos, pode ocorrer uma diminuição
da absorção ou da atividade farmacológica como resultado da quelação e adsorção (BRUM;
ROCKENBACH; BELLICANTA, 2018).
Os minerais provenientes dos alimentos são vitais à saúde, essenciais no metabo-
lismo corporal, no crescimento do corpo, nos movimentos musculares, no equilíbrio hídrico
e em vários processos fisiológicos. Alguns minerais, como cobre e selênio, funcionam como
cofatores, permitindo o trabalho de diversas proteínas, como as enzimas. Por exemplo, o
ferro é um componente das hemácias. Sódio, potássio e cálcio auxiliam na transferência
de impulsos nervosos por todo o corpo. Podemos enfatizar que o crescimento e o desen-
volvimento corporal também dependem de determinados minerais, como cálcio e fósforo.
O equilíbrio hídrico requer sódio, potássio, cálcio e fósforo (WARDLAW e SMITH, 2013).

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 79


Quando administrados, os medicamentos podem alterar as concentrações fisiológi-
cas dos minerais em razão de diminuição da absorção, aumento da excreção ou alteração
do metabolismo de tais micronutrientes. Os resultados de tais interações podem ser clini-
camente insignificantes ou graves. Vamos citar alguns exemplos de interações envolvendo
medicamentos e nutrientes (BRUM; ROCKENBACH; BELLICANTA, 2018).
Há evidências de que suplementos de cálcio podem diminuir a absorção de zinco.
Por isso, não se deve tomar suplementos de cálcio com refeições ricas em zinco. Um efeito
da suplementação de cálcio na diminuição da absorção de ferro é possível; entretanto,
tal efeito parece ser pequeno a longo prazo. Diante disso, torna-se relevante as pessoas
informarem seus médicos se usarem suplementos de cálcio de modo contínuo. Um outro
exemplo comum é o tratamento prolongado com diuréticos tiazídicos e diuréticos de alça
pode levar a deficiências totais de potássio e magnésio. Para esses indivíduos, alimentos
ricos em potássio são boas opções à dieta, bem como suplementos de cloreto de potássio,
se prescritos por um médico. Por outro lado, o aumento dos níveis séricos de potássio
(hipercalemia) tem sido relatado com o uso de fármacos betabloqueadores em associação
com diuréticos poupadores de potássio (BRUM; ROCKENBACH; BELLICANTA, 2018).
Outro exemplo clássico são o uso de aspirina, que tem sido associado com menor
nível sérico de ferritina em pacientes com quadro clínico de inflamação, infecção ou doença
hepática. Além disso, o alto pH induzido por antiácidos pode formar agregados de ferro
e converter o ferro em sua forma férrica, diminuindo a absorção. A prednisona e outros
glicocorticoides causam má absorção de cálcio e aumento da excreção renal, que pode
levar à perda óssea e ao hiperparatireoidismo secundário. Quando paciente apresenta
deficiência de vitamina D e, por conseguinte ocorre uma diminuição da absorção de cálcio,
pode também ocorrer com medicamentos que prejudicam a absorção de gordura, tais como
medicamentos antiobesidade (por exemplo, orlistat) e agentes hiperlipidêmicos (por exem-
plo, colestiramina). A gentamicina tem sido associada à hipocalcemia (baixos níveis de
cálcio) em humanos. No entanto, o excesso de suplementação oral de cálcio pode reduzir
o dano renal induzido por gentamicina (BRUM; ROCKENBACH; BELLICANTA, 2018).
Existem inúmeros exemplos de interações medicamentosas e alimentares, contudo
é importante salientar que existem determinados grupos de pacientes que apresentam
maior risco e probabilidade de ocorrência de interações medicamentosas, como exemplo,
podemos citar os pacientes idosos, os pacientes em polifarmácia (aqueles que utilizam
muitos medicamentos todos os dias) e os pacientes portadores de patologias crônicas
(como epilepsia, diabetes e hipertensão), diante disso a importância do acompanhamento
terapêutico por profissional da saúde responsável.

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 80


SAIBA MAIS

Um fármaco que se liga às proteínas plasmáticas, como a albumina, pode deslocar um
segundo fármaco da mesma proteína, aumentando sua concentração plasmática livre
e, consequentemente, sua biodisponibilidade para tecidos-alvo e tecidos não alvo. Esse
efeito pode ser intensificado em uma situação na qual os níveis circulantes de albumina
estão baixos, como em insuficiência hepática, desnutrição (síntese diminuída de albumi-
na) ou síndrome nefrótica (excreção aumentada de albumina)

Fonte: BRUM, L. F. da S.; ROCKENBACH, L.; BELLICANTA, P. L. Farmacologia básica. Grupo A, 2018. Dis-

ponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595025271/. Acesso em: 06 nov. 2021.

SAIBA MAIS

Caro aluno, importante a leitura dos itens abaixo:

Atlas Guia Uso racional de medicamentos: temas selecionados


Link: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/uso_racional_medicamentos_temas_
selecionados.pdf

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Uso ra-

cional de medicamentos: temas selecionados. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e

Insumos Estratégicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.

Segurança dos medicamentos: um guia para detectar e notificar reações adversas a medicamentos

Link: http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/Seguranca%20dos%20medicamento.pdf

Fonte: OMS (Organização Mundial da Saúde). Segurança dos medicamentos: um guia para detectar e

notificar reações adversas a medicamentos. Por que os profissionais de saúde precisam entrar em ação

/ Organização Mundial da Saúde. Brasília: OPAS/OMS, 2004.

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 81


REFLITA

Os medicamentos quando utilizados de maneira correta são extremamente coadjuvan-


tes as patologias do organismo, contudo, quando utilizados de maneira incorreta podem
trazer consequências sérias ao organismo, por isso a importância do conhecimento so-
bre os medicamentos que você utiliza.
Te convido a refletir e pesquisar sobre a interferência do leite, quando administrado con-
comitantemente junto aos antibióticos. Pesquise sobre esse tema e tenho certeza que
vai adquirir um conhecimento especial neste requisito.

Fonte: A autora (2021).

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 82


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro acadêmico(a), finalizamos o último capítulo da apostila da disciplina de Farma-


cologia, e neste abordamos muitos tópicos relevantes para a construção do conhecimento
dentro da área medicamentosa. Podemos dizer que, todo profissional da área da saúde
necessita adquirir conhecimentos básicos sobre as interações medicamentosas, auxiliando
não somente no tratamento do paciente, mas na vida cotidiana de todos nós.
Relatamos alguns fatores importantes sobre as interações, como a classificação, na
qual de variam de acordo com os mecanismos pelos quais os fármacos interagem, cita-se
as principais: (a) interações físico-químicas ou incompatibilidade farmacêutica (os medica-
mentos interagem durante o preparo e ocorrem antes mesmo de serem administrados ao
paciente); (b) interações farmacocinéticas (por meio de alteração do processo de absorção,
distribuição, metabolismo/biotransformação e excreção) e (c) interações farmacodinâmicas
(efeitos aditivos, sinérgicos ou antagônicos) (KATZUNG e TREVOR, 2017).
A administração de medicamentos parece um ato simples, mas torna-se importante
observar características relevantes para que se alcance o sucesso terapêutico adequado e o
conhecimento torna-se imprescindível para diminuição de interações e erros medicamentoso.
No estudo da farmacologia aborda-se muitos tópicos essenciais a construção do
conhecimento da saúde, abrangendo de princípios básicos até mecanismo de ação de medi-
camentos, visto isso, enfatiza-se a necessidade de constante estudo sobre os medicamentos
relatados em literatura. Espero que estes tópicos abordados tenham sido relevantes na cons-
trução de mais conhecimentos para formação profissional, desejo muito sucesso a todos.

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 83


LEITURA COMPLEMENTAR

Como leitura complementar indico os site e artigos científicos citados abaixo, rela-
tos sobre ciência e saúde e aprofundamentos de interações medicamentosas. Abordando
conhecimentos mais específicos sobre as interações medicamentosas.

Artigo científico: Leão, D.F.L; Moura, C,S; Medeiros, D,S; Ciência saúde coletiva 19
(01) Jan 2014 • https://doi.org/10.1590/1413-81232014191.2124
Links de acesso: https://www.scielosp.org/article/csc/2014.v19n1/311-318/

Site: Interações Medicamentosas. Diretoria Geral de Assistência Farmacêutica.


Praça Osvaldo Cruz S/N, Boa Vista - Recife/PE -2015
Link: http://www.farmacia.pe.gov.br/noticia/interacoes-medicamentosas

Fonte: LEÃO, D. F. L; MOURA, C. S.; MEDEIROS, D. S., 2014.

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 84


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: As Bases Farmacológicas de Goodman e Gilman 2019
Autor: Goodman & Gilman.
Editora: McGraw-Hill.
Sinopse: A bíblia azul da farmacologia – assim tem sido mundial-
mente chamado este clássico acadêmico desde o lançamento de
sua 1ª edição, em 1941. A nova edição de Goodman & Gilman,
além de permanecer fiel ao histórico de excelência e rigor editorial,
apresentando conteúdos relevantes ao contexto médico atual,
valoriza ainda mais o teor didático da apresentação dos assuntos,
empregando novos recursos gráficos, como tabelas de resumo dos
fármacos, listas de siglas, sumário detalhado no início de cada capí-
tulo e quadros de informações complementares ao longo do texto.
Diferenciais da obra:
• Correlaciona a farmacologia às ciências médicas associadas;
• Reinterpreta as ações e os usos dos fármacos em vista dos
avanços na medicina e nas ciências biomédicas básicas;
• Enfatiza as aplicações da farmacodinâmica à terapêutica;
• Referência fundamental em farmacologia e demais áreas afins.

LIVRO
Título: Farmacologia Básica
Autor: Brum, Rockenbach, Bellicanta, 2018.
Editora: Grupo A
Sinopse: Neste livro são abordadas as vias de administração, prin-
cípios de farmacocinética e interação fármaco-receptor, bem como
os aspectos farmacológicos de fármacos que atuam no sistema
nervoso autônomo, sistema nervoso central, anestésicos gerais e
locais, gases terapêuticos e anti-inflamatórios não esteroidais.

UNIDADE I Princípios e Aspectos Gerais Sobre Farmacologia 85


FILME / VÍDEO
Título: Interações Medicamentosas
Ano: 2018.
Sinopse: Algumas interações medicamentosas podem até ser
benéficas, mas combinar medicamentos por conta própria pode
ter efeitos tóxicos.
Link do vídeo: https://drauziovarella.uol.com.br/videos/coluna/
interacoes-medicamentosas/

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 86


REFERÊNCIAS

ANVISA (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA). Conceitos essenciais, medi-


camentos, genéricos, éticos e similares. Brasília, Brasil. 1999.

ANVISA (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA). Vocabulário controlado de


formas farmacêuticas, vias de administração e embalagens de medicamentos. Brasília,
Brasil. 2011. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publica-
coes/medicamentos/publicacoes-sobre-medicamentos/vocabulario-controlado.pdf. Acesso
em: 30 nov. 2021.

ANVISA. Resolução - RDC nº 140, de 29 de maio de 2003. Estabelece regras das bulas de
medicamentos para pacientes e profissionais de saúde. 2003. Disponível em: https://www.
cff.org.br/userfiles/file/resolucao_sanitaria/140.pdf. Acesso em: 05 nov. 2021.

BRUM, L. F. da S.; ROCKENBACH, L.; BELLICANTA, P. L. Farmacologia básica. Grupo


A, 2018. 9788595025271. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788595025271/. Acesso em: 01 nov. 2021.

BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases farmacológicas da tera-


-pêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.

BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases farmacológicas da tera-


-pêutica de Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.

DESTRUTI, A. B. C. B.; ARONE, M. E.; PHILIPPI, M. L. S. Introdução a farmacologia. 9. ed.


São Paulo: Senac, 2010.

FRANCO, A. S.; KRIEGER, J. E. Manual de Farmacologia. São Paulo: Editora Manole,


2016. DOI: 9788520450321. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788520450321/. Acesso em: 31 out. 2021.

KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13 ed. Porto Alegre: Mc-
Graw-Hill, 2017. 1202 p. ISBN: 978-85-8255--596-7

KATZUNG, B.; MASTERS, S.; TREVOR, A. Farmacologia Básica e Clínica. Grupo A, 2017.
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580555974/. Acesso
em: 03 nov. 2021.

UNIDADE IV Ação e Interações de Medicamentos 87


LÜLLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia. Grupo A, 2017. Disponível em: https://
integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713815/. Acesso em: 01 nov. 2021.

MACEDO, M.; CARVALHO, J. M. K. de; NOGUEIRA, F. L. Plantas medicinais e ornamentais


da área do aproveitamento múltiplo em manso, Chapada dos Guimarães. Cuiabá: UFMT,
2002.

PEREIRA, D. G. Importância do metabolismo no planejamento de fármacos. Quim. Nova,


2007. p. 171–177.

RITTER, J. M. et al. Farmacologia. Grupo GEN, 2020. 9788595157255. Disponível em:


https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595157255/. Acesso em: 01 nov.
2021.

SILVA, P. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

TOY, E. C.; SOLTO, D. S.; TISCHKAU, S. U. Casos clínicos em farmacologia.: Grupo A,


2015. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580554533/.
Acesso em: 02 nov. 2021.

WARDLAW, G. M.; SMITH, A. M. Nutrição contemporânea. 8. ed. Porto Alegre: AMGH,


2013. WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2016.

WHALEN, K.; FINKELL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia Ilustrada. Grupo A, 2016.


DOI: 9788582713235. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788582713235/. Acesso em: 31 out. 2021.

88
CONCLUSÃO GERAL

Caro aluno (a)!

Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos a respeito da


Farmacologia. Para tanto, abordamos inicialmente conceitos iniciais super relevantes para
o entendimento dos próximos capítulos, deixando claro a você diferenças básicas e cons-
trutoras dentro da ação medicamentosa. A ação dos medicamentos e a descrição básica de
como ocorre seu efeito no organismo, auxilia você a assimilar como a administração de um
fármaco interfere em toda a fisiologia humana.
Destacamos também, as principais formas farmacêuticas, subdivididas em sólidas,
líquidas e semissólidas e a finalidade dos medicamentos, enfatizando a classificação bá-
sica para isto. A atuação da Psicofarmacologia (principais medicamentos que atuam no
sistema nervoso central e sistema nervoso autônomo) trouxeram tópicos importantes e
recapitulantes da disciplina de Anatomia Humana básica.
Levantamos aspectos sobre o mecanismo da dor no organismo humano, e alguns
mecanismos de ação relacionando a Psicofarmacologia, estabelecendo assim a importância
da classificação dos medicamentos que atuam no sistema nervoso central e autônomo. A
abordagem de conceitos e definições dos medicamentos e sua classificação nos sistemas,
nos faz identificar alguns campos de estudo dos principais medicamentos que atuam nos
principais sistemas do corpo humano, ficando assim mais claro a identificação dos princi-
pais tipos de medicamentos e suas principais classificações farmacológicas.
A partir de agora, acreditamos que você já está preparado para seguir em frente
desenvolvendo ainda mais suas habilidades, e claro, buscando sempre mais informações
sobre o estudo dos medicamentos no organismo humano, quero enfatizar sempre a
responsabilidade em adquirir conhecimento e ter responsabilidade na administração de
substâncias químicas a outro organismo.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado!

89
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