I Teorico

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 24

Gestão Título

Inserir de Resíduos
Aqui
Inserir Título
e Meio Ambiente
Aqui
Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Danielly Negrão

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco

Revisão Técnica:
Prof.ª M.ª Josiane Travençolo Silva
Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:

Fonte: Getty Images


• Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente;
• Responsabilidade de Gestão dos Resíduos;
• Resíduos de Serviços de Saúde;
• Riscos Relacionados aos Resíduos de Serviços de Saúde;
• Saúde do Trabalhador e RSS;
• Gerenciamento de Risco.

Objetivos
• Descrever a relação de resíduos no contexto da sociedade, meio ambiente e saúde;
• Proporcionar reflexão da relação de resíduos com aspectos populacionais e padrão de con-
sumo, bem como reconhecer os tipos de resíduos e sua classificação;
• Conceituar Resíduos de Serviços de Saúde (RSS);
• Definir os riscos ocupacionais e os relacionar com gerenciamento de risco.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente

Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente


A produção de resíduos sólidos faz parte do cotidiano do ser humano. Não se pode
imaginar um modo de vida que não gere resíduos sólidos. Em função do aumento da
população humana, da concentração da população em centros urbanos, da forma e do
ritmo da ocupação desses espaços, associados ao modo de vida com base na produção
e consumo cada vez mais rápidos de bens, os problemas causados por esses resíduos
tendem a se tornarem mais visíveis (MALHEIROS; PHILIPP JR., 2005).

Figura 1
Fonte: Getty Images

A questão dos resíduos sólidos é um dos problemas ambientais prioritários no início


do século XXI, sendo considerados a expressão mais visível e concreta dos riscos am-
bientais, ocupando um importante papel na estrutura de saneamento de uma comuni-
dade urbana.

Uma sociedade sustentável é aquela que consegue suprir suas necessidades de pro-
dução, consumo e crescimento sem comprometer as bases para o desenvolvimento das
futuras gerações; deve, portanto, caminhar no sentido do desenvolvimento sustentável,
equilibrando o crescimento econômico com a preservação do meio ambiente e a quali-
dade de vida.

Segundo os dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, a região Sudeste


teve uma geração diária de 108.063 toneladas de resíduos, equivalente a 1,232 kg
por habitante por dia no ano de 2018 (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais, 2018).

Tente utilizar essa referência e fazer um cálculo rápido, pegando a quantidade de


pessoas que moram na sua casa, por exemplo, em uma família há 4 pessoas, o que
daria uma média de geração de 4,928 kg de resíduos por dia, mas como há um bebê
que ainda utiliza fraldas, a geração será maior; tal família reside em um condomínio com
64 apartamentos – com esta média de moradores em cada residência, já chegaríamos
a 315.39 kg de resíduos/dia apenas nesse condomínio – e assim poderíamos fazer
diversos cálculos.

6
Com uma população mundial de 7,2 bilhões de habitantes, com mais da metade
vivendo em cidades, com uma projeção de até 2050 alcançarmos uma população mun-
dial urbana de 8 bilhões e 900 mil pessoas (UNITED NATIONS POPULATION FUND,
2014), os aspectos populacionais devem fazer parte da discussão sobre gerenciamento
de resíduos, uma vez que não há como pensar num estilo de vida que não gere resíduos.

Os fatores populacionais afetam todos os aspectos do desenvolvimento sustentável,


incluindo pobreza, urbanização, segurança do meio ambiente, migração, questões de
gênero e de saúde reprodutiva. Os gestores públicos, responsáveis pelas tomadas de
decisões, devem incluir esses temas em seus planos e políticas nacionais para que essas
questões sejam menos impactantes.

Por outro lado, a questão dos resíduos sólidos tem origem nos padrões de produção
e consumo e na forma de reprodução do capital. Como reflexo, os bens de produtos
são passíveis de um consumo exagerado, são rapidamente incorporados aos hábitos da
sociedade, programados com vida útil reduzida (COOPER, 2004) e apresentam compo-
sição cada vez mais problemática em termos ambientais.

O termo lixo é igual a resíduo? Será que a renda financeira da pessoa interfere no padrão
de geração de resíduos?

O conceito mais atual é de que lixo é aquilo que ninguém quer ou não tem valor
comercial, nesse caso, pouca coisa descartada pode ser chamada de lixo, que constitui o
resto das atividades humanas, consideradas pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou
descartáveis; apresentam-se sob estado sólido, semissólido ou líquido. Já o termo resíduo
sugere a ideia de algo que sobrou, mas que pode ser usado para outros fins (FARIAS;
FONTES, 2003). Com isso, entende-se que o termo resíduo seja mais adequado e traz
um conceito mais amplo, incluindo a possibilidade de reciclagem, recuperação e reuso.

Muito se tem discutido sobre as melhores formas de tratar e eliminar o “lixo” gerado
pelo estilo de vida da sociedade contemporânea. Existe uma tendência de se pensar que
o lixo é o espelho da sociedade, tão geradora de resíduos quanto mais consumistas e
qualquer tentativa de reduzir sua quantidade ou alterar sua composição pressupõe uma
mudança de comportamento social (TEIXEIRA; CARVALHO, 2006).

Estamos em um momento que é evidente uma maior discussão de questões de meio


ambiente e sustentabilidade, porém, ainda não temos o reflexo nas estatísticas que mos-
traram um crescimento de 1,3% nos resíduos por habitante, índice superior à taxa de
crescimento populacional registrada no ano de 2011, que foi de 0,9%, segundo a Asso-
ciação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) (2012).

Ainda segundo a Abrelpe (2018), estimativas mostram que o Brasil gerará cerca de
100 milhões de toneladas de lixo anualmente por volta do ano de 2030.

Além da geração dos resíduos domiciliares, que por si só representam um desafio


para os gestores públicos, nos ambientes urbanizados são produzidos uma gama de
outros tipos de resíduos, com diversas características e volumes crescentes, que de forma
emergencial pedem por um gerenciamento adequado.

7
7
UNIDADE
Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente

Classificação dos Resíduos


Aprenderemos sobre os tipos de resíduos e como se classificam.

Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com a origem, tipo de resí-
duo e periculosidade, vejamos:

De acordo com a origem:


• Resíduos domiciliares: são aqueles gerados nas residências e sua composição é
bastante variável, sendo influenciada por fatores como localização geográfica e ren-
da familiar. Porém, nesse tipo de resíduo podem ser encontrados restos de alimen-
tos, resíduos sanitários (papel higiênico), papel, plástico, vidro etc. Alguns produtos
que utilizamos e descartamos em casa são considerados perigosos e devem ter uma
destinação diferente dos demais, preferencialmente para locais destinados a resídu-
os perigosos. Por exemplo, pilhas e baterias, cloro, água sanitária, desentupidor de
pia, limpadores de vidro, fogão e removedor de manchas, aerossóis, medicamentos
vencidos, querosene, solventes etc.;
• Resíduos agrícolas: são aqueles gerados pelas atividades agropecuárias (cultivos,
criações de animais, beneficiamento, processamento etc.). Podem ser compostos
por embalagens de defensivos agrícolas, restos orgânicos (palhas, cascas, estrume,
animais mortos, bagaços etc.), produtos veterinários etc.;
• Resíduos comerciais: são aqueles produzidos pelo comércio em geral. A maior
parte é constituída por materiais recicláveis como papel e papelão, principalmente
de embalagens e plásticos, mas também podem conter restos sanitários e orgânicos;
• Resíduos industriais: são originados dos processos industriais. Possuem compo-
sição bastante diversificada e uma grande quantidade desses rejeitos é considerada
perigosa. Podem ser constituídos por escórias (impurezas resultantes da fundição
do ferro), cinzas, lodos, óleos, plásticos, papel, borrachas etc.;
• Resíduos da construção civil: mais conhecidos como “entulho”, são resultantes da
construção civil e reformas, de modo que grandes partes podem ser reaproveitadas,
embora isso não ocorra na maioria das situações por falta de informação. Os en-
tulhos são compostos por restos de demolição (madeiras, tijolos, cimento, rebocos,
metais etc.), de obras e solos de escavações diversas;
• Resíduo público ou de varrição: é aquele recolhido nas vias públicas, de modo
que sua composição é muito variada, dependendo do local e da situação em que
é recolhido, mas pode conter folhas de árvores, galhos e grama, animais mortos,
papel, plástico, restos de alimentos etc.;
• Todos os tipos de resíduos são subcategorizados como Resíduos Sólidos Urbanos
(RSU), que é o nome usado para denominar o conjunto de todos os tipos de resídu-
os gerados nas cidades e coletados pelo serviço municipal.

Além desses resíduos, temos ainda os outros tipos, tais como:


• Resíduos de portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários: o lixo
coletado nesses locais é tratado como “resíduo séptico”, pois pode conter agentes
causadores de doenças trazidas de outros países. Os resíduos que não apresentam
esse risco de contaminação podem ser tratados como lixo domiciliar;

8
• Resíduos de mineração: podem ser constituídos de solo removido, que conte-
nham metais pesados, restos e lascas de pedras e outros.

De forma intencional, no próximo


item estão os tipos de resíduos
mais importantes para os profis-
sionais de saúde, no contexto des-
ta discussão.

• Resíduos de serviços de saúde: compreendem uma grande variedade de resíduos,


com distintas características e classificações, considerando-se as inúmeras e dife-
rentes atividades que são realizadas nos estabelecimentos de saúde. São resíduos
gerados por qualquer estabelecimento que direta ou indiretamente, preste serviço
ligado à saúde humana ou animal em qualquer nível de atenção, prevenção, diag-
nóstico, tratamento, reabilitação ou pesquisa. Em decorrência de suas característi-
cas físico-químicas e infectocontagiosas, necessitam ser segregados de forma ade-
quada, visando minimizar os impactos intra e extra unidades (GUNTHER, 2008).

Antigamente, a denominação lixo hospitalar era usada para qualquer resto prove-
niente de hospitais e serviços de saúde, como a classificação está ligada à origem e os
hospitais são os maiores geradores, era o termo mais utilizado.

De acordo com o tipo, temos:


• Resíduo reciclável: papel, plástico, metal, alumínio, vidro, entre outros;
• Resíduo não reciclável ou rejeito: resíduos que não são recicláveis, ou resíduos
recicláveis contaminados.

De acordo com a periculosidade:

Essa classificação foi definida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
na Norma Brasileira de Regulamentação (NBR) 10004:2004 da seguinte forma:
• Resíduos perigosos (classe I): são aqueles que por suas características podem
apresentar riscos para a sociedade ou para o meio ambiente. São considerados
perigosos também os que apresentem uma das seguintes características: inflamabi-
lidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade. Os resíduos que
recebem essa classificação requerem cuidados especiais de destinação;
• Resíduos não perigosos (classe II): não apresentam nenhuma das características
do item anterior, podendo ainda ser subclassificados em inertes ou não inertes.

Responsabilidade de Gestão dos Resíduos


A responsabilidade pela coleta e destinação do resíduo gerado pode variar de Estado
para Estado e de município para município, de acordo com a legislação local, mas,
geralmente, distribui-se da seguinte forma:

9
9
UNIDADE
Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente

• Municípios: são responsáveis pela coleta e destinação dos resíduos domiciliares,


comerciais e públicos;
• Gerador: os resíduos de serviços de saúde, industrial, de portos, aeroportos, ter-
minais ferroviários e rodoviários, agrícolas e entulhos são de responsabilidade de
quem os gerou.

Resíduos de Serviços de Saúde


Agora que conhecemos todos os tipos de resíduos presentes em uma sociedade, foca-
remos os nossos estudos somente nos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS).

No Brasil, conforme as normas NBR 12.807 e 12.808 da (ABNT) (1993a, 1993b),


os RSS são conceituados como “[...] resíduos resultantes das atividades exercidas por
estabelecimentos geradores destinados à prestação de assistência sanitária à população,
como hospitais, unidades básicas de saúde, clínicas médicas, odontológicas, veterinárias,
laboratórios e farmácias”.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da Resolução da


Diretoria Colegiada (RDC) n.º 306/2004, que é o principal instrumento legal e órgão
fiscalizador, estando vinculada ao alvará sanitário de funcionamento das instituições de
saúde, define como procedimentos mínimos no gerenciamento de RSS:

Um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados


a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com os obje-
tivos de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos
gerados um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à pro-
teção dos trabalhadores, à preservação da saúde pública, dos recursos
naturais e do ambiente.

No regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos da saúde da RDC


n.º 306/2004, especificamente no Item 1 do Capítulo III, define-se o manejo como as
seguintes etapas: segregação, acondicionamento, identificação, transporte interno, arma-
zenamento temporário, tratamento, armazenamento externo, coleta e transporte externo
e destinação final. Determina que os estabelecimentos de saúde devem obter licença
ambiental municipal ou, na ausência deste órgão, por meio do órgão ambiental estadual.

O sistema de gerenciamento de RSS engloba duas fases distintas, dependendo de


suas etapas, ou seja: quando ligado à instituição geradora – serviço de saúde – pode
ser chamado de Sistema de Gerenciamento Interno (SGI), e quando relacionado aos
procedimentos de coleta externa, transporte, tratamento e disposição final, pode ser
denominado Sistema de Gerenciamento Externo (SGE).

Esses resíduos são classificados como grupos A, B, C, D, E. Os do Grupo A são os


resíduos infectantes, aqueles com possível presença de agentes biológicos; os do Grupo
B contêm substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio
ambiente; os do Grupo C são os radioativos; do Grupo D são resíduos comuns reci-
cláveis e não recicláveis, que não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à

10
saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares; e como
Grupo E estão os materiais perfurocortantes ou escarificastes (BRASIL, 2004).

Um RSS pode ser classificado em mais de um grupo; como exemplo considere uma
agulha utilizada em quimioterapia, de modo que se analisada isoladamente deveria ser
descartada no grupo E – perfurocortante –, mas como está impregnada com restos de
substâncias quimioterápicas, classificadas como grupo B – químico –, deverá ser acondi-
cionada em coletor de resíduos químicos (caixas laranjas) e feita a destinação como resí-
duo químico, por ter maior risco – dada a legislação ser restritiva (NOGUEIRA, 2014).

Para lhe ajudar a relacionar as etapas de manejo dos RSS com a realidade de seu
local de trabalho, estudo ou experiências que teve em estágios ao longo da Graduação,
foi elaborado por Guassú (2008) um checklist baseado na legislação com todas as etapas
da RDC n.º 306/2004, vejamos:

Tabela 1 – Checklist dos resíduos de serviços de saúde


MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE SIM NÃO NÃO SEI
CLASSIFICAÇÃO
Você sabe classificar os RSS gerados na sua unidade pelos grupo A-Infectante, B-químico,
C-radioativo, D-comum e E-perfurocortante?
Existe quadro educativos com figuras visíveis que auxiliam na classificação?
SEGREGAÇÃO
Existem lixeiras diferenciadas?
As lixeiras existentes são suficientes para segregar os resíduos nos locais onde estes são gerados?
Segrega o lixo reciclável?
Fezes, urina, vômito, sangue, não são desprezados no vaso sanitário?
MINIMIZAÇÃO
Existem estratégias de minimização de RSS Ex. fragmentar, compactar, triturar.
TRATAMENTO PRELIMINAR
Existe tratamento preliminar a fim de reduzir ou minimizar os agentes nocivos à saúde humana
ou ao meio ambiente?
Resíduos provenientes de laboratórios, banco de sangue, hemocentros, vacinas, imunobiológi-
cos, são descartados com tratamento preliminar?
ACONDICIONAMENTO
Os resíduos infectantes são acondicionados em sacos plásticos brancos leitosos?
Os resíduos perfurocortantes são acondicionados em recipientes com paredes rígidas?
Os coletores possuem tampa acionada por pedal?
Existe separação de resíduos reciclados?
Os resíduos químicos têm coletores laranja específicos? Inclusive as sobras de medicação?
IDENTIFICAÇÃO
São utilizados símbolos e cores diferenciados para a identificação das embalagens, coletores in-
ternos, recipientes e locais de armazenamento?
ARMAZENAMENTO INTERNO
Existe abrigo exclusivo ou área de armazenamento interno para os resíduos?
Obs. Dependendo da quantidade pode ser utilizado um contêiner exclusivo em vez do abrigo.
Não é utilizada a mesma área que o serviço de higiene?

11
11
UNIDADE
Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente

MANEJO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE SIM NÃO NÃO SEI


COLETA E TRANSPORTE INTERNO
A coleta e transporte até o armazenamento externo é feito em contêineres fechados sem mis-
turar os resíduos?
Existe horário e rota específica para retirada dos RSS das unidades?
ARMAZENAMENTO EXTERNO
Existe abrigo ou área de armazenamento externo para os resíduos?
Os abrigos externos oferecem segurança quanto à entrada de pessoas não autorizadas e animais?
Existem boxes distintos para armazenamento dos recipientes dos diferentes tipos de resíduos?
COLETA E TRANSPORTE EXTERNO
A coleta e transporte até o destino final são realizados pelo próprio estabelecimento?
Se realizado pela prefeitura ou serviço terceirizado, é cobrado por esse serviço?
A coleta e transporte externo são realizados por veículos específicos ?
Os veículos coletores do transporte externo têm fácil acesso à área de armazenamento externo?
TRATAMENTO FINAL
O estabelecimento realiza tratamento dos resíduos antes da disposição? Ex. autoclavação, desa-
tivação eletrotérmica
DISPOSIÇÃO FINAL
Você sabe qual o destino final dos RSS no seu local de trabalho ou estudo?
O estabelecimento de saúde tem licença ambiental?
A disposição final é realizada por serviços terceirizados?
ARMAZENAMENTO INTERNO
Existe abrigo exclusivo ou área de armazenamento interno para os resíduos?
Obs. Dependendo da quantidade pode ser utilizado um contêiner exclusivo em vez do abrigo.
Não é utilizada a mesma área que o serviço de higiene?
COLETA E TRANSPORTE INTERNO
A coleta e transporte até o armazenamento externo é feito em contêineres fechados sem mis-
turar os resíduos?
Existe horário e rota específica para retirada dos RSS das unidades?
ARMAZENAMENTO EXTERNO
Existe abrigo ou área de armazenamento externo para os resíduos?
Os abrigos externos oferecem segurança quanto à entrada de pessoas não autorizadas e animais?
Existem boxes distintos para armazenamento dos recipientes dos diferentes tipos de resíduos?
COLETA E TRANSPORTE EXTERNO
A coleta e transporte até o destino final são realizados pelo próprio estabelecimento?

Neste checklist a resposta ideal seria “sim” em todos os itens; se você não atua diretamente
na gestão de RSS, alguns itens provavelmente estarão assinalados como “não sei” – por-
que realmente são questões bem específicas.

Agora você tem uma melhor interpretação do quanto é complexo o gerenciamento


de resíduos de serviço de saúde. Então, vamos ao conceito, que segundo Crema e cola-
boradores (2006, p. 128):

12
O gerenciamento de resíduos de serviço de saúde compreende ações
planejadas e implementadas, pautadas nas legislações vigentes, com o
compromisso de minimizar a produção de resíduos gerados e oferecer
aos mesmos um encaminhamento e tratamento seguros, visando à pro-
teção dos trabalhadores e a preservação da saúde e do meio ambiente.

Um sistema de gerenciamento implantado permite aos hospitais o manejo adequado


dos resíduos por controlar e reduzir com segurança e economia os riscos para a saúde, oca-
sionados pelos resíduos infectantes e químicos e ainda facilita a reciclagem, o tratamento,
o armazenamento, o transporte e a disposição final dos RSS de forma ambientalmente
segura, com significativas reduções de custos e impacto econômico (NOGUEIRA, 2014).

Os RSS vêm assumindo grande importância nos últimos anos, não necessariamente
pela quantidade gerada, que é cerca de 1 a 3% do total dos resíduos sólidos urbanos,
mas pelo potencial de risco que representam à saúde e ao meio ambiente (AGAPITO,
2007), pois, quando esse pequeno montante não é manipulado corretamente torna os
demais resíduos infectantes (CHAERUL; TANAKA; SHEKDAR, 2008). Isso tem susci-
tado a criação de políticas públicas e legislações, que têm como eixos de orientação a
sustentabilidade do meio ambiente e a preservação da saúde.

Vários podem ser os danos decorrentes do mau gerenciamento dos RSS; dentre eles
destaca-se a contaminação do meio ambiente, a ocorrência de acidentes de trabalho envol-
vendo profissionais da saúde, o comprometimento da higiene hospitalar, problemas na
limpeza pública e agravos à saúde dos catadores de lixo; a propagação de doenças para a
população em geral, por contato direto ou indireto através de vetores, além de uma série
de contaminantes químicos presentes, dentre os quais se destacam os metais pesados
(TAKAYANAGUI, 1993, 2000; BIDONE, 2001; MALHEIROS; PHILIPPI JR., 2005).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma série de princípios básicos que
descrevem a gestão segura e sustentável dos RSS como uma exigência de saúde públi-
ca, convocando todas as entidades relacionadas a apoiá-la e financiá-la adequadamente
(Organização Mundial da Saúde, 2007).

Para um aprofundamento na temática e para conhecer o material, leia o artigo intitulado


Resíduo hospitalar: o lado sombrio da assistência médica, disponível em: https://bit.ly/3qzIa85

Os governos de todo o mundo, por meio da Assembleia Mundial da Saúde, fizeram


um chamado para uma ação mais enfática frente aos resíduos de serviços de saúde
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010).

O relator especial da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, no ano de


2011, pediu pelo “[...] desenvolvimento de um amplo marco legal internacional focado
na proteção da saúde humana e do meio ambiente contra os efeitos adversos da gestão e
destinação inadequada de resíduos perigosos de serviços de saúde” (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2010).

13
13
UNIDADE
Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente

Riscos Relacionados aos


Resíduos de Serviços de Saúde
No ano de 2013, a OMS publicou um manual sobre o gerenciamento seguro e sus-
tentável de resíduos de saúde e fez uma consideração sobre a caracterização dos RSS,
termo que inclui todos os resíduos gerados dentro de hospitais, centros de saúde, centros
de pesquisa, laboratórios e clínicas relacionadas a procedimentos médicos. Neste concei-
to também estão incluídos os resíduos produzidos pelos trabalhadores e pacientes; todos
os resíduos gerados no curso dos cuidados de saúde, inclusive em áreas administrativas,
cozinhas, manutenções, jardins, podendo ser incluído ainda as embalagens recicláveis,
e com isto chegam-se a números próximos de 75 a 90% dos resíduos produzidos em
serviços de saúde, sendo comparável a resíduos domiciliares, chamados de resíduos de
saúde comum ou ainda não perigosos.

O restante, que pode variar de 10 a 25% dos RSS, de fato são considerados como
perigosos e podem representar uma série de riscos ambientais e de saúde (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2013).

Os resíduos de serviços de saúde apresentam riscos que, se bem gerenciados, não


resultam em danos à saúde pública e ao meio ambiente. Assim como os resíduos gera-
dos pela comunidade, o potencial de risco dos RSS aumenta quando os mesmos são
manuseados de forma inadequada ou não são apropriadamente acondicionados e des-
cartados, especialmente em situações que favorecem a penetração de agentes de risco
no organismo.

A seguir veremos uma abordagem sobre as características microbiológicas dos riscos


que os RSS podem vir (ou não) a apresentar.

Características Microbiológicas e Riscos Potenciais dos RSS


Os RSS são gerados por prestadores de assistência médica, odontológica, laboratorial,
farmacêutica, instituição de ensino e pesquisa relacionada tanto à população humana quan-
to à veterinária, os quais possuem potencial risco de causar infecção (HINRICHEN, 2004).

O potencial risco ocorre em função da presença de material biológico, produtos quí-


micos perigosos, objetos perfurocortantes contaminados e rejeitos radioativos.

Segundo Morel e Bertusi Filho (1997), os primeiros estudos realizados com intuito
de caracterizar as unidades geradoras de RSS, em termos qualitativos e quantitativos,
ocorreram em 1978. “Naquela oportunidade foi identificada uma série de microrganis-
mos presentes na massa de resíduos, razão pela qual recomendaram cuidados especiais
no gerenciamento, como acondicionamento e coleta”. Nesses estudos foram identifi-
cados os seguintes microrganismos: Salmonela typhi, Shigella sp., Pseudomonas sp.,
Streptococus, Staphylococus aureus e Cândida albicans. A possibilidade de sobrevivên-
cia de vírus na massa de resíduos sólidos foi comprovada para pólio de tipo I, hepatites
A e B, influenza, vaccínia e vírus entéricos.

14
Ainda nesse estudo, verificaram o tempo de sobrevivência em dias de alguns agentes
etiológicos na massa de resíduos sólidos: Entamoeba histolylica de 8 a 12, Leptospira
interrogans de 15 a 43, polivírus de 20 a 170, larvas de vermes de 25 a 40, Salmonella
typhi de 29 a 70, Mycobacterium tuberculosis de 150 a 180, Ascaris lumbricoides
(ovos) de 2.000 a 2.500 dias (MOREL; BERTUSI FILHO, 1997).

Apesar das evidências do estudo de Morel e Bertusi Filho (1997), ainda há divergên-
cias de posicionamento quanto às características microbiológicas dos RSS entre pesqui-
sadores, políticos e administradores hospitalares, gerando conflitos quanto ao rigor de
todo um sistema de gerenciamento dos RSS diferenciado dos resíduos urbanos.

A análise realizada por Andrade (1997) sobre o fluxo e características físicas, químicas
e microbiológicas dos RSS em 92 estabelecimentos de saúde no Município de São Carlos,
SP, detectou 25 culturas positivas para bactéria, sendo isoladas Escheria coli, Klebsiella sp.,
Enterobacter aerogenes e Staphylococus aureus. Segundo esse autor, todos os micror-
ganismos detectados em sua investigação podem causar infecção hospitalar, entretanto,
por pertencerem à microbiota normal humana, essas infecções não são resultadas de
transmissão através de RSS, mas de complicação do paciente que perdeu a capacidade de
conviver normal e harmoniosamente com a microbiota que habita seu corpo.

Na literatura internacional e brasileira há inúmeras publicações de pesquisadores da


área da saúde, saneamento e meio ambiente, que afirmam não existirem fatos que
comprovem que os RSS apresentem maior periculosidade e que também sejam mais
contaminados que os resíduos domiciliares, não havendo, portanto, justificativa para
exigência de tratamento, coleta e disposição final diferenciada. É consenso nas práticas
globais o gerenciamento rigoroso para os resíduos perigosos, representando cerca de
10 a 25% do total e aos perfurocortantes que se enquadram no Grupo E da RDC n.º
306/2004, por poderem romper a integridade da pele; e a recipientes contendo culturas
com material vivo (por exemplo, frascos de vacinas), mesmo que ambos correspondam
a uma parcela mínima do total de RSS.

Deve-se considerar, na realidade brasileira, a variação da capacidade de gestão ambien-


tal dos municípios, como sistemas de tratamento dos resíduos perigosos e a destinação
final com aterros sanitários licenciados, ainda a exposição dos catadores nos lixões, condi-
ções da queima de lixo a céu aberto sem segregação e a saúde ocupacional. Também não
é plausível utilizar como parâmetro literatura de países onde já avançaram mais na política
ambiental e as condições sociais são menos degradantes que a realidade brasileira.

Saúde do Trabalhador e RSS


A questão dos RSS não pode ser analisada apenas no aspecto da transmissão de
doenças infecciosas, existindo também preocupação com a saúde do trabalhador e pre-
servação do meio ambiente, sendo essas questões o foco da biossegurança.

O controle de riscos é o princípio básico da biossegurança. A definição das últimas


diretrizes gerais para o trabalho de contenção com material biológico do Ministério da
Saúde (BRASIL, 2004, p. 18) considera biossegurança como:

15
15
UNIDADE
Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente

Condição de segurança alcançada por conjuntos de ações destinadas a pre-


venir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que pos-
sam comprometer a saúde humana, animal e vegetal e o meio ambiente.

O risco de causar doenças pela exposição aos RSS para o público em geral é muito
mais baixo do que o risco dos indivíduos ocupacionalmente expostos. Esse risco é maior
durante a geração, no local de trabalho, e declina a partir desse ponto, sendo maior o
risco ocupacional do que o ambiental (CUSSIOL, 2000).

Guassú (2001) realizou pesquisa quali-quantitativa em um hospital-escola do Norte


do Paraná com indivíduos que sofreram acidente de trabalho e preencheram ficha de
notificação no ano de 2001. Os resultados apresentados mostraram que o auxiliar e téc-
nico de enfermagem representam 48,3% do total de acidentes com material biológico e
53,7% com perfurocortantes e em segundo lugar, os auxiliares de serviços gerais, com
36,8% com material biológico e 33,3% com perfurocortantes. As demais categorias
citadas na pesquisa compõem-se de residentes médicos, cirurgiões, instrumentadores
cirúrgicos e bioquímicos.

A seguir veremos de forma sistematizada os riscos mais comuns relacionados ao ge-


renciamento de RSS e à saúde do trabalhador.

Risco Biológico
Considera-se risco biológico a probabilidade da ocorrência de um evento adverso em
virtude da presença de um agente biológico. Os pré-requisitos necessários para o desen-
volvimento de uma doença infecciosa são a presença do agente infeccioso; número sufi-
ciente do agente; hospedeiro suscetível; porta de entrada do agente no hospedeiro – que
deve estar presente ou ser criada.

Na literatura há registros de muitos acidentes envolvendo resíduos perfurocortantes


(criação da porta de entrada) com sangue e outros fluidos orgânicos (possível presença e
concentração do agente infectante), envolvendo tanto o pessoal da atenção à saúde como
o da limpeza e coleta dos resíduos, muitas vezes com baixa resistência e sem imunização.

Para diminuir o risco de transmissão de doenças por sangue e fluidos, é importante:


• Descartar todo resíduo perfurocortante e abrasivo, inclusive os que não foram usa-
dos, em recipiente exclusivo, resistente à perfuração e com tampa, sem ultrapassar
o limite de 2/3 da capacidade total;
• Colocar os recipientes coletores para o descarte de material perfurocortante próxi-
mo ao local onde é realizado o procedimento;
• Não reencapar, entortar, quebrar ou retirar manualmente as agulhas das seringas;
• Transportar os sacos de lixo segurando sempre pelo nó de amarração e longe
do corpo;
• Não enrolar roupas de camas, lençóis, sem conferir a presença de agente perfuro-
cortante;

16
• Ter atenção durante a higiene do local, pois é comum agulhas e lacres de medica-
ção no chão, principalmente no posto de enfermagem e expurgo;
• Ter atenção durante aspiração e outros procedimentos com exposição a mate-
riais  iológicos;
• Fornecer equipamentos de proteção individual ao pessoal da higienização e cole-
ta dos resíduos, de acordo com o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA) do estabelecimento.

Risco Físico
O risco físico está relacionado à exposição dos profissionais a agentes físicos, tais
como temperaturas extremas durante o abastecimento manual das unidades de trata-
mento térmico; e à radiação ionizante, quando os rejeitos radioativos são mal acondi-
cionados ou armazenados para decaimento. Outros agentes físicos são: ruído, vibração,
radiação não ionizante, iluminação deficiente ou excessiva e umidade. Para minimizar a
exposição radiológica, devem-se seguir as orientações contidas no Programa de Geren-
ciamento de Rejeitos Radioativos (PGRR), aprovado pela Comissão Nacional de Energia
Nuclear (Cnen) para a instalação. A capacitação continuada, o correto atendimento às
normas e o gerenciamento dos resíduos minimizam a exposição a esse tipo de risco.

Risco Químico
O risco químico no gerenciamento de RSS tem como principais causadores os
quimioterápicos (citostáticos, antineoplásicos etc.), amalgamadores, saniantes e desinfe-
tantes químicos (álcool, glutaraldeído, hipoclorito de sódio, ácido peracético, clorexidina
etc.) e os gases medicinais (óxido nitroso e outros) e ainda pilhas e baterias, reveladores
de raios X e outros tantos.

A RDC n.º 306/2004 faz referência a oito grupos de resíduos químicos e todos da
Portaria n.º 344/98 fazem referência específica à medicação controlada, psicotrópicos
e agentes anestésicos.

A exposição aos resíduos químicos perigosos mal acondicionados ou submetidos a


tratamento em instalações inadequadas também é danosa à saúde do trabalhador e da
população do entorno da área de tratamento.

O risco químico pode ser minimizado utilizando-se Equipamentos de Proteção Indivi-


dual (EPI), tais como luvas, máscaras, respirador nasal, óculos e avental impermeável, os
quais adequados para o manuseio de produtos químicos, a fim de garantir a manutenção
da saúde e a segurança das pessoas, além de evitar impactos ao meio ambiente.

Alguns desses RSS são gerenciados por meio de logística reversa com o fornecedor
do produto, não impactando nem volume ou custo dos mesmos.

17
17
UNIDADE
Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente

Risco Ergonômico
Causado por agentes ergonômicos, tais como postura incorreta, levantamento e
transporte manual de cargas; e ritmo de trabalho e carga excessivos, que podem resul-
tar em transtornos músculo-articulares diversos. Para minimizar o risco ergonômico, são
recomendadas as seguintes ações:
• Manutenção dos equipamentos de coleta e transporte dos RSS;
• Planejar a frequência da coleta interna dos resíduos;
• Planejamento de rota com menos declive e menor manipulação;
• Promover capacitações permanentes da equipe de limpeza quanto à postura duran-
te levantamento de carga de RSS e outras relacionadas.

Risco de Acidente
Exposição da equipe de saúde a agentes mecânicos ou que propiciem acidentes é o
que caracteriza este risco. Escalpes, agulhas, lacres de medicação e bisturis são, cons-
tantemente, encontrados junto aos lençóis e roupas de centro cirúrgico nas lavanderias.
Outros riscos são: abrigo de resíduos com espaço físico subdimensionado ou arranjo físi-
co inadequado, acesso inadequado ao abrigo de resíduos pelo pessoal da coleta externa,
contêineres sem condições de uso, perigo de incêndio ou explosão de equipamentos de
tratamento de resíduos, ausência de EPI, agulhas no chão e improvisações diversas.

Para minimizar o risco de acidentes, devem ser observadas as seguintes recomendações:


• Adquirir equipamentos de proteção individual de qualidade, com desenhos respei-
tando a ergonomia e em número suficiente para a utilização do pessoal da limpeza;
• Segregar e acondicionar corretamente os resíduos, principalmente os que podem
resultar em danos ao trabalhador que faz a higienização e coleta;
• Instalar extintores de incêndio obedecendo ao preconizado pela Norma Regula-
mentadora (NR) 23 e capacitar a equipe para sua utilização;
• Realizar manutenção preventiva e corretiva da estrutura física da sala e do abrigo de
resíduos, incluindo instalações hidráulicas e elétricas, dos recipientes de acondicio-
namento, do carro de coleta interna e, também, dos contêineres de armazenamento;
• Implantar o PPRA, de acordo com a NR 9.

Risco pela Falta de Conforto e Higiene


Exposição do profissional a riscos por ausência de conforto no ambiente de traba-
lho e a riscos sanitários são caracterizados por falta de produtos de higiene pessoal,
como sabonete líquido e toalha descartável nos lavatórios; ausência de água potável para
consumo; não fornecimento de uniformes; ausência de vestiários com armários para a
guarda de pertences; falta de local apropriado para lanches ou refeições; falta de prote-
ção contra chuva; entre outros. Para minimizar o risco pela falta de conforto e higiene,
o estabelecimento deve proporcionar à equipe condições de higiene, de conforto e de
salubridade no ambiente de trabalho, de acordo com a NR 24 (CUSSIOL, 2008).

18
Gerenciamento de Risco
Segundo Cussiol (2008) no Manual da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam),
o gerenciamento de risco é o controle de forma mais eficiente dos riscos aos quais os
trabalhadores estão expostos durante o desempenho das tarefas, a fim de assegurar a
saúde, prevenir acidentes, bem como minimizar impactos ambientais. De forma geral,
os riscos podem ser minimizados e, até mesmo, eliminados, por meio da seleção e
aplicação das possíveis medidas apropriadas de controle; implantação de programas
de alertas, inclusive com distribuição de material informativo; capacitação dos recursos
humanos sobre como reconhecer os riscos envolvidos em suas tarefas; e sensibilização
para a importância da utilização e higienização dos equipamentos de proteção individual
para evitar danos à saúde.

A tarefa de gerenciamento de riscos deve ser implementada por todas as partes


envolvidas nos processos, ou seja, em todos os níveis da organização.

Conceito de Prevenção e Precaução


• Prevenção: quando há certeza de que todos os riscos são conhecidos no estado
atual e reconhece-se a existência de medidas para diminuir, eliminar e intervir no
possível dano. Sendo assim, adotam-se atitudes de segurança em função dos ris-
cos identificados;
• Precaução: quando há a certeza de que nem todos os riscos são conhecidos no
estado atual e leva-se a crer que há possibilidade da ocorrência de danos. Como
risco desconhecido não pode ser considerado como sendo inexistente, deve-se ser
mais restritivo e implementar medidas que possam prever o possível dano.

Um dos pontos principais no gerenciamento consiste na análise e avaliação de riscos,


e isso só será possível se houver uma política decisória, em cada serviço, para imple-
mentar medidas preventivas e de precaução que direcionem ações efetivas, visando
alcançar resultados que garantam a eliminação e/ou minimização dos riscos ocupacio-
nais, considerando também princípios como desenvolvimento sustentável, responsabi-
lidade solidária e responsabilidade socioambiental no gerenciamento de RSS alinhado
com as práticas globais.

Os padrões de produção e consumo e ainda a forma de reprodução do capital, aliados aos


fatores populacionais, trazem reflexos no gerenciamento de resíduos de um modo geral.
Além da geração dos resíduos domiciliares, que por si só representam um desafio para os
gestores públicos, nos ambientes urbanizados são produzidos uma gama de outros tipos
de resíduos, com diversas características e volumes crescentes, que de forma emergencial
pedem por um gerenciamento adequado.
Os RSS vêm assumindo grande importância nos últimos anos, não necessariamente pela
quantidade gerada, que é cerca de 1 a 3% do total dos resíduos sólidos urbanos, mas pelo
potencial de risco que representam à saúde e ao meio ambiente.
O gerenciamento de resíduos de serviço de saúde compreende ações planejadas, pauta-
das nas legislações vigentes, com o compromisso de minimizar a produção de resíduos

19
19
UNIDADE
Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente

gerados e oferecer à população um encaminhamento e tratamento seguros, visando à


proteção dos trabalhadores e a preservação da saúde e do meio ambiente.
Entretanto, os hospitais, enquanto serviços de saúde, têm tido dificuldades para opera-
cionalização do PGRSS como determina a Lei, gerando desperdícios e comprometendo a
saúde da população.
Um sistema de gerenciamento implantado permite aos hospitais o manejo adequado dos
resíduos, por controlar e reduzir os riscos para a saúde ocasionados pelos resíduos infec-
tantes e químicos e facilita a reciclagem, o tratamento, o armazenamento, o transporte e
a disposição final dos RSS de forma ambientalmente segura e econômica.
A Enfermagem desempenha um importante papel relacionado à gestão de RSS, de modo
que a temática se enquadra em gerenciamento de recursos físicos e materiais, gerencia-
mento ambiental e gerenciamento de custos, que não constituem atividades simples, pois
pressupõem o domínio de uma diversidade de legislações, conhecimento específico, in-
terface com todas as áreas assistenciais, administrativas e de apoio, com um compromisso
com o meio ambiente e com a qualidade de vida da população e dos trabalhadores.

20
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS
ESPECIAIS. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2018/2019. São Paulo, 2018.
Disponível em: <https://abrelpe.org.br/download-panorama-2018-2019>. Acesso em:
08/12/2020.

________. Resíduos sólidos: manual de boas práticas e planejamento. São Paulo,


2013. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/manual_apresentação.cfm>. Acesso
em: 17/05/2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9191 – sacos plásticos


para acondicionamento de lixo: requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2008.

________. NBR 10004 – resíduos sólidos: classificação. Rio de Janeiro, 2004a.

________. NBR 7500 – identificação para o transporte terrestre, manuseio, movi-


mentação e armazenamento de produtos. Rio de Janeiro, 2004b.

________. NBR 12809 – manuseio de resíduos de serviços de saúde. Rio de Janeiro,


1993.

________. NBR 12235 – armazenamento de resíduos sólidos perigosos. Rio de


Janeiro, 1992.

BELO HORIZONTE. Manual de regulamento orientador para a construção dos


indicadores de monitoramento, avaliação e controle de plano de gerenciamento
de resíduos de serviços de saúde. Belo Horizonte, MG: Copagress, 2011.

BRASIL. Lei n.º 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a política nacional de


resíduos sólidos; altera a Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e dá outras pro-
vidências. Brasília, DF, 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato20072010/2010/lei/ l12305.htm>. Acesso em: 17/05/2016.

________. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução


n.º 222, de 28 de março de 2018. Regulamenta as boas práticas de gerenciamento de
resíduos de serviços de saúde e dá outras providências. Brasília, DF, 2018. Disponível
em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2018/rdc0222_28_03_2018.
pdf>. Acesso em: 11/12/2020.

______ __. Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n.º 306, de 7 de dezembro de


2004. Dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de servi-
ços de saúde. Brasília, DF, 2004. Disponível em: <http://www. febrafar.com.br/upload/
up_ images/rdc306.pdf>. Acesso em: 17/05/2016.

________. Portaria n.º 344, de 12 de maio de 1998. Aprova o regulamento técni-


co sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. Brasília, DF, 1998.
Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/ legis/portarias/index98.htm>. Acesso em:
17/05/2016.

21
21
UNIDADE
Resíduos, Sociedade e Meio Ambiente

________. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Reso-


lução n.º 358, de 29 de abril de 2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final
dos resíduos dos serviços de saúde. Brasília, DF, 2005. Disponível em: <http://www.
mma.gov.br/port/conama/res/ res05/res35805.pdf>. Acesso em: 17/05/2016.

CUSSIOL, N. M. A. Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.


Belo Horizonte, MG: Feam, 2008.

DUTRA, M. L.; MONTEIRO, P. S. Gerenciamento de resíduos sólidos em um hos-


pital de ensino em Brasília, DF. Comun. Ciênc. Saúde, v. 22, n. 4, p. 305-314, 2011.

NOGUEIRA, D. N. G. Gestão de resíduos de serviço de saúde: mensuração do custo


em centro cirúrgico. 2014. Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem da Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2014.

________; CASTILHO, V. Pesquisa documental sobre segurança dos trabalhadores no


manejo de resíduos de serviços de saúde. In: CONGRESSO MUNDIAL DE GEREN-
CIAMENTO DE RESÍDUOS, 2014, São Paulo. Anais... São Paulo, 2014.

KARLINER, J.; GUENTHER, R. Agenda global para hospitais verdes e saudáveis.


Uma agenda abrangente de saúde ambiental para hospitais e sistemas de saúde em
todo o mundo. [20--]. Disponível em: <http://greenhospitals.net/wpcontent/uploa-
ds/2012/03/ GGHHA-Portugese.pdf>. Acesso em: 17/05/2016.

SILVA, M. F. I. Gerenciamento no centro cirúrgico. Central de material e centro de


recuperação do interior paulista. 2004. Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, 2004.

VENÂNCIO, L. Manual de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde da


Unimed-Brasil. Belo Horizonte, MG: [S.l.: s.n.], 2005.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Improving health through safe and environmentally


sound waste management. In: WORLD HEALTH ASSEMBLY, 63., 22 jan. 2010, Geneva.
Annales... Geneva, 2010. Disponível em: <http://www.who.int/ipcs/publications/wha/
waste_resolution.pdf>. Acesso em: 16/02/2021.

22

Você também pode gostar