Art. Fenomenos de Tranporte Seg. Unidade
Art. Fenomenos de Tranporte Seg. Unidade
Art. Fenomenos de Tranporte Seg. Unidade
Cassio Alencar Barreto; Francisco Lucas de Souza Linhares; Kaio Alencar Barreto; Manoel
Jose de Carvalho Neto; Marcos Vinícius Evangelista Torres.
Resumo: Na elaboração de um projeto hidráulico devemos levar em consideração alguns fatores, como por
exemplo, o atrito com as paredes da tubulação e a perda de carga ao longo do escoamento. O conhecimento sobre
a perdas de carga em tubulações e acessórios hidráulicos são de grande importância para o correto
dimensionamento de projetos hidráulicos e máquinas de fluxo. Este trabalho foi dividido em duas partes, onde a
primeira foi determinar experimentalmente o fator de atrito no escoamento em uma tubulação de PVC em função
do comprimento do tubo. Para isso, utilizamos a regressão linear com base na equação de Darcy-Weisbach. A
segunda parte teve como objetivo quantificar a perda de carga localizada de alguns acessórios hidráulicos, com
base no método dos comprimentos equivalentes e o método dos coeficientes de perda de carga. Uma das
dificuldades na realização desses experimentos foi obter a condições necessárias à aplicação das equações, como
por exemplo, obter um regime de escoamento permanente. Outra consideração é de que os dados da literatura
também são, em sua maioria, baseados em métodos empíricos, o que aumenta significativamente os erros
experimentais.
1-INTRODUÇÃO
2-OBJETIVOS
3-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1-ENERGIA MECÂNICA
Um escoamento é simplesmente a movimentação de um fluido de local para outro,
estabelecendo uma vazão e um fluxo de massa. O escoamento pode acontecer naturalmente
devido à diferença de nível entre dois pontos, como acontece em um rio ou um canal, ou de
forma forçada, como no bombeamento de água de uma represa para uma caixa d’água de
abastecimento de uma cidade.
Muitos sistemas fluidos foram projetados para transportar um fluido de um local para
outro a uma vazão, velocidade e diferença de elevação especificados, e o sistema pode gerar
trabalho mecânico em uma turbina, ou pode consumir trabalho mecânico em uma bomba
durante esse processo [2]. Podemos analisar esses sistemas considerando apenas a energia na
forma mecânica, e o atrito que é responsável pelas perdas na forma de calor.
A energia mecânica é definida como aquela que pode ser convertida totalmente em
trabalho mecânico por uma máquina ideal. suas formas mais comuns são a energia cinética e
potencial. Uma bomba adiciona energia em um fluido ao aumentar sua pressão, enquanto que
uma turbina retira energia mecânica do mesmo abaixando sua pressão, mas a pressão pode ser
considerada como uma forma de energia mecânica? Não, porém a força de pressão ao longo de
um escoamento produz trabalho mecânico.
A equação de Bernoulli é uma importante ferramenta matemática que permite expressar
as energias cinética, energia potencial e energia de pressão, ou seja, ela trata de um balanço da
energia mecânica do fluido e da sua conservação ao longo de um escoamento.
𝑃 𝑉 𝑃 𝑉
+ + 𝑔𝑧 = + + 𝑔𝑧 (1)
𝜌 2 𝜌 2
Para que a energia mecânica seja conservada, o escoamento deve ser laminar,
permanente, incompressível, e sem atrito (fluido não viscoso), ou seja, não deve existir
nenhuma forma de dissipação ou perdas.
Para o estudo sobre perda de carga é mais interessante representar a energia mecânica
graficamente com uma unidade de altura, para isso, dividimos a equação 1 por g, donde
encontramos:
𝑃 𝑉 𝑃 𝑉
+ +𝑧 = + +𝑧 (2)
𝜌𝑔 2𝑔 𝜌𝑔 2𝑔
Onde, cada termo da equação (2) tem unidade de comprimento e representa algum tipo
de carga durante o escoamento. Segundo o princípio da conservação de energia, podemos
reescreve-la da seguinte forma:
𝑃 𝑉 𝑃 𝑉
+ +𝑧 − + +𝑧 =0 (3)
𝜌𝑔 2𝑔 𝜌𝑔 2𝑔
Veja o esquema da Figura 1, ela mostra uma tubulação com dois piezômetros. A equação
(3) mostra que os dois termos devem ter o mesmo valor para que a igualdade seja satisfeita, em
outras palavras, os dois pontos do escoamento têm a mesma energia mecânica, o que não
acontece na prática devido à perda de carga.
Figura 1: Tubulação de escoamento com piezômetros nos pontos 1 e 2.
Considerando que a energia no ponto 2 do escoamento seja menor devido ao atrito com
as paredes do tubo, e que não existe nenhuma máquina de fluxo ao longo do escoamento,
podemos afirmar que a diferença entre os dois termos não pode ser nula, e sim (para um
escoamento real) um valor positivo, que representa a quantidade de energia que foi perdida do
ponto 1 até ponto 2 da tubulação, podemos dizer que essa diferença 𝐻 agora representa a perda
de carga ao longo do escoamento. Essa equação recebe o nome de equação da energia.
𝑃 𝑉 𝑃 𝑉
+ +𝑧 − + +𝑧 =𝐻 (4)
𝜌𝑔 2𝑔 𝜌𝑔 2𝑔
Vemos que há uma diferença de pressão entre os dois pontos, já que as colunas de
líquido têm alturas diferentes. Se aplicarmos a equação da energia ao longo do escoamento
realizando algumas considerações, vamos encontrar o seguinte resultado: Como os pontos 1 e
2 estão a mesma altura, podemos eliminar esses dois termos. A tubulação tem o mesmo
diâmetro ao longo de todo o comprimento L, logo as velocidades nos pontos 1 e 2 são iguais.
A partir disso nossa equação da energia se resume em:
𝑃 −𝑃
=𝐻 (5)
𝜌𝑔
A unidade da equação (5) é comprimento, expresso em metros. Essa equação afirma que
a perda de carga ao longo de um escoamento em um tubo de comprimento L é igual à diferença
de nível entre as colunas do liquido, ou seja, a perda de energia no escoamento em uma
tubulação é representada pela diferença de pressão entre os dois pontos. Para esse caso tem-se
uma perda de carga contínua que ocorre ao longo da tubulação.
Para simplificação em projetos de engenharia, pode-se calcular a perda de carga
contínua pela equação de Darcy-Weisbach.
𝐿𝑉
𝐻 , =𝑓 (6)
𝐷 2𝑔
Onde: f=fator de atrito; L=comprimento total da tubulação; D=diâmetro da tubulação;
V=velocidade média do escoamento; e g=aceleração gravitacional.
O fator de atrito pode ser obtido em função do número de Reynolds (𝑅𝑒) e da rugosidade
relativa (𝑒) da tubulação
𝜌𝑉𝐷
𝑅𝑒 = (7)
𝜇
𝜀
𝑒= (8)
𝐷
Onde: 𝜇=Viscosidade do fluido; e 𝜀=rugosidade do material de fabricação do tubo. Para isso
podemos utilizar três métodos. A partir de interações numéricas, pela equação de Colebrook,
1 𝑒 2.51
= −2 log + (9)
𝑓 3.7 𝑅𝑒 𝑓
Fonte: http://www.passeidireto.com
Figura 3: Tabela de Rugosidade absoluta de alguns materiais usados em tubulação.
Fonte: http://sistemas.eel.usp.br
Outros fabricantes podem fornecer valores para cálculo de perda de carga com base no
tipo de acessório utilizado, definimos o método dos coeficientes de perda de carga como
𝑉
𝐻 , =𝐾 (12)
2𝑔
Onde K é o coeficiente fornecido pelo fabricante.
4-METODOLOGIA
Onde f representa o coeficiente angular, e por meio de uma regressão linear podemos
determinar f com base nos dados coletados no experimento.
Aqui utilizamos tubulações de 20 mm de diâmetro e comprimentos de: 15, 25, 35, 45,
55, 65, 75, e 85 mm. É importante destacar que os diâmetros encontrados em manuais técnico
e catálogos são os externos. O diâmetro interno a tubulação usada no experimento (20 mm) é
de 17.2 mm.
5-RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1-PARTE 1 DO EXPERIMENTO
Dados: Rugosidade do pvc (𝜀): 0.015 mm. Vazão (Q): 1.43 ∙ 10 𝑚 /𝑠. Diâmetro
interno da tubulação (D): 17.2 mm. Massa específica da água (𝜌): 1000 𝑘𝑔/𝑚 . Viscosidade
da água (𝜇): 1.002 ∙ 10 𝑃𝑎. 𝑠. Cálculo da velocidade de escoamento:
𝑄 = 𝐴𝑉
𝑄 1.43 ∙ 10
𝑉= = = 0.615445 𝑚/𝑠
𝐴 0.0172
𝜋∙ 4
𝜀 0.015
𝑒= = = 0.0008721
𝐷 17.2
Tabela 1: Dados experimentais de perda de carga em função do comprimento da tubulação. Todos os valores
estão em unidades do SI.
Definimos anteriormente a perda de carga contínua como uma função linear 𝑦 = 𝑎𝑥,
𝐿𝑉
𝐻 =𝑓
𝐷 2𝑔
pela equação (6), f será o nosso coeficiente angular, que pode ser determinado por regressão
linear com base nos dados da tabela 1. Usando o Excel, encontramos (figura 7):
|0.0320314 − 0.036|
𝜖(%) = ∙ 100 = 12,4 %
0.0320314
|0.03178426 − 0.036|
𝜖(%) = ∙ 100 = 13,26 %
0.03178426
|0.03178 − 0.036|
𝜖(%) = ∙ 100 = 13,28 %
0.03178
5.2-PARTE 2 DO EXPERIMENTO
𝑄 = 𝐴𝑉
𝑄 9.87 ∙ 10
𝑉= = = 0.424757 𝑚/𝑠
𝐴 0.0172
𝜋∙ 4
𝐿 𝑉 1.1 ∙ 0.424757
𝐻 , =𝑓 = 0.0347675 ∙ = 0.020 𝑚
𝐷 2𝑔 0.0172 ∙ 2 ∙ 9.81
𝑉 0.424757
𝐻 , =𝐾 = 0.9 ∙ = 0.008276 𝑚
2𝑔 2 ∙ 9.81
𝐻, 0.255
𝐻 , = = = 0.02125 𝑚
𝑛 12
𝐿 𝑉 0.7 ∙ 0.424757
𝐻 , =𝑓 = 0.0347675 ∙ = 0.013 𝑚
𝐷 2𝑔 0.0172 ∙ 2 ∙ 9.81
𝑉 0.424757
𝐻 , =𝐾 = 0.6 ∙ = 0.0055174 𝑚
2𝑔 2 ∙ 9.81
Determinação da perda de carga em conjunto com 10 Tês (figuras 11 e 12): 𝐻 , = 10.5 𝑐𝑚.
𝐻, 0.105
𝐻 , = = = 0.0105 𝑚
𝑛 10
𝐿 𝑉 2.3 ∙ 0.424757
𝐻 , =𝑓 = 0.0347675 ∙ = 0.04275 𝑚
𝐷 2𝑔 0.0172 ∙ 2 ∙ 9.81
𝑉 0.424757
𝐻 , =𝐾 = 1.3 ∙ = 0.012 𝑚
2𝑔 2 ∙ 9.81
𝐻, 0.478
𝐻 , = = = 0.0478 𝑚
𝑛 10
2𝑔𝐷𝐻 ,
𝐿 = (14)
𝑓𝑉
2𝑔𝐻 ,
𝐾= (15)
𝑉
Com base nas equações (13), (14) e (xx), podemos montar as seguintes tabelas.
𝐾 𝐾 𝜖 (%) 𝐾 𝜖 (%)
Cotovelo 90º 0.9 1.631 88.22 2.311 156.8
Tê (passagem direta) 0.6 0.761 26.83 1.42 136.66
Tê (passagem 90º) 1.3 3.48 167.7 5.198 299.84
7-REFERÊNCIAS
[1] MUNSON, Bruce R.; YOUNG, Donald F.; OKIISHI,, Theodore H. Fundamentos da
Mecânica do Fluidos. Blucher. Tradução da 4ª edição americana. São Paulo, 2004
[2] ÇENGEL, Yunus A.; CIMBALA, John M. Mecânica dos Fluidos, Fundamentos e
Aplicações. Bookman. São Paulo, 2007.