Capacitores CAP 15

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15 - CAPACITORES

15.1 – Capacitância de um capacitor


a) Constituição
Todo capacitor é, basicamente, constituído de duas placas condutoras (armaduras),
isoladas entre si por uma fina camada de isolante (dielétrico).

Armaduras
Símbolo
Fig.15.1 – Constituição e
Dielétrico simbologia do capacitor

Classifica-se um capacitor pela forma de suas placas e pela natureza de seu dielétrico.
Existem capacitores planos, cilíndricos e esféricos assim como também capacitores de papel,
de ar e eletrolíticos.

Antes de ser aplicada uma tensão ao capacitor, ambas as placas apresentam uma
mesma quantidade de elétrons. Ao aplicar-se uma tensão contínua, uma das placas do
capacitor estará ligada ao pólo positivo e a outra ao pólo negativo da bateria. Como diferença
de potencial tem a ver com quantidades desiguais de elétrons, no instante da ligação, as cargas
positivas devem fluir do pólo positivo da bateria para a armadura ligada ao mesmo e esta irá
eletrizar-se positivamente; a outra armadura, ligada ao polo negativo da bateria, irá eletrizar-
se negativamente, devido às cargas positivas que se deslocarão da referida armadura para o
pólo negativo da fonte.
Assim sendo, sempre que uma das armaduras de
um capacitor eletrizar-se com uma carga +q, a outra irá +q -q
eletrizar-se com uma carga -q. No entanto, quando se fala C
em carga armazenada por um capacitor, estamos nos
referindo a carga existente em apenas uma das armaduras,
pois a carga total poderia ser considerada nula.
A tensão aplicável às armaduras de um capacitor é
limitada pelo seu dielétrico. Se essa tensão for elevada
demais, de modo a ultrapassar o valor da rigidez
dielétrica, o material isolante será perfurado com uma
descarga elétrica, curto-circuitando-o e, geralmente, Fig.15.2 – Carregamento de
inutilizando o capacitor. um capacitor
Chama-se tensão de trabalho, a tensão máxima
aplicada a um capacitor de modo que este possa suportá-la por um longo período de tempo.
No caso de um resistor, sabe-se que toda a energia elétrica consumida por ele é
dissipada sob forma de calor, mas quando se tratar de um capacitor, a energia elétrica é
simplesmente acumulada no mesmo. Assim, um capacitor tem a finalidade de armazenar
cargas elétricas.
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b) Capacitância:
Aumentando-se gradualmente a ddp sobre um capacitor percebe-se que a quantidade
de carga armazenada em cada placa também aumenta proporcionalmente.
C C C
q 2q 3q

V 2V 3V

Fig.15.3 – Relação V x q num capacitor

Quando a fonte é desligada do capacitor ele permanece com a mesma carga e com a
mesma d.d.p. que tinha no momento anterior ao desligamento.
Qualitativamente, capacitância é a medida da propriedade de um capacitor de
armazenar cargas elétricas.
Quantitativamente, capacitância é definida como a relação entre a carga
armazenada pelo capacitor e a ddp existente entre
suas placas.
O instrumento que mede a capacitância de um
capacitor é o capacímetro. q
q
q/V = 2q/2V = 3q/3V = cte C (15.1)
V

A unidade utilizada para a medida de


capacitância no sistema internacional de unidades é o
Farad, conforme relação a seguir.
V
u(q) Coulomb
u (c) = = = Farad (F)
u(V) Volt Fig.15.4 – Gráfico V x q num capacitor

1F é a capacitância de um capacitor que adquire, por exemplo, uma carga de 1C quando


submetido a tensão de 1V.
1C
1F
1V
Não se utiliza a capacitância na unidade Farad porque esta é muito grande.
Exemplificando, para que um capacitor plano, quadrado, com dielétrico de ar de
espessura de 0,1 mm, tenha capacitância de 1F os lados deveriam ter 3361 m.
Na prática, utilizam-se apenas unidades derivadas menores, ou seja:
1 microfarad = 1 F = 1x10-6F
1 nanofarad = 1nF =1xl0-9 F
1 picofarad = 1pF = 1x10-12F
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A tolerância indica a faixa na qual pode estar o valor real da capacitância. Por
exemplo, um capacitor de 100 F com tolerância de 5%, a capacitância estará compreendida
entre 95 F e 105 F. É conveniente observar a tolerância ao se substituir um capacitor, para
evitar que o seu funcionamento fique alterado.
A tolerância pode ser apresentada pelo fabricante sendo escrita diretamente no corpo
do capacitor, representada através de um código de cores ou através de letras (tabela ao lado).
Tabela 15.1 - Tolerância das capacitâncias
Código F H J K M
Tolerância 1% 2,5% 5% 10% 20%

Exemplo resolvido 15.1:


Qual é a carga recebida por um capacitor com uma capacitância de 10 F, estando
submetido a uma tensão de 300V?

C = 10 F = 10.10-6F q = C.V
V = 300V q = 10.10-6 .300
q=? q = 3000.10-6= 3.10-3 C = 3mC

15.2 – Fatores influentes na capacitância


Influência do dielétrico, da área e da distância
Consideremos um capacitor plano tal que o dielétrico
existente entre as armaduras seja o vácuo (ou ar). Carregando- + + + + + + + + + + + + +q
se o capacitor com uma carga q, uma ddp Vab será
estabelecida entre elas. Nestas condições, temos no espaço Vab vácuo
entre as armaduras um campo elétrico uniforme Eo, criado
pelas cargas +q e -q existentes nas placas, como mostra a Eo
figura ao lado. Desligando-se o capacitor da fonte as cargas se
manterão inalteradas nas placas. - - - - - - - - - - - - -q
Agora, vamos analisar as conseqüências da introdução
de um dielétrico entre as armaduras de um capacitor. Fig.15.5 – Capacitor com
dielétrico de vácuo
Sabe-se que dielétricos ideais
são materiais que não conduzem + + + + + + + + + + + + +q
corrente elétrica, pois seus elétrons
estão firmemente “ligados” aos
- - - - + - - + - - + -
+ + +
respectivos átomos, isto é, estes Vab vácuo Ep dielétrico
materiais não possuem elétrons livres. - - - - + - - + - - + -
Eo + + +
Os materiais dielétricos, quando
não estão sob a ação de campo elétrico, - - - - - - - - - - - - -q
possuem átomos em que a eletrosfera
está centrada no núcleo e o átomo, Fig.15.6 – Capacitor com dielétrico genérico
externamente, é neutro.
Quando este material é submetido a um campo elétrico externo, seus átomos, apesar
de não conduzirem corrente, terão os seus elétrons puxados em sentido contrário ao campo.
Como os elétrons são “ligados” (não são livres) há apenas uma descentralização da eletrosfera
XV - 4 Fundamentos do Eletromagnetismo
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em sentido contrário ao campo tornando um lado do átomo negativo e o outro positivo,
formando um dipolo elétrico.
Este efeito, chamado de polarização, é causado por um processo de indução
eletrostática e fará lado do dielétrico eletrizar-se negativamente e o outro positivamente.
Uma vez polarizado o dielétrico, o mesmo produzirá um campo elétrico Ep de mesma
direção e de sentido contrário ao do campo externo Eo (fig.15.6). Nessas condições, podemos
afirmar que surgirá um campo elétrico resultante E = Eo – Ep, ou seja, ao introduzirmos o
dielétrico, a intensidade do campo elétrico entre as placas do capacitor diminuirá.
Como V = E.d, conclui-se que a tensão Vab também irá decrescer e, como o capacitor
não está conectado a nenhum circuito, a carga q de suas placas permanecerá sempre a mesma.
Utilizando-se um voltímetro, essa diminuição de ddp, na prática, seria facilmente
percebida. Considerando o capacitor eletrizado com uma carga q, bastaria medir a ddp sobre o
capacitor com e sem dielétrico.
Observando-se a equação de definição de capacitância (C = q / V), se q não varia e o
valor da ddp cai, a capacitância aumenta, isto é, a capacitância se torna K vezes maior.
Atribui-se, então, a cada dielétrico uma constante K, chamada constante dielétrica, sendo a
mesma característica de cada material.
Essa constante mede o número de vezes que aumenta a capacitância de um capacitor
quando um dielétrico for introduzido entre suas armaduras. Pode-se também dizer que esta
constante traduz o grau de polarização do dielétrico. Em outras palavras, um capacitor com
dielétrico entre as armaduras é melhor armazenador de carga do que sem ele.

Fig.15.7 – Tensão nos


capacitores sem e com q C0 q C
dielétrico
V0 V

C
K ; C K.C0 (15.2)
C0
C: capacitância do capacitor com dielétrico
Co: capacitância do capacitor sem dielétrico.
A tabela abaixo fornece os valores típicos da constante dielétrica de alguns materiais.

Tabela 15.2 - Constante dielétrica de alguns materiais

MATERIAL CONSTANTE DIELÉTRICA

Ar 1,0
Mica 2,5 - 6,6
óxido de alumínio 7
óxido de tântalo 11
papel parafinado 2,3
poliester 3,2
Vidro 5,4 - 9,9
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Ao lado, temos um capacitor que, numa situação a área frontal das placas é total e na
outra, a área frontal é um pouco menor. No segundo caso,
existe uma redução no espaço para o acúmulo de elétrons,
ou seja, a indução eletrostática ocorre em menor
intensidade. Podemos deduzir, então que a capacitância é
diretamente proporcional a área frontal das armaduras.
Vamos supor agora, que variássemos a distância
entre as armaduras. A ação mútua entre dois corpos com Fig.15.8 – Influência da área
cargas elétricas depende da distância entre eles. Como a das placas na capacitância
capacitância reflete a capacidade que um capacitor tem em
acumular cargas elétricas, deduz-se que a capacitância
depende da distância entre as armaduras. Quanto mais
próximas estiverem as armaduras, maior será o efeito da
carga de uma das placas sobre a carga da outra placa.
Podemos afirmar que a capacitância de um capacitor é Fig.15.9 – Influência da distância
inversamente proporcional à distância entre as armaduras. entre placas na capacitância
Após esta série de deduções, concluímos que a
capacitância de um capacitor depende, basicamente, de três fatores, ou seja, depende do
dielétrico, da área frontal das armaduras e da distância entre as armaduras. Para um capacitor
de placas paralelas, podemos calcular o valor de sua capacitância utilizando a seguinte
expressão:

K . εo . A
C (15.3)
d
onde: o = permissividade do vácuo (8,85 x 10-12 F/m)

A permissividade elétrica de um material é uma grandeza que nos informa o grau de


facilidade que o referido material oferece ao estabelecimento de um campo elétrico através de
si.
A expressão anterior pode ser escrita de uma forma mais resumida, ou seja:

(15.4)
ε.A
C
onde: = permissividade do d meio dielétrico
K= r = permissividade relativa do dielétrico ou constante dielétrica

O raciocínio anterior pode ser comparado ao estudo da resistência de um resistor, a


qual é um valor característico de cada resistor. Mudando o valor da tensão aplicada a um
resistor, muda também o valor da corrente que o percorre, as sua resistência continua a
mesma, pois ela depende unicamente das características do material de que é feito o resistor
(R = .  / A).

Exemplo resolvido 15.2:


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Num capacitor plano sem dielétrico foi aplicada uma tensão de 500V. Devido a esta
tensão, o capacitor adquiriu uma carga de 200 C e surgiu no seu interior um campo elétrico
de 20kV/m. Logo em seguida, desligou-se o gerador que o carregou e introduziu-se um
dielétrico de constante K, de modo que a capacitância do capacitor passou a ser 2,6 F.
Determine:

a) a capacitância do capacitor antes da introdução do dielétrico;


b) a distância entre as armaduras;
c) o valor da constante K;
d) a ddp depois da introdução do dielétrico;
e) o campo elétrico após a introdução do dielétrico.

Vo = 500V q 200x10 6 C
q = 200 C = 200 x 10-6C Co ; Co 0,4x10-6 F
Vo 500V
Eo = 20.000V/m
Vo 500V
C = 2,6 F = 2,6 x 10-6F d ; d 25mm
Co = Eo 20.000V/m
d = C 2,6x10 6 F
K 6,5
k = Co 0,4x10 6 F
V =
E = q 200x10 6 C
V 76,9V
C 2,6x10 6 F

V 76,9V
E 3076V / m
d 0,025m

Exemplo resolvido 15.3:

Para um capacitor de placas paralelas, cada uma com área de 0,09m 2 e distantes de
0,1mm, sem dielétrico (vácuo), calcule:
a) a capacitância do capacitor.
b) a carga armazenada quando o capacitor for submetido a 220V.
c) a capacitância do capacitor quando for usado um dielétrico de K=7,65.
A = 0,09m2
d = 0,1mm
K. o .A 1x8,85.10 12 F/m x 0,09m2
a) Co = Co = Co = 7,97nF
d 0,1x10 3 m
b) q =
V =220V q = Co . V = 7,97x10-9 F. 220V q = 1,75 C

c) C =
K=7,65 C = K . Co = 7,65 x 7,97 x 10-9 F C = 60,97 nF
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15.3 – Carga e descarga de um capacitor
No circuito ao lado, temos uma fonte de - VR + VC
tensão contínua, um capacitor inicialmente - +
descarregado, um resistor e uma chave. Com a chave i
aberta (entre 1 e 2) não há movimento de cargas e a ch 2
1
tensão sobre o capacitor é nula.
i
Quando a chave é fechada, (pos.1) começa a
V
existir um movimento intenso de cargas, ou seja, a Fig.15.10 – Circuito para
fonte fornece cargas positivas para armadura que está carregamento de capacitor
ligada ao seu terminal positivo e retira cargas
positivas da outra armadura, ligada ao seu terminal negativo. O desequilíbrio elétrico entre as
duas placas vai aumentando à medida que as cargas são retiradas de uma placa e colocada na
outra, ou seja, a tensão entre as placas vai crescendo à medida que o capacitor vai sendo
carregado.

VC(V) i(A)
V imáx imáx V
R

0,368

t(s)
Instanteemque
fechaC hem1
t( )
t(s)

Fig.15.11 – Tensão e corrente durante o carregamento de um capacitor

Enquanto a tensão no capacitor cresce, vai diminuindo a diferença de tensões entre o


capacitor e a fonte e, com isto, a corrente vai decrescendo até se anular completamente.
Pelo exposto anteriormente, conclui-se, então, que a corrente circula no resistor apenas
o tempo suficiente para o capacitor carregar-se. Por isso ela é denominada “corrente de
carga”. Assim sendo, pode-se afirmar que um capacitor, após carregado, comporta-se como
“circuito aberto para CC” pois, mesmo havendo tensão CC nos seus terminais, não há
corrente entrando ou saindo dele.
Sabe-se que q = C.V. Para cada variação de V, há uma variação proporcional na carga
acumulada q, logo:
V
q = C . V, mas q = i . t ou i. t=C. V i C. (15.5)
t

Esta equação mostra que a corrente num circuito, contendo capacitor, é diretamente
proporcional à capacitância e a taxa de variação da tensão no tempo (velocidade de variação
da tensão). Assim, só existe corrente num capacitor quando a tensão nos seus terminais
estiver variando. Quando a tensão ficar constante não há variação da mesma e, portanto, não
há corrente.
De acordo com os gráficos dados, nota-se que a ddp sobre o capacitor cresce mais
rapidamente nos primeiros momentos após a ligação, dando origem a uma corrente alta.
Quando a tensão do capacitor estiver quase atingindo a tensão da fonte ela cresce
muito vagarosamente e a corrente no mesmo vai diminuindo até desaparecer.
XV - 8 Fundamentos do Eletromagnetismo
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Suponhamos agora que o capacitor já esteja carregado com a tensão da fonte conforme
descrito anteriormente e agora a chave é
comutada para a posição 2. Assim o circuito do + VR - VC
- +
capacitor ficará em curto e se descarregará num
certo tempo. Como a placa da direita está agora i i
positiva a corrente sairá do capacitor por aquele ch
lado caracterizando uma corrente negativa, pois 1 2
está em sentido contrário àquele que tínhamos
tomado como positivo no caso anterior.
A tensão no capacitor (Vc) não irá V
decrescer instantaneamente de VCmáx para
Fig.15.12 – Circuito de descarga do capacitor
zero.

VC(V) I(A) 1 2 3 4 5
V t( )
t(s)

0,368.IMÁX

0,368
V
V IMÁX
R
R
tt(s)
( )
Fig.15.13 – Tensão e corrente durante a descarga de um capacitor
O processo de liberação da energia do campo elétrico ao resistor (gerando efeito
joule), será de forma lenta, ou seja, a tensão no capacitor decrescerá gradativamente conforme
as características do circuito de descarga.
Da mesma forma que, num sistema mecânico, uma massa se opõe à variação
instantânea de posição, a capacitância, no sistema elétrico, se opõe à variação instantânea da
tensão.
A capacitância age num circuito de forma a impedir a variação instantânea da tensão
entre suas placas (e nos pontos onde o capacitor está ligado) porque isso significaria valores
elevados de corrente o que é impossível devido às resistências (sempre presentes) que limitam
os valores de corrente e conseqüentemente as variações da tensão.

Exemplo resolvido 15.4: Calcular a corrente constante capaz de elevar a tensão de um


capacitor na razão de 74640V/s (ou 74,64V/ms) sabendo-se que capacitância do mesmo é de
10 F.
Solução:
V/ t = 74640V/s I = C. V/ t ; I = 10x10-6 F. 74,64x10+3V/s ;
C = 10x10-6J I = 746,4x10-3 A = 746,4 mA
I=?
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15.4 – Energia armazenada do capacitor


Quando uma carga elétrica q (medida em Coulomb) é transportada entre dois pontos
cuja diferença de potencial V (medida em volt) é mantida constante, o trabalho realizado no
transporte é dado por W = q.V. Na descarga do capacitor, porém, a diferença de potencial
entre as armaduras não se mantém constante. À medida que a carga é transportada de uma
placa para outra, a diferença de potencial vai diminuindo, passando de um valor inicial V para
um valor final nulo. Neste caso, não podemos usar a expressão citada para calcular o trabalho
no processo da descarga. Podemos, de uma maneira simplificada, tomar a média da tensão
durante a descarga como sendo V/2 e calcular este trabalho por:1
1
W .q.V (15.5)
2
Assim, o trabalho realizado pela bateria, ao carregar o capacitor, e a energia elétrica
armazenada no capacitor são obtidos pela expressão acima.
Como já sabemos que C = q/V, podemos expressar esta energia em função de C e V
(substituindo q por C.V).
W = ½ .C.V2 (15.6)
Os capacitores são ligados nos circuitos para muitos fins, sempre que suas
propriedades especiais possam ser usadas.
Por exemplo, numa máquina fotográfica a energia é armazenada num capacitor para
depois utilizá-la na hora de usar o flash.
Outro exemplo: Quando é necessário estabelecer uma ligação entre dois pontos de um
circuito, de modo que uma corrente alternada possa circular entre os mesmos, mas não uma
corrente contínua, a instalação de um capacitor proporcionará o efeito desejado.

Exemplo resolvido 15.5: Calcular a capacitância necessária para armazenar uma energia de
36mJ sob uma tensão de 12 V.
Solução:
W = 36x10-3J W = ½. C.V2; 36x10-3J = ½ .C.(12 V)2
V = 12 V C = 36x10-3J x 2 /( 144 V2) = 0,5x10-3 F = 500 F
C=?

15.5 – Testes em capacitores

Para testar um capacitor podemos usar um ohmímetro analógico ou a função


ohmímetro de um multímetro. Sabe-se que o ponteiro do ohmímetro fica em repouso na
posição correspondente a uma resistência de valor infinito (circuito aberto), que eqüivale a
uma corrente nula numa escala em miliampères.
Quando se aplica a tensão contínua da pilha do ohmímetro a um elemento de
resistência finita, temos a circulação de uma corrente, fazendo com que o ponteiro do medidor
se deflexione. No uso do ohmímetro em testes de capacitores é importante escolher uma
escala adequada, pois do contrário o teste pode não funcionar. Para capacitâncias muito baixas

1
Veja em Halliday-Resnick – II -1.p.123
XV - 10 Fundamentos do Eletromagnetismo
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utilizam-se escalas de alta resistência interna e para capacitâncias muito altas utilizam-se
escalas de baixa resistência interna. Isto é feito para ajustar o tempo de carga do capacitor,
afetando, então, o tempo de movimento do ponteiro do medidor. Vamos, a seguir, analisar os
diversos estados de funcionamento em que um capacitor pode se encontrar.
a) Capacitor inteiro
Conectando-se as pontas de prova de um ohmímetro a um capacitor sem defeito, ele
irá carregar-se num certo intervalo de tempo, conseqüência da circulação de uma corrente
contínua no referido tempo, corrente esta que em seguida desaparece. Assim sendo, o ponteiro
do ohmímetro irá se deslocar do infinito (zero mA) até alguns ohms (alguns mA), retornando
a posição infinito (bem à esquerda).
b) Capacitor aberto
Se as pontas de prova de um ohmímetro forem conectadas a um capacitor comum e o
ponteiro do medidor não se deflexionar, é sinal de que não houve circulação de corrente. Isto
seria conseqüência do circuito estar aberto, ou seja, um dos terminais do capacitor pode estar
rompido. Este tipo de teste é válido somente para capacitores de capacitâncias elevadas, pois
no caso de capacitância muito baixa, teríamos corrente de carga também muito reduzida e,
dependendo do ohmímetro utilizado, esta corrente talvez não fosse detectada pelo instrumento
medidor. Neste caso, deveríamos usar um capacímetro para comprovar o valor nominal da
capacitância.
c) Capacitor em curto
Os curtos nos capacitores podem ser causados, por exemplo, pela ruptura do dielétrico,
fruto de superaquecimento ou por aplicação de tensão de trabalho muito alta. Utilizando-se
um ohmímetro, teríamos a deflexão total do ponteiro, sendo que o mesmo estacionaria no
valor relativo a uma resistência nula (ou corrente máxima).
d) Capacitor com fuga
Neste caso, teríamos a deflexão do ponteiro do ohmímetro, saindo do infinito, mas
estacionando num valor muito elevado de resistência, ou seja, estaria circulando uma corrente
muito baixa. Isto pode representar o início do processo de curto do capacitor, ou seja, as
características do dielétrico já sofreram alguma alteração, influindo na sua capacidade de
isolação.

15.6 – Associação de capacitores


É sempre possível substituir um conjunto de capacitores, ligados de um modo
qualquer, por um único capacitor cuja capacitância seja equivalente à do conjunto. Podemos
também fazer o inverso, isto é, substituir um único capacitor por vários capacitores ligados de
modo que a capacitância do sistema seja equivalente à do capacitor isolado.
A necessidade de associarmos capacitores advém do fato de nem sempre
encontrarmos, no comércio especializado, capacitores com as capacitâncias que desejamos.
Quando isto acorre, associamos os capacitores disponíveis a fim de obter a
capacitância desejada. As associações de capacitores mais utilizadas na prática são as
associações em série e em paralelo.
Capacitores XV – 11
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a) Circuito Série
A característica desta associação é o fato de
cada capacitor associado carregar-se com a mesma C1 C2 C3
carga, quando uma ddp é mantida entre os terminais A + - C+ - D+ - B
da associação. +q- +q- +q-
Na figura ao lado, com a pilha ligada desta
maneira, a primeira armadura da direita eletriza-se
com uma carga -q. Isto fará com que cargas
positivas sejam atraídas para a segunda placa do
capacitor da direita e a mesma irá eletrizar-se Fig.15.14 – Circuito de
positivamente. Se, nessa placa chegou uma carga capacitores em série
positiva, a outra armadura subseqüente (terceira da
direita) acabou eletrizando-se com uma carga negativa. Através deste processo de eletrização,
chamado indução eletrostática, todas as armaduras ficarão eletrizadas com carga de mesmo
valor absoluto, embora apenas as armaduras extremas estejam ligadas aos terminais da pilha.
Vamos agora estabelecer a capacitância Ct equivalente ao circuito. Sejam C1, C2 e C3
as capacitâncias dos capacitores da associação. Pela definição de capacitância, temos:
VAC = q/C1 ; VCD= q/C2 ; VDB = q/C3; VAB = q/Ct;

Sabe-se que num circuito série: VAB= VAC+VCD+VDB

De onde obtemos: VAB = q/C1 + q/C2 + q/C3 = q.(1/C1+1/C2+1/C3)

1 1 1 1
Observando que: VAB = q/Ct ficamos com: (15.7)
Ct C1 C2 C3
1
E finalmente: Ct (15.8)
1 1 1
C1 C2 C3
Quando temos apenas dois capacitores pode ser usada a relação a seguir.

C1x C2
Ct (15.9)
C1 C2
Quando são vários capacitores iguais pode ser usada a relação abaixo.

Ct = C 1 / n (15.10)
Agrupam-se capacitores em série quando se deseja uma capacitância menor do que
aquela que possui cada capacitor. Neste tipo de agrupamento a capacitância total é sempre
menor do que a menor capacitância parcial e quanto mais capacitores forem associados,
menor será o valor da capacitância total. Também se recorre ao circuito série quando o
capacitor não suporta uma tensão muito elevada, pois assim haverá quedas de tensão nos
vários capacitores.

Exemplo resolvido 15.6:


XV - 12 Fundamentos do Eletromagnetismo
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Dois capacitores de capacitância C1=3pF e C2=6pF C2
C1 C
estão ligados em série e a associação é conectada a uma fonte A B
de tensão de 1000V. Determinar:
a) a capacitância total.
b) a carga em cada capacitor.
c) a ddp em cada capacitor.
Vab
-12
C1 =3pF = 3. 10 F
C 2 =6pF = 6. 10-12F
C1.C2 3pFx6pF
Ct 2pF q 2.10 9 C
VAB = 1000V C1 C2 3pF 6pF VAC 667V
C1 3.10 12 F
Ct =?
q = VAB.Ct = l000V. 2x10-12F=2nC
q= q 2.10 9 C
VCB 333V
C2 6.10 12 F
VAC =?
VCB =?

b) Circuito Paralelo

Esta associação caracteriza-se pelo fato da tensão entre as C1


armaduras de cada capacitor associado ser a mesma e esta ddp + -
também é igual a ddp aplicada aos terminais da associação. q1
A figura ao lado, mostra uma associação em paralelo de três + -C2
-
capacitores. Observe que, ao fazermos a ligação indicada na figura, q2+
todas as armaduras da esquerda estarão ligadas ao terminal positivo + - C3
+ -
da pilha e todas as da direita ligadas ao negativo. q3 + -
Assim, a ddp entre as placas de cada capacitor é igual a ddp
da fonte e, conseqüentemente, cada capacitor armazenará uma
carga, cujo valor irá depender de sua capacitância. Fig.15.15 – Circuito de
Sejam q1, q2 e q3 as cargas armazenadas pelos capacitores capacitores em paralelo
com capacitâncias respectivamente iguais a C1, C2 e C3 .
Podemos escrever que: q1 = VAB . C1 ; q2 = VAB. C2 ; q3 = VAB. C3;

Sabe-se que: qt =q1 +q2 +q3 ,

De onde obtemos: qt =VAB.C1 +VAB. C2 +VAB. C3 = VAB. (C1 +C2 +C3)

Observando que: qt =VAB. Ct,

Chegamos finalmente a: Ct = C1 +C2 +C3 (15.11)

Se for n capacitores iguais tem-se: Ct = n. C1 (15.12)

Quando tivermos um capacitor e este não possuir capacitância suficiente, recorre-se ao


circuito paralelo, pois o mesmo nos permite aumentar a capacitância.
Exemplo resolvido 15.7:
Capacitores XV – 13
___________________________________________________________________________
Dois capacitores de capacitância Cl = 200pF e C2 = 600pF são C1
associados em paralelo e carregados através de uma ddp de 120V.
Determinar:
a) a capacitância total da associação.
b) a carga que adquire cada um deles.
c) a carga total da associação. C2

Vab
C = 200pF = 200 . 10-12 F
Ct = C1 + C2 q1 = V . C1
C = 600pF = 600 . 10-12 F
VAB = 120V Ct = 200pF + 600pF q1 = 120V. 200. 10-12F

Ct =? Ct = 800pF q1 = 24nC
q1 = q2 = V . C 2 qt = q1 + q2
q2 =
q2 = 120V. 600.10-12F = 72nC qt = 24nC + 72 nC= 96nC
qt =

15.7 – Tipos e tecnologias de capacitores


Os capacitores podem ser classificados, quanto ao funcionamento, em três categorias:
capacitores fixos, ajustáveis e variáveis. Os capacitores fixos apresentam uma capacitância de
valor bem determinado. Nos ajustáveis, a capacitância possui um valor que pode ser regulado
uma vez, mas que permanece constante durante o funcionamento normal do circuito no qual é
empregado. Nos capacitores variáveis, ao contrário, a capacitância pode ser variada entre um
valor mínimo e um valor máximo. Os capacitores podem também ser classificados quanto ao
seu dielétrico.
a) Capacitor variável e ajustável
O capacitor variável que possui o ar como
dielétrico é constituído de dois conjuntos de
placas planas, semicirculares e paralelas, sendo
um dos conjuntos fixo e o outro móvel.
Os capacitores de cada conjunto estão
ligados entre si por um condutor, formando uma Fig.15.16 – Capacitores variáveis
associação de capacitores em paralelo. Quando
giramos o eixo, as placas móveis se deslocam ao longo do espaço entre as fixas, variando a
área (A) frontal entre cada par de armaduras, mas mantendo a distância (d) entre elas.
Como a capacitância é diretamente proporcional à área frontal, conclui-se que a
capacitância também sofrerá variação. Se as armaduras móveis estiverem totalmente entre as
armaduras fixas, a área de indução mútua será máxima e o capacitor terá o seu maior valor de
capacitância; na posição inversa, a capacitância será praticamente nula.
Esta variação permite que este capacitor seja utilizado no circuito de sintonia de
estações de rádio, sendo que sua capacitância máxima é da ordem de 500pF.
Os capacitores ajustáveis, geralmente de mica, são aqueles em que
se pode variar a capacitância através de um parafuso que controla a

Fig.15.17 – Capacitores ajustáveis


XV - 14 Fundamentos do Eletromagnetismo
__________________________________________________________________________________________
distância entre as armaduras. Geralmente são internos ao equipamento, de forma que o valor
ajustado permanece por longos períodos. As capacitâncias são da ordem de picofarads e os
tipos mais comuns são o padder e o trimmer (figura ao lado).

b) Capacitor de papel
O capacitor fixo de papel é um componente de largo Papel parafinado
(dielétrico)
emprego, pois pode cobrir uma grande escala de valores de
capacitância. Ele é constituído de duas finas fitas de
alumínio (armaduras) enroladas e isoladas entre si por uma
folha de papel muito fina (dielétrico) impregnada de
substâncias especiais. Estas substâncias, como por exemplo,
o óleo ou a parafina, são utilizadas para melhorar as Alumínio
(armadura)
características dielétricas.
Para o capacitor possuir capacitância elevada com Fig.15.18 – Capacitores de
pequeno volume, as fitas devem ser bastante longas (vários papel impregnado
metros) de modo a existir uma área frontal considerável. O papel parafinado possui uma
tensão de perfuração variável de 1200V a 1800V para uma espessura de 0,24mm. Quando as
tensões de funcionamento são elevadas, aumenta-se o número de folhas isolantes interpostas
entre as armaduras. É importante ainda, que não exista umidade no papel para não
comprometer o isolamento.
O capacitor de papel metalizado possui como dielétrico um papel isolante, no qual é
feita, em apenas uma das faces, a vaporização do alumínio. Isto evita a formação de bolhas de
ar entre o papel e a armadura.

Caracterizam-se com a vantagem de pequenas dimensões e a possibilidade de auto-


regeneração (se o papel for perfurado, o alumínio depositado se aquece, criando óxido de
alumínio que volta a isolar, evitando o prosseguimento do curto-circuito). A tensão de prova
(máxima tensão em que ocorre curto-circuito com auto-regeneração) é de 1,5 vezes a tensão
nominal e não deve ser aplicada por mais de 1 minuto de cada vez. A tensão de centelha
(máxima tensão aplicada instantaneamente sem destruir o capacitor) é de 1,75 vezes a tensão
nominal e não deve ser aplicada durante mais do que alguns poucos segundos.
Seu formato é cilíndrico, onde fitas de papel isolante aluminizado são enroladas. Sua
faixa de capacitância é entre 50.000pF a 15 F e sua faixa de tensão de trabalho é de até 5kV.

c) Capacitores cerâmicos

Os capacitores cerâmicos utilizam algum tipo de material


cerâmico como dielétrico. As armaduras podem ser placas
metálicas ou uma tinta condutora que é aplicada na cerâmica. O
conjunto recebe um revestimento isolante.
Fig.15.19 – Capacitores cerâmicos
São capacitores apolares, isto é, podem trabalhar
tanto em tensões contínuas como em alternadas. As tensões nominais podem atingir altos
valores (poucas unidades de kV). Devido a permissividade relativamente baixa, são
fabricados para baixas capacitâncias (até poucas unidades de F).

A variação da capacitância com a temperatura é grande, sendo que o coeficiente de


temperatura pode ser positivo ou negativo.
Capacitores XV – 15
___________________________________________________________________________
Na figura abaixo, temos, à esquerda,
um capacitor cerâmico de disco de
100.000pF (algarismos um e zero par 10;
algarismo 4 acrescentar quatro zeros) e, à 104K n18
direita, um capacitor PLATE (leia-se pleiti)
de 0,18nF. É projetado para baixas tensões
de trabalho (inferior a 50V) e
particularmente utilizado em micro circuitos. Fig.15.20 – Capacitores de disco e Plate
d) Capacitor de filme plástico
Nos capacitores com dielétrico de plástico, o isolante é constituído
por um fino filme de material polímero sintético. Podem ser fabricados
com o filme plástico não metalizado (lâminas de alumínio isoladas por
tiras de plástico) ou metalizado.
Os capacitores metalizados são constituídos por um filme
Fig.15.21 – Capacitores
plástico em cuja superfície é depositada, por um processo de
de filme plástico
vaporização, uma finíssima camada de alumínio. Eles têm a
grande vantagem de serem auto-regenerativos e possuírem maior capacitância em relação aos
não-metalizados de mesmas dimensões. Eles são apolares e possuem baixíssima corrente de
fuga, alta estabilidade da capacitância e baixa sensibilidade à umidade. São fabricados com
capacitâncias na faixa de 1nF a 8 F com tensões nominais que podem chegar a 1600V.
Estes materiais possuem propriedades dielétricas superior a do papel, altamente
homogêneas (sem as indesejáveis bolhas de ar), com uma tensão de ruptura de 200kV/mm.
Os principais capacitores de filme plástico são os de poliéster, de polipropileno, de
poliestireno (STYROFLEX) e de polistirol. São aplicados em qualquer circuito elétrico e
e1etrônico, em especial em circuitos de atraso, acoplamento entre estágios de baixa
freqüência, timmers, by-pass de baixa freqüência e filtros RC para freqüências até 1MHz. São
capacitores de tamanho reduzido.

e) Capacitores de poliéster metalizado


Os capacitores de poliéster metalizado são construídos com dielétrico de poliéster. Em
sua execução são utilizadas finíssimas fitas de poliéster sob as quais é depositada sob vácuo,
uma camada metálica de 0,2 a 0,05 m de espessura. Construindo-os neste sistema obtém-se a
propriedade de auto-regeneração.
No caso de uma sobretensão perfurar o dielétrico, a camada de alumínio existente ao
redor de um furo interno é submetida a uma elevada temperatura, transformando-se em óxido
de alumínio (material isolante), desfazendo, então, o curto circuito. O tempo necessário para a
auto-regeneração é inferior a 10 s. A variação da capacitância é menor do que 1 % após 1000
fenômenos ocorridos.
Os capacitores de poliéster metalizado são identificados por cinco faixas coloridas,
que identificam não somente o valor da capacitância do capacitor, mas também a tensão de
trabalho e a tolerância. Na tabela a seguir, o valor da capacitância é obtido em picofarads
(pF).
XV - 16 Fundamentos do Eletromagnetismo
__________________________________________________________________________________________

Código de Cores Código Numérico

Cores 1º Dígito 2º Dígito Múltiplo Tolerância Tensão Nº (x) Múltiplo Tensão


Preto 0 20 % 0
Marrom 1 1 x 10 pF 1 x 10 pF 100 V
Vermelho 2 2 x 102 pF 250 V 2 x 102 pF 25 V
Laranja 3 3 x 103 pF 3 x 103 pF
Amarelo 4 4 x 104 pF 400 V 4 x 104 pF
Verde 5 5 x 105 pF 100 V 5 x 105 pF 50 V
Azul 6 6 630 V 6 x 106 pF
Violeta 7 7 7 x 107 pF
Cinza 8 8 x 10-2 pF 8 x 10-2 pF
Branco 9 9 x 10-1 pF 10 % 9 x 10-1 pF

Fig.15.22 – Capacitores de poliéster

f) Capacitor eletrolítico
Os capacitores eletrolíticos podem possuir o dielétrico de óxido de alumínio
(polarizado ou apolar) ou óxido de tântalo (polarizado). Tanto o óxido de alumínio como o de
tântalo são materiais isolantes.
f.1 - Óxido de alumínio
Estes capacitores fixos possuem uma particularidade que os diferencia dos outros
tipos: eles são polarizados e são ligados apenas onde as tensões são contínuas. Sobre os
terminais destes capacitores estão sempre indicadas as polaridades.
Quando se aplica uma tensão contínua entre as placas de alumínio desse capacitor,
forma-se, após certo tempo, uma oxidação superficial de chapa positiva, oxidação esta que
constitui o dielétrico do capacitor. Esta oxidação impede a passagem da corrente, de modo
que as placas permanecem isoladas.
A capacitância desse tipo de
capacitor é grande, porque o dielétrico
é muito fino (capacitância inversamente Símbolo
proporcional à distância) sendo
constituído de pequenas películas de Fig.15.23 – Capacitores eletrolíticos polarizados
óxido. Com os capacitores eletrolíticos
consegue-se obter elevados valores de capacitâncias com pequenos volumes.
Teoricamente, um capacitor deveria apresentar uma oposição infinita à corrente
contínua, mas já que não existe um dielétrico perfeitamente isolante, a resistência à corrente
contínua é finita, ou seja, possui um valor alto mas não desprezível. Um bom capacitor
eletrolítico possui uma resistência à corrente contínua levemente superior a 1M , muito
baixa, portanto, em comparação com a mínima de 200M de um bom capacitor de papel.

O capacitor eletrolítico de alumínio só funciona se polarizado corretamente (pólo


positivo no anodo e pólo negativo no catodo). Os capacitores de papel e de filmes plásticos
são do tipo apolares, ou seja, funcionam tanto em C.C. como em C.A. Se a polaridade de um
Capacitores XV – 17
___________________________________________________________________________
capacitor eletrolítico for invertida, violenta reação eletrolítica que provoca o depósito de uma
camada de óxido sobre a folha de alumínio (não oxidada – catodo), desfazendo-se o óxido da
folha de alumínio oxidada (anodo).

Isto significa uma corrente de grande intensidade e libera uma elevada quantidade de
calor, o que levará o capacitor à destruição. Antigamente, havia a possibilidade até de
explosão, mas atualmente com o controle de qualidade e a aplicação de normas de fabricação,
apenas ocorre um inchamento do invólucro.
Os capacitores eletrolíticos ainda apresentam a característica de que sua capacitância
depende da tensão aplicada nas armaduras. A polarização correta é que aumenta a oxidação
no anodo. A capacitância nominal só será estabelecida se houver aplicação de, no mínimo,
uma tensão de, aproximadamente, 2/3 da tensão nominal do capacitor.
Os capacitores eletrolíticos de alumínio são fabricados para tensões de até,
aproximadamente, 700V e o maior valor de capacitância é de 630.000 F.
Nos capacitores eletrolíticos de alumínio apolares, as duas armaduras são oxidadas, de
forma que eles suportam correntes alternadas por alguns segundos. São bastante utilizados
para auxiliar na partida de motores de indução monofásicos.

f.2. Capacitores eletrolíticos de óxido de tântalo


São mais caros que os de óxido de alumínio e têm grande
estabilidade de capacitância com o tempo e com a temperatura. O
anodo neste tipo de capacitor é uma peça porosa de tântalo,
coberta por uma fina camada de óxido do manganês, carbono e Fig.15.24 – Capacitores
ferro, que forma o catodo. de óxido de tântalo
Enquanto que os eletrolíticos de alumínio podem trabalhar
em tensões de até 700V, os de óxido de tântalo suportam apenas 125V. O valor máximo de
capacitância é na ordem de 100 F. São usados em circuitos digitais e timmers.
Sua construção é de tântalo sólido (não vazam). A temperatura de operação está na
faixa de –55ºC a + 85°C.
Devido ao fato da constante dielétrica ser de valor 11, enquanto que o de óxido de
alumínio ser de valor 7, os primeiros apresentam menor volume para a mesma capacitância e
mesma tensão.

QUESTÕES PROPOSTAS: CAPACITORES

15.1 - Qual é a constituição de um capacitor e qual o conceito de capacitância?

15.2 - Dobrando-se o valor da tensão sobre a um capacitor, dizer o que ocorre com a sua
capacitância e a carga nas placas.

15.3 - Classifique os capacitores quanto a sua forma e seu dielétrico.

15.4 - Faça as conversões solicitadas a seguir.


a) 1mF=__________F b) 0,00022F=__________ F
c) 68nF=__________ F d) 22nF=__________pF
d) 0,82 F=__________nF e) 1200pF=__________nF
XV - 18 Fundamentos do Eletromagnetismo
__________________________________________________________________________________________
15.5 - Ao adquirir-se um resistor no comércio, deve-se fornecer ao balconista os valores
nominais do resistor, ou seja, o valor de sua resistência e da potência máxima que ele pode
dissipar. Se em vez de um resistor, o componente solicitado fosse um capacitor, quais os
valores que deveriam ser fornecidos?

15.6 - No circuito ao lado, supondo que existe uma fonte de C.C.


conectada entre os pontos A e B, pode-se afirmar que L está apagada. Se
a fonte fosse de C.A. o capacitor estaria permanentemente carregando-se
C
e descarregando-se e, consequentemente existirá sempre corrente na L
lâmpada, de modo que a mesma permaneceria acesa. Complete as frases
abaixo com as palavras aberto ou fechado.
Então, um capacitor comporta-se como circuito ___________ para A B
correntes contínuas e como circuito ___________ para correntes alternadas.

15.7 - Cite três grandezas que influenciam no valor da capacitância de um capacitor e diga se
a influência é na razão direta ou na razão inversa.

15.8 - Um determinado capacitor variável possui uma capacitância de 1 pF quando a área


frontal das armaduras é A e a distância entre elas é d.
Qual será o valor da capacitância se alterarmos apenas a:
a) distância para d/3?
b) área para 2A?

15.9 - Coloque, dentro dos parênteses, verdadeiro (V) ou falso (F).

a) ( ) A capacitância de um capacitor independe da tensão aplicada sobre ele.


b) ( ) Toda a energia elétrica fornecida a um capacitor, dissipa-se da mesma
forma que num resistor.
c) ( ) Antes de você agarrar os terminais de um capacitor é conveniente que
eles sejam curto-circuitados.
d) ( ) Todo meio isolante jamais se comportará como elemento condutor,
mesmo que seja ultrapassada sua rigidez dielétrica.

15.10 - Assinale a afirmativa errada.


a) dielétricos são elementos que possuem carência de elétrons livres.
b) condutores são elementos que possuem abundância de elétrons livres.
c) todo dielétrico é constituído de moléculas polares
d) a polarização do dielétrico consiste no alinhamento de suas moléculas polares.
e) o campo elétrico entre as armaduras de um capacitor independe do fato de existir ou
não um dielétrico.

15.11 - Um capacitor plano, carregado, tendo ar como dielétrico, está desligado de qualquer
gerador. Introduzindo-se entre suas armaduras um isolante cuja constante é K, dizer o que irá
ocorrer com:
a) a capacitância do capacitor.
b) a carga do capacitor.
c) a ddp entre as armaduras.
d) o campo elétrico entre as armaduras.
Capacitores XV – 19
___________________________________________________________________________
15.12 - Entre os casos citados abaixo, diga quais podem ser considerados como se fossem um
capacitor.
a) dois fios paralelos, isolados um do outro.
b) um fio condutor e um plano, isolados um do outro.
c) um fio condutor ligado a um plano (terra).
d) uma nuvem e a terra.
e) dois cabos cilíndricos concêntricos, isolados entre si.
15.13 - Um determinado capacitor quando submetido a uma tensão de 80V adquire uma carga
de 400 C. Determine o valor de sua capacitância.

15.14 - Se o capacitor do exercício anterior fosse submetido ao dobro de tensão, qual seria o
novo valor da carga armazenada e da capacitância do capacitor?

15.15 - Um capacitor plano tem capacitância 2 F quando reina vácuo entre suas armaduras.
Introduzindo-se dióxido de titânio (K=100) entre as armaduras do capacitor, qual passa ser o
valor de sua capacitância?

15.16 - As placas paralelas de um capacitor imerso no ar estão separadas pala distância de


1mm. Qual deve ser a área das mesmas para que sua capacitância seja igual a 1F?

15.17 - Um capacitor plano de placas paralelas possui área A=20cm2 e a distância entre as
placas vale d=1,5mm. O capacitor é ligado a uma bateria, cuja tensão é igual a 12V e entre as
placas do capacitor existe ar seco. Determine:
a) a capacitância do capacitor.
b) a quantidade de carga elétrica armazenada no capacitor.
c) a capacitância e a carga, admitindo-se que foi introduzido papel parafinado como
dielétrico (K=2,3).

15.18 - Determinar a capacitância de um capacitor de placas paralelas se as dimensões de cada


placa são 1cmx0,5cm, e se a distância entre as placas é de 0,1mm, tendo o ar como dielétrico.
Calcular também a capacitância se o dielétrico for mica (k=5) ao invés do ar.

15.19 - Um capacitor de 10 F, com ar entre as placas, é ligado a uma fonte de 50V e depois,
desligado.
a) Qual é a carga no capacitor?
b) A região entre as placas é preenchida com um isolante de constante dielétrica igual a
2,1. Qual é a carga no capacitor, a ddp entre suas armaduras e sua capacitância?

15.20 - Num capacitor plano de capacitância C=4 F, a distância entre as armaduras é


d=1,5mm e o campo elétrico entre elas vale E = 2x105V/m. Determine os valores da ddp e da
carga no capacitor.

15.21 - Uma nuvem eletrizada está situada a 200m de altura, paralelamente a superfície da
terra, formando com esta superfície um capacitor plano de 0,5 F. Quando o campo elétrico
entre a nuvem e a terra atinge o valor 3x106V/m (valor da rigidez dielétrica do ar), observa-se
a ocorrência de um relâmpago.

15.22 - Calcule a quantidade de carga elétrica que se encontrava acumulada na nuvem naquele
instante.
XV - 20 Fundamentos do Eletromagnetismo
__________________________________________________________________________________________
15.23 - Um capacitor plano com ar entre as placas, possui uma capacitância C o =2,5 F.
Quando a carga nas placas é q=4x10-4C, existe uma ddp Vo=160V e um campo elétrico Eo =
40 kV/m. Supondo que o capacitor não esteja ligado a nenhuma bateria e introduzindo-se
entre as armaduras um dielétrico de constante dielétrica K=5, determinar os novos valores:
a) da capacitância do capacitor;
b) da carga em suas armaduras;
c) da tensão entre as placas;
d) do campo elétrico no interior do capacitor.

15.24 - Um capacitor de placas planas e paralelas é ligado a uma pilha de 1,5V. Um aparelho
capaz de medir a carga elétrica acumulada nessas placas fornece um valor Q. Depois, o
mesmo capacitor é ligado a três pilhas de 1,5V, numa associação em série e o mesmo
aparelho mede um aumento de 10 C de carga acumulada. Determine o valor da capacitância
do capacitor.
15.25 - Cite uma vantagem de um agrupamento série de capacitores e outra de um
agrupamento paralelo.

15.26 - Assinale a afirmativa errada.


a)quanto mais capacitores forem associados em série, menor será a capacitância total do
circuito.
b)quanto mais capacitores forem associados em paralelo, maior será a capacitância
total do circuito.
c) a carga armazenada nos capacitores em série é a mesma.
d) a tensão existente sobre capacitores em paralelo é a mesma.
e) num circuito misto de capacitores, obtém-se a capacitância total através da soma das
capacitâncias parciais.

15.27 - Um circuito é formado por um capacitor, condutores e uma fonte. Associando-se um


segundo capacitor em série, podemos afirmar que a carga armazenada pelo primeiro capacitor
irá:
( ) aumentar; ( ) diminuir; ( ) permanecer a mesma.
Faça um X na resposta certa e justifique-a.

15.28 - Nos circuitos abaixo existe uma tensão constante entre os pontos A e B. Sabendo-se
que C1 > C2 , determinar qual é o circuito que armazena maior quantidade de carga elétrica.

C1
a) C1 b) C2 c) C1 C2 d)

A B A B A B A B
C2

15.29 - Um capacitor carregado A é ligado em paralelo a um capacitor descarregado B. Sobre


a associação resultante, é verdadeira a afirmação:
a) Depois de associados, os capacitores têm cargas iguais.
b) A energia da associação é igual á energia inicial de A.
c) A capacitância total é menor do que a soma das capacitâncias de A e B.
d) A energia da associação é menor que a energia inicial de A.
e) Depois de associados, o capacitor de menor capacitância terá maior carga.
Capacitores XV – 21
___________________________________________________________________________
15.30 - No circuito ao lado existem três capacitores iguais e duas chaves fechadas. Para
reduzir ao mínimo a capacitância do trecho AB
Ch 1
devemos:
a) conservar ch1 e ch2 como estão. A B
b) conservar fechada chl e abrir ch2.
c) abrir ch1 e conservar fechada ch2.
d) abrir ch1 e ch2. Ch 2

e) nenhuma das operações mencionadas satisfaz.

15.31 - Os capacitores da figura diferem apenas quanto ao C1 C2


dielétrico (C1:possui dielétrico; C2:possui vácuo). Compare:
a) suas capacitâncias.
b) as tensões entre seus terminais.
c) suas cargas.
15.32 - Um ohmímetro contém no seu interior, basicamente, uma pilha em série com um
miliamperímetro, cujo circuito fechar-se-á através de ligações externas. Ao testar-se um
capacitor, obtiveram-se os seguintes resultados abaixo. Diga o estado do capacitor quando:
a) o ponteiro se deflexiona e retorna lentamente ao inicio da escala.
b) o ponteiro vai ao fundo da escala e assim permanece.
c) o ponteiro não se mexe.
15.33 - Verifica-se que um capacitor adquire uma carga de 3 C quando é ligado a uma certa
bateria. Suponha que dois capacitores, idênticos a ele, sejam ligados a esta mesma bateria.
Dizer qual será a carga armazenada na associação destes dois capacitores nos seguintes casos:
a) eles foram associados em paralelo.
b) eles foram associados em série.
15.34 - Dois capacitores idênticos, com ar entre as armaduras, estão ligados em paralelo,
apresentando uma capacitância total Co. Se estes capacitores forem ligados em série e
mergulhados em um líquido isolante, de constante dielétrica K=4, qual será a capacitância
final da associação?
F b) F
a)
4 F
F
F
F F F
F

F F
F F
c) d)
F

F F 6 F
Figura para a
questão 15.35 F 6 F 2 F 3 F

15.35 - Determine, nos circuitos acima, o valor da capacitância total.

15.36 - Dois capacitores com capacitância C1=32 F e C2 de valor desconhecido são


associados em série e ligados a uma fonte de 15V. Sabendo-se que o segundo capacitor
armazena uma carga de 160 C, determine o valor de C2 e da queda de tensão sobre cada
capacitor.
XV - 22 Fundamentos do Eletromagnetismo
__________________________________________________________________________________________
15.37 - Três capacitores de capacitância C1 = 6 F, C2 = 3 F e C3 = 2 F são associados em
série. Sabendo-se que a ddp sobre o primeiro capacitor é 2V, determine a ddp sobre os outros
capacitores e a capacitância total do circuito.

15.38 - Dois capacitores com capacitância C1 =0,3 F e C2 =0,5 F são associados em


paralelo e posteriormente à associação recebe uma carga total de 200 C. Determine a carga
armazenada em cada capacitor.

15.39 - Três capacitores de capacitâncias C1 = 2 F, C2 = 3 F e C3 = 5 F estão associados em


paralelo. Sabendo-se que o primeiro capacitor armazena uma carga de 100 C, determine a
ddp do circuito, a capacitância total e a carga armazenada nos outros capacitores.

15.40 - Três capacitores, C1=1 F, C2=1,5 F C3=3 F, foram fabricados para suportar uma ddp
de até 200V sem “dar fuga”, isto é, sem que o dielétrico se torne condutor, permitindo que o
capacitor se descarregue através dele. Eles foram associados e esta associação foi ligada a
uma bateria de 300V. Dizer quais os capacitores que “darão fuga” supondo que eles tenham
sido associados:
a)em paralelo; b)em série.

Respostas das questões numéricas


15.13 - C = 5 F 15.14 - q =800 C; C=5 F
15.15 - C = 200 F 15.16 - A =113km2
15.17 - a) C = 11,8pF; b) q = 141,6pC; c) C = 27,14pF; q =325,48pC
15.18 – C = 4,425pF; C = 22pF
15.19 - a) q = 500 C; b) q = 500 C; V = 23,81V; C = 21 F
15.20 – V = 300V; q = 1,2mC 15.21 - q=300C
15.22 - C = 12,5 F; q = 4x10-4C; V =32V; E = 8kV/m
15.23 – C =10/3 F
15.34- a) Ct =4 F; b)Ct =5 F; c)Ct =1,2 F; d)Ct =8 F
15.35- C2=16 F; V1=5V; V2=10V
15.36 - a) V2=5V; V3=10V; b)q = 12 C; c) Ct =1 F
15.37 - q1 = 75 C; q2 = 125 C
15.38 - a) V = 50V; b) Ct =10 F; c) q2=150 C; q2=250 C
15.39 – a) Paralelo: Todos; b) Série: Nenhum

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